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MÓDULO 4 TEMA

A CULTURA DA CATEDRAL A EUROPA DAS CATEDRAIS E DAS UNIVERSIDADES AULA 50 1

AS GRANDES CIDADES DA EUROPA

As grandes cidades da Europa formaram-se nas


rotas do comércio medieval:
• ou eram cidades portuárias, fundadas nas costas
do Mediterrâneo, do Atlântico ou do Báltico;
• ou eram cidades surgidas na confluência dos
caminhos de peregrinação ou dos percursos
trilhados pelas Cruzadas.

Estes aglomerados urbanos eram estruturas


Maqueta da cidade medieval Old Sarum (atual Salisbury, Inglaterra), século XII. dinâmicas:
• ao nível económico e financeiro, realizando-se
atividades produtivas e comerciais (feiras e
mercados);
• ao nível social e cultural, decorrendo celebrações
religiosas, festas, comemorações oficiais e
torneios.

Muralhas da cidade medieval de Carcassonne, França, 890-910. Paulo Simões Nunes


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A EUROPA DAS CATEDRAIS

Os grandes empreendimentos já não são os


mosteiros em zonas rurais, mas sim as grandes
catedrais nos meios urbanos.

A catedral passa a ser o edifício mais importante de


uma cidade:
• não só representa a grandeza e a exaltação de
Deus na Terra,
• como também evidencia a ousadia técnica e
empreendedora do Homem medieval.

A construção de uma catedral converteu-se num


© Shutterstock

estaleiro de obras permanente, constituindo um


motor do desenvolvimento económico e cultural.
Catedral de Chartres, França, 1145-1220.
Numa cidade, a catedral deve impressionar pelo
seu movimento ascensional e pelo arrojo estrutural
da sua construção.

Paulo Simões Nunes


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A EUROPA DAS CATEDRAIS

Promovidas pelos bispos mais influentes e


financiadas pela burguesia e pelos grémios
artesanais das cidades, as catedrais vão criar novas
centralidades na estrutura da cidade medieval.

A dimensão da catedral e a elevação das suas torres


constituía um fator de prestígio para a cidade.

A rivalidade existente entre cidades vai estimular os


arquitetos góticos a elevar cada vez mais as naves e
as torres das suas catedrais.

A construção de uma catedral era um projeto


coletivo, envolvendo toda a sociedade – nobreza,
clero, burguesia e toda a população em geral.
Por Johan Bakker, CC BY-SA
3.0

Catedral de Reims, França, 1211-1275. Paulo Simões Nunes


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AS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS

Acompanhando o ressurgimento urbano, as ordens


monásticas entram em relativo declínio e perdem a
sua influência na sociedade.
Principais mudanças culturais a partir do século XIII:
• a sociedade torna-se mais laica, com a burguesia
a assumir maior protagonismo;
• o sistema de pensamento do Homem medieval
transforma-se, influenciado pelo contacto com o
Oriente e a abertura a outras culturas;
• o saber e o conhecimento deixam de ser
património exclusivo dos mosteiros, adquirindo
um caráter laico (sem caráter religioso) e secular
(temporal e mundano).
Aula na Universidade de Bolonha, iluminura do século XV.
Estes fatores favoreceram a fundação de
universidades nas cidades e a implementação de
um novo modelo de conhecimento: a escolástica.

Paulo Simões Nunes


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AS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS

Entre os séculos XII e XIV os mosteiros perderam o seu


papel no desenvolvimento económico, social e cultural
em favor das cidades.

Até ao século XI, o ensino, o saber e todo o


conhecimento estavam sob total controlo da Igreja,
sendo património exclusivo dos mosteiros e do clero.
William de Nottingham numa aula em Oxford, Ao deixar de ser património exclusivo dos mosteiros, o
iluminura de Jacobus le Palmer, c. 1350.
conhecimento e o saber adquiriram um caráter laico
(sem caráter religioso) e secular (temporal e mundano).

A criação de escolas nos mosteiros, conventos e


abadias teve um primeiro impulso com Carlos Magno,
no século IX, devido à necessidade de dar instrução às
populações.
Estas escolas, existentes principalmente nas catedrais,
eram presididas por um eclesiástico, um bispo ou
cardeal, designado scholasticus, dando origem a
«escola» e a «escolástica».
Ilustração de uma aula numa universidade,
Paulo Simões Nunes
Castres, França, finais do século XIV.
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AS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS

Nos séculos XI e XII estas escolas ganharam a forma


de universidades, sendo instituições de ensino
dedicadas também à pesquisa, ao debate e à
produção de saber.
Universidade, do latim universitas, significa
«agrupamento» ou «corporação», referindo-se às
corporações de ofícios, «mestres» e «aprendizes»
congregados com um interesse cultural e científico
comum.
Os seus programas incluíam o estudo das sete artes
liberais repartidas no:
• Trivium – gramática, retórica e lógica;
• Quadrivium – aritmética, geometria, astronomia e
Aula na Universidade de Paris, iluminura de Grande Chronique de France, Paris,
música.
século XIII.

Paulo Simões Nunes


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AS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS

A escolástica era a filosofia que se ensinava nas


universidades e nas escolas eclesiásticas medievais.

A escolástica era um método de pensamento


crítico, um método de indagação racional, baseado
na dialética – a «arte de argumentar e defender as
ideias com fundamento».

Para estas transformações foi muito importante o


acesso aos textos Antigos.

Toda a herança da Antiguidade Clássica (textos de


filosofia, literatura, poesia e teatro, rejeitados pela
Igreja) estava guardada nos scriptoria dos mosteiros
sob total controlo do clero.

A escolástica caracterizou-se por uma forte


influência do pensamento de Aristóteles no ensino
cristão.

Aula na Universidade de Paris, 1537.


Paulo Simões Nunes
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AS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS

Um dos expoentes deste pensamento foi São


Tomás de Aquino (1225-1274) que se
fundamentou em Aristóteles para conciliar a «fé»
e a «razão».
Afirmando que a «fé» e a «razão» conduzem à
descoberta de Deus, São Tomás de Aquino
defendeu:
• a teologia funda-se na «revelação de Deus»;
• a filosofia parte do exercício da razão
humana.
Também a catedral é a concretização da
manifestação racional da fé:
• partindo de um estudo racional fundado na
geometria e na matemática, corresponde à
transcendência do Homem para alcançar Deus.

São Tomás de Aquino, políptico de Maria e Jesus,


Gentile da Fabriano, Pinacoteca de Brera, Milão,
c. 1400. Paulo Simões Nunes
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