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Críticas a Rawls

- Libertarista radical– R. Nozick


- Comunitarista – M. Sandel
A desigualdade entre os indivíduos é
factual nas nossas sociedades… mas:
- Deveriam essas desigualdades de
distribuição da riqueza serem menores?

- Seria preferível uma sociedade


igualitária?
Problema
Filosófico - Uma intervenção do Estado sobre a
distribuição de riqueza permitiria diminuir
as desigualdades, mas implicaria uma
29/07/20XX intromissão na liberdade individual de 2
R. Nozick - libertarista
Defende que a existência de pessoas muito ricas
na mesma sociedade em que vivem pessoas muito
pobres nada tem de injusto, desde que a riqueza
seja adquirida de forma lícita: o indivíduo é o
titular legítimo dos bens que adquire legalmente.

Defende, assim, que as funções do Estado devem


restringir-se ao mínimo indispensável (o que não
deixa de implicar a cobrança de impostos para
assegurar a função do Estado):
-a defesa perante ameaças externas (exército);
- a segurança dos cidadãos e dos seus bens
https://youtu.be/pyJ95rkddQI (polícia);
?si=0d1sInK5zCLX19KD
- o cumprimento dos contratos e das leis
(tribunais).
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Ao apresentar o conceito de Estado Mínimo aquilo que está a fazer é a
contra-argumentar com Rawls dizendo que a noção de justiça
distributiva:
1) não deixa espaço à iniciativa, sendo um apelo à preguiça, no sentido em
que os indivíduos não se vão esforçar para depois não terem aquilo a que
têm direito;

assim como tal redistribuição implica uma

2) violação do direito de propriedade: defende que o Estado tem a


obrigação de proteger o direito à propriedade, mas jamais pode intervir no
sentido de redistribuir a riqueza.

A paz e a segurança são as garantias que o


Estado tem de salvaguardar

A crítica de Nozick recai sobretudo sobre o Princípio da Diferença


afirmando que tal princípio é incompatível com o Princípio da
Liberdade Igual porque defender o Princípio da Diferença é consentir
que o Estado intervenha constantemente na vida das pessoas.
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A crítica apresentada (violação do direito à propriedade) sustenta
a teoria da titularidade de Nozick: o indivíduo é dono de si
mesmo, isto é, do seu corpo, da sua vida, mas também dos bens
materiais que a sua liberdade individual lhe permite acumular,
pelo que o Estado não deve interferir nessa liberdade individual.

As liberdades individuais têm de ser respeitadas


sem qualquer restrição. Segundo Nozick, há
incompatibilidade entre o princípio da diferença
e o princípio da liberdade igual.

Rawls responde dizendo que a redistribuição da riqueza –


https://youtu.be/aHAX-63hikc princípio da diferença - não é invasiva, dado que a taxação é
?si=eFr4cvOeukPvsr51 feita em proporção, e a tributação aumenta a liberdade dos
indivíduos, uma vez que a posse de riqueza contribui para a
liberdade nas escolhas que fazem. 5
As críticas 1) e 2) conduzem a uma outra que é a de que a distribuição da
riqueza

3) subestima o mérito, pois não é legítimo redistribuir o que é seu, quando


esse alguém tem aquilo que tem em resultado das tomadas de decisão que
fez.

Rawls afirma que nem todos têm a mesma oportunidade de escolher –


princípio das oportunidades justas- na exata medida em que nem todos
estamos na casa de partida da mesma forma, pois a nem todos somos
beneficiados pela lotaria natural e/ou social.

https://youtu.be/H0FPAdCAqj
M?si=-rlziPtEK2jY23cw
Nozick repensa esta ideia, no final da sua vida, e admite que efetivamente
não se pode confundir mérito com esforço: há quem se esforce e não consiga;
e talvez quem se esforça em piores situações seja mais merecedor de 6mérito.
M. Sandel - comunitarista

Defende que pertencemos não apenas a nós próprios


(indivíduos), mas também ao contexto onde nos
inserimos (comunidade): a comunidade não resulta da
soma dos indivíduos, ela antecede os indivíduos.

A crítica de Sandel a Rawls centra-se sobretudo no


método (posição original + véu da ignorância) que
Rawls propõe para pensar os princípios que regem a
construção de uma sociedade justa, assim como na
prioridade que Rawls estabelece entre tais princípios.

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M. Sandel - comunitarista
A crítica de Sandel ao método rawlsiano (contrato
hipotético):

Para Sandel, o erro de Rawls consiste em ter


uma noção metafísica do Homem – ou seja, tem
uma conceção do ser humano que não é real - no
sentido em que o Homem se encontra
desenraizado de tudo aquilo que lhe é anterior,
designadamente a comunidade da qual faz parte.

Segundo Sandel os princípios da justiça


devem ser pensados em função da ideia de bem
comum e não podem derivar de um exercício
abstrato e hipotético, de uma “amnésia” - o bem
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comum deve resultar da ideia comunitária de
M. Sandel - comunitarista
1) Rejeição da Posição Original
A forma de encontrar os princípios de justiça está
errada, pois não basta que as nossas escolhas
sejam imparciais para serem boas.

Esta crítica só é compreendida se tivermos em


conta o conceito de bem comum em Sandel:
O bem comum não é o resultado da combinação
das expetativas individuais, pelo contrário, o bem
comum é algo que tem prioridade sobre as
preferências individuais: o modo de vida que
define o bem comum é definido pelas
expetativas da comunidade e a comunidade
antecede qualquer indivíduo: o bem comum
deve ser pensado como algo geral e anterior, isto
é, em função da comunidade. 9
M. Sandel - comunitarista
2) Crítica ao Véu de Ignorância

O véu de ignorância transforma-nos em seres fictícios,


desprendidos de laços sociais. Escolhas feitas por
seres hipotéticos não são credíveis, pois todas as
nossas escolhas decorrem do enraizamento numa
comunidade específica.
O nosso próprio Eu é construído em sociedade, pelo
que o Véu de Ignorância nos obrigaria a esquecermo-
nos não apenas da nossa condição, mas do nosso
próprio Eu.
O Véu de Ignorância coloca os indivíduos numa
situação anterior a qualquer moral, isto é, obriga os
sujeitos individuais a tomar decisões tendo em conta
apenas os interesses individuais e não os da
comunidade onde se inserem. 10
M. Sandel - comunitarista
Sandel diz que não e defende que a imparcialidade só é
garantida se o bem comum tiver prioridade sobre as
liberdades individuais – rejeição da primazia do 1º
Princípio.

Apesar de concordar com os princípios rawlsianos,


Sandel defende que estes são apenas corretivos e
não resolutivos das assimetrias socioeconómicas,
assim como também não resolvem a bipolarização
social - uma sociedade que se encontra dividida entre
os que têm sucesso e os que não o têm:

1ª razão: são uma minoria aqueles que provém de


contextos mais desfavorecidos e ascendem
socialmente por comparação com aqueles que provém
já de contextos favorecidos; 11
M. Sandel - comunitarista
Sandel defende que a meritocracia (quem se esforçou
deve ser reconhecido e deve ter poder) é um critério
errado e injusto: há muitas pessoas que se esforçam e
não alcançam tal reconhecimento e poder:

“Numa época em que a raiva contra as


elites levou a democracia ao limite, a
questão do mérito assume uma urgência
especial. Precisamos perguntar se a
solução para a nossa política conflituosa é
viver mais fielmente pelo princípio do
mérito ou buscar um bem comum além da
classificação e da luta.”

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M. Sandel - comunitarista
A crítica de Sandel quanto à prioridade que
estabelece entre tais princípios:

3) Refutação da Regra Maximin

A estratégia maximin defendida por Rawls implica que


os sujeitos apenas têm em consideração os seus
interesses egoístas e os seus conceitos morais.
Sandel apenas critica a prioridade dada ao 1.º princípio
e defende que o princípio da diferença obedece a
uma lógica comunitarista: preconiza a correção das
desigualdades introduzidas pela lotaria social e
natural.

Segundo Sandel, cabe ao Estado promover algumas


conceções de bem em relação a outras - a 13
meritocracia é relativa, daí não poder ser critério de
M. Sandel - comunitarista

A meritocracia apresenta-se como relativa


porque os indivíduos “bem sucedidos” só o são
na medida em que os talentos sobre os quais o
seu sucesso se alicerça são aqueles que a
sociedade em que estão inseridos reconhece
como bons – as sociedades modernas
(capitalistas) reconhecem como importantes
os talentos que promovam competências de
empreendedorismo, capacidade de produção e
competitividade.

Sandel advoga uma atitude de cooperação


https://youtu.be/3nsoN-LS8RQ?si para que se chegue a uma conceção forte de
=zNbu2IT6mka-FdB3 Bem.
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