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A Estética segundo o

Romantismo Alemão

DE KANT A SCHELLING
A Estética Clássica

 A época clássica da beleza estética, desde os idos


da antiguidade de Platão ao racionalismo de
Descartes, denota que o ideal de beleza estética
está sumamente direcionada aos ditames da razão
humana, dotada por uma primazia que pondera
entre o belo e o feio para a alma como intelecto,
alijando os sentidos a uma segunda ordem de vis
afecções, um conhecimento menor e tateante que
corroboraria para a deturpação da sublime
racionalidade em seus julgamentos daquilo que é o
sumo bem.
O Romantismo Alemão

“A arte e o belo como


o infinito exposto
finitamente.”
A ideia central de Kant é que aquilo que nós chamamos de
objetos nada mais é do algo a que nós nos referimos nos
juízos verdadeiros. Nisso consiste a diferença entre os
objetos e os objetos de representações meramente
subjetivas. Ora, pensar é julgar, e julgar é a função
através da qual uma multiplicidade de representações
distintas é unificada numa única representação.
O Mundo Romântico
 O Romantismo é o resultado de uma
sensibilidade impressionável, irritável, reativa.
A sensibilidade romântica se caracteriza pela
irresolução, pela ambivalência, pela nostalgia
de uma felicidade possuída e perdida, por um
desejo eternamente insatisfeito. A satisfação
do romântico está na insatisfação. O
romântico quer sentir o sentimento, desejar o
desejo, amar o amor.
O sujeito e o mundo dos objetos
A atividade do sujeito é a chave para o conhecimento dos objetos da
experiência. O sujeito não é meramente passivo ou receptivo, mas antes o
pensamento se baseia numa atividade cujo o autor é o sujeito consciente de
si. O intelecto constitui uma imagem do mundo, não como ele é, mas como
ele aparece para nós. Porém, em se tratando de conceito que encerra a série
dos conhecimentos sensíveis, o incondicionado é requerido para que o
sistema do conhecimento se complete. Assim, para tal unificação, a arte se
torna necessária em seu verdadeiro ápice, enquanto dissolução de uma
contradição infinita no homem, enquanto reunificações das aspirações
divididas do espírito humano em última instância. Em suma, para fazer
desaparecer o conflito entre sujeito e objeto, entre nosso Eu e o mundo,
entre Razão e Revelação, sem que a nossa razão prática tivesse que vir em
nosso auxílio, faz-se mister dar-nos o sentido estético. Donde, onde há um
objeto identificado pelo sujeito através de sua intuição intelectual, há
intuição sensível.
Caspar David Friedrich: Nascer da Lua no Mar
(1820-26): três pessoas sentadas numa rocha,
olham para o mar e para os navios a navegar,
como se aspirassem por conforto espiritual.
John Martin: O bardo (1817)
Na conquista de Gales por Edward I, houve uma ordem do rei para
matar todos os bardos galeses. Aqui temos o sentido do misterioso e
do infinito, revelado na comunhão do bardo com coisas invisíveis no
alto da montanha; a sua preferência pela natureza selvagem e bravia
e a sua evocação do passado, particularmente o passado medieval,
como é sugerido pelo castelo ao fundo.
A Doutrina Romântica do Gênio
 Segundo Schelling, a intuição intelectual, através da qual o
filósofo trava conhecimento com a identidade absoluta entre
sujeito e objeto, deve ser objetivada. Essa exigência
aparentemente paradoxal, mas necessária para que o sistema se
complete, será solucionada através da obra de arte e da intuição
estética. Nesta, há o produto de uma atividade simultaneamente
consciente e inconsciente. Tal atividade é a atividade estética.
Assim, o mundo ideal da arte e o mundo real dos objetos são,
portanto, produtos de uma e mesma atividade, dispostos por
uma intuição interna imediata.No gênio consciente e inconsciente
encontram-se inseparavelmente unidos. Aquilo que os antigos
denominavam tekhné – ou seja, a parte da arte que pode ser
ensinada e aprendida, que pode ser exercitada com consciência e
reflexão – deve estar associada a um inconsciente, a algo que não
pode ser aprendido nem alcançado através de exercício, mas que
é inato, um livre dom da natureza.
Nem uma nem outra destas partes constituintes da arte pode
reivindicar a superioridade com relação à outra, uma vez que é
somente a união de ambas que produz o supremo da arte.
Portanto, o artista se tornou o homem ideal do mundo
romântico. A doutrina romântica do gênio não pode ser
completamente compreendida sem se fazer referência ao
inconsciente. A antropologia romântica presumia a existência de
um espírito irracional ou inconsciente. Se os românticos não
inventaram o inconsciente, foram os primeiros a falar dele
livremente e em toda a extensão. O inconsciente era usado para
explicar não só o processo criativo, mas também o lado noturno
da vida humana, o mundo dos sonhos, os monstros e as
aparições. Era mais um conceito metafísico do que científico. O
artista era normalmente representado como uma planta
crescendo inconscientemente, ou como um meio através do qual
o eterno atuava e se expressava.

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