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TRAUMATISMOS

OCULARES

Dr. Luiz Roberto Melo de Oliveira


Prof. Adjunto Doutor
Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia
Faculdade de Medicina da UFMG
E.mail: drluizroberto@gmail.com
Traumatismos oculares

 Avaliação do trauma

 Classificação (região anatômica envolvida)


 Pálpebras, órbitas e anexos
 Globo ocular íntegro, fechado
 Globo ocular aberto

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Avaliação dos traumas oculares
 História
 Idade, ocupação
 Breve história do acidente
 Sintomas específicos
 Condições oculares prévias
 Antecedentes pessoais, vacinas,
medicamentos que usa e alergias.

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Exame Físico em traumas oculares
 Inspeção
 Acuidade visual para cada olho (sc e cc)
 Motilidade ocular
 Pupilas
 Segmento anterior
 Segmento posterior
 Campos visuais
 Pressão intraocular

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 Inspecione as pálpebras
 Lembrar que vários tecidos
podem estar lesados
Exame físico  Seja delicado:
 Nunca faça pressão em
Inspeção olho traumatizado
 Suspeitando de ruptura
durante o exame:
 Pare!
 Proteja o olho
 Chame um oftalmologista
 Jejum (nada via oral) +
cefazolina E.V.
 Verifique se proteção “anti-
tetânica” está atualizada
 Tomografia
computadorizada das
órbitas
Lesão palpebral em mordida de cão
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Acuidade visual
 Sempre registrar AV
 Com e sem correção

 Um olho de cada vez


 Estenopeico melhora
visão em erros
refracionais
 Óculos podem ter
quebrado durante
acidente

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Motilidade ocular
(Avaliação da Musculatura extra-ocular)
 Fratura “blow out” do assoalho orbitário
 Restrição da elevação do olho afetado
 Paralisias dos nervos da motilidade:
 Traumas: causas mais comuns < 45 anos
 Fazer neuro-imagem
 Paralisia do 3º nervo:
 Improvável em traumas leves – se presente pode
indicar patologia oculta prévia
 Paralisia do 4º nervo
 Bilateral pós traumatismos

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Paralisias oculomotoras

Paralisia do 4º nervo direito


Paralisia do 6º par

Paralisia do 3º nervo direito

Luiz Roberto Melo de Oliveira 5º P FMUFMG Fístula Carotido- 8


cavernosa pós-traumática.
Pupilas
(Defeito Pupilar Aferente Relativo - DPAR)
 Sem DPAr
 Hifema
 Catarata
 Hemorragia vítrea

 DPAr presente
 Descolamento de retina
 Extenso

 Lesão do n. óptico
 Contusão

 Laceração
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Segmento Anterior do Olho
 Exame à lâmpada de fenda (se não for
possível, use o oftalmoscópio ou lanterna)
 Inspecione:
 Conjuntiva
 Córnea
 Câmara anterior
 Íris
 Cristalino
 Procure corpos estranhos

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Segmento Anterior
Use fluoresceina

Córnea arranhada?
Everta a pálpebra!
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Não prescreva anestésicos.
Use-os apenas para fazer o exame.

 Anestésicos podem ser úteis para examinar pacientes com dor


ocular ou fotofobia:
 Tetracaina
 Alcaina
 Uso regular de anestésico:
 Cicatrização demorada e toxicicidade corneana.
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Nem todo olho vermelho tem conjuntivite

Conjuntivite Irite Glaucoma Ceratite


agudo
Secreção Acentuada Nenhuma Nenhuma Pouco ou nada

Fotofobia Nada Acentuada Leve Leve

Dor Nenhuma Leve ou Acentuada Acentuada


acentuada

Acuidade visual Normal Reduzida Reduzida Varia com local


da lesão
Pupila Normal Miótica ou Grande e fixa Mesma ou
igual menor
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Segmento Posterior do Olho
 Examine o fundo de olho: Colírios Duração de ação
 Vítreo Mydriacyl 3 a 6 horas
 Disco óptico Cicloplégico 24 horas
 Vasos retinianos
Homatropina 3 a 7 dias*
 Retina
Atropina 10 a 14 dias*
 Mácula
 Se fundo de olho não for
visível apesar de pupila
dilatada e câmara
anterior clara,considere:
 Catarata
 Hemorragia vítrea
 Descolamento de retina

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Campos visuais

 Teste de confrontação:
 Grosseiro (mas útil)
 Teste 4 quadrantes de cada olho
separadamente

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Pressão intra-ocular
 Medir pressão intra-
ocular com
 Tonômetro de
aplanação de
Goldman (Padrão ouro)
 Tonopen
 Schiotz
 Tonometria bidigital
 Não meça se houver
suspeita de ruptura do
globo

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Classificação dos traumatismos

 Lesão de pálpebras, órbita e anexos


 Lesão do olho:
 Traumatismo ocular fechado
 Parede ocular intacta
 Lesão ocular aberta
 Parede ocular rompida
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Lesões perfurantes

Lesão palpebral com garfo Endoftalmite 3 dias após!

 Lesão perfurante na pálpebra?


 Cuidado!
 Verifique o globo ocular. Pode haver perfuração.

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Lesões penetrantes nas pálpebras,
órbita e anexos
 Suspeite
possibilidade de
acometimento
intracraniano
 Avaliação
neurológica
 Imagens

Facada na órbita

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Estrutura óssea da órbita

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Lacerações palpebrais

 Lacerações
 Todas camadas
 Margem palpebral
 Sistema lacrimal

 Mande para oftalmologista


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Fratura “blow-out”
 História de trauma contuso
(soco etc)
 Sintomas
 Diplopía (para cima)
 Edema palpebral
 Sinais
 Enoftalmia
 Restrição à elevação
 Deformidade em degrau
na reborda orbitária
 Anestesia do nervo infra-
orbitário

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Fraturas “blow-out”

 Conduta
 Tomografia computadorizada de órbita
 Indicações para cirurgia:
 Herniação de tecidos causando diplopia
 Fratura maior que metade do assoalho orbitário
 Enoftalmia maior que 2 mm
 Reflexo óculo-cardíaco

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Corpos estranhos intra-orbitários
 Corpos estranhos
dentro da órbita e
fora do globo
 Vidro e metal
geralmente bem
tolerados
 Madeira e material
vegetal pouco
tolerados e devem
ser retirados
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Hemorragia subconjuntival
 Espontânea
 Trauma contuso
 Tratamento
desnecessário
 Lubrificantes caso
provoque sensação de
corpo estranho

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Abrasão corneana
 Conduta:
 Usuário de lentes de
contato:
 Não faça oclusão

 Aplique pomada ou

colírio
 Acompanhe

diariamente até
cicatrizar
 Não usuário:
 Oclusão com
Desepitelização corneana
pomada antibiótica Causada por unhada.
 Acompanhe um dia

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Úlcera de córnea
 Risco maior em
usuários de lentes de
contato
 Desepitelização
 Usuários de lentes de
contato têm maior taxa
de colonização com
Pseudomonas
(bactérias mais
agressivas para o olho!)

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Abrasão
X
úlcera de córnea

Abrasão Úlcera
Fluoresceina Cora Cora

Transparência Transparente Opaca

Contorno ou Inalterados Irregular


limites corneanos

Nível Epitelial Envolve


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estroma 28
Corpo estranho corneano
superficial
 Remover sob anestesia
tópica
 Usar bisel de agulha
25 G
 Trate como erosão
corneana
 Reforce óculos de
segurança:
 Lentes em
policarbonato
Corpo estranho metálico
facilmente removível.

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Radiação ultra-violeta
 Fontes:
 Lâmpadas
bronzeadoras
 Solda elétrica

 Conduta:
 Cicloplégicos
 Pomada antibiótica
 Oclusão

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Queimadura química

 Ácidos neutralizados rapidamente


 Álcalis continuam a penetrar
Podem continuar lesando por longo período
 Conduta:
 Irrigação contínua com soro fisiológico até neutralizar pH
 Remova partículas nos fórnices
 Pomada antibiótica e cicloplégicos

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Traumas contusos
 Hifema
 Indica lesão no
ângulo ou na íris
 Conduta
 Posição vertical Hifema parcial
 Não usar

anticoagulantes
 Cicloplégicos

Hifema total
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Traumas contusos
Iridodiálise

Midríase traumática por


lesão do m. esfíncter da íris

Cristalino luxado Luiz Roberto Melo de Oliveira 5º P FMUFMG 33


Traumas contusos
Lesão no ângulo: Iridodiálise
glaucoma tardio!

Rotura retiniana Descolamento de retina

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Lesões oculares abertas
 Ruptura do
globo em
trauma contuso
 Observe a
rotura escleral,
com expulsão
do cristalino.

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Lesão perfurante
 Laceração corneana
provocada por garrafa
de cerveja

 Laceração corneana e
trauma de íris. Aspecto
tardio, com leucoma
corneano linear e
catarata
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Oftalmia simpática resposta auto-imune de
hipersensibilidade contra tecido uveal residual após trauma, acometendo
ambos olhos, podendo levar à cegueira.

Precipitados ceráticos

Papilite e descolamento seroso

Infiltração coróidea na oftalmia simpática,


Mesmo olho, com
com histiócitos e células gigantes
atrofia generalizada
após 5 anos Luiz Roberto Melo de Oliveira 5º P FMUFMG 37
Traumas com projéteis
 Corpos estranhos
intra-oculares têm
que ser removido
(ao contrários dos
orbitários).

Fragmento metálico ao martelar


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Agressão a crianças
 Tipos:
 S. Criança espancada
 Trauma externo óbvio
 S. da criança sacudida
 Parada respiratória
 Convulsões
 Coma
 Sem sinais externos
 Achados oculares importantes na S. da Criança Sacudida:
 Sinais – bilateral
 Hemorragia retiniana
 Hemorragia vítrea
 São achados muito raros em contusões isoladas
 Sua presença deve alertar para possibilidade de agressão.

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S. Criança Sacudida

Hemorragias
no vítreo e
na retina

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Em traumatologia ocular é
importante lembrar:
 Use anestésico apenas para fazer exames
 Seja super-vigilante com usuários de
lentes de contato
 Vá com calma em lesões oculares abertas
 Faça fundoscopia sempre que suspeitar
agressão a crianças
 Encoraje o uso de óculos de segurança
para prevenção de traumas
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Caso queira receber a aula,
mande seu e.mail para :

drluizroberto@gmail.com

Luiz Roberto Melo de Oliveira 5º P FMUFMG 42

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