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Investigação Qualitativa em

Educação – uma introdução à teoria


e métodos

Capítulo 1 – Fundamentos da investigação


Qualitativa em Educação: uma introdução

Régis Coelho/ Janaina Cabello – APP I


1928/1929 – “reinado” do
empirismo
Aumento da preocupação com as ciências
naturais e avaliação quantitativa.
Métodos científicos em educação

Quantificação experimental
Psicólogos experimentalistas passam
a dominar o cenário educacional:
Wilhelm Wundt (1832-1920)
Fundador da ciência experimental da
psicologia, estabeleceu seu primeiro
laboratório na Universidade de Leipzig,
na Alemanha. Recorreu aos métodos
experimentais das ciências naturais,
particularmente às técnicas usadas pelos
fisiologistas.
“O primeiro passo na investigação de um fato tem de ser,
por conseguinte, uma descrição dos elementos
individuais(...) em que ele consiste” (Schultz & Schultz, p.
81,1992).
Freud e Piaget:
Nunca foram incluídos pelos historiadores
da investigação qualitativa como
criadores desta abordagem, porém, ambos
se basearam em estudos de caso,
observações e entrevistas em
profundidade.
Método de pesquisa de Freud:
“O sistema de Freud diferia muito, em
conteúdo e metodologia, da psicologia
experimental tradicional da época. (...)
Apesar de sua formação, ele não usou
métodos experimentais de pesquisa. Embora
conhecesse a psicologia experimental, Freud
não coletava dados a partir de experiências
controladas nem fazia análises quantitativas
dos seus resultados. Os dados que coletava e
os modos como interpretava estavam em
discrepância com os métodos da psicologia
experimental” (Schultz & Schultz, p. 342,
1992).
O método de pesquisa de Freud
As pesquisas longitudinais de
Piaget:
Anos 50:
Desenvolvimento significativo dos
métodos qualitativos e de trabalho de
campo.
Entrevista como estratégia central de
investigação qualitativa.
Entrevista “não-diretiva”: Carls Rogers e
a terapia centrada no cliente.
As contribuições de Carl Rogers:
Vídeo
Características da investigação
qualitativa:
Fonte dos dados – ambiente natural;

Descrição – dados em formas de


palavras/imagens, transcrição de
entrevistas, notas de campo, fotos, vídeos,
documentos pessoais;

Interesse pelo processo e não pelos


resultados ou produtos (“como?/qual?”);
Características da investigação
qualitativa:
Análise dos dados realizada de maneira
indutiva (abstrações vão sendo
construídas à medida que os dados
particulares que foram recolhidos vão se
agrupando);

Significado: modo como diferentes


pessoas dão sentido às suas vidas
(processo de investigação não são
abordados de forma neutra).
Residências criativas na Casa do Sol
 Em 2012 o Instituto Hilda Hilst retomou seu projeto de
Residências Artísticas. O objetivo é promover o
intercâmbio entre artistas e pesquisadores de diversas
áreas do conhecimento e o desenvolvimento da criação
artística. Não é condição sine qua non que o objeto de
estudo/pesquisa seja a obra e/ou a vida de Hilda Hilst,
nem que seja a literatura seu eixo central. O IHH abriga
não só escritores, poetas, filósofos, dramaturgos e
atores, como também artistas visuais, músicos,
estilistas, físicos e matemáticos. O que é fundamental é
que haja trocas de ideias, compartilhamento de
conhecimentos e experiências. (
http://www.hildahilst.com.br/site/)
Pesquisa Qualitativa:
O IHH recebeu a visita da artista visual e escritora
baiana Virginia de Medeiros. Bacharel em Artes
Visuais e mestre pela Escola de Belas Artes da
Universidade Federal da Bahia, ela fará uma
residência entre julho e agosto na Casa do Sol para
desenvolver seu novo projeto.
Seus trabalhos remetem principalmente às questões de
gênero e sexualidade, e reúnem instalações compostas
por fotografias, vídeos e/ou objetos produzidos ou
apropriados pela artista. Depois de ser selecionado
para a 27a. Bienal de São Paulo, em 2006, seu
trabalho “Studio Butterfly” - realizado com travestis
de Salvador em 2004 - vai virar livro a ser publicado
ainda este ano (http://www.hildahilst.com.br/site/)
Fundamentos teóricos da pesquisa
qualitativa:
PARADIGMA:
conjunto aberto de asserções, conceitos
ou proposições logicamente relacionados
e que orientam o pensamento e a
investigação. A teoria ajuda a coerência
dos dados e permite ao investigador ir
para além de um amontoado pouco
sistemático e arbitrário de
acontecimentos.
Investigadores qualitativos:
Perspectiva fenomenológica:
compreensão do significado que os
acontecimentos e interações tem para as
pessoas em situações particulares (qual o
significado que as pessoas constroem para
os acontecimentos cotidianos).

Realidade socialmente construída.


Investigadores qualitativos:
Interpretação: investigador deve possuir
um esquema conceitual para fazê-la;
Estuda determinada organização não
tentando resolver as ambiguidades. O
objeto de estudo consiste, exatamente, no
modo como as diferentes pessoas
envolvidas entendem e experimentam os
objetivos.
Interesse pelas realidades múltiplas e
não uma realidade única.
Cultura:
Estudos antropológicos com base na
perspectiva fenomenológica consideram
cultura;
Etnografia – tentativa de descrição
profunda de uma cultura ou de aspectos
dela.
Becker – é a cultura que permite às
pessoas agirem conjuntamente
Vídeo.
Investigação qualitativa – Nove
questões:
É possível a utilização conjunta das
abordagens qualitativa e quantitativa?
“Ainda que seja possível e nalguns casos
desejável, utilizar as duas abordagens
conjuntamente (Fielding e Fielding,
1986), tentar conduzir um estudo
quantitativa sofisticado ao mesmo tempo
que um estudo qualitativo aprofundado
pode causar problemas” (p. 63).
Abordagem qualitativa é realmente
científica?

Métodos e provas presentes na pesquisa


qualitativa.
Em que a investigação qualitativa difere
do que artistas, professores, jornalistas
fazem?
“Os jornalistas não se baseiam numa
teoria social. Sendo assim, não existe
relação entre o que escrevem e as
questões teóricas. (...) Contudo, por vezes,
é muito difícil, se não impossível, traçar a
linha entre a investigação em ciências
sociais e o bom jornalismo de
investigação.” (p. 65).
Exemplo: Robert Capa ( Budapeste, 22 de outubro
de 1913 – Thai Binh, 25 de maio de 1954).

Um dos mais célebres fotógrafos de guerra, Capa


cobriu os mais importantes conflitos da primeira
metade do século XX: a Guerra Civil Espanhola,
a Segunda Guerra Sino-Japonesa, a Segunda Guerra
Mundial na Europa (em Londres, na Itália, a
Batalha da Normandia em Omaha Beach e a
liberação de Paris), no Norte da África a Guerra
árabe-israelense de 1948 e a Primeira Guerra da
Indochina. (
http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Capa )
IMAGENS MUTILADAS:
REALIDADES E
INVISIBILIDADES MIDIÁTICAS

“Utilizando uma metodologia de pesquisa qualitativa interpretativa, o trabalho


toma como ponto de partida o uso das fotografias de vítimas de minas, principalmente em
dois exemplares de grandes veículos da mídia impressa brasileira
(o jornal Folha de S.Paulo e a Revista O Globo, do periódico homônimo) e nas duas
mais importantes publicações internacionais especializadas no assunto (o relatório
anual Landmine Monitor Report e a revista do Mine Action Information Center, centro
de pesquisas da Universidade James Madison, atualmente denominada The Journal
of ERW and Mine Action). A pretensão do trabalho é analisar os efeitos que as
imagens de vítimas latino-americanas de minas, ou mais propriamente sua ausência,
nos veículos de comunicação em massa e na mídia especializada têm na criação do
imaginário coletivo sobre essa problemática na América Latina. A partir daí, a
dissertação analisa outras realidades invisíveis, de modo a tentar entender suas
“falhas midiáticas” e traçar possíveis estratégias para inseri-las nos fluxos de
informação que compõem a mediosfera em que vivemos”.
Os resultados qualitativos são
generalizáveis?
“generalizáveis” – resultados em um
estudo particular serem aplicáveis a locais
e sujeitos diferentes.
Nem todos os pesquisadores qualitativos
se preocupam com as questões de
generalização como acima definida.
Quais resultados obtidos em quais
contextos e a que outros sujeitos eles
podem ser generalizados?
E os efeitos nos dados das opiniões,
preconceitos e outros enviesamentos do
investigador?
Todos os pesquisadores estão sujeitos aos
seus enviesamentos, mesmo os
pesquisadores quantitativos.

Toda pesquisa quantitativa vem de


“escolhas qualitativas” – que pressupõem
decisões conceituais, embasamento
teórico; “boas perguntas” (prof. Luiz
Carlos Freitas).
Será que a presença do investigador não
vai modificar o comportamento das
pessoas que pretende estudar?

Será que dois investigadores que estudem


independentemente o mesmo local ou os
mesmos sujeitos chegarão às mesmas
conclusões?
Qual o objetivo da investigação
qualitativa?
- objetivos = diversidade

- Observação empírica para o entendimento


de como as pessoas constroem/descrevem
significados.
Em que diferem a investigação
qualitativa e a quantitativa?

Referencial teórico
Método
Objetivos
Propostas de investigação
Dados
Amostra.
Ética
Normas relativas aos procedimentos
considerados corretos e incorretos por
determinado grupo.
- identidades dos sujeitos protegida;
-sujeitos tratados de maneira respeitosa;
- realismo nas negociações, respeitando o
combinado;
- devoção e fidelidade aos dados obtidos.
Confeccionar ou distorcer dados constitui
o pecado mortal de um cientista.

“Tortura dos dados”; “Cozinha da


pesquisa” – prof. Luiz Carlos Freitas.
Margaret Mead – Samoa (1925).
Dificuldades do trabalho em
pesquisa qualitativa:
Nosso objeto de pesquisa – nossa
proposta de trabalho;

O que me proponho a saber/


Para quê?

Nossos objetivos com nossa pesquisa?


- relevância!
Referências:
Antropologia e Margareth Mead (Olavo de Carvalho). Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=hlB3iki4IGQ. Acesso 29 mar
2013.

Biografia Robert Capa. Disponível em


http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Capa. Acesso em 29 mar 2013.

Conversas com Carl Rogers. Disponível em


http://www.youtube.com/watch?v=EV2ujyxLEk0. Acesso em 29
mar 2013.

Instituto Hilda Hilst. Disponível em http://www.hildahilst.com.br/site/.


Acesso em 29 mar 2013.
Referências:
Jean de Piaget. Disponível em
http://www.youtube.com/watch?v=B5Z4qPgqzCk. Acesso em 29
mar 2013.

Voz do Freud – Freud´s Voice. Disponível em


http://www.youtube.com/watch?v=WutYCooUvEQ. Acesso em 29
mar 2013.

Souza, V. G. P. Imagens mutiladas: realidades e invisibilidades


midiáticas.2010. 111f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) –
Universidades Paulista UNIP, São Paulo, 2010.

Schultz, D. P. & Schultz, S. E. História da Psicologia Moderna. 5ª Ed.


São Paulo: Editora Cultrix, 1992.

Surdez e comunicação: família Suzin Santos. Disponível em:


http://www.youtube.com/watch?v=2kX_BfNzSio Acesso 01 abr
2013.

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