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HISTÓRICO DOS CONCEITOS

Medicina Tradicional, Alternativa,


Complementar e Integrativa
Objetivo

Apresentar histórico e o contexto em que foram criados os conceitos


de Medicina Tradicional, Medicina Alternativa, Medicina/Prática
Complementar e Medicina/Prática Integrativa.
MT – Medicinas Tradicionais

Definição
“É a soma total do conhecimento, habilidades e práticas baseadas nas
teorias, crenças e experiências de diferentes culturas, explicáveis ou não, e
usadas ​na manutenção da saúde, bem como na prevenção, diagnóstico,
tratamento ou melhoria de doenças físicas e mentais”. (WHO, 2000)
MT – Medicinas Tradicionais

Abrange uma ampla variedade de terapias e práticas que variam de país
para país e de região para região.

• Inclui uma diversidade de práticas de saúde, abordagens, conhecimentos


e crenças que incorporam plantas, animais e/ou medicamentos à base de
minerais; terapias espirituais, técnicas manuais e exercícios, aplicados
isoladamente ou em combinação para manter o bem-estar, bem como
para tratar, diagnosticar ou prevenir doenças. (WHO, 2001)
MT – Medicinas Tradicionais


Conhecimento médico tradicional pode ser transmitido oralmente de
geração em geração, em alguns casos com famílias especializadas em
tratamentos específicos, ou pode ser ensinado nas universidades
oficialmente reconhecidas (WHO, 2001)
MT – Medicinas Tradicionais

● Tem sido usado por milhares de anos, com excelentes contribuições


realizadas por profissionais para a saúde humana.


Às vezes, a sua prática é bastante restrita geograficamente e também pode
ser encontrada em diversas regiões do mundo. No entanto, na maioria dos
casos, um sistema médico é chamado de "tradicional", quando é praticado no
país de origem (WHO, 2001).
MT – Medicinas Tradicionais
• Tem uma longa história associadas ao empirismo.

• Frente aos eventos de agravamento do processo saúde-doença e


acidentes foram sendo testadas diferentes formas de cuidado.

• No processo de diferenciação social pelo trabalho foram sendo


identificados nas comunidades os membros com maior habilidade,
conhecimento ou dom, de observar o processode de adoecimento e de
buscar o tratamento e a cura dentro de suas condições de conhecimento
e prática.
MT – Medicinas Tradicionais

DEFINIÇÃO
“Nos países onde o sistema de saúde dominante é baseado na medicina
alopática ou onde a Medicina Tradicional não foi incorporada no sistema de
saúde nacional, muitas vezes estas Medicinas são chamadas de ‘alternativa’”
(WHO, 2002)

“Medicina Alternativa" refere-se ao uso de uma abordagem não-convencional,


tradicional ou não, no lugar da medicina convencional (NCCAM, 2013).
MT – Medicinas Tradicionais

Contexto
Na sociedade contemporânea a Medicina Alternativa está associada ao
contexto social do movimento de Contracultura da década de 1960 e 1970.

“Uma contracultura é uma teoria viva e palpitante, uma especulação a


respeito da fase seguinte da sociedade”.
(Ferguson,1995:194)
MT – Medicinas Tradicionais

Período de Guerra Fria e polarização dos valores, crenças, práticas sociais


etc.;

CAPITALISMO
SOCIALISMO

 
MT – Medicinas Tradicionais

Mediação das conjunções “ou...ou” e do verbo “ser”, de forma que um


profissional apenas poderia “ser isso ou aquilo”;

ISSO - ALOPATA
AQUILO - ALTERNATIVO
 

 
MT – Medicinas Tradicionais

Reestruturação das disputas no interior do campo da saúde:

MÉDICO
  “CURANDEIRO”

 
MT – Medicinas Tradicionais

Reestruturação das disputas no interior do campo da saúde:

MÉDICO
CONVENCIONAL MÉDICO NÃO-
  CONVENCIONAL

 
MT – Medicinas Tradicionais

Reestruturação das disputas no interior do campo da saúde:

“CETICISMO
DESINFORMADO” “ENTUSIASMO
SEM CRÍTICA”
 

 
MC – Medicina Complementar

Definição

“Medicina Complementar" geralmente refere-se ao uso de uma


abordagem não-convencional em conjunto com a medicina
convencional”.
(NCCAM, 2013)
MC – Medicina Complementar

Contexto

28 novembro - 2 dezembro de 1977 - Reunião da OMS sobre


a“Promoção e Desenvolvimento da Medicina Tradicional”, após
Assembleia Mundial da Saúde em 1977.

Objetivos
Reunir especialistas dos principais sistemas de MT para trabalhar em conjunto
e sugerir um plano de ação para promovê-la e desenvolvê-la
Produzir sugestões sobre:

● as orientações políticas para o fornecimento de materiais e técnicas


das MT;

● colaboração entre os diferentes sistemas de cuidados de saúde;


desenvolvimento de recursos humanos de MT;

● Organização dos serviços de saúde de MT;

● Desenvolvimento futuro da MT e sua utilização, particularmente nos


serviços de saúde nacionais e investigação relevante (WHO, 1977).
MC – Medicina Complementar
Contexto
06-12 de setembro de 1978 - Conferência Internacional sobre Atenção Primária de
Saúde. Alma-Ata (URSS)

Objetivo:
• “se prestará atención al desarollo de nuevas categorias de agentes de salud, a la participación
y reorientación, en la medida de lo necesario, de las personas que ejercen la medicina
tradicional y de las posturas tradicionales cuando existan” (OMS, 1981: 70)

Para alcançar “Saúde para todos no Ano 2000”, deve-se privilegiar:


– os modelos de medicina tradicional e seus agentes;
– o uso de tecnologias mais baratas e simplificadas, porém com o critério de eficiência,
eficácia e efetividade;
– o desenvolvimento individual da responsabilidade pela saúde;
– o tratamento deste indivíduo como sujeito que recebe a atenção;
– um modelo de prática médica, mediado por uma nova racionalidade.
MC – Medicina Complementar

– Contexto
9 de novembro de 1989 – “Queda do muro”: começou a ser derrubado
o Muro de Berlim depois de 28 anos de existência.  

Consequências:
• período de fim da polarização de modelos políticos, econômicos, de valores, de
práticas sociais ,etc.;

• Globalização e construção de uma “aldeia global”, com rápida redefinição de


fronteiras materiais e de crenças de sociedades externas nas organizações locais.
MC – Medicina Complementar
Mediação das conjunções “e...e” e do verbo “ter”, de forma que
um profissional possa “ter essa competência e aquela”
MC – Medicina Complementar
Identificação de diferentes tipos de prática profissional no campo da saúde

Tipos Formação Uso de Tecnologia Prática da Prática da


Diagnose Terapêutica

Anamnese e Centrada na doença


Prática é mediada semiologia
PURO Medicina Ocidental pelo uso de com a com alguma
Contemporânea tecnologias (duras) mediação da preocupação
tecnologia preventiva

Formação inicial em
Medicina Ocidental Prática com a menor Anamnese
semiologia
e
Centrada no doente
CONVERTIDO Contemporânea e interferência centrados na e no auxílio para o
atuando
exclusivamente com tecnológica possível pessoa e não na auto-conhecimento
doença
outro sistema médico

Formado na Medicina Prática orientada por Anamnese e


Ocidental terapêutica com semiologia
HÍBRIDO Contemporânea e menor uso de centrados na Centrada no doente
e no auxílio para o
complementando sua tecnologia, tomadas pessoa e com uso auto-conhecimento
prática com outros em sua função restrito de
sistemas médicos complementar tecnologia
MI – Medicina Integrativa

Definição
“Medicina Integrativa está associada a uma mudança de paradigma e para
exercê la é necessário reorientar as crenças, práticas e experiências em relação à
saúde;

ou seja, é preciso reorientar os conceitos, as formas de intervenção e o modelo


de atenção à saúde e abordagem do processo saúde-doença-cuidado” (Otani e
Barros, 2011).
MI – Medicina Integrativa
Contexto

• O conceito foi criado no início da década de 2000.

• Como na Medicina Baseada em Evidência que passou a ser tratada como


Práticas Baseada em Evidência, para alcançar todas as categorias profissionais
do campo da saúde, muitos autores adotam o nome de “Práticas Integrativas”
em lugar de Medicina Integrativa, também, com o mesmo objetivo.
MI – Medicina Integrativa
Princípios que a definem:
• paciente e médico são parceiros no processo de cuidado e cura;

• todos os fatores que influenciam a saúde, bem-estar e doença são levados em


consideração, incluindo a mente, o espírito e a comunidade, bem como o corpo;

• o uso adequado de ambos os métodos convencionais e alternativos facilita a resposta


natural de cura do corpo;

• intervenções naturais e menos invasivas eficazes devem ser usadas sempre que
possível (Weil, 2013).
MI – Medicina Integrativa
Princípios que a definem:
• não rejeita a medicina convencional nem aceita acriticamente terapias alternativas;

• boa medicina é baseada em boa ciência, orientada para a investigação de novos


paradigmas;

• juntamente com o conceito de tratamento, os conceitos mais amplos de promoção


da saúde e prevenção da doença são fundamentais;

• praticantes da medicina integrativa devem adotar os seus princípios e se


comprometerem à autoreflexão, ao autodesenvolvimento e ao autocuidado (Weil,
2013).
MI – Medicina Integrativa
Contexto
Práticas Integrativas e o conceito de Ambivalência

AMBIVALÊNCIA
MI – Medicina Integrativa

Práticas Integrativas e o conceito de Ambivalência

Mesmo apontando ora um, ora outro, dos polos do par de opostos, o foco é
o processo como “terceiro espaço” de enunciações, que acompanha a
“assimilação de contrários” e pressagia a formação de uma cultura
interacional.

Deve-se lembrar que o “inter” é o fio cortante da tradução e da negociação,


o entre-lugar, o terceiro espaço, que permite evitar a política da polaridade
e emergir como os outros de nós mesmos. (Bhabha; 2003.)
MI – Medicina Integrativa
Práticas Integrativas como Ambivalência

• Nova dimensão epistemológica: elege o processo como produtor de


conhecimento

• Nova dimensão ontológica: produz novas atores sociais e novos


conhecimentos

• Nova dimensão sócio-antropológica: atores sociais portadores de


identidades ambivalentes são identificados como importantes produtores de
conhecimento
Referências
World Health Organization. General Guidelines for Methodologies on Research and Evaluation of
Traditional Medicine. Geneva; 2000

World Health Organization. Legal Status of Traditional Medicine and Complementary/Alternative


Medicine: a Worldwide Review. Geneva; 2001

World Health Organization. WHO Traditional Medicine Strategy 2002–2005. Geneva; 2002

World Health Organization. The promotion and development of Traditional Medicine. Geneva;
1978

OMS. Conferência Internacional sobre Atención Primaria de Salud. Alma-Ata (URSS), 06-12 de
septiembre de 1978.
Referências
National Center for Complementary and Alternative Medicine (NCCAM), 
http://nccam.nih.gov/

Bivins, R. (2007). Alternative Medicine? A History. Oxford University Press. ISBN 9780199218875.

ROZAK, T. A Contracultura - Reflexões sobre a sociedade tecnocrática e a oposição juvenil. 2° ed.


Petrópolis/ RJ; Vozes; 1972.

OTANI, Márcia Aparecida Padovan  and  BARROS, Nelson Filice de. A Medicina Integrativa e a construção
de um novo modelo na saúde. Ciênc. saúde coletiva[online]. 2011, vol.16, n.3, pp. 1801-1811

Bhabha, Homi K. O local da cultura. Belo horizonte: Ed. UFMG; 2003.)


Referências

Weil, A. 2013. http://integrativemedicine.arizona.edu/about/definition.html


Open University. Issues in complementary and alternative medicine. Disponível em:
http://www.open.edu/openlearn/health-sports-psychology/health/health-studies/issues-comple
mentary-and-alternative-medicine/content-section-0

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