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Memorial do

Convento
“Procissão do Corpo de Deus”- análise do capítulo.
Trabalho realizado por: Maria Barbosa nº18, Mariana Mestre nº19 e Nuno Duarte nº20
O que era a Procissão do
Corpo de Deus?
Esta é a mais antiga procissão de Lisboa, já se realizava no reinado de D. João I (1385-1433), e
era conhecida pela pompa e pela imponência, atributos que manteve ao longo dos séculos. No
reinado de D. João V, a procissão do Corpo de Deus ganhou uma notável dimensão - incorporava
as irmandades (moleiros, hortelãos, albardeiros, alfaiates, carpinteiros, etc…) assim como as
delegações das diversas Ordens Religiosas de Lisboa (Agostinhos, Beneditinos, Franciscanos,
Ordem de Cristo).

Oficialmente, a Procissão do Corpo de Deus era uma forma das pessoas purificarem a sua alma
dos pecados cometidos.
Resumo do episódio:
● Este episódio começa com a descrição dos preparativos para a “festa”, ou seja, para procissão do corpo
de Deus, pelo narrador, que assume o olhar do povo: “colunata de sessenta e uma colunas e catorze
pilares”, ou seja, as descrições das colunas, das figuras, dos medalhões, as ruas toldadas, os mastros
enfeitados com seda e ouro, as janelas ornamentadas com cortinas e sanefas de damasco e franjas de
ouro. O narrador sente-se maravilhada com a riqueza decorativa, no entanto, afirma que não tem havido
muitos roubos pois “tem cada loja o seu escravo preto à porta de pau na mão e espadim na outra” e
“não tardam aí os quadrilheiros”.
● O narrador refere as damas que aparecem à janela, “ao abrir-se a janela da caixa em frente e nele
aparecendo dama que para sua vizinha é rival […] se um que não suporta tanto mais que ele é mosquinha
feia e eu divinamente bela”, exibindo os seus penteados e gritando motes.
● À noite passa “gente a tocar e a cantar”, dança-se pelas ruas e improvisa-se uma tourada.
● Durante a realização da procissão, já de madrugada, reúnem-se aqueles que irão formar as alas de
procissão, devidamente fardados. A procissão começa logo de manhã cedo e dá-se a descrição do
aparato: à frente, as bandeiras dos ofícios da casa dos Vinte e Quatro, em primeiro lugar a dos
carpinteiros em honra a S. José e, por último, atrás a imagem de S. Jorge com os tambores; e o rei atrás
segurando uma vara dourada.
Recursos Expressivos:
“Armam uma tourada de improviso,
com uma tourinha simples, formada • “Não são coisas que se façam a
por dois cornos de carneiro, acaso dragões, nem a serpentes, nem
desirmanados, e uma piteira cortada, a gigantes(…)”. Neste excerto
tudo fixado numa tábua larga, com está presente uma enumeração,
um punho à frente, a parte de trás realçando assim a maldades dos
encostada ao peito, e o que assim atos cometidos.
faz de toiro investe com nobreza • “ melhor vestem as bestas do
magnífica(…) Tolo foi Cristo que que os homens que as veem
nunca pôs mitra na cabeça, seria passar.” Neste excerto está
filho de Deus, não duvido, mas presente uma comparação, na
rústico era, porque desde sempre se qual se comparam as
sabe que nenhuma religião vingará vestimentas dos bois às dos
sem mitra, tiara ou chapéu de coco.” homens, enfatizando assim a
• O recurso expressivo presente pobreza refletida no vestuário da
neste excerto é: uma ironia na população portuguesa.
qual o narrador pretende criticar
de forma cómica a religião.
Funcionalidade do episódio:
Relativamente às críticas efetuadas pelo narrador, este critica:
• as crenças e os interditos religiosos;
• a visão oficial da procissão como forma de purificação das almas, que tentam
libertar-se dos pecados cometidos;
• censura o luxo da igreja;
• a luxúria do rei nos conventos de freiras;
• a histeria coletiva das pessoas que se batem a si próprias e aos outros como
manifestação da sua condição de pecadores.

Em síntese, as procissões caracterizavam Lisboa como um espaço caótico,


dominado por rivais religiosos cujo efeito exorcizante esconjura um mal momentâneo
que motiva a exaltação absurda.

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