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SÉRIE

2024_EM_B1_V1
História

Memória e História

1º bimestre – Aula 01
Ensino Médio
Conteúdo Objetivos

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● Memória e cultura; ● Identificar e analisar
● Identidade e diversidade. diferentes fontes e narrativas
históricas a partir de padrões
culturais de diversas sociedades
e temporalidades, tendo em
vista a compreensão do mundo.
Para começar

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Memória e História, desde o início das
Vire e converse origens, estão intimamente relacionadas.
A memória, como propriedade de
● Você sabe o que é memória? armazenar e atualizar informações,
● Qual é a importância da proporciona à História narrar as ações
memória? humanas tanto do presente quanto do
passado mais longínquo. A História, então
● O que ela representa para você?
surge como filha da memória. E “a
Reflita e relacione suas ideias com o memória, onde cresce a história, que por
texto ao lado e não esqueça de sua vez a alimenta, procura salvar o
registrar suas observações. passado para servir o presente e o futuro”.
(LE GOFF, 1990:478)
Foco no conteúdo

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Ao contrário da História, que apoia seu estudo em evidências documentadas, a
memória baseia-se em lembranças que dispensam fontes objetivas. A História
parte do pressuposto de que determinados fatos realmente aconteceram; a
memória, sujeita às inconstâncias do cotidiano, é volúvel e mutável, mais
próxima dos sentimentos que da razão. As diferenças entre História e memória
são inegáveis. Só considerar aquilo que as distingue, no entanto, pode nos levar
a perder o foco da questão, que é saber o quanto e o que da memória –
especialmente da memória coletiva – se inserem no autoconhecimento histórico
e vice-versa.
Referência: BOSCHI, Caio César. Por que estudar história? São Paulo: Ática, 2007.
Foco no conteúdo

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Memória e História interagem e se complementam. Assim como existe a
memória de nossas coisas pessoais, existe a memória coletiva, que está nos
vários lugares ou espaços de manifestação das coletividades. Segundo o
historiador francês Pierre Nora (1931), tais espaços são “lugares topográficos,
como os arquivos, as bibliotecas e os museus; lugares monumentais, como os
cemitérios ou as arquiteturas; lugares simbólicos, como as comemorações, as
peregrinações, os aniversários ou os emblemas; lugares funcionais, como os
manuais, as autobiografias ou as associações. Esses memoriais têm a sua
história”.

Referência: BOSCHI, Caio César. Por que estudar história? São Paulo: Ática, 2007.
Na prática

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Todo mundo
escreve

A partir das discussões estabelecidas até aqui em sala de aula, sabemos que a
memória é fundamental para a História, uma vez que é ela (a memória)
individual ou coletiva que dá conteúdo, identidade e espessura a todos os
humanos. Dessa forma, reflita sobre os conhecimentos que um historiador possui
sobre os diferentes elementos constitutivos, ou seja, aquilo que pode contar uma
história, para buscar no passado a consciência de seu próprio tempo.
Na prática

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Correção
Primeiramente, há a questão da preservação da memória. Alguns eventos são
documentados de forma robusta, por exemplo os acervos materiais, enquanto
outros podem ser efêmeros, deixando apenas vestígios. O historiador precisa
decifrar esses vestígios, como um detetive do passado, para reconstruir uma
narrativa coerente. Além disso, a subjetividade da memória humana é um desafio
intrigante. As pessoas lembram e interpretam acontecimentos de maneiras
diferentes, muitas vezes influenciadas por emoções, opiniões e perspectivas
pessoais. Em última análise e de maneira bastante subjetiva, o historiador é um
contador de histórias, mas suas histórias são construídas a partir de fragmentos do
passado, moldados pela interação complexa entre a memória individual e coletiva,
com as condições de preservação de um acervo material e imaterial na atualidade
do seu tempo. É uma busca fascinante e desafiadora, mas é por meio dela que
podemos compreender e apreciar a riqueza da experiência humana ao longo do
tempo.
Foco no conteúdo

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A memória evanescente
Conta o mestre Capistrano, que teria encontrado um historiador de moral
duvidosa a queimar documentos para tornar a sua leitura daquelas fontes
imprescindível e definitiva. O tom quase anedótico da narrativa esconde uma
questão importante: o documento é a base para o julgamento histórico?
Destruídos todos os documentos sobre um determinado período, o que poderia
ser dito por um historiador? Uma civilização da qual não tivéssemos nenhum
vestígio arqueológico, nenhum texto e nenhuma referência por meio de outros
povos, seria como uma civilização inexistente para o profissional de História?

Referência: KARNAL, Leandro; TARSCH, Flavia Galli. A memória evanescente. In: PINSKY, Carla B; LUCA,
Tania Regina de. (Orgs.). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p. 9.
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Ora, se o documento é a pedra fundamental do pensamento histórico, isto nos
remete a outra questão: o que é um documento histórico? É notável como o
historiador resiste em definir seus conceitos de trabalho, mesmo os
fundamentais. Discutir o que consideramos um documento histórico é, na
verdade, estabelecer qual é a memória que deve ser preservada pela História.

Referência: KARNAL, Leandro; TARSCH, Flavia Galli. A memória evanescente. In: PINSKY, Carla B; LUCA,
Tania Regina de. (Orgs.). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p. 9.
Na prática

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Todo mundo
escreve

A partir da leitura do fragmento textual, responda ao que se pede:


Qual é a relação entre o título do texto e as chamadas fontes e/ou documentos
históricos? Por que o autor usa o termo “evanescente” para falar da memória?
Explique.
Na prática

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Correção
O texto A memória evanescente já propicia uma problematização inicial ao
questionar que a definição do que é considerado um documento histórico
estabelece qual memória será preservada pela História. Obviamente que a
historiografia contemporânea superou as convicções positivistas sobre as
tipologias de fontes para a produção do conhecimento; no entanto, é
importante compreender e reconhecer a importância dos vestígios e como a
memória “lembra” ou “esquece” determinados grupos, povos, indivíduos,
tendo em vista que, por meio dela, constroem-se as imagens de um lugar,
povo, indivíduo ou de algum fato.
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Identidade individual e coletiva / Identidade Cultural
O que tudo isso significa?
Como diz Brandão (1996, p. 42): “identidade é o reconhecimento social da
diferença”. Segundo Florescano (1997, p. 67), “... a função da História é dotar de
identidade a diversidade de seres humanos que formavam a tribo, o povo, a pátria ou
nação”. Observando o processo pelo qual a identidade é construída, percebe-se que o
sujeito desta construção é capaz de mudança; essa identidade passa também por
modificações, pois ela não é fixa. O espaço onde esse sujeito habita, as coisas que o
cercam estão em constante transformação.
Referência: SILVA, Luiz Carlos Rodrigues da. História e Identidade nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Revista Internacional de apoyo a la inclusión, logopedia, sociedad y multiculturalidad, Universidad de Jaén, v.
3, n. 2, p. 72-90, 2017.
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“Compreender quem somos, para onde vamos, o que fazemos, mesmo que muitas
vezes pessoalmente não nos identifiquemos com o que esse mesmo bem evoca,
ou até apreciemos sua forma arquitetônica ou seu valor histórico. (...), pois é
relevador e referencial para a construção de nossa identidade histórico-cultural.”
Estas mudanças, Brandão (1996, p. 45) chama de “crise de identidade”,
“confusão de identidade”, “manipulação de identidade”, “identidade negativa”.
Estes são os conceitos que alguns estudiosos deram para o assunto para traduzir
os descaminhos da identificação que podem acontecer em diversos modos e
tempos.
Referência: SILVA, Luiz Carlos Rodrigues da. História e Identidade nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Revista Internacional de apoyo a la inclusión, logopedia, sociedad y multiculturalidad, Universidad de Jaén, v.
3, n. 2, p. 72-90, 2017.
Na prática

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Vire e converse

Em se tratando de diferenças, Woodward (2000, pp. 12-14) oferece-nos alguns


conceitos de identidade e diferença que oportunizam a análise desta investigação,
tais como:
A identidade é, na verdade, relacional; e a diferença é estabelecida por uma
marcação simbólica relativamente a outra identidade;
A identidade está vinculada também às condições sociais e materiais;
A identidade é construída tanto simbólica quanto socialmente.
Sendo assim, após a leitura destes conceitos, responda ao que se pede relacionando a
fonte historiográfica. Tente expor a história dos diferentes personagens,
identificando cada um deles e seus contextos sociais e econômicos.
Na prática

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Segundo o ponto de vista dos subjugados, exposto pelo chefe bretão Calgaco às suas
tropas, “(Os Romanos) são bandidos que se apoderaram do mundo inteiro [...] ávidos se o
inimigo é rico, ambicioso se é pobre, pois que nem o Oriente nem o Ocidente os saciaram.
São os únicos de entre todos os homens que unem num mesmo apetite a fortuna e a
indigência. Pilhar, matar, roubar, disfarçam tudo isso sob o falso nome do império;
quando fazem o deserto, chamam a isso a paz [...]. Os nossos filhos e familiares são (por
eles) levados à força para ir servir noutro sítio. Os bens, vão-se, pelo tributo; as colheitas
anuais, pela requisição; os próprios corpos e as mãos gastam-se a abrir estradas nas
florestas e nos pântanos, sob as pancadas e os ultrajes [...]. Aqui há um chefe e um
exército; lá (sob o domínio romano), tributos, trabalhos nas minas, todos os castigos
reservados aos escravos”.
Referência: TÁCITO. Vida de Agrícola. In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Vol. I -
318 textos e documentos. Lisboa: Plátano, 1975.
Na prática

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Correção
Calgaco: Chefe bretão, provavelmente um líder militar e político, expressando suas
opiniões sobre os romanos aos seus soldados.
Soldados de Calgaco: As tropas bretãs que estão ouvindo o discurso de seu líder. São
os subjugados referências no ponto de vista, sujeitos às condições difíceis sob o
domínio romano.
Romanos: Referidos como “bandidos” por Calgaco, esses são os conquistadores,
ocupantes e governantes romanos, vistos como opressores pelos bretões.
No contexto social e econômico, aparecem situações de: subjugação e opressão,
exploração econômica, trabalho forçado, descontentamento e resistência às práticas
romanas. Essa passagem proporciona uma visão aguda do conflito entre os
conquistadores romanos e os bretões subjugados, destacando as injustiças sociais e
econômicas percebidas pelos últimos.
Na prática

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Produzida no Chile, no final da década de 1970, a
Retome suas análises sobre os imagem expressa um conflito entre “culturas
conceitos até aqui discutidos e identitárias” e sua presença em museus, decorrente
reflita para responder ao que se da:
pede neste exercício.
I. valorização do mercado das obras de arte.
II. definição dos critérios de criação de acervos.
III. ampliação da rede de instituições de memória.
IV. burocratização do acesso dos espaços
expositivos.
V. fragmentação dos territórios das comunidades
representadas.
“Nossa cultura não cabe nos seus
museus.”

Imagem. TOLENTINO, A.B. Patrimônio cultural e discursos museológicos. Midas, n. 6, 2016.


Na prática

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Correção

Se você respondeu alternativa II, parabéns! Você está no caminho certo!


Muitos museus se utilizam de critérios etnocêntricos para construir seus
acervos, pois enquadram determinadas culturas como sendo primitivas ou
exóticas. É nesse debate acerca dos critérios de criação de acervos que a
imagem se insere. A imagem questiona os critérios de escolha dos acervos
dos museus. Nesse sentido, questiona a utilização da cultura e da arte como
um todo como forma de legitimação das desigualdades sociais, uma vez
que os acervos dos museus são, em geral, etnocêntricos e ortodoxos.
Aplicando

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1. Explique de que forma
um historiador e você,
em uma atitude
historiadora, teriam
condições de acessar o
passado.
2. A partir da imagem em
destaque, qual narrativa
podemos estabelecer?
Fonte: Ipatrimônio. Patrimônio cultural Brasileiro.
Disserte. Imagem: Moinho Fratelli Maciotta,
em Ribeirão Pires-SP
Aplicando

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Correção
1 - A relação do historiador com o passado acontece por meio do trabalho com as
chamadas fontes históricas. Essas fontes podem abarcar uma série de registros do
passado, entre os quais podemos incluir o trabalho com documentos oficiais,
relatórios, cartas, artefatos arqueológicos, o mobiliário, as vestimentas, as obras
artísticas, as fotografias e os relatos orais. À medida em que reúne tais fontes, o
historiador busca responder às questões que levanta sobre as mesmas.
2 - Planejado em 1898 e inaugurado no ano seguinte pelo engenheiro italiano Federico
Maciotta, o Moinho de Ribeirão Pires foi a primeira unidade moageira movida por
tecnologia de cilindro frio no Estado de São Paulo e a primeira indústria da futura
região do Grande ABC. O edifício é representativo da ocupação industrial do Estado,
apoiado nas políticas de incentivo à imigração europeia, no estímulo capitalista da
ferrovia São Paulo Railway e nas ações de importação e exportação.
Referência: Texto adaptado de: RIBEIRÃO Pires – Moinho Fratelli Maciotta. Ipatrimônio, [s.d.]. Disponível em:
https://www.ipatrimonio.org/ribeirao-pires-moinho-fratelli-maciotta/#!/map=38329&loc=-23.711454,-46.41736399999999,17. Acesso em:
19 out. 2023.
O que aprendemos hoje?

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● Identificamos e analisamos diferentes fontes
e narrativas históricas a partir de padrões
culturais de diversas sociedades e
temporalidades, tendo em vista a
compreensão do mundo.
Referências

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BITTENCOURT, Circe (Org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2003.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Trad. Bernardo Leitão [et al]. Campinas: Editora da Unicamp, 1990.
SILVA, Luiz Carlos Rodrigues da. História e Identidade nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Revista
Internacional de apoyo a la inclusión, logopedia, sociedad y multiculturalidad, Universidad de Jaén, v. 3, n.
2, p. 72-90, 2017.
IOKOI, Zilda M.; QUEIROZ, Tereza. A História do historiador. São Paulo: Ed. Humanitas, FFLH/USP, 1999,
p. 07-08.
KARNAL, Leandro; TARSCH, Flavia Galli. A memória evanescente. In: PINSKY, Carla B; LUCA, Tania Regina
de. (Orgs.). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p. 9.
LEMOV, Doug. Aula Nota 10 3.0: 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2023.
Referências

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Lista de imagens e vídeos
Slide 17 –https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2019/2019_PV_impresso_D1_CD1.pdf.
Slide 19 –
https://www.ipatrimonio.org/ribeirao-pires-moinho-fratelli-maciotta/#!/map=38329&loc=-23.711454,-46.4173639
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