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diferenciais. Os neuróticos têm respostas emocionais
inadequadas, exibem um comportamento “como se” e usam
mecanismos de “pseudo-contato” nos relacionamentos
interpessoais. Reich se viu forçado a dizer que a
agressividade do esquizóide é uma agressividade “como se”,
“vestida” por uma questão de sobrevivência e mantendo a
mesma relação que as roupas, para a personalidade. Não se
sente isto como uma parte integral do ser verdadeiro.
4. E quanto à estrutura do ego na personalidade esquizóide?
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deve precisamente a essas realizações por artistas e outros.
Trata-se de uma vontade sem um “eu”.
5. Atitudes caracterológicas marcantes do tipo “eu não vou” e
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o caráter esquizóide pode centrar os sentimentos ternos, por
um breve período, numa outra pessoa. A tensão originada
pela tentativa de manutenção do contato, provoca uma
ruptura. O conceito de coordenação motora deve ser
entendido como uma descrição do movimento integrado com
uma sensação adequada. É possível o movimento dissociado:
o caráter esquizóide pode ser um excelente bailarino. É típico
o sentimento ou sensação dissociados; difícil é o movimento
expressivo. A tendência à difusão instintiva, à dissociação
entre movimento e sensação ou sentimento, são
característicos desta condição.
8. Enquanto que o esquizofrênico, apartado da realidade,
sofrerá de despersonalização, o caráter esquizóide mantém a
unidade entre mente-corpo por um fio. Emprega seu corpo do
mesmo modo como uso de um automóvel. Não tem a
sensação de que ele é o seu corpo; ao contrário, sente que o
corpo é a moradia de seu self sensível e intelectivo. O que
não é infantil já que de modo algum reflete a identificação do
bebê com o prazer corporal. O corpo de uma pessoa é sua
mais imediata realidade e também a ponte que conecta sua
realidade interior à realidade material do mundo externo. Eis
aqui, portanto, a chave do tratamento terapêutico para a
personalidade esquizóide. Em primeiro lugar, provocar uma
certa identificação ou aumentar a já existente, através de
sensações quinestésicas. Em segundo, incrementar a
profundidade e alcance do movimento expressivo. Em
terceiro, desenvolver o relacionamento corpo-objetos: comida,
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objeto do amor, objetos profissionais, roupas, etc. o efeito
desta abordagem é o fortalecimento e desenvolvimento do
ego que, segundo nos lembra Freud, “é antes e acima de
tudo, um ego corporal”.
9. Na dinâmica da estrutura corporal conforme encontrada nos
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movimento. Na estrutura de caráter esquizóide, as tensões
musculares são profundas e se baseiam na imobilidade da
escápula.
12. A profunda espasticidade da base do crânio está refletida num
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segundo caso, a motilidade está reduzida, embora a
dissociação afetiva seja menor. A hipotonicidade se vê
limitada aos músculos superficiais. A técnica de palpar,
sempre confirma a espasticidade da musculatura profunda.
14. Notamos que a observação da respiração do caráter
esquizóide exibe perturbações peculiares. Reich descrevia a
baixa absorção de ar, apesar do peito macio e da aparente
boa expansão do tamanho da caixa torácica. Existe um outro
fator envolvido nesta contradição. Na estrutura esquizóide, o
que impede o diafragma de descer, é a expansão da cavidade
torácica ser acompanhada da contração da cavidade
abdominal; ou então, podemos dizer que o diafragma também
se contrai de modo que não ocorre o movimento descendente
dos pulmões. Sob tais condições, o esquizóide se esforça
para respirar na parte superior do tronco, a fim de obter ar
suficiente.
15. Observações adicionais de movimentos respiratórios
tornaram ciente de que o diafragma está relativamente
imóvel, congelado numa condição de contração. As costelas
inferiores saltam para fora. Dado que o diafragma está inativo,
uma expansão violenta da cavidade torácica tende a empurrá-
lo para cima, por sucção. É a mesma sucção que parece ser
responsável pela fraquejar do abdômen. Observa-se que a
barriga está “chupada” durante a inspiração e, em seguida,
“estufada”, durante a expiração. Este não é o tipo de
respiração normal. No indivíduo normal, peito e barriga
tendem a fazer o mesmo movimento. Essa unidade de
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movimento respiratório – onde a parede do tórax e do
abdômen se movem em uníssono – é muito evidente nos
animais e crianças. Esse tipo esquizofrênico de respiração,
tem um sinal emocional. Se replicá-la em você (infle seu peito
e chupe a sua barriga) ouvirá um ruído abafado a medida em
que o ar entre em seus pulmões. Não é difícil reconhecer
nisso uma expressão de medo.
16.O emprego do sexo enquanto um meio de estabelecimento e
contato com outro ser humano, caracteriza o comportamento
sexual do caráter esquizóide. Nos casos mais graves, como o
do esquizofrênico crônico, esta cisão da estrutura corporal
fica claramente evidente em seus desenhos figurativos e em
sua imagem corporal. O caráter esquizóide exibe a cisão
apenas enquanto uma tendência. Indivíduos que indicam as
articulações, podem ser sujeitos com um senso de integridade
corporal incerto e incompleto. O esquizóide e o indivíduo
francamente esquizofrênico exagerarão a ênfase nas
articulações a fim de afastar para longe sensações de
desorganização corporal.
17.A pélvis e as extremidades estão contraídas e subcarregadas,
fato que interpretaria não como afastamento da realidade,
mas como malogro no desenvolvimento. Pode-se dizer que a
estrutura corporal do esquizóide se mantém unida bem
frouxamente, apenas pela pele. Os movimentos parecem
mecânicos. Tem-se a impressão de que são desejados
conscientemente. Estão ausentes os gestos peculiares de
uma pessoa enquanto indivíduo único.
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18.Os olhos do esquizóide buscam os do terapeuta. Fica-se
espantado por seu desejo de contato, como se este fosse o
princípio predominante em suas personalidades.
19.Segundo Reich: “não encontrei em nenhum outro tipo de
caráter, um esforço tão genuíno para resolver problemas”.
20. Devemos começar assumindo que, na concepção, o
organismo é uma unidade. Isto significa que eliminamos a
hereditariedade como fator de peso para a etiologia da
doença-emocional. Poderá ou não ter o seu papel na
determinação da predisposição a patologias funcionais, mas
devemos ter em mente o fato de que a importância da
hereditariedade como fator em processos patogênicos está
sendo constantemente reduzida a medida em que se progride
o conhecimento médico. O agente operativo poderia ser
descrito como o ódio da mãe pelo filho, ódio esse que jaz
primordialmente ao nível inconsciente. O ódio prejudicial é
aquele inconsciente, profundamente enraizado e persistente,
operativo, já desde o começo da vida do organismo.
21. Ao configurarmos a natureza do ódio, deveríamos começar
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sentimento terno. Entretanto, assim que a enchente baixa de
nível, fluem novamente as sensações de ternura. A raiva é
uma tempestade de verão, seguida de um sol brilhante. O
ódio pode ser comparado ao frio ininterrupto de uma vasta
extensão de terra congelada. Freud comentou que o ódio está
relacionado antiteticamente ao amor. Sabe-se que um pode
se tornar no outro.
22.Os psiquiatras que entrevistaram as mães de pacientes
esquizofrênicos têm relatado sentimentos bastante
semelhantes aos que os esquizofrênicos parecem ter: que a
mãe é superficialmente otimista, cooperativa, condescendente
mas que, não tão distante assim da superfície, se congela ao
ser mencionada qualquer coisa desagradável. Os
desdobramentos que essas mães têm, na realidade, lançam-
nas dolorosamente de volta ao seu próprio mundo de objetos
interiores de amor e ódio. A criança que esteja sendo levada
pelos braços, na época de um stress violento, que veio de
dentro até bem pouco fora parte de sua mãe, é a herdeira
natural de toda sua frustrada busca de objetos. O elemento
tempo é a razão pela qual uma criança exibirá essa
perturbação, ao passo que seus irmãos estarão livres dela.
23.O caráter esquizóide e, certamente, o esquizofrênico,
deverão estar enfrentando a vida com um centro vital sensível
e energético, mas com um sistema motor de descarga
contraído, aleijado. Posto que pode confiar muito pouco em
seu sistema motor, depende de uma sensibilidade
exacerbada para evitar o perigo e alcançar êxito no mundo
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material. Isto é evidentemente inadequado, o que leva sua
frustração a aumentar a sensação de conflito. O conflito é
basicamente o que fazer com suas tendências agressivas, já
que há, como em todas as condições de danos traumáticos,
uma luta inconsciente para a recuperação de unidade
perdida.
24.Difícil como possa ser o mundo adulto da realidade no qual
se vêem esquizóide ou esquizofrênico, é um mundo de calor
físico, se comparado com o meio-ambiente de sua infância e
meninice. Mas ao oferecer calor, também apresenta perigos.
O degelo pode provocar uma inundação que extravasará o
leito do rio. A enchente de agressividade, dissociada de
sentimentos ternos, só poderia ter um resultado: assassinato,
a destruição do objeto que o ameaçava e magoava, a
destruição da realidade inteira, equivalente ao assassinato de
sua mãe.
25.Chegamos à conclusão, portanto, de que o esquizofrênico
odeia inconscientemente sua mãe. Mas ele não é uma
pessoa fria e odiosa. Seu ódio não lhe envolve o coração,
apenas seus músculos. Não foi seu coração que se
congelou, só o seu sistema muscular.
26. O caráter esquizóide, ao contrário do esquizofrênico, tem uma
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que seria adequado no caso de se estar lidando com um
esquizofrênico.
27. Os caracteres esquizóide e esquizofrênico não têm defesas
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de sinceridade do nosso esforço, da humildade de nossa
atitude e da honestidade de nossa consciência.
29.O afeto do terapeuta é o agente terapêutico, através do qual
conseguirá trazer o paciente de volta à realidade, de modo
mais completo. E é bem aqui, que a falta de defesas do ego
se mostra auxiliar valioso. O neurótico questionará até mesmo
a sincera manifestação de afeto e calor, sendo que é somente
quando a defesa neurótica é eliminada, que tal expressão
será totalmente aceita. Isso não se dá com o esquizóide nem
com o esquizofrênico. À medida em que é dado de livre e
espontânea vontade, é aceito de mesmo modo. Apesar da
magnitude do problema, é um grande prazer trabalhar com a
personalidade esquizóide. Durante a terapia, á medida em
que o afeto permeia seu ser, por-se-ão generosamente ao
dispor do terapeuta.
30. São indivíduos isolados, que habitam num mundo diferente do
nosso, tão real quanto o deles e que deve ser real para o
terapeuta. Não estou me referindo ao mundo das alucinações
e delírios, mas do mundo de sensações mais elevadas às
quais têm acesso. Além disso, deve-se ter, em certo grau,
pelo menos, uma sensibilidade que se iguale à deles. É por
esta razão que os caracteres esquizóides compreendem-se
entre si inteiramente. Também é verdade que uma pessoa
que tenha ultrapassado essa doença ou perturbação, seja
talvez o terapeuta que consegue estabelecer com eles o
contato mais íntimo. Se, além da compreensão de suas
sensações espirituais, também se compreendem suas
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sensações corporais e consegue-se falar inteligentemente a
respeito delas, pode ser estabelecido um vínculo íntimo e
importante com o paciente.
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