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CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA

DE FRANGOS DE CORTE - ESTUDO DE


CASO: MUNICIPIO DE GONDOLA.

Autora:
Isabel Manuel Mafica
Orientador:
Eng˚. Marques da Graça Paulo António Massocha, MSc.
1 INTRODUÇÃO
Segundo NICOLAU (2008), em Moçambique a prática da actividade
pecuária, é considerada complementar, onde a avicultura é a mais
praticada e a que proporciona maior contribuição para o sustento de
muitas famílias com baixa renda.

Por outro lado, o sector da avicultura gera emprego, nas várias partes da
cadeia, desde a incubação, a criação, o abate, o empacotamento, o
transporte até à comercialização do frango (OPPEWAL et al., 2016).
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

• A análise de cadeia de valor de uma actividade produtiva com fins


comerciais é de extrema importância para auxiliar na tomada de decisão
para os que pretende iniciar a criação e melhorar os indicadores dos que
já praticam esta actividade.
• Há uma necessidade de identificar as dificuldades e fragilidades dos
diferentes segmentos ou elos da cadeia como forma de melhorar a
produção e evitar abandono por parte dos produtores.
1.2 OBJECTIVOS

Gerais
• Caracterizar a cadeia produtiva de frangos de corte no Município de
Gondola.

Específicos
• Identificar e descrever os diferentes elos da configuração da cadeia de
frango de corte;
• Identificar as fragilidades do segmento de engorda;
• Identificar o sistema de produção e o modelo de exploração.
2 MATERIAS E MÉTODOS
2.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DO
ESTUDO

• A pesquisa foi realizada no Município de Gondola, Distrito de Gondola.


• 201,735 habitantes.

• A classificação do clima é Cwa segundo Köppen e Geiger.

• O levantamento de dados e informações: Dezembro de 2017 a início de


Fevereiro de 2018.

2.2 CLASSIFICAÇÃO E NATUREZA DA PESQUISA

• Para a execução do estudo, recorreu-se a pesquisa descritiva-exploratória


do tipo estudo de caso. Suportado por GIL (2002).
2.3 TAMANHO DE AMOSTRAS
• Para os dados referentes aos criadores, levou-se todos criadores activos
registrados nos SEDAE. Tendo sido 24 produtores.

• Para o tamanho de amostra dos consumidores fez-se um levantamento


aleatório de 100 indivíduos, recorrendo à metodologia de BARBETTA
(2008)
,
• Onde:
N - é o tamanho da população e
n0 - é uma primeira aproximação para o tamanho da amostra;
2.4 CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO

• Para a colecta de dados foram utilizados a entrevista, questionários e


observação.

• Através de entrevistas foram colectados os dados referentes a cada


elemento integrante da cadeia e com auxílio das configurações das
cadeias geral e de Moçambique, construiu-se a cadeia do Municipio de
Gondola.

• Foram aplicados questionários semi-estruturados aos responsáveis


dos aviários.

• Com a observação, foi possível caracterizar os aviários e identificar


alguns maneios por eles utilizados.
Para a identificação do sistema de produção utilizou-se a metodologia de
LUCAS (2011), dividindo em sistema intensivo (>999), semi-intensivo
(50 à 999) e extensivo (<50).

Para identificar o modelo de exploração avicola adotado, baseou-se em


EVANGELISTA et al. (2008) que dividio em: Independente, verticalizado
e integrado.

Para identificar o tipo de produtores baseou-se em NICOLAU (2008), que


divide em pequeno (<5000), medio (5.001 a 50.000) e grandes produtor
(50.000)
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 CONFIGURAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA
MUNICIPIO DE GONDOLA

Fonte: adaptado pelo autor, a partir de NICOLAU (2008).


Etapa de produção

• A cadeia produtiva no município tem o seu início no segmento de engorda.

• Segundo os depoimentos dos criados e dos SEDAE- Gondola, o pico de


produção atinge-se nos meses de Setembro a Dezembro.

NICOLAU (2011) suporta que, a maior quantidade de produção ocorre nos


meses de Agosto e Novembro, período que antecede a quadra festiva e
há um aquecimento do mercado.
Etapa de abate

• Existem 2 produtores que abatem de forma manual.

• Não se realiza o jejum de alimento antes do abate, dificultando o processo


de evisceração e podendo levar a contaminação das carcaças.

• A captura dos animais é realizada de forma agressiva, sem observar a


premissa de realiza-lo nos horários mas frescos do dia, o que pode
prejudicar a qualidade da carne. ALVARADO, 2006 e VELOSO, 2007
descordam com esta pratica.
• Já no abate, não se realiza a pendura e insensibilização. O corte das
artérias é realizada com o animal em posição horizontal, comprometendo
a eficiência da sangria e a qualidade do produto final. ALVARADO (2006)
descorda com esta pratica.

• No processo de escaldação, não se observa o tempo e a temperatura da


água, o que origina o despreendimento da pele comprometendo o produto
final na prateleira.

• Depois da evisceração e lavagem, a carcaça é embalada em embalagem


de atmosfera não modificada, fazendo com que o tempo de prateleira do
produto final seja curto.
Etapa de distribuição e consumo

• A maior parte da produção é comercializado no local de produção (porta


do aviário).

• O produto é destinado aos postos de venda dos mercados e algumas


mercearias.

OPPEWAL et al (2016) sustenta que, este facto deve-se ao nível de


produção distrital e dificuldades ou impossibilidade em comercializar
frango vivo em estabelecimentos como supermercados.
Consumidores

Indiferente
13%

Frango conge-
lado
26%
Frango vivo
61%

Frango vivo Frango congelado Indiferente

Fonte: Autor.
Cadeias auxiliares

Pintos
• Os criadores da vila adquirem os pintos através de três fornecedores (Frango
King+NH, Abílio Antunes e Higest).

• Os criadorer preferem os pintos provenientes da empresa Abílio Antunes.

• A preferência pode estar aliada a distância de transporte e o tempo que os


pinto permanecem em jejum. Este facto pode ser sustentado por PAULA
(2016).

Ração
• No município existem dois postos de venda de ração e concentrados a preços
diferentes, onde a maioria dos criadores utilizam os produtos da Higest.
Medicamentos e produtos veterinários
• No município existem alguns postos de venda, todavia, verifica-se
ausência de várias vacinas e antibióticos importantes.

Equipamentos e embalagens
• Os equipamentos utilizados pelos produtores são maioritariamente de
fabrico caseiro.
• Para caso dos criadores que abatem "no quintal" os animais, utilizam
plásticos disponíveis no mercado local.
3.2 CARACTERIZAÇÃO DO SEGMENTO DE ENGORDA
Tabela 1: Sistema de produção no Município de Gondola

Sistemas de Faixa de produção Nr de criadores %


produção (aves/ciclo)

Extensivo <50 0 0

Semi˗ intensivo 50-999 21 87.5

Intensivo >1000 3 12.5

Total 24 100

Fonte: Adaptado pelo Autor a partir de LUCAS (2011) apud AMARAL & MLEY (2012).

• A média de produção ronda em 400 aves por ciclo de produção,


caracterizando-os como pequenos produtores.

• O modelo utilizado é o independente


Aviário
• Os aviários estão localizadas no quintal de casa dos criadores.

Segundo TINÔCO (1996), o galpão deve ser construído em local


ventilado, no sentido Leste-Oeste.
• No município os aviários não apresentam lanternim e estão cobertas por
palha ou chapa de zinco.

Maneio da cama
• A percentagem de humidade das camas muitas vezes ultrapassava os 35
%, elevando-se desta forma a concentração de amónio nos aviários.
CAVENY E QUARLES (1978) em estudos indicam que níveis de amônia
superior a 20 ppm podem afetar o desempenho de frangos.
Sistema de aquecimento
• Como forma de reduzir os custos com aquecimento muitos criadores
optam por um alojamento parcial dos animais.
• Utilizam aquecedores que funcionam com base no carvão vegetal e não
utilizam termómetro.
TAKAHASHI et al. (2009) diz que, caso a temperatura esteja abaixo do
necessário, os pintinhos podem amontoar-se para se aquecerem uns aos
outros causando morte.

Programa de Luz
• Os criadores utilizam um programa de 24 horas de luz.
Para HFAC (2008), o sistema de iluminação deve proporcionar no mínimo
6 horas contínuas de escuridão a cada ciclo de 24 horas.
Alimentação
• Os criadores utilizam ração inicial (A1) do início aos 14 ou 21 dias. Nas
fases subsequentes poucos utilizam o A2, a maioria utiliza concentrado e
misturam com milho triturado ou farelo de milho.
Para SANTOS (2014) , na formulação de ração, há necessidade de se
conhecer o valor energético e a digestibilidade dos alimentos.

Saúde das aves


• A limpeza e a desinfeção não é eficiente visto que a maioria dos aviários
apresentam o piso de chão batido.
• O dejecto misturado com a cama removida na instalação ficam expostos
ao lado da instalação sem ser dado o devido tratamento.
• O vazio sanitário é muito curto (menos de 10 dias) o que compromete a
saúde das aves. UBABEF (2008), recomenda um intervalo de no mínimo
de 10 dias
4 CONCLUSÃO

1. A cadeia produtiva de frangos de corte no Município inicia na etapa de


engorda (aviários) e termina na etapa de distribuição e consumidor,
preferencialmente de frangos vivos.
2. O processo de abate é fraco, devido ao reduzido número de animais
produzido por ciclo e pela ausência de abatedouros.
3. As cadeias auxiliares são suportadas por vários postos de venda ao
nível do Município, destacando-se a empresa Higest.
4. O segmento de engorda apresenta várias fragilidades como
consequência do mau maneio aliado a falta de conhecimentos técnicos
e científicos dos produtores.
5. Os produtores utilizam o modelo de exploração independente,
praticando um sistema de produção do tipo semi-intensivo.
•Muito obrigado pela atenção

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