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Métodos Qualitativos
Tema 1 – A importância, características e história da investigação qualitativa
É necessária uma nova sensibilidade para o estudo empírico das problemáticas sociais, tornando-se imperativo dar
lugar a narrativas confinadas a um tempo, um lugar e uma situação
O cientista tem de recorrer a estratégias indutivas, mobilizando para a sua investigação “conceitos sensibilizadores”
influenciados pelo conhecimento teórico existente. O conhecimento e a prática são estudados na sua dimensão
local, sendo o estudo dos significados subjetivos da experiência e da prática quotidianas tão importante como a
análise das narrativas. 3
A investigação qualitativa é particularmente adequada ao estudo de
Flick, 2005
Modos/ Padrões
Relações sociais
estilos de vida biográficos
A investigação qualitativa recorre a uma grande variedade de métodos
Flick, 2005
Em função das várias alternativas o investigador deve escolher a estratégia metodológica mais apropriada ao objeto
e à problemática da sua pesquisa
Traços essenciais da investigação qualitativa (I)
Flick, 2005
Os métodos escolhidos e aplicados devem ser tão abertos que se ajustem à complexidade do objeto de estudo.
Os objetos de estudo são estudados na sua globalidade, complexidade e integrados no seu contexto quotidiano
O objetivo da investigação é descobrir teorias novas empiricamente enraizadas, mais do que testar aquelas que já se conhecem
A validade do estudo é estabelecida com referência ao objeto de estudo, ou seja, os resultados obtidos fundamentam-se no material empírico
• Parte dos significados individuais e sociais do objeto e evidencia a diversidade das perspetivas sobre ele
• Defende que no campo existem visões e práticas diferenciadas devido às diferentes perspetivas e backgrounds sociais dos sujeitos
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Traços essenciais da investigação qualitativa (II)
Flick, 2005
• A interação do investigador com o campo e com os seus membros é assumida como variável interveniente na construção do conhecimento
• A subjetividade do investigador e dos sujeitos estudados é tomada como parte integrante do processo de investigação
• As reflexões do investigador sobre as suas ações e observações no terreno, as suas impressões e sentimentos, são considerados dados que devem ser
registados no diário de investigação e nos protocolos de contexto, atendendo a que fazem parte da interpretação
• Não se baseia numa única conceção teórica e metodológica, caracterizando-se a sua prática e análises pela articulação de diversas abordagens teóricas e
respetivos métodos
• Grande parte dos ideias de objetividade - tal como são preconizados pelo modelo metodológico das Ciências da
Natureza - não são alcançados nas Ciências Sociais
• Nesta abordagem a dimensão do mensurável, do padronizado, da exatidão e do rigor do método quantitativo, é
aplicada de forma parcelar e exige muitas vezes um esforço de reinterpretação
• O processo e os resultados deste tipo de investigação são influenciados pelos interesses e pelo background social
e cultural dos que nela participam
• Neste contexto a ciência não produz “verdades absolutas” passíveis de serem aplicadas acriticamente, ela
disponibiliza meios de interpretação condicionados, que podem ser utilizados de modo flexível na prática
“ (...) O que nos resta é a possibilidade de afirmações relacionadas com os sujeitos e as situações, que têm de ser
estabelecidas por um conceito de conhecimento sociologicamente articulado”
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BonB e Hartmann (1985:21)
História da investigação qualitativa (I) Flick, 2005
Os métodos qualitativos têm grande tradição nas Ciências Sociais, desde o inicio do século XX, nomeadamente na:
• Sociologia – utilização de métodos descritivos, biográficos e estudos de caso - tendência monográfica, orientada para a inferência, em paralelo com um perspetiva
empírica e estatística
Contudo, no percurso de consolidação destas ciências, as abordagens experimentais, padronizadas e quantificadas foram-se afirmando em contraponto às perspetivas
compreensivas, flexíveis e qualitativo-descritivas.
Apenas na década de 60 a crítica à investigação social quantitativa voltou a ganhar voz, alargando-se nos anos 70, vindo a dar lugar ao ressurgimento da investigação
qualitativa nas Ciências Sociais. Dos países onde este debate teve maior expressão destacam-se:
Alemanha
Habermas começou por identificar a mudança que se operou na Sociologia americana em torno da metodologia de pesquisa, a qual teve como principais protagonistas
Goffman, Garfinkel e Cicourel;
Glaser e Strauss criaram um modelo de processo de pesquisa que mobilizou significativa atenção, na expetativa de que o objeto de investigação pudesse ser tratado de
forma mais ajustada do que o era na investigação quantitativa. Neste contexto, preconizou-se o “princípio da abertura”, defendendo-se que a compreensão do objeto deve
ser uma questão prévia até ao fim da investigação, de modo a evitar o erro de criar um objeto de estudo resultante apenas dos métodos utilizados para o estudar. O
propósito maior desta corrente é o de captar a vida quotidiana, precisamente como ela se manifesta em cada caso.
Mais tarde este debate alargou-se incluindo questões relacionadas com: entrevista, suas aplicações e interpretação, entrevista narrativa, hermenêutica objetiva, validade e
generalização dos resultados, apresentação e transparência dos resultados etc.
9
História da investigação qualitativa (II)
Flick, 2005
• Período tradicional (1900-1945) – interesse pelo estranho, pelo estrangeiro, na sua descrição e interpretação mais ou menos objetivas
• Confusão de géneros (até meados dos anos 80) – coexistência de vários modelos teóricos e explicações dos objetos e métodos que podem ser escolhidos, contrapostos ou
combinados, designadamente interacionismo simbólico, etnometodologia, fenomenologia, semiótica, feminismo etc.
• Crise da representação (a meio da década de 80) – transformação do processo de apresentação do conhecimento e dos resultados numa componente substancial do processo
de investigação. A investigação qualitativa torna-se um processo contínuo de construção de versões da realidade
• Quinto momento (anos 90) – o foco incide nas narrativas e teorias que se ajustam às situações e problemas específicos, históricos e localmente confinados
• Sexto momento (atualmente) – a escrita pós-experimental liga as questões da investigação qualitativa às políticas democráticas
Em suma
Na Alemanha o desenvolvimento da investigação qualitativa expressou-se essencialmente através de uma progressiva consolidação metodológica, incindindo de forma particular
em questões associadas aos procedimentos relacionados com a prática de investigação.
Nos Estados Unidos manifestou-se pelo questionamento dos “dogmas” dos diversos métodos, designadamente no que diz respeito ao papel da apresentação no processo de
pesquisa, à crise da representação, à relatividade do material apresentado, posição que debilitou as expetativas de formalizar métodos. A investigação qualitativa passa assim a
atribuir importância fulcral à práticas e políticas de interpretação, assumindo uma atitude baseada na abertura e na reflexão do investigador. 10
A investigação qualitativa nos finais da modernidade
Flick, 2005
• Regresso à oralidade, manifestado na propensão para a formulação de teorias e a realização de estudos empíricos
• Regresso ao particular, expresso na construção de teorias e na orientação de estudos empíricos, direcionados para a
abordagem de problemas concretos que ocorrem em situações específicas
• Regresso ao local, manifestado no cruzamento do estudo dos sistemas de conhecimento, práticas e experiências, no âmbito de
tradições locais e nos modos de viver em que elas se suportam
• Regresso ao conceito de oportunidade, descrevendo e posicionando os problemas estudados e as soluções sugeridas no seu
contexto histórico e temporal, explicando-os com base nele
“A investigação qualitativa está vocacionada para a análise de casos concretos, nas suas particularidades de tempo e de espaço,
partindo das manifestações e atividades das pessoas nos seus contextos próprios.”
Interacionismo Modelos
Etnometodologia
Simbólico Estruturalistas
Diferentes hipóteses teóricas adotadas na perceção do objeto, diferentes perspetivas metodológicas aplicadas no seu estudo
3
Posições teóricas na investigação qualitativa
Flick; 2005: 27
4
Interacionismo Simbólico: o significado subjetivo
Foca-se no “ponto de vista do sujeito”, atribuindo particular importância aos significados subjetivos e às atribuições individuais de sentido
O ponto de partida empírico é o significado que os sujeitos atribuem às suas atividades e ao seu contexto
O núcleo da investigação são os diversos modos do indivíduo investir de significado os objetos, acontecimentos, experiências, etc.
O imperativo metodológico é reconstituir o ponto de vista do sujeito estudado em diversos aspetos, o que leva o investigador a olhar o mundo pelo ângulo desse
sujeito, tomando em linha de conta as teorias subjetivas de que as pessoas se servem para explicar o mundo a si próprios, narrativas auto-biográficas e trajetórias
biográficas reconstituídas do ponto de vista dos sujeitos
A reconstituição dessas perceções subjetivas devem incluir as narrativas dos sujeitos sobre os contextos locais e temporais. Ela constitui o instrumento de análise
das realidades sociais
Incide no processo de interação – ação social caracterizada por reciprocidade imediata – sublinhando a dimensão simbólica das ações sociais
Hipóteses fundamentais
Blumer
• Os seres humanos agem em relação às coisas, com base no significado que lhes atribuem
• Esse significado resulta da interação social entre o sujeito e os seus conhecidos
• Estes significados são transformados através de um processo interpretativo que o sujeito utiliza para lidar com as coisas que encontra
Thomas
• Quando uma pessoa define uma situação como real ela torna-se real nos seus efeitos
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A Etnometodologia: a construção da realidade social
Questiona o modo como as pessoas produzem a realidade social nos seus processos de interação
Foca-se no modo como a interação se organiza e não no seu conteúdo ou significado para os intervenientes
Centra-se no estudo dos métodos utilizados pelos indivíduos para a produção da realidade quotidiana
Analisa as atividades do dia-a-dia, a sua execução e a construção do contexto de interação, localmente situado, onde as atividades têm lugar
Estuda as rotinas da vida quotidiana, mais do que os acontecimentos marcantes, conscientemente entendidos e revestidos de significado
Prossegue um programa de investigação que se materializa essencialmente através de pesquisas empíricas de análise de conversas
Atribui especial importância ao papel do contexto em que as interações se processam e à demonstração empírica da sua relevância para os participantes
Defende que o investigador deve abster-se de interpretações apriorísticas, bem como de adotar uma posição alinhada com qualquer um dos participantes
Hipóteses fundamentais
Heritage
• As interações são moldadas pelo contexto e também o renovam - o contexto é produzido em simultâneo com a interação e através dela
• As duas propriedades são inerentes aos detalhes das interações pelo que nenhum deles pode ser, à partida, ignorado ou tomado como casual, irrelevante ou desordenado – o
que é importante para os participantes na interação social só pode ser identificado através da análise dessa interação e nunca antes. 6
Enquadramento cultural da realidade social e subjetiva: modelos estruturalistas
Pressupõe que os sistemas culturais de significado (estruturas) estão subjacentes à perceção e construção da realidade subjetiva e social
Utiliza diversos procedimentos metodológicos para analisar os significados “objetivos” e, assim, reconstituir as normas e as estruturas:
análises linguísticas, de expressões, de atividades, “suspensão calculada da atenção” do investigador
Hipóteses fundamentais
• A superfície é acessível ao indivíduo interventor, está associada às intenções e aos significados subjetivos da ação
• As estruturas de profundidade não são acessíveis à reflexão individual quotidiana, residem nos modelos culturais, nos padrões de
interpretação e nas estruturas de significado latentes, que existem ao nível inconsciente. Estas estruturas são geradoras e impulsionadoras das
atividades de superfície
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Rivalidade dos paradigmas ou triangulação das perspetivas
Flick; 2005: 25
As diferentes correntes teóricas podem ser tomadas como recursos diferenciados que possibilitam o estudo de um mesmo fenómeno, permitindo
cada uma delas explorar uma segmento que o compõe. Nesta aceção as várias posições teóricas podem ser combinadas numa perspetiva de
complementaridade, ampliando e enriquecendo a visão sobre o fenómeno estudado no seu todo.
Traços comuns às diferentes posições
Independentemente das diferenças que apresentam, as diversas posições teóricas partilham os seguintes traços comuns:
A compreensão como princípio epistemológico - compreender os fenómenos a partir do seu interior, através do estudo
do ponto de vista dos sujeitos, da análise das situações e normas sociais e culturais relevantes em cada caso. A
metodologia escolhida para alcançar esse propósito varia segunda cada corrente teórica.
A reconstituição dos casos como ponto de partida - analisar as situações em estudo, de modo mais ou menos
consistente, antes de estabelecerem comparações ou generalizações. O tipo de situação escolhida para análise depende
da perspetiva teórica adotada.
A construção da realidade como base – a realidade estudada é criada, construída, pelos diversos atores em presença.
Aquele que é considerado fundamental para essa construção difere de acordo com cada posição teórica.
O texto como material empírico – o texto é a base da reconstituição e da interpretação. A relevância atribuída ao texto
diverge consoante a teoria seguida no estudo.
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Traços da investigação qualitativa: lista completa
Flick; 2005: 27
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Metodologia das Ciências Sociais
Métodos Qualitativos
Bibliografia
Metodologia das Ciências Sociais
Métodos Qualitativos
Tema 3 – Construção e Compreensão do texto
Ana Paula Cordeiro
Estes slides não
dispensam a leitura
complementar dos
manuais adotados para
a UC
Construção e compreensão do texto
Após a recolha de dados procede-se à elaboração do texto que pretende ser um substituto da realidade e a base de interpretações
posteriores e das descobertas delas resultantes. O texto é o resultado da colecta de dados e o instrumento da sua interpretação.
Procura-se traduzir a realidade para o texto, efetuar uma retradução do texto para a realidade e, assim, realizar uma inferência da
realidade a partir do texto.
A investigação qualitativa proporciona a compreensão das realidades sociais através da interpretação de textos.
As Ciências Sociais transformaram-se necessariamente em ciências do texto, apoiando-se neles como meios de fixar e objetivar os seus
resultados.
3
O texto como construção da realidade: construções de primeira e segunda ordem
É impossível reduzir a relação entre texto e realidade a uma simples representação de factos e dados.
Questiona-se a existência de uma realidade externa aos pontos de vista subjetivos socialmente partilhados, com base na qual
seja possível validar a sua representação nos textos
De acordo com o construtivismo social e o construcionismo, a realidade é ativamente produzida pelos atores por meio da
atribuição de significado a acontecimentos e objetos, sendo impossível fugir a essa circunstância quando se estuda a
realidade social. Assim sendo, não existem factos puros e simples, eles apenas se tornam relevantes na sequência da sua
seleção e interpretação. Neste contexto impõem-se colocar as seguintes questões:
O que é que os sujeitos tomam como real? Como o fazem? Em que condições?
Os pontos de partida da investigação qualitativa são, então, as ideias sobre acontecimentos sociais, coisas, factos, que se
encontram no campo social estudado, e o modo como essas ideias comunicam entre si.
A realidade é socialmente construída através de diferentes tipos de conhecimento (do conhecimento comum até à ciência
e à arte), que constituem formas diferenciadas de construir a realidade.
Segundo Goodman e Schutz a investigação social consiste numa análise desses modos de construir a realidade e dos
esforços que os atores empreendem para o fazer no seu quotidiano. 5
Na perspetiva de Schutz os construtos das Ciências Sociais são de segundo nível, ou seja, são criados a partir dos construtos construídos pelos sujeitos sociais (nessa
aceção são construtos de construtos).
Neste contexto, o autor defende que a ação primordial da metodologia da Ciências Sociais é identificar os princípios gerais através dos quais os atores sociais
organizam as suas vivências diariamente. Nesta sequência, é com base nas perceções e no conhecimento comuns que o investigador social constrói uma versão mais
formal da realidade.
Reconhece-se então a existência de várias realidades, sendo a ciência apenas uma delas, construída com recurso aos princípios pelos quais se pauta a estruturação da
realidade quotidiana e, simultaneamente, por um conjunto de outros pressupostos.
Um dos principais problemas da investigação em Ciências Sociais consiste no facto do seu universo de estudo residir nas versões presentes no campo de estudo ou
nas que são elaboradas em conjunto ou em oposição pelos atores no âmbito da interação que estabelecem.
O conhecimento científico engloba assim vários processos de construção da realidade, designadamente os de natureza subjetiva desenvolvidos diariamente pelos
sujeitos estudados e os de carater cientifico levados a efeito pelos investigadores no tratamento, interpretação e apresentação dos dados. As experiências quotidianas
são transformadas em conhecimento pelos atores envolvidos na investigação e os relatos dessas experiências são traduzidos em texto pelos investigadores.
A construção da realidade no texto: a mimética
A mimética é a transformação da realidade em mundo simbólico, e nesse sentido, a representação das relações sociais ou naturais em textos. A mimética resulta do ato de criar
um mundo simbólico que integra elementos práticos e teóricos, sendo encarada também como um princípio geral que ilustra a compreensão que fazemos da realidade e do texto.
Neste contexto, ler e compreender textos constitui um processo ativo de construção da realidade no qual estão envolvidos o autor do texto mas igualmente aqueles que o leem e
interpretam.
Segundo Ricoeur, numa Ciência Social baseada em textos distinguem-se três formas de mimética:
• As interpretações de senso comum e as científicas são baseadas numa pré-conceção da atividade humana e dos acontecimentos naturais e sociais. A mimética 1 “ é esta pré-
conceção da natureza da ação humana, da sua semântica, do seu simbolismo, da sua temporalidade” (Flick,2005:34)
• A transformação ou tradução dos ambientes naturais ou sociais em textos é um processo construtivo que se posiciona entre o momento anterior e o momento posterior ao
texto, correspondendo à configuração da ação, a mimética 2.
• O processo de compreensão e interpretação do texto consubstancia a mimética 3, a qual designa o cruzamento entre o universo do texto e o do seu destinatário.
De acordo com o autor, no quadro das Ciências Sociais, a mimética resulta do entrosamento da construção e da interpretação da experiência, processo que se consuma nos atos
de elaboração, interpretação e compreensão dos textos.
Metodologia das Ciências Sociais
Métodos Qualitativos
Tema 3 – Construção e Compreensão do texto
Bibliografia
FlicK, Uwe (2005), Métodos Qualitativos na Investigação Científica, Lisboa, Monitor
Metodologia das Ciências Sociais
Métodos Qualitativos
Tema 4 - O papel da teoria na investigação qualitativa.
Métodos qualitativos
Estes slides não
dispensam a leitura
complementar dos
manuais adotados para
a UC
A investigação como
processo linear
• O ponto de partida do investigador é o conhecimento teórico
obtido na literatura ou através de resultados empíricos anteriores.
• Resultam hipóteses que se operacionalizam e testam face a novas
condições empíricas.
• O investigador tem como expetativa garantir a representatividade
dos dados e resultados obtidos.
• As teorias e os métodos são anteriores ao objeto de investigação;
são depois testadas e eventualmente estabelecida a sua
falsidade/veracidade.
• Se puderem ser generalizadas, são-no sob a forma de hipóteses
adicionais, por sua vez testadas novamente no plano empírico, e
assim sucessivamente.
Flick, 2005: 42
3
O conceito de processo de investigação na
teoria enraizada
• Prioriza os dados e ao campo de estudo, relativamente aos
pressupostos teóricos.
• O que determina o modo de seleção das pessoas para o
estudo é mais a sua importância para o tema do que a sua
representatividade.
• O objetivo não é reduzir a complexidade, mas antes
aumentá-la pela inclusão do contexto.
• A relação entre a teoria e o material empírico respeita o
principio da abertura o qual preconiza o adiamento da
estruturação do material estudado, até emergir a
estruturação da questão pelos próprios sujeitos estudados.
(Hoffmann-Rien, 1980; in Flick, 2005: 42).
JFialho 4
O conceito de processo de investigação na
teoria enraizada
• Este modo de entender a investigação qualitativa sugere que
o investigador deve adotar uma atitude de “suspensão
calculada da atenção”.
• O modelo de processo de investigação, na teoria enraizada,
engloba os seguintes aspetos principais: amostragem
teórica; codificação teórica; escrita da teoria.
• Postula como essencial a elaboração de teorias com base na
análise do material empírico.
• É uma abordagem fortemente orientada para a
interpretação dos dados em detrimento do método utilizado
na sua recolha.
Flick; 2005:43
JFialho 5
Linearidade e circularidade
Flick, 2005: 44
JFialho 6
Linearidade e circularidade
Flick, 2005: 44
JFialho 7
As teorias enquanto versões da realidade
• Função da teoria:
• São versões da realidade;
JFialho 8
Flick, 2005: 45
JFialho 9
Metodologia das Ciências Sociais
Métodos Qualitativos
Tema 4 - O papel da teoria na investigação qualitativa.
Métodos qualitativos
Metodologia das Ciências Sociais
Métodos Qualitativos
Tema 5: A prática da investigação. As questões da investigação; a entrada
no terreno; estratégias de amostragem ou de seleção dos participantes
Estes slides não
dispensam a leitura
complementar dos
manuais adotados para
a UC
As questões de
investigação
• O modo de formular questões é um passo nuclear na
investigação qualitativa.
• Quanto menor for a clareza na formulação das questões, maior
é o risco do investigador ser confrontado com “montanhas” de
dados, para cuja interpretação se sentirá desamparado.
• A decisão sobre uma questão especifica depende dos
interesses práticos do investigador e do seu envolvimento num
ou noutro contexto histórico e social.
• A decisão sobre uma questão concreta está ligada à redução da
variedade e à estruturação do campo de estudo.
Flick, 2005
3
Delimitar o problema
JFialho 4
Conceitos-chave e
triangulação de perspetivas
• O investigador será confrontado com a decisão de quais os
aspetos a incluir (perspetiva essencial, manipulável, relevante,
etc.) e a excluir (secundária, menos relevante, etc.).
Flick, 2005
População ou universo
A população deve ser definida em pormenor, de tal forma que um investigador possa
determinar se os resultados que se obtiveram ao estudar uma dada população podem ser
aplicados a outras populações com características idênticas.
Carmo & Ferreira, 2008
JFialho 7
População ou universo
JFialho 8
Técnicas de
amostragem
A probabilística e a não probabilística.
Amostras probabilísticas são selecionadas de tal forma que
cada um dos elementos da população tenha uma probabilidade
real(conhecida e não nula) de ser incluído na amostra.
Amostras não probabilísticas são selecionadas de acordo com
um ou mais critérios julgados importantes pelo investigador
tendo em conta os objetivos do trabalho de investigação que
está a realizar (não está garantida uma probabilidade conhecida
e não nula de cada um dos elementos da população ser
selecionado para fazer parte da amostra).
JFialho 9
Técnicas de
amostragem
JFialho 10
Amostragens probabilísticas
As amostragens probabilísticas implicam que a seleção dos elementos que vão fazer parte da
amostra seja feita aleatoriamente. Procede-se à seleção de amostras probabilísticas com o
objetivo de poder generalizar à totalidade da população os resultados obtidos com o estudo
dos elementos constituintes da amostra, devendo assim ser estes representativos dessa
população.
JFialho 11
Amostras não probabilísticas
As amostras não probabilísticas são utilizadas em muitos
projetos de investigação.
Amostras não probabilísticas podem ser selecionadas tendo
como base critérios de escolha intencional sistematicamente
utilizados com a finalidade de determinar as unidades da
população que fazem parte da amostra.
Muitas vezes são utilizadas para fazer estudos em
profundidade. A dimensão e os elementos escolhidos
dependem dos objetivos do estudo.
Carmo & Ferreira, 2008
JFialho 12
Amostras não probabilísticas
JFialho 13
Amostras não probabilísticas
Amostragem de casos muito semelhantes ou muito diferentes
Nestes estudos os elementos selecionados são normalmente
em pequeno número e portanto os recursos necessários para
fazer o estudo são limitados, mas é evidente que se levanta o
problema querendo generalizar os resultados para além dos
casos estudados.
Tome-se como exemplo: querer selecionar estudantes de
Sociologia que obtêm boas classificações ou querer selecionar
simultaneamente estudantes que obtêm boas classificações e
estudantes que obtêm más classificações.
Carmo & Ferreira, 2008
JFialho 14
Amostras não probabilísticas
JFialho 15
Amostras não probabilísticas
Amostragem de casos típicos
Este tipo de amostragem é o melhor exemplo de técnica de amostragem utilizada quando
existem grandes limitações em tempo e nos recursos disponíveis, o que torna impossível
efetuar uma amostragem de tipo probabilístico.
O investigador seleciona intencionalmente alguns casos considerados como comuns.
Para aumentar a autenticidade do estudo, casos que sejam considerados únicos ou especiais
não serão, obviamente incluídos na amostra. Esta técnica de amostragem implica que o
investigador conheça bem a população em estudo de modo a poder selecionar casos que
considere como típicos.
A suspeita de que um ou mais deles não são típicos vai afetar o reconhecimento da
cientificidade quo o estudo reveste.
JFialho 16
Amostras não probabilísticas
Amostragem em bola de neve
Este tipo de amostragem implica que a partir de elementos da população já
conhecidos se identifiquem outros elementos da mesma população.
Os primeiros indicam os seguintes e assim sucessivamente.
A amostra cresce como uma bola de neve. Frequentemente esta forma de
selecionar a amostra é utilizada quando se torna impossível obter uma lista
completa dos elementos da população que se quer estudar.
Exemplo:
Identificar as “crianças da rua”. Umas crianças vão indicando outras até se chegar
a um número previamente definido e considerado como desejável.
Carmo & Ferreira, 2008
JFialho 17
Amostras não probabilísticas
Amostragem por quotas
Pretende-se atingir um objetivo idêntico ao que se consegue na amostragem aleatória:
constituir uma amostra que seja um modelo reduzido da população.
Começa-se por se estabelecer um inventário das proporções estatísticas correspondentes à
combinação de diferentes modalidades dos caracteres retidos.
Deste modo a população é dividida em subgrupos, por exemplo grupos de homens e de
mulheres, definição de escalões de idade, enumeração de grupos étnicos de pertença, etc.
Seguidamente, tendo como base as percentagens de indivíduos necessários para a amostra
final, é indicada aos entrevistadores uma quota ou seja, o número de sujeitos pertencentes a
cada subgrupo que têm que selecionar e entrevistar.
JFialho 18
Utilidade das amostragens não
probabilísticas
Quando se estudam determinadas populações cuja listagem completa é
impossível de obter. Tome-se como exemplo: os “sem abrigo”, as “crianças da
rua”, os toxicodependentes.
A amostragem em bola de neve é quase a única técnica possível de ser aqui
utilizada com êxito em casos como os citados;
Quando o investigador está interessado em estudar apenas determinados
elementos pertencentes à população, de características bem recortadas;
JFialho 19
A Prática de Investigação
Classificação quanto ao propósito
JFialho 20
A Prática de Investigação
Classificação quanto ao método
JFialho 21
A Prática de Investigação
Classificação quanto ao método
Investigação descritiva
Esta área de investigação implica estudar, compreender e explicar a
situação atual do objeto de investigação. Inclui a recolha de dados para
testar hipóteses ou responder a questões que lhe digam respeito.
Os dados numa investigação descritiva são normalmente recolhidos
mediante a administração de um questionário, a realização de
entrevistas ou recorrendo à observação da situação real.
A informação recolhida pode dizer respeito, por exemplo, a atitudes,
opiniões, dados demográficos, condições e procedimentos.
Carmo & Ferreira, 2008
JFialho 22
A Prática de Investigação
Classificação quanto ao método
Estudo de Caso
O estudo de caso tem sido largamente usado em investigação em Ciências Sociais,
nomeadamente em Sociologia, Ciência Política, Antropologia, História, Geografia,
Economia e Ciências de Educação.
Definição - Yin (1988) define um estudo de caso como uma abordagem empírica que:
- investiga um fenómeno atual no seu contexto real; quando,
- os limites entre determinados fenómenos e o seu contexto não são claramente
evidentes; e no qual
- são utilizadas muitas fontes de dados.
Carmo & Ferreira, 2008
JFialho 23
A Prática de Investigação
Classificação quanto ao método
Estudo Etnográfico
Em vários domínios das Ciências Sociais tem-se registado um crescente
interesse pelos estudos etnográficos, com a intenção de dar resposta a
problemas que os métodos tradicionais não têm vindo a resolver de forma
satisfatória.
Os estudos etnográficos pressupõem uma extensa recolha de dados durante
um período de tempo mais ou menos longo, de uma forma naturalística, isto
é, sem que o investigador interfira na situação que está a estudar.
JFialho 24
A Prática de Investigação
Classificação quanto ao método
Investigação correlacional
O propósito de um estudo correlacional consiste em averiguar se existe ou não relação
entre duas ou mais variáveis quantificáveis.
Variáveis cujo grau de correlação é forte podem estar na base de estudos causais
comparativos, experimentais ou quase-experimentais, estudos esses conduzidos com o
objetivo de verificar se as relações existentes entre variáveis são de natureza causal.
Pode haver um grau de correlação forte entre duas variáveis sem que uma das variáveis
seja a “causa” da outra pois neste caso, será uma terceira variável a “causa” das duas
variáveis que apresentam um grau de correlação forte.
Carmo & Ferreira, 2008
JFialho 25
A Prática de Investigação
Classificação quanto ao método
Investigação experimental
O objetivo da investigação experimental é o estabelecimento
de relações causa-efeito.
Usualmente o método experimental é descrito como aquele
que é conduzido para rejeitar ou aceitar hipóteses relativas a
relações causa-efeito entre variáveis.
Carmo & Ferreira, 2008
JFialho 26
A Prática de Investigação
Classificação quanto ao método
JFialho 27
Metodologia das Ciências Sociais
Métodos Qualitativos
Tema 5: A prática da investigação. As questões da investigação; a entrada
no terreno; estratégias de amostragem ou de seleção dos participantes
Metodologia das Ciências Sociais
Métodos Qualitativos
Tema 10 - Do texto à teoria: análise e interpretação – a análise de conteúdo
Catarina Moreira
• Compreender em que
consiste e proceder à
definição de análise de
Sumário conteúdo
• Conhecer o processo de
aplicação e os requisitos da
prática da análise de
conteúdo.
1. Em que consiste a análise de conteúdo
Para Berelson, a análise de conteúdo consiste numa «técnica de investigação que permite fazer uma
descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, tendo por
objetivo a sua interpretação» (in Carmo e Ferreira, 2015: 220).
Objetiva:
efetuada segundo certas
regras, obedecendo a Sistemática:
Quantitativa:
instruções claras e a totalidade do conteúdo
uma vez que poder-se-á
precisas para que deve ser ordenada e
calcular a frequência dos
pessoas diferentes, integrada em categorias
elementos considerados
trabalhando sobre o previamente escolhidas
significativos
mesmo conteúdo, em função dos objetivos
possam obter os mesmos a atingir
resultados
1. Em que consiste a análise de conteúdo
Bardin enfatiza que a «análise de conteúdo não deve ser utilizada apenas para se proceder a uma
descrição do conteúdo das mensagens, pois a sua principal finalidade é a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção (ou eventualmente de receção), com a ajuda de
indicadores (quantitativos ou não) (…) a análise de conteúdo pode considerar-se como a
articulação entre o texto, descrito e analisado (pelo menos em relação a certos dos seus elementos
caraterísticos), e os fatores que determinaram essas caraterísticas, deduzidos logicamente,
constituindo estes a especificidade da análise de conteúdo» (Carmo e Ferreira, 2015: 221).
1. Etapas da análise de conteúdo
1ª 2ª 3ª
Som…
2. Diversos tipos de análise de conteúdo
Com base em Madeleine Grawitz, eis os vários tipos possíveis de análise de conteúdo:
Análise de Exploração e
Análise de Verificação
Análise Quantitativa e
Análise Qualitativa
Análise Direta e
Análise Indireta
Análise indireta: estreitamente ligada à análise qualitativa; «procura uma interpretação do que se
encontra latente sob a linguagem expressa»
Definição de categorias
Segundo Grawitz, as categorias são rubricas significativas, em função das quais o conteúdo será
classificado e eventualmente quantificado. A definição das categorias pode ser feita a priori
(orientada para a verificação de hipóteses) ou a posteriori (procedimento exploratório). As
categorias devem ser:
• Exaustivas: todo o conteúdo que se tomou a decisão de classificar deve ser integralmente incluído
nas categorias consideradas. Porém, é possível, se de acordo com os objetivos, não considerar
alguns aspetos do conteúdo. Assim, é vital justificar por que razão esses aspetos não foram
considerados
• Exclusivas: os mesmos elementos devem pertencer a uma e não a várias categorias
• Objetivas: as caraterísticas de cada categoria devem ver explicitadas sem ambiguidade e de forma
suficientemente clara de modo a que diferentes pessoas classifiquem os diversos elementos, que
selecionaram dos conteúdos em análise, nas mesmas categorias
• Pertinentes: devem manter estreita relação com os objetivos e com o conteúdo que está a ser
classificado
(Carmo e Ferreira, 2015: 224-225)
2. Etapas da análise de conteúdo
«Há uma grande variedade de técnicas de quantificação na análise de conteúdo; estas técnicas
evoluíram muito e diversificaram-se não só devido ao desenvolvimento da análise estatística
aplicada ao campo das Ciências Sociais como à utilização do próprio computador [que] permite
tratar o texto (análise linguística) e os resultados (análise numérica)» (Carmo e Ferreira, 2015: 228).
«A interpretação dos resultados obtidos, feita à luz dos objetivos e do suporte teórico, é
fundamental. Além da descrição, a análise de conteúdo deverá não só possibilitar a compreensão
do fenómeno que constitui objeto de estudo, como fazer o investigador chegar à sua explicação e
podendo mesmo nalguns casos fazê-lo chegar a formas de previsão. No entanto, para assegurar a
validade de qualquer previsão que venha a ser feita, torna-se necessário fazer o cruzamento com os
resultados obtidos por outras técnicas» (Carmo e Ferreira, 2015: 228).
3. Requisitos da prática de análise de conteúdo
Fidelidade Validade
Os critérios de codificação usados têm de ser Uma análise de conteúdo será válida, quando a
devidamente explicitados de modo a haver descrição que se fornece sobre o conteúdo tem
coerência ao longo do trabalho, quer este seja significado para o problema em causa e
desenvolvido por um/a só investigador/a reproduz fielmente a realidade dos factos. Para
(fidelidade intra-codificador) ou por uma isso, é necessário que todas as etapas que
equipa (fidelidade inter-codificadores). No 1º integram o processo de análise sejam
caso, o/a investigador/a deve aplicar de forma corretamente executadas. A lógica de validação
igual os critérios de codificação; no 2º caso, há poderá passar pela saturação da informação;
que garantir que diferentes pessoas cheguem triangulação; descrição exaustiva..)
a resultados idênticos. Em ambos os casos os
critérios devem ser aplicados com rigor.
(Carmo e Ferreira, 2015: 228-229)
Bibliografia
Carmo, Hermano e Manuela Malheiro Ferreira (2015), Metodologia da Investigação: Guia para
Autoaprendizagem, Lisboa, Universidade Aberta.
JFialho 3
Métodos e técnicas de
investigação em Ciências Sociais
As técnicas são procedimentos operatórios rigorosos,
bem definidos, transmissíveis, suscetíveis de serem
novamente aplicados nas mesmas condições,
adaptados ao tipo de problema e aos fenómenos em
causa. A escolha das técnicas depende do objetivo que
se quer atingir, o qual, por sua vez, está ligado ao
método de trabalho.
JFialho 4
Métodos quantitativos e
métodos qualitativos
• A distinção entre paradigmas diz respeito à
produção do conhecimento e ao processo de
investigação e pressupõe existir uma
correspondência entre epistemologia, teoria e
método.
JFialho 5
Paradigmas Quantitativo e
Qualitativo
• Embora muitos investigadores adiram a um paradigma e ao método que lhe
corresponde, outros combinam nos seus trabalhos de investigação os dois
métodos característicos de cada um dos paradigmas.
JFialho 10
Características dos métodos quantitativos
• A utilização de métodos quantitativos está essencialmente ligada à
investigação experimental ou quasi-experimental o que pressupõe a
observação de fenómenos, a formulação de hipóteses explicativas
desses mesmos fenómenos, o controlo de variáveis, a seleção
aleatória dos sujeitos de investigação (amostragem), a verificação
ou rejeição das hipóteses mediante uma recolha rigorosa de dados,
posteriormente sujeitos a uma análise estatística e uma utilização
de modelos matemáticos para testar essas mesmas hipóteses.
• O objetivo é a generalização dos resultados a uma determinada
população em estudo a partir da amostra, o estabelecimento de
relações causa-efeito e a previsão de fenómenos.
Carmo & Ferreira, 2008: p.196
JFialho 11
Características dos métodos quantitativos
• A investigação quantitativa implica que o investigador
antes de iniciar o trabalho elabore um plano de
investigação estruturado, no qual os objetivos e os
procedimentos de investigação estejam indicados
pormenorizadamente.
JFialho 14
Características dos métodos qualitativos
• Indutiva - Os investigadores tendem a analisar a
informação de uma “forma indutiva”. Desenvolvem
conceitos e chegam à compreensão dos fenómenos a
partir de padrões provenientes da recolha de dados.
• Não procuram a informação para verificar hipóteses. A
teoria é desenvolvida de “baixo para cima” (em vez de
cima para baixo), tendo como base os dados que
obtiveram e estão inter-relacionados. Esta teoria
designa-se por “teoria fundamentada” (Glaser e Strauss,
1967);
Carmo & Ferreira, 2008: p.197
JFialho 15
Características dos métodos qualitativos
Holística - Os investigadores têm em
conta a “realidade global”. Os
indivíduos, os grupos e as situações
não são reduzidos a variáveis mas
são vistos como um todo, sendo
estudado o passado e o presente
dos sujeitos de investigação;
JFialho 16
Características dos métodos qualitativos
• Naturalista - A fonte directa de dados são as situações
consideradas “naturais”. Os investigadores interagem também
com os sujeitos de uma forma “natural” e, sobretudo,
discreta. Tentam “misturar-se” com eles até compreenderem
uma determinada situação, mas procuram minimizar ou
controlar os efeitos que provocam nos sujeitos de
investigação e tentam avaliá-los quando interpretam os dados
que recolheram;
• Os investigadores são “sensíveis ao contexto” - Os atos, as
palavras e os gestos só podem ser compreendidos no seu
contexto;
Carmo & Ferreira, 2008: p.198
17
Características dos métodos qualitativos
• O “significado” tem uma grande importância - Os
investigadores procuram compreender os sujeitos a partir
dos “quadros de referência” desses mesmos sujeitos.
Tentam viver a realidade da mesma maneira que eles,
demonstram empatia e identificam-se com eles para
tentar compreender como encaram a realidade. Procuram
compreender as perspetivas daqueles que estão a estudar,
de todos na sua globalidade e não apenas de alguns. O
investigador deve “abandonar”, “deixar de lado” as suas
próprias perspetivas e convicções;
Carmo & Ferreira, 2008: p.198
JFialho 18
Características dos métodos qualitativos
A investigação qualitativa é “descritiva”. A
descrição deve ser rigorosa e resultar
diretamente dos dados recolhidos. Os dados
incluem transcrições de entrevistas, registos
de observações, documentos escritos
(pessoais e oficiais), fotografias e gravações
vídeo. Os investigadores analisam as notas
tomadas em trabalho de campo, os dados
recolhidos, respeitando, tanto quanto possível,
a forma segundo a qual foram registados ou
transcritos; Carmo & Ferreira, 2008: p.198
JFialho 19
Características dos métodos qualitativos
Em investigação qualitativa “a
preocupação central não é a de saber
se os resultados são suscetíveis de
generalização, mas sim a de que
outros contextos e sujeitos a eles
podem ser generalizados”
(Bogdan e Biklen, 1994).
JFialho 20
Tradições teóricas em investigação qualitativa
Patton (1990)
JFialho 21
Tradições teóricas em investigação qualitativa
Patton (1990)
JFialho 22
Possibilidade de utilizar uma combinação de métodos
quantitativos e qualitativos
JFialho 23
Possibilidade de utilizar uma combinação de métodos
quantitativos e qualitativos
JFialho 26
Metodologia das Ciências Sociais
Métodos Qualitativos
Tema 11 – Sobre as relações entre métodos qualitativos e quantitativos