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A disseminação dessa
INTRODUÇÃO bactéria entre os indivíduos FIGURA 3
As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são problemas de saúde através da relação sexual pode
pública, devido à sua magnitude e dificuldade de acesso ao tratamento alterar o equilíbrio natural da
adequado no mundo. Em países em desenvolvimento, as ISTs estão entre as microbiota vaginal e, esse
10 causas mais frequentes de procura por serviços de saúde. Entretanto, a desequilíbrio (disbiose), pode
falta de acesso a serviços de saúde efetivos e confiáveis se refletem no levar, além do desenvolvi-
aumento das ISTs em muitos países e essas infecções podem representar mento da vaginose bacteriana,
elevadas perdas econômicas, causadas pelo binômio saúde-doença. O à patologias como bactere-
tratamento inadequado das IST ou o não tratamento pode resultar em diversas mias, meningites e infecções
complicações. do trato urinário, mesmo que
de forma pouco preponde-
rante, sendo que essas ITUs
OBJETIVOS são as mais frequentes in-
O trabalha objetiva apresentar como a bactéria Gardnerella vaginalis está fecções enfrentadas pelos
Fonte: Autores
relacionada com diversas patologias do trato urogenital, como a balanopostite, seres humanos.
infecções do trato urinário (ITUs) e a vaginose bacteriana, sendo a principal A Gardnerella vaginalis, nesse âmbito patológico, pode levar a quadros de
causadora dessa última manifestação clínica. Além disso, o presente estudo infecções do trato urinário (ITUs), mesmo que de forma pouco preponderante,
tem como objetivo discorrer a respeito da correlação existente entre os sendo que essas ITUs são as mais frequentes infecções enfrentadas pelos
desequilíbrios na microbiota vaginal, encontrados nas condições desta seres humanos.
vaginose bacteriana e o risco de aquisição de microrganismos, como o HIV. FIGURA 4 Apesar de reconhecidamente mostrar
baixa patogenicidade, a G. vaginalis
apresenta alguns fatores de virulência,
METODOLOGIA expostos na Figura 4. Essas características
podem explicar o fato de a Gardnerella ser
No contexto atual das ISTs no mundo, foram pesquisados – no Medline
(Pubmed) – artigos em inglês e português divulgados a partir do ano de 2010. a causa de 90% das infecções vaginais
Os artigos pesquisados são relacionados à transmissão de Gardnerella por sintomáticas que, anteriormente, eram
contato sexual e como esse gênero de microrganismo pode ser o causador de descritas como não específicas, refutando a
patologias associadas ao desequilíbrio da microbiota vaginal. antiga crença de que essa bactéria não
As palavras chaves utilizadas foram: ISTs, Gardnerella , microbiota vaginal Fonte: Autores causava patologias à sua hospedeira.
e contato sexual.
Ainda assim, em outro quadro clínico, no caso a balanopostite, patologia
caracterizada pela presença de secreção abundante e fétida, somada à
DISCUSSÃO presença de mácula na superfície da mucosa prepucial, a G. vaginalis
apresenta-se como segundo agente causador, sendo responsável por 31% dos
Gardnerella vaginalis é uma bactéria anaeróbica e imóvel, observada sob a
casos não relacionados com Candida spp. Além desse fator, a observação, em
forma de cocobacilo, apresentando uma coloração gram-variável, residente
na microbiota vaginal normal (Figura 1). 75% dos casos de isolamento da G. vaginalis, do crescimento concomitante
te, a microbiota vaginal apresenta de Bacteroides sp., evidencia a possibilidade da participação das bactérias na
prevalência das espécies Lactobacilli. patogênese da doença.
Contudo, quando microorganismos FIGURA 1
como a Gardnerella começam a CONCLUSÃO
aumentar demasiadamente, pode ocorrer A partir da discussão acerca da Gardnerella vaginalis como causadora da
um desequilíbrio, de modo que acabam vaginose bacteriana, é importante ressaltar que a disbiose na região vaginal,
se tornando a espécie dominante, fator pode desencadear tal patologia. Destaca-se, também, o papel do homem como
esse que propicia o surgimento da transmissor de Gardnerella por meio das relações sexuais, além do potencial
vaginose bacteriana (VB), como Fonte:https://www.luciacangussu.bio.br/artigo/ patogênico existente para esse indivíduo. Em relação ao HIV, tem-se que,
produtos-naturais-ou-metronidazol-para-o-
demonstrado na Figura 2 e 3. tratamento-da-vaginose-bacteriana/ quadros como a vaginose bacteriana, aumentam as chances de aquisição do
Nesse estado de vaginose bacteriana, em que ocorre dominância de vírus, uma vez que existem evidências de que a dominância de Lactobacillis e
em Gardnerella, estudos apontam que o a menor diversidade microbiana são fatores protetores contra a aquisição do
risco de aquisição do HIV apresenta- HIV, condição não existente na vaginose. Considerando o potencial
se elevado. Ainda assim, em um patogênico da Gardnerella e o fato de ser considerada parte da microbiota
estudo de caso-controle, foi normal da vagina, evidencia-se a necessidade de essa bactéria estar em
demonstrado que as participantes do equilíbrio na microbiota, para que não favoreça a entrada de patógenos.
grupo controle que não adquiriram a
infecção pelo HIV tinham maior
dominância de Lactobacilli, enquan-
REFERÊNCIAS
to as que adquiriram a infecção
1.SILVEIRA, A.C.O.; SOUZA, H.A.P.H.M.; ALBINI, C. A. A Gardnerella vaginalis e as infecções do trato
FIGURA 2 apresentavam uma maior
FIGURA 2 diversidade bacteriana vaginal, no urinário. J. Bras. Patol. Med. Lab. vol.46 no.4 Rio de Janeiro Aug. 2010.
2. KAIRYS, N.; GARG, M. Gardnerella. StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing;
Fonte:https://m.brasilescola.uol.com.br/doencas/ contexto de diminuição da
gardnella.htm 2019- 2019 Jan 23.
predominância dos Lactobacilli.
A G. vaginalis pode ser encontrada no esperma em aproximadamente 3. PINTO, V. M.; BASSO, C. R.; BARROS, C. R. S.; GUTIERREZ, E. B. Fatores associados às infecções
10,7% dos homens que mantém relação sexual com mulheres sintomáticas. sexualmente transmissíveis: inquérito populacional no município de São Paulo, Brasil. Ciênc. saúde coletiva
Esses homens geralmente permanecem assintomáticos, porém podem [online]. 2018, vol.23, n.7, pp.2423-2432. ISSN 1413-8123.
transmitir a bactéria em futuras relações sexuais ou apresentar complicações 4. SCHOOLEY, R. T. The Human Microbiome: Implications for Health and Disease, Including HIV
de uma ascensão da bactéria pela uretra, alcançando a próstata e a bexiga. Infection. Top Antivir Med. 2018 Sep; 26(3): 75–78.Published online 2018
DISCUSSÃO
Gardnerella vaginalis é uma bactéria anaeróbica e imóvel, observada sob a forma de cocobacilo, apresentando uma coloração gram-
variável, residente na microbiota vaginal normal (Figura 1). Normalmente, a microbiota vaginal apresenta prevalência das espécies
Lactobacilli. Contudo, quando microrganismos como a Gardnerella começam a aumentar demasiadamente, pode ocorrer um desequilíbrio, de
modo que acabam se tornando a espécie dominante, fator esse que propicia o surgimento da vaginose bacteriana (VB), como demonstrado na
Figura 2.
Nesse estado de vaginose bacteriana, em que ocorre dominância de Gardnerella, estudos apontam que o risco de aquisição do HIV
apresenta-se elevado. Ainda assim, em um estudo de caso-controle, foi demonstrado que as participantes do grupo controle que não
adquiriram a infecção pelo HIV tinham maior dominância de Lactobacilli, enquanto as que adquiriram a infecção apresentavam uma maior
diversidade bacteriana vaginal, no contexto de diminuição da predominância dos Lactobacilli.
A G. vaginalis pode ser encontrada no esperma em aproximadamente 10,7% dos homens que mantém relação sexual com mulheres
sintomáticas. Esses homens geralmente permanecem assintomáticos, porém podem transmitir a bactéria em futuras relações sexuais ou
apresentar complicações de uma ascensão da bactéria pela uretra, alcançando a próstata e a bexiga
A disseminação dessa bactéria entre os indivíduos através da relação sexual pode alterar o equilíbrio natural da microbiota vaginal e, esse
desequilíbrio (disbiose), pode levar, além do desenvolvimento da vaginose bacteriana, à patologias como bacteremias, meningites e infecções
do trato urinário, mesmo que de forma pouco preponderante, sendo que essas ITUs são as mais frequentes infecções enfrentadas pelos seres
humanos.
Apesar de reconhecidamente mostrar baixa virulência, a G. vaginalis apresenta alguns fatores, como pili e uma camada de
exopolissacarídeo, que justificam o grande poder de adesão dessa bactéria às células epiteliais. Essas características podem explicar o fato de
a Gardnerella ser a causa de 90% das infecções vaginais sintomáticas que, anteriormente, eram descritas como não específicas, refutando a
antiga crença de que essa bactéria não causava patologias à sua hospedeira.
Ainda assim, em outro quadro clínico, no caso a balanopostite, patologia caracterizada pela presença de secreção abundante e fétida,
somada à presença de mácula na superfície da mucosa prepucial, a G. vaginalis apresenta-se como segundo agente causador, sendo
responsável por 31% dos casos não relacionados com Candida spp. Além desse fator, a observação, em 75% dos casos de isolamento da G.
vaginalis, do crescimento concomitante de Bacteroides sp., evidencia a possibilidade da participação das bactérias na patogênese da doença.
Fonte:https://www.luciacangussu.bio.br/artigo/produtos-
naturais-ou-metronidazol-para-o-tratamento-da-vaginose-
bacteriana/
CONCLUSÃO
1.SILVEIRA, A.C.O.; SOUZA, H.A.P.H.M.; ALBINI, C. A. A Gardnerella vaginalis e as infecções do trato urinário. J. Bras. Patol. Med. Lab. vol.46 no.4 Rio de Janeiro Aug. 2010.
2. KAIRYS, N.; GARG, M. Gardnerella. StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2019- 2019 Jan 23.
3. PINTO, V. M.; BASSO, C. R.; BARROS, C. R. S.; GUTIERREZ, E. B. Fatores associados às infecções sexualmente transmissíveis: inquérito populacional no município de São Paulo, Brasil. Ciênc.
saúde coletiva [online]. 2018, vol.23, n.7, pp.2423-2432. ISSN 1413-8123.
4. SCHOOLEY, R. T. The Human Microbiome: Implications for Health and Disease, Including HIV Infection. Top Antivir Med. 2018 Sep; 26(3): 75–78.Published online 2018