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A inclusão das ações de saúde mental na

Atenção Básica: ampliando possibilidades no


campo da saúde mental
The inclusion of actions in mental health care in the
primary health care: enhancing possibilities in the
field of mental health
La inclusión de acciones de cuidado en salud
mental en la atención primaria: ampliando
posibilidades en el campo de la salud mental
Ândrea Cardoso Souza1 bibliográfica. Evidenciamos que a inclusão
Francisco Javier Uribe Rivera2
das ações de saúde mental na Atenção Básica
tem proporcionado a ampliação do campo
da Atenção Psicossocial, assim como o
RESUMO desenvolvimento de tecnologias de cuidado
guiadas pela noção de responsabilização,
Tomando como encargo a proposição da vínculo, de comprometimento com a produção
Política Nacional de Saúde Mental de de uma atenção em saúde mental, que buscam,
consolidar o cuidado psiquiátrico na esfera através do seu cotidiano, a integralidade do
da Atenção Básica, e considerando que as cuidado.
práticas de saúde mental estão cada vez
mais focadas no eixo territorial é que nos Palavras-chave: Saúde mental. Atenção
propusemos e escrever este ensaio. Objetivo primária à saúde. Serviços comunitários de
deste é discutir a implementação da política de saúde mental.
saúde mental no âmbito da atenção básica de
saúde. Para tanto, foi realizada uma pesquisa ABSTRACT
1. Mestre em Saúde Pública; professora do Departa-
mento de Enfermagem Materno Infantil e Psiquiatria da This study it consists of a bibliographical
Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Uni- research based on a qualitative approach. This
versidade Federal Fluminense. assay took into consideration the commitment
E-mail: andriacz@ig.com.br
of one of the proposals approved by the III
2. Doutor em Saúde Pública; pesquisador do Depar-
tamento de Administração e Planejamento de Saúde National Conference of Mental Health, to
da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca/ consolidate the mental health care in the sphere
Fundação Oswaldo Cruz. of the Primary Care, and also considering
E-mail: uribe@ensp.fiocruz.br

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that mental health practices are focusing a on INTRODUÇÃO


territorial basis. The inclusion of the actions
of mental health in the Primary Care has Tendo se originado no âmbito da
widened the field of Psycho-social Care, and Reforma Sanitária e se afirmado como um
has promoted the development of technologies movimento de caráter democrático e social, a
of care guided by the notion of responsibility Reforma Psiquiátrica brasileira intenta buscar
(accountability), promotion of interpersonal melhores condições de saúde e de vida para
bonds and commitment with the mental health as pessoas que se encontram em sofrimento
care. All of them, through daily work, look for psíquico. O movimento da Reforma Sanitária e
the objective of integral care. o da Reforma Psiquiátrica partem de princípios
Keywords: Mental health. Primary health e diretrizes semelhantes e vislumbram
care. Community mental health. a construção de formas mais humanas e
acolhedoras de se pensar e promover a saúde,
RESUMEN sugerindo uma ampliação na concepção
do processo saúdedoença, o que implica a
Este estudio consiste en una investigación elaboração de novos modos de atenção que
bibliográfica con base en un enfoque contemplem essa perspectiva.
cualitativo. Al escribir este ensayo, se tomó
compromiso una de las decisiones de la III Sua principal reivindicação, à
Conferencia Nacional de Salud Mental, que época de sua criação, fundamentava-se
consistió en consolidar el cuidado en salud no reconhecimento do caráter excludente
mental en la esfera de la atención primaria, e segregador das políticas e práticas
considerando también que las prácticas de adotadas nesse campo. Tencionava então,
salud mental son cada vez que más dirigidas al resgatar a história, tornar possível a vida
ámbito territorial. La inclusión de las acciones das pessoas confinadas no interior dos
de la salud mental en la atención primaria ha hospitais psiquiátricos, além de apontar para
proporcionado la oportunidad de ampliar el a elaboração de modos mais humanizados e
campo de la atención Psicosocial, así como el dignos de cuidado. Como movimento social,
desarrollo de tecnologías de cuidado orientadas ampliou a pauta de discussões e reivindicações,
por una perspectiva de responsabilidad, propondo a superação radical do modelo
creación de lazos interpersonales o vínculos, psiquiátrico tradicional, expresso tanto pelas
y del compromiso con la atención en salud práticas assistenciais quanto pela soberania
mental, que buscan, en su trabajo cotidiano, do saber médico sobre a loucura (YASUI,
alcanzar el cuidado integral. 2006). O movimento da Reforma Psiquiátrica
incluiu na agenda social temas primordiais ao
Palabras clave: Salud mental. Atención debate, tais como cidadania e exclusão social,
primaria de salud. Servicios comunitarios de não se restringindo apenas ao setor saúde,
salud mental. mas procurando abranger e implicar outros
segmentos sociais no intuito de desenvolver
estratégias que pudessem permitir a ampliação

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A inclusão das ações de saúde mental na atenção básica: ampliando possibilidades no campo da saúde mental

de suas fronteiras de atuação para além dos bem reforma existencial, uma outra forma de olhar,
demarcados limites dos hospitais psiquiátricos escutar e cuidar da loucura (AMARANTE,
e domeio acadêmico. 2003). A Reforma Psiquiátrica é considerada
como um processo que tem como objetivos e
Atualmente, estamos diante de um estratégias o questionamento e a elaboração
amplo processo de transformação no campo da de propostas de transformação crítica do
saúde mental. A assistência psiquiátrica, antes modelo clássico e do paradigma da psiquiatria.
pautada na exclusão, na segregação e na adoção Portanto, consiste, então, em rupturas do saber
de práticas equivocadas em nome de uma psiquiátrico em relação ao se lidar com a
melhor atenção, passa a adotar em seu cotidiano loucura, do rompimento com conceitos e com
um estatuto ético, consolidado por meio da o aparato que se montou em torno da loucura
participação de diferentes atores sociais. A (AMARANTE; GIOVANELLA, 1998).
partir desse momento ocorre o questionamento
do modelo instituído, das práticas vigentes A Reforma Psiquiátrica objetiva não
– enfim, coloca-se a instituição psiquiátrica só o fim dos manicômios, mas também a
em questão. Procura-se, então, desenvolver transformação da sociedade. Não pode ser
práticas pautadas na responsabilização, na compreendida apenas como um questionamento
territorialidade e na inserção nas redes sociais. de conceitos, fundamentos e de suas práticas
moldadas em uma questionável racionalidade
Portanto, mais que substituir os científica, mas sim como a construção de novos
hospitais psiquiátricos, é preciso substituir paradigmas (YASUI, 2006). A afirmação dos
a lógica manicomial. De acordo com Freire direitos de cidadania das pessoas com transtornos
(2004), a Reforma Sanitária não pode ser mentais e a superação do modelo asilar foram
confundida com a criação do SUS, assim como definidas como as principais diretrizes para
a Reforma Psiquiátrica não deve ser resumida à o processo de Reforma Psiquiátrica e para
criação de serviços considerados substitutivos. a execução da Política Nacional de Saúde
O movimento de Reforma Psiquiátrica Mental, engendrando mudanças significativas
brasileiro inclui, entre outros pontos, a crítica nas dimensões assistencial, legislativa e
ao modelo hospitalocêntrico, a participação sociocultural (AMARANTE, 1997).
da comunidade, a revisão da legislação
psiquiátrica, a criação e diversificação de A Reforma Psiquiátrica brasileira
práticas e a ampliação de serviços de base encontrou na implantação do SUS as condições
territorial. institucionais de desenvolvimento. A
implementação de políticas públicas ancoradas
Esse movimento consiste em uma na ampliação do direito universal à saúde
luta contra a segregação, a violência, a criou um ambiente favorável à multiplicação
discriminação e a exclusão, apontando para das inovações assistenciais no campo da
uma radical transformação social. Poderíamos saúde mental. O SUS e as significativas
considerá-lo como uma reforma técnico- transformações estruturais conformaram um
administrativa, mas, sobretudo, como uma novo quadro na atenção à saúde e propiciaram

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a efetivação de uma nova política de saúde Atenção Psicossocial (CAPS) como dispositivo
mental que reforça a atenção de base territorial, privilegiado na estratégia de enfrentamento ao
em substituição à atenção hospitalar tradicional. modelo assistencial tradicional. A Portaria no
336 (BRASIL, 2002) define os CAPS como
O processo de Reforma Psiquiátrica “serviço ambulatorial de atenção diária que
aponta para a construção de novos modos de funciona segundo a lógica do território... sendo
atenção em saúde mental que proporcionem o articulador central das ações de saúde mental
a ruptura com o aparato institucional criado do município ou do módulo assistencial”.
para ‘conter’ a loucura. Assim, em alternativa
ao modelo hospitalar de atenção, a priori Neste sentido, os CAPS se apresentam
excludente, foram desenvolvidas diversas como um dispositivo de cuidado voltado para
experiências que visavam a transformar as a atenção integral ao portador de sofrimento
práticas e saberes relacionados ao campo. psíquico. Têm por objetivo o desenvolvimento
Com isso, pretendiase, entre outras coisas, de projetos de vida, de produção social, além
fazer emergir a construção de novos modos de da promoção da melhoria da qualidade de vida
atenção em saúde mental que se diferenciassem dos sujeitos. Entre algumas de suas missões
do que hegemonicamente era oferecido estão a de tecer laços para além dos serviços de
(GULJOR, 2003). Dentre estes, inclui-se a saúde e de manter aquecidas suas relações com
construção de serviços de atenção diária, de a cultura local.
base territorial, que trabalham na perspectiva
da desinstitucionalização; que têm o sujeito e Um dos grandes desafios dos CAPS é
sua família, e não mais a doença, como foco possibilitar que a sociedade, que durante toda
de sua atenção; onde exista horizontalidade a existência da psiquiatria ‘aprendeu’ que o
nos processos de trabalho, integralidade do melhor tratamento e encaminhamento destinado
cuidado, responsabilização, entre outros ao louco seria o hospital psiquiátrico, conheça
pontos. Faz-se necessário ocupar-se da loucura outros modos de se lidar com a loucura que não
de uma outra forma. Para Kinoshita (1997), sejam a segregação e a exclusão. A conquista
é a vida do usuário que deve ser o centro do de tal conhecimento auxilia na construção de
trabalho. Então, estar ou não louco é secundário outros circuitos que não a institucionalização
em relação a que tipo de vida leva esse usuário. dessas pessoas. Diferentemente do hospital
O social é exigência da vida humana e não está psiquiátrico que, segundo Goffman (2001),
diretamente relacionado à questão da doença impunha uma barreira ao intercâmbio social,
como se fosse em uma relação causal. impedindo de certa forma possibilidades de
troca com o mundo exterior, os CAPS buscam,
Os novos serviços sob essa lógica desejam e, de certa forma, correm ao encontro
podem ser denominados espaços de da “afetação” ou da “invasão” da loucura na
produção de sujeitos sociais, de produção de sociedade.
subjetividades, de espaços de convivência, de
sociabilidade, de solidariedade e de inclusão. Uma das estratégias utilizadas para
O Ministério da Saúde adotou os Centros de aquisição desse novo estatuto da loucura é a

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aproximação entre os serviços comunitários cultural da sociedade.


substitutivos ao manicômio e as equipes de
atenção básica. Ao CAPS é designada a função A ampliação da atenção psicossocial
de supervisionar e capacitar tanto as equipes da por meio da atenção básica
atenção básica como os serviços e programas
de saúde mental, no âmbito do seu território A crescente discussão sobre a Atenção
e/ou do módulo assistencial. Dessa forma, a Básica e seu papel nos sistemas de saúde tem
inclusão das ações de saúde mental na Atenção sido uma tendência em vários países, inclusive
Básica se coloca como um dos caminhos no Brasil. Busca-se garantir a implantação de
possíveis para o exercício de uma clínica propostas que tragam mudanças nos modelos
solidária e integral do sujeito. Os CAPS, como de atenção baseados na doença e no hospital.
organizadores da rede de cuidados no território Tais modelos, em geral, apresentam altos
a que estão inseridos, estreitariam os laços custos financeiros, baixa qualidade, baixa
entre o campo da saúde mental e o da Atenção resolutividade das ações e serviços, além da
Básica. insatisfação dos usuários (SOUZA; SAMPAIO,
2002). No caso brasileiro, existe grande
Contudo, tais estratégias são aposta na descentralização e municipalização
determinantes, mas não suficientes para a como mecanismo propulsor para uma nova
consolidação do Modo de Atenção Psicossocial estruturação da atenção à saúde da população.
. Um dos maiores desafios para os CAPS
consiste em conseguir ‘sair de dentro da A Atenção Básica fundamenta-se nos
instituição’. Torna-se necessário transformar os princípios do SUS, expressos na Constituição
CAPS em mais que um lugar onde a pessoa seja Federal de 1988: saúde como direito;
apenas bem atendida. O projeto político-social integralidade da assistência; universalidade;
dos CAPS vai muito além do simples cuidar eqüidade; resolutividade; intersetorialidade;
bem, do lidar bem com a loucura. A proposta humanização do atendimento e participação
dos CAPS é promover uma articulação social e social. Consiste em um nível de atenção
intersetorial, mas não apenas na restrita esfera complexo e que requer atuação marcante quanto
da saúde. Como aponta Nicácio (2003), é à responsabilidade sanitária no território, além
preciso estar atento para não incorrer no risco da capacidade de estar apta a dar resolutividade
de reproduzir as formas de pensar e agir do às questões ora apresentadas. É, então, ponto
modelo asilar, de atualizar o plano discursivo estratégico para a transformação e adoção de
mantendo inalterada a realidade. outras práticas no campo da saúde, sendo sua
organização primordial para se avançar na
Faz-se necessário ampliar a projeção direção de um sistema de saúde que objetiva
dos CAPS ante as políticas sociais, suas a qualidade de vida das pessoas. Para tanto,
ações e seus espaços. Para tanto, é essencial prima pelo desenvolvimento de práticas
poder estruturá-lo de forma a ocupar outros que acolham, vinculem e que, na medida do
territórios. Os CAPS precisam se inscrever de possível, possam resolver os problemas em
maneira mais ampla na transformação social e seu âmbito de ação, propiciando a constituição

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de novos formatos de produção das ações de do Plano Nacional da Inclusão das Ações
saúde, “configurando-se como um centro de SM na AB”, com a presença do DAB, da
animador/catalisador dos sistemas integrados Coordenação Geral de Saúde Mental e alguns
de serviços de saúde” (MENDES, 2002, p. 17). municípios com experiências em curso de
inclusão da SM na AB.
Em 1998, o Ministério da Saúde __________________________
publica o Manual para Organização da Atenção
Básica (BRASIL, 1998), onde é enfatizada 2002 - Seminário Internacional sobre SM na
a importância desse nível de atenção para a AB, em parceria com a OPAS/MS/UFRJ/
organização e conformação do sistema de Universidade de Harvard.
saúde. Nele são propostos os instrumentos __________________________
para sua operacionalização, de modo a se
alcançar a reorientação de atenção à saúde por 2003 - Oficina de Saúde Mental no VII
meio de estratégias adequadas às condições Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva,
locais e municipais. Entre outros pontos, foram “Desafios da integração com a rede básica”.
ressaltados: o cadastramento e a implantação Contou com a participação do DAB, da CGSM,
do Cartão SUS; a adscrição de clientela; a de coordenadores estaduais e municipais de
referência para a assistência de média e alta SM, assim como de trabalhadores de SM.
densidade tecnológica; e o acompanhamento e __________________________
a avaliação das ações e serviços de saúde.
2004 - Oficina no I Congresso Brasileiro de
Naquele momento, o Departamento CAPS.
de Atenção Básica (DAB), juntamente com a
Coordenação Geral de Saúde Mental (CGSM) A partir desses encontros, o MS propôs
do Ministério da Saúde (MS), cientes da algumas diretrizes para a organização das
necessidade da implantação de ações de Saúde ações de saúde mental na Atenção Básica:
Mental na Atenção Básica, decidem elaborar o
Plano Nacional de Incorporação de Ações de 1. Apoio Matricial da Saúde Mental às
Saúde Mental no âmbito da Atenção Básica, Equipes da Atenção Básica
dentro do conjunto de ações que compõem
o cuidado integral à saúde. Para tanto, o O apoio matricial visa a proporcionar
Ministério da Saúde tem realizado oficinas com suporte técnico, em áreas específicas, às
gestores, profissionais da saúde mental e da equipes responsáveis pelo desenvolvimento de
Atenção Básica e também com representantes ações básicas de saúde. Assim, tornase possível
do MS, com o intuito de melhor desenvolver compartilhar casos/situações com a equipe de
estratégias de inclusão das ações de saúde saúde local, favorecendo a co-responsabilização.
mental na Atenção Básica. Dentre os encontros Por meio do suporte matricial seria possível,
realizados, destacam-se: entre outras ações, romper-se com a lógica
do encaminhamento, muitas vezes vinculada
2001 - Oficina de trabalho para a “Discussão à lógica da desresponsabilização. Também

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A inclusão das ações de saúde mental na atenção básica: ampliando possibilidades no campo da saúde mental

haveria a possibilidade de se contribuir para a inclusão nos permitirá perceber se a Atenção


melhor resolutividade das situações no nível Básica tem, de fato, se responsabilizado pelo
local. acompanhamento de pessoas com grave
sofrimento psíquico e se tem conseguido
Portanto, as equipes de saúde mental de acompanhar as pessoas egressas dos hospitais
apoio à atenção básica devem incorporar ações psiquiátricos, entre outras ações.
de supervisão, de atendimento em conjunto e de
atendimento específico, além de participar das A Reforma Psiquiátrica propõe
iniciativas de qualificação dos profissionais. abandonar um lugar zero de trocas sociais
(o manicômio) para passarmos a um lugar
2. Formação como Estratégia múltiplo, diverso o território. Também propõe
Prioritária para a Inclusão da Saúde Mental preocupar-se e ocupar-se do sujeito e não
na Atenção Básica apenas de sua doença. Nesse contexto, Rotelli
(1990) destaca que a relação a ser estabelecida
Para que as ações de saúde mental é com o sujeito da experiência e não mais
sejam desenvolvidas na AB, é fundamental com a doença. Portanto, a Atenção Básica
a qualificação das equipes, potencializando a se coloca como um dispositivo possível para
rede e qualificando o cuidado. Tendo em vista promover outros modos de relacionamento
que a maior qualificação aponta para uma com a loucura, desconstruindo e construindo
reformulação das estratégias de formação, no interior das casas, na vizinhança, na
sugere-se que as equipes de apoio matricial comunidade ou no bairro, outras relações com
possam ser o dispositivo para se adotar uma as diferenças. Assim, permite que a loucura
formação continuada e em serviço, por meio ocupe outro espaço de circulação que não
de discussões de textos, casos e situações, aquele ‘especializado’ e segregador.
contribuindo assim para a ampliação da clínica.
Por meio da inclusão das ações de saúde
3. Inclusão da Saúde Mental no Sistema mental na Atenção Básica podemos pensar e
de Informações da Atenção Básica (SIAB) traçar outros circuitos para a loucura; podemos,
ainda, trabalhar no sentido da desmistificação
O sistema de informação é fundamental onde a loucura habita no cotidiano, no dia-
para avaliação e planejamento das ações e a-dia. Desse modo, garantir-se-ia ao sujeito
serviços de saúde, sendo imprescindível incluir em sofrimento psíquico o mesmo espaço que
indicadores de Saúde Mental na Atenção Básica, as outras pessoas nas unidades de saúde, nas
já que atualmente esse é o nível privilegiado associações de bairro, nos espaços de trabalho
para a adoção das ações de SM no sistema de e de lazer. Permitir-se-ia que a loucura e o
saúde. É necessário incluir indicadores da Saúde sujeito em sofrimento coabitassem um espaço
Mental no SIAB, para se evitar excluir desse múltiplo, atravessado por singularidades,
nível de atenção o acompanhamento às pessoas diferenças e conflitos, concedendo-se à loucura
com grave sofrimento psíquico, restando a um lugar, de fato, na vida.
elas o caminho da institucionalização. Tal

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Torna-se fundamental reafirmar a Atenção Psicossocial, fundamentadas pelos


necessidade de intervenção na sociedade, princípios da Reforma Psiquiátrica. Isto
pois como aponta Desviat (1999, p. 43), “é possibilitaria a aproximação com uma clínica
na sociedade que se originam mecanismos de criadora de possibilidades, produtora de
estigmatização e de exclusão das diferenças”. A sociabilidades e subjetividades (AMARANTE,
Atenção Básica, por meio do desenvolvimento 2003). Ou ainda, trabalhar na perspectiva de
de suas ações, pode estabelecer relações uma clínica antimanicomial (LOBOSQUE,
consistentes com a comunidade, operando as tão 1997).
almejadas mudanças e transformações sociais.
É preciso estar no interior da comunidade
e não a seu lado, uma vez que o processo de Eixos comuns entre atenção básica e
transformação acontece ‘na’, e não ‘ao lado’ saúde mental
da comunidade. Para tanto, se faz necessário
estabelecer outras formas de articulações Os princípios que norteiam tanto as
com ela. Estabelecer processos contínuos de ações de saúde mental quanto as da Atenção
apoio mútuo, articulando recursos, pessoas, Básica estão pautados em algumas noções
instituições, para podermos vislumbrar a e conceitos como articulação, acolhimento,
possibilidade de mudanças nos mais diferentes responsabilização, estabelecimento de
campos. vínculos, e integralidade do cuidado.

A inclusão das ações de saúde mental


na Atenção Básica possibilita entre outros Articulação
benefícios, tornar as fronteiras instáveis,
permeáveis, podendo nos levar a percorrer A Reforma Psiquiátrica requer o
muitos caminhos diferentes, proporcionando à desenvolvimento de articulações com outros
loucura sair de um lugar segregador, excludente, saberes, com outras áreas de conhecimentos e
para um de convívio, de agenciamentos, de com outras práticas. Propõe uma interlocução
possibilidades, de vida. Tal inclusão permite constante com outros campos. Também
tornar concreto, no cotidiano da vida das convoca diferentes atores sociais, o que o
pessoas, os princípios que motivaram e torna um campo permeável, plástico, poroso,
nortearam os caminhos tanto do movimento dando a idéia de construção e reconstrução,
de Reforma Psiquiátrica quanto da Reforma de movimento. Articulando-se, poder-se-á dar
Sanitária. maior sustentação ao campo, além de se poder
trabalhar na viabilização de transformações
A articulação desses dois campos nos sociais, fazendo a Reforma Psiquiátrica
propicia de fato transformar, romper, mudar, ‘acontecer’.
reformar e reformular o saber e as práticas
no âmbito da saúde mental. Por conseguinte, O movimento da Reforma Psiquiátrica
poderíamos avançar na elaboração de novos aponta para a criação de uma rede que estabeleça
conceitos e práticas pertinentes ao campo da parcerias e laços com outros segmentos

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A inclusão das ações de saúde mental na atenção básica: ampliando possibilidades no campo da saúde mental

da sociedade. As redes conectam pessoas, a população adscrita, pois exige uma atenção
instituições, serviços, tecem vidas e podem solidária, não mecanizada, a todas as pessoas,
estabelecer uma nova conexão entre Estado com uma escuta qualificada dos problemas de
e cidadania e, assim, uma nova relação de saúde, possibilitando a criação de vínculos.
reconhecimento entre as pessoas (LOSICER,
2000). Implicam também a redefinição das Responsabilização
políticas sociais, em uma recomposição do
papel do Estado e das coletividades. De acordo com a Portaria no 336/02
(BRASIL, 2002), os CAPS devem se
A formulação da política de Saúde responsabilizar pela coordenação e pela
Mental, orientada pelos princípios da Reforma organização da demanda e da rede de cuidados
Psiquiátrica, requer o desenvolvimento de em saúde mental no âmbito de seu território. A
ações integradas e intersetoriais nos campos responsabilização pela clientela atendida deve
da educação, da cultura, da habitação, do ser um princípio norteador dos novos modos
esporte, do trabalho, do lazer, dentre outros, de atenção em construção.
além do estabelecimento de parcerias com
universidades, Ministério Público, ONGs, etc. Tome-se como encargo que o serviço
deve se responsabilizar pela saúde mental da
Acolhimento população de sua área de abrangência. Este,
juntamente com os demais segmentos sociais
O acolhimento, como, ação, atravessa que compõem a rede social, devem se articular
processos relacionais em saúde rompendo a fim de promover a melhoria das condições
com o atendimento tecnocrático, criando um de saúde e de vida das pessoas, desenvolvendo
atendimento mais humanizado (SILVEIRA, papel ativo na promoção da Saúde Mental.
2003). Como modo de organização de práticas,
o acolhimento possibilita que o usuário O território é a área sobre a qual o
assuma o lugar central das atividades de saúde serviço deve assumir a responsabilidade sobre
(FRANCO; BUENO; MERHY, 1999). as questões de saúde mental. Isto significa que
uma “equipe deve atuar no território de cada
Por meio do acolhimento é possível que usuário, nos espaços e percursos que compõem
os equipamentos de saúde mantenham a marca suas vidas cotidianas, visando enriquecê-lo
de processo, de criação cotidiana, de invenção, e expandi-lo” (KINOSHITA, 1997, p. 73).
que pode dar a cada uma das experiências um Os serviços que trabalham na perspectiva
caráter singular e a cada equipe a possibilidade do território desenvolvem papel ativo na
de construir, com seu desejo, o trabalho promoção da saúde mental na localidade.
diário em lugar de repetições modulares
(MACHADO; COLVERO, 2003). Outra questão relacionada à
territorialidade das ações está atrelada à
Em suma, acolhimento advém da acessibilidade das ações e serviços de saúde
participação efetiva e afetiva entre a equipe e (ALVES, 2001). O serviço pode estar ou não

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acontecendo para o usuário então, a discussão à noção de direito. Portanto, a busca


da acessibilidade se torna uma questão ética. pela integralidade envolve a noção de
Estabelecimento de vínculos responsabilização.

A noção de vínculo está atrelada a No entanto, essa tarefa não pode estar
outros conceitos, como o da continuidade, restrita aos serviços de saúde mental; deve-
da responsabilização, do acolhimento, da se desenvolver uma articulação entre os
acessibilidade e do afeto. Vínculo também segmentos sociais que compõe a rede, a fim de
pode ser definido como “a circulação de afeto promover melhorias nas condições de saúde e
entre as pessoas a partir da disposição de de vida das pessoas. Faz-se necessário fomentar
acolher de uns e da decisão de buscar apoio mudanças, em todo o sistema de saúde, para
de outros” (CAMPOS, 2003, p. 28), que se que de fato possamos nos responsabilizar
constrói com base na necessidade de quem de modo integral pela saúde das pessoas. A
demanda atendimento e de um outro que possa responsabilização pela clientela atendida deve
atendê-lo e ouvi-lo. ser um princípio norteador dos novos modos
de atenção em construção.
Os vínculos que norteiam os projetos
de intervenções integrais de atenção e cuidado Portanto, a noção de integralidade
à saúde são constituídos a partir de escuta e extrapola o conceito jurídico-institucional da
responsabilização entre sujeitos. Em que nós Constituição de 1988 e da LOS no 8.080/90,
– profissionais –, em uma relação próxima, ganhando outras dimensões. Essa constatação
clara, pessoal e não burocrática, devemos nos propõe a ruptura com os ‘antigos’ padrões
sensibilizar com o sofrimento do outro e nos assistenciais e aponta para a superação da
responsabilizarmos pela vida do usuário. racionalidade médica. Busca a produção de
práticas de atenção coerentes com os princípios
do SUS. Assim, a Atenção Básica estaria
Integralidade do cuidado ampliando sua capacidade de resolução dos
problemas da saúde, permitindo a construção
Deve-se considerar a integralidade de um novo tipo de relação entre ela e a
como um indicador da direção que se deseja saúde mental, ao potencializar capacidades de
imprimir aos sistemas de saúde (MATTOS, produzir mudanças.
2002). Diferentemente da noção de integralidade
trabalhada na Lei Orgânica Nacional da Saúde Acreditamos que somente com a adoção
(LOS) nº 8.080/90, vinculada ao acesso aos desses princípios é que poderemos ousar
diferentes serviços e em diferentes níveis oferecermos, de fato, práticas de atenção e de
de atenção à saúde mental, tem-se adotado o cuidado ao portador de sofrimento psíquico.
termo integralidade, na maioria das vezes, para
compreender o indivíduo como um sujeito CONSIDERAÇÕES FINAIS
integral, dotado de diferentes necessidades
em diferentes momentos, estando relacionado Trabalhando-se com a perspectiva de

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inclusão das ações de saúde mental na Atenção da atenção em saúde mental, pois as ações não
Básica torna-se possível proporcionar atenção se restringem exclusivamente ao setor saúde.
integral e compartilhar a responsabilidade pela A atenção em saúde mental requer políticas
melhora da qualidade de saúde e de vida intersetoriais, integradas, ampliando possibi-
de determinada comunidade, tornando os lidades e oportunidades, auxiliando o desen-
dispositivos de atenção mais acessíveis àqueles volvimento local e redimensionando a noção
que deles necessitam. Tais iniciativas podem de direito e cidadania. Isto nos remete à neces-
apontar para a possibilidade de construirmos sidade explicitada de construção de redes, de
outros modos de promover a saúde e de colocar, e entre serviços. Torna-se fundamental a inte-
em prática, ainda que tardiamente, os preceitos gração de atores, de serviços e de redes sociais.
do Sistema Único de Saúde. No entanto, é preciso auxiliar sua construção
e solidificação. É necessário pensar a Reforma
A incorporação das ações de saúde Psiquiátrica como política pública de saúde,
mental pela Atenção Básica facilita a circu- uma vez que não adianta fechar hospitais sem
lação do CAPS pelos espaços de vida das pes- que haja condições estruturais mínimas, como
soas, o que é fundamental para a implemen- moradia, trabalho etc. Essas pessoas precisam
tação dessas novas práticas, uma vez que os de atenção no sentido mais ampliado do termo.
CAPS devem atuar no território, nos espaços e Portanto, torna-se premente trabalhar para a
percursos que compõem a vida dessas pessoas, efetiva implantação da rede de cuidados, pois
contribuindo, de fato, para a construção social sem sua consolidação não poderemos atuar na
de outros modos de lidar com a loucura. perspectiva da transformação dos modos de at-
enção em saúde mental.
O estabelecimento de articulações en-
tre a saúde mental e a Atenção Básica ampli- REFERÊNCIAS
fica o potencial dos CAPS como agenciadores
de novos modos de cuidado e estende a out- Alves DS. Integralidade nas políticas de saúde mental.
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