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Noções Básicas

de Atuária

Profª Kathie Prochnow


E-mail: Kathie.p@ufr.edu.br
Estrutura do mercado segurador
 O Sistema Nacional de Seguros Privados
 O sistema nacional de seguros privados é composto
por cinco grupos:
 o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP);
 a Superintendência de Seguros Privados (Susep);
 o IRB Brasil Resseguros S/A;
 as sociedades seguradoras autorizadas e,
 as corretores habilitados.
 Conselho Nacional de Seguros Privados
 O CNSP é o órgão máximo do setor de seguros,
responsável pela fixação de diretrizes e normas da
política de seguros e resseguros, regulando e
fiscalizando a orientação básica e o funcionamento
dos componentes do sistema.
 Ele é formado pelo Ministro da Fazenda, como
presidente, e representantes advindos de ministérios
públicos, outro órgão do setor (por exemplo, da
presidência da Susep) e do sistema privado
(nomeados pelo Presidente da República).
 Ao fixar as diretrizes e normas das políticas de seguros, o
CNSP tem como objetivos:
 a) promover a expansão do mercado em conformidade com o
crescimento do país;
 b) buscar reciprocidade nas operações, condicionamento a
autorização para o funcionamento das empresas estrangeiras
à igualdade de condições no país de origem;
 c) coordenar a política de seguros com a política de
investimentos do Governo Federal; e
 d) preservar a liquidez e a solvência das sociedades
seguradoras.
 Outras atribuições do CNSP também incluem:
 a regulamentação da constituição, organização,
funcionamento, fiscalização e aplicação das penalidades
previstas das empresas, organizações e pessoas envolvidas no
sistema nacional de seguros privados;
 a fixação das características gerais dos contratos de seguro,
previdência privada aberta, capitalização e resseguros;
 a fiscalização da corretagem do mercado e da profissão de
corretor (Susep).
 Superintendência de Seguros Privados
 A Susep é o órgão governamental de atuação
colegiada e competência normativa responsável pelo
controle e fiscalização dos mercados de seguro,
previdência privada aberta, capitalização e resseguros.
 A Susep tem como principais atribuições:
 fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e
operação das sociedades seguradoras, de
capitalização, entidades de previdência privada aberta
e resseguradores, na qualidade de executora da
política traçada pelo CNSP. É a Susep quem autoriza
uma empresa a atuar no mercado de seguros,
verificando suas qualificações e adequação às normas
legais. Se a seguradora aproximar-se dos limites máximos
estabelecidos, a Susep propõe um reformulação na sua
política de seguros a ser executada em 90 dias. A Susep
passa a acompanhar de perto a empresa, podendo aplicar
as medidas previstas. No caso de a empresa ter de ser
fechada, é a Susep quem administrará a massa liquidanda;
 Atuar no sentido de proteger a captação de poupança
popular que se efetua por meio das operações de
seguros, previdência privada aberta, de capitalização e
resseguro;
 promover o aperfeiçoamento das instituições e dos
instrumentos operacionais a eles vinculados, com vistas à maior
eficiência do Sistema Nacional de Seguros Privados e do Sistema
Nacional de Capitalização. Para acompanhar de perto o
mercado, a Susep está sempre coletando informações
específicas ao setor. Além disso, a partir dos dados obtidos ela
envia periodicamente boletins informativos para os integrantes
do sistema;
 zelar pela defesa dos interesses dos consumidores. A Susep
esclarece as dúvidas dos consumidores e recebe e encaminha as
reclamações por eles realizadas. A maioria delas é relativa ao
ramo de automóveis.
 A Susep também procura promover a estabilidade dos mercados
sob sua jurisdição, assegurando sua expansão e o
funcionamento das entidades que neles operem; zelar pela
liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado;
disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades,
em especial os efetuados em bens garantidores de provisões
técnicas e cumprir e fazer cumprir as deliberações do CNSP e
exercer as atividades que por este forem delegadas.
 O julgamento dos recursos contra as decisões da Susep é feito
pelo CNSP.
 IRB Brasil Resseguros

 Alguns conceitos:
 Resseguro é o seguro do seguro, no qual se repassa o
risco de um contrato de seguro superior à capacidade
financeira da seguradora que emitiu a apólice, ou parte
dele, há uma resseguradora.
 Co-seguro é a pulverização do risco ou seja as
responsabilidades do risco assumido são divididas
repartindo-o com duas seguradoras.
 Como comentado anteriormente o IRB foi criado em 1939 no
governo Vargas.
 As principais atribuições do IRB são fiscalizar o resseguro
obrigatório e facultativo do país ao exterior; organizar e
administrar consórcios; proceder a liquidação de sinistros e
distribuir pelas seguradoras a parte dos resseguros que não
retiver e colocar no exterior as responsabilidades excedentes da
capacidade do mercado segurador interno aquela cuja cobertura
fora do país convém aos interesses nacionais (retrocessão).
 As operações do IRB tem a garantia de seu capital e reservas e,
subsidiariamente, a garantia da União.
 Em 1996, foi aprovada a quebra de monopólio para atividade de
resseguro no Brasil, delegada, até então, exclusivamente ao IRB.
 Em 1997, o IRB foi transformado em IRB-Brasil Re, Com o
controle acionário da União e metade do capital do IRB com
ações preferenciais (sem direito a voto) para 127 seguradoras
que atuavam no Brasil.
 Quando o IRB era o operador único de Resseguro no Brasil, ele
acabava assumindo também funções normativas no mercado,
em termos de obrigatoriedade de consulta das seguradoras, de
resseguro, co-seguro ou retrocessão.
 Sociedade Seguradora
 Seguradoras são entidades jurídicas que, por meio dos
recursos dos prêmios cobrados dos segurados,
comprometem-se a indenizá-los no caso de ocorrer o evento
contra o qual se seguraram.
 As sociedades seguradoras, que devem ter autorização para
funcionamento concedida por Portaria do Ministério da
Fazenda, não estão sujeitas à falência nem poderão impetrar
concordata.
 As seguradoras não podem ultrapassar os limites técnicos,
fixados pela Susep. Nesse caso, elas têm de fazer resseguro
das responsabilidades excedentes em cada ramo de
operações.
 As principais atividades desempenhadas pelas
seguradoras são:
 Área comercial
 Sua função é vender o seguro, pois só assim uma apólice
poderá ser emitida.
 Área de marketing
 Deve criar e tornar disponíveis produtos que atendam às
necessidades do consumidor, inclusive inovar e
desenvolver novos produtos.
Underwriting
Processo de aceitar ou rejeitar riscos, fixar as taxas a
serem cobradas de acordo com o risco, com o propósito
de maximizar ganhos.
Para melhor desempenho da função, certos padrões
técnicos e éticos de seleção são fixados de acordo com
políticas previamente estabelecidas, e o underwriting
deve cuidar para que esses padrões sejam observados
quando um risco é aceito.
 Departamento de gerenciamento das indenizações
(sinistros)
 Cuida dos processos de regulação e liquidação do
sinistro.
 Regulação é o processo de apuração das perdas e de
todos os elementos que possam vir a influenciar no
cálculo das indenizações e no direito do segurado,
observadas as condições pré estabelecidas na apólice de
seguro.
 Liquidaçãoconsiste no cálculo
e pagamento da indenização
propriamente dita, efetuados após
a fase regulatória do processo.
 As seguradoras tentam recuperar,
sempre que possível, parte das
indenizações por meio da
comercialização do que restar dos
bens segurados com valor
econômico (salvados).
 O gerenciamento dos riscos é
fundamental em empresas do
ramo não-vida, que fazem seguros
de bens.
 Departamento de atuária e estatística
 Responsável por calcular as taxas de seguros, níveis de
comissões, reservas de prêmios não ganhos, e preparar
relatórios anuais, além de eventuais estudos de
viabilidade econômica para grandes negócios, que posso
envolver altos níveis de riscos.
 Também auxilia no desenvolvimento de novos produtos.
 Área de informática
 Cuida da informatização das atividades comuns a
qualquer empresa e também trata eletronicamente
todos os documentos e etapas do processo de venda de
seguros, reduzindo o tempo gasto no processamento de
propostas, aprovação e emissão de apólices.
 Área de investimento
 Gerencia o capital próprio e de terceiros,
temporariamente sob sua responsabilidade.
 Aplicar os recursos advindos da comercialização de seus
produtos de seu capital próprio, a seguradora procura
obter remuneração que possibilite honrar as
indenizações devidas e os demais compromissos da
empresa, bem como gerar lucro e capital para nela
investir.
 A administração dos recursos financeiros é fundamental
em empresas de seguro de vida.
 Área de Controladoria
 Sua função é fornecer e controlar as informações de
modo a assegurar a otimização do resultado econômico
da empresa.
 Ela deve dispor de um bom método para apurar
corretamente o resultado de cada gestor.
 Corretor de Seguros
 No Brasil a seguradora só podem receber propostas de seguro
por intermédio de corretores legalmente habilitados, ou, então,
diretamente dos proponentes ou dos seus legítimos
representantes.
 Corretagem de seguros é a intermediação feita por profissionais
habilitados na colocação de seguros, mediante o recebimento de
uma comissão percentual sobre o prêmio auferido pela
seguradora.
 O comissionamento de intermediação é obrigatório.
 O corretor deve ser remunerado toda vez que o resultado
previsto no contrato de mediação de seguros for alcançado, a
não ser em casos de comprovada inércia ou ociosidade do
profissional.
 O corretor é legalmente autorizado a
organizar e promover contratos de seguros.
 É ele também quem orientará o segurado
sobre o melhor tipo de contrato de seguro,
dentro da gama de produtos oferecidos
pelas empresas, por exemplo, sobre
coberturas, carências, validade, e
atendendo às necessidades de seu
representado.
 Assim, o corretor não é um simples
vendedor intermediário e sim um
verdadeiro consultor.
 Se não houver corretor, quando a venda é feita
diretamente pela seguradora, o valor da comissão de
corretagem deve ser recolhida ao Fundo de
Desenvolvimento Educacional do Seguro, administrado
pela Fundação Escola Nacional de Seguros (Funenseg).
 As seguradoras realizam a venda de seguros de três
formas: via corretor propriamente dito, via agente de
seguros ou diretamente ao consumidor.
 O corretor de seguros é o profissional liberal sem vínculos com a
seguradora que defende os interesses do segurado diante da
seguradora, recebendo comissão de corretagem.
 A contratação do seguro por meio de um corretor de seguros
ocorre quando o segurado, desejando contratar um seguro,
recorre a um profissional, solicitando a ele que estude suas
necessidades em termos de seguros e selecione os melhores
planos para ele, com as coberturas mais adequadas em menor
custo.
 O corretor de seguros é como médico da família: pode ser
chamado a qualquer hora do dia ou da noite, no caso de uma
emergência. é ele quem exigirá da seguradora os direitos do
segurado e cuidará dos procedimentos necessários em caso de
sinistro.
 Como o corretor opera com várias seguradoras, ele deve
estar sempre atualizado das novidades na área das
vantagens e desvantagens de cada tipo de seguro e
empresa.
 Com base nas seguradoras com as quais trabalha, ele
seleciona o conjunto de produtos e empresas que
atendam às necessidades de seus clientes nas melhores
condições possíveis.
 Um corretor ético e profissional não recomenda uma
seguradora baseada em razões pessoais, como
premiações ou remuneração mais atrativa.
 Já que nenhuma seguradora consegue, sozinha, oferecer
sempre o melhor serviço aos melhores custos, em todos
os ramos de seguro, a principal vantagem do corretor
está justamente no fato de não estar preso apenas uma
seguradora, podendo escolher entre um grande leque
de empresas e planos, a melhor alternativa para o seu
cliente.
 Assim, quando determinada seguradora deixa de ser
competitiva, baixa o seu nível de qualidade e serviços ou
pratica preços muito elevados, o corretor tem outras
opções, podendo até parar de trabalhar com ela.
 Quando um intermediário usa o nome da seguradora
para fazer o segurado acreditar que ele está tratando
diretamente com ela ou demonstra que só trabalha com
uma seguradora, ele deixa de ser um corretor, mesmo
que use essa expressão, quando o segurado passa
acreditar ser cliente da seguradora e que aquele
intermediário é apenas o seu “contato” na seguradora.
 Nesse grupo se inserem os corretores que trabalham em
agências bancárias, aqueles que usam cartões de visita
com a logo da seguradora ou quem usa quaisquer
outros meios que possam associar o nome da
seguradora ao seu (Fontana, 1999).
 O corretor deve habilitar seu registro perante a Susep
por meio de prova de capacidade técnico profissional
promovida pela Funenseg, além de registrar seus
representantes, que são de livre escolha, na própria
Susep.
 Ele pode designar entre seus prepostos, qual o
substituirá nos seus impedimentos ou faltas.
 Os corretores de seguros são responsáveis - tem de
responder civilmente – pelos prejuízos que causarem
por omissão, imperícia ou negligência no exercício da
profissão.
 Pelo seu trabalho, o corretor recebe uma comissão que
varia de ramo a ramo e de seguradora para seguradora.
 As comissões de corretagem só podem ser pagas, pelas
seguradoras, a corretores de seguros devidamente
habilitados.
 O agente de seguros é o profissional de vendas
vinculado a uma seguradora que comercializa os planos
a ela vinculados, recebendo como pagamento um
percentual sobre o resultado de sua operação.
 Ser vinculado a uma empresa não é a mesma coisa que
ser empregado dela, pois o fato de um intermediário
não ser funcionário de uma seguradora não quer dizer
que ele seja profissionalmente independente.
 Na Europa, há profissionais que não são empregados
das seguradoras, mas mesmo assim não são
independentes, atuando como representantes da
seguradora.
 Assim, eles são agentes e não corretores.
 Com a venda direta de seguro ao consumidor, como no
caso das agências bancárias com a consolidação dos
conglomerados financeiros, a importância e necessidade
da intermediação do corretor foi alvo de calorosas
discussões.
 A venda direta de seguros ocorre toda vez que o
segurado tenha percepção de ter feito o seu seguro
diretamente com a seguradora.
 O que importa é a visão do segurado estar lidando e
contratando o seguro diretamente com o representante
da seguradora, seja ele um funcionário, um agente ou
um corretor da seguradora.
 Outras Entidades do Setor
 Há várias entidades que apoiam o Sistema Nacional de
Seguros Privados brasileiro, colaborando para a
divulgação dos seguros, para a competitividade do
mercado e qualificação de seus profissionais.
 A Federação Nacional ds Empresas de Seguros Privados
e de Capitalização (Fenaseg) é a entidade brasileira que
congrega as empresas do setor de seguros, tendo sido
fundada em junho de 1951.
 Ela é organizada por meio de sindicatos patrimoniais
regionais.
 Entre as funções da Fenaseg estão:
 a divulgação do mercado de seguros e de seus
participantes (instituições de seguros, capitalização e
previdência privada);
 defesa dos interesses da categoria e dos consumidores;
 promoção da conciliação nos dissídios coletivos de
trabalho e celebração de contratos, acordos ou
convenções coletivas e
 oferecimento de serviços de consultoria e assessoria
para entender e orientar suas filiadas.
 A Federação Nacional dos Corretores de Seguros, de
Capitalização e de Previdência Privada (Fenacor) é uma
entidade reconhecida como entidade coordenadora dos
interesses da categoria econômica dos Corretores de
Seguros e de Capitalização.
 A Fenacor representa judicial e extrajudicialmente seus
sindicatos filiados, tendo como objetivo proteger os
interesses da categoria econômica;
 colaborar com os poderes públicos no estudo e na
solução dos problemas relacionados à categoria;
 prestar assistência técnica e jurídica aos sindicatos
filiados, inclusive,
 assessoria técnica e operacionalidade no atendimento
aos segurados e beneficiários do convênio do seguro
DPVAT e,
 por delegação de atribuições da Susep, o exame de
pedidos de registro de corretores de seguros, dos ramos
elementares, vida, capitalização e previdência privada, e
de alterações cadastrais.
 A Funenseg é uma entidade mantida pelo Sistema
Nacional de Seguros Privados que surgiu como resposta
a um dos principais desafios do mercado segurador
brasileiro, a profissionalização e qualificação das pessoas
e empresas que trabalham com seguros.
 A Funenseg tem como principal objetivo, portanto, o
aprimoramento do profissional de seguros e do
mercado segurador, contribuindo para o
desenvolvimento da cultura do seguro no Brasil. Para
isso, ela se utiliza de cursos, palestras e atividades
técnico-culturais e da divulgação de informações
provenientes de pesquisas e operações estatísticas
relacionadas à área.
 A Funenseg mantém convênios com instituições
intenacionais para a realização de seminários, palestras,
cursos e programas de bolsas e faz parte do Institute for
Global Insurance Education, organização mundial que
reúne instituições de ensino do seguro.
 A Associação Nacional da Previdência Privada (Anapp)
agrega entidades de previdência privada do Brasil,
agindo pelos seus interesses.
 A Sociedade Brasileira de Ciências do Seguro, fundada
em agosto de 1953, é uma associação civil sem fins
lucrativos, que tem entre outros, o objetivo de
promover o estudo, a pesquisa, o ensino e a divulgação
das Ciências do Seguro, além da criação de disciplinas da
área nas faculdades de ensino superior.
BIBLIOGRAFIA:

SOUZA, Silney de. Seguros: Contabilidade,


atuária e auditoria. 2 ed. São Paulo: Saraiva,
2007

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