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ARGUMENTAÇÃ

O E RETÓRICA

Docente:
Ana Pereira de Andrade
QUESTÕES PRÉVIAS:
 Como formam opinião?
 Quando sentem que têm pensamento bem estruturado?
 Quando se sentem preparados para confrontar essa opinião com
outras?
 Sentem que têm opinião sobre tudo?
 Como selecionam os melhores argumentos?
 Sabem identificar argumentos maus?
 Costumam “ganhar” discussões?
Karl Popper e o falsificacionismo

Aplicando a teoria à argumentação e


formação de opinião, a ideia é a de que,
por mais certos que estejamos de um
dado enunciado, só teremos a “certeza”
dele se formos procurer outras linhas
de argumentação, que o falsifiquem,
que se lhe oponham. Se, ainda assim,
se mantiver coesamente, então faz
sentido continuar a defendê-lo. (Ao
menos, por enquanto.)
Cultura significa entender que o outro também pode ter razão.
(Hannah Arendt, 1942)

A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os


ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.
(António Lobo Antunes)
A importância de ouvir
São muito poucos aqueles que de
facto sabem debater, discutir,
argumentar e, sobretudo, refutar.
O PROBLEMA DO MAS, DEPOIS DE
UMA AFIRMAÇÃO GERAL SOBRE A
AUSÊNCIA DE PRECONCEITO:
 “Eu não sou racista, mas…”;
 “Eu dou-me bem com toda a gente, mas…”;
 “Não tenho nada contra os homossexuais, mas…”;
 “O humor não pode ter limites, mas…”;
 “Não tenho nada contra os refugiados, mas…”;
 “Respeito todas as religiões, mas…”

MAS CONJUNÇÃO ADVERSATIVA QUE ESTABELECE UMA CONTRADIÇÃO


EM RELAÇÃO À ORAÇÃO ANTERIOR.
Duas ideias fundamentais:

“Dare to read, think, speak and write.”


(“Atreve-te a ler, a pensar, a falar e a escrever.”)
John Adams
(2.º Presidente dos EUA)

“You are not entitled to na opinion; you are only entitled to what you can argue.”
(“Não tens direito a uma opinião; só tens direito ao que consegues
fundamentar.”)

Patrick Stokes
(Prof. de Filosofia na Universidade de Deakin, Melbourne,
Australia
Mas…

Será que é tudo uma questão de opinião?


Posso discutir se, no dia x, à hora y, a Etelvina atravessou a
rua e foi atropelada por um carro?
Posso discutir se houve ou não um ataque na cidade z, em
determinada data e hora?

“QUEM PERGUNTA SE A NEVE É BRANCA OU NÃO,


SÓ TEM QUE ABRIR OS OLHOS.” (Aristóteles, Tópicos (Organon -
Vol.V)
Confundir factos com opiniões e pretender que se pode formar opinião de qualquer
modo, só porque “é a minha opinião e tenho direito a ela” está a arruinar as relações
entre as pessoas (não apenas nas redes sociais) e a tornar-nos mais interventivos mas
muitíssimo menos rigorosos.
Sendo assim…

… qual o sentido da expressão, recentemente famosa, “factos alternativos”? Se se


trata de um facto, não há alternativa, ao menos naquele momento, naquele lugar.
Se sabemos que se passou X, não pode ter-se passado outra coisa qualquer.
Assim, os factos verificam-se, não se discutem (até à verificação, é possível que se
especule, mas não depois dela).
Só se discute o que é passível de entendimentos diversos, o que não reúne consenso.
Por outro lado…

Serão todas as opiniões dignas de aceitação?


Se a liberdade de expressão é um direito que o Estado de direito democrático
nos confere, não deveríamos ter de aceitar igualmente todos os pontos de
vista?

Karl Popper (1902-1994) responder-nos-ia com um rotundo não. Vejamos o


seu Paradoxo da Tolerância.
Nota: voltaremos a Popper quando abordarmos a questão
da contra-argumentação, a propósito da sua teoria da
falsificação.
O perigo das
generalizações
AVALIAÇÃO

Oralidade Textos Argumentativos Teste final (teórico)


• debates; • reflexões escritas (2+1); • realizado no último dia
• prestação pertinente nas • temas da preferência de aulas
aulas; dos alunos • 1h15min
• apresentações (2) • único elemento de
avaliação que pode ser
repetido

35% 35% 30%

NOTA MÍNIMA EM CADA UM DOS ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO: 7,5 VALORES

[NÃO HÁ AVALIAÇÃO FINAL]


MOMENTOS DE AVALIAÇÃO

Tipo de
Oral (conceitos) Escrita (textos) Escrita (teste*)
avaliação

TODAS AS T1+TPL |27


OUTUBRO
1.ª PARTE TURMAS: 22
OUTUBRO T2+T3 | 28 T1+TPL |17
(ONLINE) OUTUBRO DEZEMBRO
TODAS AS T1+TPL |15 T2+T3 |17 DEZEMBRO
DEZEMBRO
2.ª PARTE TURMAS:
3 DEZEMBRO T2+T3 |16
(ONLINE) DEZEMBRO

*NB: Repetição do teste, para quem reúna as condições requeridas:


a realizar em época de exames (em data a agendar pela Secretaria)
AVALIAÇÃO | Notas Relevantes

A presente unidade curricular dispõe de um único tipo


de avaliação: a contínua. Não haverá provas de
frequência (em regime pós-laboral) ou finais (exame).

A realização de todos os trabalhos, no âmbito das três


áreas de avaliação (oralidade, textos argumentativos e
testes escritos) é imperativa (a falta a um deles implica
exclusão) e a nota mínima em todas elas é 8 (7,5)
valores.
AVALIAÇÃO | Notas Relevantes

O único elemento de avaliação passível de ser repetido é


o teste final: qualquer aluno que não alcance a nota
mínima poderá inscrever-se nos Serviços Académicos
para repetir o teste (em data a marcar); aceita-se
igualmente que repitam a prova todos os estudantes que
não fiquem satisfeitos com a classificação obtida – mas
com a salvaguarda de que a nota obtida na prova de
recurso é a definitiva, seja superior ou inferior.
AVALIAÇÃO | Notas Relevantes

As duas apresentações orais terão como objeto


conceitos previamente sorteados: os alunos terão
uma semana para preparar a apresentação, de dois
minutos (findos os quais lhes será retirada a
palavra). O objetivo é cativar a plateia, sem
descurar a clareza, a veracidade e o rigor do
conteúdo.
AVALIAÇÃO | Notas Relevantes
Os textos argumentativos devem ser entregues à docente simultaneamente
em formato de papel (agrafados e sem qualquer capa), no dia definido, e
num único ficheiro, no Campus Online, em pasta oportunamente criada
para o efeito, por forma a serem submetidos a deteção de plágio.

O plágio, direto ou ideográfico, implica exclusão imediata da unidade


curricular (situação equiparada a anulação de exame, com registo na ficha
do estudante).
AVALIAÇÃO | Notas Relevantes

Os alunos* terão a oportunidade de enviar à docente UM texto


argumentativo, até uma semana antes da data definida para entrega
dos primeiros textos (ação facultativa).

A professora apreciá-lo-á, dando o feedback necessário para que se


possa melhorar o trabalho feito; esse trabalho não será de todo
considerado para efeitos de avaliação.

*ATENÇÃO | APENAS OS PRIMEIROS 5 ALUNOS DE


CADA TURMA A ENVIAR O TEXTO DISPORÃO DESTA
PRERROGATIVA.
AVALIAÇÃO | Notas Relevantes

Privilegiar-se-á, nas intervenções orais, a


qualidade em detrimento da quantidade, bem
como o respeito pelo tempo de antena alheio e a
capacidade de organização do raciocínio.

Será penalizado todo o discente que interromper o


discurso de colegas ou que intervier sem que lhe
tenha sido concedida a palavra.
AVALIAÇÃO | Bónus

A todos os alunos que participem ativa e comprometidamente


na Sociedade de Debates da Católica-Porto, e estejam
comprovadamente presentes em pelo menos 4 dos debates
semanais realizados ao longo do semestre, será acrescentado
1 valor à nota final. – esta é uma prerrogativa que funciona
para os 2 semestres letivos; será a Direção da SdD a indicar
quais os alunos merecedores deste valor adicional.

O mesmo sucederá para quem participar no concurso de Soft


Skills promovido pela ELSA-UCP Porto: 1 valor
acrescentado à nota final. – só para alunos do 2.º semestre.
Funcionamento das aulas
- Não será aceite que os alunos deixem lixo em cima das mesas, no final da
aula.
- A tolerância relativa à entrada dos alunos em sala de aula é de 5 minutos
após a chegada da docente, que fará a chamada de imediato.
- Podem beber água e só nessa circunstância devem retirar a máscara.
- Ao entrar na sala de aula, os alunos devem sentar-se apenas nos lugares
assinalados, devendo ser preenchidos primeiro os lugares mais afastados.
- Os alunos devem higienizar as mãos no início da aula, nos dispensadores
de álcool-gel existentes no exterior ou nos dispensadores álcool-gel
existentes na sala.
- No final da aula, devem sair primeiro os alunos mais próximos da porta e
por último os mais afastados.
Funcionamento das aulas

Para ser bem-sucedido na UC, cada estudante tem de


estar presente em dois terços das aulas previstas (2/3
de 12 = 8 aulas ou 16 tempos letivos). NB: contabilizam-se
presenças, não ausências.

Assim, pode faltar a um terço do total de aulas


previstas, ou seja: 12:3 = 4 aulas ou 8 tempos letivos.
Para além desse número, os alunos serão
automaticamente excluídos, por faltas.
Objetivos da UC

(…) Vide ficha da disciplina

14. Elaborar raciocínios válidos, que expressem pontos de vista


bem fundamentados e coerentes, oralmente e por escrito,
utilizando devidamente o instrumento linguístico.

15. Demonstrar estar atento/a ao mundo que o/a rodeia e aos


problemas que se colocam ao ser humano.

16. Comunicar fluentemente crenças e posições, de forma não


dogmática e aberta ao contraditório.
Bibliografia
. ANDRADE, Ana – Falar em Público. Lisboa, Matéria-Prima, 2020.
. CHOMSKI, Noam – Media Control: The Spectacular Achievements of
Propaganda. New York, Seven Stories Press, 1991
. FELDMAN, Daniel A. – Critical Thinking: Make Strategic Decisions
With Confidence. CRISP Fifty-Minutes Series, 2009, Axzo Press.
. SOUSA, Américo – A Persuasão: Estratégias Para Uma Comunicação
Influente. UBI (Tese de Mestrado), 2000.
. WESTON, Anthony - A Arte de Argumentar, Coleção "Filosofia
Aberta“. Lisboa, Gradiva, 2009.
. WARBURTON, Nigel – Pensar de A a Z, Coleção “Filosoficamente”.
Lisboa, Bizâncio, 2012.

[Outra bibliografia poderá ser indicada no decurso do semestre, por forma a


complementar os ficheiros de diapositivos.]
Fundamentação da UC

“Ser consequente é a maior obrigação de um filósofo e a que mais


raramente se encontra. As antigas escolas gregas fornecem-nos
disso mais exemplos do que aqueles com que nos deparamos na
nossa época, em que se fabrica um certo sistema de coligação de
princípios contraditórios, repleto de desonestidade e de ligeireza,
porque convém mais a um público que se contenta com saber de
tudo alguma coisa, sem nada saber em suma, e com lançar a sua
mão a todas as coisas.”

Kant, Immanuel (séc. XVIII) - Crítica da Razão Prática, Lisboa, Ed. 70, p. 35
Argumentação e Retórica é uma disciplina que pretende
desenvolver a capacidade para compreender, avaliar e
apresentar raciocínios e argumentos, ou seja, pretende ajudar
os alunos a pensar (bem) por si próprios.

Saber pensar é fundamental: todos sabemos pensar, mas nem


todos o fazemos da melhor forma.
Fundamentação da UC
Esta UC tem como objetivo principal ensinar técnicas como a habilidade
para interpretar, analisar, avaliar e criar ideias, raciocínios e argumentos.

Procura-se ensinar essas técnicas de forma direta e não de forma indireta,


como normalmente se procura fazer nas escolas e estabelecimentos de
ensino superior, através das diferentes disciplinas lecionadas.

Estas técnicas podem ser usadas com sucesso em qualquer área dos
estudos e da vida, uma vez que pensar corretamente, i.e., analisar as
nossas fontes, razões e argumentos de forma clara e precisa são,
objetivamente, mais-valias.
Fundamentação da UC

Ninguém deve procurar pensar por ninguém, pelo que


só pensando por si mesmo é que o/a aluno/a pode
chegar a desenvolver boas formas de pensamento.

É o/a aluno/a que deve procurar, por si mesmo,


melhorar ativamente as formas como raciocina e se
expressa, cabendo à docente um papel sobretudo
orientador.
 Pensamento (Crítico) → Argumentação →
Comunicação
 Premissas/Argumentos → Conclusão/Tese
 Argumentação/Contra-Argumentação
IDEIAS-CHAVE, (Refutabilidade)
A TER EM  Tese + Antítese = Síntese (Hegel)
CONTA  Verdade ≠ Verosimilhança
SEMPRE:  Demonstração ≠ Argumentação
 Bom raciocínio → Bom discurso
 Concetualização → Problematização →
Argumentação

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