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O PODER NA RELAÇÃO COM O UTENTE

NA PRÁTICA DE CUIDADOS

Maria da Conceição Saraiva da Silva Costa Bento


Pressupostos

• Os sistemas e as organizações não mudam porque muda a

legislação, independentemente da visão mais hospitálocenctrica ou

sanitarista que a sustente (Carapinheiro, 1993).

•As mudanças de paradigma são muito lentas (kunh,1970).

•Os Modelos expostos nem sempre são coincidentes com os

modelos em uso (Shön, 1982).

•As práticas profissionais são heterogéneas .

•A reflexão sobre as práticas, pode operar a aproximação entre os

diferentes discursos (Shön, 1982).


O Poder na relação com o utente na prática de cuidados

A Pessoa no centro dos cuidados É a aposta da RNCCI,

promovendo a sua autonomia através de uma prestação

de cuidados de qualidade. (…)

É a partir de uma lógica centrada na pessoa, que se

pode insuflar nos contextos dos cuidados uma nova

atmosfera de humanidade e melhorar a qualidade real do

serviço que se oferece (…) (Programa da formação)


MODELOS DE SAÚDE
Adaptado de Bury (1979)

Modelo Médico Modelo Global

- Modelo fechado - Modelo aberto

- A doença, é reconhecida - A doença é reconhecida como um fenómeno complexo,


como sendo principalmente, implica uma série de factores relativos ao indivíduo,
um problema orgânico família, meio envolvente, que devem ser considerados
tanto ao nível do diagnóstico como do tratamento e sua
SISTEMA evolução
-Afecta indivíduos
DE SAÚDE - Sem negligenciar o aspecto orgânico, o modelo tem em
- Deve ser diagnosticada e conta igualmente os aspectos humanos e sociais que
tratada (perspectiva intervêm no comportamento do indivíduo e sua família
curativa);
- Necessita de uma abordagem contínua, que inclui
- Por médicos desde a prevenção à reabilitação, que tem em conta
factores orgânicos, psicológicos e sociais, tanto quando
- Num sistema de saúde se trata de doenças crónicas como agudas
centrado numa organização,
dirigida por médicos, o - O sistema não é medicamente centrado, nem
hospital, e no qual os autónomo.
esforços devem ser - É constituído por diferentes profissionais que
orientados para os aspectos trabalham em colaboração
curativos
- É entendido como sistema aberto em inter-relação com
a comunidade
MODELOS DE SAÚDE

Adaptado de Bartlett, 1984 e Bartlett e Windsor, 1985

MODELO CENTRADO NA MODELO CENTRADO NA PESSOA e


DOENÇA ABERTURA AO MUNDO
Principais Concepções Principais Concepções

- O objecto principal é a doença - O objecto é a pessoa, a forma como vive e como vive
a sua doença, com vista a promover a sua saúde e bem
– estar, tal como a pessoa o define,
- As doenças o organizador dos serviços
e cuidados, conduzindo a acção
- A pessoa é entendida como um ser único, com
valores, crenças e desejos de natureza individual,
- A saúde é entendida como ausência de aspirações e sentimentos;
doença;

- O corpo é visto como uma máquina em


bom ou mau estado;
MODELOS DE SAÚDE

Adaptado de Bartlett, 1984 e Bartlett e Windsor, 1985 – (Continuação)

MODELO CENTRADO NA DOENÇA MODELO CENTRADO NA PESSOA e ABERTURA


AO MUNDO
Principais Concepções Principais Concepções

- Preocupação com a eficácia e rapidez - O cuidador é uma pessoa recurso. Tem saberes, e
competências no domínio da saúde, para ajudar a pessoa
a mudar de comportamentos e a fazer face à doença, a
- O paciente é dependente atingir a máxima autonomia no auto cuidado, mas não
ignora a experiência e saberes do cliente;

- O profissional é uma autoridade


- O poder de profissionais e utentes é o mesmo, embora
com bases diferentes. Para o profissional, do seu saber
- Paternalismo (o médico sabe mais que o científico sobre a saúde, a doença e da sua capacidade
paciente a propósito da doença, dos de oferecer assistência nos momentos de crise. O poder
tratamentos e da forma como o doente deve do cliente vem do facto de ser ele a decidir seguir ou
agir, pelo que age no melhor interesse do não os conselhos e recomendações de quem cuida.
paciente.
MODELOS DE SAÚDE

Adaptado de Bartlett, 1984 e Bartlett e Windsor, 1985– (Continuação)

MODELO CENTRADO NA MODELO CENTRADO NA PESSOA e


DOENÇA ABERTURA AO MUNDO
Principais Concepções Principais Concepções
- Corpo e espírito separados (natureza - Corpo e espírito nunca podem ser separados
dualista)

- As pessoas devem ser percebidas numa perspectiva


(doenças psicossomáticas, devem ser holística
confiadas ao psiquiatra)

- A saúde é entendida como um estado de completo


- Doutrina das causas, bem-estar físico, mental e social, a promoção da saúde
e bem-estar e prevenção das doenças é a prioridade.

- Preocupação com os sintomas e


aspectos físicos do tratamento, (Saúde é a capacidade do individuo ou do grupo de
aspectos psicológicos, económicos, ou realizar as suas aspirações e satisfazer as suas
da qualidade de vida, são pouco necessidades, (…) ser capaz de mudar o seu ambiente
considerados; e de se adaptar a ele – OMS)
MODELOS DE SAÚDE

Adaptado de Bartlett, 1984 e Bartlett e Windsor, 1985 – (Continuação)

MODELO CENTRADO NA DOENÇA MODELO CENTRADO NA PESSOA e ABERTURA


AO MUNDO
Principais Concepções Principais Concepções
- A doença é fundamentalmente entendida
como um fenómeno biológico;

- A doença é vista como tendo causas multifactorias e


- A dor não é valorizada como sendo frequentemente uma resposta adaptativa a
mudanças no ambiente em que vive;

- Lógica centrada na especialização


- A pessoa é cliente de cuidados

- A doença é compreendida de forma


redutora (a bioquímica, a histologia, a - Dor e doença são uma informação que resulta de um
microanatomia, é central na formação dos conflito e falta de harmonia
técnicos, sendo a sociologia e a psicologia,
ecologia e a antropologia relegada para
segundo plano)
MODELOS DE SAÚDE

Adaptado de Bartlett, 1984 e Bartlett e Windsor, 1985 – (Continuação)

MODELO CENTRADO NA DOENÇA MODELO CENTRADO NA PESSOA e


ABERTURA AO MUNDO
Principais Concepções Principais Concepções

- O profissional deve ser afectivamente neutro; - O utente é activo. Escolhe as medidas


preventivas e tratamentos a seguir.

- O paciente deve ser passivo, não tendo qualquer


papel activo no diagnóstico ou tratamento - A maior parte das actividades e saúde são
decididas em parceria

- Orientação para o indivíduo, a família e o meio


não são objecto de atenção ou cuidados -Os cuidados são planeados em função das
necessidades individuais e têm em conta hábitos
e escolhas da pessoa;
- Age-se em nome do interesse do paciente
MODELOS DE SAÚDE

Adaptado de Bartlett, 1984 e Bartlett e Windsor, 1985 – (Continuação)

MODELO CENTRADO NA DOENÇA MODELO CENTRADO NA PESSOA e


ABERTURA AO MUNDO
Principais Concepções Principais Concepções
- A intervenção é sempre preferível à ausência de -Valorização dos cuidados de conforto e
intervenção. manutenção de vida. Revalorização na prestação
de cuidados de tecnologias simples,
- Os cuidados são cuidados técnicos; compreendidas e utilizadas pelas pessoas;
reabilitação dos cuidados mediados pelo corpo –
massagens, toque, etc.
- A relação é vivida à margem do que são
efectivamente cuidados e é instrumental
- A informação partilhada com o utente pode ela
em si mesmo ser terapêutica. Partilhar a
- Manipulação do corpo, que se tornam o lugar informação sobre o diagnóstico e o prognóstico
onde se realizam as tarefas; pode em si mesmos trazer soluções.

-Os cuidados ao corpo, de manutenção, visam - Valorização da relação que é mediadora do


essencialmente anular os efeitos da doença e do cuidado e terapêutica
hospital. Garantir o acesso dos profissionais ao
corpo “limpo”, são standardizados, e fazem parte
de uma rotina.
O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

Construção de uma síntese a partir de vários estudos e análises

integrativas (Riemen, 1986; May, 1990; Essen & Sjoden, 1991;

Howarde,1993; Carapinheiro, 1993; Gandara, 2000; Mariz,

2005; Fernandes, 2008


O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

O Poder Como Dominação (Julien Freund)

•O poder de reduzir o utente a um corpo-objecto;


•O poder de decidir de modo soberano;
•O poder de submeter e coagir

O poder como capacidade de “Agir em conjunto” (Hannah Arent)


O Poder Como Dominação

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

Sub categoria Temas Características Sentimentos Utente


O poder de redução do - Desvalorização do Humilhação;
utente a um corpo- utente como ser
objecto O corpo é o principal pessoal; Abandono;
objecto de cuidados
-Separação do Revolta;
doente da doença;
Desrespeitado na sua
- Atitudes condição de pessoa;
intervencionistas
Não assistência nas sobre o corpo; Frustração
necessidades Humanas
- Utilização de Ansiedade
instrumentos e
técnicas de modo Injustiça na repartição
isolado e centrado de bens e serviços;
apenas na cura da
Desvalorização da doença; Não reconhecimento
dimensão relacional das sua necessidades;
O Poder Como Dominação

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

Sub categoria Temas Características Sentimentos Utente


O poder de redução do - O utente é Humilhação;
utente a um corpo- reconhecido pelos
objecto seus problemas Abandono;
físicos, doença ou
incapacidades; Revolta;
- Desvalorização dos Desrespeitado na sua
sintomas condição de pessoa;
apresentados pelo
doente que não Frustração
adquiram
expressão orgânica Ansiedade
evidente
Injustiça na repartição
- Doente de bens e serviços;
transformado em
caso “AVC”, “caso Não reconhecimento
bonito” das sua necessidades;
O Poder Como Dominação

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO


(Continuação)

Sub categoria Temas Características Sentimentos Utente


O poder de redução do Ser tratado como
utente a um corpo- objecto;
objecto -Atitudes de indiferença e
desinteresse perante as De não ser cuidado;
necessidades da pessoa,
particularmente as não
físicas;
- Indisponibilidade para
atender às necessidades
(“voltar as costas, tenho
mais que fazer”);
- Espera-se que o Utente,
realize as suas AVD,
rápida e eficazmente,
independentemente de
ser ou não capaz;
O Poder Como Dominação

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO


(Continuação)

Sub categoria Temas Características Sentimentos Utente


O poder de redução do
utente a um corpo-
objecto - Não fornecimento de Humilhação;
recursos que o U. sente
que lhe são necessários; Abandono;
- Não valorização da Revolta;
dimensão afectiva e
espiritual; Desrespeitado na sua
- A organização condição de pessoa;
ritualizada dos serviços
e cuidados evita o Frustração
envolvimento afectivo
Técnico-Utente Ansiedade

- Não reconhecimento do Injustiça na repartição


corpo com um corpo- de bens e serviços;
sujeito;
Não reconhecimento
das sua necessidades;
O Poder Como Dominação

(Continuação) O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

Sub categoria Temas Características Sentimentos Utente


O poder de redução do
utente a um corpo-
objecto -O Técnico comanda; Humilhação;
- Acção centrada no Abandono;
técnico;
Revolta;
- Não envolvimento numa
relação interpessoal Desrespeitado na sua
condição de pessoa;
-Técnicas operativas:
Frustração
Objectivação;
Ansiedade
Omissão; evitamento
Injustiça na repartição
- Relação paternalista de bens e serviços;
baseada no princípio da
Beneficência e saber Não reconhecimento
profissional das sua necessidades;
O Poder Como Dominação

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

Sub categoria Temas Características Sentimentos Utente


O poder de decidir
de modo soberano
O centro da decisão é - O técnico assume a Revolta por não ter
o técnico de saúde, responsabilidade da papel activo na tomada
Médico/Enfermeiro decisão sobre os de decisão;
cuidados e tratamentos;

Insegurança
- Não inclusão do Utente
no processo decisório;

Abandono
Ausência de
Informação, que - Ausência de informação
permita ao utente co- sobre os cuidados que se Medo
participar na decisão e vão prestar, sobre a sua
conhecer as razões situação e perspectivas
dos cuidados de futuro;
Insatisfação
O Poder Como Dominação

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO


(Continuação)

Sub categoria Temas Características Sentimentos Utente


O poder de decidir - Exclusão do Utente do Não é posta em causa a
de modo soberano planeamento dos cuidados; competência técnica, mas
relacional
- O Utente é visto como
recipiente passivo de Submissão
cuidados, incapaz de tomar
decisões sobre si e sobre os Desenvolvimento de
cuidados; estratégias com vista à
obtenção de informação;
-Espera-se que o Utente seja
submisso e dócil
- Não são tidos em conta a “O doente Profissional”,
vontade, desejos, opiniões do rentabiliza os
utente; conhecimentos (espaços,
tempos, relações entre
- Comunicação quase médicos e enfermeiros) na
inexistente; interacção com outros
doentes, transformando-se
- Não valorização da no “informador
participação do Utente como privilegiado”
um Eu-Adulto;
O Poder Como Dominação

(Continuação) O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

Sub categoria Temas Características Sentimentos Utente


O poder de decidir
de modo soberano
-Institucionalização de
rotinas e ritualização de
cuidados que funcionam
como controlo da
passividade e submissão
-Não valorização das
dimensões afectiva,
cognitiva e psicológica;
- Monocracia
- Soberania
Paternalismo
Inferioridade hierárquica
(saber científico e técnico e
saberes profanos)
O Poder Como Dominação

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

Sub categoria Temas Características Sentimentos Utente


O poder de coagir e
submeter
Existência de uma - Desigualdade na Revolta
relação relação, em que o
comando/obediência Utente desempenha um Regresso a um estado
papel subalterno de infantil
submissão e
dependência; Coação
Reconhecimento da
possibilidade/ poder - O Utente é encarado Medo de ser penalizado
virtual de aplicar como executor de (que leva a agir de
sanções ordens que tem que acordo com o que se
cumprir sob pena de pensa que é esperado e
A contestação gera sofrer represálias ou a aceitar as imposições)
conflitos gerar conflitos;
Revolta por impotência
- As opiniões contrárias, para agir
do Utente, ou não estar
habituado a fazer do Rotulado/castigado
modo que é pedido, não
é valorizado;
O Poder Como Dominação

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO


(Continuação)

Sub categoria Temas Características Sentimentos Utente


O poder de coagir e
submeter
- O Utente é apenas o Gera submissão e
agente da acção, que passividade, que o
deve submeter-se ao doente não quer, mas
livre arbítrio do sente que não pode
Técnico; contrariar
- Prevalência do corpo- Perda real de poder
objecto sobre o corpo- Incapacidade de fazer
consciência prevalecer direitos e
influenciar a decisão
O Poder Como Dominação

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO


(Continuação)

Sub categoria Temas Características Sentimentos


Utente
O poder de coagir
e submeter
- Impossibilidade do Utente exprimir
a sua identidade, submissão a um
conjunto de normas (passa a ser um
nº identificado com uma cama, um
quarto, é-lhe dado um “uniforme”,
um diagnóstico, é-lhe dito o que
pode e não pode fazer), o que o
reduz a uma situação de dependência
e a um estádio de infantilidade;
- Entendimento instrumental das
relações com os doentes
- Classificação dos Utentes: “os que
colaboram” os que não colaboram”,
bons doentes, “maus doentes”,
“doentes ordeiros”, “doentes
respeitadores”, “doentes abusivos”
O Poder Como Capacidade de Agir em Conjunto

O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

Sub categoria/Temas Características Sentimentos Utente


Co participação no - Agir em conjunto;
processo decisório
- Conhecer a Pessoa; Desejo de envolvimento e
Valorização da autonomia participação nas decisões
- Inclusão do Utente na sobre si
tomada de decisão sobre si e
sobre os cuidados;
Desenvolvimento de
Relação de Ajuda -Disponibilidade para ouvir; Sente-se responsável
- Manifestação de interesse e
preocupação pelo Utente;
Reconhecimento da Segurança
competência e saber dos - Transmissão de informação
técnicos, (técnicas e em linguagem simples, Bem-estar
relacionais )pelos utentes, acessível; não científica,
que os leva a decidir delegar, criando ambiente positivo e Respeitado como pessoa
certos de que podem avocar ajudando na exploração de
o poder delegado sentimentos; Implicação nos cuidados e
tratamentos;
O Poder Como Capacidade de Agir em Conjunto

(Continuação) O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

Temas Características Sentimentos Utente


Co participação no
processo decisório
Reconhecimento da
competência técnica e
- Respostas claras e precisas relacional do
às perguntas, sem falsas cuidador/Técnico Sensação
esperanças; de poder e controlo sobre a
situação
- Não pressionamento para a
compreensão e assimilação Segurança em delegar as
de vasta informação; decisões no profissional
Sentimento de expressão de
liberdade: direito à
informação; direito a optar;
Direito a perguntar, direito
de decidir ou
autodeterminar-se
O Poder Como Capacidade de Agir em Conjunto

(Continuação) O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

Temas Características Sentimentos Utente


Co participação no
processo decisório
- Dar tempo;
- Reconhecimento das
emoções, crenças e desejos
de natureza individual;
- Compreensão empática;
- Aceitação recíproca
- Não imposição de decisões
- Utilização do Humor nos
cuidados;
- Organização do trabalho
numa base de relação
individual;
O Poder Como Capacidade de Agir em Conjunto

(Continuação) O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

Temas Características Sentimentos Utente


Co participação no
processo decisório
-Consignar o poder de escolher quem
mais gosta para ter um
relacionamento mais profundo ou
ajudar a resolver problemas;
- A possibilidade de escolher horários
e formas e tratamento;
- Ser justo (justiça distributiva na
distribuição dos recursos/tempo;
- Colocar o Utente no Centro dos
cuidados: é considerá-lo corpo-
sujeito,
- Aceitação da individualidade de
cada doente, validação das suas
experiências e daquilo que os faz
sentir bem e dá sentido à vida, mesmo
que não corresponda exactamente ao
saber dominante;
O Poder Como Capacidade de Agir em Conjunto

(Continuação) O QUE DIZ A INVESTIGAÇÃO

Temas Características Sentimentos Utente


Co participação no
processo decisório
-Flexibilidade para integrar os saberes do
doente, mesmo que não estejam a apoiar as
melhores práticas, mas simplesmente
práticas menos más;
- procura-se ajudar a pessoa a ganhar
controle sobre a sua vida
(capacitação/empowerment)
- Negociação: Não utilização da coerção ou
dominação, conformidade obtida de forma
voluntária;
-Não punição, mas reforço e recompensa
por boa conduta, os cuidados, mesmo
invasivos são aceites como sendo
desenvolvidos no seu melhor interesse;
- A dinâmica da relação inclui a
possibilidade de resistência ao poder dos
peritos, o doente pode optar por não segui
as ordens ou orientações dos profissionais
MODELOS DE INTERACÇÃO ENFERMEIRO – CLIENTE, NA TOMADA DE
DECISÃO (Beaver, 2007)

Jogam-se Poder e Capacitação (empowerment)

Modelo Modelo Modelo Modelo


Paternalista Informativo Interpretativo Deliberativo
Os Profissionais de Os Profissionais de Os Profissionais de Há um intercâmbio
saúde tomam as saúde fornecem saúde e cliente bilateral de
decisões pelo doente informação ao interagem para informação entre o
cliente que lhe identificarem as cliente e o
permita fazer a preferências dos profissional de
escolha desejada últimos e os saúde, de forma, a
profissionais apoiam que as preferências
a tomada de decisão do cliente sejam
tidas em
consideração, para
se chegar a um
acordo sobre
escolhas a fazer.
Enfatiza a discussão
de alternativas.
Subdimensões dos Cinco Processos de Cuidar

Adaptado de Swanson, 1991- (Desenvolvimentos Empírico de uma Teoria do Cuidar de médio alcance)

Subdimensões dos Cinco Processos de Cuidar


CONHECER Evitar ideias pré-concebidas
Esforçar-se por compreender um Centrar-se no cliente
acontecimento com o significado que ele tem Apreciar cuidadosamente
na vida do outro Procurar sinais
Envolver ambos
ESTAR COM Estar presente
Estar emocionalmente presente com o outro. Mostrar competência
Partilhar sentimentos
Não sobrecarregar o outro
FAZER POR Confortar
Fazer pelo outro o que ela/ele faria se lhe Antecipar
fosse possível Desempenhar com competência
Proteger
Preservar a dignidade
POSSIBILITAR Informar/explicar
Facilitar a passagem dos outros pelas Apoiar/permitir
transições da vida e de acontecimentos Centrar-se no outro
desconhecidos. Gerar alternativas/reflectir sobre
Validar/dar “Feedback”
MANTER A CRENÇA Acreditar em /estimar
Manter a fé na capacidade dos outros para Manter uma atitude de esperança
ultrapassar um acontecimento ou transição e Oferecer uma atitude de optimismo realista
enfrentar um futuro com significado Ir até ao fim com o outro
Síntese dos Elementos e Indicadores do cuidar de Milton Mayeroff

ELEMENTOS INDICADORES

 Conhecer o outro:
CONHECIMENTO - Quais as suas capacidades
- Quais as sua necessidades
- Quais as suas incapacidades/limitações

 Conhecer-me a mim:
- Quais as minhas capacidades
- Quais as minhas limitações
- Como responder às necessidades do outro
 Agir de acordo com as expectativas
RITMOS ALTERNATIVOS  Agir e verificar resultados
 Manter ou modificar o comportamento de acordo com os resultados
 Respeitar o ritmo do outro
 Permitir o crescimento do outro no seu tempo e à sua maneira.
PACIÊNCIA  Participar com o outro
 Escutar
 Estar presente
 Dar espaço para o outro pensar e agir
 Tolerância

Adaptado de Mayeroff, Milton – On caring, 1990


Síntese dos Elementos e Indicadores do cuidar de Milton Mayeroff

(Continuação)
ELEMENTOS INDICADORES

 Confrontar-se e ser aberto consigo próprio.


HONESTIDADE  Ver o outro como ele é
 Responder às necessidades do outro e respeitá-las
 Ver-me como sou
 Ser autêntico
 Verificar se o que faço ajuda o crescimento do outro
 Estar aberto à correcção de erros
 Estar aberto
 Promover a autoconfiança do outro
CONFIANÇA  Perceber a existência independente do outro

Não pretender ser o que não sou


HUMILDADE Estar disponível para aprender mais acerca do outro
Estar disponível para aprender mais acerca de mim
Estar disponível para aprender mais sobre aquilo que o cuidar envolve
Estar orgulhoso do trabalho bem feito

Adaptado de Mayeroff, Milton – On caring, 1990


Síntese dos Elementos e Indicadores do cuidar de Milton Mayeroff

(Continuação)

ELEMENTOS INDICADORES

 ESPERANÇA  Esperar a realização do outro através do cuidar


 Alargar o significado do presente com esperança no futuro

 Confiar no crescimento do outro


 CONFIANÇA  Confiar na minha capacidade de cuidar
 Ajudar o outro a caminhar para o desconhecido

Adaptado de Mayeroff, Milton – On caring, 1990

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