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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA – PRODUÇÃO VEGETAL

Nutrição Mineral de
Plantas
Professor: Hilário Júnior de Almeida

29 de setembro 2023
HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS
PRIMEIRO PERÍODO (350 AC)

“Teoria Humística” A planta é um animal

invertido (fica com a boca no solo). Plantas

alimentam-se do humus, após a morte retornam

ao humus. NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS

ARISTÓTELES

Nutrição Mineral de Plantas


HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS
SEGUNDO PERÍODO (1500 -1750)

Plantas absorvem H2O e constroem suas substâncias a partir

dela. Uma estaca de salgueiro de 2,5 kg, foi cultivada em um

vaso com 150 kg de terra, irrigado com água da chuva durante

5 anos, O arbusto pesou 82 kg e o solo diminuiu 0,18 kg.

Concluiu que H2O era o único alimento das plantas.


van HELMONT (1652)

Nutrição Mineral de Plantas


HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS
SEGUNDO PERÍODO (1500 -1750)

Cultivou plantas em vasos irrigando com água da chuva,

torneira, enxurrada e líquido de esgoto diluído. Verificou que

quanto mais suja a água maior era o crescimento das plantas.

Concluiu que a TERRA e não a H2O era o material formador

das plantas.
WOODWARD (1766)

Nutrição Mineral de Plantas


HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS

Pesquisas químicas sobre vegetação:


TERCEIRO PERÍODO

1. A planta obtém C do CO2 atmosférico.


2. H e O eram assimilados na mesma proporção que
estão na H2O (2:1).
3. O aumento da matéria seca era devido ao C, H e O
absorvidos.
4. O solo era fornecedor de minerais indispensáveis à
SAUSSURE (1804) vidadas plantas.

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HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS
QUARTO PERÍODO

Iniciou experimentos no campo. Comprovou

experimentalmente que o solo é o fornecedor de

minerais indispensáveis à vida da planta. Cultivou

plantas em substrato inerte, irrigado com solução

nutritiva.

BOUSSINGAULT (1802-1887)

Nutrição Mineral de Plantas


HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS
QUARTO PERÍODO

A Química agrícola e sua aplicação na agricultura e


fisiologia
1. Elementos minerais não estão casualmente
presentes nas plantas, mas necessários
2. As plantas necessitam de 10 elementos ( C, H, O, N,
P, K, Ca, Mg, S e Fe. Todos com exceção do C, H, O,
LIEBIG 1840
provém do solo
3. Espécies diferentes necessitam de quantidades
diferentes de nutrientes

Nutrição Mineral de Plantas


HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS
QUARTO PERÍODO

A Química agrícola e sua aplicação na agricultura e


fisiologia
4. Alguns solos são deficientes em alguns nutrientes
que podem ser corrigidos através da adubação
5. Humus não é utilizado pelas plantas, mas é fonte
de nutrição das mesmas.
LIEBIG 1840

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HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS

QUINTO PERÍODO (1840 –1900)

WIEGMANN & POOLSTORFF: Ensaios em areia.


KNOP & SACHS: Ensaios em solução nutritiva.
PFEFFER: Análise das cinzas das plantas.
LAWES & GILBERT: Ensaios de nutrição mineral
no campo.
Ensaios que continuam até hoje
(Rothmsted–Inglaterra)
Nutrição Mineral de Plantas
HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS

SEXTO PERÍODO (1840 –1900)

Nutrição Mineral de Plantas


COMPOSIÇÃO ELEMENTAR DA PLANTA

80% H2O

20% H2O

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COMPOSIÇÃO ELEMENTAR DA PLANTA

A análise elementar da matéria seca da planta mostra que cerca de 90% do


total de elementos corresponde ao C, O e H; o restante, aos minerais.

N
24%

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ELEMENTOS ESSENCIAIS

Critérios de Essencialidade:
Direto - o elemento participa de algum composto ou de alguma reação, sem o qual ou sem
a qual a planta não vive;

Indireto - trata-se basicamente de um guia metodológico:


1. Na ausência do elemento a planta não completa seu ciclo de vida;
2. O elemento não pode ser substituído por nenhum outro;
3. O elemento deve ter um efeito direto na vida da planta e não exercer apenas o papel
de, com sua presença no meio, neutralizar efeitos físicos, químicos ou biológicos
desfavoráveis para a planta.

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ELEMENTOS ESSENCIAIS

Nutrição Mineral de Plantas


ELEMENTOS ESSENCIAIS

Elementos Benéficos

 Função de compensar os efeitos tóxicos de outros


elementos;

 Substituir outros elementos em algumas funções


menos específicas;

 Podem contribuir para o crescimento, produção ou


para a resistência a condições desfavoráveis do
meio.

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ABSORÇÃO RADICULAR, TRANSPORTE E
REDISTRIBUIÇÃO DE NUTRIENTES

NUTRIENTE DISPONÍVEL É aquele que está presente na solução do solo e pode se mover para
o sistema radicular. Um nutriente disponível precisa também estar na forma que pode ser
absorvido pelas raízes.

BIODISPONIBILIDADE Este termo restringe o termo disponibilidade ao processo de suprimento de


nutrientes aos organismos vivos, principalmente plantas.

INTERCEPTAÇÃO RADICULAR A medida que a raiz se desenvolve entra em contacto com íons da
fase sólida e líquida do solo. É proporcional a relação existente entre superfície das raízes e
superfície das partículas.

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Extração de nutrientes por algumas culturas anuais
Extração
Elemento Milho Soja Feijão Trigo Aveia Ervilha
Preta* ca**
---------------------- kg/t ------------------------
N 23,7 79,4 102 28 16,5 20,2
P 4,2 7,3 9 3,9 1 1,3
K 20,0 32,1 93 19,9 16 21
Ca 4,1 13,1 54 2,4 2,5 8,6
Mg 4,9 7,1 18 2,3 1,7 2,7
S 2,5 8,3 25 3,5 - -
--------------------- g t-1 ---------------------
B 19,13 77 66,3 19,9 - -
Fe 237,59 460 431,2 374 - -
Mn 46,87 130 175,8 106,1 102 87
Cu 13,02 26 19,9 6,2 7 9
Zn 47,17 61 49,8 19,8 11 24
Mo 1,00 6,5 - - - -

*Adaptado de Pauletti, 2004


ELEMENTOS ESSENCIAIS

EXIGÊNCIA DAS CULTURAS

Tabela 1. Extração máxima de macronutrientes por algumas cultivares de


morangueiro.
Campinas Camanducaia Monte Alegre
Nutrientes
kg ha-1 kg ha-1 kg ha-1
N 241,55 288,47 199,06
P 54,05 42,62 35,23
K 280,77 217,05 203,86
Ca 109,73 107,98 109,28
Mg 44,52 45,22 37,34
S 31,04 29,26 30,56
Fonte: Souza et al. (1976).
Nutrição Mineral de Plantas
EQUILÍBRIO DE NUTRIENTES NO SISTEMA SOLO
PLANTA

Nutriente
absorvido pelas
plantas

Nutriente Nutriente
Nutriente na solução retido na
do adubo do solo fase sólida

Nutriente
lixiviado
ABSORÇÃO RADICULAR, TRANSPORTE E
REDISTRIBUIÇÃO DE NUTRIENTES

Contato íon-raiz

Nutrição Mineral de Plantas


ABSORÇÃO RADICULAR, TRANSPORTE E
REDISTRIBUIÇÃO DE NUTRIENTES

DIFUSÃO Deslocamento do íon em uma fase estacionária imóvel (a curtas distâncias). Ocorre
quando existe um gradiente de concentração, de um ponto de maior para um de menor
concentração.

FLUXO DE MASSA Absorção de nutrientes Nutrição Mineral de Plantas É definido pelo


deslocamento do íon em uma fase aquosa móvel. Ocorre no sentido do movimento da água para a
superfície da raiz.

INTERCEPTAÇÃO RADICULAR A medida que a raiz se desenvolve entra em contacto com íons da
fase sólida e líquida do solo. É proporcional a relação existente entre superfície das raízes e
superfície das partículas.

Nutrição Mineral de Plantas


ABSORÇÃO RADICULAR, TRANSPORTE E
REDISTRIBUIÇÃO DE NUTRIENTES
ABSORÇÃO RADICULAR, TRANSPORTE E
REDISTRIBUIÇÃO DE NUTRIENTES

Contato íon-raiz

Transporte de nutrientes via simplasto e apoplasto. O nutriente chega até raiz (pêlo radicular) por difusão, interceptação
radicular ou fluxo de massa.

Nutrição Mineral de Plantas


ABSORÇÃO RADICULAR, TRANSPORTE E
REDISTRIBUIÇÃO DE NUTRIENTES

ABSORÇÃO Refere-se a entrada de um elemento na forma iônica ou molecular, no


espaço intercelular ou qualquer região ou organela da célula viva da epiderme, córtex ou
endoderme.

TRANSPORTE Transferência do elemento em qualquer forma (igual ou diferente da


absorvida) de um órgão ou região de absorção para outro qualquer.

REDISTRIBUIÇÃO É a transferência do elemento de um órgão ou região de acúmulo, para


outro em forma igual ou diferente da absorvida (de uma folha para um fruto ou de uma folha
para outra).
MECANISMOS DE ABSORÇÃO

Detalhes de um Pêlo
Radicular Absorvendo
Água e Nutrientes,
Incluindo o Fósforo, da
Solução do Solo
MECANISMOS DE ABSORÇÃO

PASSIVO – corresponde à ocupação do apoplasto radicular; o elemento entra sem que a


célula necessite gastar energia, deslocando-se de uma região de maior concentração, a
solução externa, para outra de menor concentração, a qual corresponde à parede celular,
espaços intercelulares e superfície externa do plasmalema; essas regiões delimitam o
Espaço Livre Aparente (ELA) e a quantidade de nutrientes nele contida corresponde a
uns 15% do total absorvido; essa entrada processa-se por fluxo de massa, difusão, troca
iônica, equilíbrio de Donnan; os mecanismos passivos rápidos e reversíveis, isto é, o
elemento contido no ELA pode sair dele.
MECANISMOS DE ABSORÇÃO

ESPAÇO LIVRE APARENTE - ELA


MECANISMOS DE ABSORÇÃO

ATIVO – trata-se da ocupação do simplasto radicular e corresponde ao segundo segmento


na figura. Faz com que M atravesse a barreira lipídica (gordurosa) da plasmalema,
atingindo o citoplasma. Deste, o elemento pode chegar ao vacúolo depois de vencer a
outra barreira representada pelo tonoplasto. Para isso, a célula tem que gastar energia
(ATP) fornecida pela respiração, uma vez que M caminha de uma região de menor
concentração (ELA) para outra de maior concentração. O mecanismo ativo é lento e
irreversível; M só deixa o citoplasma ou o vacúolo se as membranas forem danificadas
MECANISMOS DE ABSORÇÃO
TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA

SIMPLES DIFUSÃO

SUBSTÂNCIAS APOLARES (O2, CO2) ou polares


muito pequenas costumam passar livremente pela
matriz fosfolipídica da membrana plasmática das
células vegetais.
TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA

PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS

MOLÉCULAS POLARES (açúcares, aminoácidos e íons) são absorvidas com o auxílio de proteínas
transportadoras.

As principais proteínas transportadoras são:

1. CANAIS (transporte passivo)

2. BOMBAS (transporte ativo primário)

3. CARREADORES (transporte ativo secundário)


TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA

PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS

MOLÉCULAS POLARES (açúcares, aminoácidos e íons) são absorvidas com o auxílio de proteínas
transportadoras.

As principais proteínas transportadoras são:

1. CANAIS (transporte passivo)

2. BOMBAS (transporte ativo primário)

3. CARREADORES (transporte ativo secundário)


TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA

PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS

CANAIS
São proteínas
transmembranas que
formam poros
preenchidos por água
(hidrofílicos) que
atravessam as
membranas celulares

Específicos para íons (K+, NO3-, Ca2+) e água


TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA

PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS

Aquaporina
No caso da água, apesar
dela poder atravessar a
membrana livremente,
recentemente foi
descoberto um canal
especial envolvido em seu
transporte, o qual foi
denominado AQUAPORINA.
TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA

PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS

BOMBAS
Transporte primário
Proteínas transmembrana
que promovem o
transporte ativo de
íons e pequenas
moléculas através da
bicamada lipídica.
Mais comum: Bomba
de próton (H+), K+, Ca+.
TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA

PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS
CARREADORES
Transporte secundário
O transporte ocorre através da ligação do
soluto em um sítio específico da proteína. Ao
se ligar, a proteína sofre uma mudança de
forma (conformacional) e libera o soluto do
outro lado da membrana. O transporte se
completa quando a substância se dissocia do
sítio de ligação com o carreador.
TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA

PROTEÍNAS TRANSPORTADORAS
CARREADORES
Tipos de transporte secundário
UNIPORTE: somente o íon ou soluto se move: NH4+, H+

SIMPORTE: próton e o íon ou soluto se movem na mesma direção:


H2PO4-/2H+; K+/H+; NO3-/2H+; Cl-/2H+; SO4-/2H+;

ANTIPORTE: próton se move a favor do gradiente de concentração e


impulsiona o íon ou soluto na direção oposta. Na+/H+, Ca2+/2H+;
TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA

ABSORÇÃO DE NUTRIENTES

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