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Ética e relações de cidadania_________________________________________________Capítulo 6

CAPÍTULO 6
Ética Social e Ética Global

O aspecto social da ética já tem sido abordado no decorrer das exposições


anteriores. Enquanto nos tópicos anteriores, o compromisso era enunciar a relação
entre o individual e o social, neste item direciona-se mais precisamente entre o
social e o global, que irá nortear também os tópicos seguintes.
Inicialmente, seria oportuno chamar à atenção para o fato de que o termo
pessoa é sempre entendido como ser humano de um mundo comum, isto é, torna-se
um sujeito com amparo e características universais. O Relatório da ONU de 1993,
traz algumas recomendações e observações sobre a pessoa como sujeito universal
com respeito ao tema “Desenvolvimento Humano”, que orienta para que as pessoas
sejam o sujeito de toda a produção tecnológica, econômica e política:

 Reorientação dos mercados para que sirvam às pessoas, e não as


pessoas aos mercados.
 Desenvolvimento e investimento em novos modelos de desenvolvimento
centrados na pessoa humana e sustentáveis ecologicamente. “Por muito
tempo se acreditou que o crescimento econômico através do aumento da
produção, necessariamente criaria mais empregos. Claramente, isto não
aconteceu”, - acrescentou o relatório. Acima de tudo, a ONU admite que
suas recomendações “propõem nada menos do que uma revolução no
pensamento”.
 Enfocar a cooperação internacional nas necessidades humanas e não nas
prioridades dos Estados.
 Mudanças do foco de segurança das nações para as pessoas, do
armamento para o desenvolvimento.

Ética social e ética global 1


Ética e relações de cidadania_________________________________________________Capítulo 6

 Desenvolvimento de novos padrões de administração global e nacional,


com maior descentralização, dando mais autoridade aos governos locais.
Entre as recomendações acima, se pode perceber que os problemas sociais
são elevados a categorias universais, o que fica ainda mais aclarado no terceiro item
quando o que é humano deve ser sobreposto ao interesse do Estado, fazendo
lembrar quando no segundo capítulo é dito:

[...] é oportuno dizer que nem sempre os interesses do


Estado se harmonizam com os interesses da sociedade, como
se houvesse um divórcio circunstancial entre o estatal e o
social. (Cap. 2. Finalidade da Ética no mundo contemporâneo).

Na perspectiva da ética social como ética global, o interesse da pessoa


enquanto ser humano e ser social tende a prevalecer quanto a necessidades
fundamentais diante das demais estruturas e instituições, senão a própria instituição
do Estado. O maior desafio contemporâneo é a construção de uma nova ordem
social com abrangência transnacional, isto é, para além das fronteiras do país. Hoje
há tratados e convenções internacionais que impelem a priorização de necessidades
básicas das pessoas em todo o mundo.
Hoje há organismos internacionais que visam regular determinadas áreas e
atividades, a fim de não ferir princípios fundamentais da pessoa humana no seio da
sociedade e do mundo. São exemplos destas organizações, a OIT (Organização
Internacional do Trabalho), a OMS (Organização Mundial de Saúde), a UNICEF
(Fundo das Nações Unidas de Socorro à infância).

São exemplos de organizações internacionais:


OIT (Organização Internacional do Trabalho)
• OMS (Organização Mundial de Saúde)
• UNICEF (Fundo das Nações Unidas de Socorro à infância).

Ética social e ética global 2


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Atualmente é possível também verificar que as sociedades que atravessam


circunstâncias tais que, diminuem profundamente as condições mínimas, qualidade
de vida, recebem donativos, e há recomendação internacional que orienta neste
sentido, isto é, há um avanço na compreensão de que a sociedade local é também
uma sociedade global. Obviamente que a sobrevivência econômica e política do
mundo dependem da humana por mais modesta que uma economia possa ser.
Blocos de países apenas admitem que outros ingressem em seu grupo se forem
cumpridores de certas determinações que respeitam a vida, a liberdade, o
desenvolvimento sustentável, etc.
Embora o discurso que procura conjugar uma ética social e uma ética
global possa parecer um simples apelo, na verdade constitui uma imperiosa
necessidade.
“Na aldeia global, a pobreza de outra pessoa se torna rapidamente um
problema de falta de mercado para nossos produtos, de imigração ilegal, de
poluição, de doenças contagiosas, de insegurança, de fanatismo, de terrorismo” 1.
O terrorismo, por exemplo, requer um sólido sistema global de justiça
criminal, para que a justiça não seja vitimada por diferenças nacionais de opinião.
Tem-se convivido há tanto tempo com a ideia de Estados soberanos, que ela passou
a ser um dos fundamentos não só da diplomacia e da política, mas também da ética.
Está implícita no termo “globalização”, que substitui o mais antigo
“internacionalização”, a ideia de que se está ultrapassando a era dos vínculos
crescentes entre países e se começa a contemplar algo que supera a atual
concepção de Estado Nacional.

1
Relatório do Painel de Alto Nível sobre o financiamento do desenvolvimento nomeado pelo Secretário-Geral
da ONU, Assembléia-Geral da ONU, 55ª Sessão, item da pauta 101 de 26 de junho de 2001.

Ética social e ética global 3


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Relembrando:
• O termo pessoa é sempre entendido como ser humano de um
mundo comum, isto é, torna-se um sujeito com amparo e
características universais.
• O maior desafio contemporâneo é a construção de uma nova ordem
social com abrangência transnacional, isto é, para além das
fronteiras do país.
• Hoje há organismos internacionais que visam regular determinadas
áreas e atividades a fim de não ferir princípios fundamentais da
pessoa humana no seio da sociedade e do mundo.

Ética social e ética global 4

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