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Gestão de Recursos humanos é uma denominação atual e que vai muito para alem da gestão de
pessoal.
A evolução desta área teve maior relevância nos últimos 10 anos embora o termo tenha surgido
em algumas publicações, na América, no final da II Guerra Mundial.
A gestão de pessoal é algo que todas as empresas fazem, incidindo sobretudo na gestão da área
do pessoal que se traduz no tratamento da assiduidade, na atribuição de subsídios, pagamento
de salários, etc.
A Gestão de recursos Humanos vem colocar-se a um nível mais estratégico na medida em que
vai para além do que é administrativo e operativo.
A gestão de pessoal pode ser algo atribuído a uma empresa subcontratada para tal, já a Gestão
de Recursos Humanos não o deve ser, pois determina a identidade da empresa e deve ser feita
ao nível da gerência. É uma vertente da gestão estratégica, aplicando conhecimento teórico à
prática.
Durante a revolução industrial o conceito da sobrevivência dos mais forte era um conceito
aceite, isto era bem retratado nas instalações fabris em Inglaterra onde era mínima a
preocupação com os trabalhadores. Sendo estes sujeitos a quatorze horas diárias de trabalho,
salários baixos e fracas condições sanitárias.
Hawthorne e seus estudos (1924) foram determinantes no aparecimento das escolas das relações
humanas. Estes estudos revelam que o desempenho não depende apenas do salário e da
disciplina na empresa como era presumido pelo taylorismo, mas também da relação entre
funcionários e gerentes. A escola das relações humanas acaba por se separar por as ciências
comportamentais e comportamento organizacional, porem esta escola teve grande influência
em Harvard, levando á criação do modelo Harvard.
Nos anos 60, houve um grande crescimento dos departamentos de pessoal devidos às condições
económicas de quase pleno emprego, mas estes ainda centrados no recrutamento, seleção e
distribuição.
Com o declínio dos movimentos sindicais a contratação coletiva perde importância, em favor
de contratos individuais, passando a empresa a fazer contratos individuais reforçando a relação
com cada trabalhador.
A nova perspetiva da gestão reconhece que tanto o empregado como a empresa têm objetivos
e que este reconhecimento influencia o desempenho. Evidente na tradicional avaliação de
objetivos que antigamente era visto como castigo ou gratificação. Atualmente é visto como uma
forma de identificar o porquê de os objetivos não terem sido alcançados e providenciar aos
funcionários as ferramentas para os alcançar. Logo a adoção do modelo de recursos humanos
levou ao enfraquecimento do movimento sindicalista.
A gestão dos recursos humanos surge nos Estados Unidos no início dos anos 80, pelo autor
Wendell French, através da combinação de variados fatores. Mas este não seria um facto
estranho à longa tradição de funcionamento das empresas americanas quanto à economia e
existência de um mercado de trabalho pouco regulado.
Com a gradual assimilação do novo modelo começa-se a adquirir uma nova dimensão
estratégica e conceitos que interagiam com a cultura e a gestão empresarial, de tal modo que
estas passam a fazer parte do discurso e preocupações dos gestores de pessoal, refletindo em
alguns dos estudos realizados a relação entre o sucesso empresarial e a cultura organizacional.
Deste modo possibilita observar a importância da compatibilidade entre a cultura
organizacional e a estratégia da empresa, bem como a articulação entre a estratégia de recursos
humanos e a estratégia global da empresa.
Este tipo de gestão, identifica-se mais com os interesses da empresa, mas também vai
proporcionar à função pessoal um papel mais proactivo, bem como a capacidade de influenciar
o nível da gestão de topo. Neste sentido pretende-se adaptar as políticas de modo a que o
empenho e a vontade dos empregados tenda em flexibilizar o seu trabalho e a relação para com
a organização, de modo a alcançar a excelência.
Até mesmo a própria designação de “Gestão de Recursos Humanos”, se depara no início com
alguma resistência por parte dos grandes gestores de pessoal, ocasionando debates entre
académicos e práticos.
Esta prática era tida por muitos autores como sendo distinta da gestão de pessoal na sua
natureza, objetivos e práticas. Esta era tida como vendo os indivíduos como ativos numa
organização que eram geridos com a finalidade de atuar sobre as atitudes, crenças e empenho
dos empregados, criando assim uma cultura de empenho.
Outros autores, como Torrington e Hall, caracterizavam a gestão de pessoal como sendo
orientada para os empregados, já a gestão de recursos humanos, consideravam que seria mais
orientada para a gestão. O mesmo acontecia com os provenientes da escola comportamental,
que viam a gestão de recursos humanos como uma nova abordagem à antiga administração de
Porem afirma-se que o modelo de gestão de recursos humanos, embora seja alvo de grandes
criticas e distintas definições, esconde uma infinidade de perspetivas e abordagens.
Modelo de Harvard (soft) é um modelo mais pluralista, inspirado na escola das relações
humanas e mais próximo do comportamento organizacional. É um modelo orientado para as
pessoas cuja origem se pode reportar à teoria do X e Y, de Macgregor, no estudo
comportamental das pessoas, nas duas vertentes de certa forma antagónica, em que X
caracteriza as pessoas mais pessimistas e que encaram o trabalho como um sacrifício e, Y as
pessoas que encaram o trabalho com naturalidade, como o descanso e o lazer.
O modelo de Harvard sendo menos rígido que o modelo Michigan cujas raízes se podem
encontrar em Macgregor, Mayo, entre outros, o mais importante assenta na comunicação, na
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motivação, na liderança, no empenho, no envolvimento e na autonomia. Este modelo reconhece
que as pessoas têm sentimentos e emoções por isso não devem ser geridas como um recurso
produtivo, mas sim devem tentar convergir as espectativas dos empregados com os objetivos
da organização.
Com a evolução dos tempos, houve uma necessidade de adaptação, no que respeita ao papel da
gestão de recursos humanos.
A competitividade das empresas passa pela capacidade de organização das equipas, formando
equipas flexíveis, empenhadas, envolvendo-as no projeto da empresa.
O novo modelo de Recursos Humanos passa a ser reconhecido, como uma forma de estratégia
competitiva, no entanto há uma modificação no papel desempenhado, as tarefas tradicionais,
associadas à descrição de funções e referentes à burocracia perdem a importância, existindo
uma preocupação no que se refere à motivação e ao empenho dos colaboradores.
A partir dos anos 80, existiu uma grande mudança no papel dos recursos humanos, passando a
desempenhar um papel de parceiro, de arquiteto no que respeita a elementos estruturais, de
auditor, de especialista administrativo, e de mobilizador do empenho organizacional.
Começou a haver uma maior autonomia das equipas de trabalho, desempenhando um papel
importante na formação e orientação dos níveis intermédios.
O novo modelo de gestão, deu uma resposta aos desafios das mudanças ambientais, no mundo
dos negócios, tornando a nova gestão de recursos humanos, mais credível, trazendo uma
contribuição positiva para a gestão de pessoas.
Esta credibilidade permitiu um acesso mais facilitado do gestor de pessoal à gestão de topo. No
entanto a estratégia da gestão é insuficiente para credibilizar a função, pois é necessário
comprovar que as políticas e práticas de recursos humanos são necessárias para a
competitividade da empresa e melhorar os seus resultados. Assim sendo a prática de recursos
humanos tornou-se um tema de investigação.
Para concluir é de referir que ao nível académico, eram poucas as pessoas com formação em
recursos humanos, e só mais tarde a formação nesta área foi credibilizada e começou a ter um
papel importante e a incorporar a formação geral em gestão.
Em suma podemos ainda referir que atualmente o gestor de recursos humanos, não é apenas o
administrativo-burocrata que processa salários e controla a assiduidade, mas sim alguém que
também se preocupa com a motivação e envolvimento do colaborador.
Devido às diversas mudanças sentidas nessa altura, coloca-se em causa os conceitos de gestão
de recursos humanos, alterando os hábitos de vida e a relação familiar, bem como uma relação
de trabalho mais fragmentada e menos estável, tornando necessário encontrar resposta
rapidamente para os desafios que são colocados.
Sparrow e Marchinton argumentam que este é um desafio que passa por uma reformulação da
teoria e prática da função recursos humanos, reorientando a ação de uma atividade com base na
gestão de tarefas e postos de trabalho para a gestão de pessoal. David Guest diz-nos ainda que
o próprio conceito de empenhamento está em causa por este se revelar desajustado do novo
contexto de insegurança no emprego e do fim das carreiras. Esta nova cultura contratual, onde
a confiança adquire uma posição critica e as carreiras não são mais do que contratos
psicológicos, colocam estes autores a perguntar-se, qual será afinal o papel do gestor de recursos
humanos.
Dez anos mudaram muita coisa ao nível dos recursos humanos, aliás, muito mais do que mudou
alguma vez nos dois séculos anteriores, mudanças essas que questionam a própria relação de
trabalho, bem como os desafios colocados pelas novas formas de trabalho e organização,
garantindo um inesgotável campo de reflexão e de pesquisa que faz da gestão das pessoas uma
das mais excitantes áreas de estudo e de investigação.