Você está na página 1de 14

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CAMPUS DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS E MEIO AMBIENTE

MÁRCIA GORETH DA CRUZ LOPES

MÉTODOS POR ABATIMENTO

MARABÁ
2011
2

MÁRCIA GORETH DA CRUZ LOPES

MÉTODOS COM ABATIMENTO

Trabalho apresentado a
Faculdade de Engenharia de Minas e
Meio Ambiente da Universidade Federal
do Pará – UFPA, como avaliação da
disciplina Métodos de Lavra
Subterrânea.
Orientador: Prof. MSc. Alexandre
Macêdo.

Marabá
2011
3

RESUMO

Para a escolha de um método de lavra subterrânea deve-se atentar para a geometria do


corpo de minério, sua inclinação e espessura, principalmente para características de
resistência e estabilidade do maciço, que constituem o minério, e suas respectivas encaixantes.
Os métodos de lavra subterrâneos são classificados em três grandes grupos: métodos auto-
suportados; métodos suportados artificialmente e métodos com abatimento. O objetivo deste
trabalho foi pormenorizar os tipos de métodos de lavra por abatimento. Nesses métodos se
emprega para o arranque dos minerais a gravidade e a pressão dos terrenos situados acima do
mineral. Isso ocorre quando se recorta a parte inferior do jazimento ou do setor de explotação
e se deixa abater o bloco situado acima do alargamento. Após ocorre a movimentação do
minério fraturado por um sistema de chaminés de drenagem e de transferência, por
despejamento em galerias abaixo do nível de corte inferior ou, finalmente por carregamento
mecânico em travessas que acessam pontos de drenagem na base dos realces.

Palavras-chave: Lavra subterrânea. Métodos de lavra. Métodos por abatimento.


4

ABSTRACT

To choose an underground mining method should be alert to the geometry of the ore
body, the inclination and thickness, especially for traits of strength and stability of the massif,
forming the ore, and their wall rocks. The underground mining methods are classified into
three broad groups: self-supported methods; supported methods artificially and methods for
abatement. The objective was to detail the types of mining methods for abatement. In these
methods is used for the extraction of minerals the gravity and pressure minerals from mineral
fields located above. This occurs when you cut the bottom of the deposit or the exploitation
sector and allowed to shoot the block above the enlargement. The ore broked moves by a
system of chimneys and drainage transfer, dumping in galleries below the lower court, or
ultimately by mechanical loading on platters that access points for drainage at the base of the
highlights.

Keywords: Underground mining. Mining methods. Methods for abatement.


5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6
2 ABATIMENTO POR SUB-NÍVEIS (SUBLEVEL CAVING) .......................................... 7
2.1 SEQUÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO......................................................................... 7
2.2 EQUIPAMENTOS ............................................................................................................... 8
2.3 PRINCIPAIS VANTAGENS: .............................................................................................. 8
2.4 PRINCIPAIS DESVANTAGENS ....................................................................................... 9
3 ABATIMENTO POR BLOCOS .......................................................................................... 9
3.1 SEQUÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO....................................................................... 10
3.2 EQUIPAMENTOS ............................................................................................................. 11
3.3 PRINCIPAIS VANTAGENS ............................................................................................. 11
3.4 PRINCIPAIS DESVANTAGENS ..................................................................................... 11
4 LONGWALL ....................................................................................................................... 11
4.1 SEQUÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO....................................................................... 12
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 13
6 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 14
6

1 INTRODUÇÃO

A escolha de um método de lavra se dá em função de dois grupos de condicionantes: a


geometria do corpo (inclinação e espessura) e as características de resistência e estabilidade
dos maciços que constituem o minério e suas encaixantes.
As vantagens da lavra subterrânea são a minimização de danos ao meio ambiente, já
que a área de alteração em superfície é menor em comparação a lavra a céu aberto, sob
subsolo há menos interferências ambientais e independência das condições climáticas. No
entanto, é necessário elevado planejamento para execução das operações de lavra e é exigido
alto grau de especialização técnica, acompanhamento e levantamento de dados
permanentemente, sempre executados por profissionais especializados.
De um modo geral, os métodos de lavra subterrâneos são classificados em três grupos:
métodos com realces auto-portantes, métodos com suporte das encaixantes, métodos com
abatimento.
Neste trabalho nos ateremos aos métodos com abatimento que exigem, para a sua
aplicação, continuidade e homogeneidade da qualidade do minério e que a capa seja sempre
suficientemente instável para desmoronar, enchendo o espaço do minério que foi retirado.
São, em geral, métodos de alta produtividade, face à simplicidade das operações conjugadas a
serem empregadas. Normalmente, esses métodos são empregados em minérios de menor valor
unitário, pois a diluição costuma ser alta. A recuperação é freqüentemente comprometida pelo
abandono de parte do minério onde a diluição é maior.
Dentre os métodos por abatimento mais utilizados, encontram-se:
• abatimento em sub-níveis (sublevel caving)
• abatimento por blocos (block caving)
• longwall
7

2 ABATIMENTO POR SUB-NÍVEIS (SUBLEVEL CAVING)

Procedimento utilizado em veios verticais de minério, com largura superior a 5 m,


com alta competência (coesão e resistência mecânica), utilizam-se explosivos para detonar um
bloco do minério, escoando o minério detonado pela parte de abaixo do bloco. Após a
extração de todo o minério detonado, detona-se o bloco abaixo, dando continuidade à
produção.

2.1 SEQUÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO

Nesse método se divide cada nível do depósito em subníveis de 7 a 15 m de altura. Em


cada nível se recorta o depósito da capa até a lapa desde uma galeria situada na lapa. Essa
galeria se comunica com uma chaminé ou funil que interliga os recortes das galerias
superiores e inferiores do nível. As galerias transversais de cada subnível são traçadas
alternadas e a partir delas se perfuram furos ascendentes, paralelos às encaixantes e dispostos
em leque. (CÉZAR, 2008) A perfuração é feita, em geral, com furos de diâmetro mais largo,
entre 76mm e 102 mm. (GERMANI, 2002)
A partir das galerias de subnível, a seção de minério imediatamente acima é perfurada
com furos longos num padrão em leque (à frente da detonação). Muitos subníveis podem ser
perfurados completamente antes que a detonação e produção sejam iniciadas. Para iniciar o
arranque se abre um recorte no teto de cada pilar de subnível, que servirá de face livre para
detonação e se arranca o minério em retirada, da capa até a lapa do depósito. Simultâneamente
existem galerias de subnível em arranque e em carregamento, em perfuração e em preparação.
(CÉZAR, 2008)
A extração de minério segue ao longo de uma frente aproximadamente plana,
permitindo muitos pontos de carregamento no mesmo nível. A detonação de um leque quebra
o minério, causando seu caimento dentro da galeria de subnível. A partir da galeria o minério
é carregado e transportado para passagens de minério (“ore passes”). Quando a diluição com
rocha estéril é excessiva, outro leque é detonado. (CÉZAR, 2008)
8

Figura 1: Esquema de abatimento por subníveis.


FONTE: (CÉZAR, 2008)

2.2 EQUIPAMENTOS

O equipamento de perfuração típico é o jumbo com 2 a 5 lanças, diâmetro de 51 a 76


mm, fator de perfuração na ordem de 0,2 m/ton, detonação com ANFO, carregamento de
minério com LHD, transporte de minério com LHD, trens ou correias transportadoras.
O método sublevel caving é altamente propício à mecanização, com muitas faces de
trabalho e produção eficiente, alta diluição e perda de minério. A movimentação de minério
envolve carregamento do minério na galeria de subnível, transporte e tombamento do mineral
em passagens de minério por LHD. Os subníveis são projetados de acordo com o tamanho da
carregadeira.
No Brasil, o emprego desse método ocorre nas minas de cromita da Mineração Vale
do Jacurici, em Andorinhas, Bahia. Foi adotado na Mina de Fazenda Brasileiro, de ouro, em
Teofilândia, também na Bahia, na porção mais superficial, onde se usou a variante com
recalque. O método vem sendo aplicado em algumas situações na Mina Caraíba. (GERMANI,
2002)

2.3 PRINCIPAIS VANTAGENS:


- Alta produtividade
- Alta taxa de produção, método de larga escala.
- Alta recuperação (80 a 90%, até 125% se possível diluição em excesso).
- Passível de mecanização completa das operações.
- Boa segurança,
9

2.4 PRINCIPAIS DESVANTAGENS


- Deve-se tolerar uma alta diluição (20 a 30%) ou uma pequena recuperação de minério.
- A ventilação das frentes é difícil, cada subnível exige normalmente tubulação auxiliar de
ventilação acionada a diesel.
- Produzem-se importantes repercussões na superfície (subsidência).
- Custo de mineração moderado a alto (custo relativo: 50%; “block caving”: 20%).
- Deve-se providenciar acesso aos blocos para equipamento mecanizado, normalmente através
de rampas espirais na lapa do minério (estéril).

3 ABATIMENTO POR BLOCOS

O método de abatimento por blocos consiste de um colapso controlado do corpo de


minério, que utiliza a gravidade como principal fator de abatimento e movimento dos blocos.
Esse abatimento provoca o efeito de subsidência na superfície. A subsidência e o abatimento
dos blocos são controlados por levantamentos geotécnicos que determinam as características
de resistência e estabilidade dos maciços que constituem o minério e de suas encaixantes,
antes e depois de iniciada as operações de lavra. (HARTMAN, 2002)
Existem três grandes sistemas de abatimento por blocos: i) Grizzly (grelha) formado
pelos níveis de transporte, de grelhas e corte, e chutes normais e bifurcados (Figura 2A); ii)
Slusher, representado pelo ‘drift slusher’ localizado imediatamente acima do nível de
transporte, chutes bifurcados e nível de corte (Figura 2B); e iii) LHD que consiste no nível de
transporte e corte, chutes e pontos de carregamento (Figura 2C). As principais diferenças
entre eles estão relacionadas ao tipo de equipamentos utilizados durante a etapa de produção e
a granulometria do minério desmontado. Para materiais finos, o sistema Grizzly é o mais
adequado, enquanto para materiais um pouco mais grossos o Slusher e o LHD são mais
indicados. (HARTMAN, 2002)
10

Figura 2: representação esquemática dos três principais sistemas de abatimento por blocos,
(A) grizzly, (B) slusher e (C) LHD.
Fonte: (HARTMAN,2002)

3.1 SEQUÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO

A sequência de lavra consiste em arrancar um bloco de mineral em um depósito de


grandes dimensões por abatimento e fragmentação do mineral que se vai extraindo pela base
do bloco. Cada bloco é cortado na base por um recorte horizontal da largura do bloco. Pela
ação da gravidade ocorrem sucessivos fraturamentos da massa rochosa causando seu caimento
e fragmentação. A zona de fratura segue progressivamente em toda massa rochosa
ascendentemente. À medida que progride o caimento a fragmentação melhora, o mineral se
quebra e pode ser assim extraído pela base, em pontos de carga. A explotação por caimento de
blocos vem sempre acompanhada de subsidência na superfície exterior. (CÉZAR, 2008)
Com o trabalho por caimento de blocos o mineral se mistura com rochas desprendidas
das encaixantes ou do terreno de recobrimento e as perdas na explotação e impureza do
minério são consideráveis. (CÉZAR, 2008)
11

Figura 3: Perspectiva do método desabamento por blocos.


Fonte: MINING ENGINEERING SOCIETY, 1982, p.102

3.2 EQUIPAMENTOS
A carga e o transporte são feitos por equipamentos semelhantes aos utilizados no
método dos sub-níveis, com preferência para os de maior porte.

3.3 PRINCIPAIS VANTAGENS


- Menores custos totais;
- Produção centralizada;
- Controle de ventilação menos complexa;
- Sistema favorável para minério de baixo valor econômico;
- A perfuração e detonação necessárias para a produção de minério é mínima, enquanto o
volume de desenvolvimento é enorme.

3.4 PRINCIPAIS DESVANTAGENS


- Altos investimentos de desenvolvimento;
- Tempo de desenvolvimento elevado;
- Manutenção pode interferir na produção;
- Baixa recuperação;
- Inflexibilidade depois de iniciado.

4 LONGWALL

O “longwall” é um método aplicado para camadas relativamente horizontais, depósitos


de forma tabular no qual uma longa face de arranque é estabelecida entre duas galerias de
entrada, e avança ou retrocede através de cortes paralelos à face, auxiliado pelo caimento
completo do teto ou paredes laterais atrás dele.
12

4.1 SEQUÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO

O comprimento da face, ou frente, é medida em centenas de metros. A largura do local


de trabalho é pequena e medida em metros. A frente larga é mantida aberta por um sistema
super pesado de macacos de teto que formam uma proteção (couraça) sobre a face. Como o
corte é feito ao longo do comprimento da face, o suporte retrai, avança e é reposicionado
deixando o teto cair atrás.
O caimento do teto evita a geração de tensões e carregamento sobre o suporte retrátil.
O piso deve ser competente para possibilitar uma fundação firme para o suporte do teto. A
subsidência pode estender-se até a superfície. (CÉZAR, 2008)
É um método comum na lavra de carvão e de potássio para profundidades maiores do
que 300m. Há casos de utilização em mineração de ouro em rocha dura. (GERMANI, 2002)
Este método só foi experimentalmente utilizado na lavra de carvão de Leão I, no Rio
Grande do Sul. Está havendo uma grande restrição dos órgãos ambientais no momento de
autorizar a aplicação do método devido a não se permitir subsidências. Em outros países,
inclusive Estados Unidos, a aplicação do método tem sido permitida fazendo-se as proteções
necessárias. O desmonte é feito com mineradores contínuos ou a fogo, com o uso de
equipamentos de perfuração de pequeno porte. A carga é feita por transportadores de
correntes que operam junto à face, alimentando correias transportadoras ou shuttle cars
dispostas nas travessas. (GERMANI, 2002)

Figura 4 – Desenho típico do método de lavra de carvão em frente longa (longwall)


(modificado de Hartman, 1992).
13

5 CONCLUSÃO

A mineração longwall é uma variante do método das câmaras e pilares em que existe
uma melhor oportunidade para automação. Esse método aumentou capacidade produtiva. Um
melhor controle do teto e uma redução no uso de equipamentos móveis aumentaram a
segurança e saúde do pessoal.
O sistema de transporte de carvão é mais simples, a ventilação é mais bem controlada
mantida devido à grande quantidade de poeira e de metano produzido, e a subsidência da
superfície é mais previsível. Ele também recupera mais carvão das camadas mais profundas
do que a mineração de câmaras e pilares.
O abatimento por blocos requer minério massivo e capaz de desmoronar sob seu
próprio peso quando forem criadas as condições de solapamento. As dimensões do realce são
função da competência do minério e da rocha da capa e são difíceis de predizer. Este é um
método que requer intensivo capital inicial, entretanto, tem o mais baixo custo operacional de
todos os métodos subterrâneos.
Abatimento por subníveis é o que apresenta melhor sistema de segurança porque as
atividades de mineração são realizadas em ou a partir de aberturas relativamente pequenas.As
atividades podem ser sistematizada, o que implica um elevado grau de mecanização e
produção. Apresenta uma boa flexibilidade, isto é, o inicio da produção é rapida podendo
mudar taxas de produção. Permite uma a concentração organizada e boas condições de
trabalho.
14

6 REFERÊNCIAS

CÉZAR, J. Apostila de Lavra Subterrânea. Recife, 2008.

GERMANI, D. J. A Mineração no Brasil. Rio de Janeiro, 2002.

HARTMAN, J. M. M. Introductory mining engineering. 2 ed. Wiley and Sons. Hoboken,


New Jersey, 2002.

HARTMAN, L.H. SME Mining Engineering Handbook. 2nd Edition. Volume 1. 1992.

SILVA, J.M. Lavra Subterrânea. 2010.

Você também pode gostar