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Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (n° 9.

394/96)

Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino
promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida
rural e de cada região, especialmente:

I - Conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e


interesses dos alunos da zona rural;

II - Organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases


do ciclo agrícola e às condições climáticas;

III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.


Documento de Referência Curricular para Mato Grosso
DRC-MT

Disponível em <
https://sites.google.com/view/novo-ensino-medio-mt/drcmt-e
m-documento-homologado?authuser=0
>
1.3.2 O jovem do Campo
● A juventude do campo necessita de visibilidade dos projetos e políticas
públicas voltadas para o meio rural.

● É preciso frisar que, muitas vezes, o estudante do campo é visto apenas


como o filho do agricultor, no entanto Mato Grosso configura-se entre os
estados brasileiros com relevante diversidade sociocultural, o que pode ser
evidenciado nas particularidades de vários povos do campo: quilombolas,
pequenos agricultores, seringueiros, pescadores, ribeirinhos, retireiros,
dentre outros grupos que se espalham pelo território, revelando a
multiplicidade das identidades mato-grossenses (SATO e SILVA, 2010).
4.1 Área de Ciências e Saberes do Campo
● A parte diversificada no currículo das escolas do campo, denominada
Ciências e Saberes do Campo, surgiu a partir das demandas desses
povos que lutam por manter e fortalecer seus saberes históricos.
● A força da Educação do Campo está justamente naquilo que a torna
única: seus processos de produção e reprodução da vida, relação com a
terra, produção de técnicas coletivas e transmissão de saberes de
geração para geração.
● Portanto, é fundamental que escolas do campo ofereçam um ensino que
considere a realidade dos estudantes, compreendendo que eles são
sujeitos que possuem histórias, vivências e subjetividades.
Objetivos da Educação do Campo
Entre os objetivos da Educação do Campo estão o reconhecimento de toda a
diversidade sociocultural, o direito à igualdade e à diferença, atender a
legislação (quanto à recomendação de considerar as finalidades, os objetos
de conhecimentos, metodologias e os processos próprios de aprendizagem
dos estudantes do campo), contribuir para a construção de identidades
socioculturais dos estudantes do campo e articular as vivências e saberes
dos estudantes com os conhecimentos acumulados historicamente pela
sociedade.
Resolução Normativa Nº 003/2013-CEE/MT
São princípios da Educação do Campo, conforme essa resolução:

I. respeito à diversidade, nos aspectos: sociais, culturais, ambientais, políticos, econômicos, de gênero, geracional,
de raça e etnia;

II. valorização da identidade da escola do campo e no campo, como espaço público de investigação, socialização
de experiências e saberes, construção de conhecimentos objetivando o desenvolvimento sociocultural,
economicamente justo e ambientalmente sustentável;

III. flexibilidade na organização escolar: por meio de adequação do calendário escolar às fases sazonais e às
condições climáticas; formas diversas de organização curricular, inclusive da pedagogia da alternância, de acordo
com a realidade da comunidade;

IV. articulação da educação com o mundo do trabalho, de acordo com as diretrizes curriculares vigentes, as metas
e objetivos estabelecidos no Plano Nacional e Estadual de Educação e o disposto nesta Resolução;

V. formação de profissionais da educação, articulada à especificidade do Campo, considerando-se a realidade


sócio-histórico-cultural da comunidade;

VI. controle da qualidade da educação escolar, mediante a efetiva participação da comunidade, dos movimentos
populares e sociais.
Parte Diversificada
A Parte Diversificada, denominada de área de Ciências e Saberes do
Campo, composta pelos eixos Agroecologia, Agricultura Familiar e
Economia Solidária, no currículo das escolas do campo se relaciona aos
saberes da comunidade e vem justamente complementar e enriquecer a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), respeitando as características
regionais e locais do nosso Estado. Dessa forma, a Parte Diversificada visa
garantir que os saberes das comunidades do campo sejam valorizados com o
intuito de fortalecer a identidade dos nossos estudantes. Portanto, ao
refletirmos sobre uma prática pedagógica na Educação do Campo,
precisamos levar em consideração as práticas da comunidade em que o
estudante está inserido.
● A área de Ciências e Saberes do Campo deve valorizar temas como políticas
públicas, território e sustentabilidade, arte e cultura, saberes locais, tecnologias
autossustentáveis, sistemas produtivos e trabalho, identidade, gênero e etnia.
● A parte diversificada não deve ser trabalhada de maneira isolada; ela se
entrecruza com as áreas do conhecimento de forma transdisciplinar.
● É necessário ressaltar que cada docente deve produzir suas próprias atividades
considerando as realidades das comunidades locais.
● São 21 habilidades que devem ser trabalhadas na Parte Diversificada.
● Considerando que o trabalho coletivo é uma das características mais
fundamentais das comunidades do campo, é importante destacar que na
escola os profissionais da educação também devem trabalhar coletivamente,
visto que precisamos construir uma rede de trocas sustentadas por atividades
transdisciplinares que contribuam com a formação humana.
Os estudantes das escolas do campo trazem para a sala de aula seus saberes
e vínculos com a comunidade. Assim, a escola precisa explorar as vivências
que ele traz consigo, mediando o saber local e o saber formal.

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