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Ceratite Pigmentar Associado a Ceratoconjuntivite Seca em Shitzu

L.B.Guimarães¹ ; V.G. de Araújo²

Hospital Veterinário Especializado em Oftalmologia

São Paulo
Objetivo

Relatar o principal fator que acomete doenças


oftalmológicas em cães de acordo com a raça que
apresenta maior predisposição a essas doenças devido a
apresentação anatômica.
Relato de Caso

Hospital Veterinário com Serviço de Oftalmologia na cidade de São Paulo

Animal: cão

Raça: Shih tzu

Sexo: macho

Idade: 7 anos

Informações pertinentes: castrado, vacinado, vermifugado, alimentação a base de ração Hills,


sem contactantes e com acesso a rua

Queixa principal: secreção ocular, hiperemia conjuntival, ceratite pigmentar e desconforto ocular
Histórico
➔ Com 6 meses apresentava desconforto ocular e passou em
consulta com um veterinário clínico geral.
➔ Foram realizados exames físicos e o cão apresentava uma
pequena pigmentação na região nasolacrimal, mas que não
foi a queixa dela na época. O tratamento foi à base de
colírios e higienização diária com sabonete neutro.
➔ Após dois anos, procurou um oftalmologista, pois não
houve melhora do quadro. Foram realizados exame físico
com utilização de colírio fluoresceína e foi diagnosticado
úlcera de córnea em ambos os olhos. O tratamento
indicado foi terapêutico, à base de colírio anti-
Ceratite Pigmentar inicial
inflamatório, antibiótico e lubrificante, mantendo Fonte: Própria
higienização com sabonete neutro.
Exames realizados
➔ teste de reflexo palpebral para identificar qual era a acuidade visual do animal. Nesse teste realizamos
movimentos de ameaça com a mão lateralmente e na região central. As duas regiões ele apresentou reflexo de
blefaroespasmo, mantendo sua acuidade visual periférica e central intactas;
➔ teste de reflexo pupilar. Nesse exame, apontamos uma lanterna de luz branca forte direto na pupila para identificar
se há fotossensibilidade à luz. Os dois olhos apresentaram reflexo pupilar;

Teste de Schirmer Teste de B.U.T.


Fonte: Serviço de Oftalmologia Veterinária
Fonte: Koh, S.; Inouve, Y.; Surmimoto, T.; Maeda, N; Nishida, K., (2013)
da UFBA (2016)
Resultado dos Exames

Nos exames realizados, os resultados foram:

➔ teste de reflexo palpebral para identificar qual era a acuidade visual do animal. Nesse teste realizamos
movimentos de ameaça com a mão lateralmente e na região central. As duas regiões ele apresentou
reflexo de blefaroespasmo, mantendo sua acuidade visual periférica e central intactas;
➔ teste de reflexo pupilar. Nesse exame, apontamos uma lanterna de luz branca forte direto na pupila
para identificar se há fotossensibilidade à luz. Os dois olhos apresentaram reflexo pupilar;
➔ teste de Schirmer, descrito na introdução. O animal apresentou medição de 5mm na régua, sendo
considerado 5% de produção lacrimal;
➔ teste de B.U.T. citado na introdução. O animal apresentou spots na superfície corneal em 8 segundos,
sendo esse um período menor do valor de referência.
Resultado dos Exames
Através da biomicroscopia, identificamos que a pigmentação marrom havia atingido a córnea. Nesse
exame diagnosticamos uma ceratite pigmentar na superfície da córnea e vasos sanguíneos.

Biomicroscopia Ceratite Pigmentar Corneana


Fonte: Própria Fonte: Própria
Resultado Final - Pós tratamento (30 dias)
Prescrição
➔ Prescrição inicial: pomada imunossupressora chamada
Tacrolimus 0,02% de uso veterinário para auxiliar na função
da glândula de Meibômio a cada 24 horas, lubrificante em gel
de 4/4 horas, manter a higiene com sabonete neutro e retorno
em 10 dias.
➔ Retorno 10 dias: repetimos o Teste de Schirmer e B.U.T. e
retorno em 30 dias;
➔ Retorno 30 dias: não foi necessário nenhum exame, pois o
animal apresentou melhora do quadro. Suspendemos colírio
lubrificante e mantivemos a pomada e higiene diária.
Filme lacrimal após tratamento de 30
Ressaltamos sobre a ceratite pigmentar e a ceratoconjuntivite dias
seca não ter cura, mas que bem controlada o animal vive bem. Fonte: Própria
Discussão

Durante o período em que o cão estava sendo acompanhado por este serviço de Oftalmologia em São Paulo,
foram realizados alguns exames para ter um diagnóstico preciso de acordo com o que o animal apresentava. Foi
realizado o Teste de Schirmer e o Teste de B.U.T., que de acordo com Williams (2008) e Gellat (2013) as
referências desses testes são de 20mm/min e 20’ sem sinal de spots, ambos respectivamente, e o animal apresentou
baixa quantidade de lágrima, e qualidade inferior na integridade do filme lacrimal, sendo diagnosticado com
Ceratoconjuntivite seca após resultado desses testes.

Não foi observado na biomicroscopia nenhuma irregularidade no bulbo e anexos, sendo diagnosticado
apenas Ceratite Pigmentar, que nesse caso, está associada à ceratoconjuntivite seca, pois, de acordo com Giuliano e
Moore (2007), o ato de piscar do animal demonstrou redução na liberação de secreção de Meibômio.

Com os sinais clínicos encontrados no animal, vistos através de anormalidades na quantidade e qualidade do
filme lacrimal, torna-se compatível com o descrito por Stevenson, Chauhan e Dana (2012).
Conclusão

A ceratoconjuntivite seca é uma doença crônica e progressiva, provocando instabilidade do filme


lacrimal, desconforto ocular, baixa de acuidade visual, e por ser uma doença multifatorial, causa danos
na superfície ocular.

A pomada imunossupressora Tacrolimus 0,02% revelou resultados satisfatórios no tratamento da


ceratoconjuntivite seca. Tendo como resposta inicial ao tratamento nos primeiros dias da sua utilização,
com o alívio dos sinais clínicos.

Importante ressaltar que apenas um especialista na área é capacitado para realização de exames
específicos e diagnosticar com maior propriedade, obtendo resultados satisfatórios.
Agradecimentos

Dra Kelly Pontes- Médica Veterinária especialista em Oftalmologia

Foi minha preceptora nesse caso e em muitos outros. Profissional, séria, impecável, e acima de tudo,
humana. Aprendi não só sobre a especialidade, mas como abordar os tutores, que na maioria das vezes
levava o animal em estado crítico, quase que irreversível. Falo que eu aprendi nesse período em que
estive estagiando com ela foi um intensivão para vida.

Me. Verônica G. de Araújo- Médica Veterinária- Docente do Curso de Medicina Veterinária;


Centro Universitário São Judas Tadeu- Campus Unimonte- Santos, SP

Minha orientadora, por dispor do seu tempo, que eu sei que não é muito, mas nunca me desassistiu,
esteve comigo do início ao fim, sempre se preocupando em usar as palavras, me mostrando o caminho,
me ensinando sempre o melhor, pensando em cada detalhe para melhorar, com o jeitinho que somente
ela sabe e juntas conseguimos finalizar esse estudo. Foi uma honra tê-la como minha orientadora.
Obrigada
Pingo!!

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