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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE PSICOLOGIA
Professora: Daniela Paula do Couto

DISCIPLINA
“Psicologia Sócio-Histórica”
7º Período
______________________________________________________

Unidade IV - As práticas em Sócio-histórica

Aula 15
Livro: Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia

Capítulo: O Enfoque Histórico-Cultural e seu sentido para a Psicologia clínica:


uma reflexão
Fernando L. González Rey
Fernando Luís González Rey (1949 – 2019) obteve seu Doutorado em Psicologia pelo Instituto de
Psicologia Geral e Pedagógica de Moscou (1979) e alcançou o grau de Doutor em Ciências pelo
Instituto de Psicologia da Acadêmica de Ciências da União Soviética (1987). Foi presidente da
Sociedade de Psicólogos de Cuba (1986-1995), Diretor da Faculdade de Psicologia da Universidade
de Havana (1985-1990) e Vice-Reitor desta mesma Universidade (1990-1995). No momento de seu
falecimento, era Professor Titular e Pesquisador do Centro Universitário de Brasília, bem como
Pesquisador Colaborador Sênior do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de
Brasília, onde coordenava o Grupo de Pesquisa “A subjetividade na saúde e na educação”.
https://fernandogonzalezrey.com/grupo-da-subjetividade/membros/fundadores
 Neste trabalho buscamos apresentar as consequências do referencial
histórico-cultural para a clínica, sem pretender fundar uma clínica
histórico-cultural.

 Em primeiro lugar, pensamos que a clínica é um campo de práticas


profissionais e produção de conhecimento, que não se deve “sujeitar” a
uma escola ou linha teórica.

 O terapeuta tem de se distanciar do referencial teórico para poder


visualizar o sujeito que atende, no que este possui de singular, não
correndo o risco de terminar impondo sua narrativa teórica ao sujeito.
 O Enfoque Histórico-Cultural parte de princípios que influenciam
profundamente a prática da psicoterapia:

 Parte de um sujeito historicamente constituído em sua subjetividade e


em suas ações sociais, nesse sentido, rompe com princípios
fundadores únicos e universais com os quais se relacionam todas as
patologias.

 Atribui ao sujeito uma capacidade de subjetivação geradora de sentidos


e significados que podem ter um caráter transformador sobre a
configuração de seus processos patológicos atuais.

 Critica o exercício da terapia a partir de uma posição neutra ou superior


e se centra na compreensão da psicoterapia como processo dialógico e
no impacto deste nos sujeitos implicados na relação terapêutica.
 O Enfoque Histórico-Cultural define o sofrimento humano em diferentes
níveis, mas sempre numa estrita relação com o sujeito que sofre, com
as alternativas que assume, com seus recursos e dentro de seus
contextos.

 Separamos o sofrimento da patologia, porque o sofrimento não


necessariamente é uma expressão da organização da patologia.
 Princípios gerais da perspectiva histórico-cultural:

1) A psicoterapia é um processo de diálogo no qual emergem os sujeitos


do processo constituídos em suas histórias e diferenças, em narrativas,
interpretações e nos diferentes repertórios discursivos e de linguagem.

2) A mudança terapêutica está comprometida num processo


essencialmente dialógico em que a qualidade do diálogo na trajetória
única de cada relação terapêutica irá determinando os processos de
sentido e significação.

3) O terapeuta não segue esquemas concebidos rigidamente a priori, pois


suas hipóteses sobre o caso só terão sentido através da abertura de
zonas de diálogo com o “paciente”.
REFERÊNCIA

REY, Fernando L. González. O Enfoque Histórico-Cultural e seu


sentido para a Psicologia clínica: uma reflexão. In: BOCK, Ana Mercês
Bahia; GONÇALVES, Maria da Graça M.; FURTADO, Odair (Org.).
Psicologia sócio-histórica: uma perspectiva crítica em psicologia. 6.
ed. São Paulo: Cortez, 2015. Cap. 11, p. 193-214.

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