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O Caráter Esquizóide

1. Segundo Reich, a distinção entre as estruturas de caráter


esquizóide e esquizofrênico é uma questão de grau. O que
não significa que não sejam encontradas diferenças
qualitativas. Pode-se, em casos extremos, certamente hesitar
ao comparar o esquizofrênico institucionalizado, com o bom
funcionamento do caráter esquizóide.
2. Fenichel (1945, pág. 443) define diferentemente o problema

esquizóide: “As pessoas que, sem portarem uma verdadeira


psicose, exibem contudo traços isolados ou mecanismos do
tipo esquizofrênico, foram denominadas ‘esquizóides’,
‘esquizofreniadas’, ou ‘esquizo-ambulantes’, ou similares”.
Indivíduos assim, apresentarão evidências de mecanismos
patogênicos de tipo neurótico e psicótico. “as circunstâncias é
que decidirão se a disposição psicótica será provocada com
mais intensidade, ou se será suavizada”. É exatamente a
presença dessa “disposição psicótica”, ao contrário de
comportamento psicótico, o que diferencia o caráter
esquizóide do esquizofrênico.
3. São unânimes todos os autores ao imputarem um distúrbio

afetivo grave ao caráter esquizóide. Fenichel (1945, pág.445)


diz, especificamente, que “as emoções dessas pessoas
parecem ser geralmente inadequadas...comportam-se ‘como
se’ tivessem relações de sentimentos com as demais
pessoas”. Embora basicamente verdadeiras essas
afirmações, é difícil empregá-las como características

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diferenciais. Os neuróticos têm respostas emocionais
inadequadas, exibem um comportamento “como se” e usam
mecanismos de “pseudo-contato” nos relacionamentos
interpessoais. Reich se viu forçado a dizer que a
agressividade do esquizóide é uma agressividade “como se”,
“vestida” por uma questão de sobrevivência e mantendo a
mesma relação que as roupas, para a personalidade. Não se
sente isto como uma parte integral do ser verdadeiro.
4. E quanto à estrutura do ego na personalidade esquizóide?

Não apresenta nenhuma das atitudes básicas e todas elas.


Algumas vezes, o esquizóide atua com forte determinação,
mas isso dura pouco. A agressão não termina numa sensação
de marasmo: desaparece. Quando acontece, há uma
sensação de onipotência, porque não foi posta em cheque
pela realidade. A função do teste de realidade está
relativamente subdesenvolvida. Esta onipotência da
agressão, difere do ego inflado, bem como da elação do
caráter oral, na medida em que é um impulso material
verdadeiro. É experienciado como poder para fazer as coisas
e não como poder de pensamento. Ao passo que o caráter
oral não consegue realizar coisa alguma com seu ego inflado,
o esquizóide pode e consegue ser criativo de modo
construtivo. A própria ausência de restrições do ego pode
tornar possível o rompimento das barreiras da realidade, na
forma como são habitualmente conhecidas e na
transformação em modos novos de sentir e atuar. Muito se

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deve precisamente a essas realizações por artistas e outros.
Trata-se de uma vontade sem um “eu”.
5. Atitudes caracterológicas marcantes do tipo “eu não vou” e

“eu não posso (não consigo)” estão ausentes na


personalidade esquizóide. Dado que suas atitudes básicas se
originam de uma negação dos valores da realidade material,
não tem necessidade de lutar com ela. Contudo, podem ser
encontradas, superficialmente, atitudes masoquistas e
tendências orais, derivadas de experiências específicas na
sua história de vida. Estas, no entanto, não estão
relacionadas ao ego.
6. O caráter esquizóide funciona na realidade por uma questão

de sobrevivência, mas sem a convicção interna de que seus


valores sejam reais. Falta-lhe o controle sobre suas reações
que o neurótico possui, não importando quão neurótico possa
ser tal controle. Está mais à mercê das forças externas do
que o neurótico. Responde imediatamente e diretamente à
afeição, mas, de modo igualmente imediato, paralisar-se-á
numa situação que sinta ser negativa. (lembrar que remete ao
comportamento da mãe dos pacientes com este tipo de
caráter)
7. Não é que o caráter esquizóide não sinta a si mesmo, isso se
dá. Trata-se mais de sua sensação de si mesmo em relação à
realidade material ser fraca. Por outro lado, é grande a sua
capacidade para a sensação espiritual, para a ternura e
simpatia. Sua falta de identificação egóica e controle da
coordenação motora constituem um obstáculo. Na realidade,

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o caráter esquizóide pode centrar os sentimentos ternos, por
um breve período, numa outra pessoa. A tensão originada
pela tentativa de manutenção do contato, provoca uma
ruptura. O conceito de coordenação motora deve ser
entendido como uma descrição do movimento integrado com
uma sensação adequada. É possível o movimento dissociado:
o caráter esquizóide pode ser um excelente bailarino. É típico
o sentimento ou sensação dissociados; difícil é o movimento
expressivo. A tendência à difusão instintiva, à dissociação
entre movimento e sensação ou sentimento, são
característicos desta condição.
8. Enquanto que o esquizofrênico, apartado da realidade,
sofrerá de despersonalização, o caráter esquizóide mantém a
unidade entre mente-corpo por um fio. Emprega seu corpo do
mesmo modo como uso de um automóvel. Não tem a
sensação de que ele é o seu corpo; ao contrário, sente que o
corpo é a moradia de seu self sensível e intelectivo. O que
não é infantil já que de modo algum reflete a identificação do
bebê com o prazer corporal. O corpo de uma pessoa é sua
mais imediata realidade e também a ponte que conecta sua
realidade interior à realidade material do mundo externo. Eis
aqui, portanto, a chave do tratamento terapêutico para a
personalidade esquizóide. Em primeiro lugar, provocar uma
certa identificação ou aumentar a já existente, através de
sensações quinestésicas. Em segundo, incrementar a
profundidade e alcance do movimento expressivo. Em
terceiro, desenvolver o relacionamento corpo-objetos: comida,

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objeto do amor, objetos profissionais, roupas, etc. o efeito
desta abordagem é o fortalecimento e desenvolvimento do
ego que, segundo nos lembra Freud, “é antes e acima de
tudo, um ego corporal”.
9. Na dinâmica da estrutura corporal conforme encontrada nos

caracteres esquizóides é-se freqüentemente impressionado,


primeiro pela aparência da cabeça, que não parece nunca
estar presa com firmeza ao pescoço. Não é incomum que
esteja ligeiramente inclinada de um tal modo que sente-se
que ela poderia rodar para o outro lado. A atitude do
esquizofrênico como do esquizóide é de desligamento, como
se a cabeça estivesse fora da linha central de fluxo energético
do corpo.
10. Palpando-se os músculos do pescoço no indivíduo
esquizóide, revelam-se fortes tensões isoladas, embora
nenhuma rigidez generalizada visível. A própria cabeça está
contraída e tensa, conferindo a toda ela uma expressão de
magreza. Afora essa expressão, o rosto é comumente como
uma máscara. É tenso o escalpo ao redor do topo da cabeça
e há fortes tendências à calvície frontal no homem. Há um
vazio da testa e falta de expressão nos olhos. A boca nunca é
cheia ou sensual. Depois de algum tempo, espanta a contínua
ausência de alegria, intensidade ou luminosidade de
expressão. Esta não é depressiva; é fria.
11.O segmento do ombro do caráter esquizóide exibe uma
perturbação característica. Os braços têm força; no entanto, o
movimento de socar está cindido. O corpo não participa do

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movimento. Na estrutura de caráter esquizóide, as tensões
musculares são profundas e se baseiam na imobilidade da
escápula.
12. A profunda espasticidade da base do crânio está refletida num

bloqueio correspondente na área das costas, onde se unem


pélvis e espinha. É tão severa essa tensão, em algumas
pessoas esquizóides, que pode produzir uma dor muito
aguda. As pernas também exibem uma relação com a pélvis,
semelhante à existente entre os braços e a cintura escapular,
a saber, que não existe liberdade na articulação do quadril.
Daí resulta uma imobilidade pélvica mais severa do que a
observada em qualquer outra estrutura neurótica. Os
músculos das coxas e pernas podem ser flácidos ou
acentuadamente superdesenvolvidos. Em ambas as
circunstâncias, nota-se a falta de contato com as pernas e
com o solo. Os pés são invariavelmente fracos,
especialmente a arco metatársico. As articulações são duras
e imóveis, o que ainda fica mais claramente evidente nos
tornozelos. Parece que está congelada.
13.Fenichel (1945, pág. 446) descreve duas atitudes musculares
características: “normalmente, uma tensão interna violenta se
é percebida através da hipermotilidade ou da rigidez
hipertônica, disfarçadas numa aparência externa de quietude;
em outras ocasiões, dá-se o contrário: uma extrema apatia
hipotônica”. A primeira é um estado de hipermotilidade,
dissociado de qualquer conteúdo emocional. O corpo está
tenso e carregado, mas o movimento é mecânico. No

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segundo caso, a motilidade está reduzida, embora a
dissociação afetiva seja menor. A hipotonicidade se vê
limitada aos músculos superficiais. A técnica de palpar,
sempre confirma a espasticidade da musculatura profunda.
14. Notamos que a observação da respiração do caráter
esquizóide exibe perturbações peculiares. Reich descrevia a
baixa absorção de ar, apesar do peito macio e da aparente
boa expansão do tamanho da caixa torácica. Existe um outro
fator envolvido nesta contradição. Na estrutura esquizóide, o
que impede o diafragma de descer, é a expansão da cavidade
torácica ser acompanhada da contração da cavidade
abdominal; ou então, podemos dizer que o diafragma também
se contrai de modo que não ocorre o movimento descendente
dos pulmões. Sob tais condições, o esquizóide se esforça
para respirar na parte superior do tronco, a fim de obter ar
suficiente.
15. Observações adicionais de movimentos respiratórios
tornaram ciente de que o diafragma está relativamente
imóvel, congelado numa condição de contração. As costelas
inferiores saltam para fora. Dado que o diafragma está inativo,
uma expansão violenta da cavidade torácica tende a empurrá-
lo para cima, por sucção. É a mesma sucção que parece ser
responsável pela fraquejar do abdômen. Observa-se que a
barriga está “chupada” durante a inspiração e, em seguida,
“estufada”, durante a expiração. Este não é o tipo de
respiração normal. No indivíduo normal, peito e barriga
tendem a fazer o mesmo movimento. Essa unidade de

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movimento respiratório – onde a parede do tórax e do
abdômen se movem em uníssono – é muito evidente nos
animais e crianças. Esse tipo esquizofrênico de respiração,
tem um sinal emocional. Se replicá-la em você (infle seu peito
e chupe a sua barriga) ouvirá um ruído abafado a medida em
que o ar entre em seus pulmões. Não é difícil reconhecer
nisso uma expressão de medo.
16.O emprego do sexo enquanto um meio de estabelecimento e
contato com outro ser humano, caracteriza o comportamento
sexual do caráter esquizóide. Nos casos mais graves, como o
do esquizofrênico crônico, esta cisão da estrutura corporal
fica claramente evidente em seus desenhos figurativos e em
sua imagem corporal. O caráter esquizóide exibe a cisão
apenas enquanto uma tendência. Indivíduos que indicam as
articulações, podem ser sujeitos com um senso de integridade
corporal incerto e incompleto. O esquizóide e o indivíduo
francamente esquizofrênico exagerarão a ênfase nas
articulações a fim de afastar para longe sensações de
desorganização corporal.
17.A pélvis e as extremidades estão contraídas e subcarregadas,
fato que interpretaria não como afastamento da realidade,
mas como malogro no desenvolvimento. Pode-se dizer que a
estrutura corporal do esquizóide se mantém unida bem
frouxamente, apenas pela pele. Os movimentos parecem
mecânicos. Tem-se a impressão de que são desejados
conscientemente. Estão ausentes os gestos peculiares de
uma pessoa enquanto indivíduo único.

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18.Os olhos do esquizóide buscam os do terapeuta. Fica-se
espantado por seu desejo de contato, como se este fosse o
princípio predominante em suas personalidades.
19.Segundo Reich: “não encontrei em nenhum outro tipo de
caráter, um esforço tão genuíno para resolver problemas”.
20. Devemos começar assumindo que, na concepção, o
organismo é uma unidade. Isto significa que eliminamos a
hereditariedade como fator de peso para a etiologia da
doença-emocional. Poderá ou não ter o seu papel na
determinação da predisposição a patologias funcionais, mas
devemos ter em mente o fato de que a importância da
hereditariedade como fator em processos patogênicos está
sendo constantemente reduzida a medida em que se progride
o conhecimento médico. O agente operativo poderia ser
descrito como o ódio da mãe pelo filho, ódio esse que jaz
primordialmente ao nível inconsciente. O ódio prejudicial é
aquele inconsciente, profundamente enraizado e persistente,
operativo, já desde o começo da vida do organismo.
21. Ao configurarmos a natureza do ódio, deveríamos começar

pelo estabelecimento de uma distinção fundamental. O ódio e


a raiva não são a mesma coisa. A raiva é um sentimento
quente, que tem por objetivo a remoção de um obstáculo ao
fluxo libidinal. O ódio é frio e imobilizador. Embora possa ser
destrutiva na sua exteriorização, o objetivo da raiva é
basicamente construtivo. A raiva não almeja a destruição do
objeto de ligação instintiva, ao passo que o ódio sim. A raiva é
uma enchente de agressão, não misturada com nenhum

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sentimento terno. Entretanto, assim que a enchente baixa de
nível, fluem novamente as sensações de ternura. A raiva é
uma tempestade de verão, seguida de um sol brilhante. O
ódio pode ser comparado ao frio ininterrupto de uma vasta
extensão de terra congelada. Freud comentou que o ódio está
relacionado antiteticamente ao amor. Sabe-se que um pode
se tornar no outro.
22.Os psiquiatras que entrevistaram as mães de pacientes
esquizofrênicos têm relatado sentimentos bastante
semelhantes aos que os esquizofrênicos parecem ter: que a
mãe é superficialmente otimista, cooperativa, condescendente
mas que, não tão distante assim da superfície, se congela ao
ser mencionada qualquer coisa desagradável. Os
desdobramentos que essas mães têm, na realidade, lançam-
nas dolorosamente de volta ao seu próprio mundo de objetos
interiores de amor e ódio. A criança que esteja sendo levada
pelos braços, na época de um stress violento, que veio de
dentro até bem pouco fora parte de sua mãe, é a herdeira
natural de toda sua frustrada busca de objetos. O elemento
tempo é a razão pela qual uma criança exibirá essa
perturbação, ao passo que seus irmãos estarão livres dela.
23.O caráter esquizóide e, certamente, o esquizofrênico,
deverão estar enfrentando a vida com um centro vital sensível
e energético, mas com um sistema motor de descarga
contraído, aleijado. Posto que pode confiar muito pouco em
seu sistema motor, depende de uma sensibilidade
exacerbada para evitar o perigo e alcançar êxito no mundo

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material. Isto é evidentemente inadequado, o que leva sua
frustração a aumentar a sensação de conflito. O conflito é
basicamente o que fazer com suas tendências agressivas, já
que há, como em todas as condições de danos traumáticos,
uma luta inconsciente para a recuperação de unidade
perdida.
24.Difícil como possa ser o mundo adulto da realidade no qual
se vêem esquizóide ou esquizofrênico, é um mundo de calor
físico, se comparado com o meio-ambiente de sua infância e
meninice. Mas ao oferecer calor, também apresenta perigos.
O degelo pode provocar uma inundação que extravasará o
leito do rio. A enchente de agressividade, dissociada de
sentimentos ternos, só poderia ter um resultado: assassinato,
a destruição do objeto que o ameaçava e magoava, a
destruição da realidade inteira, equivalente ao assassinato de
sua mãe.
25.Chegamos à conclusão, portanto, de que o esquizofrênico
odeia inconscientemente sua mãe. Mas ele não é uma
pessoa fria e odiosa. Seu ódio não lhe envolve o coração,
apenas seus músculos. Não foi seu coração que se
congelou, só o seu sistema muscular.
26. O caráter esquizóide, ao contrário do esquizofrênico, tem uma

motilidade e coordenação motora maiores, ego e índice de


independência melhor organizados. No seu tratamento,
podemos contar com uma participação mais consciente. Não
obstante, as tendências esquizofrênicas básicas estão
presentes e, a terapia deve ser orientada no mesmo espírito

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que seria adequado no caso de se estar lidando com um
esquizofrênico.
27. Os caracteres esquizóide e esquizofrênico não têm defesas

de ego. Isso, então, será um fator tremendamente positivo em


sua terapia, dado que não resistem inconscientemente, bem
como nem o conseguem; o que não quer dizer que a
resistência seja um fenômeno consciente. O caráter
esquizóide não tem consciência de nenhuma resistência,
embora esta assuma a forma de desconfiança, medo do
terapeuta ou medo da terapia. Disso ele está ciente. Estes
são pacientes que não têm defesas profundas, devendo
assim por-se em guarda. Contra esse tipo de resistência, o
terapeuta só pode oferecer seu esforço sincero, humildade e
sinceridade.
28. Como parte desta ausência de defesas egóicas, o caráter

esquizóide bem como o esquizofrênico tem uma enorme


sensibilidade, especialmente quanto a pessoas de quem se
sentem dependentes. Tem sido dito, por outros, que
respondem diretamente ao inconsciente e Reich endossa esta
afirmação. Conseguem ver através do terapeuta, tão
rapidamente quanto qualquer terapeuta pode vê-los por
dentro. Para ajudá-los, portanto, devemos conhecer-nos bem,
especialmente nossas limitações e fraquezas. A medida em
que não podemos oferecer ao nosso paciente esquizóide um
ser humano perfeito, não devemos sequer pretender fazê-lo.
Oferecer-lhes realidade, a nossa própria realidade, constituída

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de sinceridade do nosso esforço, da humildade de nossa
atitude e da honestidade de nossa consciência.
29.O afeto do terapeuta é o agente terapêutico, através do qual
conseguirá trazer o paciente de volta à realidade, de modo
mais completo. E é bem aqui, que a falta de defesas do ego
se mostra auxiliar valioso. O neurótico questionará até mesmo
a sincera manifestação de afeto e calor, sendo que é somente
quando a defesa neurótica é eliminada, que tal expressão
será totalmente aceita. Isso não se dá com o esquizóide nem
com o esquizofrênico. À medida em que é dado de livre e
espontânea vontade, é aceito de mesmo modo. Apesar da
magnitude do problema, é um grande prazer trabalhar com a
personalidade esquizóide. Durante a terapia, á medida em
que o afeto permeia seu ser, por-se-ão generosamente ao
dispor do terapeuta.
30. São indivíduos isolados, que habitam num mundo diferente do

nosso, tão real quanto o deles e que deve ser real para o
terapeuta. Não estou me referindo ao mundo das alucinações
e delírios, mas do mundo de sensações mais elevadas às
quais têm acesso. Além disso, deve-se ter, em certo grau,
pelo menos, uma sensibilidade que se iguale à deles. É por
esta razão que os caracteres esquizóides compreendem-se
entre si inteiramente. Também é verdade que uma pessoa
que tenha ultrapassado essa doença ou perturbação, seja
talvez o terapeuta que consegue estabelecer com eles o
contato mais íntimo. Se, além da compreensão de suas
sensações espirituais, também se compreendem suas

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sensações corporais e consegue-se falar inteligentemente a
respeito delas, pode ser estabelecido um vínculo íntimo e
importante com o paciente.

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