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ORIENTAÇÕES PARA O

RETORNO

ÀS AULAS PRESENCIAIS
EJA DESTINADA ÀS POPULAÇÕES DO CAMPO,
EDUCAÇÃO DO CAMPO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E ESPORTES – SEE


SECRETARIA EXECUTIVA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – SEDE
GERÊNCIA GERAL DAS MODALIDADES – GGMOD
O período de isolamento social ocasionado pela Covid-19, que implicou na
suspensão das atividades pedagógicas presenciais, impactou significativamente o
trabalho realizado nas escolas da rede estadual. Nesse contexto, tornou-se
necessário o emprego de estratégias alternativas para a continuidade das
aprendizagens dos estudantes das modalidades da educação durante a pandemia.

Para que o retorno às atividades presenciais ocorra de forma segura, o


planejamento é fundamental, tanto para a implementação de ações no plano
gerencial, quanto para a tomada de decisões no campo mais estritamente
pedagógico. O presente documento apresenta um conjunto de orientações e
recomendações nesses dois âmbitos, o da gestão e o pedagógico, de modo a
contribuir para o processo de replanejamento no contexto do retorno às aulas
presenciais.

Assim, este documento tem o objetivo de apresentar diretrizes e


orientações metodológicas a fim de subsidiar a gestão escolar e os professores
quanto ao retorno às atividades pedagógicas presenciais da Educação de Jovens
e Adultos destinada às populações do campo (EJA CAMPO), em conformidade com
as necessidades e características de cada território/escola, devendo ser amplamente
divulgado junto à comunidade escolar.
Desde o início do ano de 2020 a educação precisou ser repensada e
reformulada para continuar o atendimento aos estudantes com o mínimo de impacto
possível advindo da pandemia pelo covid19. Na educação do campo, os desafios se
apresentaram de forma mais acentuada. Nesta direção, buscando superar tais
desafios, as estratégias se materializaram na oferta de aulas remotas, entrega e
recolhimento das atividades nas residências dos estudantes, e formações síncronas
para professores.

Em parceria com o Comitê Pernambucano de Educação do Campo, a SEE


desenvolveu estratégias que buscavam atender de forma qualitativa os estudantes da
EJA Campo nos seus territórios. Dessa forma, amparados legalmente pela adequação
do currículo da Educação Básica realizada pela Secretaria de Educação e Esportes
de Pernambuco, o calendário da educação do campo se apresentou em formato
especial e diferente aos anos anteriores.

O apoio e a dedicação de cada professor, de cada articulador de território,


dos técnicos que formam os NECs, e da equipe da GEPEC, fizeram com que a
educação do campo não parasse! Continuamos a oferta de uma educação única e
focada nos estudantes do campo de forma organizada e atenciosa. Conseguimos dar
continuidade aos projetos, inclusive, realizar nas Gerências Regionais de Educação
as Feiras Agroecológicas institucionalizadas, valorizando o trabalho e a integração
social dos estudantes.

Durante o período de suspensão das atividades escolares, a EJA Campo


buscou promover, assim como toda a Rede Estadual de ensino, atividades não
presenciais para estudo remoto dos estudantes. Essas atividades serão
reconhecidas, no momento de retorno às aulas presenciais, como reposição da carga
horário do Tempo Comunidade, na reorganização do calendário e do currículo escolar
da EJA destinada às populações do campo.

Sabemos dos inúmeros impactos que a pandemia vem ocasionando à


aprendizagem, e dos problemas psicossociais que causou aos nossos estudantes.
Sendo assim, o retorno presencial é importante, mas para que ocorra de forma
segura, pedimos que todos os espaços-aulas sigam os protocolos de biossegurança
contra covid-19, como o uso de água e sabão para higienização das mãos, uso do
álcool em gel 70% e uso obrigatório de máscara.
Nesse contexto, este caderno tem como intenção principal, acolher os
professores e conduzir as equipes que atendem os estudantes da EJA Campo (em
sua maioria trabalhadores e trabalhadoras rurais) a um retorno que considere as
dificuldades vividas, trazendo novas possibilidades de intervenção pedagógica.

Desta forma, buscando assegurar os direitos às aprendizagens dos


estudantes, além de reconhecer as especificidades do acesso às atividades não
presenciais durante o período de suspensão das aulas, entendemos ser oportuno dar
continuidade aos eixos temáticos em que cada turma encontrava-se antes da
suspensão das aulas.

Para tanto, orientamos que, no retorno às aulas presenciais da EJA Campo,


sejam consideradas as seguintes diretrizes:

o Respeitar as orientações da Rede Estadual de Ensino quanto aos protocolos


sanitários de prevenção e enfrentamento da Covid-19, e a organização dos
espaços aula para evitar a disseminação do vírus e garantir a prevenção de toda
a comunidade escolar;

o Revisar o calendário escolar junto às escolas do campo e quilombolas,


priorizando cada território e especificidades, e respeitando a diversidade de
saberes e identidades.

o Organizar o calendário de retorno às aulas de acordo com a realidade do


estudante, ou realidade local;

o Retomar os eixos temáticos, adequando ao currículo educacional de modo a


priorizar os objetos de conhecimento indispensáveis para a aprendizagem dos
estudantes em cada uma das Áreas de Conhecimento, após a realização de
avaliação diagnóstica.
o Definir quais instrumentos serão utilizados para verificação das aprendizagens
dos estudantes com foco nas vivências, nas experiências e nas trocas de
conhecimento entre estudantes, professores e suas respectivas comunidades
durante o período de tempo comunidade ocorrido na fase de suspensão das
aulas presenciais e que servirá como referencial para o diagnóstico e para o
(re)planejamento do currículo.
o Primar por estratégias de avaliação que valorizem o diagnóstico, a reflexão e a
tomada de decisão no intuito de promover uma construção de saberes
significativos para os estudantes da Educação Campo.
o Valorizar os saberes dos educandos, sem desconsiderar os conhecimentos dos
conteúdos específicos, da troca de saberes e o tempo comunidade (princípios
da alternância) para cada etapa da modalidade.
o Considerar, como carga horária do tempo comunidade, as atividades
pedagógicas nos territórios das comunidades do campo, nas propriedades
rurais, no roçado pertencente ao educando, em espaços produtivos cujo
protagonista seja o estudante, desenvolvidas dentro da carga-horária destinada
para o tempo comunidade, qual seja, 400 h/a para o Ensino Fundamental
(sendo, 240h/a nos quatro eixos dos Anos Iniciais e 160h/a nos quatro eixos dos
Anos Finais) e 80 h/a nos quatro eixos do Ensino Médio, conforme as Matrizes
Curriculares da Educação de Jovens e Adultos destinadas às Populações do
Campo, disponibilizadas na Instrução Normativa – IN nº 08/2020 _ e na
Nota Técnica nº 002/2019 – GEPEC - SEE – PE.

o Aproveitar os saberes e as vivências dos estudantes, por meio dos Projetos


Didáticos, das Pesquisas Escolares, das Práticas Agrárias, das Práticas Sociais
de campo, das Atividades Escolares Científico Culturais (AECC), do Trabalho de
Conclusão de Curso (TCEF e o TCEM), das visitas ao campo, da participação
em reuniões ou assembleias ou ações dos movimentos sociais do campo.

Vale salientar que, na educação do campo, o ensino e as aprendizagens


extrapolam a sala de aula, uma vez que o cotidiano dos estudantes, o trabalho, as
culturas e os saberes das comunidades precisam ser valorizados e reconhecidos junto
aos conhecimentos historicamente escolarizados do currículo escolar. Desta forma,
entendemos que o currículo escolar não implica, apenas, em uma seleção de
conteúdos a serem trabalhados em sala de aula, mas em uma construção a partir dos
saberes populares dos povos do campo e dos saberes socialmente elaborados. No
retorno às aulas presenciais, orientamos que seja dada continuidade do currículo da
EJA destinada às populações do campo e quilombolas seguindo o semestre vigente
a fim de que sejam garantidas as aprendizagens dos estudantes em cada eixo
temático iniciado.

Neste momento de pandemia e, mesmo com o retorno às aulas presenciais,


ainda será necessário lançar mão de diversas formas de ensinar e aprender como
plano de convivência com o vírus da Covid-19.
Sendo assim, o ensino híbrido será um aporte metodológico importante para
que consigamos assegurar os protocolos de biossegurança e de prevenção contra o
vírus, aliando o tempo escola ao tempo comunidade para o desenvolvimento dos
eixos temáticos da educação de jovens e adultos destinada às populações do campo
ao currículo.

No que se refere às metodologias de ensino, às formas, aos momentos, aos


materiais de apoio pedagógico, às tecnologias a serem usadas, todos serão de
autonomia de cada educador e educadora, respeitando seu jeito muito peculiar de se
relacionar com os estudantes, em cada território e especificidades nas escolas do
campo e em espaços aulas. No entanto, seguem algumas orientações
metodológicas que poderão servir como referências para o (re)planejamento das
atividades escolares:

OBSERVAÇÃO E DIAGNÓSTICO DA REALIDADE:

▪ Observar e diagnosticar o contexto de vida dos estudantes e de suas


realidades para identificação dos conhecimentos construídos, nos âmbitos
histórico, social, econômico, emocional, intelectual que se encontram. Partir de
questões sobre os impactos socioemocionais como: O que ele está sentindo?
Como está vendo a si e seu entorno, sua propriedade, sua família, sua
plantação e seu trabalho? Como a semente vai se transformar em planta? Qual
o impacto econômico que a pandemia trouxe em seus territórios? (MOURA,
2020, p.01);
▪ Verificar as aprendizagens construídas, observando o percentual das
atividades complementares remotamente realizadas pelos estudantes;
▪ Relacionar os saberes dos estudantes aos conteúdos escolares.
ANÁLISE DOS EIXOS TEMÁTICOS RELACIONANDO O TEMPO ESCOLA E O
TEMPO COMUNIDADE, A PARTIR DAS EXPERIÊNCIAS DE VIDAS E
REALIDADES DOS ESTUDANTES.

• Observar em que eixo temático cada estudante se encontrava antes da


suspensão das aulas, devendo ser retomado e revisado os conteúdos
trabalhados nas atividades não presenciais;
• Extrair de cada eixo temático as categorias e os conceitos presentes neles para
retomada do trabalho pedagógico;
• Fazer a relação entre os eixos temáticos e a realidade dos estudantes,
considerando que eles são protagonistas e sujeitos que pensam, elaboram,
constroem suas vidas e sua pedagogia no contexto onde vivem;
• Fazer a relação entre os conteúdos das áreas de conhecimentos e os saberes
dos estudantes (em sua casa, seu roçado, nas novas formas de convivência,
na horta da sua casa, na criação de animais etc.), trabalhando o tempo escola
e o tempo comunidade de acordo com os princípios da alternância.

SISTEMATIZAÇÃO DOS SABERES E CONTEÚDOS

• Valorizar o conhecimento dos estudantes através de caderno de


acompanhamento de alternância (Tempo comunidade);
• Realizar fichas didáticas de estudo do tempo escola e do tempo comunidade;

• Elaborar planos de estudos com temáticas e conteúdos a partir dos eixos


temáticos;
• Realizar projeto interdisciplinar, levando em consideração o distanciamento social
e a realidade do modo de vida dos estudantes;
• Sugerir a elaboração de caderno de memórias e portfólios;

• Organizar fichas de pesquisas e leituras.


AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Avaliar, de forma contínua e diversificada, os conhecimentos construídos pelos


estudantes, tanto em metodologias quanto em ferramentas, devendo ser realizada
tanto no tempo escola (TE) como no tempo comunidade (TC).

Por fim, a Gerência de Políticas Educacionais do Campo reafirma que a


Educação do Campo, em todas as etapas e modalidades, é uma garantia de direito
de acesso à Educação para os povos do Campo e vem sendo desenvolvida com
qualidade e respeito às diversidades dos modos de vida de cada comunidade,
considerando suas especificidades, particularidades, saberes e vivências culturais e
de pensamento. É, portanto, uma Educação diferenciada que preza pelo diálogo e
pelas relações com o mundo do trabalho, sem, contudo, negligenciar o conhecimento
científico que deve despertar para a inclusão, a melhoria e o protagonismo pessoal e
da própria comunidade com liberdade, autonomia, consciência crítica e
responsabilidade.

Um excelente ano letivo!!!


REFERÊNCIAS

MOURA, Abdalaziz de. Princípios e Fundamentos da Proposta Educacional de


Apoio ao Desenvolvimento Sustentável – PEADS: uma proposta que
revoluciona o papel da escola diante das pessoas da sociedade e do mundo.
Serviço de Tecnologia Alternativa, p.1-210 Glória do Goitá, 2003.

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