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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos I PDF
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos I PDF
individuais e coletivos I
Marcos Soares* *
Pós-graduado em Direi-
to Tributário pelo Institu-
to Brasileiro de Estudos
Tributários (IBET) e em
Direito Processual Tribu-
tário pela Universidade de
Brasília (UnB). Graduado
Direito fundamentais
em Engenharia Mecânica
pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ)
e em Direito pela Univer-
sidade do estado do Rio
As expressões “direitos fundamentais” e “direitos humanos” são quase de Janeiro (UERJ). Profes-
sor de Direito Tributário e
como sinônimos. Direito Constitucional no
Centro de Estudos Alexan-
dre Vasconcellos (CEAV),
A expressão “direitos fundamentais” surgiu na França (1770), no movi- Universidade Estácio de
Sá, Faculdade da Acade-
mento que deu origem à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão mia Brasileira de Educa-
ção e Cultura (FABEC) e
(1789). em preparatórios para
concursos públicos. Atua
como auditor fiscal da Re-
Embora não haja um consenso sobre a diferença entre direitos humanos ceita Federal.
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nacionalidade;
direitos políticos;
partidos políticos.
Classificação da doutrina
Os direitos fundamentais são tradicionalmente classificados pela doutri-
na como:
Do teor da Carta, cabe destacar o seu artigo 39, conhecido como cláusula
do law of the lands, em que se estabelece que “nenhum homem livre será
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Macete!
LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE
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Eficácia jurídica
Os direitos fundamentais têm, em regra, aplicabilidade imediata (CF,
art. 5.º, §1.º).
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Princípio da igualdade
(CF, art. 5.º caput e inciso I)
Obedecer ao princípio da igualdade é tratar de maneira igual os iguais e
de maneira desigual os desiguais, na medida das suas desigualdades.
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[...]
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Liberdade de manifestação de
pensamento, vedado o anonimato (CF, art. 5.º, IV)
O legislador constituinte achou importante assegurar a liberdade de ma-
nifestação do pensamento, até mesmo em função de ter vivenciado um pe-
ríodo de muita censura.
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Escusa ou imperativo de
consciência (CF, art. 5.º, VIII)
Este inciso não se restringe ao serviço militar obrigatório, mas, sem dúvi-
das, é o melhor exemplo.
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Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos
casos de:
[...]
[...]
Concluindo, cabe registrar que o ser humano não pode ser exposto à
mera curiosidade alheia, nem ser tomado como um simples instrumento de
divertimento, ferindo-se a sua dignidade. Em casos assim, não será legítimo
o exercício da liberdade de expressão.
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A respeito do tema cabe registrar que, no ano 2000, a 3.ª Turma do STJ
garantiu a uma atriz famosa o direito a receber indenização por dano moral
de um jornal carioca, devido à publicação não autorizada de uma foto da
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atriz retirada de ensaio fotográfico feito para uma revista masculina3. Disponível em: <www.
bombini.adv.br/home.asp
?pag=Noticias&chave=26
Para aceitar o trabalho, a atriz impôs, em contrato escrito, as condições 8&ftr=2011>. Acesso em:
27 abr. 2011.
para cessão de sua imagem, fixando a remuneração e o tipo de fotos que
seriam produzidas, demonstrando preocupação com a sua imagem e a qua-
lidade do trabalho, de modo a restringir e a controlar a forma de divulgação
de sua imagem despida nas páginas da revista. No entanto, o jornal carioca
estampou uma das fotos, extraída do ensaio para a revista em página inteira,
sem qualquer autorização.
Para a Turma, a atriz foi violentada em seu crédito como pessoa, pois cedeu
o seu direito de imagem a um determinado nível de publicação e poderia
não querer que outro grupo da população tivesse acesso a essa imagem. Os
ministros, por maioria, afirmaram que ela é uma pessoa pública, mas nem
por isso deve aceitar que sua imagem seja publicada em lugar que não au-
torizou, e deve ter sentido raiva, dor, desilusão, por ter visto sua foto em uma
publicação que não foi de sua vontade. Por essa razão, deve ser indenizada.
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Sigilo bancário
O sigilo bancário tem sido tratado pelo STF e pelo STJ como tema sujeito
à proteção da vida privada dos indivíduos.
O caso
A matéria tem origem em comunicado feito pelo Banco Santander à empresa GVA Indústria
e Comércio S/A, informando que a Delegacia da Receita Federal do Brasil – com amparo
na Lei Complementar nº 105/01 – havia determinado àquela instituição financeira, em
mandado de procedimento fiscal, a entrega de extratos e demais documentos pertinentes
à movimentação bancária da empresa relativamente ao período de 1998 a julho de 2001.
O Banco Santander cientificou a empresa que, em virtude de tal mandado, iria fornecer os
dados bancários em questão.
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Dignidade
O ministro Marco Aurélio (relator) votou pelo provimento do recurso, sendo acompanhado
pelos ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cezar Peluso. O
princípio da dignidade da pessoa humana foi o fundamento do relator para votar a favor
da empresa. De acordo com ele, a vida em sociedade pressupõe segurança e estabilidade,
e não a surpresa. E, para garantir isso, é necessário o respeito à inviolabilidade das
informações do cidadão.
Por fim, o ministro disse entender que a quebra do sigilo sem autorização judicial banaliza
o que a Constituição Federal tenta proteger, a privacidade do cidadão. Com esses
argumentos o relator votou no sentido de considerar que só é possível o afastamento
do sigilo bancário de pessoas naturais e jurídicas a partir de ordem emanada do Poder
Judiciário.
Já o ministro Gilmar Mendes disse em seu voto que não se trata de se negar acesso às
informações, mas de restringir, exigir que haja observância da reserva de jurisdição. Para
ele, faz-se presente, no caso, a necessidade de reserva de jurisdição.
Para o ministro Celso de Mello, decano da Corte, o Estado tem poder para investigar e
fiscalizar, mas a decretação da quebra de sigilo bancário só pode ser feita mediante ordem
emanada do Poder Judiciário.
Divergência
Os ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ayres Britto e Ellen Gracie votaram pelo
desprovimento do RE. De acordo com o ministro Dias Toffoli, a lei que regulamentou
a transferência dos dados sigilosos das instituições financeiras para a Receita Federal
respeita as garantias fundamentais presentes na Constituição Federal. Para a ministra
Cármen Lúcia, não existe quebra de privacidade do cidadão, mas apenas a transferência
para outro órgão dos dados protegidos.
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ordem judicial;
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Liberdade de exercício
profissional (CF, art. 5.º, XIII)
A Constituição assegura a liberdade de exercício de qualquer trabalho,
ofício ou profissão, atendidas as qualificações que a lei estabelecer. Essa é
uma típica norma constitucional de eficácia contida, podendo a norma in-
fraconstitucional limitar seu alcance, fixando condições ou requisitos para o
pleno exercício da profissão.
Por exemplo, para exercer a profissão de médico existe uma norma jurídi-
ca que impõe os requisitos necessários para tanto, por exemplo ter concluído
a graduação, ter feito residência, estar inscrito no CRM etc., logo quem não
preencher os requisitos previstos na norma regulamentadora não poderá
exercer a profissão de médico. No caso da profissão de artesão não existe
qualquer exigência prevista em lei para o seu exercício, o que não impede
que no futuro venha a existir tal norma jurídica de modo a restringir o direito
ao livre exercício profissional.
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Nesse cenário, era difícil exercer qualquer tipo de liberdade, ainda mais a
de informação.
Dessa forma, o cidadão não pode ser impedido de se informar, e isto foi
assegurado pelo legislador constituinte, sendo vedado ao poder público in-
terferir nesse direito, exceto, é claro, nas matérias sigilosas previstas no artigo
5.º, XXXIII, parte final, da CF.
§3.º O acesso aos documentos sigilosos referente à honra e à imagem das pessoas será
restrito por um prazo máximo de 100 (cem) anos, a contar da sua data de produção.
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Atividades de aplicação
Julgue as assertivas seguintes como certa ou errada.
Dicas de estudo
Use todo tempo disponível para estudar, tenha sempre o material im-
presso para usar no transporte, ao esperar em filas etc.
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Referências
MELLO FILHO, José Celso. Constituição Federal Anotada. 2. ed. São Paulo: Sarai-
va, 1986.
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
SILVA, José Afonso da. Aplicabilidade das Normas Constitucionais. 7. ed. São
Paulo: Malheiros, 2007.
______. Curso de Direito Constitucional Positivo. 22. ed. São Paulo: Malheiros,
2003.
Gabarito
1. Errada. A primeira parte do enunciado está correta, pois o livre exercício de
qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer, é norma constitucional de eficácia conti-
da. Mas ao concluir dizendo “portanto, o legislador ordinário atua para tor-
nar exercitável o direito nela previsto” o enunciado faz referência a uma nor-
ma de eficácia limitada. Quanto a este tema, cabe o seguinte registro: José
Afonso da Silva (2007) classificou as normas jurídicas constitucionais quanto
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