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Seminário Didáctica Específica 1

Sessão 3
Nome do estudante: Chico João Inácio

Tema: Implementação do currículo local em


Moçambique: seu impacto e desafios; Caso de
estudo da Escola Primária do 1° e 2° Grau 1° de Maio –
Muxúngue, Distrito de Chibabava.
Apresentação
•Em 2004 foi introduzido o Currículo local em Moçambique no ensino básico, com
objectivos e relevância bem claros. Assim também foram definidos os papéis da
comunidade escolar, gestores das escolas e professores. (MINED/INDE, 2003)
•O desafio do novo Currículo, e em particular da componente do Currículo local,
reformulou as políticas de formação de professores com vista a responder a
demanda.
•Volvidos cerca de 18 anos da abordagem do Currículo local em Moçambique,
interessa saber o seu impacto e desafios em função dos objectivos previstos, daí a
questão de partida seguinte:
•Que impacto e desafios, o Currículo local traz na aprendizagem dos alunos, e no
trabalho docente?
.
Objectivos da investigação

•Geral: Conhecer o impacto e desafios da abordagem do currículo local no Distrito de


Chibabava.
•Específicos:
a) Descrever o nível de implementação do currículo local na Escola Primária do 1° e
2° Grau 1° de Maio-Muxúngue;
b) Identificar as competências adquiridas pelos alunos no âmbito da implementação
do currículo local na Escola Primária do 1° e 2° Grau 1° de Maio - Muxúngue;
c) Descrever o impacto da aprendizagem do currículo local na vida dos alunos na
Escola Primária do 1° e 2° Grau 1° de Maio – Muxúngue,
d) Identificar os desafios decorrentes da abordagem do currículo local na escola em
estudo.
Referencial teórico e normativo.
Conceitualização
• De acordo com Sacristán (2008), currículo considera-se a actividades escolares resultantes do
conhecimento proporcionado pelas relações sociais que estimulam experiencias e saberes dos alunos,
para o desenvolvimento das suas identidades.
• INDE/MINED (2003), considera currículo local como uma facção de 20% do currículo oficial nacional,
e que incorpora os conteúdos relevantes da comunidade local nas diferentes disciplinas curriculares.
• Diversidade cultural, define-se como “diversas formas de cultura assumidas ao longo do tempo e do
espaço, corporizadas na singularidade e pluralidade das identidades dos grupos e sociedades que
compõem a humanidade, constituindo uma fonte de intercâmbio, inovação e criatividade”. (Rede
Europeia das Migrações, 2012, citado por Silva, 2017, p.4)

•Para Texeira (2000), Comunidade escolar refere-se ao conjunto de diferentes extractos sociais, que

tem envolvimento regular com a gestão dos projectos educativos da escola.


Objectivos da implementação do currículo local em Moçambique

•A preocupação com o ensino que gera competências nos alunos, tem levado a cabo a concepção

de políticas curriculares, orientadas ao resgate dos saberes locais, convista a casar as duas

realidades (Local com universal).


•Segundo MINEDH/INDE (2020, p.12), os objectivos do currículo local são:
Desenvolver, nos alunos, saberes locais, dotando-os de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes
que lhes permitam ter uma participação plena no desenvolvimento social, cultural e económico na sua
comunidade. Formar cidadãos capazes de contribuir para a melhoria da sua vida, da sua família e da
comunidade, com base na valorização dos saberes locais da comunidade onde a escola se situa.

•Esses objectivos estão em consonância com a Constituição da República de Moçambique (2004),


quando esta visa assumir, valorizar e promover a identidade moçambicana, pelas suas crenças e
valores socioculturais a partir das suas comunidades locais.
Relevância do currículo local no processo de ensino
aprendizagem
•A participação da comunidade na vida da escola, no currículo antigo (promulgado pela Lei 6/92 de 6 de Maio), era
entendida mais no sentido de envolvimento dos pais/ encarregados de educação, nas reuniões das escolas,
actividades de construção, resolução de problemas comportamentais de seus educandos, e não para contribuir na
produção de saberes para escola.
•As matérias do saber local são veiculadas actualmente nas aulas, pela sua relevância na aprendizagem dos alunos,
concretamente na política, na agricultura, na saúde, na cultura. Trata-se de um aprendizado da vida diária dos
próprios alunos, o que leva a crer na valorização e desenvolvimento das suas potencialidades (Mweze, 2019).
•O estudo do currículo local nas escolas, vem a revitalizar a cultura local, bem como estimular a aprendizagem dos
alunos, trazendo laços fortes de ligação entre a escola e a comunidade. Segundo Freire (1996 citado por Mweze,
2019), as experiências culturais e locais das crianças, constituem a base para a construção e inovação cientifica do
conhecimento no mundo, daí o seu respeito e aproveitamento no processo de ensino aprendizagem. O
estabelecimento da relação entre o currículo local com o universal, resulta de que ambos são construções
socioculturais que levam para além da identidade das massas, a reintegração do indivíduo na sua própria sociedade.
•O ensino do currículo local tem uma dimensão libertadora, pois, este capacita para a identificação e resolução dos
próprios problemas. Este desperta mais a curiosidade de aprender seja por pesquisas, nos debates, na discussão ou
na produção lógica de ideias para a solução de problemas que inquietam o próprio aluno (Mazula, 2012).
A política de formação de professores em Moçambique
•O professor é considerado na esfera educativa, o mentor na planificação e desenvolvimento das actividades
pedagógicas, daí a necessidade de este estar bem preparado, para formar com qualidade os seus alunos e
transformar as sociedades. (Silva, 2017). O currículo de formação de professores tem que acompanhar a dinâmica
cultural das sociedades, em concordância com o currículo escolar em vigor, podendo o formado estar munido de
competências necessárias para a actividade prática contextual. Aliado ao acompanhamento da dinâmica cultural,
vários modelos de formação de professores, foram introduzidos no País, mostrando a preocupação do Governo,
na formação continua do professor e educadores profissionais, convista a melhoria da sua prestação e da
qualidade do ensino.
•O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano cria na sua estrutura, departamento da Direcção Nacional
de Formação de Professores (DNFP) e promove programas de formação permanente, como é o caso de Institutos
de Formação de Professores; Instituto de Aperfeiçoamento de Professores; Escola de Formação e de Educação
de Professores; Desenvolvimento Profissional Contínuo. (MINEDH, 2017).
•Em relação ao currículo local, Basílio (2012) sublinha que a Universidade Pedagógica avançou com o curso de
Licenciatura em Ensino Básico, onde uma das cadeiras é a Metodologia do currículo local, e no ano de 2008, no
curso de Mestrado em Educação e Formação de Formadores, arrancou com a cadeira de práticas curriculares na
escola, na qual focalizava o currículo local e prática pedagógica dos professores com o intuito de reflectir sobre
critérios metodológicos de construção e divulgação da história, da cultura local e do conhecimento.
Abordagem do currículo local no Processo de Ensino
Aprendizagem.
• Basílio (2012) refere que no período colonial não se podia imaginar num currículo baseado nos saberes locais.
Em 1983, foi introduzido em Moçambique o primeiro Sistema Nacional de Educação (SNE), pelo Decreto Lei
4/83 de 23 de Março, contudo não visava o resgate dos saberes locais para o ensino, a não ser a mobilização
da ligação entre a comunidade e escola.
• Segundo Torres (2001), as recomendações de Jomtien (1990) e de Dakar (2000) inseridas na Conferência da
nações, organizada pela UNESCO, sobre educação para todos, indicam que para a melhoria da qualidade e
desenvolvimento da educação, precisa da valorização e absorção efectiva da cultura local, na cultura escolar.
• Para responder esta demanda, Basílio (2012), declara que Moçambique efectuou uma terceira reforma
curricular executada em fases, onde a primeira iniciou no Ensino Básico em 2003, onde foram escolhidas 22
escolas pilotos, e em 2004, houve abrangência em todo País. De referir que esta reforma curricular teve o seu
foco nas inovações como o currículo local no ensino e o desenvolvimento de competências nos alunos.
• O Instituto Nacional de Desenvolvimento de Educação, responsável pelas reformas, definiu 20% para a
inserção dos conteúdos locais relevantes nas planificações e aulas de cada disciplina. (INDE, 2003).
INDE/MINED (2011), sublinha que, havendo aulas que não prevejam abordagem do currículo local, pode não
se reservar tempo para tal, bem como, pode se planificar toda aula com abordagem local, dependendo do seu
nível de aprofundamento.
• Com a legitimação do currículo local, Moçambique mesmo antes da quarta reforma curricular, promulgada pelo
Decreto Lei nº 18/2018 de 28 de Dezembro, que também traz consigo muitas inovações, com propósito de
desenvolver conhecimentos socialmente relevantes e competências necessárias ao ingresso no mercado de
trabalho, muitos pesquisadores se interessaram na investigação da operacionalização do currículo local nas
escolas, seu impacto e desafios. (MINEDH/INDE, 2020).
Referências
•Basílio, G. (2012). O currículo local nas escolas moçambicanas: estratégias epistemológicas e Metodológicas de construção de
saberes locais. Educação e Fronteiras On-Line, Dourados /MS, n.5, p.79-97.
•Decreto lei 4/83 de 23 de Março: Sistema Nacional de Educação. (1983) Maputo, Moçambique: Imprensa Nacional: I série, n°
12/83 https://www.iese.ac.mz › pastas › educação › leiSNE
•Decreto lei 6/92 de Maio: Sistema Nacional de Educação. (1992). Maputo: Moçambique: Imprensa Nacional. I série, n° 19/92
•Decreto lei n° 18/2018 de 28 de Dezembro: do Sistema Nacional de Educação (2018). Imprensa Nacional – Maputo: I série, nº
254/98
•INDE/MINED (2003). Plano curricular do ensino básico. Maputo, Moçambique
•Mazula, B. (2012). O professor e os desafios do ensino e aprendizagem no século XXI: Uma
abordagem orientada para o desenvolvimento. Revista Científica da UEM. Ciência da
educação, 1(0), pp75-101.
•MINEDH/INDE. (2020). Plano Curricular do Ensino Primário (PCEP): Objectivos, Política, Estrutura, Plano de Estudos e
Estratégias de Implementação. pp.1-49.
•Mweze, J. A. (2019). O Currículo Local no Desenvolvimento das Competências Operacionais do Educando na disciplina de
Ofícios.[Tese de Doutoramento em Inovação Educativa]. Universidade Católica de Moçambique.
•Sacritsán, J.G. (2008). O currículo: uma reflexão sabre a pratica. (3a ed.). Porto, Portugal:
Artmed.
•Silva, M. do C. V. da (2017). Formação de Professores para a Diversidade Cultural. em Rev.Medi@ções, 5(1), pp. 155- 170.
Universidade Nova. http://hdl.handle.net/10362/40881
•Torres, R. M. (2001). Educação para Todos: a tarefa por fazer. Porto Alegre: Artmed.
FIM

Muito obrigado pela atenção!

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