A CULTURA DA CATEDRAL A EUROPA DAS CATEDRAIS E DAS UNIVERSIDADES AULA 50 1
AS GRANDES CIDADES DA EUROPA
As grandes cidades da Europa formaram-se nas
rotas do comércio medieval: • ou eram cidades portuárias, fundadas nas costas do Mediterrâneo, do Atlântico ou do Báltico; • ou eram cidades surgidas na confluência dos caminhos de peregrinação ou dos percursos trilhados pelas Cruzadas.
Estes aglomerados urbanos eram estruturas
Maqueta da cidade medieval Old Sarum (atual Salisbury, Inglaterra), século XII. dinâmicas: • ao nível económico e financeiro, realizando-se atividades produtivas e comerciais (feiras e mercados); • ao nível social e cultural, decorrendo celebrações religiosas, festas, comemorações oficiais e torneios.
Muralhas da cidade medieval de Carcassonne, França, 890-910. Paulo Simões Nunes
mosteiros em zonas rurais, mas sim as grandes catedrais nos meios urbanos.
A catedral passa a ser o edifício mais importante de
uma cidade: • não só representa a grandeza e a exaltação de Deus na Terra, • como também evidencia a ousadia técnica e empreendedora do Homem medieval.
motor do desenvolvimento económico e cultural. Catedral de Chartres, França, 1145-1220. Numa cidade, a catedral deve impressionar pelo seu movimento ascensional e pelo arrojo estrutural da sua construção.
monásticas entram em relativo declínio e perdem a sua influência na sociedade. Principais mudanças culturais a partir do século XIII: • a sociedade torna-se mais laica, com a burguesia a assumir maior protagonismo; • o sistema de pensamento do Homem medieval transforma-se, influenciado pelo contacto com o Oriente e a abertura a outras culturas; • o saber e o conhecimento deixam de ser património exclusivo dos mosteiros, adquirindo um caráter laico (sem caráter religioso) e secular (temporal e mundano). Aula na Universidade de Bolonha, iluminura do século XV. Estes fatores favoreceram a fundação de universidades nas cidades e a implementação de um novo modelo de conhecimento: a escolástica.
Entre os séculos XII e XIV os mosteiros perderam o seu
papel no desenvolvimento económico, social e cultural em favor das cidades.
Até ao século XI, o ensino, o saber e todo o
conhecimento estavam sob total controlo da Igreja, sendo património exclusivo dos mosteiros e do clero. William de Nottingham numa aula em Oxford, Ao deixar de ser património exclusivo dos mosteiros, o iluminura de Jacobus le Palmer, c. 1350. conhecimento e o saber adquiriram um caráter laico (sem caráter religioso) e secular (temporal e mundano).
Nos séculos XI e XII estas escolas ganharam a forma
de universidades, sendo instituições de ensino dedicadas também à pesquisa, ao debate e à produção de saber. Universidade, do latim universitas, significa «agrupamento» ou «corporação», referindo-se às corporações de ofícios, «mestres» e «aprendizes» congregados com um interesse cultural e científico comum. Os seus programas incluíam o estudo das sete artes liberais repartidas no: • Trivium – gramática, retórica e lógica; • Quadrivium – aritmética, geometria, astronomia e Aula na Universidade de Paris, iluminura de Grande Chronique de France, Paris, música. século XIII.
Tomás de Aquino (1225-1274) que se fundamentou em Aristóteles para conciliar a «fé» e a «razão». Afirmando que a «fé» e a «razão» conduzem à descoberta de Deus, São Tomás de Aquino defendeu: • a teologia funda-se na «revelação de Deus»; • a filosofia parte do exercício da razão humana. Também a catedral é a concretização da manifestação racional da fé: • partindo de um estudo racional fundado na geometria e na matemática, corresponde à transcendência do Homem para alcançar Deus.