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RDC: caminhos e soluções práticas para uma

contratação eficiente

Brasília, 5, 6 e 7 de outubro de 2016

Marcelo Bruto
Parte 1
 Regimes de Execução
 Contratação Integrada
Parte 2
• Estimativa de custos em obras e serviços
de engenharia
• Remuneração variável
• Contratação Simultânea
• Contratos de eficiência
• Critérios de julgamento
Regimes de Execução
Regimes de Execução – Antecedentes Teóricos

Historicamente, regimes contratuais eram negligenciados na


teoria econômica
Na década de 70, diferentes correntes teóricas passaram a
abordar o contrato como um mecanismo de governança que define
quem controla determinadas variáveis (design, insumos, seguros) e
os riscos associados a elas
 Economia dos Custos de Transação (racionalidade limitada, oportunismo e
ativos específicos)
 Abordagem Agente-Principal (informação assimétrica)
 Contratos Incompletos (direitos residuais de controle)
O dilema comum a estas diferentes correntes se refere à escolha
ótima entre controle x incentivos
Regimes de Execução – Antecedentes Históricos

No mesmo período de desenvolvimento de abordagens teóricas


sobre regimes contratuais, as contratações administrativas
passaram a incorporar no âmbito das reformas do estado novos
modelos contratuais, em especial concessões e PPPs e contratos de
turn key (design-build)

A principal inovação introduzida nesses novos modelos


contratuais é a ideia de gestão de risco, com maior alocação ao
setor privado, associada ao dilema controle/incentivos

A alocação de um risco contratual a um particular envolve a


delegação de “direitos residuais de controle” (liberdade gerencial),
suportando o delegado as perdas ou auferindo os ganhos
associados a suas escolhas
Regimes de Execução – Antecedentes Históricos

No Brasil, legislação e doutrina, historicamente, conferiram ao


contrato administrativo a função de preservação de um equilíbrio
econômico-financeiro atrelado a noções clássicas, como a teoria da
imprevisão

“… é a relação estabelecida inicialmente pelas partes entre os encargos do


contratado e a retribuição da Administração para a justa remuneração do objeto
do ajuste. Essa relação encargo-remuneração deve ser mantida durante toda a
execução do contrato, a fim de que o contratado não venha a sofrer indevida
redução nos lucros normais do empreendimento. Assim, ao usar o seu direito
de alterar unilteralmente as cláusulas regulamentares do contrato
administrativo, a Administração não pode violar o direito do contratado de ver
mantida a equação financeira originariamente estabeecida, cabendo-lhe operar
os necessários reajustes econômicos para o reestabelecimento do equilíbrio
financeiro” (Helly Lopes Meirelles, 19a Edição, p. 199)
Regimes de Execução – Antecedentes Históricos

As Leis de Concessões e PPPs têm alterado esse panorama, ao


valorizar o contrato como matriz do equilíbrio econômico-
financeiro a partir da alocação de riscos (art. 10, Lei n. 8.987/1995,
art. 4º e 5º, Lei n. 11.079/2004)
 Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições do contrato, considera-se mantido
seu equilíbrio econômico-financeiro.
 Art. 4o Na contratação de parceria público-privada serão observadas as seguintes
diretrizes:
VI – repartição objetiva de riscos entre as partes;

 Art. 5o As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao disposto


no art. 23 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo
também prever:
III – a repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso
fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária;
Regimes de Execução – Antecedentes Históricos

Essas inovações têm provocado uma releitura da função alocativa


dos contratos administrativos
“O que os cultores do Direito Administrativo geralmente não percebem é que os contratos
complexos – como o são os de concessão comum e PPP – são instrumentos de atribuição
de riscos. E, por isso, raramente há neles previsão de benefícios e ônus estáveis, receitas e
custos fixos. Decerto que ao distribuir riscos, o contrato indiretamente distribui benefícios
e ônus, receitas e custos. Mas, geralmente, eles não são estáveis e fixos, eles dependem
de ocorrências futuras e, sobretudo, da capacidade de gerenciamento por cada parte dos
riscos que lhe são atribuídos. (…) Daí dizemos que, na verdade, o que define a equação
econômico-financeira do contrato é a relação entre o serviço a ser prestado, a sua matriz
de riscos e a remuneração prevista no contrato. (Maurício Portugal, 2006, p. 101/103)
Regimes de Execução no RDC

O RDC absorveu a tradição histórica de negligência aos regimes


contratuais: é uma lei de licitação, mais do que de contratação
administrativa
 Art. 39. Os contratos administrativos celebrados com base no RDC
reger-se-ão pelas normas da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
com exceção das regras específicas previstas nesta Lei.
 Chamamento de remanescentes

Por outro lado, inovou ao conferir preferência aos “regimes


globais” e introduzir a contratação integrada, reforçando o debate
em torno da função alocativa dos contratos administrativos em
favor de maior transferência de riscos

 Em obras e serviços de engenharia os regimes de empreitada por


preço global, empreitada integral e contratação integrada são
preferenciais (art. 8º, § 1º, LRDC)
Regimes de Execução no RDC

Regimes previstos na Lei do RDC tomam conceitos emprestados


da Lei n. 8.666/1993, inovando com o instituto da contratação
integrada
 empreitada por preço unitário: quando se contrata a execução
da obra ou do serviço por preço certo de unidades
determinadas;
 empreitada por preço global: quando se contrata a execução
da obra ou do serviço por preço certo e total; - preferencial
 Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e serviços,
quando for adotada a modalidade de execução de empreitada
por preço global, a Administração deverá fornecer
obrigatoriamente, junto com o edital, todos os elementos e
informações necessários para que os licitantes possam elaborar
suas propostas de preços com total e completo conhecimento
do objeto da licitação.
Regimes de Execução no RDC

contratação por tarefa: quando se ajusta mão de obra para pequenos


trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de materiais.

 empreitada integral: quando se contrata um empreendimento em sua


integralidade, compreendendo a totalidade das etapas de obras, serviços e
instalações necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a sua
entrega ao contratante em condições de entrada em operação, atendidos os
requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições de segurança
estrutural e operacional e com as características adequadas às finalidades
para a qual foi contratada. preferencial

 contratação integrada: compreende a elaboração e o desenvolvimento dos


projetos básico e executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a
montagem, a realização de testes, a pré-operação e todas as demais
operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto.
preferencial
Regimes de Execução no RDC – nuances para obras de engenharia

Aspectos gerais
 Projeto
 Orçamento
 Objeto
 Aceite de propostas
 Preço
Tópicos específicos
 Escolha de regime
 Vantagens e desvantagens – EPG x EPU
 Riscos quantitativos
 Inovações
Regimes de Execução no RDC – aspectos gerais

PU PG/EI RDCi

Estudo de Projeto Básico Projeto Básico, Anteprojeto


Engenharia mais detalhado
para EPG

Orçamento Determinístico/ Determinístico/ Determinístico/


Analítico Analítico Probabilístico/
Sintético/
Paramétrico

Aceite de Preço Unitário Etapas Etapas


propostas
Objeto Obra Obra (+ serviços e Projeto Básico,
instalações na EI) Executivo e Obra

Preço Aditivo até 25% Aditivo até 10% Lump Sum


Contratado
Regimes de Execução no RDC – tópicos específicos
 Escolha de regimes
 Apesar da preferência estabelecida em Lei, deve-se considerar que os
regimes globais transfiram um nível de risco suportável ao particular,
sob pena de seleção adversa e risco elevado de impasse na execução
contratual
 O TCU traduziu essa orientação no Acórdão n. 1977/2013
“9.1.3. a empreitada por preço global, em regra, em razão de a
liquidação de despesas não envolver, necessariamente, a medição
unitária dos quantitativos de cada serviço na planilha
orçamentária, nos termos do art. 6o, inciso VIII, alínea 'a', da Lei
8.666/93, deve ser adotada quando for possível definir
previamente no projeto, com boa margem de precisão, as
quantidades dos serviços a serem posteriormente executados na
fase contratual; enquanto que a empreitada por preço unitário
deve ser preferida nos casos em que os objetos, por sua natureza,
possuam uma imprecisão inerente de quantitativos em seus itens
orçamentários, como são os casos de reformas de edificação, obras
com grandes movimentações de terra e interferências, obras de
manutenção rodoviária, dentre outras”
Regimes de Execução no RDC – nuances sobre os regimes
 Escolha de regimes
 9.1.4. nas situações em que, mesmo diante de objeto com imprecisão
intrínseca de quantitativos, tal qual asseverado no item 9.1.3. supra, se
preferir a utilização da empreitada por preço global, deve ser justificada,
no bojo do processo licitatório, a vantagem dessa transferência maior de
riscos para o particular - e, consequentemente, maiores preços ofertados
- em termos técnicos, econômicos ou outro objetivamente motivado,
bem assim como os impactos decorrentes desses riscos na composição
do orçamento da obra, em especial a taxa de BDI - Bonificação e Despesas
Indiretas;
Regimes de Execução no RDC – nuances sobre os regimes
 Alocação de riscos quantitativos – diferentes correntes
 Corrente 1: regimes diferem apenas em relação à divisibilidade das
prestações, não aos riscos alocados
 a empreitada por preço unitário destinar-se-ia uma prestação
“fracionável em unidades autônomas, dotadas de individualidade”
( Justen Filho, 2011, p. 129/130)

 Egon Bockmann Moreira e Fernando Vergalha Guimarães (2012, p.


196), a empreitada por preço global “trata-se de regime de execução
aplicável a objetos indivisíveis, em que a Administração pretende
obter a integralidade da execução de obra ou serviço por um só preço
– estabelecendo o escopo contratual e seus cronogramas físico e
financeiro. Haverá, como regra, plena condição de precisar todos os
quantitativos inerentes à constituição do objeto licitado. Daí que o
critério de quantificação da remuneração será a realização da
integralidade do objeto”
Regimes de Execução no RDC – nuances sobre os regimes
 Alocação de riscos – diferentes correntes
 Corrente 2: regimes diferem em relação à divisibilidade das prestações e
aos riscos alocados
 “Na empreitada global, a licitante vencedora se compromete a
realizar o serviço por preço certo e total, ou seja, assume o risco de
eventuais distorções de quantitativos a serem executados a maior
do que os previstos no contrato. Por outro lado, a Administração
também assume o risco em pagar serviços cujas quantidades foram
avaliadas em valor superior no momento da licitação. O que importa é
o preço ajustado.” [ALTOUNIAN, Cláudio S.)
 “Na prática, tendo em vista que ambos os regimes podem levar à
realização do mesmo objeto, a diferença encontrar-se-á,
basicamente, na maneira de como serão realizadas as medições - e
nos riscos assumidos pela contratada em razão dessa distinção na
forma de pagamento. (...) Trata-se, em consequência, em algum
termo, da transferência de imprecisões quantitativas para o
particular, como ainda, de um esforço fiscalizatório menor, no que se
refere à verificação em pormenores dos quantitativos de cada
serviço.” (Voto Min. Valmir Campelo, Acórdão 1977/2013)
Regimes de Execução no RDC – nuances sobre os regimes
 Alocação de riscos – o critério do Acórdão 1977/2013
 9.1.5. a proposta ofertada deverá seguir as quantidades do orçamento-base
da licitação, cabendo, no caso da identificação de erros de quantitativos
nesse orçamento, proceder-se a impugnação tempestiva do instrumento
convocatório, tal qual assevera o art. 41, § 2º, da Lei 8.666/93;

9.1.6. alterações no projeto ou nas especificações da obra ou serviço, em


razão do que dispõe o art. 65, inciso I, alínea 'a', da Lei 8.666/93, como
também do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, repercutem na
necessidade de prolação de termo aditivo;

9.1.7. quando constatados, após a assinatura do contrato, erros ou omissões


no orçamento relativos a pequenas variações quantitativas nos serviços
contratados, em regra, pelo fato de o objeto ter sido contratado por "preço
certo e total", não se mostra adequada a prolação de termo aditivo, nos
termos do ideal estabelecido no art. 6º, inciso VIII, alínea "a", da Lei
8.666/93, como ainda na cláusula de expressa concordância do contratado
com o projeto básico, prevista no art. 13, inciso II, do Decreto 7.983/2013;
Regimes de Execução no RDC – nuances sobre os regimes
 Alocação de riscos – o critério do Acórdão 1977/2013
 9.1.8. excepcionalmente, de maneira a evitar o enriquecimento sem causa
de qualquer das partes, como também para garantia do valor fundamental
da melhor proposta e da isonomia, caso, por erro ou omissão no orçamento,
se encontrarem subestimativas ou superestimativas relevantes nos
quantitativos da planilha orçamentária, poderão ser ajustados termos
aditivos para restabelecer a equação econômico-financeira da avença,
situação em que se tomarão os seguintes cuidados:
 Observância dos limites legais e regulamentares (9.1.8.1)
 Jogo de planilhas (9.1.8.2)
 Existência de compensações (9.1.8.3)
 Retificação mediante aditivo no caso de superestimativas relevantes
(9.1.8.4)
 Nas subestimativas, verificar justeza considerando a envergadura do
erro e a exigibilidade de identificação prévia de erros pelos licitantes
(9.1.8.5)
Regimes de Execução no RDC – nuances sobre os regimes
Possibilidade de inovações no regime de empreitada por preço global – Acórdão
3.569/2014 – Ministro Marcos Bemquerer

“Relevante observar que o significado da expressão ‘metodologia executiva’ tem ganhado,


por vezes, abrangência indevida. Na acepção mais restrita dos termos, também as
contratações por empreitada por preço global admitem a execução de serviços por meio de
metodologias diferentes, o que se harmoniza com o objetivo do RDC de incentivar a inovação
tecnológica e buscar a melhor relação entre custos e benefícios (art. 1º, § 1º, incisos II e III da
Lei 12.462/2011).

Por exemplo, se é necessária a execução de um túnel escavado em rocha, não importa se o


serviço será feito por meio de tuneladora (vulgo ‘tatuzão’) ou explosão controlada. O
resultado final para o contratante será exatamente o mesmo, e basta o edital de licitação
não restringir as opções executivas para que o executor adote a metodologia que lhe seja
mais conveniente, observado, em qualquer caso, o equilíbrio econômico-financeiro entre
os dispêndios da administração e as contraprestações realizadas pelo contratado. O mesmo
raciocínio se aplica à execução de estrutura de concreto com escoramento em madeira ou
metálico, à escavação e transporte de terra com motoscraper ou retroescavadeira, e a tantos
outros serviços. Trata-se de ‘como fazer’.
Regimes de Execução no RDC – nuances sobre os regimes
Possibilidade de inovações no regime de empreitada por preço global – Acórdão
3.569/2014 – Ministro Marcos Bemquerer

“A interpretação estendida da expressão abarcaria também ‘o que fazer’. Aí estaria incluída a


liberdade do contratado para decidir como será o objeto (se estrutura de concreto ou
metálica, se pavimento rígido ou flexível, etc.), desde que atendidas as condições de
funcionalidade, durabilidade e desempenho previstas no edital....

Em resumo, a Administração pode usufruir dos benefícios – especialmente redução de custos


e inovação tecnológica – da liberdade de adoção de metodologias diferenciadas (no sentido
estrito da expressão) em obras com a adoção do regime de empreitada por preço global,
opção preferencial do RDC que não exige justificativa. Já a admissão de metodologias
diferenciadas no seu sentido amplo, que permite a existência de soluções técnicas
alternativas que alteram as características do próprio objeto final contratado, é restrita ao
regime de contratação integrada...” (…) até mesmo numa empreitada por preço unitário
pode haver execução por metodologia distinta da prenunciada na licitação. Desde que a
forma de "como fazer" esteja prevista adequadamente no projeto básico, por meio de
métodos executivos usuais do setor e apropriados ao caso, as vantagens advindas da adoção
de outro meio por parte do contratado - seja pelo uso de solução inovadora, de
equipamentos não usuais no mercado, ou qualquer alteração que se dê por mérito do
executor, e não por falha do projeto básico - devem ser por ele usufruídas, não sendo
cabível o contratante promover descontos no valor do serviço.
Regimes de Execução no RDC – nuances sobre os regimes
Possibilidade de inovações no regime de empreitada por preço global – Acórdão
1.388/2016
Ministra Ana Arraes: “Comungo, portanto, com o raciocínio do ministro Marcos Bemquerer
de que somente os casos de soluções técnicas alternativas que alterem as características do
próprio objeto final contratado são restritos ao regime de CI”.

Ministro Benjamin Zymler: “Primeiro, que a norma legal impôs um maior grau de
detalhamento do projeto básico para as empreitadas por preço global, o que, por si só,
parece afastar o entendimento de que nessa última modalidade houvesse permissão para
que a contratada escolhesse as metodologias de execução e isso não aconteceria na
empreitada por preço unitário. Segundo, que o projeto básico deve definir adequadamente
o objeto, inclusive conter as metodologias construtivas, o que afastaria a conclusão de que
caberia ao contratado escolher aquela que considerasse mais conveniente.”

“Na verdade, ao se permitir que serviços significativos sejam objeto de metodologias


diferenciadas de execução, o projeto básico estaria se afastando dos pressupostos legais e
aproximando-se do conceito de anteprojeto de engenharia, ínsito à contratação integrada.
Estar-se-ia, na prática, a instituir um novo regime de execução de obras públicas, cuja
contratação seria baseada em anteprojeto de engenharia, porém não submetido ao regime
jurídico da contratação integrada. Nessa situação, a empreiteira poderia adotar a
metodologia que entender conveniente sem assumir os riscos próprios dessa opção, pois
poderia solicitar aditivos em razão de erros ou omissões do projeto.
Regimes de Execução no RDC – nuances sobre os regimes
Possibilidade de inovações no regime de empreitada por preço global – Exemplo da
limitação: inovação ou erro de projeto? (Acórdão n. 2872/2012)

“Indício de sobrepreço/superfaturamento decorrente de quantitativo inadequado identificado


no serviço “fornecimento, preparo e colocação fôrmas aço CA-50” em decorrência da adoção
em projeto de preço de referência obtido considerando corte e dobra do aço de forma
convencional no canteiro, em vez de corte e dobra industrializado.”

“Por isso, era de se esperar que o orçamento do projeto refletisse técnicas construtivas
modernas, necessárias à implantação de todas essas obras de arte especiais, como a previsão
de corte e dobra de aço industrializados, a utilização de fôrmas metálicas, a previsão de
fabricação de concreto por meio de centrais dosadoras e misturadoras, práticas amplamente
adotadas no mercado da construção pesada, e, inclusive, foram as alternativas escolhidas
pelo consórcio executor do referido contrato.”
Contratação Integrada
O que é a contratação integrada no mundo?

 Turnkey, EPC (engineering, procurement and construction), Design-Build


 Design/projeto e construção são atribuídos a um único particular ou
consórcio
 Contratos são por preço fechado (lump sum)

Fonte: Goftar et al, 2014


RDCi – quais são as vantagens e desvantagens teóricas?

 Vantagens potenciais
 Absorção de metodologias diferenciadas ou tecnologias
 Atração de expertise indisponível no órgão contratante
 Maior integração entre projeto e execução da obra, com
menores custos de transação
 Concentração de responsabilidade em um único
contratado
 Melhores incentivos para atendimento a cronogramas e
adoção de metodologias mais eficientes (custo x
benefício)
 Maior previsibilidade do orçamento da obra (contratos
“lump sum”)
RDCi – quais são as vantagens e desvantagens teóricas?

 Desvantagens potenciais
 Perda de controle sobre o objeto contratado – aceitação
de projeto, fiscalização, cronograma de desembolsos
compatível com físico
 Risco de deterioração do objeto contratado - definição
do objeto/parâmetros de desempenho e
responsabilidades pós-contratuais
 Contrato “lump sum” demanda atribuição de
responsabilidades precisa – matriz de riscos
 Imprecisão na definição do orçamento e “preço” da
matriz de riscos
 Alocação excessiva de riscos – seleção adversa e
oportunismo
RDCi no mundo

 Setor privado
 Contratos EPC – engineering, procurement and construction
 FIDIC – Federation Internationale des Ingénieurs-Conseils - Silver Book
“Conditions of Contract EPC/Turnkey Projects”
 Carta BNDES – concessões 2013
RDCi no mundo

 EUA
 FAR – Item 36.301 – Pode ser utilizada quando a entidade
entender apropriado, considerando alguns critérios:
 o grau em que os pré-requisitos para o projeto
estiverem adequadamente definidos;
 a limitação de tempo para a entrega do projeto;
 a capacidade e experiência de potenciais contratados;
 adequação do projeto para a utilização do método de
“duas fases” de seleção;
 a capacidade da agência para gerir o procedimento de
“duas fases”; e
 outros critérios estabelecidos pelo chefe da agência
contratante.
RDCi no mundo

•EUA – crescimento no mercado americano (Fonte: http://www.dbia.org/resource-


center/Pages/Research.aspx)
RDCi no mundo

 União Européia
 Diretiva n. 25/2014 – Sem preferência de contratação
separada ou conjunta de concepção e execução de obras
 “as entidades adjudicantes deverão poder prever tanto a adjudicação
separada como a adjudicação conjunta de contratos de conceção e a
execução das obras. A presente diretiva não tem por objetivo prescrever a
adjudicação conjunta ou separada de contratos”
 Vários países se utilizam do modelo integrado (França, UK,
Grécia, Suécia, Croácia)
 Diálogo Competitivo como modelo ainda mais avançado de
compartilhamento de riscos
 Não se restringe a obras complexas, abrangendo
edificações, creches/escolas, hospitais, rodovias, ferrovias e
instalações industriais (Fonte:
http://www.icoste.org/Roundup1204/Hanscomb-Means-
Oct04.pdf)
RDCi segundo as pesquisas empíricas
 Rodovias (EUA) - Pesquisa FHA - “Design-Build Effectiveness
Study” (2006) - Federal Highway Administration – desempenho
superior em cronograma e custos
Duration Value Cost. Value Quality Value
Dimension Dimension Dimension
Responses 62 Responses 48 Responses 61
Average -14.1% Average -2.6% Average 0.0%
Median -10.0% Median 0.0% Median 0.0%
Mode -0.1% Mode 0.0% Mode .0%
Maximum 50.0% Maximum 65.0% Maximum 10.0%
Minimum -63.0% Minimum -61.8% Minimum -10.0%
Standard 24.4% Standard 20.5% Standard 2.1%
Deviation Deviation Deviation
RDCi segundo as pesquisas empíricas
Rodovias (EUA), Pramen Prasad Shrestha, Giovanni Ciro Migliaccio, James T.
O’Connor, and G. Edward Gibson, Jr. (2007) - Benchmarking of Large Design–
Build Highway Projects – crescimento de custo menor e estatisticamente
significativo

.
RDCi segundo as pesquisas empíricas
 Edificações (EUA) - Hale, D., Shrestha, P., Gibson, G., Jr., and Migliaccio, G.
(2009), ”Empirical Comparison of Design/Build and Design/Bid/Build Project
Delivery Methods.” J. Constr. Eng. Manage., 135(7), 579–587)

.
RDCi segundo as pesquisas empíricas
Diversas obras (EUA), Qing Chen; Zhigang Jin; Bo Xia; Peng Wu; and Martin Skitmore
(2015), Time and Cost Performance of Design–Build Projects
Comparison between Project Characteristics – média de 0,15% de atraso, com 75% dos
projetos no prazo; média de 6,9% de aumento de custos, sendo 45% dentro do
planejado. Resultados superiores a literatura comparada em DBB

.
RDCi segundo as pesquisas empíricas
Diversas obras (EUA), Inha Kang, MS, Somik Ghosh, PhD, Tammy L. McCuen, (2015) -
Performance of Design -Build Projects: Current State and
Comparison between Project Characteristics – em média redução de cronograma e ligeiro
aumento de custos

.
RDCi segundo as pesquisas empíricas – Revisões de Literatura
Hale et al (”Empirical Comparison of Design/Build and Design/Bid/Build Project
Delivery Methods.” J. Constr. Eng. Manage., 135(7), 579–587), 2009):
 8 pesquisas analisadas sob as dimensões cronograma e variação de custo
 6 identificam uma tendência de contratações integradas (Design-Build)
obterem menores atrasos de cronograma do que os modelos tradicionais
(Design-Bid-Build).
 6 revelam que os contratos DB têm menor variação de custo do que os
contratos no modelo DBB.
Goftar et al (A Meta-Analysis of Literature Comparing Project Performance
between Design-Build (DB) and Design-Bid-Build (DBB) Delivery Systems, 2014):
 15 pesquisas analisadas sob as dimensões custo (total e variação), cronograma
(total e variação) e qualidade
 Custo total – maior parte das pesquisas indica vantagem do modelo DB, com
mediana de 5% de economia
 Variação de custo – maior parte indica controle superior do orçamento do
modelo DB, embora haja resultados controversos e estatisticamente não
significativos
 Cronograma – pesquisas mostram consistentemente vantagens do modelo DB
 Variação de cronograma – resultados não são consistentes ou estatisticamente
significativos
 Qualidade – resultados não apontam variações significativas
O que é a contratação integrada do RDC?

 Design-Build
 Licitante vencedor deverá elaborar o projeto básico e o
executivo com base em um anteprojeto de engenharia
fornecido pela Administração Pública, que conterá todos os
elementos necessários à elaboração de propostas (art. 9º,
LRDC)
 Lump Sum
 Fica vedada a celebração de termos aditivos, salvo para a
recomposição do equilíbrio econômico financeiro por caso
fortuito/força maior ou por alterações imprescindíveis
solicitadas pela Administração Pública (art. 9, § 4º, LRDC)

.
O que é a contratação integrada do RDC?

 Outros aspectos legais


 Regime preferencial (art. 8o, §3o)
 Justificativa técnica e econômica (art. 9º, caput, LRDC)
 Permite a apresentação de projetos com metodologias de
execução diferentes pelos licitantes (Art. 9º, § 4º, LRDC) .
 A licitação era sempre por técnica e preço (art. 9º, § 2º, III,
LRDC), obrigação que foi revogada a partir da Lei n. 12.980/2014

.
Qual a aplicabilidade legal da contratação integrada?

 Hipóteses de cabimento
 O entendimento hiper restritivo a partir da exigência de
técnica e preço (art. 20, §1º) - metodologias e tecnologias
de domínio restrito no mercado
 Posição da AGU – Parecer 03/2012 – entendimento
sistemático e não aplicação do art. 20, §1º, no caso da
contratação integrada
 Posição do TCU a partir do Acórdão 1510/2013
 Tendências ampliativas - Rodovias (Acórdãos 1310/2013
e 1465/2013) aeroportos (Ac. 1510/2013), creches (Ac.
n. 2.600/2013) e dragagem de portos (Ac. 2909/2014)
 Tendências restritivas – majoritária – Sinalização de
Rodovias (Ac. 1399/2014), aeroportos regionais (Ac.
3569/2014) e dragagem (Ac. 1388/2016)
Qual a aplicabilidade legal da contratação integrada?

 Parecer 03/2012 AGU

 A possibilidade de adoção do Regime de Contratação


Integrada não está subsumida às hipóteses de objeto previstas
nos incisos I e II do §1o do art. 20;

 A Administração Pública poderá utilizar preferencialmente o


Regime de Contratação Integrada, disciplinado pelo art. 9o,
para a contratação de obras e serviços de engenharia, desde
que essa opção seja técnica e economicamente justificável,
sendo esta a única condicionante sine qua non para se optar
pela contratação integrada.
Qual a aplicabilidade legal da contratação integrada?

 Acórdão 1510/2013 – abrangência


 “se tomada, de maneira isolada a diversidade metodológica como
variável suficiente para a utilização da contratação integrada,
tenho que a presente discussão se perca em funcionalidade.
Afinal, se uma obra é licitada com base no anteprojeto, ela já
carrega em si a possibilidade de a contratada desenvolver
metodologia e/ou tecnologia própria para a feitura do objeto.
Logo, se justificada a vantagem, o enquadramento no art. 20, §
1º, será quase automático.”
 “Os ganhos advindos da utilização da contratação integrada
devem compensar esse maior direcionamento de riscos aos
particulares. Essa demonstração é o cerne para a motivação da
vantagem para utilizar o novo regime.”
 faz-se necessária a motivação acerca da inviabilidade do
parcelamento da licitação, em razão da diretriz enraizada no art. 4º,
inciso VI, da Lei 12.462/2011
Qual a aplicabilidade legal da contratação integrada?
 Lei n. 12.980/2014
 Buscou dar maior clareza para o uso da contratação
integrada
I - inovação tecnológica ou técnica;
II - possibilidade de execução com diferentes metodologias;
ou
III - possibilidade de execução com tecnologias de domínio
restrito no mercado.
 Retirou a exigência de técnica e preço
 Técnica e preço não seria o melhor critério de julgamento
para todo tipo e porte de obra, mas para os casos em que
há necessidade de a Administração avaliar soluções
técnicas distintas que afetam a operação da obra
 Metodologia de execução diversa pode reduzir
cronogramas, mas não influenciar na qualidade do objeto
entregue. Redução de prazo se reflete no preço.
Qual a aplicabilidade legal da contratação integrada?

 Novas tendências restritivas: a questão da complexidade


mínima para que haja competição em termos de
metodologias/tecnologias
 Complexidade do objeto como pressuposto: o objeto “deve ser tal que
permita uma disputa efetiva em termos de metodologia/tecnologia”
(Altonian e Jardim, 2014)
 "possibilidade de execução mediante diferentes metodologias" deve
corresponder a diferenças metodológicas em ordem maior de
grandeza e de qualidade, capazes de ensejar uma real concorrência
entre propostas envolvendo diversas metodologias, de forma a
propiciar ganhos reais para a Administração, trazendo soluções que
possam ser aproveitadas vantajosamente pelo Poder Público” (Ac.
1399/2014 e 2011/2015)

.
Qual a aplicabilidade legal da contratação integrada?
 Novas tendências restritivas: a questão da complexidade
mínima para que haja competição em termos de
metodologias/tecnologias
 Acórdão 3569/2014 – Ministro Marcos Bemquerer
 “Ao optar pela licitação por menor preço num objeto que se
enquadrava - no entender dos interessados - no inciso II e não aplicar
o critério de técnica e preço, deveria o edital prever algum critério
objetivo de julgamento das propostas que contemplasse as vantagens
das diferentes metodologias, o que não se observou no presente caso.

Creio mesmo ser admissível que uma obra de menor complexidade


possa ser enquadrada no aludido inciso II. Porém, permanece
imprescindível, para que não haja ofensa à lei, que: as possíveis
metodologias diferenciadas sejam relevantes ante o escopo da obra; as
vantagens da adoção da contratação integrada para a Administração
Pública, em detrimento dos outros regimes preferenciais, estejam
demonstradas, por meio de argumentos aplicáveis especificamente ao
objeto que se pretende licitar, e não por meio de um rol genérico de
conveniências daquele regime; e existam critérios objetivos de
julgamento das propostas que privilegiem metodologias mais
vantajosas para a Administração.”
Qual a aplicabilidade legal da contratação integrada?
 Novas tendências restritivas: a questão da complexidade
mínima para que haja competição em termos de
metodologias/tecnologias
 Acórdão 1388/2016 – Ministra Ana Arraes
 “Em breves palavras, as deliberações mencionadas trazem o entendimento de
que, além de justificativa técnica e econômica, é necessário o enquadramento
do objeto da licitação em uma das condições elencadas no art. 9º da Lei
12.462/2011. Quando a condição atendida é a possibilidade de utilização
de diferentes metodologias na execução da obra, estas devem se referir a
aspectos de ordem maior de grandeza e de qualidade, capazes de ensejar
uma real concorrência entre as propostas a envolver diversas
metodologias, de forma a propiciar ganhos reais para a Administração.”

.
Qual a aplicabilidade legal da contratação integrada?
 Novas tendências restritivas: a questão da complexidade
mínima para que haja competição em termos de
metodologias/tecnologias
 Acórdão 1388/2016 – Ministro Benjamin Zymler
 “busca-se demonstrar que a justificativa técnica e econômica de que
trata o art. 9º da Lei 12.462/2011 abrange diversos fatores que nem
sempre podem ser expressos monetariamente de per si, embora
alguns, como a redução dos prazos, possam ser expressos
numericamente. Assim, como já sinalizado, creio que somente uma
comparação ampla que confronte contratos já executados
mediante os diversos modelos de contratação poderá permitir
uma análise científica das vantagens e desvantagens da utilização
da contratação integrada de forma a permitir aos gestores
públicos tomarem decisões em bases mais sólidas.”

.
Qual a aplicabilidade legal da contratação integrada?
 Novas tendências restritivas: a questão da complexidade
mínima para que haja competição em termos de
metodologias/tecnologias

 Ministro Benjamin Zymler no Acórdão n. 1850/2015 e no Acórdão 1388/2016:

 “Embora o resultado final para o contratante seja efetivamente o mesmo


túnel, ambas as metodologias executivas apresentam consequências bem
distintas em termos de custo e prazo de execução, o que invariavelmente se
refletirá nos preços ofertados à Administração pelas licitantes.”

 É possível que metodologias diversas de execução não interfiram na


qualidade do objeto. Ou seja, interessa à contratante o menor preço dentre
as metodologias possíveis, de forma que seria um contrassenso exigir a
ponderação técnica dessas metodologias, visto que desnecessária.
Como usar a contratação integrada?
 A importância do planejamento no RDCi, após art. 9o …
 Justificativa técnica e econômica
 Estudos e Modelagem de Edital e Contrato
 EVTEA
 Anteprojeto
 Orçamento
 Matriz de Risco/Aditivos e Taxa de Risco
 Critério de julgamento
 Análise de projeto
 Licenciamento Ambiental
 Desapropriação e reassentamentos
 Objeto: manutenção e operação?
Como usar a contratação integrada?
 A justificativa técnica e econômica
 Histórico: as justificativas genéricas x demonstração
objetiva/matemática de vantagens – case DNIT: mais de 200
contratações integradas

.
Como usar a contratação integrada?
 A justificativa técnica e econômica
 Histórico: as justificativas genéricas x demonstração
objetiva/matemática de vantagens – case DNIT: mais de 200
contratações integradas

.
Como usar a contratação integrada?
 A justificativa técnica e econômica
 Acórdão 1388/2016: “a opção pelo regime de contratação integrada
com base no inciso II do art. 9º da Lei 12.462/2011 deve ser
fundamentada em estudos objetivos que a justifiquem técnica e
economicamente e considerem a expectativa de vantagens quanto
a competitividade, prazo, preço e qualidade em relação a outros
regimes de execução, especialmente a empreitada por preço
global, e, entre outros aspectos e quando possível, a prática
internacional para o mesmo tipo de obra, sendo vedadas
justificativas genéricas, aplicáveis a qualquer empreendimento;”

.
O que é o anteprojeto?
 EVTEA – etapa preliminar
 Acórdão 1884/2016: “adote, para as obras contratadas por meio do
Regime Diferenciado de Contratações Públicas no regime de
contratação integrada, as mesmas regras que obrigam a realização
prévia de estudos de viabilidade técnica e econômica, nesses casos
em momento anterior à elaboração do anteprojeto, de modo a
observar a imposição do art. 3º da Lei 5.917/1973, os §§ 1º e 2º do art.
9º da Lei 12.462/2011 e os princípios da eficiência, da economicidade
e da motivação dos atos administrativos; e
 Acórdão 2215/2016: “Ante o exposto, entende-se que não se pode
utilizar o projeto apresentado a este Tribunal como anteprojeto de
engenharia para fins de contratação integrada do RDC, pois estão
ausentes: (i) justificativa para contratação integrada; e (ii) estudo de
viabilidade aprofundado, de modo a embasar o anteprojeto de
forma adequada”
O que é o anteprojeto?
 Anteprojeto (art. 9o, § 2º, I, LRDC)
 a demonstração e a justificativa do programa de
necessidades, a visão global dos investimentos e as
definições quanto ao nível de serviço desejado;
 as condições de solidez, segurança, durabilidade e prazo de
entrega;
 a estética do projeto arquitetônico; e
 os parâmetros de adequação ao interesse público, à
economia na utilização, à facilidade na execução, aos
impactos ambientais e à acessibilidade

.
O que é o anteprojeto?

 anteprojeto deve conter, quando couber, os seguintes


elementos técnicos (art. 73, § 1º) – inspiração na NBR
13532/1995/ABNT
 concepção da obra ou serviço de engenharia;
 projetos anteriores ou estudos preliminares que
embasaram a concepção adotada; (Contratação
semi-integrada?)
 levantamento topográfico e cadastral;
 pareceres de sondagem; e
 memorial descritivo dos elementos da edificação,
dos componentes construtivos e dos materiais de
construção, de forma a estabelecer padrões
mínimos para a contratação.
O que é o anteprojeto?
 Art. 74, Regulamento: § 4º Os Ministérios supervisores dos órgãos e
entidades da administração pública poderão definir o detalhamento dos
elementos mínimos necessários para a caracterização do anteprojeto de
engenharia. (Incluído pelo Decreto nº 8.080, de 2013)
 Exemplo DNIT (IN n. 09/DG)
 Tráfego;
 Traçado;
 Topografia e modelagem digital do terreno;
 Sondagem do subleito, estudos de empréstimos para
terraplanagem;
 Materiais para pavimentação (cascalheiras, areais, pedreiras)
 Drenagem;
 Bacia Hidrográfica;
 APPs e condicionantes ambientais;
 Relatório de Visita.
O que é o anteprojeto?

 Exemplo DNIT (Edital DNIT 003/2015)


 “As soluções adotadas no Anteprojeto de Pavimentação
(disponibilizado no site do DNIT) são referenciais e poderão
ser alteradas, desde que adotada a solução mais segura,
tanto em termos de espessuras das camadas, como de
desempenho mecanístico. Estas alterações estarão sujeitas à
aceitação e aprovação pelo DNIT”.
 Ex: Troca de Solução de pavimentação
 Análise Mecanística
 A análise comparativa deve contemplar, além do
comportamento tensão x deformação e vida útil, os custos de
manutenção e conservação.
Para validar as propostas, outros métodos de
dimensionamento, além daqueles indicados no Manual de
Pavimentação do DNIT, podem ser utilizados.
O que é o anteprojeto?

 Exemplo Mcid
 Sanamento, habitação, mobilidade urbana

http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosCi
dades/ArquivosPDF/Oficio_CAIXA_-_Orientao_RDC-
Contratao_Integrada.pdf

.
Como estimar custos?

Fonte: Ibraop, 04/2012


Como estimar custos?

 Contratação Integrada – orçamento (art. 9º § 2º, II,


LRDC) – aproxima-se mais da “orçamento preliminar”
do Ibraop n. 004/2012, podendo ser analítico ou
detalhado, parcial ou totalmente
 o valor estimado da contratação será calculado
com base em
 valores praticados pelo mercado
 valores pagos pela administração pública em
serviços e obras similares
 a avaliação do custo global da obra, aferida
mediante orçamento sintético ou metodologia
expedita ou paramétrica
Como estimar custos?

 Acórdão 1465/TCU – preferência por orçamento mais detalhado


quando possível
 “sempre que o anteprojeto, por seus elementos mínimos,
assim o permitir, as estimativas de preço a que se refere o art.
9º, § 2º, inciso II, da Lei 12.462/2011 devem se basear em
orçamento sintético tão detalhado quanto possível, balizado
pelo Sinapi e/ou Sicro, devidamente adaptadas às condições
peculiares da obra, conforme o caso, devendo a utilização de
estimativas paramétricas e a avaliação aproximada baseada em
outras obras similares serem realizadas somente nas frações
do empreendimento não suficientemente detalhadas pelo
anteprojeto, em prestígio ao que assevera o art. 1º, §1º, inciso
IV c/c art. 8º, §§ 3º e 4º, todos da Lei 12.462/2011”
Como estimar custos?

 Exemplo DNIT - IN n. 01/2014 DNIT


 Os orçamentos dos anteprojetos poderão ser estimados por meio das
seguintes metodologias:
 De forma determinística, quando disponíveis quadro de quantidades
de serviços e preços unitários (90%);
 De forma paramétrica, ainda em caráter preliminar, com perspectiva
de aumento na utilização dos itens passíveis de parametrização
(canteiro, alargamento de OAEs, etc...)
 Extrapolação da faixa A da Curva ABC.

.
Como estimar custos?
Como estimar custos?
Como estimar custos?
Como estimar custos?
Como estimar custos? O que são a taxa e a matriz de risco?

 O orçamento determinístico (expedido, paramétrico ou


sintético), deve ser acrescido, quando for o caso, da
taxa de risco (orçamento probabilístico) associada aos
riscos alocados ao contratado na matriz contratual de
risco (regras contratuais que definem a alocação de
riscos entre as partes)
 Risco pode ser entendido pela capacidade de se
mensurar o estado de incerteza de uma decisão
mediante o conhecimento das probabilidades
associadas à ocorrência de determinados resultados ou
valores. É a incerteza precificada.
O que é a matriz de risco?

 Matriz de riscos – acórdãos n. 1310/2013,


1465/2013 e 1510/2013
 “preveja, doravante, nos empreendimentos a
serem licitados mediante o regime de contratação
integrada, previsto no art. 9º da Lei nº
12.462/2011, uma “matriz de riscos” no
instrumento convocatório e na minuta contratual,
de forma a tornar o certame mais transparente,
fortalecendo, principalmente, a isonomia da
licitação (art. 37, XXI, da Constituição Federal;
art. 1º, § 1º, IV, da Lei nº 12.462/2011) e a
segurança jurídica do contrato (art. 5º, XXXVI, da
Constituição Federal);”
O que é a matriz de risco?
 Alocação de risco refere-se à definição da extensão em que
cada parte suporta a variação no valor do projeto resultante
de um fator de risco

 A matriz de risco é uma parte da disciplina contratual de


riscos, que deve estar alinhada em todo o contrato:
 Remuneração
 Reajustes
 Obrigações
 Sistema de equilíbrio econômico-financeiro
 Seguros
 Sanções
 Matriz de Riscos
O que é a matriz de risco?
 A alocação de risco tem por objetivos
 Criar incentivos para as partes gerenciarem bem os riscos e
mitigá-los no caso de ocorrerem eventos que reduzam o valor do
projeto, ampliando o valor dos projetos ou reduzindo seus custos
 Reduzir o custo dos riscos do projeto ao garantir as partes contra
riscos que elas não podem lidar.
 Regra de ouro: Alocar risco a quem pode evitá-lo ou mitigá-lo a um
custo mais baixo
 O princípio base é de que os riscos devem ser alocados de forma a maximizar o
valor do projeto, considerando a habilidade de cada parte de:
 1) influenciar/gerenciar riscos;
 2) antecipar/responder a riscos; e
 3) absorver o risco ao menor custo.
 Não há automatismo na regra de ouro; há trade-offs e riscos que são
relacionados a características do projeto e das instituições que os regulam.
 Devem ser considerados também os custos de transação na alocação de riscos:
estrutura para gerenciamento importa.
O que é a matriz de risco?
 Corolários da regra de ouro..
 Gerenciamento de riscos
 Deve ser dada liberdade para que a parte que assuma o risco possa eleger a melhor
forma de mitigá-lo ou aproveitar seu upside;
 Assim, riscos e direitos/obrigações devem andar juntos.
 Exemplos: projeto, construção e operação
 Mitigação e Resposta a riscos
 Caso não estejam associados diretamente à obrigação, deve-se observar a expertise para
influenciar, em todo o caso, a materialização do risco
 Exemplos: sítio x design; demanda x projeção de demanda; gatilhos e demanda
 Absorção de riscos
 Passar risco para terceiro (seguro, subcontrato, etc.)
 Capacidade de externalizar riscos para a sociedade
 Aversão ao risco dos stakeholders
 Exemplos: seguros privados e autosseguro do Estado.
O que é a matriz de risco?
 Soluções para Matriz de Riscos
 Retenção pela autoridade pública e garantia de reequilíbrio
econômico-financeiro ou transferência para os usuários quando
houver cobrança de tarifas (PPPs e concessões)
 Transferência e retenção pelo contratado
 Transferência para o contratado, com realocação para terceiros
 Subcontratados
 Seguros
 Patrocinadores
O que é a matriz de risco?
 Exemplo: DNIT (edital 003/2015-00):

“24.2. DA MATRIZ DE RISCO


24.2.1. A CONTRATADA é integral e exclusivamente responsável por todos
os riscos relacionados ao objeto do ajuste, inclusive, mas sem limitação,
conforme estabelecido na MATRIZ DE RISCO.
24.2.2. A CONTRATADA não é responsável pelos riscos relacionados ao
objeto do ajuste, cuja responsabilidade é do CONTRATANTE, conforme
estabelecido na MATRIZ DE RISCO.
24.2.3. A Matriz de risco é o instrumento tem o objetivo de definir as
responsabilidades do Contratante e do Contratado na execução do
contrato.”
O que é a matriz de risco?
Tipo de risco Descrição Materialização Mitigação Alocação
Contratação integrada –
responsabilidade da solução de
engenharia do contratado;

Aumento dos custos de Não pagamento se os níveis de


Inadequação para provimento serviço não forem atingidos;
implantação e Contratado
Projeto dos serviços na qualidade,
inadequação dos Contratação de seguro Seguradora
quantidade e custo.
serviços. performance;
Fornecimento dos elementos de
projeto.

Remuneração do risco

Risco de ocorrerem eventos na Atraso no cronograma Contratação Integrada.


Construção/
construção que impeçam o Contratado
Montagem/ Aumento nos custos Seguro risco de engenharia.
cumprimento do prazo ou que Seguradora
Implantação
aumentem os custos. Condições de habilitação

Risco de haver acréscimos nos Atraso no cronograma Contratação Integrada.


volumes de escavação,
necessidade de tratamentos
Remuneração do risco baseada Contratado
Risco Geológico especiais com maior consumo de Aumento dos custos
na avaliação quantitativa. Seguradora
aço ou concreto, ou ainda,
mudança na técnica de
construção prevista. Seguro risco de engenharia.

Acréscimos de serviços Atraso na construção Contratação Integrada.


necessários à estabilização de
taludes (maior abatimento, por Contratado
Risco Geotécnico Remuneração do risco baseada
exemplo); Aumento do Aumento do custo Seguradora
na avaliação quantitativa.
comprimento ou volume nas
fundações. Seguro Risco de Engenharia.

Administração, por meio do


Risco de não obtenção das
Atraso no início das gerenciamento ambiental deve Administração arca com licenças e
licenças, quando do vencimento
obras prover todos os estudos, custos das medidas ambientais.
ou licenças de canteiro e jazidas.
estimando custos.
Licença ambiental Supervisora deve ter o poder de
Necessidade de complementação
/riscos ambientais Atraso no cronograma notificar construtora e paralisar Passivo físico por conta da Construtora.
de estudos.
serviços
Custos com autuações de
Aumento dos custos responsabilidade da construtora serão
por ela arcados
O que é a taxa de risco?
 Taxa de Risco – precedentes Petrobrás - Ac. n. 571 e 572/2013
 Caso Petrobrás – indústria de processos e empresa estatal com atuação
no mercado
 “Nessa modalidade de execução contratual, que se aproxima da empreitada
integral (…), a contratada é responsável pelo fornecimento integral do
objeto, incluindo fornecimento de materiais e equipamentos, construção,
montagem e colocação em operação. (…) A contratada assume ainda, em
regra e dentre outros, os riscos de variação nas quantidades dos itens
contratados, o que minimiza a incidência de aditivos contratuais e
permite maior previsibilidade ao custo final do empreendimento. Pelo
reverso da medalha, a licitante pode precificar esse risco assumido e
embuti-lo em sua proposta”
 “abstenha-se de utilizar intervalo fixo para a faixa de precisão, nos
limites extremos previstos pela AACEI para cada classe de estimativa,
com base somente na classificação da estimativa de custos; (…) promova
a adequada classificação da estimativa de custo do empreendimento, com
vistas à definição de faixa de precisão específica para cada caso(…)
O que é a taxa de risco?
 Taxa de Risco – base legal e regulamentar
 LRDC, art. 9o (MS 33889 STF – Liminar em face da Lei n. 13.190/2015)
 § 5o Se o anteprojeto contemplar matriz de alocação de riscos entre a administração
pública e o contratado, o valor estimado da contratação poderá considerar taxa de
risco compatível com o objeto da licitação e as contingências atribuídas ao
contratado, de acordo com metodologia predefinida pela entidade contratante.
(Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015)

 Taxa de Risco – Decreto n. 8080/2013


 Art. 75 § 1º Na elaboração do orçamento estimado na forma prevista no caput,
poderá ser considerada taxa de risco compatível com o objeto da licitação e as
contingências atribuídas ao contratado, devendo a referida taxa ser motivada de
acordo com metodologia definida em ato do Ministério supervisor ou da entidade
contratante.
 § 2º A taxa de risco a que se refere o § 1º não integrará a parcela de benefícios e
despesas indiretas - BDI do orçamento estimado, devendo ser considerada apenas
para efeito de análise de aceitabilidade das propostas ofertadas no processo
licitatório.
O que é a taxa de risco?
 Exemplo DNIT: Boletim Adm. 01/2014 DG

.
O que é a taxa de risco?
 Exemplo DNIT: IN 01/2014 DG

 Análise quantitativa de riscos da obra, distribuídos pelas


principais famílias que compõem o orçamento, resultando em
cenários para diferentes níveis de confiabilidade
 No caso de indisponibilidade de dados históricos, pode a análise
ser efetuada a partir de dados obtidos na literatura e comitê de
especialistas reunida para avaliação das obras licitadas, que
estabelecem os critérios e definem os dados de probabilidade e
impacto que devem ser utilizados no modelo quantitativo.
 Ao fim do processo analítico, o Comitê de Gestão de Riscos
define a taxa a partir dos cenários apresentados, podendo, com
base nas características da obra e do apetite ao risco, até mesmo
justificar a adoção de níveis distintos de confiabilidade.
O que é a taxa de risco?
 Exemplo DNIT: IN 01/2014 DG

.
Critério de julgamento: posso usar o RDCi com menor preço?
 Originalmente, a Lei obrigava o critério de técnica e preço no
RDCI, o que foi revogado pela Lei n. 12.980/2014
 Para alguns autores, persiste a preferência pela técnica e preço
(Altounian e Cavalcante, 2014), mas a maior parte dos órgãos
públicos tem adotado o menor preço e o TCU já reconheceu essa
possibilidade: .
 “Logo, nada obsta, a partir dessa alteração em diante, a
que esse regime de contratação se dê mediante o uso de
outros critérios de julgamento das propostas, não mais
se limitando à "técnica e preço", cujas condicionantes se
encontram previstas no art. 20 da lei, sendo possível que
contratações integradas se concretizem, a partir de
então, também com o julgamento das propostas
segundo o "menor preço". (Acórdão n. 1.399/2014)
Critério de julgamento: posso usar o RDCi com menor preço?
 “Menor Preço” permite comparar “ex ante” metodologias através do custo e prazo
das obras, cujos efeitos são percebidos no preço ofertado pelo licitante, mas não na
operação do objeto

 Tal distinção foi bem percebida pelo Ministro Benjamin Zymler no Acórdão n.
1850/2015 e no Acórdão 1388/2016:

. o contratante seja efetivamente o mesmo


 “Embora o resultado final para
túnel, ambas as metodologias executivas apresentam consequências bem
distintas em termos de custo e prazo de execução, o que invariavelmente se
refletirá nos preços ofertados à Administração pelas licitantes.”

 É possível que metodologias diversas de execução não interfiram na


qualidade do objeto. Ou seja, interessa à contratante o menor preço dentre
as metodologias possíveis, de forma que seria um contrassenso exigir a
ponderação técnica dessas metodologias, visto que desnecessária.
Critério de julgamento: posso usar o RDCi com menor preço?
 Porém, o TCU tem entendido como necessária a aplicação do
§3o do art. 9o quando o enquadramento do RDCi é no inciso II
do caput (possibilidade de execução com diferentes
metodologias)

 § 3o Caso seja permitida no anteprojeto


. de engenharia a apresentação de
projetos com metodologias diferenciadas de execução, o instrumento
convocatório estabelecerá critérios objetivos para avaliação e
julgamento das propostas.

 “nas licitações pelo regime de contratação integrada enquadradas no


inciso II do art. 9º da Lei 12.462/2011, é obrigatória a inclusão nos
editais de critérios objetivos de avaliação e julgamento de propostas
que contemplem metodologias executivas diferenciadas admissíveis,
em observância ao § 3º daquele artigo;” (Ac. 1388/2016)
Critério de julgamento: posso usar o RDCi com menor preço?
 Ac. 1388/2016 - Posição Ministro Benjamin Zymler

“(…) Nesse novo panorama, o § 3º do art. 9º da Lei 12.462/2011 deve ser


interpretado no sentido de que a pontuação das metodologias de execução deve
ocorrer quando se utilizar o critério de julgamento técnica e preço. Com efeito, é
possível que metodologias diversas de execução não interfiram na qualidade do
objeto. Ou seja, interessa à contratante
. o menor preço dentre as metodologias
possíveis, de forma que seria um contrassenso exigir a ponderação técnica
dessas metodologias, visto que desnecessária. Em outras palavras, exigir
ponderação técnica onde não há necessidade equivaleria a utilizar uma licitação
tipo técnica e preço sem que estejam presentes os pressupostos para tanto.
68. Tratar-se-á, pois, de situação já mencionada anteriormente em que a
intenção de permitir a execução do objeto mediante mais de uma metodologia
tem por escopo aumentar a competitividade e estimular a formulação de
propostas mais vantajosas.
Critério de julgamento: posso usar o RDCi com menor preço?
 Ac. 1388/2016 - Posição Ministra Ana Arraes

 “A prosperar tal proposta, um comando legal estaria tendo sua


aplicação drasticamente restrita, uma vez que a grande maioria
das licitações por CI têm sido por menor preço. O fundamento
de tal restrição requer seja admitido
. que o legislador pretendia
que essa exigência fosse aplicável apenas aos casos de
julgamento por técnica e preço e que, ao excluir, por meio da Lei
12.980/2014, a obrigatoriedade desse tipo de julgamento,
deixou de promover ajuste no § 3º.”
Critério de julgamento: posso usar o RDCi com menor preço?
 Ac. 1388/2016 - Posição Ministro Benjamin Zymler – após considerações
finais da Ministra Ana Arraes

 “25. Pois bem, refletindo acerca do dispositivo mencionado, vislumbro


que ele apenas dispõe que deverá haver um critério objetivo de avaliação
quando o anteprojeto de engenharia. prever a apresentação de projetos com
metodologias diferenciadas de execução.
 26. Ora, esse critério objetivo de avaliação pode ser somente o menor
preço, não implicando necessariamente que se faça uma comparação entre
as diferentes metodologias de execução.
 27. Em sendo assim, entendo que a parte dispositiva da proposta da
Ministra-Relatora é compatível com a preocupação por mim externada no
voto revisor antes apresentado. Nesse sentido, é possível que interesse para
a Administração Pública apenas o menor preço dentre as metodologias
possíveis. Nesse caso, sempre a depender do caso concreto, não seria
exigível a comparação entre essas metodologias quando do julgamento das
propostas.”
Critério de julgamento: como usar a técnica e preço no RDCi?
Editais de órgãos federais privilegiaram pontuação de aspectos objetivos, como
atestados
Acórdão 1510/2013
 no bojo do processo licitatório, o balanceamento conferido para as notas
técnicas das licitantes, como também a distribuição dos pesos para as
parcelas de preço e técnica, em termos
. da obtenção da melhor proposta,
buscando, em razão do que dispõe o § 3o, do art. 9o, da Lei 12.462/11, a
valoração da metodologia ou técnica construtiva a ser empregada e não
somente a pontuação individual decorrente da experiência profissional das
contratadas ou de seus responsáveis técnicos”
Exemplo
 “imagine-se uma cobertura de ginásio de esportes em cidade litorânea. A
administração pode admitir seja executada em estrutura metálica, por
hipótese mais rápida e barata, ou em concreto protendido, em maior prazo e
preço superior. Ao fazer uma avaliação dos gastos que pode ter ao longo dos
anos em tratamento anticorrosivo para a estrutura metálica, o contratante
pode estabelecer em edital que, para efeito de julgamento das propostas, a
solução em concreto gozará de desconto de 5%.”
Como é a aceitação de projetos no RDCi após a licitação?
 Incentivos para redução de custos x risco de deterioração do
objeto

 Decreto 8.080/2013

 Art. 66. (…)


 § 2º No caso da contratação integrada prevista no art. 9º da Lei nº
12.462, de 2011, a análise e a aceitação do projeto deverá limitar-
se a sua adequação técnica em relação aos parâmetros definidos
no instrumento convocatório, em conformidade com o art. 74,
devendo ser assegurado que as parcelas desembolsadas observem
ao cronograma financeiro apresentado na forma do art. 40, § 3º
 § 3º A aceitação a que se refere o § 2º não enseja a assunção de
qualquer responsabilidade técnica sobre o projeto pelo órgão ou
entidade contratante.
Como é a aceitação de projetos no RDCi após a licitação?
Exemplo DNIT – Obras de Arte Especiais

 Atentar para o estudo


hidráulico. Verificar
Pode. Desde que
Posso apresentar possibilidade de erosão quando
as especificações da diminuição do vão central.
uma PROPOSTA  Abunã – BR- 364/RO – De
definidas no balanço sucessivo para estaiada.
de mudança na Motivo: Atestado. Como
anteprojeto/Edital conseguiu compensar o
concepção da ponte?
sejam mantidas. 
investimento? – Fundação.
BR-381/MG – De balanço
sucessivo para treliças com vão
de 54 m (tecnologia europeia).
Consórcio  BR – 277/PR – De estaiada com
DNIT vãos equilibrados para Estaiada
com vãos desequilibrados.
Motivo: fundação.
 Pré moldadas de concreto para
metálicas. Motivo: Logística
(compensa diferença de custo).
Como é a aceitação de projetos no RDCi após a licitação?
 Art. 66.
 § 4º O disposto no § 3º do art. 8º da Lei nº 12.462 não se
aplica à determinação do custo global para execução das
obras e serviços de engenharia contratados mediante o
regime de contratação integrada.

 Acórdão n. 1167/2014: “exija dos vencedores das licitações realizadas sob


o Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC, quando escolhida
a forma de contratação integrada, a apresentação, nos projetos básicos,
das composições de custo unitário dos serviços que não constem no
Sicro, para que seja viável a análise do cronograma físico e dos critérios de
aceitabilidade de preços da obra, bem como a retroalimentação do seu
sistema de custos, em atenção ao disposto no § 1º do art. 1º da Lei
12.462/2011”.

 A posição de Cavalcanti e Altounian (2014): composições sem


preços
Posso atribuir o licenciamento ambiental ao contratado?
 Resolução n. 237/1997 – CONAMA

 Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do


empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a
serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;

 Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade


de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos
aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da
qual constituem motivo determinante;

 Licitação com projeto básico - Lei n. 8.666/1993: (art. 6º, IX)


“conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão
adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou
serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos
técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado
tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a
avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de
execução, devendo conter os seguintes elementos”
Posso atribuir o licenciamento ambiental ao contratado?

 Acórdão n. 516/2013 – TCU – Plenário – Projeto Básico apenas após


obtenção da LP
 “o projeto básico deve ser feito depois da obtenção da licença prévia pelo
empreendedor. Assim, evitam-se desperdícios de recursos públicos com
eventuais alterações nos projetos básico e executivo e em conseqüentes
repactuações de contratos de obras públicas. Não se vislumbra óbice a que
o projeto básico seja feito concomitantemente às gestões para a obtenção
da licença prévia, desde que a sua finalização ocorra depois de a licença
prévia haver sido concedida. Assim, enquanto o empreendedor realiza as
gestões prescritas na legislação para a aquisição da licença prévia, elabora-
se o projeto básico, na parte que não dependa de definições emanadas da
licença. Já os itens do projeto que dependam de atributos do
empreendimento a serem definidos na licença prévia, como a localização,
a concepção tecnológica e os requisitos ambientais (medidas mitigadoras e
compensatórias), são feitos depois do licenciamento prévio”
 9.2.3.1. a contratação de obras com base em projeto básico elaborado
sem a existência da licença prévia, conforme art. 2º, § 2º, inciso I e art.
12, ambos da Lei nº 8.666/93 c/c o art. 8º, inciso I, da Resolução Conama
nº 237/97;
Posso atribuir o licenciamento ambiental ao contratado?
 RDCi: mudança de paradigma – o que fazer?
 Precedentes: Lei das PPPs (Lei n. 11.079/2004)
 Art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida
de licitação na modalidade de concorrência, estando a abertura do
processo licitatório condicionada a:
 (...)
 VII – licença ambiental prévia ou expedição das diretrizes para o
licenciamento ambiental do empreendimento, na forma do
regulamento, sempre que o objeto do contrato exigir.
Posso atribuir o licenciamento ambiental ao contratado?

 RDCi: mudança de paradigma – o que fazer?


 Concessões rodoviárias – Licenças Prévias e de Instalação após o leilão
 Modelo 1ª e 2ª Etapas: licenciamento é risco da concessionária
 Modelo PIL: licenciamento é risco do Poder Concedente – Acórdão
1974/2013
“As dificuldades inerentes ao processo de licenciamento ambiental
torna o cenário propício a disputas de vários interesses difusos que
não propriamente público. Nos casos em que, para as
concessionárias, postergar investimentos é benéfico para o fluxo de
caixa presente, não há incentivo para atender as exigências
ambientais, inclusive transferindo para os órgãos públicos a culpa pela
não obtenção da licença. Mostrou-se, portanto, que a premissa
adotada, até então, de que o setor privado deve ser responsável pelo
licenciamento ambiental está equivocada em alguns aspectos.”
Posso atribuir o licenciamento ambiental ao contratado?

 RDCi: mudança de paradigma – o que fazer?


 Concessões rodoviárias – Licenças Prévias e de Instalação após o leilão
 Modelo 1ª e 2ª Etapas: licenciamento é risco da concessionária
 Modelo PIL: licenciamento é risco do Poder Concedente – Acórdão
1974/2013
“As dificuldades inerentes ao processo de licenciamento ambiental
torna o cenário propício a disputas de vários interesses difusos que
não propriamente público. Nos casos em que, para as
concessionárias, postergar investimentos é benéfico para o fluxo de
caixa presente, não há incentivo para atender as exigências
ambientais, inclusive transferindo para os órgãos públicos a culpa pela
não obtenção da licença. Mostrou-se, portanto, que a premissa
adotada, até então, de que o setor privado deve ser responsável pelo
licenciamento ambiental está equivocada em alguns aspectos.”
Posso atribuir o licenciamento ambiental ao contratado?

 Modelo PIL: licenciamento é risco do Poder Concedente – Acórdão


1974/2013
“Se é o Poder Concedente que identificou a necessidade de duplicação
das rodovias em tempo exíguo por entender que há uma infraestrutura
deficitária no país e dado o histórico da relação entre o setor privado e os
órgãos ambientais, então a capacidade de lidar com os vários órgãos públicos
intervenientes no processo inicial de licenciamento ambiental é melhor gerido
e coordenado pelo próprio setor público.
pós análise realizada por esta equipe, considerou-se temeroso que os riscos
de obtenção das licenças ambientais ficassem a cargo da futura
concessionária, em vista dos exíguos prazos de execução das duplicações
das rodovias. Em face do disposto, foi sugerido que o setor público fosse
responsável pela emissão da licença de instalação para as concessões
rodoviárias”
Posso atribuir o licenciamento ambiental ao contratado?

 Como fazer no RDCi?


 Impacto ambiental e sua modelagem deve ser objeto de análise na etapa de
anteprojeto para definição dos “parâmetros de adequação aos impactos
ambientais” e da “concepção da obra”
 Lei RDC, art. 9º,§2º, I: o instrumento convocatório deverá conter anteprojeto de
engenharia que contemple os documentos técnicos destinados a possibilitar a
caracterização da obra ou serviço, incluindo: (...) d) os parâmetros de adequação
ao interesse público, à economia na utilização, à facilidade na execução, aos
impactos ambientais e à acessibilidade;
 Dec. 7581/2011 - Art. 74 §1o Deverão constar do anteprojeto, quando couber,
os seguintes documentos técnicos: I - concepção da obra ou serviço de
engenharia;
Posso atribuir o licenciamento ambiental ao contratado?

 Como fazer no RDCi?


 Legalmente, LP não é obrigatória para a licitação, mas para aprovação
da localização e concepção do empreendimento definidos no projeto
básico. É condição de contorno, mas dependente do escopo da
licitação.
 Pode ser vantajoso o desenvolvimento concomitante, pois o projeto
pode identificar alternativas tecnológicas mitigadores de impacto
ambiental.
 Contudo, as condições/riscos do caso concreto devem indicar o nível
de detalhamento ambiental para o anteprojeto
 As seguintes alternativas podem ser consideradas:
 Termo de Referência
 Avaliação ambiental sobre localização e concepção da obra
 Estudo ambiental
 LP
Posso atribuir o licenciamento ambiental ao contratado?

 Como fazer no RDCi?


 Nos casos em que houver risco razoável relativo a localização e concepção da
obra, pode ser mais adequada a emissão anterior da LP
 Em todos os casos, deve-se disciplinar as consequencias de emissão de LP com
novas condições de localização ou concepção da obra – de quem é o risco de
eventuais custos adicionais? Em caso de mudança do objeto original (alteração
da concepção da obra ou dos níveis de serviços), o contrato deve ser mantido
ou rescindido apenas com a entrega do projeto?
 Outros aspectos:
 Quem deve realizar os estudos (LP) e programas (LI)
 Quem é o empreendedor (riscos de atraso e responsabilidade ambiental)
Posso atribuir a desapropriação e reassentamentos ao contratado?

 O Decreto-Lei n. 3.365/1941 não prevê a possibilidade de delegar desapropriação


em contratos comuns
 A MP N. 700/2015 previu essa possibilidade, mas não foi convertida em Lei:
“Art. 3º Poderão promover a desapropriação mediante autorização expressa
constante de lei ou contrato:
(...)
IV – o contratado pelo Poder Público para fins de execução de obras e serviços de
engenharia sob os regimes de empreitada por preço global, empreitada integral e
contratação integrada.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no inciso IV do caput, o edital deverá prever
expressamente:
I – o responsável por cada fase do procedimento expropriatório;
II – o orçamento estimado para sua realização; e
III – a distribuição objetiva de riscos entre as partes, incluído o risco pela variação
do custo das desapropriações em relação ao orçamento estimado.” (NR)
Posso atribuir a desapropriação e reassentamentos ao contratado?

 Permanece lícito delegar atividades materiais (cadastros, laudos, etc.)


 Exemplo DNIT – desapropriação

DNIT no Edital n. 165/2013:


“A contratada, de posse do levantamento topográfico fornecido pelo DNIT no
Anteprojeto, atualizará e deverá elaborar o projeto de desapropriação incluindo a
fichas para desapropriação, de acordo com os manuais e normas vigentes das
ocupações da faixa de domínio e das áreas de ocorrências a que vier usar, bem
como todo o cadastro de Proprietários.
(...) A elaboração do projeto envolverá a execução dos seguintes serviços:
identificação da faixa de domínio, cadastro dos imóveis, levantamento das
benfeitorias, levantamento topográfico, memorial descritivo, relatório fotográfico
dos imóveis e benfeitorias, avaliação estimativa dos imóveis e benfeitorias e coleta
de documentação mínima dos imóveis e respectivos proprietários/posseiros.”
Posso atribuir a desapropriação e reassentamentos ao contratado?

 Exemplo DNIT – reassentamento

Edital n. 537/2013 do DNIT

“A construção das unidades habitacionais, bem como a infraestrutura incidente, serão


custeadas pelo Fundo de Arrendamento Residencial – FAR, por meio do Programa
Minha Casa Minha Vida. A contratada será responsável por viabilizar o
empreendimento habitacional junto a instituição financeira indica da pela DNIT.
Caso reste inviável a contratação pelo FAR em decorrência das metas do Programa
Minha Casa Minha Vida, caberá ao DNIT arcar com os custos decorrentes.
Os custos relativos a infraestrutura não incidente da produção habitacional, ou seja,
não contemplada no Programa Minha Casa Minha Vida, bem como aqueles relativos à
construção de equipamentos públicos que os estudos indicarem como necessários,
integrarão a matriz de riscos do DNIT”
Posso atribuir a manutenção e operação ao contratado?

 Art. 9º “elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a


execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a realização de
testes, a pré-operação e todas as demais operações necessárias e
suficientes para a entrega final do objeto”.
 Conceito técnico de serviços de engenharia contempla manutenção e
operação
 Norma Técnica do Instituto de Engenharia IE 01/2011 e
 Serviços considerados próprios de engenheiro da Resolução n. 218/73
do CONFEA
 Precedente: Controle de Peso no DNIT (ex. Edital n. 129/14-00)
 E o prazo? A posição de Prado e Engler (2012)
Cabe reequilíbrio econômico-financeiro nos RDCis?
 Art. 9º ... § 4o Nas hipóteses em que for adotada a contratação integrada, é vedada a
celebração de termos aditivos aos contratos firmados, exceto nos seguintes casos:
 I - para recomposição do equilíbrio econômico-financeiro decorrente de caso fortuito ou
força maior; e

 Doutrina e jurisprudência têm relativizado alcance da restrição do inciso I, para privilegiar


alocação de riscos contratual
 Ribeiro, Prado e Engler (2013): “As hipóteses de recomposição do reequilíbrio
econômico-financeiro devem ser, na verdade, pelo menos um espelho dos riscos que
tenham sido alocados ao Poder Público”.
 Justen Filho (2014): “A disciplina literal do dispositivo deve ser interpretada em termos. O
dispositivo em questão aplica-se relativamente aos temas que foram objeto de proposta
do particular. Reiterando-se o que se afirmou, o particular assume apenas os riscos
pertinentes às escolhas realizadas”.
 TCU: matriz de riscos (Ac. 1510/2013): “Quando essa distribuição de responsabilidades
não é clara, além de não haver perfeitas condições para a formulação das propostas, a
situação expõe a contratação em um ambiente forte de instabilidade e insegurança
jurídica” (...). Depreende-se, pois, a indispensabilidade de clarear as regras da pactuação.
Essas informações, tendo em vista impactarem relevantemente as expectativas de
despesa das contratadas, são mandatórias”
 Como reequilibrar contratos quando cronogramas forem atrasados por falta de recursos
(risco OGU)?
Alguns achados sobre RDCi - Infraero

 Infraero
 Média de participação de 2,6 consórcios, sem descontos
 Duas das três licitações foram inicialmente desertas
 Aprovação de projetos não atrasou início de obras
 Três obras concluídas (STE Várzea Grande, TPS 3 de Confins/MG e São José do
Pinhais/PR)
 Contrasta com baixo nível de conclusão de obras licitadas em outros regimes
(Fortaleza, Galeão, Confins, Florianópolis), com exceção de Manaus

 DNIT
 Normatização ampla (Anteprojeto, Modelagem de Risco e Aceitação de Projetos)
 Média de participação de 4 consórcios, com desconto médio de 3,6%, contra 7 em
Concorrências, com desconto médio de 4,9%
 Aprovação de projetos atrasou início de obras em alguns casos (BR-381, BR-163)
 Duas obras concluídas com prazo inferior ao previsto (Instalações de Fronteira da
BR-156/AP e Condomínio da BR-319/AM/RO).
 Algumas obras com cronograma adiantado (túneis da BR-381/MG, BR-101/PE, BR-
163/MT).
 Contingenciamento limita achados de 2015/2016
Estimativa de custos em obras e serviços de
engenharia
Das regras para a estimativa dos custos de obras e serviços de engenharia

 Antecedentes históricos
 Lei n. 8.666/1993
 A orçamentação detalhada do custo global da obra, em planilhas que
expressem a composição todos os seus custos unitários, integra o projeto
básico e é condição para a a abertura do procedimento licitatório, aplicando-se
a qualquer regime de empreitada previsto na Lei (art. 6º; IX, “f” e 7º, §2º, II);
 O Edital deve prever critério de aceitabilidade de preços unitário e global,
conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos. A Lei veda “faixas de
variação em relação a preços de referência”, mas não estabelece que o critério
de aceitabilidade corresponda necessariamente ao orçamento estimado,
detalhado no projeto básico da obra (art. 40, XI)
 As propostas devem guardar conformidade com preços de mercado da obra
(art. 43, IV)
Das regras para a estimativa dos custos de obras e serviços de engenharia

 Antecedentes históricos
 Entendimentos TCU – orçamento e BDI
 Critérios de aceitabilidade: Súmula 259: “...a definição do critério de
aceitabilidade dos preços unitários e global, com fixação de preços máximos
para ambos, é obrigação e não faculdade do gestor” - Obs: Existência de
preços unitários acima de mercado não implica necessariamente sobrepreço se
o preço global estiver de acordo com preços de mercado (Acórdãos n.
1306/2004 2137/2005, 285/2007, 387/2008, 1064/2009)
 BDI: Acórdão 325/2007 - O gestor público deve exigir dos licitantes o
detalhamento da composição do BDI e dos respectivos percentuais praticados.
Itens passíveis de inclusão na planilha de custos diretos, tais como
administração local, canteiro de obras, mobilização e desmobilização, não
devem compor o percentual do BDI.
 BDI diferenciado: súmula 253: os itens de fornecimento de materiais e
equipamentos de natureza específica que possam ser fornecidos por empresas
com especialidades próprias e diversas e que representem percentual
significativo do preço global da obra devem apresentar incidência de taxa de
(...) BDI reduzida em relação à taxa aplicável aos demais itens.
 Acórdãos n. 2369/2011 e 2622/2013 - Parâmetros referenciais de BDI para
diversos tipos e portes de obra
Das regras para a estimativa dos custos de obras e serviços de engenharia

 Antecedentes históricos
 Entendimentos TCU – aditivos
 “existirá o “jogo de planilha” sempre que o conjunto probatório constante dos
autos permita inferir o intuito de burlar a licitação e alterar, em desfavor do
erário, as condições econômico-financeiras originalmente estabelecidas. (...) A
solução jurídica para corrigir as distorções causadas pelo “jogo de planilha”
deriva diretamente do texto constitucional, que preconiza, no art. 37, inciso
XXI, que devem ser mantidas as condições efetivas da proposta contratada
mediante licitação pública.” (Acórdão n. 1755/2004)

 O método de reequilíbrio após aditivos


 Método do balanço x método do desconto (Acórdão n. 1755/2004):
créditos/débitos absolutos versus manutenção da vantagem relativa
 O método do desconto na LDO: do relativo ao absoluto
Das regras para a estimativa dos custos de obras e serviços de engenharia

 Antecedentes históricos – LDOs

 LDO de 2002 - CUB do Sindicato da Indústria da Construção + 30%, custos não


previstos no CUB e restrito a obras de construção de prédios públicos;
 LDO de 2013 – Sinapi + 30%, aplicável a todas as obras com recursos federais;
 A partir de LDO 2004 – Mediana do Sinapi em todas as obras com recursos federais
 A partir de LDO 2010 – Sicro para as obras rodoviárias com recursos federais
 A partir de 2011 – regras sobre aditivos e BDI
Das regras para a estimativa dos custos de obras e serviços de engenharia

 Antecedentes históricos – Poder Executivo preocupado com insegurança jurídica da


LDO
 Decreto 7.983/2013
 Estabeleceu regras e critérios para elaboração do orçamento de referência de
obras e serviços de engenharia, contratados e executados com recursos dos
orçamentos da União
 O custo global de obras e serviços de engenharia deverá ser obtido a partir de
custos unitários de insumos ou serviços menores ou iguais à mediana de seus
correspondentes ao Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil (Sinapi), no caso de construção civil em geral, ou na tabela do
Sistema de Custos de Obras Rodoviárias (Sicro), no caso de obras e serviços
rodoviários.
 Regras especiais sobre aceitabilidade de preços e aditivos para EPG e EPI
coerentes com Decreto 7.581/2011, com limite de 10% para EPU e EPI e regra
do desconto em quaisquer aditivos
 Não alcança RDCi:
 “Art. 18. elaboração do orçamento de referência e o custo global das obras
e serviços de engenharia nas contratações regidas pela
Lei nº 12.462, de 04 de agosto de 2011, obedecerão às normas específicas
estabelecidas no Decreto n. 7.581, de 11 de outubro de 2011.”
Das regras para a estimativa dos custos de obras e serviços de engenharia

 LRDC afastou propostas acima de orçamento estimado


 Art. 24. Serão desclassificadas as propostas que:
 (...)
 III - apresentem preços manifestamente inexequíveis ou permaneçam acima do
orçamento estimado para a contratação, inclusive nas hipóteses previstas no art. 6o
desta Lei;

 Incorporou regras então previstas na LDO, com poucas inovações (ex. EPU/tarefa: itens
materialmente relevantes)
Das regras para a estimativa dos custos de obras e serviços de engenharia

 LRDC
 § 3o O custo global de obras e serviços de engenharia deverá ser obtido a partir de
custos unitários de insumos ou serviços menores ou iguais à mediana de seus
correspondentes ao Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da
Construção Civil (Sinapi), no caso de construção civil em geral, ou na tabela do
Sistema de Custos de Obras Rodoviárias (Sicro), no caso de obras e serviços
rodoviários.

 § 4o No caso de inviabilidade da definição dos custos consoante o disposto no § 3o


deste artigo, a estimativa de custo global poderá ser apurada por meio da utilização
de dados contidos em tabela de referência formalmente aprovada por órgãos ou
entidades da administração pública federal, em publicações técnicas especializadas,
em sistema específico instituído para o setor ou em pesquisa de mercado.

 § 6o No caso de contratações realizadas pelos governos municipais, estaduais e do


Distrito Federal, desde que não envolvam recursos da União, o custo global de obras
e serviços de engenharia a que se refere o § 3o deste artigo poderá também ser
obtido a partir de outros sistemas de custos já adotados pelos respectivos entes e
aceitos pelos respectivos tribunais de contas.
Das regras para a estimativa dos custos de obras e serviços de engenharia

 Regulamento RDC – EPU e tarefa


 Nas empreitadas por preço unitário e tarefa, aplicam-se os critérios de
aceitabilidade unitário e global, mas com uma flexibilidade: aplicação aos itens
materialmente relevantes do orçamento

 Art. 42... - § 2o No caso de adoção do regime de empreitada por preço unitário ou


de contratação por tarefa, os custos unitários dos itens materialmente relevantes
das propostas não podem exceder os custos unitários estabelecidos no orçamento
estimado pela administração pública, observadas as seguintes condições:
 I - serão considerados itens materialmente relevantes aqueles de maior
impacto no valor total da proposta e que, somados, representem pelo
menos oitenta por cento do valor total do orçamento estimado ou que
sejam considerados essenciais à funcionalidade da obra ou do serviço de
engenharia; e (Redação dada pelo Decreto nº 8.080, de 2013)
 II - em situações especiais, devidamente comprovadas pelo licitante em
relatório técnico circunstanciado aprovado pela administração pública,
poderão ser aceitos custos unitários superiores àqueles constantes do
orçamento estimado em relação aos itens materialmente relevantes,
sem prejuízo da avaliação dos órgãos de controle, dispensada a
compensação em qualquer outro serviço do orçamento de referência;
(Redação dada pelo Decreto nº 8.080, de 2013)
Das regras para a estimativa dos custos de obras e serviços de engenharia
 Regulamento RDC – EPG e Empreitada Integral
 Nas empreitadas por preço preço global e integral, critério de aceitabilidade por
etapa e global, seguindo norma das LDOs e do Decreto n. 7.983/2013

 Art. 42...
 § 4o No caso de adoção do regime de empreitada por preço global ou de
empreitada integral, serão observadas as seguintes condições:
 I – no cálculo do valor da proposta, poderão ser utilizados custos unitários
diferentes daqueles previstos nos §§ 3o, 4o ou 6o do art. 8o da Lei no
12.462, de 2011, desde que o valor global da proposta e o valor de cada
etapa prevista no cronograma físico-financeiro seja igual ou inferior ao valor
calculado a partir do sistema de referência utilizado;
 II - em situações especiais, devidamente comprovadas pelo licitante em
relatório técnico circunstanciado, aprovado pela administração pública, os
valores das etapas do cronograma físico-financeiro poderão exceder o limite
fixado no inciso I; e
 Regulamento RDC – Contratação Integrada
 Na contratação integrada, devem ser adotados critérios de aceitabilidade por etapa,
estabelecidos de acordo com o orçamento estimado na forma prevista no
art. 9º da Lei nº 12.462, de 2011, e compatíveis com o cronograma físico do objeto
licitado.
Das regras para a estimativa dos custos de obras e serviços de engenharia

 Regulamento RDC – Aditivos quantitativos


 EPU e Tarefa
 Segue o limite da Lei 8.666/1993
 EPG e Integral
 As alterações contratuais sob alegação de falhas ou omissões em qualquer das
peças, orçamentos, plantas, especificações, memoriais ou estudos técnicos
preliminares do projeto básico não poderão ultrapassar, no seu conjunto, dez
por cento do valor total do contrato.
 Contratação Integrada
 Não há aditivos quantitativos

 Em todos os casos, mantém-se a regra do desconto: § 7º A diferença percentual


entre o valor global do contrato e o valor obtido a partir dos custos unitários do
orçamento estimado pela administração pública não poderá ser reduzida, em favor
do contratado, em decorrência de aditamentos contratuais que modifiquem a
composição orçamentária...
 Porém... Decreto n. 7.983/2013 prevê exceção no caso de EPU e EI: “... a diferença
(...) poderá ser reduzida para a preservação do equilíbrio econômico-financeiro do
contrato em casos excepcionais e justificados, desde que os custos unitários dos
aditivos contratuais não excedam os custos unitários do sistema de referência
utilizado na forma deste Decreto, assegurada a manutenção da vantagem da
proposta vencedora ante a da segunda colocada na licitação”
Das regras para a estimativa dos custos de obras e serviços de engenharia

 Regulamento RDC – Aditivos quantitativos

 Em todos os casos, mantém-se a regra do desconto: § 7º A diferença percentual


entre o valor global do contrato e o valor obtido a partir dos custos unitários do
orçamento estimado pela administração pública não poderá ser reduzida, em favor
do contratado, em decorrência de aditamentos contratuais que modifiquem a
composição orçamentária...

 Porém... Decreto n. 7.983/2013 prevê exceção no caso de EPU e EI: “... a diferença
(...) poderá ser reduzida para a preservação do equilíbrio econômico-financeiro do
contrato em casos excepcionais e justificados, desde que os custos unitários dos
aditivos contratuais não excedam os custos unitários do sistema de referência
utilizado na forma deste Decreto, assegurada a manutenção da vantagem da
proposta vencedora ante a da segunda colocada na licitação”

 No caso do RDCi, pode-se entender que como os aditivos serão qualitativos,


também se aplicaria a exceção.
EPU/tarefa EPG/EPI Contratação Integrada
Das regras para a estimativa dos custos de obras e serviços de engenharia

Orçamentação analítica (sicro Aplica Aplica Depende do nível de


e sinapi) detalhamento. Para TCU,
sempre que possível (Ac.
1510/2013)

Critério de preço unitário Aplica para cada Aplica por etapa, Depende do nível de
custo unitário podendo haver detalhamento
materialmente variações em cada
relevante etapa

Critério por etapa Não Aplica Aplica

Critério preço global Aplica Aplica Aplica

Aditivo quantitativo 25% 10% Não se aplica


25% outros casos

Regra do desconto em Aplica Aplica, com exceção Aplica, mas há dúvida sobre
aditivos do art. 14, Parág. exceções – analogia com art.
Único do Dec. 14?
7.983/2013
Remuneração variável
Da utilização da remuneração variável

 Antecedentes históricos
 Concessões de serviços público
 Objetivo de estimular desempenho do contratado sem vínculo a processo
sancionatório
 Remuneração vinculada a desempenho (descontos de reequilíbrio nas
concessões rodoviárias)

 Lei das PPPs (Lei n. 11.079/2004)


 Art. 6º. § 1o O contrato poderá prever o pagamento ao parceiro privado de
remuneração variável vinculada ao seu desempenho, conforme metas e
padrões de qualidade e disponibilidade definidos no contrato.

 Portaria n. 008/2008 SLTI/MPOG


 Art. 11. A contratação de serviços continuados deverá adotar unidade de
medida que permita a mensuração dos resultados para o pagamento da
contratada, e que elimine a possibilidade de remunerar as empresas com base
na quantidade de horas de serviço ou por postos de trabalho.

 Contratação de supervisoras pelo DNIT


Da utilização da remuneração variável
 Lei RDC
 Art. 10. Na contratação das obras e serviços, inclusive de engenharia, poderá ser
estabelecida remuneração variável vinculada ao desempenho da contratada, com
base em metas, padrões de qualidade, critérios de sustentabilidade ambiental e
prazo de entrega definidos no instrumento convocatório e no contrato.

 Parágrafo único. A utilização da remuneração variável será motivada e respeitará o


limite orçamentário fixado pela administração pública para a contratação.

 Decreto RDC, art. 70


§ 1o A utilização da remuneração variável respeitará o limite orçamentário fixado
pela administração pública para a contratação e será motivada quanto:
I - aos parâmetros escolhidos para aferir o desempenho do contratado;
II - ao valor a ser pago; e
III - ao benefício a ser gerado para a administração pública.
§ 2o Eventuais ganhos provenientes de ações da administração pública não serão
considerados no cômputo do desempenho do contratado.
§ 3o O valor da remuneração variável deverá ser proporcional ao benefício a ser
gerado para a administração pública.
§ 4o Nos casos de contratação integrada, deverá ser observado o conteúdo do
anteprojeto de engenharia na definição dos parâmetros para aferir o desempenho
do contratado.
Qual a aplicação da remuneração variável?

 Aplicável tanto a contratos de prestação de serviços quanto a obras de engenharia

 Marçal Justen Filho: “uma solução adequada para as hipóteses em que a natureza e as
circunstâncias comportem níveis variados de satisfação ao interesse administrativo” (p.
207)

 Prevenções
 Remuneração variável pode substituir ineficácia de processo sancionatório, porém,
há o risco, em tese, de admissão de níveis de serviço mais baixos sem rescisão do
respectivo contrato – risco de seleção adversa

 Necessária calibragem adequada, pois remuneração variável não é punição, mas


garantia de equilíbrio econômico-financeiro do contrato e incentivo ao desempenho
do contratado
 Concessões de Rodovias: obras no final da concessão alteram calibragem do
desconto de reequilíbrio
 Contratos de supervisão DNIT: desempenho da contratada não assegura
pagamento de custos fixos mínimos da supervisora. Mudança de modelo pelo
DNIT
Limite orçamentário e remuneração variável

 Créditos orçamentários devem ser suficientes para suprir valor com nota máxima do
contratado

 Problemas comuns
 Dotações genéricas para certo tipos de contratos, com empenho insuficiente
 Dotações insuficientes para o conjunto de obrigações, com recurso a
remanejamento como forma de alocar recursos a contratos que tenham adequado
andamento
Exemplo: concessão de rodovias federais

 Exemplo Concessões Rodoviárias Federais


 Fatores de desconto e de acréscimo baseados no cumprimento de parâmetros de
desempenho baseados em qualidade e prazos mínimos conforme estabelecido no
contrato
 Recuperação e Manutenção
 Ampliação de Capacidade
 Periodicidade anual
 Aplicação por km ou unidade de medida
 Definição de % com base nos estudos preliminares
 Definição de % máximos de variação
 Não é mecanismo sancionatório ou de bonificação, mas de reequilíbrio econômico-
financeiro do contrato
 “O Desconto de Reequilíbrio não constitui espécie de penalidade imposta à
Concessionária, mas sim mecanismo para desonerar os usuários do Sistema
Rodoviário. Pressupõe que, se o serviço público prestado na Concessão estiver
em desconformidade com as condições estabelecidas no Contrato e no PER, tal
serviço não deve ser remunerado em sua integralidade.”
Qual a aplicação da remuneração variável?
Exemplo: PPP Minas Gerais

 Exemplo PPP Mineirão


 Nota de desempenho calculada de acordo com 4 fatores
 Qualidade – pesquisa de satisfação de usuários (torcedor, clube, federação)
 Disponibilidade – verificação da infraestrutura disponível de acordo com
parâmetros contratuais
 Conformidade – cumprimento de normas de segurança, meio ambiente e
apresentação de Relatório
 Financeiro – índice financeiro realizado (margem operacional) em relação ao
previsto
 Definição de fórmula para nota geral: ID = (IC)*(IF)*[0,6*(IQ) + 0,4*(IDI)]

 Verificador Independente para aferição da nota trimestralmente

 Nota é aplicável sobre parcela variável, não sobre a remuneração total, formada por
parcela fixa necessária ao cumprimento das obrigações de financiamento da
concessionária
Exemplo: DNIT Supervisão
 Exemplo Supervisão DNIT
 Edital n. 258/2012 – pagamento vinculado a desempenho da contratada, sem
parcela fixa. Posteriormente, definição de equipe fixa
“O valor mensal a preços iniciais (PI) a ser medido pela supervisora, será sempre
igual ao percentual obtido pela relação entre o valor total proposto pela
consultora a preços iniciais (PI) para supervisionar a(s) obra(s) e o valor total pro
posto pela construtora a preços iniciais (PI) para executar as obras do objeto
contratado, multiplicado pelo valor mensal a preços iniciais (PI) correspondente
aos serviços executados e medidos, no período, pela construtora.”
 Análise TCU (Ac. 3341/2012)
 “a 1ª Secex concluiu que é inadequado o modelo de remuneração estabelecido
no edital. Entendeu ser considerável o risco de que não haja isenção na
fiscalização dos trabalhos executados, tendo em vista que a condição para a
remuneração da supervisora é a aprovação dos serviços realizados pela
construtora” ... ”Concordo que existem riscos inerentes ao novo modelo
adotado pelo Dnit. Entretanto, conforme relatou a própria autarquia, sua
formulação decorreu de uma série de problemas gerados pelo formato
anteriormente utilizado na maioria das licitações dessa natureza. Anoto que
algumas dessas falhas foram apontadas pelo próprio TCU, como é o caso da
continuidade de pagamentos à supervisora, mesmo com a diminuição do ritmo
ou paralisação da obra fiscalizada.”
Contratação simultânea
Contratação simultânea
 Lei RDC

 Art. 11. A Administração Pública poderá, mediante justificativa expressa, contratar mais
de uma empresa ou instituição para executar o mesmo serviço, desde que não implique
perda de economia de escala, quando:
 I - o objeto da contratação puder ser executado de forma concorrente e simultânea
por mais de um contratado; ou
 II - a múltipla execução for conveniente para atender à Administração Pública.
 § 1o Nas hipóteses previstas no caput deste artigo, a Administração Pública deverá
manter o controle individualizado da execução do objeto contratual relativamente a
cada uma das contratadas.
 § 2o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos serviços de engenharia.

 Regulamento não inova, mas define que requisitos dos incisos I e II são cumulativos:
 Art. 71. A administração pública poderá, mediante justificativa, contratar mais de
uma empresa ou instituição para executar o mesmo serviço, desde que não implique
perda de economia de escala, quando:
 I - o objeto da contratação puder ser executado de forma concorrente e simultânea
por mais de um contratado; e
 II - a múltipla execução for conveniente para atender à administração pública.
 Parágrafo único. A contratação simultânea não se aplica às obras ou serviços de
engenharia.
Contratação simultânea - requisitos

 Justificativa expressa
 Requisitos: possibilidade de prestações concorrentes e simultânea e conveniência da
Administração

 É faculdade (poderá no caput) e conveniência no inciso II

 Não há consórcio nem solidariedade, mas atuação concorrente

 Não se confunde com parcelamento do objeto: neste caso, o objeto é dividido; na


simultânea, sua prestação que o é.

 Critérios de concorrência e simultâneadade pressupõe prestação para atendimento


à mesma demanda, com divisibilidade da prestação do objeto, e com a mesma
vigência (pelo menos parcialmente)

 Embora não haja fracionamento do objeto, justificativa é similar: não deve haver
economia de escala (redução do custo marginal no caso de produção por um único
fornecedor – casos com elevado custo fixo)

 Vedado para obras e serviços de engenharia


Contratação simultânea - requisitos

 Alguns critérios
 Custos – custos fixos baixos, atendimento mais econômico com múltiplos
prestadores
 Prazo – garantia de fornecimento com múltiplos prestadores
 Acesso a diferentes fornecedores – possibilidade de estimular concorrência
entre fornecedores

 Alguns exemplos
 Telefonia fixa de longa distância, permitindo o uso de diferentes tarifas em
horários determinados
 Passagem aérea
Contrato de eficiência
Contrato de eficiência

 Lei RDC

 Art. 23. No julgamento pelo maior retorno econômico, utilizado exclusivamente para a
celebração de contratos de eficiência, as propostas serão consideradas de forma a
selecionar a que proporcionará a maior economia para a administração pública
decorrente da execução do contrato.
 § 1o O contrato de eficiência terá por objeto a prestação de serviços, que pode incluir a
realização de obras e o fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia
ao contratante, na forma de redução de despesas correntes, sendo o contratado
remunerado com base em percentual da economia gerada.
 § 2o Na hipótese prevista no caput deste artigo, os licitantes apresentarão
propostas de trabalho e de preço, conforme dispuser o regulamento.
 § 3o Nos casos em que não for gerada a economia prevista no contrato de eficiência:
 I - a diferença entre a economia contratada e a efetivamente obtida será descontada da
remuneração da contratada;
 II - se a diferença entre a economia contratada e a efetivamente obtida for superior à
remuneração da contratada, será aplicada multa por inexecução contratual no valor da
diferença; e
 III - a contratada sujeitar-se-á, ainda, a outras sanções cabíveis caso a diferença entre a
economia contratada e a efetivamente obtida seja superior ao limite máximo
estabelecido no contrato.
Contrato de eficiência

 Regulamento

Art. 36.

§ 3o O instrumento convocatório deverá prever parâmetros objetivos de mensuração da


economia gerada com a execução do contrato, que servirá de base de cálculo da
remuneração devida ao contratado.
§ 4o Para efeito de julgamento da proposta, o retorno econômico é o resultado da
economia que se estima gerar com a execução da proposta de trabalho, deduzida a
proposta de preço.

Art. 37. Nas licitações que adotem o critério de julgamento pelo maior retorno econômico,
os licitantes apresentarão:
I - proposta de trabalho, que deverá contemplar:
a) as obras, serviços ou bens, com respectivos prazos de realização ou fornecimento; e
b) a economia que se estima gerar, expressa em unidade de medida associada à obra, bem
ou serviço e expressa em unidade monetária; e
II - proposta de preço, que corresponderá a um percentual sobre a economia que se estima
gerar durante determinado período, expressa em unidade monetária.
Contrato de eficiência

 Vincula a remuneração do contratado à obtenção de um resultado: o contratado irá


assumir a obrigação de reduzir as despesas da contratante (como luz elétrica, energia e
gás, por exemplo), através de execução de obras, serviços ou fornecimento de bens com
esse objetivo;

 A remuneração é % da economia proposta, resultando num compartilhamento dos


ganhos entre as partes;

 A remuneração da contratada será maior se a economia gerada também for grande;

 Haverá desconto na remuneração da contratada caso a economia prevista no contrato


não seja atingida (meta do contrato) e pode haver sanção ou melhor Indenização –
consequencias são draconianas;

 O tempo para a obtenção dos ganhos importa, devendo-se aferir o valor presente da
economia obtida;

 Não existe definição clara de consequencias na hipótese de a frustração decorrer de ato


da Administração.
Contrato de eficiência

 Caso Hipotético: duas propostas realizadas em uma licitação que visa a reduzir a
despesa com energia uma determinada repartição, que atualmente é de 100 mil
unidades monetárias (para simplificar, o tempo para redução dos custos é igual):

1) Proposta “a”: o licitante propõe reduzir em 15% a conta anual com a


substituição de equipamentos e melhoria na sua manutenção (proposta de
trabalho), sendo remunerado em 20% da economia gerada (proposta de preço). O
resultado proposto é de uma economia de 15 mil unidades monetárias, que será
apropriada em 20% pelo licitante (3 mil unidades monetárias) e em 80% pelo
Poder Público (12 mil unidades monetárias). O retorno obtido é de 12 mil
unidades monetárias.

2) Proposta “b”: o licitante propõe reduzir em 40% a conta anual com a reforma
da rede elétrica e melhoria na sua manutenção (proposta de trabalho), sendo
remunerado em 50% da economia gerada (proposta de preço). O resultado
proposto é de uma economia de 40 mil unidades monetárias, que será apropriada
em 50% pelo licitante (20 mil unidades monetárias) e em 50% pelo Poder Público
(20 mil unidades monetárias). O retorno obtido é de 20 mil unidades monetárias.
Contrato de eficiência

 Caso Hipotético: contratada a proposta “B”, a economia gerada, em vez de 40 mil


unidades monetárias, seja de fato de 15 mil unidades monetárias

 Efeito 1 - a diferença entre a economia contratada e a efetivamente obtida será


descontada da remuneração da contratada: o contratado, que receberia 20 mil
u.m., não recebe nada, pois a diferença foi de 25 mil u.m. e sua remuneração seria
de 7,5 u.m

 Efeito 2 - se a diferença entre a economia contratada e a efetivamente obtida for


superior à remuneração da contratada, será aplicada multa por inexecução
contratual no valor da diferença: a diferença (25 mil u.m) supera em 17,5 u.m. a
remuneração da contratada, resultando numa multa neste valor

 Efeito 3 - a contratada sujeitar-se-á, ainda, a outras sanções cabíveis caso a diferença


entre a economia contratada e a efetivamente obtida seja superior ao limite máximo
estabelecido no contrato. Não há sanções adicionais, pois o contrato previu limite
máximo de 25 mil u.m.
Contrato de eficiência

 Exemplo IFC: setor de saneamento. Fonte:


http://www.ifc.org/wps/wcm/connect/17ea5580404766b5ba3bba82455ae521/
WaterUtilityBrazilPortuguese.pdf?MOD=AJPERES
 No período anterior a implantação, o custo do insumo (energia) é de $ 100 mil. Após
a implantação das medidas de eficiência energética, se a meta é alcançada, o custo
total da operadora passa para $ 85 mil, sendo $ 70 mil o custo com energia e $ 15
mil a economia compartilhada. Após o período do contrato, toda a economia ($ 30
mil) é absorvida pela operadora.
Contrato de eficiência

 Exemplo IFC: setor de saneamento

 Neste caso, o risco inteiro de variação dos R$ 85 mil foi alocado ao contratado
Critérios de julgamento
Critérios de julgamento

Critérios de julgamento (artigos 18 a 23)


 Menor preço
 Maior desconto – Desconto incide linearmente sobre os preços de todos os itens do
orçamento estimado, inclusive sobre os aditivos (art. 19, §§ 2º e 3º)
 Técnica e Preço – amplia o rol de possibilidades
 ponderação distinta a técnica e preço, limitada a 70% a maior ponderação (art. 20, §2º)
 Exclusiva para objetos (art. 20, §1º):
 de natureza predominantemente intelectual e de inovação tecnológica ou técnica
 que possam ser executados com diferentes metodologias ou tecnologias de domínio
restrito no mercado (Ac. 1510/2013)
 Melhor técnica ou conteúdo artístico (art. 21) - exclusivamente as propostas técnicas ou
artísticas apresentadas pelos licitantes. Não é possível para projetos de engenharia.
 Maior oferta (art. 22) – pode dispensar requisitos de qualificação técnica e financeira
 Maior retorno econômico (art. 23) – para contratos de eficiência, voltadas a economizar
despesas correntes, sendo medido como % da economia gerada
Critérios de julgamento

 Menor preço ou maior desconto (menor dispêndio)


 Pode considerar menos dispêndio:“§ 1o Os custos indiretos, relacionados com
as despesas de manutenção, utilização, reposição, depreciação e impacto
ambiental, entre outros fatores, poderão ser considerados para a definição do
menor dispêndio, sempre que objetivamente mensuráveis, conforme dispuser
o regulamento.
 Decreto 7.581/11 apenas remeteu à Secretaria de Logística e Tecnologia de
Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a atribuição
de dispor sobre parâmetros adicionais de mensuração dos custos indiretos,
faltando regulamentação quanto a, por exemplo, taxa de desconto utilizada
para trazer a valor presente os custos futuros, depreciação, impacto ambiental,
entre outras variáveis.
Critérios de julgamento

 Menor preço ou maior desconto (menor dispêndio)


 Maior desconto: No caso de obras ou serviços de engenharia, o percentual de
desconto apresentado pelos licitantes deverá incidir linearmente sobre os
preços de todos os itens do orçamento estimado constante do instrumento
convocatório.
 Vantagem: simplicidade/objetividade e mitigação de jogo de planilha
 Desvantagem: enrijece a possibilidade de ofertas baseadas em vantagens
comparativas das empresas na execução de serviços específicos, podendo
afetar fluxo de caixa e possibilidade de ofertas melhores
 Ministro Augusto Shermann em seu voto no Acórdão 1755/04, “a
diferença entre o valor constante do orçamento e aquele ofertado pela
empresa é, em realidade, a diferença da capacidade da empresa em
relação à média das empresas e, ainda e mais importante, que ele se
refere ao somatório das diferentes capacidades da empresa em realizar
cada um dos itens orçados.”
Critérios de julgamento

 Técnica e preço
 Art. 20. No julgamento pela melhor combinação de técnica e preço, deverão
ser avaliadas e ponderadas as propostas técnicas e de preço apresentadas
pelos licitantes, mediante a utilização de parâmetros objetivos
obrigatoriamente inseridos no instrumento convocatório.
 § 1o O critério de julgamento a que se refere o caput deste artigo será utilizado
quando a avaliação e a ponderação da qualidade técnica das propostas que
superarem os requisitos mínimos estabelecidos no instrumento convocatório
forem relevantes aos fins pretendidos pela administração pública, e destinar-
se-á exclusivamente a objetos:
 I - de natureza predominantemente intelectual e de inovação tecnológica ou
técnica; ou (engenharia consultiva?)
 II - que possam ser executados com diferentes metodologias ou tecnologias de
domínio restrito no mercado, pontuando-se as vantagens e qualidades que
eventualmente forem oferecidas para cada produto ou solução.
 § 2o É permitida a atribuição de fatores de ponderação distintos para valorar as
propostas técnicas e de preço, sendo o percentual de ponderação mais
relevante limitado a 70% (setenta por cento).
Critérios de julgamento

 Técnica e preço
 Caput privilegia ponderação técnica de propostas, em oposição a praxis
administrativa – pontuação de atestados;
 Inciso I estreita aplicação da Lei 8.666 (natureza predominantemente
intelectual + inovação tecnológica ou técnica), mas inciso II amplia
consideravelmente (diferentes metodologias ou tecnologias de domínio
restrito no mercado), em especial pela interpretação conferida pelo TCU
através do Acórdão 1510/2013:
 “Digo isso primeiramente porque, em termos literais, considerar que o
“domínio restrito de mercado” se reporte, também, aos objetos capazes
de serem executados por “diferentes metodologias”, levaria a uma técnica
redacional de conclusões um tanto contraditórias. Existiriam certos tipos
de objetos capazes de serem feitos por “diferentes metodologias de
domínio restrito de mercado”. Não que exista uma incompatibilidade
definitiva entre a tecnologia de caráter restrito e a viabilidade de se
utilizar diferentes metodologias”
 §2º resolve antiga polêmica sobre % máximo de ponderação técnica de
propostas
Critérios de julgamento

 Técnica e preço
 Nem a Lei nem o Decreto estabeleceram um procedimento que obrigue a
precedência da análise técnica à de preço, sendo admissível, por conseguinte, que
a análise da proposta de preços seja anterior à proposta técnica. DNIT e EPL
adotaram a sequência preço – técnica em algumas licitações;
 Técnica – Preço: maior crivo entre os licitantes que terão seus preços
examinados;
 Preço – Técnica:
 caso a técnica seja analisada no início do procedimento, a análise dos
recursos apenas ao final da habilitação pode afetar a ordem de
classificação das propostas, demandando a reclassificação dos licitantes
e, no limite, o refazimento de etapas anteriores, inclusive de eventual
etapa de lances;
 não oferecer um incentivo para que os licitantes com menor nota
técnica mergulhem caso adotada disputa aberta, por já estarem cientes
de suas notas técnicas.
Critérios de julgamento

 Técnica e preço
Critérios de julgamento

 Técnica e preço
Critérios de julgamento

 Técnica e preço – debate sobre efetividade da técnica


 Prevalência de critérios de preço e formalismo de propostas técnicas
(atestados)
 Amostra de 31 licitações de contratação integrada conduzidas pela Sede
do DNIT, apenas para obras propriamente ditas, somente em dois casos
houve inversão da ordem de classificação em decorrência de propostas
técnicas, sendo, em ambos os casos, praticamente irrisória a diferença de
preço.
 Acórdão 1510/2013 TCU: busque a valoração da metodologia ou técnica
construtiva a ser empregada e não, somente, a pontuação individual
decorrente de experiência profissional das contratadas ou de seus
responsáveis técnicos”;
 Banco Mundial, Lei n. 12.232/2010 e PMIs (Decreto n. 8.428/2015)
 Propostas legislativas: convite qualificado (MP 727/2016 e banca de
especialistas (PLS n. 559)
 Discussão menor preço x procedimento negocial (NAO (2001), Estache et all
(2009), Spagnolo et all (2013) e Chong et all (2009).
 Casos de leilões de concessões em rodovias e aeroportos
Critérios de julgamento

 Marior oferta: contratos que resultem em receita para a Administração


 Inovação: possibilidade de a Administração dispensar documentos da fase de
habilitação e requerer garantia de manutenção de proposta (chamada Bid
Bond), limitada a 5% da oferta, condicionando a sua participação à
apresentação desta.
 Como as licitações sob este critério são, em especial, para a alienação de bens,
a qualificação técnica e econômico-financeira perdem em relevância, sendo o
mais importante a garantia de que o proponente vencedor levará a termo sua
oferta.
 Este critério de julgamento já foi adotado pela Infraero, por ocasião do Edital
de RDC Presencial 004/DALC/SBSV/2013, para a concessão de áreas no
Aeroporto de Salvador.
Critérios de julgamento

 Melhor técnica ou conteúdo artístico: propostas técnicas ou artísticas apresentadas


pelos licitantes com base em critérios objetivos previamente estabelecidos no
instrumento convocatório, no qual será definido o prêmio ou a remuneração que
será atribuída aos vencedores.

 Possibilidade para contratação de projetos, inclusive arquitetônicos, e trabalhos de


natureza técnica, científica ou artística, excluindo-se os projetos de engenharia.

 Maior retorno econômico: já analisado no tema contrato de eficiência


marcelobcorreia@gmail.com

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