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O BRINCAR

DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
PROFª MARCELA BACCELLI
FABE/2023
Toda criança tem direito de brincar!

Esse direito é tão fundamental que foi inserido na


Declaração das Nações Unidas dos Direitos das Crianças
em 1959 e reiterado em 1990, quando a ONU adotou a
Convenção dos Direitos da Criança.”

Outra conquista fundamental nesta área ocorreu em


Março de 2005, com a lei nº 11.104. Esta lei dispõe sobre
a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas
unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico
em regime de internação.
Toda criança tem direito de brincar!

O Estatuto da Criança e do Adolescente no capítulo II que trata do


direito à liberdade, ao respeito e a dignidade, em seu artigo 16,
inciso IV afirma que brincar, praticar esportes e divertir-se são
direitos de toda criança brasileira.

E na declaração do Direito das crianças aparecem em dois princípios


o brincar como direito:

Princípio 4º - a criança gozará os benefícios da previdência social.


Terá direito a crescer e criar-se com saúde; para isto, tanto à criança
como a mãe, serão proporcionados cuidados e proteção especial,
inclusive adequados cuidados pré e pós-natais. A criança terá direito
a recreação, alimentação e assistências médicas adequadas.

Princípio 70º - a criança terá ampla oportunidade para brincar e


divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação; a
sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o
gozo deste direito.
“Educar significa proporcionar situações de cuidados,
brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma
integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis de ralação
interpessoal, de ser e estar com outros em uma atitude
básica de aceitação”.

(DCNEI)
O Direito de Brincar

Desde o nascimento, a vida humana passa por mudanças


significativas que, em relação às demais espécies, possuem
características únicas. A criança ao nascer dispõe de um cérebro
preparado para receber estímulos, logo, aprender; e, assim, fazer
aquisições que serão importantes para que seja bem sucedida nas
etapas seguintes do seu desenvolvimento. Isso só será possível se
compreendermos esse desenvolvimento como algo dinâmico, que
depende das interações que a criança estabelece com o meio físico
(objetos, brinquedos, diferentes espaços e ambientes) e com o meio
social (diferentes grupos de adultos e crianças).
Agentes do Brincar
Os Agentes do Brincar são as pessoas que, com conhecimento e
competência, criam as oportunidades para que as crianças brinquem
livremente. Podem ser: jovens, pais, educadores, profissionais, estudantes,
voluntários de organizações da sociedade civil, pessoas na terceira idade,
etc. Em um ambiente adequado para brincar, as crianças farão escolhas
acerca do que elas brincam e com quem brincam. Nesses momentos
poderão ser apoiadas e estimuladas pelo Agente do Brincar – um animador
e facilitador das oportunidades lúdicas.
Jogos, brinquedos e brincadeiras exercem um papel
importante no desenvolvimento.

Desde os povos mais primitivos aos mais civilizados, todos tiveram e


tem seus instrumentos de brincar.
Na antiguidade, a atividade lúdica não era exclusivamente ligada à
infância.
Recreação como descanso do espírito.

Platão e Aristóteles: pensavam o brinquedo na educação.


• Ponto de vista sociológico: Atividades lúdicas são
responsáveis pela transmissão da cultura de um povo.
• Ponto de vista psicológico: Visão do brinquedo
“terapêutico”.
• Ponto de vista pedagógico: instrumentos para transmitir
conhecimentos.
• Ponto de vista psicopedagógico: Atividades lúdicas
inseridas no processo “aprendizagem”.

Até o século XIX, a indústria de brinquedos não existia; eram as oficinas e


os artesãos que os fabricavam.
Século XX – Revolução Industrial: O lúdico foi transformado em produto de
consumo de alta rentabilidade.

Esfera acadêmica: Lúdico como objeto de estudo de muitas áreas.


Jogo, Brinquedo e Brincadeira

Jogo: Designa tanto uma atitude quanto uma atividade


estruturada que envolve regras.

Brinquedo: objeto de brincar, suporte para brincadeira.

Brincadeira: Ação de brincar, ao comportamento espontâneo


que resulta uma atividade não estruturada.
REVISÃO CONCEITUAL
Piaget

Idade Tipo de brincadeira


Estágio cognitivo
aproximada predominante

Sensório-motor
0 - 2 anos Jogos de exercício
Pré-operacional
2 - 7 anos Jogos simbólicos
Operações
7- 11 anos Jogos de regras
concretas
REVISÃO CONCEITUAL
Piaget

Para ele, a origem do jogo está na imitação que surge da preparação reflexa.
Imitar consiste em reproduzir um objeto na presença do mesmo. É um
processo de assimilação funcional, quando o exercício ocorre pelo simples
prazer. A essa modalidade especial de jogo, Piaget denominou de jogo de
exercício. Em suas pesquisas ele mostra que a imitação passa por várias
etapas até que, com o passar do tempo, a criança é capaz de representar um
objeto na ausência do mesmo. Quando isso acontece, significa que há uma
evocação simbólica de realidades ausentes. É uma ligação entre a imagem
(significante) e o conceito (significado), capaz de originar o jogo simbólico,
também chamado de faz-de-conta.
Para Piaget, o símbolo nada mais é do que um meio de agregar o real aos
desejos e interesses da criança.
Paulatinamente, o jogo simbólico vai cedendo lugar ao jogo de regras, porque
a criança passa do exercício simples às combinações sem finalidade e depois
com finalidade.
Esse exercício vai se tornando coletivo, tendendo a evoluir para o
aparecimento de regras que constituem a base do contrato moral.
REVISÃO CONCEITUAL

Vygostsky

O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal


(capacidade que a criança possui), pois na brincadeira a
criança comporta-se num nível que ultrapassa o que está
habituada a fazer, funcionando como se fosse maior do
que é.
O jogo traz oportunidade para o preenchimento de
necessidades irrealizáveis e também a possibilidade para
exercitar-se no domínio do simbolismo. Quando a criança
é pequena, o jogo é o objeto que determina sua ação.
Na medida em que cresce, a criança impõe ao objeto um
significado. O exercício do simbolismo ocorre justamente
quando o significado fica em primeiro plano.
REVISÃO CONCEITUAL

Winnicott

Na obra "A Criança e seu Mundo" (1976), Winnicott faz colocações


fundamentais sobre a brincadeira.

Dentre elas podemos citar:

"As crianças têm prazer em todas as experiências de


brincadeira física e emocional (...)";

"(...) Deve-se aceitar a presença da agressividade,


na brincadeira da criança (...)";

"A angústia é sempre um fator na brincadeira infantil


e, freqüentemente, um fator dominante";

"(...) As brincadeiras servem de elo entre, por um lado, a relação do


indivíduo com a realidade interior,e por outro lado, a relação do indivíduo
com a realidade externa ou compartilhada";
Bibliografia:

GIMENES, B.P., TEIXEIRA S.R. Brinquedoteca: Manual em educação e saúde. São


Paulo: Cortez, 2011.
TEIXEIRA, S.R. Jogos, brinquedos, brincadeiras e brinquedoteca: Implicações no
processo aprendizagem e desenvolvimento. 2ª ed. Rio de Janeiro: Wak editora, 2012.
BOCK, A., FURTADO O. & TEIXEIRA, M. Psicologias: Uma Introdução ao estudo de
Psicologia. 13 ª edição, Editora Saraiva: São Paulo 2001.

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