Tendências em modelos de gestão: sociedade e pessoas
• O objetivo desta seção é apresentar as tendências
em modelos de gestão voltados para sociedade e pessoas, englobando os temas: gestão da diversidade, gestão de talentos e gestão de gerações. Teoria das Relações Humanas • Durante a construção do conhecimento administrativo, a Teoria das Relações Humanas trouxe importantes contribuições para alguns modelos praticados até hoje em dia. Williams (2016, p. 35) contextualiza: em 1919, nos Estados Unidos, mais de quatro milhões de trabalhadores estavam em greve.
• “As condições de trabalho contribuíam para os distúrbios. Milhões de
operários em grandes fábricas se esforçavam executando tarefas tediosas, repetitivas e inseguras por baixos salários”. Teoria das Relações Humanas • Ao final, as conclusões da experiência de Hawthorne demonstraram que:
• [...] o local de trabalho era mais complexo do que
anteriormente considerado, que trabalhadores não eram apenas extensão de máquinas e que o incentivo financeiro não era necessariamente o motivador mais importante para os trabalhadores. Graças a Mayo e aos Estudos de Hawthorne, os gestores entenderam melhor o efeito que as iterações do grupo social, a satisfação dos funcionários e as atitudes exerciam sobre o desempenho individual e grupal. (WILLIAMS, 2016, p. 36) Fábrica da Western Electric em Hawthorne Teoria das Relações Humanas
Observe que naquele cenário eram necessários novos estudos para
encontrar soluções. Em 1928, Elton Mayo integrou o grupo de estudos que realizava a Experiência de Hawthorne, em Chicago. No início, a experiência buscava compreender a relação entre ambiente e produtividade, separando algumas funcionárias para trabalharem em condições diversas de intensidade de iluminação. Depois foram testados outros estímulos, como incentivos financeiros e intervalos de descanso. Teoria das Relações Humanas Os estudos indicaram que “os fatores humanos relacionados ao trabalho eram mais importantes do que as condições físicas ou as características do trabalho”. A partir dessa compreensão, muitos estudos ainda são desenvolvidos para apoiar os gestores na busca do envolvimento das pessoas, no alcance dos objetivos organizacionais, e observando também as questões sociais emergentes, pois as empresas são agentes sociais. Com isso em mente, vamos conhecer o modelo Gestão da Diversidade. Gestão da Diversidade
Para Williams (2016, p. 233), a diversidade no ambiente empresarial
está se alterando rapidamente e o gestor deve estar atento às tendências de formação da força de trabalho para ser capaz de lidar com os novos cenários. O autor define diversidade como “variedade, portanto ela existe em uma organização quando ocorre uma variedade de diferenças demográficas, culturais e pessoais entre as pessoas que trabalham na empresa e os clientes desta”. Gestão da Diversidade O autor afirma que não se deve confundir diversidade com ação afirmativa.
Veja: ação afirmativa é uma iniciativa norte-americana e está
relacionada a ações intencionais, obrigadas por lei, com base em parâmetros demográficos, como ações para mulheres e para a minoria, representando uma recompensa dos erros sociais do passado, mas não forma equipes com diversidade. Por outro lado, a diversidade representa ações organizacionais espontâneas, com foco mais amplo e objetivo de criar um ambiente positivo, por meio de programas que oferecem oportunidades para uma variedade de diferenças demográficas, culturais e pessoais. Gestão da Diversidade Por fim, a percepção é que as pessoas contratadas por ações positivas são tidas como pouco qualificadas, já nos programas de diversidade as contratações são alinhadas com os negócios da empresa, pois consideram a adequação das pessoas às funções e a eficiência que os programas proporcionam pela redução de custos e da taxa de rotatividade.
“Existe evidência forte de que ocorre uma discriminação racial
e étnica intensa e persistente nos processos de contratação de funcionários em muitas organizações” (WILLIAMS, 2016, p. 241). Gestão da Diversidade Williams (2016, p. 237) destaca que a diversidade pode ocorrer em dois níveis:
(i) superficial, em que “diferenças do tipo idade, sexo,
raça/etnicidade e deficiência física que são observáveis”; e (ii) profundo, em que “diferenças como personalidade e atitudes que são comunicadas por meio de comportamentos verbais e não verbais, percebidas somente pela interação contínua com outras pessoas”, entendida como uma interação social pela qual todos atuam juntos para realizar o trabalho e cumprir os objetivos organizacionais propostos pelos gestores. Exemplo Um exemplo de diversidade que vivenciamos de uns tempos para cá, no Brasil, é a inclusão de mulheres trabalhando na construção civil. Anteriormente às primeiras iniciativas, isso seria inadmissível, porém, os gestores e os próprios colegas operários reconhecem a importante contribuição do trabalho da mulher nas obras pelos vários aspectos de qualidade que apresentam. Gestão da Diversidade A atuação do gestor ganha complexidade quando, ao contratar ou promover pessoas, deve se desapegar dos preconceitos preexistentes, por exemplo: as competências de uma funcionária são consideradas durante a seleção de candidatos a uma promoção em níveis mais elevados na estrutura organizacional ou o descarte de sua candidatura é automático por ser do gênero feminino? Reflita...
Quantas histórias você conhece de discriminações que
restringem a contração ou a promoção de pessoas talentosas e competentes somente por aspectos de diversidade como sexo, idade ou algum grau de deficiência física?
Reflita: como esses aspectos realmente impedem que as
competências pessoais contribuam para os negócios da empresa? Você já deve ter ouvido alguma discussão sobre pessoas talentosas, não é mesmo? A combinação de diversas variáveis convergidas para uma oportunidade Gestão de pode fazer despontar as competências pessoais mais Talentos marcantes. Assim, ao acompanhar a Gestão de Talentos você compreenderá como pode ser a atuação do gestor preocupado com esse tema. Gestão de Talentos
Para Freitag (2012, p. 11), “o mercado atual reflete um ambiente global,
complexo, altamente competitivo e volátil para as organizações”. O desafio do gestor, nesse campo, refere-se à escassez de profissionais adequados, bem qualificados e especializados. Assim, as empresas devem “investir em atrair, desenvolver e reter os melhores profissionais" (FREITAG, 2012, p. 139), ou seja, os talentos. Desde o final do século XX, quando a gestão de recursos humanos adota a gestão estratégica de pessoas, abrese o caminho para na sequência “continuar com as atividades tradicionais de atrair, desenvolver e reter pessoa, só que com foco nas pessoas que representam talento e vantagem competitiva para a organização” (FREITAG, 2012, p. 26). Gestão de Talentos O gestor tem várias opções de tecnologias de gestão para esse fim, dentre as principais: • gestão baseada em recursos, que reconhece as pessoas como fonte de vantagem competitiva para as organizações; • gestão do capital intelectual, cujas premissas valorizam o capital humano e envolvem a retenção dos funcionários talentosos proporcionando oportunidades para que se sintam proprietários da empresa, para o aumento do valor das ações da empresa; • gestão do conhecimento, que defende meios e plataformas para transformar os conhecimentos das pessoas em conhecimento organizacional incorporado a produtos e serviços para a criação de valor organizacional. Gestão de Talentos Por fim, “as organizações podem adotar uma orientação global para a gestão de todos os empregados, mas dependendo da sua estratégia, ela pode empregar orientações diferenciadas, tais como variações de acordo com a performance e potencial dos empregados” (FREITAG, 2012, p. 41).
Dessa forma, podemos entender que talento envolve, entre outros
termos, as capacidades e habilidades diferenciais de uma pessoa.
Por isso, as empresas devem incluir em suas estratégias a atração, o
desenvolvimento e a retenção de pessoas talentosas, o que pode ocorrer por meio de benefícios atraentes, oportunidades de crescimento, desafios profissionais. Gestão de Talentos Ao analisar o mercado de Recursos Humanos durante a pesquisa que realizou, Freitag (2012, p. 43) identificou que “está aberto o caminho para estudos a respeito de estratégias organizacionais voltados para: desempenhos individuais do capital humano, sistemas flexíveis e variados com práticas distintas conforme a performance e o potencial dos profissionais, para a prática da Gestão de Talentos”. Gestão de gerações Uma das áreas que tem despertado o interesse pelo desenvolvimento de novos estudos administrativos – e à qual os gestores devem estar atentos a fim de conduzir suas equipes com eficácia – está relacionada aos padrões de diferenças da dimensão central da idade, chamada de geração.
Hoje é aceito que atuam em conjunto nas empresas
quatro gerações distintas, as quais resultam em modelagens de atitudes e percepções de trabalho típicas (BALDWIN; BOMMER; RUBIN, 2008): Gestão de gerações Gestão de gerações
1. Tradicionalistas: geração dos que nasceram entre 1922 e 1943 e
que começaram a trabalhar entre 1930 e 1950, superaram cenários de depressão econômica e da Segunda Guerra Mundial. Geralmente primam pela ética no trabalho, o trabalho árduo e a fidelidade à empresa.
2. Boomer: nascidos entre 1940 e 1960, também conhecidos como
Baby Boomers, nasceram em meio a uma explosão de taxa de natalidade. Geralmente valorizam a qualidade de vida e a não conformidade, pela herança de valores do hippies e da resistência à Guerra do Vietnã, costumam buscar reconhecimento e respeito no trabalho. Gestão de gerações 3. Geração X: os nascidos entre 1960 e 1980 experimentaram quebra de paradigmas sociais importantes, como grande quantidade de filhos de pais solteiros e a escassez de profissionais da geração de seus pais nas empresas, o que lhes levou a uma percepção diferente de valores sobre o trabalho. Geralmente focam o equilíbrio da vida profissional, flexibilidade e lealdade aos relacionamentos humanos (não à empresa).
4. Geração do Milênio: nascidos entre 1980 e o início do século XXI,
também conhecida como Geração Y, formam a primeira geração cercada por tecnologia e pela força da mídia. Geralmente acreditam que o local do trabalho é para ganhar dinheiro, expressar e socializar, valorizando a consciência global e a realização de metas. Gestão de gerações Sendo a Geração do Milênio a mais frequente, em razão da idade e experiência, Baldwin, Bommer e Rubin (2008) orientam que: (i) primeiro seja você o líder, íntegro e leal, pois eles precisam de modelos a seguir; (ii) proponha desafios pelos quais eles possam aprender para se desenvolverem e crescerem; (iii) permita que no grupo de trabalho desses funcionários haja um grupo de amigos – algumas empresas até contratam o grupo de amigos todo para formar uma equipe; (iv) propicie um ambiente alegre e divertido; (v) ouça, respeite e considere suas ideias; e (vi) seja flexível para mantê-los, pois não se prendem a empregos, mas sim a oportunidades. Gestão de gerações O gestor deve estar atento à evolução do tema, que é um estudo dinâmico. Deve acompanhar o surgimento das próximas gerações e analisar suas características típicas para que contribuam com as empresas, afinal serão os funcionários do futuro que está logo ali. Gestão de gerações
A diversidade no ambiente empresarial
está se alterando rapidamente e o gestor deve estar atento às tendências de formação da força de trabalho para ser capaz de lidar com os novos cenários. Diversidade é “variedade, portanto ela existe em uma organização quando ocorre uma variedade de diferenças demográficas, culturais e pessoais entre as pessoas que trabalham na empresa e os clientes desta” (WILLIAMS, 2016, p. 232- 233).