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Ilhéus, 2023.1
Resumo da aula
• Em 1958, Phillips traçou um diagrama que mostrava a relação entre a taxa de
inflação e a taxa de desemprego no Reino Unido para cada ano de 1861 a
1957. Ele encontrou evidências claras de uma relação negativa entre inflação e
desemprego;
• Dois anos depois, Paul Samuelson e Robert Solow repetiram o exercício para
os EUA, com dados de 1900 a 1960, chegaram a mesma conclusão e batizaram
essa relação (desemprego x inflação) de Curva de Phillips;
• Na década de 1970, porém, essa relação quebrou. Nos EUA, e outros países,
havia inflação alta e desemprego alto, o que contradizia explicitamente a
curva de Phillips original. A curva de Phillips vai ser atualizada e uma nova
relação surgiu, agora sob a forma de uma relação entre a taxa de desemprego
e a variação da taxa de inflação.
• Isso nos dá uma relação entre o nível de preços, o nível esperado de preços e
a taxa de desemprego.
• Agora vamos inserir a inflação:
= (vem da dedução da fórmula anterior)
• = inflação e = inflação esperada
Inflação, Inflação esperada e desemprego
=
Um aumento da inflação esperada, , leva a um aumento da inflação efetiva, .
• Se os fixadores de salários esperam um nível de preços mais elevado, fixam um salário
nominal mais elevado, o que acarreta um aumento do nível de preços.
• Portanto, o fato de um aumento do nível esperado de preços levar a um aumento do
nível de preços efetivo pode ser expresso da seguinte maneira: um aumento da
inflação esperada leva a um aumento da inflação (efetiva).
Curva de Phillips: a primeira versão
• Na primeira versão da Curva de Phillips, idealizada por Phillips, Samuelson e Solow, os
períodos analisados por eles não apresentavam altas taxas de inflação
• Ou seja, nesse período a inflação variava de um ano para o outro em torno de algum
valor constante e a inflação não era persistente, de modo que a deste ano t não
serviria de parâmetro para a do próximo ano.
• Em tal ambiente, faz sentido que os fixadores de salários assumam que, qualquer que
seja a inflação do ano anterior, a inflação do ano presente será simplesmente igual a
(valor constante). Ou seja, não há surpresas. Assim, dada a análise anterior:
=
Assim:
=
Curva de Phillips: a primeira versão
• Neste caso, de fato havia uma relação negativa entre desemprego e inflação.
Esta é precisamente a relação negativa entre desemprego e inflação que
Phillips encontrou para o Reino Unido, e Solow e Samuelson para os EUA.
• Quando o desemprego era elevado, a inflação era baixa, às vezes até mesmo
negativa. Quando o desemprego era baixo, a inflação era positiva.
• Esses resultados sugeriam que os formuladores de política econômica estavam
diante de um trade-off entre inflação e desemprego. Se estivessem dispostos a
aceitar mais inflação, poderiam atingir menor desemprego.
• A partir do início dos anos 1960, a política macroeconômica norte-americana
visou reduzir continuamente o desemprego e utilizou dessa premissa: para
reduzir o desemprego, teria como contrapartida a ampliação da inflação.
Inflação versus desemprego-EUA, 1948–1969
• A redução contínua na taxa de desemprego nos EUA durante a década de
1960 esteve associada a um aumento contínuo da taxa de inflação.
Inflação versus desemprego- a década de 1970
• Por volta de 1970, a relação entre a taxa de inflação e a taxa de desemprego
quebrou. Não existia mais qualquer relação visível entre essas variáveis em
diversos países
• Mas por que a curva de Phillips original “desapareceu”?
• Porque os fixadores de salários mudaram o modo como formavam suas
expectativas em relação à inflação.
• Essa alteração veio de uma mudança no comportamento da inflação. A
inflação tornou-se mais persistente. Aumentou a probabilidade de a inflação
alta de um ano ser seguida por uma inflação alta no seguinte.
• Assim, as pessoas, ao formarem suas expectativas, começaram a levar em
conta a persistência da inflação.
• Essa mudança na formação de expectativas acabou por modificar a natureza
da relação entre desemprego e inflação.
Inflação versus desemprego- a década de 1970
• Como podemos analisar essa mudança na relação entre desemprego e
inflação?
• Suponhamos que as expectativas de inflação sejam formadas de acordo com a
seguinte equação:
= (1 –θ) + θ
Ou seja:
• A inflação esperada no ano t, , depende em parte de um valor constante, e em
parte da inflação no ano anterior, que denotamos por
• Quanto maior o valor de θ, mais a inflação do ano anterior levará os
trabalhadores e as empresas a reverem suas expectativas sobre a inflação para
este ano, e, portanto, maior será a taxa de inflação esperada.
• Assim, se a inflação passada foi muito alta, a expectativa de inflação para o
próximo período também será.
Inflação versus desemprego- a década de 1970
= (1 – θ) + θ
=
• Neste caso, observaremos uma relação negativa entre desemprego e inflação.
A curva de Phillips e as expectativas
• Quando θ se aproxima de 1, ou seja, a expectativa passa a considerar o período anterior e
não um valor constante, a relação torna-se a seguinte:
=
Ou seja,
A inflação no tempo t vai ser diretamente impactada pela inflação no tempo anterior
(passado)
A curva de Phillips e as expectativas
• A hipótese das expectativas adaptativas afirma que os indivíduos corrigem suas
expectativas levando em considerando os “erros” que cometeram no passado
• Se no período anterior, o agente subestimou a inflação, ele corrigirá sua nova expectativa
levando em consideração essa subestimação;
• Os agentes acham que o passado recente é o melhor previsor para o presente e futuro
• Assim,, quando os indivíduos olham para o passado como o melhor previsor de futuro, a
inflação tende a se perpetuar no nível prevalecente atingido, gerando a chamada inércia
inflacionária
• No longo prazo, o aumento da inflação faz com que os agentes ampliem suas expectativas
inflacionárias, deslocando a curva de Phillips para a direita
• Para que a inflação se reduza desse patamar, ou será necessária a ocorrência de um
choque deflacionário, ou a taxa de desemprego deverá se situar momentaneamente
acima da natural, forçando os agentes a reverem suas expectativas.
• Se o governo, por exemplo, faz alguma política para reduzir o desemprego (ampliando a
oferta de moeda por exemplo), haverá uma menor taxa de desemprego e uma maior taxa
de inflação.
A curva de Phillips e as expectativas
• Se o governo pretender manter indefinidamente o desemprego abaixo da taxa natural
isto irá requerer taxas crescentes de expansão monetária e de inflação
• Dada essa aceleração inflacionária, o trade-off inflação-desemprego só vale no curto
prazo. No longo prazo, a economia não conseguirá manter indefinidamente a inflação
acima da esperada, uma vez que os agentes aprenderam com os erros do passado
• A curva de Phillips de longo prazo a economia se situará na taxa natural de desemprego e
qualquer tentativa de reduzi-la apenas gerará mais inflação
• A introdução das expectativas permite analisar o fenômeno marcante da década de 1970,
a estagflação, que corresponde a presença simultânea de inflação e desemprego. Mesmo
com desemprego, se as expectativas inflacionárias forem elevadas, poderemos ter
inflação com desemprego.
A curva de Phillips e as expectativas
-=
Teremos: - =
- =- (-)
• Se a taxa de inflação esperada () puder ser aproximada pela taxa de inflação do ano
anterior, , ou seja, a expectativa de inflação está relacionada a informação do
período anterior, a equação finalmente se torna:
-= - ( - )
A curva de Phillips e a taxa natural de desemprego
-= - ( - )
• A taxa natural de desemprego é a taxa de desemprego necessária para manter a
taxa de inflação constante.
• É por isso que a taxa natural é também chamada de taxa de desemprego não
aceleradora da inflação, ou NAIRU (da expressão em inglês non-accelerating
inflation rate of unemployment)
• Assim, quando questiona-se qual tem sido a taxa natural de desemprego nos EUA
desde 1970, questiona-se qual tem sido a taxa de desemprego que, em média, leva
a uma inflação constante?
• Tentar manter o desemprego abaixo desta taxa natural fará com que a inflação
acelere. A economia terá de voltar a taxa de desemprego natural.
Conclusões relevantes
-= - ( - )
• Qual cenário lhe desagrada mais? Você deveria ser indiferente em relação a
ambos. Nos dois casos seu salário real diminui em 2%. Existe alguma
evidência, entretanto, de que a maioria das pessoas considera o primeiro
cenário menos doloroso, e, assim, sofrem de ilusão monetária.
• Quando a inflação é baixa, poucos trabalhadores aceitam um corte nos
salários nominais.
Referência da aula
Básica:
Capítulo 7
LOPES, L.M; VASCONCELLOS, M.A.S (org). Manual de Macroeconomia. 3 ed. São Paulo: Atlas,
2008