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FILOSOFIA NO BRASIL

E NA
AMÉRICA LATINA

Professora Dorcelina M. de Lima


FILOSOFIA NO BRASIL E NA AMÉRICA LATINA

■Após um primeiro contato com o universo filosófico é inevitável perguntar se


existe ou existiu algum filósofo brasileiro.
■Fala-se muito dos pensadores gregos antigos, do eixo europeu Alemanha-França-
Inglaterra – Tales de Mileto (624 a.C.- 558 a.C.), Anaximandro (610 a.C. - 546
a.C.),  Pitágoras (582 a.C. - 497 a.C.), - Heráclito (540 a.C. - 470 a.C.), -
Parmênides (510 a.C. - 445 a.C.); - Demócrito (460 a.C. - 370 a.C.); Sócrates (470
a.C.- 399 a.C.); - Platão (427 a.C. - 347 a.C.); -  Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.);
outros.
■E, recentemente, de pensadores da América do Norte, mas há a visão de que nada
novo e original é produzido por aqui.
■É certo que a história da filosofia não está finalizada. A todo instante, novas ideias
surgem e no Brasil não poderia ser diferente. A existência de intelectuais no Brasil
não é algo recente. Dentre as diversas mentes brasileiras é possível destacar alguns
nomes século XX.
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■ Mário Ferreira dos Santos (1907-1968), paulista, tem uma grande obra
publicada em mais de cem volumes.
■ Em seu pensamento, formado pela pluralidade de influências, destaca-se o
que chamou de Filosofia Concreta, em um livro com o mesmo nome.
■ Para ele, é preciso superar a abstração filosófica que resultou da
fragmentação do conhecimento.
■ Após a análise dos diversos pedaços do conhecimento, como matemática,
ética, política, economia, ciência, metafísica, existência, etc. era preciso
reunir este conhecimento num conjunto.
■ Assim, é preciso através do método dialético concreto observar os objetos
de perto e depois se afastar para chegar a uma ideia do todo concreto.
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■ Miguel Reale (1910-2006), paulista, inovou o pensamento acerca da
Filosofia do Direito com a Teoria tridimensional do direito.
■ Após séculos de discussões no campo do Direito, com argumentos
retóricos e pouca profundidade na discussão, a obra de Reale delimita a
discussão e apresenta uma nova forma de pensar.
■ Para ele, é preciso pensar o direito a partir de três dimensões:
■ a do fato, a do valor e a da norma.
■ Com isso, o fato visa pensar a partir do aspecto histórico e social,
■ o valor se relaciona com o que se pretende defender
■ e a norma é o que faz a relação entre fato e valor.
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■ Henrique Cláudio de Lima Vaz (1921-2002), padre mineiro, pensou sobre
questões humanistas.
■ Influenciado por Tomás de Aquino (1225-1274) e Hegel (1770-1831),
Lima Vaz pensa a antropologia moderna como uma síntese da visão
cosmocêntrica grega e teocêntrica medieval, isto é, deixa-se de pensar a
partir da ideia de que o universo (kósmos) é o centro, como também Deus
(theos) deixa de ser o centro, para um novo momento de colocar o
homem (anthropos) no centro, pensar o mundo a partir do homem.
■ Cosmocêntrica:  aquela que lida e estuda sobre o universo
■ Teocêntrica: retratava o vínculo entre o povo e o sagrado que era a religião e eles defendiam uma única
verdade, além de serem guiados por Jesus Cristo e os ensinamentos bíblicos
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■ Gerd Bornheim (1929-2002), gaúcho, foi um dos que ajudaram na
introdução e disseminação da filosofia de Martin Heidegger (1889-1976)
no Brasil.
■ Escreveu sobre diversos temas e entre eles acerca do que é filosofar,
defendendo que filosofar é algo que pertence ao interior do sujeito e não
a estar presente em determinado meio ou cultura.
■ Sobre uma “filosofia à brasileira”, era crítico com relação à ideia de uma
filosofia nacional.
■ Martin Heidegger (1889-1976) - foi um filósofo, escritor, professor e reitor universitário alemão.
Ele afirma que o homem é sempre um ser-no-mundo, ou seja, um ser-em-situação.
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■ A filosofia no Brasil
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■ Os primeiros filósofos e estudiosos da filosofia vieram para o Brasil com
os jesuítas. Eles trouxeram o primeiro programa de estudos baseado na
filosofia grega, na educação clássica, no tomismo e na Ratio Studiorum.
■ Os alunos que passavam pelas escolas jesuíticas cumpriam o seguinte
ciclo de estudos:
■ Curso de humanidades — que compreendia gramática, humanidades e
retórica;
■ Curso de filosofia;
■ Curso de teologia.
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Desde sua fundação, os principais problemas que a filosofia aborda eram
debatidos no Brasil.
■ História da filosofia no Brasil
■ Para estudar a história da filosofia no Brasil, estas etapas podem ser
analisadas:
■ jesuítas;
■ reforma pombalina;
■ positivismo;
■ filosofia acadêmica;
■ filosofia fora da academia.
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■ Jesuítas
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■ Os padres da Companhia de Jesus foram os responsáveis por criar o primeiro
sistema educacional para os povos que encontraram nas novas terras. O
pensamento filosófico fazia parte da estrutura das escolas que fundaram. 
■ Esses jesuítas ofereciam uma educação clássica, humanista e acadêmica,
alicerçada por um humanismo cristão-filosófico. Criaram cursos, programas
de ensino, métodos e disciplinas, dividindo o conteúdo entre inferiores e
universitários. As principais influências eram Aristóteles, Platão e Santo
Tomás de Aquino.
■ Conhecido pelo apelido autêntico de “Boi-Mudo”, Santo Tomás de Aquino é
um dos maiores filósofos da história.
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■ Ratio Studiorum
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■ As regras para esses estudos no período da colônia, especialmente a partir
do século XVII, estavam registradas na Ratio Studiorum, um documento
jesuítico que compilava as regras de ensino nas instituições dos padres da
companhia. 
■ Os principais temas debatidos pela filosofia no Brasil sofreram sua
primeira grande mudança com as reformas promovidas pelo Marquês de
Pombal.
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■ Reformas Pombalinas
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■ Nas faculdades portuguesas onde estudavam os jovens da elite brasileira
e nas escolas brasileiras de nível elementar e médio, vigorava o tomismo.
■ Esse quadro sofreu alterações no século XVIII, em consequência de duas
iniciativas do Marquês de Pombal, primeiro-ministro português.
■ Uma delas foi a reforma do ensino, que introduziu nas escolas as ideias
iluministas. 
■ Outra foi a expulsão dos jesuítas e a modificação da estrutura educacional
que eles mantinham no Brasil.
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Com a expulsão dos jesuítas, o Brasil ficou sem ensino formal por quase
80 anos. A tentativa de reforma de Pombal acarretou em grandes danos
para a educação no país.
■ Somente aqueles que possuíam condições financeiras melhores
conseguiam pagar professores e serem educados.
■ A trajetória política do Marquês de Pombal é marcada por contradições.
Foi grande precursor do Iluminismo em Portugal, ao mesmo tempo que
defendeu o absolutismo e perseguiu inimigos políticos
■ A escola seguinte que predominaria na filosofia no Brasil foi inclusive
responsável por marcar a bandeira da república brasileira com o
dístico: “Ordem e Progresso”.
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■ Positivismo
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■ O positivismo é uma das correntes filosóficas que mais influenciou a
filosofia no Brasil. Ele foi introduzido inicialmente a partir da influência
dos filósofos alemães.
■ Recife foi o grande polo que absorveu e desenvolveu este pensamento.
■ A Faculdade de Direito de Recife tornou-se o centro do positivismo entre
os intelectuais do Brasil, conhecido como Escola do Recife. Dela se
destacam:
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■ Tobias Barreto;
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■ Sílvio Romero;
■ Clóvis Beviláqua;
■ Capistrano de Abreu
■ Luís Pereira Barreto;
■ Ivan Monteiro de Barros Lins;
■ Alberto Sales. 
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O positivismo no Brasil tem como suas principais influências os filósofos
Immanuel Kant, Auguste Comte e o naturalista Ernst Haeckel.
■ Foi a corrente que mais teve repercussão no pensamento e na educação
brasileira. Este fato é fruto das bases cientificistas que foram lançadas nas
reformas pombalinas.
■ Positivistas e iluministas buscavam separar a cultura brasileira e o
pensamento religioso tradicional.
■ Em 1891, Benjamin Constant, outro grande nome positivista no Brasil,
promoveu uma reforma do ensino que consistia na gratuidade do ensino
primário, na liberdade e laicidade do ensino. Com a liberdade proposta,
as ideias positivistas tiveram ainda mais destaque.
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■ Filosofia Academica
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■ A filosofia no Brasil passou por um crescimento das atividades
acadêmicas, com produção de livros, tradução de autores estrangeiros e
publicação de revistas especializadas.
■ A partir de 1970, os programas de pós-graduação das universidades
brasileiras foram expandidos e surgiram mais teses de mestrado e
doutorado.
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O primeiro prédio próprio da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP.
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■ Filósofos fora da academia
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■ Apesar da institucionalização da filosofia acadêmica, muitos filósofos
ganharam destaque desenvolvendo grandes obras e cursos independentes.
■ Sem se restringirem às modas das universidades, alguns pensadores
criaram importantes contribuições para a filosofia no Brasil. 
■ Por exemplo, Luiz Felipe Pondé, Bruno Tolentino e Mário Ferreira dos
Santos.
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Quem são os primeiros filósofos do Brasil?
■ Frei Francisco de Mont’Alverne (1784-1858): os historiadores
consideram-no como o primeiro filósofo brasileiro. Teve seu Compêndio
de Filosofia publicado postumamente e exerceu o ensino da filosofia nas
suas atividades de pregador e professor. Lecionou em São Paulo e no Rio
de Janeiro;
■ Miguel Lemos (1854-1917) e Teixeira Mendes (1855-1927): contribuíram
com a divulgação das ideias positivistas em artigos de revistas, jornais e
publicações diversas. Fundaram a Igreja e Apostolado Positivista do
Brasil, cujo templo se situa na cidade do Rio de Janeiro. Idealizaram o
dístico “Ordem e Progresso” da bandeira da República;
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Tobias Barreto (1839-1889): filósofo que defendeu o positivismo.
Seu
pensamento era marcado por um combate às ideias escolásticas e por
influências do materialismo de Haeckel;
■ Silvio Romero (1851-1914): escreveu importantes livros como História
da literatura brasileira, de 1882, A Filosofia no Brasil, de 1878, e foi
cofundador da Academia Brasileira de Letras em 1897.
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A importância da filosofia no Brasil
■ A filosofia começa a partir do espanto com o mistério da vida, afirma
Aristóteles. Estudar filosofia conduz ao estudo da própria realidade, da busca
pela verdade e por respostas às perguntas essenciais que dão sentido à vida de
alguém.
■ A cultura é influenciada pelos pensamentos de filósofos do passado, ainda que
eles não sejam conhecidos pela população. Ao estudar filosofia, é possível
encontrar a origem de certas ideias e perscrutar as intenções de seus autores.
■ Filosofia envolve a busca pela verdade, o exercício do intelecto, a percepção
do mundo e das relações em sociedade. Alguns filósofos jogaram luz sobre a
história do Brasil por meio da filosofia, outros usaram da filosofia produzida
no Brasil para entender a si mesmo e o mundo.
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A filosofia no Brasil passou por um crescimento das atividades
acadêmicas, com produção de livros, tradução de autores estrangeiros e
publicação de revistas especializadas. A partir de 1970, os programas de
pós-graduação das universidades brasileiras foram expandidos e surgiram
mais teses de mestrado e doutorado.
■ O pensar filosófico tornou-se um assunto indispensável no Brasil atual,
visto que, para que tenhamos um crescimento ainda maior e a maturidade
da Nação, é necessária a discussão de ideias e uma maior reflexão a
respeito dos papéis que cada indivíduo deve adotar no ambiente em que
se encontra inserido
FILOSOFIA NO BRASIL E NA AMÉRICA

LATINA
No livro A filosofia contemporânea no Brasil (1997), de Antônio Joaquim
Severino, outros nomes recebem destaque como: Fernando de Arruda
Campos (1930-atual), José Arthur Giannotti (1930-atual), Rubem Alves
(1933-atual), Sérgio Paulo Rouanet (1934-atual) e Hilton Ferreira Japiassu
(1934-atual).
■ Outros nomes da filosofia brasileira podem ser lembrados, como: Marilena
Chauí (1941-atual), Roberto Romano e Paulo Ghiraldelli Jr. (1957-atual).
■ A filosofia conheceu certa popularização no Brasil, pois canais de
televisão veicularam programas de filosofia, como o quadro Ser ou Não
Ser, com Viviane Mosé, no Fantástico, da Rede Globo. O canal GNT
manteve a filósofa Márcia Tiburi (1970-atual) por cinco anos em seu
programa Saia Justa.
FILOSOFIA NO BRASIL E NA AMÉRICA

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Ter esse conhecimento permite mais autonomia e liberdade aderindo a
ideias, identificando-se com escolas de pensamento e também evitando o
risco de ser enganado por falta do saber.
■ Filosofia envolve a busca pela verdade, o exercício do intelecto, a
percepção do mundo e das relações em sociedade. Alguns filósofos
jogaram luz sobre a história do Brasil por meio da filosofia, outros
usaram da filosofia produzida no Brasil para entender a si mesmo e o
mundo.

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