Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Síntese Teológica Do Novo Testamento W. G. Kummel PDF
Síntese Teológica Do Novo Testamento W. G. Kummel PDF
A "Síntese
Teológica do Novo Testamento", de Wemer Georg Kümmel,
pertence a essa categoria. Lançado em. 1969 na versão original
alemã, sofreu várias reedições e foi traduzido para o inglês, italiano
e japonês. E um livro amplamente difundido e disponível para um
público "ecumênico", no sentido literal da palavra; é uma obra
científica, todavia redigida em estilo acessível até mesmo ao "leigo
em teologia". É considerada até hoje referência obrigatória na
matéria.
lógica
v.editorateologica.com.br
W e r n e r G e o r g K ü r n s n e
F
T
H
l i
OLOG
/
DO
NOVO TESTAMENTO
Teológica
WERNER GEORG KÜMMEL nasceu em
1905, na cidade de Heidelberg, Ale-
manha. Com 23 anos concluiu o seu
doutorado e aos 27 tomou-se profes-
sor em Zurique, Suíça. Depois da Se-
gunda Guerra Mundial, voltou para a
Alemanha, ensinou nas Universidades
de Mainz e de Marburg, onde subs-
tituiu o renomado teólogo Rudolf Bult-
mann. Faleceu em 1995 em Mainz aos
90 anos de idade.
Kümmel é considerado um dos mai-
ores especialistas do Novo Testamento
depois de Bultmann.
WERNER GEORG KÜMMEL
|H
Tradução:
Sílvio Schneider
Werner Fuchs
Revisão e atualização:
Reginaldo Gomes de Araújo
Teológica
© Editora Teológica, 2003
© V a n d e n h o e c k & Ruprecht, Gõttingen, 5 a ecL, 1987
Capa:
Magno Paganellí
Título original: Die Theologie des Neuen Testements nach seinen Hauptzeugen :
Jesus, Paulus, J o h a n n e s .
Bibliografia.
ISBN 8 5 - 8 9 0 6 7 - I I - 4
03-4786 CDD-225.6
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer forma ou meio eletrônico e mecânico,
inclusive atrave's de processos xerográfícos, sem permissão expressa da editora (Lei n° 9.610 de 19.2.1998).
BIBLIOGRAFIA 11
PREFÁCIO 21
TESTAMENTO 391
1. O "CENTRO DO NOVO TESTAMENTO" 391
2. O FUTURO E A PRESENÇA DA SALVAÇÃO 394
2.1. Jesus 394
2.2. A comunidade primitiva e Paulo 396
2.3. Os escritos de João 397
3. A CONDESCEDÊNCIA DE DEUS 400
Edições de Texto:
Descrições:
De domínio geral:
SCHREINER, J., Gestalt und Anspruch des Neuen Testaments, 1969 [Tra-
dução portuguesa: Forma e Exigências do Novo Testamento, Teo-
lógica/Paulus, São Paulo, 2003].
V Õ G T L E , A. e L O H S E , E., Geschichte des Urchristentums, in: Õkume-
nische Kirchengeschichte, Editado por R. K O T T J E e B . M Õ L L E R ,
volume 1, 1970, pp. Iss.
BIBLIOGRAHA 13
Científico:
De domínio geral:
Científico:
De domínio geral:
Científico:
De domínio geral:
Científico:
Paulo e Jesus:
De domínio geral:
Científico:
De domínio geral:
Científico:
D R . GOTTFRIED BRAKEMEIER
Professor de Teologia Sistemática da Pós-graduação
da Escola Superior de Teologia da Igreja Evangélica
de Confissão Luterana (São Leopoldo-RS)
INTRODUÇÃO
A PROBLEMÁTICA DE UMA
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO
e a Teologia da Bíblia, por sua vez, não consiga lhe apresentar uma
doutrina uniforme no Novo Testamento. Essa constatação nos colo-
ca diante do problema propriamente dito de uma "Teologia do Novo
Testamento".
Esse problema representa naturalmente apenas um caso espe-
cial em meio às dificuldades com as quais se defronta qualquer inter-
pretação objetiva do Novo Testamento. Pois já quando a princípio o
intérprete procurar pelo significado de cada escrito do Novo Testa-
mento - e este é o ponto de partida natural para a pergunta por uma
Teologia do Novo Testamento - ele estará diante de uma tarefa fun-
damentalmente insolúvel. Os escritos que formam o Novo Testa-
mento historicamente nada mais são do que documentos de uma
história da religião da Antigüidade, redigidos numa língua morta e
que lançam mão de conceitos e concepções de mundo que, em sua
maioria, não nos são mais acessíveis. Por essa razão, somente a pes-
quisa histórica tem condições de elucidar tais escritos e fazer com-
preender aproximadamente o que o autor pretendeu expressar. Uma
tal preocupação por esclarecimentos científicos sempre poderá
levar apenas a resultados prováveis e por vezes hipotéticos. Além
disso, ainda se faz sentir a necessidade de um juízo ponderado se se
deve concordar com o resultado obtido numa tal pesquisa, ou se se
pretende substituí-lo por outra tentativa de interpretação. Esses
- mesmos escritos do Novo Testamento, porém, foram reunidos pela
igreja antiga num cânone de escrituras sagradas, cuja delimitação
não mais chegou a ser seriamente discutida a partir do fim do século
IV. Através dessa canonização, os escritos adquiriram um caráter
normativo e fundamental para a fé de cada cristão, que deveria obe-
decer-lhes fielmente. Contudo, é facilmente constatável que no fun-
do é impossível abordar os escritos neotestamentários ao mesmo
tempo como pesquisador crítico e como pessoa que lhes obedece na
fé. Assim, é compreensível que sempre de novo se lançou mão dos
mais variados artifícios para contornar esse dilema. Tais tentativas,
contudo, estàvam desde o início fadadas ao fracasso, pelo fato de
não corresponderem à realidade. O esforço científico em se compre-
ender o Novo Testamento, justamente quando acontece no âmbito
da igreja e tem a fé como ponto de partida, deve corresponder ao
fato de que poderemos chegar também a um ouvir fiel da mensa-
A P R O B L E M Á T I C A DE UMA T E O L O G I A DO N O V O T E S T A M E N T O 33
2. O SENHORIO DE DEUS
que iam ter com João às margens do rio Jordão e que por ele se dei-
xavam batizar. Além disso, ainda relatam que, por ocasião do batis-
mo, Jesus teve uma experiência decisiva para a sua atuação (Mc 1.9-11
par.). Por outro lado, os evangelistas fazem uma exposição detalha-
da da pregação de João Batista antes do relato do batismo de Jesus,
e de diversas maneiras apontam para o fato de Jesus ter dado seqüên-
cia à pregação de João Batista. Ambos os aspectos são considerados
de importância fundamental para o entendimento da pregação de
Jesus.
Não é possível contestar seriamente o fato de Jesus ter sido bati-
zado por João. Os primeiros cristãos realmente se escandalizaram
com o fato de Jesus ter permitido que João o batizasse, como qual-
quer outra pessoa se deixava batizar para o "perdão dos pecados".
Por essa razão, Mt 3.14s e evangelhos apócrifos advogam de diver-
sas maneiras que o batismo de Jesus tenha sido desejado por Deus.
O relato mais antigo a respeito do batismo de Jesus (Mc 1.9-11) apre-
senta, em todo o caso, esse acontecimento sob o ponto de vista do
significado para o próprio Jesus. Permanece, porém, aberta a ques-
tão se, e até que ponto, podemos contar com o conhecimento histó-
rico por parte da tradição (vide abaixo p. 102). Em todo o caso, do
fato de ter aceitado o batismo de João Batista conclui-se que Jesus
tenha concordado com a pregação desse acerca da iminência do juízo
e da necessidade do arrependimento. A tal fato, no entanto, corres-
ponde outro, a saber, que os evangelistas valorizaram a seqüência
que Jesus deu à pregação de João Batista. Mt 3.2; 4.17 nos informa
que Jesus apareceu em público com uma reivindicação idêntica à de
João Batista: "Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos
céus". Seremos forçados a duvidar que o texto coincida com o pen-
samento de João o Batista, porque a proclamação da proximidade
do reino dos céus, ou algo semelhante, de resto não fazia parte da
pregação de João Batista e era o que evidentemente caracterizava a
pessoa de Jesus (vide abaixo). Contudo, mesmo que João Batista não
tenha falado a respeito da proximidade do reino dos céus, não dei-
xou de pregar a respeito da iminência do juízo. Mc 1.15 par., relata
que também Jesus apareceu com a pregação da iminência do reino
de Deus. João Batista relacionou sua proclamação da proximidade
do juízo final com a reivindicação ao arrependimento. De acordo
52 A P R O C L A M A Ç Ã O DE J E S U S D E A C O R D O C O M OS T R Ê S P R I M E I R O S E V A N G E L H O S
2.2. Jesus
mensagem: "Pregai que está próximo o reino dos céus" (Lc 10.9;
compare com Mt 10.7). Ensinou os seus discípulos a julgar a sua
própria época, dizendo que, assim como estão acostumados a con-
cluir que a colheita está próxima quando vêem as figueiras renova-
rem as suas folhas, assim também "quando virdes acontecer estas
cousas sabei que está próximo, às portas" (Mc 13.29 par.; Lc 21.31
acrescenta corretamente o seguinte: "sabei que está próximo o reino
de Deus"). Jesus prometeu concretamente aos seus ouvintes ainda
mais: "Em verdade vos afirmo que, dos que aqui se encontram,
alguns há que de maneira nenhuma passarão pela morte até que
vejam ter chegado com poder o reino de Deus" (Mc 9.1 par.)
aquele dia em que o hei de beber, novo, no reino de Deus" (Mc 14.25
par.). Correspondentemente Jesus prometeu àqueles que deram
ouvidos à sua mensagem a entrada no vindouro reino de Deus ou
lhes assegurou a herança desse reino (Mc 10.15,23 par.; Mc 10.17
par.; Mt 25.34).
Que pretende Jesus dizer ao anunciar a iminente vinda do rei-
no de Deus? A esperança de Israel desde a época do exílio babilôni-
co consistia em que, no futuro, Deus edificaria o seu senhorio na
condição de rei sobre o seu povo de Israel de uma maneira tal que
seria visível a todos os povos do mundo. O judeu piedoso da época
de Jesus orava diariamente o seguinte "Tu somente, Senhor, sejas
rei sobre nós!". Naturalmente o judeu também estava ciente de que
já agora Deus é rei, podendo, por essa razão, invocá-lo como "nosso
Pai, nosso Rei". Contudo o reinado de Deus permanece oculto no
presente e, por isso, se espera pela iminente manifestação desse rei-
nado. O judeu contemporâneo de Jesus não ousava fazer afirma-
ções diretas a respeito de Deus. Por esse motivo não falava da vinda
de Deus na condição de rei, mas da vinda ou da manifestação do
reino de Deus. Ao falar da iminente vinda do reinado de Deus,
Jesus portanto toma uma concepção da esperança de salvação do
povo judeu. E significativo que Jesus tenha tomado exatamente esse
termo. Os contemporâneos de Jesus certamente conheciam o con-
ceito, mas preferiam não utilizá-lo quando pretendiam falar da espe-
rança na salvação vindoura. Ao anunciar a iminência, justamente
do reino de Deus, Jesus não coloca o acento no desaparecimento dos
céus e da terra, não obstante também esperar que isso venha a acon-
tecer (Mc 13.31 par.), mas enfatiza que Deus irá reinar. Por isso é
improvável que Jesus tenha falado em "reino dos céus", como o faz
o evangelista Mateus na maioria dos casos, (com exceção de Mt 12.28
e 11.31,43) por ser a expressão judaica corrente, onde a palavra "céus"
substitui "Deus". Quanto ao conteúdo das duas palavras, ambas
querem dizer a mesma coisa. Marcos e Lucas usam somente "reino
de Deus". Jesus falou conscientemente de "reino de Deus". Que ele
assim tenha procedido pode ser reconhecido sobretudo no conteú-
do que emprestou à expressão "reino de Deus". E que faltam em
Jesus quaisquer ilustrações da salvação e da perdição, com exceção
de umas poucas figuras tradicionais (Mt 8.11 par.; Mc 10.40 par.).
O S E N H O R I O DE D E U S 55
3. A PROCLAMAÇÃO DE DEUS
3.1. O juiz
esperou por Deus como um juiz futuro, cuja vontade soberana lhe
permitiria chamar deste mundo o rico agricultor da parábola regis-
trada em Lc 12.16-20, antes que este homem pudesse usufruir de
seus tesouros acumulados. No entanto, tão certo quanto Jesus tenha
partilhado essa esperança com o judaísmo, tão raro ela pode ser
encontrada nas palavras de Jesus transmitidas pela tradição, e tão
pouco essa esperança chegou a ser característica e essencial para a
concepção de Deus tida por Jesus.
Deus. Assim deu a entender já pela forma lingüística que não pre-
tendia falar de Deus em termos tradicionais, mas proclamar com
insistência concreta que Deus deseja vir ao encontro do homem em
amor paternal. Assim, do mesmo modo como Jesus falou a respeito
da futura vinda de Deus como rei e juiz, também se manifestou
sobretudo a respeito da futura ação de Deus como Pai.
Na condição de Pai, Deus cuidará de seus filhos. Se Deus provi-
dencia tudo para as suas criaturas (Mt 6.26-31 par.), tanto maior será
seu cuidado para com os homens. A preocupação por alimentação e
vestimenta é desnecessária, pois "vosso Pai sabe que disto tendes
necessidade" (Lc 12.30 par., compare Mt 6.8). Mais do que um pai
terreno, "vosso Pai que está nos céus dará boas coisas aos que lhe
pedirem" (Mt 7.11 par.). Portanto, não obstante o Pai saber do que
necessitam os filhos, estes não devem deixar de pedir-lhe. E Jesus
ensinou aos seus discípulos o que devem pedir ao Pai. A mais breve
e, provavelmente, mais antiga versão do "Pai-Nosso" transmitida
por Lucas (Lc 11.2-4) não está primariamente orientada para as
necessidades do presente, mas máxime para a ação do Pai no fim
dos tempos. As duas preces, a da santificação do nome de Deus e da
vinda do reino de Deus, e as duas preces do perdão dos nossos
pecados e de que não nos deixe cair em tentação, enquadram a úni-
ca prece que fala do presente: "nosso pão necessário dá-nos hoje".
" Verdade é que ainda não se sabe definir com certeza o significado
da palavra grega aqui traduzida por "necessário" (LUTERO; também
ALMEIDA: "quotidiano"). Muitos exegetas, baseando-se na reprodu-
ção judaico-cristã da palavra transmitida por Jerônimo e que fala de
"para amanhã", interpretam a prece pelo "pão para amanhã", no
sentido de ser uma petição pelo pão escatológico. Tal hipótese, porém,
é bastante questionável, quer do ponto de vista idiomático, quer
quanto ao conteúdo. Assim, mais provável é a interpretação de que
a prece pelo pão tem em vista a providência divina para as irrenun-
ciáveis necessidades humanas no presente. De resto, as duas primei-
ras preces pedem que o Pai concretize o fim dos tempos, ocasião em
que somente ele será honrado e não mais existirá nenhum perigo de
que algum de seus filhos venha a se perder. No fim dos tempos
deverá concretizar-se a promissão: "Não temais, pequenino reba-
nho, porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino" (Lc 12.32).
A P R O C L A M A Ç Ã O DE D E U S 63
podia esperar que o pai tomasse tal atitude. Contudo o pai o ama, se
bem que nele nada possa ser encontrado que seja digno de amor.
Nessa parábola Deus é comparado a um pai terreno que, com direito,
poderia zangar-se com o homem pecador, mas que, numa atitude
de perdão, vem ao encontro do pecador que se arrepende. A inten-
ção de Jesus reside em explicar através da parábola que semelhante
amor de Deus é inesperado e inexplicável. A parábola dos trabalha-
dores na vinha (Mt 20.1ss) apresenta um homem que, em diferentes
horas do mesmo dia, sai em busca de trabalhadores para prestarem
serviços em sua vinha. Ao final do dia, ordena que se pague a todos
os trabalhadores o mesmo salário usual. Aos que se revoltaram com
a atitude do proprietário e que, apesar de terem trabalhado o dia
inteiro, receberam o mesmo salário, ele esclarece: "Amigo, não te
faço injustiça; não combinaste comigo um denário? Toma o que é
teu, e vai-te; pois quero dar a este último tanto quanto a ti. Porven-
tura não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os
teus olhos porque eu sou bom?" A atitude juridicamente inatacável
do proprietário, contra a qual se revolta o sentimento humano de
justiça, deixa reconhecer um Deus que presenteia baseado em pura
bondade, quando critérios humanos julgam uma dádiva ser incon-
veniente. É claro que, de acordo com a pregação de Jesus, Deus tam-
bém sabe punir implacavelmente uma pessoa quando não está dis-
posta ao arrependimento (Lc 13.1-9). Jesus, no entanto, também ousa
proclamar que Deus não se alegra com o justo que se gloria diante de
Deus por causa de sua justiça, mas que se alegra com o pecador que
está diante de sua condição de perdido (Lc 18.9-14). Jesus se diferen-
cia fundamentalmente do judaísmo de sua época, que acentua enfa-
ticamente a disposição de Deus em perdoar e a dependência huma-
na do perdão divino, mas que sempre de novo acrescenta: "Se Deus
concede seu perdão aos que transgridem sua vontade, quanto mais
o concederá aos que praticam sua vontade" (confira R. M A Y E R , Der
Babylonische Talmud, p. 176 [vide acima bibliografia, p. 11]).
4. A REIVINDICAÇÃO DE DEUS
recompensa tendes?" (Mt 5.46 par.). Aquelas pessoas que dão esmo-
las, oram ou jejuam com a finalidade de serem vistas pelos outros
"já receberam sua recompensa" (Mt 6.2,5,16). Quem, por causa de
Jesus, for odiado ou difamado, deverá alegrar-se "porque grande é
o vosso galardão no céu" (Lc 6.23 par.; compare também Mc 9.41
par.). Tal galardão é denominado "tesouro no céu", o qual deve ser
por nós adquirido (Mt 6.20 par.). A uma pessoa rica que está presa a
seus bens, Jesus diz: "Só uma coisa te falta: Vai, vende tudo o que
tens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; então vem, e segue-
me" (Mc 10.21 par.).
Diante de tão vasta tradição não se pode duvidar de que Jesus
relacionou de duas maneiras a pregação da ação de Deus no futu-
ro e no presente com a reivindicação de obediência à vontade de
Deus. Em primeiro lugar, Jesus foi judeu e com sua pregação diri-
giu-se a judeus. Para um judeu era algo evidente a concepção de
que Deus vem ao encontro dos homens com mandamentos que
devem ser cumpridos. O cumprimento ou não-cumprimento des-
ses mandamentos é uma questão decisiva para o destino do homem
diante de Deus. Por isso também é natural que Jesus tenha relacio-
nado a pregação da iminência do reino de Deus com a indicação
para a vontade daquele Deus, cujo reino se concretizaria num
futuro próximo e que em Jesus já se tornava realidade. No entanto
a pregação da vontade de Deus através de Jesus adquiriu urgência
indeclinável, justamente pelo fato de estar relacionada à procla-
mação da iminente vinda do reino de Deus. Por tal razão há que se
perguntar de que maneira a reivindicação de Jesus adquiriu sua
peculiaridade através dessa relação. Em segundo lugar, também
em consonância com o judaísmo, Jesus relacionou a promessa da
participação no reino de Deus com a ação do homem, através da
concepção de recompensa e castigo. Desse modo, porém, surge o
problema de que a participação no reino de Deus deixe de ser uma
dádiva exclusiva de Deus, e passe a ser algo que o homem possa
conquistar através de suas obras, assim que, de uma maneira
renovada surge a pergunta, desta vez sob outro ângulo, se de fato
Jesus pôde qualificar de boa-nova a proclamação do vindouro rei-
no de Deus. Estes dois problemas deverão ser analisados com maior
profundidade.
A R E I V I N D I C A Ç Ã O DE D E U S 71
lei foi destinada..., para que vivêssemos sob sua tutela, (i.é., da lei)
como sob a tutela de um pai e senhor, e não pecássemos, nem por
vontade, nem por ignorância" (F. JOSEFO, Contra Apio II § 173s). Sur-
giram, no entanto, sérias dificuldades ao se tentar pôr em prática a
lei fundamental, porque a lei escrita não oferecia instruções para
todos os casos do dia a dia, e cada caso em particular. A concepção
predominante da época de Jesus, representada pelos fariseus, nun-
ca restringiu a lei somente às "Sagradas Escrituras" escritas, mas
sempre as encarava como sendo uma parte da tradição. Por mais
que os "escribas" sempre tivessem se esforçado em fundamentar
nas Sagradas Escrituras a interpretação mais detalhada de algum
mandamento -, fato é que um mandamento ou a interpretação des-
te se revelava igualmente inatacável como expressão da vontade de
Deus, caso se conseguisse provar que o mandamento em ques-
tão tem as suas raízes em Moisés, ou se demonstrasse que o mesmo
era um elo bastante antigo da corrente da tradição. A constatação
"Estas palavras foram ditas a Moisés no Sinai" (Tosephta Pea 3.2)
declara, sem maiores evidências, que as palavras de um mandamento
em questão são ordem divina e, por esta razão, compromissivas.
Para o judaísmo da época de Jesus, conduzido pelos fariseus, toda a
tradição mantida pelos escribas servia de norma para a fundamen-
tação da vontade divina. Os mandamentos de Deus contidos nas
Sagradas Escrituras perfaziam somente uma parte da tradição e
podiam ser entendidos somente a partir da tradição em grande par-
te transmitida oralmente.
Jesus cresceu no contexto dessa fé ligada à tradição e observou
os habituais costumes religiosos, também no que diz respeito ao que
era ensinado pela tradição oral. Em suas vestimentas, por exemplo,
Jesus usou as borlas prescritas em Nm 15.38 (cf. Mt 9.20). Em obe-
diência à tradição, Jesus também visitou a sinagoga aos sábados (Mc
1.21). Quando interrogado a respeito do mais importante dos man-
damentos, sua resposta consistiu em apontar para os mandamentos
de amor a Deus e ao próximo, registrados no Pentateuco (Mc 12.28-
31 par.), mas também apontou para a reivindicação contida na tra-
dição, de que num sábado era permitido tirar um animal que tives-
se caído num fosso (Mt 12.11 par.). Surpreendente, porém, é que
este mesmo Jesus, como mostram inúmeros exemplos da tradição
A R E I V I N D I C A Ç Ã O DE D E U S 75
que concede seu amor aos pecadores que se arrependem, e cujo amor
que procura os pecadores se tornou realidade em Jesus. Diante des-
se Deus não existem direitos especiais. Já agora ele torna real a sua
salvação, na pessoa de Jesus, e promete recompensa celestial àque-
les que se apegam a essa salvação e a partir dela passam a agir.
Indubitavelmente passa a fazer parte da proclamação e concretiza-
ção de Jesus a verdade de que Deus perdoa e retribui. Igualmente o
caráter peculiar da pregação de Jesus sobre recompensa e castigo
está condicionado pela ação salvífica de Deus, pregada e concreti-
zada por Jesus. Somente depois de entendermos a importância que
Jesus concedeu à sua própria pessoa no contexto de sua proclama-
ção, estaremos aptos a compreender a sua proclamação a respeito
da ação e da vontade de Deus.
rião é relatada sem qualquer interesse por detalhes. Por essa razão
não resta a mínima dúvida em se reconhecer o texto como um relato
da vida de Jesus, e o fato de a cura se efetivar à distância, sem que
Jesus tivesse pronunciado qualquer palavra que estivesse ordenan-
do essa cura, não poderá contradizer essa conclusão com a justifica-
tiva de que semelhante acontecimento fugiria ao nosso campo de
experiência e não seria explicável racionalmente. Por outro lado, o
relato da expulsão dos demônios de um possesso para uma vara de
porcos, a qual em seguida se precipita no mar e se afoga (Mc 5.1-20
par.), não deixa de ser uma ação miraculosa fora do comum e cujo
sentido não é de todo compreensível. Contudo, esse texto nada traz
da peculiaridade da pessoa e da pregação de Jesus, e por tal motivo
precisa ser bastante questionável se de fato o relato tem suas ori-
gens numa tradição mais antiga e espelha um acontecimento da vida
de Jesus. Já dissemos que a pergunta pela probidade histórica do
relato isolado nem sempre pode ser respondida a contento. Para a
compreensão da reivindicação de Jesus de fé em sua pessoa, na ver-
dade, não é essencial quantos atos que provocaram admiração Jesus
efetuou, e o que particularmente pode ser reconhecido como fato
ou, pelo menos, se presuma que se trate de tal. Decisiva no nosso
contexto é unicamente a pergunta pelo sentido que Jesus emprestou
às suas ações no contexto de sua proclamação da vinda do reino de
Deus.
Nesse sentido evidencia-se, em primeiro lugar, que na opinião
de Jesus, as suas ações nunca pretenderam ser um poder que demons-
trasse sua incumbência divina e servisse para um melhor juízo
sobre a sua pessoa. Isso já se pode concluir do fato de os adversários
de Jesus tentarem atribuir o poder sobre os demônios à sua aliança
com o príncipe dos demônios: "E pelo maioral dos demônios que
ele expele os demônios" (Mc 3.22b par.). Portanto, não se pode reco-
nhecer inequivocamente que Deus atua por intermédio dos feitos
de Jesus. A§ ações de Jesus não têm poder demonstrativo. A esta
conclusão se chega mais claramente na resposta de Jesus à acusação
de estar aliado ao maioral dos demônios: "Se eu expulso os demô-
nios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso
eles mesmos serão os vossos juizes" (Mt 12.27 par.). Nessa passa-
gem, Jesus reconhece sem rodeios que também exorcistas judeus
J E S U S E X I G I U FÉ E M SUA P E S S O A 87
que não achar em mim motivo de tropeço" (Mt 11.5s par.). Nessa
passagem a ação de Jesus não só é caracterizada como cumprimen-
to de promessas salvíficas veterotestamentárias, mas também expli-
citamente acrescentado que, apesar de todos os acontecimentos
visíveis, ainda é possível achar em Jesus motivos de tropeço. É, pois,
perfeitamente possível não se reconhecer nesses acontecimentos o
evento salvífico do fim dos tempos e, assim, não se notar que neles
Deus está concretizando o seu reino. Ao lamentar a sorte das cida-
des de Corazim e Betsaida, Jesus afirma o seguinte; "Se em Tiro e
Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há
muito que elas se teriam arrependido com panos de saco e cinza.
E contudo vos digo: No dia do juízo haverá menos rigor para Tiro e
Sidom, do que para vós outros" (Mt 11.21s par.; Mt 11.23s registra
uma afirmação semelhante a respeito de Cafarnaum e Sodoma).
Portanto Jesus efetuou atos poderosos nas cidades jtidaicas de
Corazim e Betsaida (Os evangelhos não mencionam esses atos de
Jesus). Mas os habitantes dessas cidades não sentiram nenhuma moti-
vação em tirar conseqüências dos atos de Jesus, ao que ele afirma
que as cidades gentias de Tiro e Sidom teriam reagido diferente-
mente, caso nelas se tivessem operado tais atos. Os atos de Jesus
são, pois, inequívocos quanto ao seu caráter de acontecimento. Pode-
se, porém, aceitá-los sem que se note o que realmente está por detrás
dos mesmos. Os milagres de Jesus são sinais somente para aquele
que está disposto a também ouvir sua interpretação.
Por essa razão, Jesus se recusa a fazer ações poderosas cada vez
que está convicto de que as pessoas não estão dispostas a atentar
para o significado das mesmas. Pode-se concluir isso não só de sua
recusa em fazer sinais demonstrativos de poder, mas sobretudo do
relato do fracasso de Jesus em Nazaré: "Tendo Jesus partido dali,
foi para a sua terra, e os seus discípulos o acompanharam. Chegan-
do o sábado, passou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo-o, se
maravilhavam, dizendo: Donde vêm a este estas cousas? Que sabe-
doria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por
suas mãos? Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago,
José, Judas e Simão? E não vivem aqui entre nós as suas irmãs?
E escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta
sem honra senão na sua terra, entre os seus parentes, e na sua casa.
J E S U S E X I G I U FÉ EM SUA P E S S O A 89
Não pôde fazer ali nenhum milagre senão curar uns poucos enfer-
mos, impondo-lhes as mãos. Admirou-se da incredulidade deles.
Contudo, percorria as aldeias circunvizinhas, a ensinar" (Mc 6.1-6
par.). Desde cedo já se tentou atenuar esse relato (compare Mt 13.58),
pelo fato de seu conteúdo provocar escândalo. Justamente por isso
o relato deve ser reconhecido como historicamente fiel. Naturalmente
isso não quer dizer que Jesus não pôde praticar milagres em sua
terra natal, pelo fato de sem seus feitos alcançarem ressonância esta-
ria nulo o seu poder. Tal hipótese já é limitada pelas seguintes pala-
vras: ele curou uns poucos enfermos. Este relato pretende expressar
que Jesus não se sentiu motivado a fazer milagres, ao deparar com
tamanho comportamento radicalmente cético em Nazaré diante da
sua pessoa. Nos feitos poderosos de Jesus pode-se reconhecer quem
os está executando e o que por seu intermédio se está concretizan-
do. Tal reconhecimento, no entanto, só será possível se o homem
estiver disposto a crer em Jesus. Sem uma tal fé os atos de Jesus
perdem completamente sua eficácia para com as pessoas que o cer-
cam. A quem não der ouvido ao chamado de Jesus para a "meia-
volta" de nada servem seus milagres. E o que Jesus dá a entender na
parábola do homem rico e do pobre Lázaro: Encontrando-se no
inferno, o homem rico pede a Abraão que envie Lázaro, igualmente
morto, aos seus irmãos vivos, para que os intime a se arrependerem.
Abraão, contudo, lhe responde: "Se não ouvem a Moisés e aos pro-
fetas, tão pouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém
dentre os mortos" (Lc 16.27-31). Mesmo que aconteça o maior mila-
gre, nada poderá ensinar àqueles que não estão dispostos a ouvir.
5.2. Fé em Jesus?
5.4. O Messias
dores igualmente matam e atiram para fora da vinha, por ser ele o
herdeiro. Não há dúvida de que a parábola relata algo que não acon-
tece costumeiramente, mas pretende ser uma apresentação alegóri-
ca do comportamento do povo de Deus em relação aos que Deus lhe
enviava, até a rejeição e morte de Jesus fora dos limites de Jerusalém
(compare Hb 13.12). Uma vez constatado que essa parábola preten-
de fazer um retrospecto da história de Jesus, a imagem do filho e
herdeiro único contraposto aos escravos somente é compreensível
para aqueles ouvintes propriamente ditos, para quem "o Filho" é
uma designação que deve claramente ser relacionada com Jesus. Para
os judeus da época de Jesus, por sua vez, os termos "o Filho" e tam-
bém "o Filho de Deus" não eram títulos compreensíveis para deno-
minar o redentor. Por essa razão a parábola assim como a encontra-
mos registrada pela tradição, seguramente não pode ser atribuída a
Jesus. E, caso por detrás da presente parábola se ocultasse alguma
forma mais antiga que pudesse se originar de Jesus, como exegetas
não temos a mínima condição de reconstruí-la. Disso tudo, portan-
to, se conclui que não possuímos nenhuma notícia absolutamente
segura de que Jesus de modo singular soubesse ser ele "o Filho de
Deus" ou que eventualmente fosse conhecido como tal. Logo não há
a possibilidade de se esclarecer o sentido propriamente dito da rei-
vindicação pessoal de Jesus apontando para o fato de Jesus ter esta-
do consciente de sua filiação divina.
lado, não faz sentido a combinação "o homem sobre a terra", pois
seria óbvio caso aqui se tratasse dos homens em geral. Ainda mais
que Jesus jamais atribuiu a todos os homens o direito de perdoar
pecados (como também a comunidade jamais o fez!). Assim, esse
dito sobre "o homem" somente pode ser de autoria de Jesus e vem
demonstrar que, ao atuar sobre a terra, Jesus teve condições de se
denominar de "o homem", pois sua dignidade veio transparecer
não só no direito que Deus lhe deu para conceder o perdão de peca-
dos, mas também na sua capacidade de curar o paralítico. Dessa
forma o ouvinte desse relato não pode ignorar que "o homem" quer
designar Jesus. Também 110 contexto Jesus não demonstra de uma
maneira generalizada a justificação de que tivesse o direito de assim
se denominar, mas tal fato somente pode ser reconhecido por meio
de uma aceitação na fé.
Baseados em todos esses textos, pode-se afirmar com grande
segurança que Jesus não só tomou a esperança da apocalíptica
judaica que falava do "homem" escatológico e a relacionou com a
anunciação da iminente vinda do reino de Deus, mas também ligou,
de uma maneira completamente nova e inusitada no âmbito do
judaísmo, essa esperança pelo "homem" à sua pessoa, de maneira
que a esperança se concretizava com a presença de Jesus. E isso cha-
ma a atenção, pois por um lado também aos ouvintes de Jesus não
"era simples reconhecer quem estava por detrás dessa autodenomi-
nação, uma vez que a palavra aramaica empregada por Jesus signi-
fica somente "homem". Por outro lado, constatamos que somente
algumas palavras em que ocorre o termo "o homem" esclarecem
algo da relação entre Jesus e "o homem". Existem ainda outras pala-
vras que somente permitem concluir a existência de uma tal relação.
Finalmente, é estranho que Jesus falava do "homem" como uma
pessoa do presente, e dessa forma caracterizava sua própria vida
e ação entre seus ouvintes. Acontece que, no judaísmo, a figura do
"homem" era concebida somente como uma figura escatológica. Já
constatamos anteriormente que esses são os motivos que levam os
exegetas a, muitas vezes, negar que Jesus tivesse alguma vez empre-
gado o título "o homem" para caracterizar o redentor esperado.
Alguns pesquisadores chegaram a admitir que Jesus utilizou esse
título, mas afirmam que somente falou do "homem" como uma figura
J E S U S E X I G I U F É EM SUA P E S S O A 113
do futuro, que de modo algum podia ser idêntica à sua pessoa. Se, em
contraposição a essas opiniões, e a partir de uma análise imparcial
da tradição, chegamos ao reconhecimento de que Jesus falou tanto
do "homem" presente como do vindouro de uma maneira abscôn-
dita, vemo-nos colocados diante da tarefa de perguntar pelo senti-
do dessa autoderiominação de Jesus. Ao executarmos tal tarefa, não
podemos deixar de ter em mente o que até aqui reconhecemos a
respeito da pregação de Jesus sobre o reino de Deus e da sua reivin-
dicação pessoal.
Jesus não só proclamou a iminente vinda do reino de Deus, mas
esclareceu que, em sua ação e pregação, "o reino de Deus veio a
vós'. Essa presença do reino de Deus está exclusivamente vincula-
da à pessoa de Jesus, razão pela qual se trata de uma presença ocul-
ta, somente reconhecível por aquele que crê, e que também pode ser
ignorada. Conseqüentemente Jesus viu concretizarem-se em sua ação
e pregação acontecimentos escatológicos e admoestou que se reco-
nhecesse o caráter do acontecimento e dessa maneira não se visse
tropeço em sua pessoa. Finalmente, Jesus reivindicou para a sua
pessoa um direito tão importante que foi possível interpretá-lo erro-
neamente como aspiração pelo esperado reino escatológico de Deus
e acusá-lo aos romanos por causa de sua reivindicação de caráter
político-messiânico. Jesus, porém, somente concordou com a forma
dessa acusação, afirmando que "o homem" virá sobre as nuvens do
céu para exercer juízo e soberania. Pode-se constatar que existe ple-
na concordância entre esses principais aspectos da proclamação de
Jesus e sua reivindicação pessoal, sua anunciação de ser "o homem"
presente e o que há de vir. Se Jesus prometeu que, em breve, "o
homem" viria com as nuvens do céu para exercer o juízo sobre os
homens de acordo com o seu comportamento diante do Jesus terre-
no, nessa promissão pressupõe tanto a grande proximidade tempo-
ral do acontecimento escatológico como a unidade do evento salví-
fico do presente e do futuro, efetivada pela pessoa de Jesus. E se
Jesus menciona o fato de, no presente, "o homem" não possuir nenhu-
ma pátria, juntamente com o fato de Deus ter dado ao "homem" o
direito de conceder perdão de pecados, isso vem a corresponder
tanto à vida peregrina de Jesus (Lc 13.33a) como à sua concessão do
perdão dos pecados (Lc 7.47). Como de acordo com a reivindicação
114 A P R O C L A M A Ç Ã O DE J E S U S DE A C O R D O C O M OS T R Ê S P R I M E I R O S E V A N G E L H O S
histórica não pode decidir se Jesus teve ou não razão em fazer tal
reivindicação. Por essa razão a crítica histórica não terá o direito de
contestar a possibilidade histórica de que Jesus de fato fez e tinha
condições de fazer a reivindicação de ser o enviado da parte de Deus,
uma vez que essa reivindicação correspondeu à realidade. A crítica
histórica somente pode constatar que essa reivindicação é impossí-
vel de ser verificada no âmbito da experiência humana, não existin-
do, pois, nenhuma analogia quanto à sua natureza. Isso, contudo,
não lhe dá o direito de contestar a autenticidade da tradição. Depois
de examinadas criticamente as palavras de Jesus sobre o "homem",
concluiu-se ser impossível fazer-lhes objeções mais sérias. Por essa
razão o historiador não tem condições de responder à pergunta se
Jesus teve o direito de afirmar que a esperança pelo "homem" esca-
tológico se concretizara provisoriamente em sua pessoa, e que tam-
bém em sua pessoa se complementaria definitiva e gloriosamente
num futuro iminente. Para quem a ação e proclamação de Jesus se
transformaram em sinais de que Deus agiu e falou definitivamente
através desse homem, e quem permitiu que a mensagem da ressur-
reição transformasse essa fé em certeza, esse não terá dúvidas de
que Jesus se denominou acertadamente como "o homem" que veio
e que está por vir, igualmente compreenderá a reivindicação "abs-
côndita" como a forma de expressão mais apropriada para transmi-
tir a ação salvífica de Deus no homem Jesus.
A confirmação e um aprofundamento definitivos desse sentido
da reivindicação de Jesus de ser ele "o homem" poderão ser obtidos
ao voltarmos nossa atenção para as palavras que falam da paixão
do "homem".
6. A PAIXÃO E M O R T E DE JESUS
A FÉ DA C O M U N I D A D E P R I M I T I V A
1. A FÉ PASCAL
evidenciou-se como justa e sua missão não fracassou mas foi confir-
mada por Deus. E somente então foi legítimo o testemunho dos pri-
meiros cristãos sobre a ressurreição de Jesus, não sendo necessário
que posteriormente se caracterizem com uma formulação de Paulo
como "falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado con-
tra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou"
(ICor 15.15). A proclamação da Igreja não pode ser fundamentada
sobre a experiência dos discípulos, mas unicamente sobre a ação
real de Deus com Jesus.
Por isso é importante elucidarmos o que, mais precisamente,
foi dado aos primeiros cristãos com sua fé na ressurreição do cruci-
ficado, despertada pela visão do Ressurrecto. Por um lado denota-
se aqui que os primeiros cristãos não pensaram num retomo de Jesus
à vida terrena, um retorno que provável ou necessariamente teria
conduzido a uma nova morte de Jesus. E assim que o quarto evan-
gelista imagina a ressurreição de Lázaro (Jo 12.10). De acordo com a
fé desses cristãos, no entanto, o Ressurrecto foi elevado até Deus, e
de lá Deus o tornou visível. Mais tarde Paulo acentuou expressa-
mente que o Cristo ressuscitado não pode mais morrer (Rm 6.9).
Ainda nos relatos posteriores das aparições do Ressurrecto, é pres-
suposto que ele não pode ser identificado sem mais nem menos com
o conhecido Jesus de Nazaré em sua figura humana (cf. Lc 24.16,31;
Mt 28.16s; Jo 20.14,16). Por outro lado, essa constatação implica que,
para a fé da comunidade primitiva, o Ressurrecto elevado a Deus, já
se encontra na glória escatológica podendo por isso enviar o dom
do Espírito escatológico. Experimentando esse Espírito, os primei-
ros cristãos foram assegurados de que a realidade da ressurreição
era verdade: "A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós
somos testemunhas; exaltado, pois, à destra de Deus, recebeu do
Pai a promessa do Espírito Santo e derramou isso o que vedes e
ouvis" (At 2.32s). Sem dúvida, essa frase do discurso de Pedro após
a concessão do Espírito no primeiro Pentecostes constitui uma for-
mulação do"ãutor dos Atos dos Apóstolos. Contudo, há bons moti-
vos para se acreditar que, com ela, foi corretamente reproduzido o
conteúdo da fé da comunidade primitiva na ressurreição.
Essa fé, enfim, englobava também a esperança que Lucas
reveste das seguintes palavras: "É necessário que o céu o receba (o
A F É E M C R I S T O NA C O M U N I D A D E PRIMITIVA DA P A L E S T I N A 139
2.2. O Messias
2.5. O Senhor
dão dos pecados, e que Jesus viu na sua morte a consumação de sua
tarefa divina, isso já representa um passo considerável em direção
da interpretação dada à morte de Jesus pela comunidade primitiva.
E, se os primeiros cristãos reconheceram que, ressuscitando o cruci-
ficado, Deus ratificara essa morte ultrajante como consumação de
sua ação salvífica escatológica em Jesus, então tinham de tornar com-
preensível a morte de Jesus como acontecimento salvífico. Pode-se
dizer com muita razão que "nunca houve um tempo, nem mesmo
um período breve, após a ressurreição, no qual não fosse implicita-
mente reconhecida a significância salvífica da cruz" (R. H. F U L L E R ) .
Por isso não foi especulação, mas a experiência do acontecimento
divino da ressurreição de Cristo que levou a que se compreendes-
se a morte de Jesus como consumada em favor do nossos pecados.
O historiador naturalmente não tem condições de dar uma respos-
ta à pergunta se essa compreensão da morte de Jesus interpreta
corretamente a vontade de Deus em Cristo ou se constitui uma
falsificação. Mas a fé na realidade divina da ressurreição de Jesus
Cristo poderá e terá de respondê-la, com toda a confiança, em sen-
tido afirmativo.
curada (Mc 5.25-34 par.). Nesse relato o que provoca a cura não é a
palavra de Jesus, nem mesmo sua ação consciente, mas evidente-
mente uma força que irradia de Jesus até suas vestes. Jesus é visto
como possuidor de um poder miraculoso sobrenatural que é ine-
rente ao seu ser. Conclusão parecida podemos tirar do relato de que
Jesus caminha sobre o mar (Mc 6.45ss par.). Jesus vem ao encontro
dos discípulos que lutam sobre o lago com um barco contra o vento.
Anda por sobre o lago e dirige-lhes a seguinte auto-identificação:
"Não temais, sou eu." Em seguida sobe no barco para junto deles,
depois do que o vento pára. Também nesse episódio Jesus se mani-
festa como um ser que dispõe de forças físicas que normalmente
nenhuma pessoa possui. Afirma-se claramente que os discípulos
encaram Jesus como um fantasma até que ele se-lhes dá a conhecer.
O relato da transfiguração (Mc 9.2ss par.) revela ainda mais cla-
ramente a concepção de que como homem, Jesus já era um ser
sobrenatural dotado de poderes terríveis, um ser que ocasionalmente
deixava transparecer a sua verdadeira natureza. Declara-se expres-
samente que Jesus foi "transfigurado" e que em virtude dessa trans-
formação a sua natureza divina tornou-se reconhecível para os dis-
cípulos. Essa natureza manifesta-se no fato de ele usar vestes
celestiais, estar envolto pela nuvem da presença divina e ser capaz
de falar com pessoas falecidas, como Elias e Moisés, que se supunha
estarem no céu. A voz do céu ("Este é meu Filho amado: a ele dai
ouvidos") não se dirige a Jesus, mas aos discípulos e, desse modo,
aos ouvintes da narração, lembrando-os de que nessa transfigura-
ção e nessa aparição de caráter celestial se revela a filiação divina do
transfigurado. Do mesmo modo como, através da transfiguração,
Jesus deixa entrever a sua verdadeira natureza, ele também pode
reaparecer subitamente aos discípulos como Jesus tal qual o conhe-
ciam.
Em todos os textos enunciados transparece uma concepção
estranha ao judaísmo, mas familiar ao helenismo, que fala de uma
dotação natural e ontológica de poder, à qual corresponde a epifa-
nia, isto é, a visualização da natureza divina aos olhos de deter-
minadas pessoas. No helenismo pagão conhecia-se a concepção
de pessoas possuírem poderes e capacidades divinas e poderem
demonstrá-las mediante feitos miraculosos. Tal concepção penetrara
A F É EM C R I S T O NA C O M U N I D A D E HEIENISTA 161
4. A CONSCIÊNCIA DE IGREJA
se invocava a Jesus (At 2.38; 8.16; 10.48; cf. ICor 1.13). Ademais, ser
posto em relação com o Jesus ressurrecto, que dera e dava à sua
comunidade o Espírito, tinha de significar também, para cada bati-
zando, ser posto em relação com o Espírito do Ressurrecto. O fato
de que todos os membros da comunidade primitiva eram batizados
e tinham recebido o Espírito significou, pois, também uma separa-
ção visível da comunidade restante dos judeus.
A comunidade cristã praticava ainda outro costume religio-
so que a separava da comunidade judaica: a ceia comunitária. Nas
descrições sumárias da vida dos primeiros cristãos, os Atos dos Após-
tolos informam: "Perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comu-
nhão, no partir do pão e nas orações" (At 2.42). "Diariamente perse-
veravam unânimes no templo e, partindo o pão de casa em casa,
tomavam o alimento com alegria e pureza de coração" (2.46). Logo,
partia-se o pão nos encontros dos cristãos em casas particulares e,
naturalmente, também se comia. Essas refeições conjuntas ocorriam
num clima de júbilo. As poucas indicações, porém, carecem de qual-
quer menção de que se bebia vinho, e de qualquer referência à últi-
ma ceia de Jesus ou pelo menos à sua morte. Por isso conjeturou-se
muitas vezes que essa ceia dos cristãos foi somente uma refeição
comunitária de cunho escatológico, que nada tinha a ver com a últi-
ma ceia de Jesus e as palavras da instituição proferidas naquela oca-
sião. Conseqüentemente essa refeição teria sido também totalmente
diferente da ceia do Senhor, das comunidades paulinas, que se refe-
ria àquela última ceia de Jesus. Essa conjetura, contudo, é muito
improvável, porque a palavra escatológica que Jesus proferira na
última ceia e retransmitida pela comunidade primitiva ("Não mais
beberei do fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber,
novo, no reino de Deus", Mc 14.25 par.) pressupõe claramente que a
comunidade primitiva sabia que deveria continuar a beber vinho
em suas refeições comunitárias. Outro argumento é que a invocação
presumivelmente utilizada nas refeições comunitárias, "Vem, nos-
so Senhor!" (ICor 16.22, vide acima, p. 147s), igualmente pressupõe
que se faziam as reuniões de acordo com a vontade de Jesus, na
esperança pela união próxima com o Senhor ressurrecto. Se, portan-
to, o Senhor ressurrecto era invocado por ocasião das refeições
comunitárias, tais refeições constituíam uma celebração de culto a
172 A FÉ DA C O M U N I D A D E PRIMITIVA
pode decidir com absoluta certeza se, com a frase ambígua "não vi
outro dos apóstolos, senão a Tiago, o irmão do Senhor", Paulo
inclui Tiago entre os apóstolos. Tampouco se pode dizer com exati-
dão se Barnabé era contado entre os apóstolos (cf. ICor 9.5s; At 14.14).
No entanto, não há dúvida de que de acordo com Paulo fazem parte
dos opóstolos homens que, no mais, nos são desconhecidos, tais como
os judaico-cristãos Andrônico e Júnias (Rm 16.7). Conseqüentemen-
te o círculo dos apóstolos de forma alguma era restrito aos doze.
Todavia, segundo a convicção de Paulo ele está definitivamente con-
cluído, pois em ICor 15.7 ele fala de uma aparição de Cristo a "todos
os apóstolos", à qual se seguiu somente a sua própria visão do Cris-
to ressurrecto, a qual tornou-o também a ele um apóstolo. Se, pois,
por causa dos fatos citados, não mais podemos dizer com certeza
quem fazia parte dos "apóstolos antes de Paulo", Paulo, contudo,
nos revela claramente o que constituía para ele o critério para se
identificar um apóstolo: Ele deve ter sido convocado pelo próprio
Ressurrecto para a missão (ICor 9.1; 15.9s; G1 1.16s). Logo não é
simplesmente a visão do Ressurrecto que transforma alguém em
apóstolo (os "500 irmãos" de ICor 15.6 não são apóstolos!), mas a
vocação especial. Não sabemos como se deu o surgimento desse cír-
culo de apóstolos nos primeiros tempos da comunidade primitiva,
porque nossas fontes silenciam a esse respeito, e as opiniões sobre a
questão divergem amplamente. Mas está claro que a tarefa dos após-
tolos era dar testemunho da ressurreição de Jesus de Nazaré, a eles
revelada. E, por causa desse testemunho do evento da ressurreição,
era preciso ater-se à comunidade primitiva, em cujo meio se encon-
travam os apóstolos.
Verdade é que nesse aspecto Paulo se equipara aos apóstolos
hierosolimitas por causa da vocação a ele sucedida por meio do Res-
surrecto. Por isso acentua que inicialmente não visitou os apóstolos
de Jerusalém. Passados, porém, três anos foi a Jerusalém e visitou
Pedro durante duas semanas, encontrando também a Tiago, irmão
do Senhor. Embora não seja seguro que, com as palavras de G11.18
("subi para Jerusalém para avistar-me com Cefas"), Paulo queria
dar a entender que seu objetivo era obter informações de Cefas, é
bastante plausível a suposição de que para Paulo o contato pessoal
com Pedro também era significativo porque Pedro, discípulo do
A C O N S C I Ê N C I A DE IGREJA 175
Jesus terreno, era capaz de relatar algo sobre esse Jesus. A seguir,
em G1 2.2, Paulo conta que apresentara, catorze anos mais tarde, a
sua prédica aos gentios perante os "de maior influência" na comu-
nidade hierosolimita, dos quais em todo o caso faziam parte, além
de Tiago, irmão do Senhor, também os discípulos de Jesus, Pedro e
João (G12.9). Expõe a sua pregação, "para de algum modo não cor-
rer, ou ter corrido, em vão". Esse relato situa-se no contexto de uma
argumentação em que Paulo procura demonstrar que seu ministé-
rio apostolar é essencialmente independente de homens e, sobretu-
do, dos apóstolos hierosolimitas (G1 1.1,11; 2.8s,ll). Se Paulo, não
obstante, considera necessário que "os de maior influência" na
comunidade de Jerusalém reconheçam a sua prédica do Evangelho
livre da lei, sob pena de seu trabalho missionário ter sido em vão
(quanto ao termo "correr em vão", cf. F1 2.16!), isso somente é com-
preensível caso Paulo tenha estado convicto de que a ligação com
"os de maior influência" na comunidade hierosolimita era indis-
pensável para toda comunidade de Jesus Cristo. Uma vez que Pau-
lo recebeu do próprio Ressurrecto o cargo de apóstolo e, com ele, a
incumbência de testemunhar a ressurreição de Jesus Cristo, a neces-
sidade da ligação com "os de maior influência" em Jerusalém, dos
quais certamente faziam parte os antigos discípulos de Jesus e
atuais apóstolos hierosolimitas (Pedro e João são mencionados!), ape-
nas pode ter residido, segundo ele, em que somente lá se podia
encontrar a tradição do Jesus terreno, da qual todas as comunida-
des cristãs dependiam. A restrição do cargo dos apóstolos para o
número dos doze, como a defendem expressamente os Atos dos
Apóstolos, constitui uma limitação posterior, encontrada pela pri-
meira vez no evangelho de Marcos, ou seja, no mínimo vinte anos
depois do Concilio dos Apóstolos (Mc 6.7,30 par.). Não obstante, a
comunidade primitiva estava desde muito cedo em condições de
reivindicar que ela era a comunidade dos apóstolos que possibilitava -
a conexão com a tradição do Jesus histórico. Tanto o judeu-cristia-
nismo de língua grega como os gentílico-cristãos preservaram essa
conexão, ao adotar a tradição apostólica e formá-la e desenvolvê-la
a partir de suas próprias experiências de fé e de acordo com suas
próprias necessidades. Esse caráter singular da comunidade primiti-
va como comunidade dos apóstolos de Jesus Cristo é o fundamento
176 A F É DA C O M U N I D A D E PRIMITIVA
A TEOLOGIA DE PAULO
sendo por isso também capazes de entender alusões que nós irão
sabemos interpretar com suficiente exatidão. Por outro lado, porém,
significa sobretudo que Paulo não "necessitava dizer aos seus
ouvintes tudo o que deveria ser dito em certo contexto. Não chega
a abordar muitos pontos na verdade indispensáveis, porque não
estão em discussão e podem ser pressupostos como aceitos pelos
leitores. Ao interpretarmos, pois, as cartas paulinas, é obrigatório
contarmos com que diversos detalhes forçosamente permane-
cerão incompreensíveis e que a ausência de certos pensamentos
em sua menção apenas esporádica de forma alguma significam
prontamente que eles não tenham sido importantes para Paulo
ou até tenham sido conscientemente rejeitados por ele. O exegeta
deve, ao contrário, atentar cuidadosamente para a situação histó-
rica, a partir da qual e para dentro da qual foi escrita cada argu-
mentação. Deve também estar aberto para a possibilidade de que
algumas concepções de Paulo se tenham modificado no decurso
de sua atuação.
Mais uma pressuposição histórica do pensamento teológico de
Paulo deve ser levada em consideração quando se quer interpretá-
lo corretamente. Como se sabe, Paulo fora inicialmente um fariseu
convicto, discípulo de um conhecido rabino em Jerusalém (F13.5; G1
1.14; At 22.3), mas ao mesmo tempo fora um judeu da diáspora.
Possuía um conhecimento da cultura helenista pelo menos tal qual
resultava automaticamente pelo contato com não-judeus numa
cidade helenista. Basta conferir-se o citado de Menandro, em lCor
15.33, e a menção dos costumes esportivos, em lCor 9.24s. Por isso
se deve contar com a possibilidade de que Paulo empregue em suas
formulações teológicas tanto conceitos e concepções judaico-pales-
tinas como judaico-helenistas como também gentílico-helenistas.
E o que realmente ocorre. Por isso está indubitavelmente errado
explicar a teologia de Paulo de modo unilateral a partir de uma só
premissa histórica, ainda mais porque o judaísmo palestinense e o
helenista não são grandezas rigorosamente distintas. Nos casos
específicos, contudo, é difícil decidir de que premissas histórico-
religiosas Paulo parte em um determinado contexto, motivo pelo
qual muitas perguntas exegéticas não podem ser respondidas com
segurança.
A P O S I Ç Ã O H I S T Ó R I C A DE P A U L O 181
1.2. As Fontes
E bem verdade que essa fé não cai logo tão claramente na vista
como em Jesus, porque Paulo emprega muito raramente o conceito,
tão essencial para Jesus, reinado de Deus. Em algumas passagens
em que se encontra o termo reino de Deus, Paulo pressupõe nitida-
mente que a entrada no reino de Deus é um acontecimento futuro
que coincide com o juízo final: "Aqueles que tais coisas praticam
não herdarão o reino de Deus" (G15.21; cf. ICor 6.9s; 15.50). A atual
184 A TEOLOGIA DE P A U L O
Há, ainda, uma segunda maneira pela qual Paulo liga o aconte-
cimento escatológico com a história antes de Cristo. O envio de Cristo
quando se cumprira o tempo significa que a justiça divina foi reve-
lada sem lei (G1 4.4). Esse agir escatológico de Deus, no entanto,
"está testemunhado pela lei e pelos profetas" (Rm 3.21; cf. Rm 1.2).
Os homens pios da história veterotestamentária são encarados como
as pessoas que prenunciam a ação salvífica escatológica de Deus.
Em vista disso Paulo diz que determinados acontecimentos da his-
tória de Israel "lhes sobrevieram como exemplos, e foram escritos
para advertência nossa, de nós outros sobre quem têm chegado os
fins dos séculos" (ICor 10.11). De forma correspondente lemos, após
Paulo ter citado a afirmação veterotestamentária sobre a fé de Abraão
que lhe foi levada em conta para a justiça (Gn 15.6), o seguinte: "E
não somente por causa dele está escrito que lhe foi 'levado em con-
190 A T E O L O G I A DE P A U L O
ta' mas também por nossa causa, posto que igualmente nos será
imputado, a saber, nós que cremos naquele que ressuscitou dentre
os mortos a Jesus, nosso Senhor" (Rm 4.23s). Certos acontecimen-
tos da história veterotestamentária, portanto, são designados de
prefigurações dos eventos de Cristo, e foram anotados segundo a
vontade de Deus por causa dos cristãos. A isso também corres-
ponde, enfim, que para Paulo o fenômeno maravilhoso da pedra
fornecedora de água que acompanha o povo de Israel no deserto
está relacionado com o evento de Cristo: "A pedra, porém, era Cris-
to" (ICor 10.4).
A essa preparação da salvação escatológica em Cristo, demons-
trada por Paulo com exemplos dentre os acontecimentos da história
de Israel, correspondem duas linhas dessa história, as quais Paulo
estende até Cristo. Abraão é apresentado como o crente que foi jus-
tificado por causa de sua fé, e a quem foi prometido que todos os
que crêem, sejam judeus ou sejam pagãos, serão justificados como
ele, por causa da fé: "Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justi-
ficaria pela fé os gentios, preanunciou a boa nova a Abraão: Em ti
serão abençoados iodos os povos. De modo que os da fé são aben-
çoados com o crente Abraão" (G1 3.8s). Abraão é o "pai de todos
os que crêem, embora não circuncidados, a fim de que lhes fosse
imputada a justiça, e pai dos circuncidados, que não são apenas cir-
cuncisos, mas também andam nas pisadas da fé que teve nosso pai
Abraão antes de ser circuncidado" (Rm 4.lis). Paulo não menciona
outras pessoas que creram como Abraão antes da "vinda" da fé (G1
3.23). Por isso procurou-se tirar a conclusão de que Abraão é para
Paulo somente um exemplo atemporal, e não um personagem da
pré-história israelita da revelação de Cristo. Semelhante conclusão,
porém, não é correta, porque Paulo conta claramente com que as
promissões divinas foram confiadas aos judeus e que "muitos não
lhes deram crédito" (Rm 3.3), mas que nem todos foram descrentes.
Além disso, Paulo separa, em Rm 9.7s, da totalidade dos descen-
dentes de Abraão segundo a carne ("nem por serem descenden-
tes de Abraão são todos seus filhos"), nitidamente aqueles que são
"filhos da promessa", razão pela qual realmente são aceitos por Deus
como "Israel". Também a afirmação referente ao povo cie Israel no
deserto, "Deus não se agradou da maioria deles" (ICor 10.5), pres-
A P R E S E N Ç A DO T E M P O DE S A L V A Ç Ã O 191
3. O EVENTO DO CRISTO
sarem sua fé, a confissão "Jesus é Senhor" (Rm 10.9; ICor 12.3), cer-
tamente se justifica a suposição de que esse título honorífico é espe-
cialmente peculiar para a concepção paulina de Cristo. Paulo encon-
trou no linguajar da comunidade helenista-cristã o costume de
invocar Jesus como "Senhor". Esses cristãos se denominavam como
aqueles que "invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (ICor
1.2). E a comunidade helenista-cristã falava do "Senhor Jesus" quan-
do relatava algo a respeito de sua vida: "O Senhor Jesus, na noite em
que foi traído, tomou o pão..." (ICor 11.23). Igualmente a exclama-
ção aramaica maranatha ("nosso Senhor, vem!", ICor 16.23) presu-
me-se que tenha sido encontrada por Paulo em uso na comunidade
helenista-cristã. Por conseguinte, já para a comunidade helenista-
cristã tanto o Jesus terreno como o ressurrecto e o vindouro foi enca-
rado como "o Senhor". A invocação do "nome do nosso Senhor Jesus",
o relato sobre a sua vida, e a prece pela sua vinda no fim dos tempos
têm seu lugar na reunião da comunidade, isto é, no culto realizado
pela comunidade helenista antes de Paulo. Em correspondência,
também nas comunidades fundadas por Paulo invocava-se Jesus
como o Senhor, relatava-se a respeito de sua vida, esperava-se e
rogava-se pela sua vinda (ICor 12.3; "recebi do Senhor o que tam-
bém vos entreguei", ICor 11.23; 16.22; 11.26). Logo, podemos afir-
mar com razão que para Paulo "o Senhor" designa Jesus Cristo, ao
qual a comunidade ora durante o culto e que por isso lhe vem ao
encontro no culto.
Entretanto seria errado concluir dessa observação que o título
Senhor adquire para Paulo o seu verdadeiro sentido a partir desse
acontecimento cultuai. Não há dúvida de que é uma tradição cristã
bem generalizada invocar Jesus Cristo como o Senhor, mas em Pau-
lo o sentido real dessa invocação resulta do fato de Paulo se encarar
a si próprio e, desse modo, os cristãos em geral, como escravos des-
se Senhor. "O que foi chamado no Senhor, sendo escravo, é liberto
do Senhor; semelhantemente o que foi chamado, sendo livre, é escra-
vo de Cristo" (ICor 7.22); "Servi ao Senhor Jesus Cristo como escra-
vos!" (Cl 3.24); "Aquele que desse modo (i.é., em justiça, paz e ale-
gria no Espírito Santo) serve como escravo a Cristo, é agradável a
Deus e aprovado pelos homens" (Rm 14.18). Essas declarações
revelam que, segundo a convicção de Paulo, o cristão ingressou no
202 A T E O L O G I A DE P A U L O
Rm 8.13). Por isso muitas vezes se pensou que Paulo estivesse influ-
enciado pela oposição helenista entre corpo e alma e compreendes-
se "carne" como "substância carnal". Uma análise mais atenciosa
do conceito "carne", porém, revela que isso não procede. Em alguns
casos Paulo emprega essa palavra num sentido bem veterotestamen-
tário, sem fazer qualquer avaliação do homem terreno em sua con-
dição de criatura. Por exemplo: "Não consultei nem carne nem san-
gue" (G1 1.16); o Filho de Deus "veio da descendência de Davi,
segundo a carne" (Rm 1.3). Contudo, na maioria dos casos, "carne"
aparece em Paulo contraposta ao Espírito divino ou a Deus, desig-
nando, então, o homem todo: "Havendo entre vós ciúmes e conten-
das, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?" (ICor
3.3); "Nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no
Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na car-
ne", i.é., em privilégios religiosos judaicos (F1 3.3). Os homens que,
contrapostos a Deus, são designados de "carne" são para Paulo
todos, sem exceção, pecadores: "Quando vivíamos segundo a car-
ne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em
nossos membros a fim de frutificarem para a morte" (Rm 7.5); "Deus
enviou o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e
por causa do pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o peca-
do" (Rm 8.3). Que significa "carne" neste contexto e como Paulo
imagina a conexão entre carne e pecado?
Freqüentemente Paulo fala da carne como de um poder pessoal
que se contrapõe ao homem como um inimigo. Embora "ser na car-
ne" possa descrever simplesmente a existência terrena ("... enquan-
to sou [vivo] agora na carne...", G12.20; "... embora andando na car-
ne" 2Cor 10.3), descreve igualmente o estar dominado pelo pecado:
"Quando vivíamos segundo a carne, operavam em nossos mem-
bros as paixões pecaminosas" (Rm 7.5). Viver "segundo a carne" é
idêntico a "viver no pecado": "Se viverdes segundo a carne, cami-
nhais para a morte" (Rm 8.13; cf. 2Cor 10.2). Visto que Paulo tam-
bém sabe falar do "pendor da carne" (Rm 8.6) e da "concupiscência
da carne" (G1 5.17) e nega que o homem tenha qualquer compro-
misso diante da carne ("Somos devedores, não à carne como se cons-
trangidos a viver segundo a carne", Rm 8.12), parece óbvio que Paulo
encara a carne como poder maligno, como um demônio que tenta
A DESGRAÇA DO H O M E M NO M U N D O 221
(cf. também v. 17: "Se pela ofensa de um, e por meio de um só, a
morte iniciou seu reinado...".). Nesse caso se afirmaria, portanto,
sem qualquer justificativa adicional, que o castigo coletivo de todos
homens é conseqüência do ato pecaminoso do primeiro homem (a
assim denominada "morte hereditária"). Mas Paulo acrescenta em
v. 12d: "porque todos pecaram". Coloca, pois, ao lado da afirmação
de que desde a morte de Adão todos os homens precisam de mor-
rer, a justificativa de que todo homem precisa de morrer em virtude
de seu próprio pecado. Parece ser contraditória a combinação dos
dois pensamentos: "desde o castigo do pecador Adão todos os
homens necessitam morrer" e "todo homem tem de morrer por cau-
sa de seu próprio pecado". No entanto, Paulo segue simplesmente
uma concepção judaica, segundo a qual Adão é culpado de causar a
conexão entre pecado e castigo, mas cada pessoa incorre no castigo
pelo seu próprio pecado. "Se Adão pecou primeiro, trazendo a
todos a morte antes do tempo, apesar disso, cada um daqueles que
descendem dele incorreu no suplício futuro e, por outra, cada um
deles escolheu, para si a glória futura" (Baruque siríaco 54.15). Con-
seqüentemente Paulo de fato defende o pensamento de que a morte
foi provocada por Adão, mas de forma alguma o do pecado heredi-
tário (original), visto que insiste, em plena concordância com o pen-
samento judaico, na responsabilidade de cada pessoa por seu agir,
diante de Deus; cf. também Rm 1.20s: Os homens são "indesculpá-
veis, porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram
como Deus".
Novamente transparece que Paulo não encara a submissão do
homem aos poderes deste mundo e ao pecado como fatalidade, mas
sim como culpa pela qual é responsável. Contudo Paulo compreen-
deu essa submissão do homem aos poderes deste mundo e ao peca-
do de forma extremamente radical, afirmando a universalidade do
pecado não como conclusão da experiência, mas como juízo de fé.
E bem evidente que a frase: "Todos pecaram e carecem da glória de
Deus, sendo justificados gratuitamente, mediante a redenção que
há em Cristo Jesus" (Rm 3.23s) parte da certeza de fé de que através
da redenção divina em Jesus Cristo é possível salvar o homem (cf.
também Rm 8.2) e retorna em direção da constatação de que sem
essa redenção todos os homens são pecadores e sujeitos à morte.
A DESGRAÇA DO H O M E M NO M U N D O 230
que estava fraca pela carne, - Deus enviou o seu próprio Filho... e
condenou, na carne, o pecado" (Rm 8.3). Conseqüentemente, a lei
coloca o homem diante da vontade de Deus, porém não é capaz de
protegê-lo diante do poder enganador do pecado e, por isso, de
impedir que o homem, "ao querer fazer o bem, encontre o mal à
mão" (Rm 7.21). Assim a lei apenas consegue que o homem reco-
nheça necessariamente que ele é um pecador e por isso culpado:
"Onde não há lei, também não há transgressão" (Rm 4.15); "Pela lei
vem o pleno conhecimento do pecado" (Rm 3.20b). Uma vez que o
homem conhece a vontade de Deus, mas cede ao pecado e não a
cumpre, ele é um transgressor, que precisa declarar-se culpado
diante de Deus (Rm 3.19b).
2. Naturalmente Paulo estabelece uma estranha exceção dessa
regra: "Até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado
não é levado em conta quando não há lei; entretanto, reinou a morte
desde Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não pecaram em
conformidade com a transgressão de Adão" (Rm 5.13s). Aqui se faz
uma distinção entre as pessoas desde a existência da lei mosaica, as
quais como Adão transgrediram uma lei expressa de Deus, tornan-
do-se culpadas e recebendo do pecado a morte como salário, e aque-
las pessoas entre Adão e Moisés que desconheciam uma tal lei divi-
na. Estas, por conseguinte, também não podiam transgredi-la nem
tornar-se culpadas. Não obstante, elas pecaram e, por isso, tiveram
que morrer, embora o seu pecado não fosse "levado em conta". Não
deixa de ser enigmático por que Paulo começa a falar da posição
peculiar da humanidade entre Adão e Moisés no contexto de seu
paralelismo entre Adão e Cristo como autores da morte e da vida.
Mais inexplicável ainda é por que Paulo acha que essas pessoas
estão numa posição diferente perante Deus do que os gentios, os
quais "não têm a lei e servem de lei para si mesmos" (Rm 2.14) e do
que os israelitas depois de Moisés, visto que todos pecaram e tive-
ram de morrer. Ainda que esse pensamento secundário de Paulo
permaneça-incompreensível para nós, o fato de Paulo ressaltar essa
exceção justamente demonstra que todos os homens, exceção feita a
esse caso especial, deveriam reconhecer que são pecadores, porque
a lei de Deus lhes revelou a vontade de Deus, sem contudo poder
ajudá-los a cumprirem essa vontade.
A DESGRAÇA DO H O M E M NO M U N D O 234
cia da certeza de que os cristãos foram libertos por Deus dessa con-
dição e de que toda pessoa também pode ser liberta. A visão antro-
pológica apresentada por Paulo, por conseguinte, é apenas o rever-
so de sua mensagem de que o homem foi libertado por Cristo. Sempre
de novo Paulo diz que agora tudo mudou: "Agora, sem lei, se mani-
festou a justiça de Deus" (Rm 3.21); "Agora, pois, já nenhuma con-
denação há para os que estão em Cristo Jesus" (Rm 8.1); "agora o
mistério que esteve oculto dos éons e das gerações, todavia, foi
revelado aos santos de Deus" (Cl 1.26; cf. também Rm 3.26; 5.9,11;
7.6; ICor 15.20; 2Cor 6.2; Cl 1.22 e acima, pp. 183s). Da mesma forma
como Paulo descreve a desgraça do homem com auxílio de diversas
ilustrações concretas, assim também fala da salvação, que agora se
tornou realidade, em diferentes concepções que descrevem todas o
mesmo acontecimento divino sob diversos ângulos.
para glória de Deus Pai" (F1 2.10s). Então, quando o Cristo "tiver
destruído todo principado bem como toda potestade e poder... será
destruído como último inimigo a morte" (lCor 15.24ss; cf. também
a destruição do anticristo em 2Ts 2.8). Então também "a criação será
redimida do cativeiro da corrupção, para a gloriosa liberdade dos
filhos de Deus" (Rm 8.21).
Esse sistema de pensamentos é em si acabado e transparece em
diversos lugares nas cartas paulinas, embora seja mencionado expli-
citamente apenas nos casos em que há o perigo de ser esquecida a
importância da morte e ressurreição de Cristo para o mundo todo e
em que Paulo precisa, por isso, de combater o menosprezo do feito
de Deus em Cristo (a saber, diante dos colossenses). Mas não resta
dúvida de que esses pensamentos são particularmente estranhos ao
leitor atual da Bíblia. Não podemos mais nos imaginar Satã e os
demônios, e dificilmente podemos conceber que o acontecimento
histórico da morte e ressurreição de Jesus Cristo tenha modificado
radicalmente a situação de todo o mundo, sim, o seu destino defini-
tivo. Além do mais o pensamento de que os demônios foram ludi-
briados pela hominização de Jesus Cristo e por isso foram privados
de seu poder através da cruz e ressurreição de seu Senhor, ao qual
não reconheceram, parece dar uma formulação duvidosa à fé no
agir salvífico em Cristo. Ora, somente poderemos entender o pensa-
mento de que os demônios foram ludibriados pela hominização do
"Senhor da glória" (lCor 2.8), quando presumirmos que Paulo conhe-
ceu e adotou o mito gnóstico de que o redentor desce do céu, oca-
sião em que os soberanos dos diversos céus são enganados pelo dis-
farce do redentor (cf. a adoção desse mito na "Epistula Apostolorum "
do século II, cap. 24 do texto copta, e no escrito gnóstico "Ascensão
de Isaías", também do século II, cap. 10.7-31 e 11.22-32; ambos os
textos em tradução alemã em E. H E N N E C K E / W . SCHNEEMELCHER, [vicie
bibliografia, p. 11], vol. I, p. 132; vol. II, pp. 465-467). Na verda-
de não se pode absolutamente concluir com evidência que em lCor
2.8 Paulo pretendia afirmar que a intenção de Cristo ao tornar-se
homem era enganar os demônios a respeito de sua verdadeira natu-
reza. - O pensamento de que o diabo foi propositalmente ludibria-
do, foi defendido desde os primeiros Pais da Igreja até LUTERO, sendo
em parte deduzido a partir da alusão paulina (cf. o hino de L U T E R O
A SALVAÇÃO EM J E S U S CRISTO 237
ainda vive na carne (2Cor 4.3s; G1 4.9; ICor 7.5; 10.20). Por isso o
cristão pode estar seguro de que o poder do mal não terá a última
palavra, porque os poderes hão de ser aniquilados e porque Deus
será tudo em todos (ICor 15.24,28; 2Ts 2.8). Pode confiar, outrossim,
em que nenhum poder do mundo é capaz de privá-lo do amor de
Deus em Cristo (Rm 8.38s; 5.9s; ITs 1.10; 5.9). Contudo o aniquila-
mento do poder do mal ainda está por vir, por mais certa que seja
sua vinda. Por essa razão vale agora também para o cristão: "Não
durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos
sóbrios!" (ITs 5.6). Portanto o falar paulino a respeito da vitória de
Deus sobre os poderes demoníacos descreve com seriedade extre-
ma a situação histórica do cristão no presente, entre a ressurreição e
a manifestação de Cristo em glória. Sob esse aspecto, possui uma
importância permanente também para nós.
tempo, Deus enviou seu Filho ,.., para Tesgatar os que estavam sob
a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos", G1 4.4s), por
isso o irromper do éon vindouro neste mundo em transição, atra-
vés da morte e ressurreição de Cristo, despojou também a lei de
seu poder de escravizar os homens e amaldiçoá-los. A maldição
da lei, que deveria atingir a pessoa desobediente, foi anulada pela
morte vicária e ressurreição de Cristo. Assim, porém, transparece
que a verdadeira desgraça que atinge a pessoa escravizada pela
lei, a maldição da lei, é a declaração da culpa dessa pessoa subme-
tida à exigência da lei, e que a liberdade dessa maldição, trazi-
da por Cristo, é em sua verdadeira essência liberdade da culpa
apontada pela maldição. Conseqüentemente compreenderemos
em seu sentido último a mensagem de Paulo sobre a redenção do
homem através de Cristo somente se perguntarmos pela liberta-
ção da culpa.
minosos: "Àquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por
nós" (2Cor 5.21). O pecado entregou também essa pessoa à morte:
"Quanto a ter (Cristo) morrido, de uma vez para sempre morreu
para o pecado" (Rm 6.10a); Cristo, porém, não morreu como "escra-
vo do pecado para a morte" (Rm 6.16), mas "pelos nossos pecados",
"por nós", "por todos", "pelosímpios" (ICor 15.3; lTs 5.10, Rm5.6,8;
2Cor 5.14 etc.). Nessa morte de Cristo revelou-se, por conseguinte, o
amor de Deus (Rm 5.8); e porque Deus agiu em Cristo "por nós
ímpios" (Rm 5.6), por isso se pode dizer desse morrer: "Deus enviou
o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e por cau-
sa do pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado"
(Rm 8.3). Paulo não esclareceu mais exatamente como imaginou essa
condenação, essa destituição do pecado através da morte de Cristo,
mas provavelmente ele pensou no fato de que essa morte não podia
atingir nenhum pecador, atingindo assim o pecado que não tinha
nenhum direito sobre essa pessoa (cf. o Comentário NTD sobre Rm
8.3). É que Deus não permitiu que essa morte fosse a última coisa,
mas ressuscitou ao que morrera na cruz, revelando-se desse modo
como o vencedor sobre o poder que levou Jesus à morte, o pecado:
"Quem condenará? E Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem
ressuscitou, o qual está à direita de Deus?" (Rm 8.34); "Sabemos
que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre, a
morte já não tem domínio sobre ele" (Rm 6.9). Se Deus, pois, "con-
denou, na carne, o pecado" (Rm 8.3), o pecado não é mais senhor
sobre a carne desde a morte e ressurreição de Cristo, e por isso
é possível, a partir de então, "não andar segundo a carne" (Rm 8.4).
A morte de Cristo, por conseguinte, inaugura também diante do
poder do pecado um novo éon, o tempo da salvação escatológica.
Contudo também nesse caso é preciso dizer que o velho éon ainda
não passou e que o poder do pecado ainda não foi aniquilado. Por
isso os cristãos morreram para o pecado e estão livres da escravidão
ao poder do pecado (Rm 6.2,18), mas o pecado é capaz de continuar
exercendo seu poderio "sobre vosso corpo mortal, de maneira que
obedeçais às suas paixões" (Rm 6.12). Em resultado, também a men-
sagem da libertação frente ao poder do pecado está inserida no con-
texto da mensagem paulina da concomitância dos dois éons, razão
pela qual se tornará plenamente compreensível somente quando
242 A TEOLOGIA DE P A U L O
5.5. A Justificação
5.5.3. Fé e justificação
(G1 2.16), assim como também lembra aos coríntios "o Evangelho
que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda persex^erais; por
ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la pre-
guei, a menos que tenhais crido em vão" (ICor 15.ls). Como, por-
tanto, fé é indubitavelmente a aceitação da mensagem cristã, Paulo
é capaz de usar às vezes como sinônimos o crer e o saber: "Sabemos
que, enquanto no corpo, estamos no estrangeiro, distantes do Senhor;
visto que andamos por fé, e não pelo que vemos" (2Cor 5.6s).
Contudo essa não é de forma alguma uma descrição suficiente
da fé segundo a compreensão paulina. De acordo com sua verda-
deira essência, a fé não é reconhecimento intelectual de uma reali-
dade, mas sim obediência: "Viestes a obedecer de coração à forma
de doutrina a que fostes entregues" (Rm 6.17); "Nem todos obede-
ceram ao Evangelho" (Rm 10.16). À frase "Em todo o mundo é divul-
gada a vossa fé" (Rm 1.8) corresponde "A vossa obediência é conhe-
cida por todos" (Rm 16.19). Por isso Paulo descreve a sua missão
divina como "graça e apostolado, para despertar obediência por fé
entre todos os povos" (Rm 1.5). Se, pois, a fé como obediência desig-
na todo o ser cristão, ela simultaneamente é contraposta ao ver esca-
tológico como sendo provisória: "Andamos (agora) por fé, não pelo
que vemos" (2Cor 5.7) e caracterizada como esperança: "se é que
permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da
esperança do Evangelho que ouvistes" (Cl 1.23); "Na esperança fomos
salvos. Ora, uma esperança que se vê não é esperança; pois o que
não vemos, com paciência o aguardamos" (Rm 8.24s), É nesse senti-
do que Abraão aparece como exemplo da fé, porque ele "creu, espe-
rando contra a esperança, que viria a ser pai de muitos povos... Não
duvidou da promessa de Deus, por incredulidade; mas foi forte na
fé, dando glória a Deus, estando plenamente convicto de que ele era
poderoso para cumprir o que prometera. Pelo que isso lhe foi tam-
bém imputado para justiça" (Rm 4.18,20-22). De forma correspon-
dente ele declara, depois, a respeito da fé dos cristãos: "Pelo Espírito,
aguardamos, baseados na fé, a esperada justiça. Porque em Jesus nem
a circuncisão, nem a incircuncisão tem valor algum, mas (somente)
a fé que se concretiza no amor" (G1 5.5s).
Conseqüentemente a fé é a resposta do homem que na procla-
mação do Evangelho se deparou com a mensagem do agir salvífico
252 A 'TEOLOGIA DE P A U L O
dos, pois, mediante a fé, temos paz com Deus"; "sendo nós agora
justificados pelo seu sangue"; "os povos ... vieram a alcançar a justi-
ficação, a saber, a que decorre da fé"; "Vós fostes lavados, santifica-
dos, justificados" (Rm 5.1,9; 9.30; ICor 6.11; cf. Rm 5.17; 8.30; 2Cor
5.21). Contudo espera-se com igual evidência a justificação do futu-
ro: "assim também por meio da obediência de um só muitos se tor-
narão justos"; "visto que Deus é um só, o qual justificará, por fé, o
circunciso e, mediante a fé, o incircunciso"; "Pelo Espírito, aguarda-
mos, baseados na fé, a esperada justiça" (Rm 5.19; 3.30; G15.5). Em
concordância com isso, Paulo afirma a respeito de si: "Não que eu o
tenha já recebido, ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para
conquistá-lo, porque fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto
a mim, não julgo tê-lo alcançado" (F13.12s). Isso quer dizer que, não
obstante todo o testemunho agradecido pela justificação recebida, a
justificação definitiva permanece um dom esperado de Deus. O agir
de Deus que justifica o homem de fato se realizou e constitui, como
dom gratuito recebido pelo que crê, realidade presente para ele.
Contudo, como existe a possibilidade de um desligamento da graça
(G1 5.4), a condição para que finalmente se apareça irrepreensível
perante Deus é a seguinte: "Se permanecerdes na fé, alicerçados e
constantes, não vos afastando da esperança do Evangelho que ou-
vistes, e que foi pregado a toda a criatura debaixo do céu" (Cl 1.23).
Por isso, será necessário indagarmos que papel desempenha o com-
portamento atual do cristão, a "fé que se concretiza no amor" (G1
5.6), em relação à justificação definitiva por parte de Deus.
5.6. Â Reconciliação
Deus, portanto, acabou com a inimizade e fez paz (Cl 1.20; Rm 5.1),
mais precisamente, através da morte de Cristo. Paulo também diz
claramente que Cristo morreu por nós, que dessa maneira foi anula-
da a culpa do pecado e que por isso temos a certeza de estar protegi-
dos diante da ira vindoura de Deus. Novamente transparece, pois, a
cruz de Cristo como o caminho escolhido por Deus quando desejou
acabar com a inimizade entre si e os homens, e cabe dizer também
nesse contexto que o Filho de Deus "me amou e a si mesmo se entre-
gou por mim" (G12.20). Contudo Paulo não diz nada mais. Nas expo-
sições de Paulo não pode ser encontrado qualquer indício, nem a
respeito de uma "satisfação" prestada por Cristo a Deus, nem tam-
pouco a respeito da necessidade da morte propiciatória de Cristo
para a reconciliação de Deus, maneiras essas pelas quais a doutrina
eclesiástica desde os dias dos Pais da igreja, mas particularmente
desde Anselmo de Cantuária (século XI) desenvolveu os pensamen-
tos paulinos.
O que, no entanto, pode ser depreendido de modo inequívoco
da concomitância das concepções da justificação e da reconciliação,
na interpretação de Paulo, quanto a justificação expressam que Deus
acabou com a separação entre os homens e Deus, causada pela cul-
pa humana. Mas a idéia da reconciliação proveniente do convívio
das pessoas, articula melhor a verdade de que a relação pessoal do
homem com seu Senhor divino foi transtornada pelo homem culpa-
do, não podendo mais ser consertada, e que essa relação turbada foi
novamente restabelecida por Deus. Em decorrência, pertencem
necessariamente ao acontecimento da reconciliação o "serviço da
reconciliação", i.é., a prédica da reconciliação, autorizada por Cris-
to, e a resposta do homem ao pedido: "Reconciliai-vos com Deus!"
Isso porque, de modo mais evidente do que no caso da justificação,
vale para a reconciliação que dela ninguém pode saber e, por isso,
anunciar algo sem que tenha respondido afirmativamente ao convi-
te de aceitar a reconciliação e "recebido essa graça de Deus" (2Cor
6.1), ou seja, sem que creia que Deus se reconciliou conosco (cf. a
conexão de Cl 1.21 e 22). Como se apontou com razão, é verdade
que Paulo fala da reconciliação somente em formas verbais do pas-
sado e no máximo uma vez do presente (Rm 11.15). E que a reconci-
liação sucedeu quando pelo morrer de Cristo Deus agiu como quem
256 A 'TEOLOGIA DE P A U L O
se reconcilia com o mundo (Rm 5.10a), e Cristo "de uma vez para
sempre morreu para o pecado" (Rm 6.10a). Não obstante, também a
mensagem da reconciliação descreve a realidade histórica da vida
dos que crêem, no tempo escatológico iniciado e ainda não consu-
mado. O agir reconciliador de Deus concretizado no passado na
morte de Cristo não está terminado, pelo fato de o "serviço da recon-
ciliação" ainda ter de admoestar: "Reconciliai-vos com Deus", e
porque, embora o estabelecimento da paz divina visasse a englo-
bar todo o mundo (Cl 1.20), a mensagem ainda não atingiu a todos.
O caráter histórico do agir reconciliador de Deus também se revela
no fato de a fé na reconciliação concretizada necessitar ser preserva-
da (2Cor 6.1; Cl 1.23) e ainda estar por acontecer a salvação definiti-
va, esperada com certeza, da ira divina (Rm 5.10). Conseqüentemente
também a mensagem da reconciliação descreve a provisoriedade
da dádiva divina da salvação recebida na fé, colocando-nos diante
da pergunta pela realidade presente da vida cristã de acordo com a
teologia paulina.
Paulo deve ter tido bons motivos para falar justamente do "ser
sepultado com ele na morte (de Jesus) pelo batismo", pois é eviden-
te que o ser sepultado designa o mesmo acontecimento como o mor-
rer com Cristo (Rm 6.4,8). Semelhante constatação, porém, leva à
conclusão de que Paulo necessariamente deve ter interpretado a sub-
mersão por ocasião do batismo como um ser sepultado e, assim,
como um morrer. Ao mesmo tempo transparece que esse morrer é
entendido como um morrer com Cristo" (Rm 6.4; Cl 2.20). No entanto
a concepção de o cristão ter morrido e sido sepultado com Cristo
pelo batismo, e ser transferido para uma nova vida com Cristo,
dificilmente poderá ser explicada sem a suposição de que já as
comunidades cristãs helenistas pré-paulinas recorreram à idéia,
testemunhada de diferentes formas nos cultos de mistérios hele-
nistas, da participação no destino do deus que morre e revive, con-
seguida pelo místico através de determinados ritos. Recorreram a
essa idéia para interpretar o batismo. Paulo adotou essa interpre-
tação. Se, portanto, dificilmente se pode explicar o surgimento da
interpretação do batismo como um morrer com Cristo sem que se
suponha uma adesão a concepções de mistérios helenistas, é pos-
sível reconhecer com igual clareza que Paulo utilizou essa inter-
pretação num sentido que tem em comum com a compreensão do
morrer físico da divindade nos cultos de mistérios unicamente a
forma de expressão.
Em primeiro lugar devemos observar que Paulo também fala
do morrer com Cristo sem qualquer menção do batismo. Lemos,
por exemplo, na carta aos Romanos: "Por isso, meus irmãos, tam-
bém vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo"
(7.4). A maneira como Paulo emprega "corpo de Cristo", porém,
permite somente que compreendamos essa afirmação no sentido de
que os cristãos morreram para a lei, foram aceitos no corpo de Cris-
to, na comunidade, quando morreram para a lei que os escravizava,
pelo fato de receberem o Espírito de Deus, como vemos na conti-
nuação: "Agora, porém, somos aniquilados para longe da lei, tendo
morrido em relação ao (poderoso) a que estávamos sujeitos, de modo
que servimos (agora) no novo Espírito" (Rm 7.6). Mesmo que Paulo
estivesse pensando, nessa afirmação, no morrer com Cristo através
do batismo - embora o texto não afirme nada nesse sentido a decla-
266 A 'TEOLOGIA DE P A U L O
ração decisiva para ele, de que pela adesão a Cristo o cristão morreu
para a lei, pode muito bem ser feita sem que ele mencione de uma
forma ou outra o processo da imersão na água por ocasião do batis-
mo. De forma semelhante lemos em G12.19s: "Porque eu, mediante
a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou cruci-
ficado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive
em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho
de Deus..." O trecho diz com respeito aos cristãos - pois o "eu" não
descreve Paulo somente - que eles estão crucificados com Cristo e
por isso mortos para a lei, visto que Cristo foi pela lei pendurado no
madeiro (G1 3.13) e destituiu a lei de seu poder através de sua res-
surreição (G1 4.4). Também aqui não se fala do batismo, mas é dito
claramente que a fé no Cristo que morreu por nós participou de
forma decisiva no morrer e reviver do cristão. E na mesma epístola
Paulo chega a declarar de modo idêntico: "Os que são de Cristo
Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências.
Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito" (5.24s). "Atra-
vés dela (da cruz de Cristo) o mundo está crucificado para mim, e
eu para o mundo. Pois nem a circuncisão é cousa alguma, nem a
incircuncisão, mas o ser nova criatura" (6.14s). Mas sobretudo na
segunda carta aos Coríntios Paulo descreveu da seguinte maneira a
existência do cristão: "O amor de Cristo nos constrange, julgando
nós isto: um morreu, logo todos morreram. E ele morreu por todos,
para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para
aquele que por eles morreu e ressuscitou... Por isso, se alguém está
em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram, eis que se
fizeram novas" (2Cor 5.14s,17). Com isso se expressa claramente que
o morrer de Cristo possui para todos a conseqüência de que todos
morreram. Esse ter morrido com Cristo, porém, provoca simultane-
amente uma nova vida, uma nova criação "em Cristo". Nessa cons-
tatação tampouco se faz qualquer referência ao batismo. No que
segue depois, porém, podemos ler que Deus efetuou esse morrer e
essa nova criação, o qual se reconciliou conosco através de Cristo e
nos convidou através da pregação a aceitarmos essa reconciliação
(vide acima, pp. 253ss). Nesse caso não apenas se fundamenta o
morrer e a nova criação com Cristo pela pertinência a Cristo, e não
pelo batismo, mas também se pode reconhecer claramente que o ato
O D O M DJVI.NO DA SALVAÇÃO E A T A R E F A DOS CRISTÃOS 267
(G16.2; ICor 9.21). Mesmo quando Paulo cita a lei como norma para
o cristão, ele não esqueceu que o cristão "não está debaixo da lei e,
sim, da graça" (Rm 6.15); "A liberdade diante da lei como caminho
de salvação é simultaneamente uma liberdade para a lei como man-
damento substancial" (W. S C H R A G E ; as exigências éticas de Paulo em
particular foram abordadas por outro volume desta série, cf. H. D.
W E N D L A N D , Ethik des Neuen Testaments, pp. 49ss [Tradução portu-
guesa: Ética do Novo Testamento, Sinodal, São Leopoldo 1974]).
Sendo de fato assim que no contexto da doutrina salvífica de
Paulo o imperativo é tão correto e necessário como o indicativo, o
essencial continua a ser que, do ponto de vista do conteúdo, o impe-
rativo sempre vem depois do indicativo. Aquilo que o cristão crente
faz, não o faz por força própria, mas por causa da salvação divina
que experimentou ("Que tens tu que não tenhas recebido?", ICor
4.7), e o imperativo não exorta a conquistar a salvação, mas a segu-
rar firmemente a salvação recebida e não perdê-la. Por isso a consta-
tação "Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar,
segundo a sua boa vontade" constitui a premissa que justifica a exor-
tação: "Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor!" (F12.12s).
Por isso Paulo pode expressar, juntamente com a advertência diante
do cair, a certeza: "Apenas uma tentação humana vos sobreveio;
mas Deus é fiel, e não permitirá que sejais tentados além de vossas
forças, pelo contrário, juntamente com a tentação vos proverá tam-
bém a saída, de sorte que a possais suportar" (ICor 10.13).
são, para reduzir a nada as que são, a fim de que carne alguma se
glorie na presença de Deus" (ICor 1.27-29); "Conhecemos, irmãos
amados de Deus, a vossa eleição, porque o nosso evangelho não
chegou até vós tão-somente em palavras, mas sobretudo em poder,
no Espírito Santo e em plena convicção" (lTs 1.4s). A convicção de
que os cristãos puderam ouvir o Evangelho e crer porque Deus os
escolhera para isso, é expressada por Paulo da seguinte forma na
única passagem em que ele fala um pouco mais detalhadamente
dessa escolha: "Sabemos que Deus faz com que todas as coisas coo-
perem para o bem daqueles que o amam, daqueles que são chama-
dos segundo a decisão (divina); a saber, aos que de antemão, tam-
bém os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que
predestinou a esses também chamou; e aos que chamou, a esses tam-
bém justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou" (Rm
8.28-30). A convicção segura de que os cristãos, chamados e justifi-
cados por Deus, receberão a salvação definitiva através de Deus (cf.
Rm 8.32!) é certificada aqui pela constatação de que o chamamento
do cristão, que transformou para ele o agir salvífico de Deus numa
realidade pessoalmente experimentada, remonta à decisão eleitora
de Deus. O decisivo, porém, nessa questão é para Paulo o alvo que
Deus tinha em vista com essa decisão e a vocação dos cristãos dela
resultante: Os chamados deveriam ser feitos semelhantes à imagem
de Jesus Cristo, pelo seu chamamento e sua dotação com o Espírito
foram empossados como filhos de Deus (Rm 8.15; G14.6), tornando-
se assim irmãos do Filho de Deus. Para Paulo a daí conseqüente
esperança pela participação dos cristãos na glória do Filho de Deus
ressurrecto ("Ele transformará o nosso corpo de humilhação, para
ser igual ao corpo da sua glória", F13.21) é tão certa que em Rm 8.30
ele é capaz de dizer: "Aos que justificou, a esses também glorifi-
cou"! Ao mesmo tempo, porém, Rm 8.28s revela que Paulo não fala
da escolha e predestinação divinas por interesse especulativo, mas
deseja expressar desse modo a alegre certeza de fé, de que em Cristo
Deus conduzirá os convocados para a salvação segura.
Devem-se observar, nesse caso, duas questões: Nessas passa-
gens Paulo nunca fala das pessoas às quais não foi dirigido o cha-
mado de Deus ou que o recusaram, nem menciona uma decisão
O D O M DJVI.NO DA Salvação e a T A R E F A DOS CRISTÃOS 289
sário supor que a esperança de Paulo mudou duas vezes, e por isso
2 Coríntios e a carta aos Filipenses de forma alguma poderão servir
como provas de uma forma posterior da esperança salvífica de Pau-
lo. Em segundo lugar deve ser dito a esse respeito que essas duas
cartas, em que se supõe constatar uma esperança salvífica alterada
de Paulo, contêm testemunhos inequívocos em favor da esperança
paulina pela plenitude da salvação por ocasião da manifestação do
Cristo em glória, esperada para breve: "Sabemos que aquele que
ressuscitou ao Senhor Jesus, também nos ressuscitará com Jesus e
nos apresentará convosco (diante de si)" (2Cor 4.14); tenho justiça
proveniente de Deus em virtude da fé (e espero) "para de algum
modo alcançar a ressurreição dentre os "mortos" (F1 3.11); do céu
"aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transforma-
rá o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo de sua gló-
ria, segundo a eficácia do poder que ele tem de subordinar a si todas
as cousas" (F1 3.20s; cf. 1.6,10; 4.5).
Por conseguinte as duas passagens citadas, 2Cor 5.1ss e F11.23,
necessitam ser compreendidas a partir do pano de fundo da espe-
rança, sempre determinante em Paulo, pela plenitude da salvação
no momento da aparição do Cristo. Nisso torna-se útil observar que
já em suas mais antigas cartas conservadas, Paulo pressupõe que os
cristãos falecidos antes da parusia não estão separados de Cristo,
mesmo que sua união definitiva com o Senhor em caráter público
deva acontecer somente na manifestação do Cristo: "Os mortos em
Cristo ressuscitarão primeiro, depois nós, os vivos, os que ficamos,
seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o
encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o
Senhor" (ITs 4.16b,17) . Um pouco mais tarde Paulo diz de modo
similar que "em Cristo todos serão vivificados", referindo-se indu-
bitavelmente à ressurreição das pessoas "que são de Cristo", na paru-
sia (ICor 15.22s). Assim como nessas duas cartas iniciais Paulo pres-
supõe que-os cristãos falecidos não estão separados de Cristo, assim
ele conta claramente já na primeira carta aos Coríntios com a possi-
bilidade de morrer antes da parusia, embora continue a ter a espe-
rança de experimentar a parusia como vivente sobre a terra: "Por
que também nós nos expomos a perigos a toda hora? Dia após dia
morro ... Se, como homem, lutei em Efeso com feras, que me apro-
O D O M DJVI.NO DA SALVAÇÃO E A T A R E F A DOS CRISTÃOS 295
7. PAULO E JESUS
Isso não ocorre no caso da idéia de Deus. Tanto Jesus como Paulo
proclamaram o benigno e incondicional perdão de Deus diante do
pecador e não conceberam a salvação diante da condenação divina
como sendo dependente de realizações humanas. Mas, a par disso,
Jesus e Paulo falaram do juízo divino, da recompensa e ira de Deus,
contando com que o homem será julgado por Deus de acordo com o
seu agir. A aparente contradição explica-se em ambos os casos pelo
fato de estarem tratando do agir daquela pessoa que já experimen-
tou o perdão divino e que age a partir do poder do amor divino por
ele experimentado, e que, por isso, não é responsável pelas suas pró-
prias realizações, mas sim pela ação de Deus sobre ele.
7.2.2.2. A lei
7.2.2.4. A cristologia
entre eles. Por isso não existe, apesar das grandes diferenças for-
mais, diferença fundamental de conteúdo entre a reivindicação
pessoal de Jesus e a proclamação paulina de Cristo.
7.2.2.6. A igreja
cidas. Pelo contrário, ele declara abertamente que não visa a ser com-
pleto (2030), Por isso falta também grande parte do material sinóti-
co em João, e às vezes não se pode evitar a impressão de que um
relato foi propositalmente deixado fora, p. ex., a instituição da santa
ceia ou a luta na oração de Jesus no Getsêmani. Está claro que João
conhece ambos os relatos (cf. 12.27-29 e 13.1ss., 6.51bss). Conseqüen-
temente não é sua intenção nem complementar nem substituir os
sinóticos. Na verdade, porém, o seu evangelho quer traçar a ima-
gem de Jesus, a qual fortalece a fé e desse modo cria "vida". Ou seja,
pressupondo o conhecimento da tradição sinótica, João pretende tra-
çar a imagem perfeita de Jesus, tal como a fé o vê, e é nesse sentido
que sua descrição de Jesus reivindica para si estar apresentando o
testemunho perfeito de Cristo.
pode entrar no reino de Deus", com Mt 18.3, "Em verdade vos digo
que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de
modo algum entrareis no reino dos céus"; cf. também Jo 12.25 com
Mc 8.35 e Jo 5.23 com Lc 10.16. Essa linguagem joanina caracteriza-
se sobretudo por numerosos pares de contrastes: luz e trevas, men-
tira e verdade, em cima e embaixo, espírito e carne, liberdade e ser-
vidão, e por designações de Deus e Jesus como "o Pai" e "o Filho",
ou como "o Pai que me enviou" e "aquele quem tu enviaste". Carac-
teriza-se também pelos conceitos salvíficos, tais como água da vida,
pão da vida, luz do mundo, e finalmente também pela asserção de
que o Filho desceu do céu e novamente subiu ao céu. Esse univer-
so terminológico e conseqüentemente também essa linguagem do
Jesus joanino possui apenas paralelos muito insignificantes nas
palavras de Jesus sinóticas (exceção feita ao dito de Mt 11.27 par.,
que dificilmente é antigo, vide acima, p. 104). Se Jesus tivesse fala-
do da maneira como fala o Jesus joanino, ele teria que ter emprega-
do lado a lado duas formas idiomáticas consideravelmente diver-
gentes, o que é difícil de se conceber, apesar de sempre de novo ser
afirmado.
De qualquer modo é difícil de constatar exatamente onde é a
pátria histórico-religiosa da linguagem característica de João, uma
vez que nem o Antigo Testamento nem o judaísmo palestinense-
rabínico podem explicar mais do que algumas expressões ou con-
cepções isoladas. Mas tampouco o judaísmo helenista ou o paganis-
mo helenista nos levam realmente adiante, porque, embora se
encontrem nessas esferas maiores aproximações lingüísticas, igual-
mente nesse caso não há paralelo para o pensamento característico
de João, do envio do Filho de Deus de cima, e do seu retorno para o
céu. Os pensamentos do grupo judaico separado de Qumran, com os
quais muitos pesquisadores querem estabelecer uma ligação até as
concepções de João, tampouco oferecem uma explicação satisfató-
ria. Sem dúvida o dualismo ético e sobretudo o contraste entre luz e
trevas constituem paralelas verdadeiras entre os escritos de Qumran
e a teologia joanina, mas em Qumran essas concepções se encon-
tram no contexto de um rigoroso legalismo cultuai e da exigência da
adesão ao grupo da "unificação" que se separa do judaísmo restan-
te, ao passo que a mensagem especialmente característica para João,
326 A MENSAGEM DE CRISTO NO QUARTO EVANGELHO E NAS CARTAS DE J O Ã O
3.1. O Ungido
Uma vez que João escreveu seu evangelho "para que creiais
que Jesus é o Ungido, o Filho de Deus" (20.31), esses dois títulos
parecem oferecer para ele uma reprodução suficiente e plena do sig-
nificado de Jesus, motivo pelo qual também é adequado partirmos
desses títulos. Transparece de imediato que o título "o Ungido" (Cris-
to) não aparece com grande freqüência, mas sempre de maneira bem
acentuada.--Logo em 1.41 André remete seu irmão Pedro a Jesus,
dizendo: "Achamos o Messias", ao que o evangelista acrescenta para
os seus leitores: "Isso quer dizer em tradução: o Ungido" (Cristo).
Para a mulher samaritana, que cita a expectativa tradicional pelo
Messias, Jesus diz: "Eu o sou, eu que falo contigo" (4.25s). Marta,
A CONCEPÇÃO JOANINA DE CRISTO 329
Jesus meramente como "o Ungido", mas nesse caso trata-se de com-
bater falsas doutrinas. Portanto, por mais que João persista na con-
fissão a Jesus como o Ungido, no qual se cumpriram as promissões
divinas do Antigo Testamento, esse conceito não possui mais para
ele nenhum conteúdo autônomo. Em virtude disso esse título hono-
rífico não nos pode ensinar outra coisa a respeito da concepção joa-
nina de Cristo do que o fato de também João ter encarado Jesus como
o esperado portador escatológico da salvação.
3.2. O Filho
ao mundo,... para que o mundo fosse salvo por ele" (Jo 3.17; cf. IJo
4.14); "O Pai ama ao Filho, e todas as cousas tem confiado às suas
mãos" (Jo 3.35; cf. 5.20); "O Pai... confiou ao Filho todo o julgamen-
to" (5.22). Conseqüentemente o Filho, de acordo com João, "nada
pode fazer de si mesmo, senão somente o que vir fazer o Pai" (5.19);
em virtude disso também se pode afirmar: "Assim como o Pai res-
suscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles
a quem quer'" (5.21) e: "Se o Filho vos libertar, verdadeiramente
sereis livres" (8.36). Por isso os homens dependem do Filho, que é
enviado do Pai e executa as obras do Pai: "Quem crê no Filho tem
vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não
verá a vida" (3.36; cf. 6.40; IJo 5.15); o Pai entregou toda a judicatura
ao Filho, "a fim de que todos honrem o Filho, do modo por que
honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o
enviou" (Jo 5.23; cf. IJo 2.22-24) .
A relação entre o Pai e o Filho, portanto, apresenta-se como a de
uma igualdade total, de modo que o Filho está como um ente divino
ao lado de Deus e no fundo não pode ser distinguido de Deus. Tal
impressão intensifica-se ainda mais, quando vemos que João desig-
na, mesmo que raras vezes, o enviado de Deus diretamente como
"Deus": "O Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (Jo 1.1);
"Ninguém jamais viu a Deus, o Único, Deus, que está no seio do Pai,
é quem (dele) relatou" (1.18); "Tomé respondeu, dizendo-lhe: Senhor
meu e Deus meu!" (20.28). Será o Filho, portanto, como João o retra-
ta, na realidade "Deus, descendendo à esfera humana e tornando-se
ali manifesto", de modo que João estaria falando da "ocultação de
um ente divino na humildade" (E. KÀSEMANN)? A semelhante inter-
pretação do "Filho" na acepção joanina, todavia, opõem-se outras
afirmações que apresentam o Filho em dependência do Pai: "O Pai é
maior do que eu" (14.28), diz o Jesus do evangelho de João expres-
samente; refere-se ao Pai como "o único Deus verdadeiro" (17.3),
visto que recebeu do Pai tudo o que possui (3.35): "Ouem me glori-
fica é meu Pai" (8.54), o Pai "santificou e enviou ao mundo" o Filho
(10.36). Segue daí que "o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que
faz" (5.20), de sorte que "o que este fizer, o Filho também semelhan-
temente o faz" (5.19). Por essa razão o Cristo joanino acentua: "Não
tenho falado por mim mesmo, mas o Pai que me enviou, esse me
335 A MENSAGEM DE CRISTO NO QUARTO EVANGELHO E NAS CARTAS DE JOÃO
curador Pilatos (Jo 18.19ss), mas sobretudo rio fim deste período do
mundo. Isso porque João não apenas conta de modo geral com a
"volta" de Cristo e com o futuro juízo universal (14.3; 5.28s) e a res-
surreição futura (6.54), mas ele também descreve a iminente perse-
guição aos cristãos como o tempo dos horrores pré-messiânicos (16.1-
4), ou seja, sabe-se posto diante do fim próximo. Corrobora-o a
indicação em IJo 2.18: "Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvis-
tes que vem o anticristo, justamente agora muitos anticristos têm
surgido, pelo que conhecemos que é a última hora." Por conseguin-
te a linguagem do mito gnóstico do envio do Filho e a considerável
aproximação do homem Jesus a Deus, que nela se expressa, visa a
formular a fé de que Deus se manifestou de forma bem pessoal e
escatológica nesse homem Jesus e de que falou e agiu através desse
homem. Assim, Jesus como "o Filho" constitui-se para João na pre-
sença perfeita de Deus, por tomar parte no agir do Pai e porque
Deus vai ao encontro dos homens de modo pessoal exclusivamente
através de Jesus: "Ninguém vem ao Pai senão por mim" (14.6). Nes-
sa colocação João aproximou o homem Jesus tanto de Deus que sem-
pre de novo até hoje se defendeu, não sem certa porção de acerto, a
opinião de que a "cristologia de glória" joanina não leva mais a
sério a humanidade de Jesus. Contudo, ainda que exista o perigo de
tais interpretações errôneas, semelhante compreensão contradiz a
intenção claramente visível do evangelista. Justamente pelo fato de
querer articular a fé de que no homem Jesus Deus falou de maneira
perfeita e definitiva, João não teme o perigo de na sua apresentação
de Jesus a sua humanidade ser obscurecida e encoberta pela glória
do Filho de Deus. Isso, porém, nada altera no fato de que também
João quer dar testemunho do agir salvífico escatológico de Deus no
homem Jesus Cristo. Devemos, pois, indagar se os demais predica-
dos honoríficos empregados por João para designar a Cristo confir-
mam ou não essa compreensão da cristologia joanina.
mos de algo que ainda está por vir. Nesse caso parte do ponto de
vista do Jesus terreno. Pode igualmente, partindo da situação da
comunidade de fé, descrever esse retorno do Filho do homem
ao céu como algo que já aconteceu. Logo o conceito do Filho do
homem serve principalmente para tornar compreensível a pessoa
do Jesus terreno a partir da fé da comunidade em sua ressurreição e
exaltação.
Em decorrência disso o Jesus joanino declara que o Filho do
homem concede já agora a salvação plena: "Trabalhai... pela comida
que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dá;
porque Deus, o Pai, o selou" (i.é., confirmou, 6.27; cf. 6.53). Do mes-
mo modo o cego de nascença, curado e vindo a crer no Filho do
homem, prostra-se em adoração diante de Jesus, dizendo: "Creio,
Senhor" (9.35,38). O Jesus joanino igualmente reivindica ter sido
incumbido do julgamento futuro, "porque é o Filho do homem"
(5.26s). Também nesses trechos, portanto, o atual Filho do homem é
descrito como portador da salvação no presente, sem que fosse dei-
xada de lado a futura plenitude da salvação a ser trazida pelo Filho
do homem. Combinando a figura do Filho do homem como lhe foi
transmitido, com o mito do redentor que desce e sobe novamente ao
céu, João lança mão do título do Filho do homem primordialmente
para descrever a glória de Jesus Cristo no presente.
Nesse contexto provavelmente deve ser colocado também o dito
em 1.51, que se encontra isolado em relação a todas as demais afir-
mações a respeito do Filho do homem no evangelho de João: "Em
verdade, em verdade vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de
Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem." Nenhuma outra
passagem do evangelho de João fala de um contato entre Jesus e
Deus intermediado por anjos, nem tampouco há outras informa-
ções sobre a visão do céu aberto prometida aos discípulos. Por esse
motivo deve-se supor que Jesus adotou esse dito sobre o Filho do
homem, a fim de expressar com ele a circunstância de que já o Filho
do homem dispõe sobre os anjos, ou seja, participa do senhorio divi-
no. Logo também essa palavra realça a presença total do agir divino
no homem Jesus. Isso porque também o Filho do homem atual rece-
beu o seu poder de Deus (5.26s), e sua glória pode ser reconheci-
da somente pelos que crêem (1.50s; 9.35-38), sendo aperfeiçoada
340 A MENSAGEM DE CRISTO NO QUARTO EVANGELHO E NAS CARTAS DE JOÃO
a designação "o Verbo". Isso quer dizer que sem dúvida alguma o
leitor deve lembrar-se, a partir do momento em que se passa a citar
um acontecimento intramundano, do "Verbo", que se tornou carne
e se chamou Jesus Cristo (1.14,17). É isso o que acontece na afirma-
ção de 1.5: "A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a acolhe-
ram." Considerando-se que a partir de 1.5 se fala alusivamente do
acontecimento que é tratado abertamente em 1.14-18, a menção do
surgimento do Batista, em 1.6-8, embora seja rude do ponto de vista
estilístico, é compreensível em termos de conteúdo. Contudo tam-
bém essa resposta às duas perguntas interrelacionadas, de quem
trata 1.1-13, e por que é subitamente mencionado o Batista em 1.6-8,
constitui apenas uma hipótese plausível, motivo pelo qual toda a
exegese do trecho 1.1-18 permanece incerta.
A incerteza tem finalmente como motivo também não saber-
mos exatamente de que âmbito cultural provém o conceito do "logos"
ou "Verbo" adotado por João, e que concepções os leitores associa-
vam ou deviam associar com esse conceito a eles familiar. Vimos
que fora do prólogo João não usa em seu evangelho o termo "o logos"
no sentido de designação de pessoa, ou seja, que esse conceito não é
a forma para ele comum de expressar um testemunho de Cristo. Por
outro lado ele emprega o conceito de maneira enfática no prólogo,
pressupondo que os leitores o compreendam sem nenhuma expli-
cação. Ao conhecedor da cultura antiga o conceito "o logos" faz lem-
brar primeiramente a filosofia grega e a religiosidade helenista com
ela relacionada, em que aparece o "logos" de múltiplas maneiras
como designação da razão universal, sem, contudo, adquirir caráter
de pessoa. De uma natureza personificada, porém, o conceito se
aproxima no judaísmo helenista ("Teu Verbo onipotente saltou do
céu para o centro da terra", Sabedoria de Salomão 18.15). Em vista
desse fato procurou-se muitas vezes a origem do conceito joanino
do "logos" nesse âmbito. Contradiz a essa suposição, porém, que a
afirmação mítica "(o Verbo) veio para o que era seu, e os seus não o
receberam" (1.11) não se explica a partir dessa tentativa. Também a
fé na lei como mediadora da criação e doadora de vida e luz, funda-
mental para o judaísmo palestinense-rabínico, oferece uma certa
paralela para as afirmações joaninas acerca do "logos". Contudo a
lei nunca foi personificada no judaísmo palestinense, e a partir dela
344 A MENSAGEM DE CRISTO NO QUARTO EVANGELHO E NAS CARTAS DE J O Ã O
A luz resplandece nas trevas ... A verdadeira luz, que ilumina a todo
homem, veio ao mundo" (1.4,5,9). Por isso Jesus se denomina a luz
para o mundo: "Eu sou a luz do mundo" (8.12); "Enquanto estou no
mundo, sou a luz do mundo" (9.5); "Eu vim ao mundo como luz"
(12.46); "A luz veio ao mundo" (3.19; cf. 12.35s). Primeiramente es-
sas afirmações também querem expressar que Jesus Cristo pertence
ao mundo divino. Isso se conclui já pelo fato de em IJo 1.5 o próprio
Deus ser descrito como luz: "Deus é luz, e não há nele treva nenhu-
ma." Entretanto a afirmação decisiva é também nesse caso que a luz
divina foi enviada ao mundo na pessoa de Jesus e que se pode esca-
par às trevas por meio do encontro com Jesus que é a luz: "Quem
me vê a mim, vê aquele que me enviou. Eu vim como luz para o
mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça
nas trevas" (Jo 12.45s). Isso significa que a manifestação da luz divi-
na no mundo está vinculada à história do homem Jesus em sua limi-
tação temporal: "A verdadeira luz já brilha" (IJo 2.8b); (A multidão
indaga:) "Quem é esse Filho do homem?" Jesus respondeu-lhes:
"Ainda por pouco tempo a luz está convosco" (Jo 12.34b,35a). Quan-
do o homem quer encontrar a luz divina, necessita ater-se a esse
tempo da revelação da salvação divina: "Enquanto tendes a luz, crede
na luz, para que vos torneis filhos da luz" (12.36a).
O terceiro predicado soteriológico de Cristo que encontramos
no prólogo é "a verdade": "Vimos a sua glória,... cheia de graça e
verdade" (1.14b.c.). Também esse predicado é diretamente reivin-
dicado pelo Jesus joanino para a sua pessoa: "Eu sou o caminho, a
verdade, e a vida" (14.6). Com esse conceito João também visa a
descrever o acontecimento da revelação: "A lei foi dada por inter-
médio de Moisés, a graça e a verdade aconteceram por meio de Jesus
Cristo" (1.17). Dessas afirmações resulta claramente que para João
Jesus não é só o proclamador da verdade divina, embora também o
seja para João (cf. 18.37: "Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo,
a fim de dar testemunho da verdade"; cf. 8.40). Antes de tudo Jesus
é para João a própria verdade. Tal declaração, contudo, somente
será compreensível se nos conscientizarmos de que com "verdade"
João não se refere à realidade que se sabe por detrás das coisas, no
sentido grego, nem simplesmente ao que é perene e permanente-
mente válido, na acepção veterotestamentária, mas à realidade de
350 A MENSAGEM DE CRISTO NO QUARTO EVANGELHO E NAS CARTAS DE J O Ã O
Deus: "Eu vos tenho falado a verdade que ouvi de Deus" (8.40; cf.
18.37, acima). Por isso a prece de Jesus ao Pai reza o seguinte: "San-
tiíica-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (17.17). Que Jesus é
"a verdade" quer, pois, dizer também em primeiro lugar que ele
pertence a Deus. Em segundo lugar, porém significa sobretudo que
em Jesus Deus se tornou audível de forma bem pessoal, e que será
concedida salvação aos homens através do encontro com essa ver-
dade que se manifestou como pessoa: "Se vós permanecerdes na
minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos e conhece-
reis a verdade, e a verdade vos libertará" (8.31b,32).
Ao lado desses predicados salvíficos já presentes no prólogo,
aparecem ainda algumas outras designações no evangelho propria-
mente dito. No discurso sobre o bom pastor em Jo 10 Jesus passa a
dizer de si mesmo: "Eu sou a porta para as ovelhas" (10.7); cf. 10.9:
"Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo." A figura
raramente encontrável da porta como entrada no recinto da salva-
ção expressa, como a figura análoga do caminho ("Eu sou o cami-
nho, a verdade e a vida", 14.6a), que somente Jesus é o mediador
para se chegar à salvação, ao Pai ("Ninguém vem ao Pai senão por
mim", 14.6b), à vida (cf. 10.10b), ou seja, essa figura realça que Jesus
é o mediador exclusivo da salvação. Diretamente ao lado desses
predicados Jo 10.11 coloca a figura do pastor: "Eu sou o bom pas-
tor" (10.11,14), que é usada em muitas religiões e também no Antigo
Testamento para descrever a função protetora da divindade. O em-
prego joanino da figura para Jesus apresenta duas peculiaridades:
Por um lado se acentua a prontidão do pastor em arriscar a sua vida
pelas ovelhas (10.11b,15b), e por outro a relação entre pastor e ove-
lhas se caracteriza pelo fato de pastor e ovelhas se conhecerem uns
aos outros: "Conheço as minhas (ovelhas), e as minhas me conhe-
cem a mim, assim como o Pai me conhece a mim e eu conheço o Pai"
(10.14b,15a). Conseqüentemente Jesus é o bom pastor, por um lado
porque se entrega à morte pelas suas ovelhas, porque protege pela
entrega de sua vida (10.18) os discípulos diante da perdição (10.12),
por outro lado é o bom pastor porque ele e os discípulos se conhe-
cem bem, assim como se conhecem o pastor e suas ovelhas (é esse o
sentido da ilustração 10.3b,4). O conhecimento recíproco de Jesus e
dos discípulos, no entanto, está fundamentado sobre a estreita rela-
A CONCEPÇÃO JOANINA DE CRISTO 351
4.1. A Desgraça
sou lá de cima; vós sois deste mundo, eu deste mundo não sou" (Jo
8.23); "Quando Jesus sabia que era chegada a hora de ele passar
deste mundo para o Pai" (13.1); "Chegou o momento de ser julgado
este mundo... Quando for levantado da terra, atrairei todos a mim
mesmo" (12.31s; cf. 3.31s; 18.36; IJo 4.4-6). Por isso seria facilmente
concebível que João entende o mundo no sentido da gnose como
mundo da matéria, de modo que os homens necessitam ser salvos
mediante a libertação do mundo corporal e o retorno ao mundo
celestial. Contudo, ainda que o conceito do mundo no evangelho de
João presumivelmente não provenha do cristianismo mais antigo,
mas deva a sua origem ao mundo de idéias gnósticas característico
para João, ele, não obstante, empregou o conceito de uma maneira
que está decididamente oposta às concepções gnósticas. Isso se evi-
dencia já pelo fato de que Cristo, ao partir do mundo, não pede pela
libertação dos seus deste mundo: "Não peço que os tires do mundo;
e, sim, que os guardes do mal" (17.15). Portanto, não o estar no
mundo é mau, mas o "ser a partir do mundo", isto é, o ser determi-
nado pelo mundo: "Se vós fósseis do mundo, o mundo amaria o
que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele
vos escolhi, por isso o mundo vos odeia" (15.19).
Se essa distinção em si já demonstra que João não entende o
mundo no sentido gnóstico como "o estrangeiro", obtemos esse
resultado muito mais se indagarmos em que, afinal, se torna visível
o "ser a partir do mundo". Vimos atrás que fazer o mal é caracterís-
tico para aquelas pessoas que são "do mundo" (IJo 2.16; Jo 7.7; 17.15b;
cf. acima, pp. 352s). Decisivo, porém, é o contraste em que o mundo
se encontra em relação ao acontecimento da salvação: O mundo "não
o conheceu (ao logos)" (1.10); o "Auxiliador" julgará o mundo, "por-
que não crêem em mim" (16.9); o mundo "primeiro do que a vós
outros, me odiou a mim" (15.18b). Ou seja, "somente em sua atitude
negativa, oposta em relação ao evento de Cristo, o cosmo adquire o
seu caráter peculiar, obstinado no negativo" (J. BLANK). O mundo é
em última análise inimigo de Deus, porque as pessoas, que são "a
partir do mundo", não conhecem aquele que me enviou" (15.21b ao
lado de 15.19).
A desgraça do mundo, que adquire sua agudeza determinante
na oposição ao advento de Cristo, visualiza-se na morte e no pecado.
A SALVAÇÃO E O CAMI.VHO DA SALVAÇÃO 355
pecado" (9.41; cf. 8.24; 16.9). Isso significa que assim como o mundo
se revela como mundo justamente por não crer em Cristo, assim os
homens estão decisivamente sob o poder do pecado e se perdem
porque não crêem: "Morrereis em vossos pecados; porque se não
crerdes que eu sou, morrereis nos vossos pecados" (8.24). Disso tudo,
porém, resulta claramente que a concepção joanina da desgraça do
homem no mundo e, assim, debaixo da morte e do pecado não pro-
vém de uma avaliação pessimista do mundo como "terra estranha"
nem de um juízo desesperançoso acerca da transitoriedade e mal-
dade do homem, mas sim origina-se da fé em que Deus pôs em
Jesus Cristo um fim a essa desgraça: "Quem é o que vence o mundo
senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?" (IJo 5.5). Não é a
partir de conclusão própria que João se vê a si e à humanidade na
desgraça, mas somente a partir da sua fé ele passou a saber real-
mente em que calamidade os homens vivem e a que perdição eles se
encaminham.
eu vá, porque se eu não for, o Auxiliador não virá para vós outros;
se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei" (16.7; cf. também 14.3a), não
resta dúvida de que João viu a importância da morte de Jesus em
favor dos seus também no fato de que Jesus encara a sua morte como
transição para a glória divina. De modo que, falecido e retornado
para junto do Pai, Jesus pode agora fazer com que os seus partici-
pem de sua glória: "Quando for levantado da terra, atrairei todos a
mim mesmo" 12.32; cf. 17.24).
De acordo com João, porém, é ainda mais importante outro efeito
do retorno de Jesus à glória celestial através da morte. Na morte e
exaltação de Jesus realiza-se a vitória de Deus sobre o mundo e seu
príncipe:"Agora o príncipe deste mundo será expulso" (12.31b; cf.
12.32s); "Aí vem o príncipe do mundo; e ele nada (i.é., nenhum
direito de domínio) tem em mim" (14.30); "Eu venci o mundo"
(16.33c). Juntamente com o príncipe deste mundo a cruz também
destituiu do seu poder o pecado, de modo que joão passa a falar de
diversas maneiras em que os cristãos foram libertos pelo Filho, do
poder coercitivo do pecado: "Todo o que comete pecado é escravo
do pecado ... Se, pois, o Filho vos tiver libertado, verdadeiramente
sereis livres" (8.34,36); "A favor deles eu me santifico a mim mes-
mo, para que eles também sejam santificados na verdade" (17.19).
A primeira carta de João dá mais um passo adiante, declarando que
a pessoa criada como nova por Cristo, não peca mais: "Todo aque-
le que é nascido de Deus não vive na prática do pecado; pois a sua
semente permanece nele; ora, esse não pode viver pecando, por-
que é nascido de Deus" (IJo 3.9; cf. 3.6; 5.18). Naturalmente essa
afirmação de que é impossível ao cristão pecar tem validade para
o autor de 1 João apenas sob a condição de que o cristão "perma-
neça nele" (i.é., em Cristo): "Todo aquele que permanece nele não
vive pecando" (3.6a). Por isso a carta, não obstante suas afirma-
ções sobre a impossibilidade de o cristão pecar, conta com a reali-
dade de seus atos de pecado (2.1; 3.20; 5.16). A convicção de que
pela morte e exaltação de Cristo o poder do pecado foi rompido,
está expressa de maneira mais marcante em 1 João do que no evan-
gelho, embora também o evangelho deixe transparecer essa fé (Jo
17.19, vide acima, refere-se indubitavelmente à iminente morte de
Jesus).
A SALVAÇÃO E O CAMI.VHO DA SALVAÇÃO 363
4.4. Fé e Amor
(14.11a); "Rogo por todos (aqueles) que vierem a crer em mim por
intermédio da sua palavra" (17.20). Visto que a fé, portanto, consti-
tui um voltar-se para o próprio Jesus, João também descreve o "crer
em seu nome" como "aceitar" a Jesus (1.12; cf. 5.43; 13.20) ou às suas
palavras (12.48; 17.8), ou ainda falar do "vir a Jesus" (6.35; 7.37), do
"seguir a Jesus" (8.12), do "guardar a palavra de Jesus" (8.51s).
Adquire, no entanto, grande importância que não esqueçamos
neste contexto dois aspectos.
João pressupõe que o Cristo na realidade não encontra aceita-
ção entre os homens e, conseqüentemente, tampouco fé: "Quem vem
do céu... testifica o que tem visto e ouvido; contudo ninguém aceita
o seu testemunho" (3.31b,32); "A verdadeira luz... estava no mun-
do... mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os
seus não o receberam" (1.9ss); "Não pode o mundo odiar-vos, mas a
mim me odeia" (7.7). Se, apesar disso, há pessoas que crêem (cf.
3.33: "Quem lhe aceitou o testemunho, por sua vez certificou que
Deus é verdadeiro"; de modo análogo 1.12), esse fato revela que a fé
é obra de Deus no homem: "A obra de Deus é esta, que creiais na-
quele que por ele foi enviado" (6.29). Isso porque ninguém é capaz
de crer por força própria: "Eu já vos disse que, embora tenhais visto,
não credes" (6.36). Pelo contrário, somente chega a crer aquele que
Deus convocar: "Tudo o que o Pai me dá, isso virá a mim" (6.37);
"Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer"
(6.44; cf. 6.65); "Quem é de Deus ouve as palavras de Deus. Se digo
a verdade, por que razão não me credes? Quem é de Deus ouve as
palavras de Deus; por isso não me dais ouvidos, porque não sois de
Deus" (8.47); "Vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas"
(10.26; cf. 17.6,9s,24). Quando, pois, uma pessoa começa a crer, Deus
deu o primeiro passo, o que, todavia, não significa que a pessoa não
necessitasse dar pessoalmente o segundo passo: "Trabalhai pela comi-
da... que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos
dá" (6.27). Sem nenhuma dúvida João afirma que somente chega a
crer aquele que Deus "traz" para a fé, e que somente perseveraram
na palavra de Deus aqueles que o Pai deu ao Filho para fora do
mundo (6.44; 17.6). Entretanto essa circunstância não acarreta que
Deus tenha decidido definitivamente quem pertence às ovelhas de
Jesus e por isso ouve a voz de Jesus (10.27). Antes corresponde à
368 A MENSAGEM DE CRISTO NO QUARTO EVANGELHO E NAS CARTAS DE J O Ã O
crede nas obras, para que possais saber sempre melhor que o Pai
(está) em mim, e eu (estou) no Pai", 10.38), não pode, pelo que se
constata, ser posto em dúvida que para João fé e conhecimento ou
saber designam a mesma atitude humana, ou seja, que a fé requer
ser descrita como a aceitação intelectual de uma realidade. Essa im-
pressão aumenta quando se constata que João fala diversas vezes
em crer e reconhecer o mesmo objeto: "para que creiam que tu
me enviaste" (11.42) ao lado de "que te conheçam a ti... e ao que tu
envias te" (17.3); "se não crerdes que eu sou" (8.24) ao lado de "então
sabe reis que eu sou" (8.28); "Não crês que eu (sou) do Pai e o Pai
(está) em mim?" (14.11) ao lado de "Naquele dia vós conhecereis
que eu (estou) em meu Pai e vós em mim e eu em vós" (14.20). Além
do mais há várias expressões de se reconhecer ou conhecer a Deus e
a Cristo (7.28; 8.19; 14.7,9; 16.3; 17.23,25; IJo 2.3; 4.6).
No entanto, mesmo que esses textos deixem concluir claramen-
te que João pode dizer em grande parte o mesmo do crer e do
conhecer, não é verdade que ambos para João são simplesmente idên-
ticos, de modo que se devesse descrever a natureza da fé como reco-
nhecer. Não é verdade já pelo fato de que não se afirma que Jesus
creu no Pai, mas que o conheceu, o que corresponde a que os discí-
pulos conhecem a Deus: "Pai justo, o mundo não te conheceu; eu,
porém, te conheci, e também estes (discípulos) compreenderam que
tu me enviaste" (17.25; cf. 7.29; 8.55; 10.15). A conclusão de que para
João a fé não deve ser simplesmente descrita como "reconhecer",
porém, resulta sobretudo da constatação de que a fé pode ser desig-
nada de reconhecer somente quando é uma fé permanente: "Disse
Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na
minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhece-
reis a verdade (i.é., a realidade divina, vide acima, p. 348) e a verda-
de vos libertará" (8.31s). Todavia não queremos dizer com isso que
a fé conduz ao conhecimento da verdade somente se ela perdurar
temporalmente. Pelo contrário, "permanecer" refere-se ao ser arre-
batado do homem todo pela verdade libertadora: "Em verdade, em
verdade vos digo: Todo o que comete pecado é escravo do pecado...
Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (8.34,36).
Isso, no entanto, significa que a fé é permanente e pode ser ao mes-
mo tempo descrita como reconhecimento da verdade quando ele
372 A MENSAGEM DE CRISTO NO QUARTO EVANGELHO E NAS CARTAS DE J O Ã O
vós" (14.20);"... a fim de que todos sejam um, como tu, ó Pai, (estás)
em mim e eu em ti, também sejam eles em nós" (17.21; cf. 17.23).
Do mes-mo modo João fala de que os cristãos permanecem em Cris-
to, assim como Cristo permanece neles: "Quem comer a minha car-
ne e beber o meu sangue, permanece em mim e eu (permaneço) nele"
(6.56); "Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permane-
cerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito" (15.7); "Aquele
que guarda os seus mandamentos permanece em Deus e Deus nele"
(IJo 3.24; cf. 2.5b,27c). Também se menciona o permanecer em Deus,
no evangelho de João indiretamente, e em 1 João explicitamente:
"Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará,
e viremos para ele e faremos nele morada" (Jo 14.23; cf. 17.21, aci-
ma); "Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em
Deus, e Deus nele" (IJo 4.16b; cf 2.6,24; 4.12s,15). Embora seja indu-
bitável que o falar do estar em Cristo e em Deus é o linguajar da
mística e parece descrever o estar em Cristo em analogia com a eter-
na união do Pai e do Filho ("Crede-me que eu estou no Pai, e o Pai
em mim", 14.11a; cf. 14.20; 17.21, vide acima), o objetivo de João ao
fazer essas afirmações de forma alguma é falar da igualação ôntica
dos crentes com o Pai e o Filho, a qual, como se sabe, é o alvo defini-
tivo de toda mística.
A intenção transparece já no fato de que João não fala apenas
em que os cristãos estão ou permanecem em Cristo e em Deus -
respectivamente, que Cristo e Deus estão ou permanecem nos cris-
tãos - , mas que também se expressa de maneira bem idêntica no
tocante à relação dos cristãos para com a Palavra, o amor etc.: "a
fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles (este-
ja)" (17.26b; cf. 5.24); "Se alguém lhe (ao irmão necessitado) fechar
o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?" (IJo
3.17b; cf. 4.12); "Permanecei no meu amor" (Jo 15.9b; cf. 15.10; IJo
4.16b); "Se permanecerdes em mim e as minhas palavras perma-
necerem em vós..." (15.7; cf. 5.38; IJo 2.14,24); "Se vós permanecer-
des na minha palavra..." (8.31); "Estas cousas vos tenho dito para
que tenhais paz em mim" (16.33a); "Aquele que ama a seu irmão
permanece na luz" (IJo 2.10). Sem dificuldades fica claro em todos
esses casos que João irão emprega as locuções com a preposição
"em" no sentido de uma determinação local, mas para descrever
374 A MENSAGEM DE CRISTO NO QUARTO EVANGELHO E NAS CARTAS DE J O Ã O
interesse... pelos sacramentos" (O. CULLMANN), uma vez que são sur-
preendentemente poucas as alusões ao batismo e à ceia do Senhor
nos escritos joaninos. O batismo é mencionado de forma clara
somente em Jo 3.5: "Quem não nascer da água e do Espirito, não
pode entrar no reino de Deus." E o convite a comer a carne de Jesus
e beber o seu sangue, que aparece repentinamente em 6.51b-58, em
conexão com o discurso sobre o pão, pode ser compreendido somen-
te como referência às palavras da instituição, dos relatos sobre a
última ceia de Jesus. Ao lado dessas menções alusivas, mas claras,
do batismo e da ceia do Senhor encontram-se em João apenas mais
duas expressões enigmáticas sobre água e sangue: Depois que um
soldado romano abrira com sua lança o peito do Jesus falecido, "logo
saiu água e sangue" (19.34); e para corroborar a fé de que "Jesus é o
Filho de Deus", a primeira carta de João declara: "Este é aquele que
veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo; não somente com a
água, mas com a água e com o sangue. E o Espírito é o que o testifi-
ca, porque o Espírito é a verdade" (IJo 5.6). Uma vez que no evan-
gelho, após mencionar que jorrava água e sangue do ferimento no
peito de Jesus, João acentua com ênfase especial que o testemunho
desse fato é fidedigno (Jo 19.35), dificilmente sua intenção terá sido
relatar, com a referência ao fluxo de sangue e água, apenas um fenô-
meno miraculoso. Propõe-se-nos a suposição de que com a citação
de sangue e água ele pretendia destacar que a morte de Jesus foi tão
real quanto o seu batismo. Houve, além disso, muitas vezes a hipó-
tese de que esse relato visasse a apontar para a ceia do Senhor e ao
batismo cristão, embora isso não seja de forma alguma evidente (vide
o Comentário NTD sobre Jo 19.34).
Essa interpretação, porém, é corroborada por IJo 5.6, passagem
que cita explicitamente, para repelir uma heresia gnóstica, água e
sangue como indícios da vinda de Jesus. Isso somente se pode refe-
rir à realidade do batismo e da morte de Jesus como eventos do
passado ("Este é aquele que veio...", vide o Comentário NTD sobre
IJo 5.6). Naturalmente segue-se depois nessa carta uma afirmação
atual: "Pois são três os que dão testemunho: o Espírito, a água e o
sangue, e os três são unânimes num só propósito. Se não admitimos
o testemunho dos homens, o testemunho de Deus (apesar disso) é
maior, pois este é o testemunho de Deus, que ele deu testemunho
378 A MENSAGEM DE CRISTO NO QUARTO EVANGELHO E NAS CARTAS DE JOÃO
4.6.2. O Paracleto
dará outro Paracleto, a fim de que esteja para sempre convosco ...
Vós o reconheceis, porque ele permanece convosco e estará em vós"
(14.16,17b); "O Paracleto, o Espírito da verdade, a quem o Pai
enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as cousas e vos fará
lembrar de tudo o que vos tenho dito" (14.26); "Quando, porém,
vier o Paracleto que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da
verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim" (15.26);
"Se eu não sair, o Paracleto não virá a vós; se, porém, eu for, eu
vo-lo enviarei... Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o
podeis suportar agora; quando vier, porém, ele, o Espírito da ver-
dade, guiar-vos-á a toda a verdade; porque não falará por si mes-
mo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as cousas
que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de tomar do que é
meu, e vo-lo há de anunciar" (16.7,12-14). Por outro lado o Para-
cleto deverá agir para fora da comunidade: "O Espírito da verda-
de, que o mundo não pode receber, porque não (o) vê nem com-
preende" (14.17a); "O Espírito da verdade... dará testemunho de
mim" (15.26b); "quando ele vier, convencerá o mundo do pecado,
da justiça e do juízo" (16.8).
De todas essas afirmações obtém-se inicialmente o resultado
evidente de que também o Paracleto deverá atuar somente depois
da exaltação de Jesus. Do mesmo modo fica claro que o Paracleto
dá continuação ao agir de Jesus perante os discípulos e o mundo
depois que Jesus voltou ao Pai. O que significa: "Visto que o Para-
cleto somente pode vir quando Jesus sai, o Paracleto é a presença de
Jesus quando Jesus está ausente" ( R . E. BROWN). Isso acarreta ainda
que não apenas o próprio Jesus é ocasionalmente chamado o pri-
meiro Paracleto, em contraposição ao Espírito Santo como segundo
Paracleto (O Pai "vos dará outro Paracleto, a fim de que esteja para
sempre convosco", 14.16; cf. também IJo 2.1), mas também que "tudo
que se afirma com respeito ao Paracleto, em outras partes do evan-
gelho é dito com respeito a Jesus" ( R . E. BROWN): Jesus e o Paracleto
são enviados pelo Pai, ambos provêm do Pai (Jo 8.42; 14.26; 15.26);
ambos testemunham a respeito de Jesus (8.14; 15.26); Jesus acusa o
mundo da mesma maneira como o Paracleto (7.7; 16.8) etc. O Para-
cleto, portanto, dá seguimento à obra de Deus em Jesus, ele é o
representante do Cristo exaltado, até que se cumpra a promissão:
384 A MENSAGEM DE CRISTO NO QUARTO EVANGELHO E NAS CARTAS DE JOÃO
"Voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde estou
estejais vós também" (14.3),
Conforme revelam os textos citados, essa continuação da obra
de Jesus pelo Paracleto, ou seja, pelo Espírito Santo consiste sobre-
tudo na continuação no testemunho de Cristo, seja perante a comu-
nidade, seja perante o mundo. Isso porque por um lado o Paracleto
lembra as próprias palavras de Jesus e continua a testemunhar a
Jesus, pois o Paracleto "não falará por si mesmo, mas dirá tudo o
que tiver ouvido" (16.13; cf. 15.26), de forma bastante semelhante ao
que se diz do próprio Jesus em relação ao Pai (8.26b; 15.15). Por
outro lado o Paracleto "guiará os discípulos a toda a verdade" e
"vos ensinará todas as cousas" (16.13; 14.26). Isso condiz com a con-
vicção joanina de que somente depois da ressurreição os discípulos
compreenderam cabalmente as palavras e os eventos da vida de
Jesus (2.22; 12.16; 20.9), porque apenas o encontro do Ressurrecto
fez com que os discípulos reconhecessem plenamente a proveniên-
cia divina de Jesus: "Naquele dia vós reconhecereis que eu (estou)
em meu Pai e vós em mim e eu em vós" (14.20). Assim como o teste-
munho de Jesus e, com ele, o reconhecimento de Jesus continua na
comunidade através do Paracleto, assim também ocorre com a acusa-
ção de Jesus contra o mundo. O mundo "não pode receber... o Espí-
rito da verdade, porque não (o) vê nem reconhece", motivo pelo
qual o Paracleto convencerá o mundo do pecado, "porque não crê-
em em mim" (14.17; 16.9). Isso quer dizer que com a saída do Jesus
terreno deste mundo o testemunho de Cristo não acabou, mas que a
resposta a esse testemunho de Cristo é tão decisiva para o destino
definitivo dos que o ouvem como era decisivo para os coletâneos de
Jesus a sua atitude diante da mensagem de Jesus, pois Deus, o Cria-
dor, fala tão diretamente a nós no testemunho do Paracleto como na
palavra do próprio Jesus.
Mas por que, afinal, João fala do "Paracleto", e o que quer dizer
essa exposição acerca do Paracleto concretamente?
A palavra grega "parákletos", encontrávelno Novo Testamen-
to apenas nos ditos sobre o Paracleto nos "discursos de despedida"
e em IJo 2.1, significa literalmente "o que foi chamado para junto
de". Em concordância com esse significado os cristãos antigos tra-
duziram já desde cedo essa palavra grega com o "advocatus"latino,
A SALVAÇÃO E O CAMI.VHO DA SALVAÇÃO 385
4.6.3. A comunidade
2.1. Jesus
3. A CONDESCENDÊNCIA DE DEUS
fiquem a vosso Pai que está nos céus" (Mt 5.16). Por isso a concep-
ção fundamental comum às testemunhas principais da teologia do
Novo Testamento, foi sintetizada de maneira clássica pela "epístola
aos Hebreus" (13.8): "Jesus Cristo (é) o mesmo ontem, hoje e para
sempre."
ÍNDICE ANALÍTICO
A
A b b a - 61. 103, 1 2 3 , 2 1 3 , 2 7 0
Abraão - 47. 89, 189. 190, 191, 2 2 8 , 243, 2 5 0 . 2 5 1 , 340, 3S8
Absolvição - 242
Ação redentora - 217
Ação salvífica - 41, 57, 66, 6 8 , 7 3 , 7 7 , 8 3 , 9 1 , 9 3 , 114. 116, 154, 155, 183. 189, 191,
192, 213, 234, 308
Acontecimento salvífico - 57, 72, 155, 261, 268, 2 7 1 , 310, 388
Adão - 188, 189, 198, 199, 205, 2 1 3 , 218, 2 2 5 , 2 2 7 , 2 3 0 , 2 9 9
Alegria - 50, 63, 95, 171, 184, 2 0 1 , 277, 360
A l i a n ç a - 73, 167, 172
Amigo - 64, 82
Amor a Deus - 74, 79, 369
Amor ao próximo - 80, 369
Amor de Deus - 64, 72, 79, 127, 211, 213, 2 3 8 , 2 4 1 , 2 4 8 , 2 4 9 , 290, 296, 365, 369,
373,400, 401,402,403
Anciãos - 97, 117
Anjo - 130, 133, 134, 1 3 5 , 3 3 7
Anjos - 53, 69, 103, 110, 114, 2 3 1 , 2 9 0 , 339
Anticristo - 236, 329, 3 3 5 , 336
Antigo Testamento - 29, 4 6 , 73, 76, 78, 99, 106. 118, 146. 148. 153, 158. 161. 2 6 2 ,
3 2 5 , 330, 340, 347, 3 5 0
Antinomia- 2 8 0 , 2 8 6
Antioquia - 164, 178
Antítese - 2 4 4
Antíteses - 76, 77
Anúncio - 56, 124, 129, 145, 176, 2 7 5 , 306, 310, 394, 4 0 0
Anúncio da salvação - 306
Aparições - 130, 135, 138
Apocalipse - 93
Apocalipse de Daniel - 106
Apocalipse de Esdras - 107
406 ÍNDICE ANALÍTICO
B
Barnabé - 174
Batismo de prosélitos - 4 8
Boa nova - 56, 59, 83, 94, 165, 190, 194, 243, 250, 2 5 6
Bondade - 64, 82, 245, 2 8 4
C
Cabeça do corpo - 2 6 2
Caminho de salvação - 47, 2 2 8 , 2 8 1 , 305
"Cânon - 179, 392, 393, 3 9 4
Cânticos de Salomão - 3 2 6
Carne - 132, 145, 156, 167, 190, 194, 197, 204, 2 0 8 , 210, 217, 2 1 9 , 220, 221, 2 2 3 ,
224, 2 2 7 , 228, 230, 2 3 1 , 2 3 5 , 2 3 8 , 2 4 0 , 2 4 5 , 246, 254, 258, 264, 266, 269, 2 7 2 ,
"276, 277, 279, 280, 285, 2 8 8 , 2 9 1 , 2 9 3 , 3 0 8 , 325, 327, 333, 342, 346, 353, 357,
358, 363, 373, 375, 377, 3 7 8 . 379, 380, 397
Carta aos Colossenses - 181, 261, 2 6 2 . 2 6 4
Carta aos Coríntios - 184, 266, 293, 2 9 4
Carta aos Efésios - 181
Carta aos Filipenses - 185, 194, 196, 200, 2 0 2 , 2 4 4 , 2 9 3 , 2 9 7 , 399
Carta aos Romanos - 182, 185, 194. 2 2 2 , 2 2 3 , 2 4 3 , 2 5 7 , 2 6 4 , 2 6 5 , 2 6 7 , 2 6 8 . 2 8 7 . 2 9 3 .
300
Carta de Tiago - 178
Cartas aos Hebreus - 158
Cartas católicas - 177
Cartas de João - 178, 315, 320, 3 3 8 . 393
Cartas de Tiago - 30
407 ÍNDICE ANALÍTICO
D
Dádiva de salvação - 68
Dádiva do Espírito Santo - 50, 2 6 9
" Daniel - 107
Decisão - 34, 68, 73, 93, 114, 123, 154, 2 8 7 , 2 8 8 , 3 1 6 , 321, 322, 3 6 5
Denominar Deus - 60
Descrença - 2 8 6 , 3 5 5 , 361
Desenvolvimento - 31, 43, 45, 59, 140, 155, 163, 173, 3 9 8
Desmitologização - 215
Deus - 31, 4 1 , 4 3 , 4 5 , 4 6 , 4 9 , 5 1 , 5 2 , 5 3 , 54, 55. 5 6 . 5 9 , 60, 61, 62. 63, 65, 66, 67, 68,
69, 70, 71, 72., 73, 75, 76, 77, 78, 80, 81, 82, 83, 84, 86, 87, 89, 91, 92, 93, 96,
97, 99, 100, 102, 103, 104, 105, 107, 109. 111. 112, 113, 114, 115, 117, 119,
122, 123, 124, 125, 126, 127, 129, 132, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 143,
144, 145, 146, 148, 150, 152, 153, 154, 155, 156, 157, 159, 161, 162, 166, 167,
168, 169, 170, 171, 176, 183, 185, 187, 188, 189, 190. 191, 192, 194, 195, 196,
197, 2 0 0 , 2 0 1 , 202, 2 0 3 , 2 0 4 , 2 0 5 . 206, 2 0 7 , 2 0 8 , 209, 210, 2 1 2 , 2 1 3 . 2 1 4 , 2 1 5 ,
216, 2 1 7 , 218, 220, 221, 2 2 2 , 2 2 3 , 224, 2 2 5 , 226, 2 2 7 , 228, 2 2 9 , 2 3 0 , 2 3 1 . 2 3 2 ,
233, 2 3 4 , 2 3 5 . 236, 2 3 7 . 2 3 8 . 2 3 9 , 240, 2 4 2 , 2 4 3 . 244, 245, 2 4 6 . 247, 248, 2 4 9 ,
251, 2 5 2 , 2 5 3 , 255, 256, 2 5 7 , 2 5 8 , 259, 2 6 0 , 2 6 1 . 262, 263, 264, 2 6 5 , 2 6 7 , 2 6 8 ,
269, 2 7 1 , 2 7 2 . 274, 2 7 5 . 2 7 7 . 2 7 9 . 280, 281, 283, 2 8 4 , 285, 286, 2 8 7 , 288, 289,
409 ÍNDICE ANALÍTICO
2 9 0 , 291, 292, 2 9 3 , 2 9 5 , 2 9 6 , 2 9 7 , 2 9 8 , 299, 302, 304, 305, 306, 307. 308, 309,
310, 311, 312, 3 2 3 , 3 2 4 , 325, 328, 329, 330, 331, 332, 333, 334, 335, 336, 337,
338, 339, 340, 3 4 1 , 342, 344, 3 4 5 , 346, 347, 348, 349, 351, 353, 354, 356, 357,
358, 360, 361, 3 6 2 , 363, 364, 366, 367, 368, 369, 370, 371, 372, 373, 374, 375,
376, 377, 378, 379, 3 8 0 , 381, 383, 384, 385, 389, 391, 392, 393, 394, 395, 396,
397, 398, 399, 4 0 0 , 4 0 1 , 4 0 2 , 4 0 3
Deus de Israel - 7 9
Deutero-Isaías - 144
Dia do juízo - 52, 60, 63, 88, 185, 2 2 2 . 2 2 8 , 2 8 2 . 287, 2 9 9
Discipulado - 58
Discípulo a quem Jesus amava - 3 2 0
Discípulo predileto - 320
Discípulos - 44, 5 2 , 5 3 , 5 7 , 6 1 , 6 2 , 6 3 , 6 5 , 7 5 , 88, 90, 9 5 , 9 7 , 100, 1 0 3 , 1 1 7 . 1 1 8 , 1 2 0 ,
122, 123, 125, 126, 129, 130, 133, 135, 137, 140, 149, 152, 160, 170, 175, 3 1 0 ,
3 2 0 , 323, 3 2 7 . 3 3 5 , 3 3 9 . 350, 3 5 1 , 356, 360, 366, 369. 370, 371, 374, 379, 3 8 0 ,
383, 384, 386, 3 8 7 , 3 8 8 , 3 9 6
Discípulos de João Batista - 170
Discursos de despedida - 382, 3 8 4 . 386, 389
Ditos isolados - 4 1 , 151, 3 1 9
Dogmática - 30, 31
Doutrina da salvação - 183, 282
Dualismo - 158, 2 2 2 , 2 3 2 , 325, 3 2 6
E
Ekklesía - 168
Eleição - 2 8 6 , 2 8 8 , 3 3 2
Eleitos - 1 6 6 , 2 8 4 , 2 9 1
Elementos do mundo - 186, 218, 2 2 4 , 2 3 4 , 2 3 5 , 2 3 8
Em Cristo - 139, 155, 158, 162, 163, 168, 170, 178, 184, 186, 187, 188, 190, 191,
193, 195, 198, 2 0 5 , 2 0 8 , 2 1 1 , 2 1 3 , 2 1 7 , 2 1 8 , 2 2 0 , 2 2 6 , 233, 235, 236, 237, 2 3 8 ,
2 4 0 , 242, 2 4 3 , 2 4 4 , 2 4 5 , 2 4 7 , 2 5 0 , 2 5 2 , 2 5 4 , 2 5 7 , 259, 261, 262, 263, 266, 2 6 7 ,
2 6 8 , 269, 2 7 1 , 2 7 2 , 2 7 7 , 2 7 9 , 2 8 2 , 2 8 3 , 2 8 5 , 2 8 8 , 289, 2 9 0 , 294, 296, 2 9 9 , 3 0 1 ,
308, 311, 312, 3 5 2 , 3 5 6 , 357, 360, 362, 3 6 5 , 366, 370, 372, 373, 374, 376, 3 7 9 ,
397, 401
E n c o n t r o - 5 0 , 6 2 , 6 4 , 6 5 , 6 8 , 7 0 , 7 8 , 9 1 , 114, 115, 118, 119, 130, 1 3 5 , 1 3 6 , 1 4 1 , 1 5 9 , -
2 0 1 , 202, 2 0 7 , 2 0 8 , 2 8 4 , 2 9 0 , 2 9 4 , 3 3 6 , 337, 3 4 0 , 349, 350, 366, 384, 3 9 1 , 4 0 0 ,
401,403
Enviado - 49, 58, 87, 91, 9 6 , 111, 115, 119, 152, 157, 162, 196, 216, 250, 283, 330,
331, 333, 334, 335, 3 4 2 , 367, 3 8 1 , 397
E n v i a r - 138, 2 0 4
Envio - 45, 56, 87, 91, 111, 144, 156, 186, 187, 189, 2 0 4 , 214, 235, 2 5 0 , 304, 325,
332, 334, 336, 3 6 3 , 3 6 4 , 372., 376, 378, 381, 389, 396, 397, 399
410 ÍNDICE ANALÍTICO
Éon - 186, 187, 189, 191, 193, 2 0 3 , 2 0 7 , 234, 2 3 5 , 237, 240, 241, 2 5 2 , 2 6 9 , 2 7 9 , 2 8 0 ,
296, 311, 396
Éons - 1 9 1 , 2 3 3 , 2 4 1 , 2 8 0
Epifania - 160
Epístolas de Paulo - 302
Epistula Apostolorum - 2 3 6
Escatologia - 73
Escatológica - 56, 77, 79, 91, 93, 95, 107, 108, 112, 12.1, 124, 125, 126, 127. 129,
138, 139, 148, 155, 167, 168, 171, 173, 181, 183, 186. 187, 189, 190, 191, 199,
2 0 9 , 2 1 3 , 2 1 7 , 2 3 9 , 2 4 1 , 2 6 1 , 2 6 9 , 2 7 5 , 2 8 0 , 2 9 2 , 2 9 3 , 301, 303, 306, 307, 308,
309, 311, 312, 336, 337, 338, 359, 382, 395, 396, 397, 398, 3 9 9 , 4 0 0 , 4 0 1 , 4 0 2
Escatológico - 50, 52, 57, 6 2 , 6 6 . 7 7 , 9 1 , 9 3 , 9 4 , 9 6 , 9 7 . 9 9 , 108, 112, 113, 115, 118,
119, 125, 138, 147, 156, 166, 168, 169, 171, 187, 188, 189, 191, 193, 199, 2 0 0 ,
214, 242, 244, 245, 247, 251, 2 5 2 , 2 5 6 , 2 6 2 , 263, 268, 271, 2 7 2 , 286, 304, 307,
309, 311, 330, 336, 359, 382, 390, 395, 396, 398, 399, 4 0 0 , 4 0 1 , 4 0 3
Escolha - 165, 1 6 8 , 2 8 7 , 3 8 5
Escriba - 79, 108
Escribas - 67, 69, 74, 75, 77, 97, 117
Escritura Sagrada - 29
E s p e r a n ç a - 4 7 , 5 0 , 5 3 , 5 4 , 5 7 , 60, 63, 7 7 , 9 3 , 9 4 , 9 7 , 99, 101, 109. 1 1 2 , 1 1 5 , 1 1 9 , 121,
122, 127, 132, 138, 140, 147, 171, 184, 185, 193, 199, 200, 2 0 9 , 221, 234, 2 5 1 ,
252, 2 5 3 , 2 6 4 , 2 7 6 , 2 8 0 , 2 8 2 , 2 8 5 , 2 8 8 , 2 9 0 , 2 9 1 , 2 9 2 , 293, 294, 295, 297, 2 9 8 ,
300, 301, 303, 312, 358, 3 7 6 , 3 8 7 , 3 9 7 , 399, 4 0 1
Esperança de ressurreição - 132
Esperança de salvação - 5 4
Esperança pela Proximidade - 183
Esperança por um redentor - 93, 97, 122
Esperanças - 4 6 , 93, 95, 101, 114, 2 9 8
Esperar - 50, 5 4 , 56, 60, 64, 102, 140, 2 1 4 , 2 7 0 , 2 8 2 , 2 9 5 , 393
Espírito - 87, 161, 198, 2 1 2 , 2 1 3 , 2 1 9 , 2 2 1 , 2 2 2 , 2 7 0 , 272., 305, 3 2 5 , 3 5 2 , 375, 3 7 8 ,
379, 3 8 0
Espírito de Deus - 170, 211, 212, 2 1 6 , 2 6 9 , 3 8 0 , .396
Espírito divino - 161, 169, 176, 194, 2 2 0 , 2 6 1 , 2 8 5 , 2 9 6 , 353, 378, 379, 380, 381,
382, 38.5
Espírito S a n t o - 4 9 , 1 3 8 , 1 4 1 , 1 4 3 , 1 4 5 , 1 6 1 , 162, 1 6 9 , 1 7 0 , 1 8 4 , 1 9 4 , 2 0 1 , 2 0 9 , 2 1 1 , 2 1 3 ,
2 1 5 , 2 5 7 , 2 5 9 , 2 6 9 , 2 7 7 , 2 7 9 , 2 8 . 5 , 2 8 8 , 304, 380, 3 8 2 , 3 8 3 , 3 8 4 , 386, 3 8 7 , 3 8 9 , 393
Essênios - 166
Eu sou - 64, 7 2 , 82, 95, 118, 120, 2 7 7 , 340, 347, 348, 354, 355, 368, 371
Evangelho - 34, 39, 41, 45, ,50, 52, 56, 71, 87, 90, 99, 103, 1.30, 133, 135, 141, 154,
161, 162, 167, 170, 1 7 5 , 2 4 3 , 2 8 7 , 2 9 8 , 3 1 5 , 316, 317, 318, 320, 321, 323, 324,
326, 327, 328, 331, 3.33, 337, 338, 339, 3 4 0 , 342, 343, 345, 346, 3,50, 354, 359,
362, 363, 364, 373, 375, 377, 378, 382, 3 8 3 , 385, 386, 387, 393, 397, 399
411 ÍNDICE ANALÍTICO
Evangelho de João - 34, 39, 50, 162, 316, 317, 318, 320, 321, 323, 324, 326, 327,
328, 331, 333, 337, 3 3 8 , 339, 340, 3 4 5 , 347, 354, 359, 363, 365, 373, 375, 378,
382, 385, 386, 3 8 7 , 3 9 7 , 3 9 9
Evangelho de Lucas - 322
Evangelho de Marcos - 4 0 , 41, 130, 133, 321
Evangelhos - 34, 36, 39, 4 1 , 42, 43, 4 4 , 4 5 , 4 6 , 50, 51, 52, 61. 75, 83, 84, 88, 89, 93,
94, 95, 99, 102, 105, 106, 129, 134, 1 3 5 , 1 4 1 , 159, 177, 301, 302, 303, 317, 318,
322, 323, 338, 3 9 3
Evento salvífico - 88, 89, 113, 364, 381, 398
Exaltação - 139, 168, 196, 208, 2 1 5 , 304, 309, 338, 362, 363, 364, 383, 385, 389
Exigência - 58, 65, 68, 69, 78, 82, 164, 215, 229, 240, 279, 2 8 0 , 285, 305, 325, 329,
330, 394
Exigências - 47, 69, 75, 2 4 6 , 2 8 0
Exortação - 2 7 1 , 2 7 9 , 2 8 1 , 396
Exortações - 2 7 6 , 2 7 7 , 2 7 8
Expectativa escatológica - 303, 399
Expectativa futura - 186, 3 9 0
Expectativa imediata - 3 9 9
Expectativa salvífica - 2 9 6 , 297
Expulsão de demônios - 91
Expulsar demônios - 66, 159
F
Falar em línguas - 169, 2 6 9
Fariseus - 69, 74, 75, 87, 98, 100, 117, 166, 167, 324, 366
Fé - 2 9 , 3 0 , 3 1 , 3 2 , 4 0 , 4 1 , 4 2 , 4 3 , 4 6 , 5 0 , 5 7 , 6 6 , 6 7 , 7 4 , 83, 8 5 , 8 9 , 9 8 , 1 0 3 , 1 0 4 , 105,
112, 116, 117, 119, 123, 131, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 141, 143, 147, 148,
151, 153, 155, 157, 158, 161, 162, 163, 166, 175, 178, 183, 186, 189, 190, 191,
193, 194, 201, 2 0 4 , 2 0 6 , 213, 2 1 7 , 2 1 9 , 226, 228, 229, 231, 236, 2 3 7 , 2 3 9 , 2 4 3 ,
2 4 4 , 245, 246, 2 4 7 , 2 4 8 . 2 4 9 , 2 5 0 , 2 5 1 , 252, 2 5 6 , 257, 258, 264, 266, 2 6 7 , 2 6 8 ,
2 6 9 , 272, 273, 2 7 5 , 2 7 6 , 2 7 9 , 2 8 0 , 2 8 2 , 2 8 5 , 2 8 6 , 287, 2 8 9 , 2 9 4 , 301, 304, 3 0 8 ,
3 0 9 , 310, 317, 323, 3 2 6 , 327, 3 2 8 , 329, 334, 336, 339, 340, 343, 356, 358, 359,
3 6 0 , 362, 364, 3 6 6 , 3 6 7 , 368, 3 6 9 , 3 7 0 , 3 7 1 , 372, 374, 376, 377, 378, 379, 381,
386, 387, 389, 392, 3 9 4 , 396, 398, 399, 4 0 0 , 4 0 1 , 402, 4 0 3
Fé na ressurreição - 4 0 , 43, 98, 131, 134, 137, 138, 139, 152, 309, 396, 401
Feito salvífico - 208, 2 7 9 , 290, 360, 3 7 8
Feitos milagrosos - 381
Filho de Davi - 90, 94, 101, 102, 145
Filho de Deus - 83, 102, 103, 105, 144, 145, 146, 157, 158, 162, 194, 195, 2 0 4 , 2 0 5 ,
2 0 7 , 210, 2 1 3 , 216, 2 1 7 , 2 4 9 , 2 5 5 , 2 6 2 , 266, 272, 288, 303, 308, 329, 330, 336,
340, 346, 356, 364, 377, 378, 381, 396, 402
Filho do homem - 52, 53. 5 5 , 67, 69, 87. 93, 94, 95, 97, 98. 102, 105, 106, 109, 110,
412 ÍNDICE ANALÍTICO
111, 115, 117, 120, 121, 141, 153, 157, 198. 199, 309, 3 2 9 . 338, 339, 340, 3 4 7 ,
349, 3 5 8 , 359, 361, 3 6 3 , 364, 365, 367, 379, 395
Filhos de Deus - 6 3 , 1 8 7 , 2 1 3 , 2 3 6 , 2 6 8 , 2 7 0 , 2 8 8 , 2 9 1 , 3 4 5 , 3 5 8 , 3 6 9 , 3 7 5 , 376, 3 8 9 , 3 9 7
Filiação a Deus - 213, 375
Filiação divina - 103, 105, 160, 161, 162, 323, 330, 365
Fim do mundo - 2 3 4 , 395, 4 0 3
Fogo-46, 49,91,283
Fonte dos Ditos - 40, 41, 56, 87, 110, 121
Força - 67, 160, 223, 281, 2 8 5 , 367, 381
Fruto - 4 6 , 47, 50, 53, 124, 125, 171, 283, 3 5 1 . 372, 374, 388, 3 9 8
Futuro- 54, 6 1 , 6 3 , 6 5 , 6 6 , 7 0 , 92, 109, 112, 113, 114, 119, 122, 126, 127, 147, 183,
187, 191, 196, 198, 2 1 4 , 2 2 6 . 2 3 1 , 2 3 3 , 2 5 2 , 2 6 4 . 2 9 8 , 304. 313, 330, 336, 3 3 9 ,
358, 359, 395, 398, 3 9 9 , 4 0 0 , 402
G
Gálatas - 173, 182, 1 8 5 , 2 3 1 , 2 4 3
Galiléia- 130, 133. 135, 163, 329
Gentílico-cristãos - 164, 175, 198
Gentílico-helenista - 156, 159, 162
Gentios - 4 8 , 85, 107, 139, 143, 175, 190, 194, 2 0 6 . 2 2 2 , 228, 2 3 0 , 2 4 3 , 2 9 9
Geração - 4 2 , 5 2 , 5 3 , 73, 87, 9 0 , 92, 109, 110. 121, 1 6 1 , 2 0 4 , 2 1 0 , 2 5 9 , 3 7 5 , 3 8 9 , 394
Getsêmani - 120, 122, 3 1 9 , 324, 333
Glória - 55, 106, 110, 114, 115, 118, 121, 125, 126, 129, 138, 139, 140, 142, 147,
157, 184, 187, 193, 1 9 5 , 2 0 0 , 2 0 2 , 2 0 3 , 2 0 7 , 2 0 8 , 2 1 2 , 2 1 5 , 2 1 7 , 2 2 3 , 2 2 5 , 2 2 6 ,
2 2 8 , 2 3 3 , 2 3 5 , 2 3 6 , 2 3 8 , 2 4 3 , 2 5 1 , 2 5 7 , 2 6 3 , 2 6 9 , 2 7 2 , 275, 2 8 1 , 2 8 3 , 2 8 7 , 2 8 9 ,
290, 2 9 1 , 2 9 2 , 2 9 4 , 295, 2 9 6 , 2 9 7 , 298, 300, 311, 312, 327, 3 3 2 , 336, 339, 3 4 5 ,
346, 349, 359, 361, 3 6 2 , 368, 376, 388, 395, 3 9 6 , 397, 399
Glória de Deus - 55, 157, 184, 1 9 5 , 2 0 0 , 2 0 2 , 2 0 3 , 2 0 7 , 2 0 8 , 217, 2 2 3 , 2 3 6 , 2 4 3 , 2 7 5
Glorificar - 72, 224, 386, 4 0 4
Gnose - 158, 326, 335, 344, 3 5 4
Gnose judaica - 326, 344
Gozo - 55, 81, 3 6 0
Graça - 7 3 , 7 7 , 131, 188, 1 9 3 , 2 0 3 , 2 0 6 , 2 1 2 , 2 1 4 , 2 2 5 , 2 2 8 , 2 3 1 , 2 3 2 , 2 3 9 , 2 4 0 , 2 4 3 ,
245, 2 5 0 , 251, 252, 253, 2 5 5 , 257, 271, 2 7 8 , 2 8 0 , 2 8 1 , 284, 2 8 5 , 2 8 9 , 345, 349
Gratidão - 68, 79, 208, 2 8 9 , 397, 4 0 0
H
H i s t ó r i a - 3 2 , 3 4 , 4 0 , 4 8 , 8 5 , 9 6 , 9 8 , 105, 117, 129, 143, 159, 177, 179, 187, 188, 189,
190, 191, 193, 194, 195, 1 9 7 , 2 0 0 , 2 0 4 , 2 1 6 , 304, 319, 327, 328. 337, 349, 381,
386, 389, 396, 398
História da forma - 85
Histórias de milagres - 84
413 ÍNDICE ANALÍTICO
Historicidade - 4 4 , 97
Histórico-reiigioso - 4 9 , 85
Homem - 42, 47, 53, 5 9 , 61, 62, 63, 65, 67, 68, 7 0 , 7 1 , 7 2 , 7 5 , 78, 80, 81, 82, 85, 89,
9 1 , 9 7 , 9 9 , 105, 106, 1 0 8 , 1 0 9 , 110, 111, 112, 113, 1 1 4 , 1 1 6 , 117. 119, 121, 122,
125, 127, 129, 140, 141, 142, 151, 158, 159, 160, 161, 162, 188, 192, 194, 196,
197, 198, 199, 2 0 2 , 2 0 4 , 205, 2 0 6 , 2 0 8 , 2 0 9 , 210, 214, 215, 216, 217, 2 1 8 . 2 1 9 ,
2 2 0 , 221, 2 2 2 , 2 2 3 , 2 2 4 , 225, 2 2 6 , 2 2 7 , 2 2 8 , 2 2 9 , 232, 2 3 3 , 2 3 4 , 2 3 6 , 238, 240,
2 4 2 , 243, 2 4 4 , 2 4 6 , 2 4 7 , 250, 2 5 1 . 2 5 3 , 2 5 5 , 2 5 6 , 2 5 9 , 261, 264, 270, 272, 2 8 3 ,
2 8 4 , 287. 2 8 9 , 2 9 4 , 2 9 6 , 302, 304, 305, 306, 307, 309, 310, 3 1 1 . 326, 329. 332,
333, 334, 335, 338, 339, 340, 3 4 2 , 3 4 5 , 346, 348, 349, 352, 355, 356, 361, 365,
366, 367, 3 7 1 , 375, 378, 380, 395, 396, 397, 398, 399, 400, 4 0 1 , 4 0 2
Homem celestial - 198, 199, 261
Homem escatológico - 2 0 0 , 311
Hominização - 2 1 7 , 2 3 6
Humilhação - 193, 212, 2 1 5 , 249, 2 8 8 , 2 9 1 , 2 9 4 , 4 0 1
I
Idéia de Deus - 3 0 5
Igreja - 30, 32, 58, 71, 2 5 5 , 261, 2 6 2 , 2 7 4 , 2 8 6 , 304, 307, 311, 346, 3 8 5 , 387, 389,
392
Igreja antiga - 30, 194, 317
Igual a Deus - 1 9 5 , 2 1 7
Igualdade - 195, 331
Iluminismo - 30
Imagem de Deus - 1 5 8 , 2 0 7 , 309
Imagem de Jesus - 43, 159, 288, 3 2 4 , 3 2 8
Imagem do (homem) celestial - 1 8 8 , 2 0 0
Imitação de Cristo - 2 1 0
Imperativo - 2 7 7 , 2 7 8 , 2 8 0 , 281
Imperativos - 2 7 0 , 277
Indicativo - 277
Indicativos - 277
Inferno - 55, 58, 60, 89
Inimizade - 1 6 5 , 2 2 4 , 2 2 7 , 2 5 4
Intercessor - 382
Ira de Deus - 47, 2 4 8 , 2 5 4 , 305
Ira divina - 242, 256, 2 9 9
Irmão do Senhor - 173, 174, 203
Isaías - 4 5 , 56, 119, 153, 154, 2 3 6 , 3 8 8
Israel - 4 6 , 53, 54, 58, 90, 91, 94, 109, 142, 167, 173, 189, 190, 246, 2 6 2 , 286, 2 9 9 ,
329, 330, 351, 3 8 9
414 ÍNDICE ANALÍTICO
J
Jeremias - 126
Jerônimo - 6 2
Jerusalém - 6 0 , 9 2 , 9 4 , 9 7 , 1 0 5 , 117, 1 3 6 , 1 4 9 , 152, 155, 163, 164, 172, 173, 174, 180
Jesus C r i s t o - 31, 33, 41, 4 2 , 4 3 , 4 5 , 83, 94, 131, 145, 148, 151, 155, 157, 158, 165,
168, 173, 175, 183, 186, 188, 193, 194, 195. 196, 197. 198, 2 0 0 , 201, 2 0 2 , 2 0 3 ,
204, 2 0 5 , 206, 208, 2 0 9 , 211, 2 1 3 , 2 1 4 , 2 1 6 , 2 1 7 , 2 2 6 . 2 3 2 , 2 3 3 . 2 3 5 , 2 3 6 , 2 3 7 ,
238, 2 4 3 , 245, 246, 2 4 7 , 2 4 9 , 2 5 0 , 2 5 2 , 2 5 6 , 2 5 7 , 258. 2 6 2 , 2 6 3 , 2 7 9 , 2 8 3 , 2 8 4 ,
286, 287, 291, 292, 2 9 4 , 2 9 7 , 302, 308, 309, 3 1 1 , 3 1 5 . 316, 3 2 9 , 334, 335, 3 3 6 .
339, 342, 343, 345, 346, 348, 349, 352, 356, 358, 360. 364, 366, 369, 372, 3 7 4 ,
376, 377, 378, 380, 381, 382., 3 8 6 , 387, 388, 389, 391, 392, 393, 397, 399, 4 0 0 ,
401,402,403,404
Jesus Histórico - 3 9 , 4 0 , 4 1 , 4 2 , 17.5, 178, 301, 303, 317, 319, 3 2 7 , 3 4 0
João Batista - 45, 46, 47, 48, 4 9 , 50, 51, 52, 56, 65, 71, 84, 87, 92, 9.5, 103, 1 1 1 , 1 1 8 ,
324, 342, 345, 363, 381
Jordão - 47, 51
José - 88, 129, 162, 329
Judaico-cristãos - 164, 174, 176, 1 8 4 , 2 4 4
Judaico-helenista - 1.55, 1.59, 161, 162, 196
Judaísmo - 42, 44, 48, 61, 63, 64, 7 0 , 74, 80, 93, 94, 104, 106, 112, 119, 124, 146,
1.50, 1,58, 160, 161, 165, 169, 172, 180, 186, 199, 2 0 7 , 245, 2 4 6 , 254, 298, 3 0 1 ,
303, 312, 325, 326, 335, 3 4 0 , 343, 348, 375, 38.5, 395
Judaísmo helenista - 158, 161, 2 0 0 , 325, 3 4 3
Judaísmo heterodoxo - 326, 335
Judaísmo palestinense - 61, 104, 124, 180, 2 9 8 , 303, 3 2 5 , 326, 3 4 3
Judas Iscariotes - 129
• judeus - 2 9 , 4 7 , 48, 50, ,57,70, 71, 73, 77, 78, 79, 81, 84, 86, 100, 103, 1 0 5 , 1 1 1 , 114,
122, 134, 146, 149, 151, 165, 169, 171, 172, 179, 180, 185, 190, 19.3, 197, 2 0 3 ,
211, 2 2 2 , 2 2 7 , 231, 243, 2 4 4 , 2 5 4 , 2 5 9 , 2 6 2 , 2 7 5 , 286, 300, 301, 324, 329, 3 3 0 ,
3.33, 335, 361, 371, 3 8 8
Judeus da diáspora - 165, 180
Juiz - 4 6 , 49, 60, 62, 65, 82, 107, 149, 330, 3 9 4
Juiz universal - 149
Juízo - 32, 3 4 , 4 6 , 4 7 , 4 8 , 4 9 , 5 1 , 5 2 , 55, 6 0 , 6 5 , 7 1 , 7 8 , 8 6 , 9 1 , 9 2 , 9 3 , 108, 113, 176,
181, 183, 193, 225, 2 2 6 , 2 4 8 , 2 7 4 , 2 7 6 , 2 7 9 , 2 8 1 , 282, 283, 2 8 4 , 2 8 5 , 286, 2 9 8 ,
305, 3 0 9 , 3 3 6 , 340, 353, 356, 357, 358, 359, 383, 394, 397
Juízo de fogo - 9 1
Juízo final - 4 8 * 4 9 , 51, 183, 2 4 8 , 397
Juízo universal - 3 3 6
Julgamento - 2 8 4 , 331, 339
Justiça - 6 4 , 6 9 , 82, 184, 185, 188, 189, 190, 1 9 2 , 2 0 1 , 2 2 4 , 2 2 5 , 2 2 7 , 2 2 8 , 2 2 9 , 2 3 1 ,
2 3 2 , 2 3 3 , 2 3 4 , 2 3 9 , 2 4 3 , 2 4 4 , 2 4 5 , 2 4 6 , 2 4 7 , 2 4 9 , 2.50, 251, 2.52, 2 5 3 , 254, 2 5 7 ,
271, 2 7 2 , 2 7 7 , 2 8 0 , 2 8 3 , 2 8 5 , 2 9 4 , 2 9 5 , 306, 307, 3 7 6 , 383
415 ÍNDICE ANALÍTICO
Justiça divina - 1 8 9 , 2 8 5 , 2 9 5
Justificação - 111, 183, 2 2 5 , 242, 244, 245, 2 4 6 , 2 4 7 , 2 4 8 , 249, 2 5 2 , 2 5 3 , 2 5 5 . 2 5 7 ,
2 5 8 , 263, 2 6 8 , 2 8 2 , 2 8 5 , 306, 3 1 0
Justo - 64, 82, 2 4 3 , 2 4 5 , 2 4 6 , 247, 2 4 9 , 2 5 0 , 2 5 2 , 2 8 2 , 2 8 6 , 289, 371, 382
Justos - 55, 57, 63, 67, 72, 107, 206, 248, 253, 2 7 2 , 2 9 8
Iv
Kyrios - 2 0 0
L
L e i - 6 7 , 7 1 , 7 3 , 7 5 , 8 1 , 9 1 , 9 2 , 126, 156, 164, 166, 175, 1 8 6 , 1 8 9 , 1 9 1 , 1 9 2 , 2 0 8 , 2 1 3 ,
2 1 8 , 219, 220, 2 2 2 , 223, 224, 227, 2 2 8 , 229, 230, 231, 232, 233, 234, 238, 2 3 9 ,
2 4 0 , 243, 244, 2 4 6 , 2 4 7 . 2 5 0 , 2 5 2 , 256, 2 6 5 , 2 6 9 , 279, 280, 2 8 2 , 284, 285, 2 8 9 ,
305, 307, 308, 329, 330, 343, 345, 3 4 9
Lei de Deus - 2 2 3 , 2 2 9 , 2 3 0
Lei divina - 67, 230, 3 0 5
Liberdade - 33, 186, 2 1 3 . 2 3 4 , 236, 2 3 9 , 240, 2 7 9 , 2 8 1 , 2 8 7 , 2 9 1 , 325, 368
Libertação - 2 3 4 , 2 3 8 , 2 4 0 , 356, 361
Luz - 55, 72, 151, 158, 178, 207, 217, 324, 325, 326, 341, 343, 344, 347, 348, 3 5 2 ,
358, 365, 367, 3 7 0 , 373, 4 0 3
M
M. Buber - 301
M Lutero - 29, 30, 33, 62, 183, 2 3 6 , 2 4 6 , 385, 3 9 2 , 393
Mal - 7 5 , 78, 115, 192, 198, 2 2 1 , 2 2 3 , 2 3 0 , 2 3 7 , 2 3 8 , 244, 254, 2 7 6 , 2 8 2 , 284, 2 8 9 ,
310, 354, 357, 385
Maldição - 192, 2 3 8 , 2 3 9 , 3 0 8
Mandamento - 74, 7 5 , 7 6 , 7 7 , 79, 2 2 9 , 2 3 1 , 2 8 0 , 306, 327, 332, 351, 3 6 9 , 370
Mandamentos - 70, 7 3 , 74, 76, 79, 306, 360, 369, 373, 374, 376
Mandeus - 326
Maranatha - 147, 148, 201
Marcos - 4 0 , 4 1 , 4 5 , 4 9 , 5 2 , 5 4 , 5 6 , 61, 87, 8 9 , 9 4 , 9 6 , 9 8 , 9 9 , 1 0 3 , 1 2 0 , 1 2 2 , 1 2 3 , 125,
126, 129, 130, 133, 134, 135, 154, 159, 161, 170, 175, 184, 319, 321, 387
Maria - 88, 133, 145, 162, 337
Mateus - 40, 49, 54, 58, 60, 69, 7 2 , 7 6 , 78, 102, 123, 125, 130, 149, 162, 167, 170,
333
Mediador da salvação - 207
Mensageiro - 45, 50, 95, 312
Mensagem - 33, 34, 3 9 , 4 2 , 5 2 , 5 4 , 6 0 , 6 8 , 8 5 , 87, 116, 131, 134, 139, 172, 183, 195,
196, 216, 218, 2 3 3 , 2 3 7 , 2 3 8 , 2 4 0 , 2 4 1 , 2 4 2 , 244, 250, 251, 2 5 2 , 2 5 3 , 2 5 6 , 2 5 7 ,
2 6 3 , 267, 2 7 5 , 2 7 8 , 2 8 0 , 2 8 1 , 2 8 4 , 2 8 6 , 3 0 2 , 303, 306, 308, 3 0 9 , 312, 313, 3 2 5 ,
416 ÍNDICE ANALÍTICO
327, 356, 361, 374, 376, 379, 381, 3 8 4 , 386, 3 8 7 , 389, 391, 393, 394, 397, 3 9 8 ,
400, 402, 403
Mensagem de salvação - 244, 281, 312
Messias - 93, 94, 9 6 , 9 9 , 101, 103, 108, 119, 122, 139, 140, 142, 144, 145, 146, 147,
148, 154, 167, 193, 3 2 8 , 337, 388
Milagre - 85, 89, 327
Milagres - 84, 88, 89, 162, 3 6 6
Milagroso - 90
Misericórdia - 90, 185, 2 8 6 , 2 9 9
M i s s ã o - 6 5 , 7 8 , 9 9 , 115, 117, 119, 121, 122, 127, 138, 140, 154, 161, 167, 174, 176,
251,307,326,400
M i s t é r i o - 96, 114, 1 1 7 , 2 3 3
Mistérios - 2 6 5 , 2 6 7 , 2 8 3
Mística - 2 7 0 , 2 7 2 , 2 7 5 , 334, 372, 373, 374, 3 7 6
Mito - 199, 2 1 7 , 2 3 6 , 335, 3 3 6 , 339, 344, 3 4 6
Moisés - 74, 8 9 , 9 3 , 160, 166, 189, 191, 229, 2 3 0 , 2 3 1 , 329, 338, 3 4 5 , 3 4 9 , 3 6 5 , 3 7 9 ,
388
Monoteísmo - 150, 217
Morrer com Cristo - 2 6 4 , 2 6 5 , 2 6 7 , 268, 271
Morte hereditária - 2 2 6
Mundo - 32, 35, 39, 44, 54, 61, 66, 85, 107, 109, 147, 157, 158, 169, 186, 187, 191,
195, 196, 2 0 2 , 2 0 8 , 2 1 6 , 2 1 7 , 2 1 8 , 2 1 9 , 2 2 2 , 2 2 4 , 2 2 5 , 2 2 6 , 2 2 7 , 2 2 9 , 2 3 0 , 2 3 2 ,
234, 2 3 5 , 2 3 6 , 237, 2 3 9 , 2 4 0 , 2 4 2 , 2 5 0 , 2 5 1 , 2 5 2 , 2 5 3 , 2 5 6 , 2 6 3 , 2 6 6 , 2 7 1 , 2 7 9 ,
280, 2 8 4 , 2 8 5 , 287, 2 9 0 , 2 9 8 , 308, 311, 325, 326, 329, 330, 331, 3 3 2 , 3 3 4 , 3 3 5 ,
336, 3 3 7 , 344, 347, 348, 349, 352, 353, 3 5 4 , 356, 357, 358, 359, 360, 361, 3 6 2 ,
363, 3 6 4 , 3 6 7 , 370, 371, 374, 376, 380, 381, 383, 384, 387, 388, 396, 3 9 7 , 3 9 8 ,
401,402,403
N
Nascimento - 101, 2 0 4 , 2 1 0 , 337, 375
Noivo - 118
N o m e - 5 0 , 6 2 , 6 9 , 8 4 , 9 7 , 145,148,153, 157,170, 177,181,186, 195,197, 199,201,
2 0 2 , 2 0 3 , 2 0 6 , 2 3 5 , 2 5 4 , 2 5 8 , 2 6 3 , 3 0 2 , 3 1 5 , 320, 323, 329, 333, 3 3 4 , 340, 3 4 2 ,
345, 3 4 7 , 352, 364, 367, 369, 375, 3 8 3
Nova aliança - 124, 126, 167, 3 1 0
Nova criação - 207
O
O saber-251, 400
Obedecer - 32, 91, 251, 280, 3 6 9
Obediência - 70, 74, 79, 81, 82, 100, 194, 195, 196, 198, 200, 2 0 2 , 2 0 5 , 2 0 6 , 2 0 9 ,
216, 2 3 4 , 245, 2 5 0 , 251, 2 5 2 , 2 5 3 , 2 8 6 , 312, 332, 372
417 ÍNDICE ANALÍTICO
P
Paganismo helenista - 303, 325
Pagão - 140, 147, 160, 227
Pagãos - 84, 149, 165, 190, 2 8 6 , 3 0 9
Palavras da instituição - 171, 377
Pão - 62, 124, 125, 126, 171, 2 0 1 , 2 0 3 , 2 6 0 , 273, 2 7 4 , 325, 347, 348, 357, 358, 363,
377,379
Papias - 321
Parábolas - 59, 63, 69
Partir do pão - 126
Parusia - 141, 146, 157, 173
Páscoa - 124, 125, 169
Pastor - 63, 347, 350, 3 5 1 , 368, 3 8 8
Paz - 91, 100, 184, 2 0 1 , 2 0 6 , 211, 2 3 5 , 2 4 7 , 2 5 3 , 254, 256, 2 5 7 , 262, 360, 373
Pecado hereditário - 2 2 6
Pedro - 58, 9 5 , 97, 122, 129, 132, 133, 134, 136, 137, 138, 142, 163, 167, 172, 173,
174, 177, 328, 3 2 9
Pentecostes - 138, 170, 3 9 4 , 397
Permanecer - 31, 68, 96, 159, 2 7 9 , 2 9 3 , 359, 360, 371, 373, 374, 388, 3 9 8
Perverso - 187, 191, 2 0 3 , 2 3 5 , 2 3 7 , 2 5 2 , 2 6 9 , 2 7 9 , 2 8 0 , 2 9 6 , 3 9 6
Pessoa de Jesus - 39, 42, 5 1 , 5 6 , 6 0 , 6 8 , 7 2 , 7 8 , 8 3 , 9 5 , 113, 114, 127, 1 2 8 , 1 3 0 , 152,
198, 210, 2 1 1 , 309, 3 2 8 , 345, 347, 349, 390, 393, 395
Pilatos - 97, 99, 100, 143, 330, 336
Plano de salvação - 2 3 2
Plano salvífico - 2 2 9
Plenitude da Salvação - 183
Poder - 53, 55, 57, 60, 66, 73, 82, 85, 86, 88, 90, 95, 115, 119, 143, 147, 151, 159,
160, 169, 184, 193, 2 0 2 , 2 0 4 , 2 0 9 , 2 1 1 , 2 1 2 , 2 1 3 , 2 1 8 , 2 2 0 , 2 2 2 , 2 2 8 , 2 3 0 , 2 3 3 ,
2 3 5 , 236, 2 3 7 , 2 3 8 , 2 3 9 , 2 4 0 , 2 4 2 , 2 4 3 , 2 4 9 , 2 5 0 , 257, 2 5 8 , 261, 264, 2 6 6 , 2 6 7 ,
2 6 8 , 269, 2 7 8 , 2 8 6 , 2 8 8 , 2 9 0 , 2 9 1 , 2 9 4 , 2 9 5 , 2 9 8 , 305, 311, 329, 333, 339, 356,
357, 360, 362, 363, 3 6 4 , 375, 385, 4 0 2
Poderes demoníacos - 2 1 8 , 2 3 5 , 2 3 8
Poderes do mundo - 2 3 9
Portador da salvação - 147, 197, 2 0 5 , 3 0 4 , 329, 337, 339, 345, 351, 352, 399, 4 0 0
Povo de Deus - 94, 108, 166, 168, 2 6 2 , 304
Povo salvífico - 167
418 ÍNDICE ANALÍTICO
Q
Qumran - 48, 94, 150, 166, 167, 172, 2 4 5 , 3 2 5
R
Rabi - 149, 3 3 0 , 3 6 6
Realidade da salvação - 2 1 4 , 3 9 7 , 4 0 1
Realidade de Deus - 3 5 0
Rebanho - 55, 58, 62, 368, 388, 3 8 9
Recompensa - 69, 70, 80, 81, 8 2 , 2 5 0 , 2 8 3 , 2 9 8 , 3 0 5
R e c o n h e c e r - 4 6 , 64, 7 7 , 8 6 , 8 8 , 8 9 , 1 1 2 , 1 2 3 , 145, 146, 157, 194, 1 9 8 , 2 1 6 , 2 3 0 , 2 3 8 ,
246, 265, 2 6 6 , 2 6 9 , 274, 300, 307, 309, 3 3 4 , 3 5 8 , 368, 370, 371, 376, 3 9 4
Redenção - 2 0 3 , 207, 2 1 4 , 2 2 6 , 2 3 3 , 2 3 4 , 2 3 7 , 2 3 9 , 2 4 0 , 242, 243, 2 4 5 , 252, 2 7 1 ,
2 9 1 , 326, 358, 375
Redentor - 93, 95, 99, 101, 102, 104, 105, 106, 107, 112, 114, 118, 2 3 6 , 326, 3 3 5 ,
339, 3 4 4
Refeição comunitária - 126, 171
Rei - 54, 60, 62, 79, 84, 94, 99, 101, 103, 199, 329, 3 3 0
Reino de Deus - 51, 52, 53, 54, 55, 57, 59, 60, 62, 63, 65, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 7 7 ,
80, 81, 86, 87, 91, 104, 113, 114, 124, 125, 183, 2 9 1 , 312, 325, 358, 375, 3 8 0
Reino de Satanás - 6 6
419 ÍNDICE A N A L Í T I C O
s
S á b a d o - 74, 88, 133, 1.51
Sabedoria - 52, 73, 88, 115, 158, 196, 2 0 7 , 2 1 9 , 2 3 4 , 235, 252, 271, 330, 344, 347,
351
Sacramento - 4 9
Saduceus - 1 6 6
Salmo cristológico - 194, 2 0 0
Salmos de Salomão - 94, 166
Salvação - 4 7 , 49, 54, 55, 57, 59, 65, 68, 80, 81, 83, 91, 93, 114, 129, 139, 143, 148,
154, 156, 159, 166, 168, 183, 185, 187, 190, 191, 193, 1 9 9 , 2 0 0 , 2 0 5 , 2 0 6 , 2 0 9 ,
2 1 1 , 213, 2 1 7 , 2 1 8 , 2 2 8 , 2 3 1 , 2 3 2 , 2 3 3 , 2 3 9 , 241, 242, 24.3, 244, 2 5 0 , 2 5 6 , 2 5 7 ,
2 6 1 , 269, 272, 2 7 4 , 2 7 6 , 2 7 9 , 2 8 0 , 2 8 1 , 2 8 3 , 2 8 4 , 2 8 5 , 2 8 6 , 2 8 7 , 2 8 9 , 2 9 0 , 2 9 2 ,
2 9 3 , 294, 295, 2 9 6 , 2 9 7 , 298, 2 9 9 , 301, 303, 305, 308, 309, 310, 311, 3 1 2 , 326,
3 2 9 , 330, 337, 339, 3 4 0 , 344, 3 4 8 , 349, 3 5 0 , 3,51, .352, 3.54, 357, 358, 3,59, 361,
364, 366, 372, 376, 3 7 8 , 379, 382, 386, 388, ,390, 393, 395, 396, 397, 398, 399,
4 0 0 , 401, 4 0 2 , 4 0 3
Salvação escatológica - 57, 187, 303, 309, 312, 39.5, 399
Salvador - 193, 2 1 2 , 2 9 4 , 334, 336, 337, 388
Salvador do mundo - 3 3 4 , 337
Sangue de Cristo - 2 7 3 , 2 7 4 , 364
Santa ceia - 1 5 1 . 3 2 4 , 363
420 ÍNDICE ANALÍTICO
Santidade - 73
S a n t o - 94, 143, 1 6 7 , 2 8 0 , 334
Satã - 236, 237
Satanás - 55, 66, 93, 96, 122, 186, 280, 290, 311
Schweitzer, A. - 301, 372
Século - 30, 32, 33, 39, 40, 4 1 , 58, 94, 98, 107, 139, 148, 150, 151, 178, 179, 186,
2 1 8 , 2 3 6 , 2 5 5 , 300, 315, 3 1 6 . 318, 320, 322, 323, 326, 392
Séculos - 30, 93, 186, 189, 2 4 5
S e n h o r - 4 2 , 4 5 , 5 4 , 60, 9 4 , 9 9 , 101, 1 2 5 , 1 2 6 , 136, 142, 1 4 5 , 1 4 7 , 148, 149, 150, 152,
157, 165, 166, 167, 171, 174, 175, 183, 184, 186, 187, 188, 190, 193, 194, 195,
196, 197, 200, 201, 202, 2.03, 206, 208, 210, 211, 212, 213, 2 1 5 , 2 1 6 , 232, 2 3 3 ,
234, 2 3 5 , 2 3 6 , 238, 243, 2 4 5 , 2 4 7 , 250, 2 5 2 , 2 5 5 , 257, 258, 2 6 0 , 2 6 2 , 263, 2 6 9 ,
271,272,273,274,275,277,279,280,283,284,285,287,290,291,294,295,
296, 297, 298, 302, 304, 306, 309, 310, 312, 321, 331, 337, 339, 368, 377, 378,
379, 394, 396, 397, 398, 399, 4 0 1 , 4 0 3
Senhorio de Deus - 1 5 7 , 3 9 6 , 4 0 0
Senhorio divino - 339
Ser Nascido de Deus - 372
Ser ressuscitado - 2 6 4 , 2 6 7
Sermão da Montanha - 72
Sermão do Monte - 76, 77, 149
Servir - 40, 48, 56, 63, 72, 95, 120, 153, 2 3 8 , 2 5 7 , 2 9 4 , 2 9 7 , 317
Servo de Deus - 119, 143, 153, 154
Servos de Deus - 2 2 4
Sofrimento - 121, 122, 144, 153, 154, 392
Sumo sacerdote - 94, 97, 9 8 , 9 9 , 102, 109, 142, 361
T
Tempo de alegrar-se - 118
Tempo de salvação - 66, 143, 186, 397, 398, 3 9 9
Tempo escatológico - 136, 191, 1 9 3 , 2 1 4 , 272
Tempo próximo - 303
Tempo salvífico escatológico - 193, 2 5 6
Testemunha - 56, 92, 124, 137, 139, 2 1 7 , 27,5, 3 0 8 , 321, 324, 381, 3 8 5
T e s t e m u n h a s - 4 2 , 4 4 , 9 7 , 131, 134, 1 3 6 , 1 3 7 , 1 3 8 , 140, 152, 1 6 2 , 1 6 3 , 1 6 4 , 1 7 3 , 2 1 6 ,
313, 3 6 6 , 388, 390, 3 9 1 , 399, 4 0 0 , 4 0 3
Testemunhas drressurreição - 136, 140, 163, 173
Testemunhas oculares - 44
Testemunho - 323, 324
Testemunho de Cristo - 322, 324, 343, 368, 3 8 4
Tiago - 88, 131, 133, 137, 163, 172, 173, 174
Tradição de Jesus - 40, 43, 106, 109, 119, 120, 153, 302
421 ÍNDICE A N A L Í T I C O
Trevas - 55, 158, 187, 2 1 7 , 235, 2 3 7 . 325, 343, 344, 348, 349, 358, 370
Túmulo - 129, 133, 134, 135
Túmulo vazio - 134, 135
Teologia da Bíblia - 30, 31, 32
u
Última ceia - 53, 123, 125, 127, 154. 167, 171, 2 1 0 . 377. 379
Ungido - 93, 94, 95. 97, 9 8 , 99, 102. 107. 109, 140, 142, 143, 152. 197, 328, 329,
330. 336, 337
U n i d a d e - 2 9 . 31. 35. 113, 131, 140, 170, 1 8 8 , 1 9 7 . 2 0 0 . 2 0 4 , 2 2 3 , 2 6 0 , 2 7 0 . 3 1 3 , 3 3 2 .
334, 335, 341, 369, 3 8 7 , 391, 392, 394, 4 0 2
V
Velho h o m e m - 2 2 1 , 2 6 4
V e r - 3 3 , 4 4 , 4 8 , 5 5 , 5 7 , 6 6 , 85, 118, 137, 1 6 8 , 1 7 1 , 1 9 4 , 2 5 1 , 2 9 5 , 3 0 4 , 3 0 6 , 3 0 9 , 3 3 2 ,
345, 358, 366, 375, 3 8 8 , 397
Verbo - 247, 3 6 4 , 3^<3 - 34?
Verdade - 29, 30, 33, 4 3 , 4 6 , 47, 50, 52, 53, 55, 57, 60, 61, 64, 66, 67, 68, 69, 71, 83,
86, 8 7 , 9 0 , 101, 124, 129, 138, 139, 144, 153, 155, 159, 168, 170, 180, 183, 200,
2 0 9 , 211, 2 1 5 , 2 2 2 , 2 3 1 , 2 3 4 , 2 3 6 , 2 4 2 , 2 4 5 , 2 4 7 , 252, 255, 256, 259, 2 6 2 , 272,
2 7 9 , 281, 287, 2 8 9 , 2 9 5 , 308, 3 1 3 , 323, 324, 327, 328, 330, 333, 339, 345, 347,
348, 349, 350, 352, 353, 3 6 2 , 3 6 5 , 367, 368, 371, 375, 377, 379, 380, 382, 384,
386, 387, 3 9 1 , 3 9 8 , 4 0 0 , 4 0 3
Vida de Jesus - 39
Vida eterna - 55, 8 0 , 1 1 5 , 2 3 2 , 2 5 7 , 2 8 1 , 2 8 3 , 2 9 1 , 3 3 1 , 3 3 9 , 3 4 8 , 3 5 3 , 3 5 6 , 3 5 7 , 358,
363, 365, 366, 367, 3 7 0 , 379, 3 8 7 , 388, 398, 399
Vida nova - 2 6 9
Vinda iminente - 2 9 7
Vocação - 103, 163, 173, 174, 182, 192, 2 0 7 , 2 7 2 , 275, 283, 288, 397
V o l t a - 4 7 , 58, 64, 6 5 , 6 8 , 7 5 , 8 1 , 8 9 , 9 2 , 1 0 6 , 1 3 0 , 151, 164, 1 7 3 , 3 0 6 , 3 1 6 , 3 2 1 , 3 2 2 ,
3 3 6 , 395
Vontade de Deus - 4 7 , 65, 67, 7 0 , 71, 72, 73, 75, 76, 77, 83, 93, 122, 123, 142, 153,
155, 190, 205, 2 2 3 , 2 2 7 , 2 2 9 , 2 3 0 , 231, 2 3 2 , 2 7 0 , 285, 305, 394, 4 0 0
Vontade salvífica - 117, 153, 2 3 2 , 3 0 7 , 4 0 2
w
W. Wrede - 3 0 0
ÍNDICE DE REFERENCIAS BÍBLICAS
Deuteronômio J e s u s Siraque
21.23 192 24.18 347
24 75 24.3,8 344
32.39 347
6.4s 79 Isaías
35.5s 56
2 Samuel 40.3 46
7.14 145 52.13 144
53 154
Tobias 53.5s.12 154
12.15 166 6.9s 388
61.1 56
1 Macabeus
1.46 166 Jeremias
31.31ss 126
2 Macabeus
1.5 254 Daniel
8.29 254 7 108
7.13 99, 108
Salmos 7.13s 106
? 103 7.17s22,25,27 106
43 S
ÍNDICE DE REFERÊNCIAS B Í B L I C A S
Joel 5.48 72
3.1 169 6.2,5,16 70, 81
6.6 63
Malaquias 6.8 62
3.1 46 6.10par 53
6.12par 311
6.20par 70
2. NOVO T E S T A M E N T O 6.24par 60
6.26-31par 62
Mateus 6.28-30par 66
1.1 83 6.3,6,18 81
1.18 162 6.30par 90
1.20 162 7.1 par 60
1.2-17 101 7.11par 61, 62, 63
3.2 51 7.13 55, 81
3.8par 47 7.14 55, 5 6
3.9par 47 7.21 149, 152
3.10,7par 46, 47 7.22s 149
3.12par 46 7.24par 90
3.14s 51 8.5-10.13par 85
4.17 51 8.8 149
42.45-51 69 S.lOpar 90
5.9 63 8.11par 54, 5 5
5.19 165 8.12 55
5.16 72, 4 0 4 8.19,21 149
5.17 76,91 8.20par 110, 117
5.18par 165 8.21 149
5.20 69 9.20 74
5.21-48par 76 9.38par 60
5.21s 76 10.7 53
5.21ss 65 10.23 109
5.22,28,34 92 10.23b 109
5.27s 76 10.23par 53
5.31 78 10.28par 60
5.31 s 76,78 10.32 385
5.33-37 76 10.34 100
5.33ss 306 10.34par 91
5.35 =-" 60 11.2s,par 50
5.38s 76,78 11.3 198
5.43s,par 76, 78 11.3-6par 56
5.44s 72 11.4-6par 50
5.45 63 11.4s,par 84
5.46par 70 11.5par 77
43SÍNDICE DE REFERÊNCIAS BÍBLICAS
9.43ss,par 69 13.29par 53
10.15,23par 54 13.2par 92
10.15par 69 13.6 340
10.17 55 13.6par 94
10.17,19par 58 13.30par 53
10.17par 54 13.31par 54,92
10.17ss,par 306 13.32 par 5 3 , 7 1 , 103, 104
10.18par 115 14,10par 58
10.21 par 70 14.12 125
10.29 56 14.2 lpar 120
10.2-9par 75 14.21par 121
10.33par 121 14.22-25 123
10.33s,par 117 14.24 154, 167
10.35-39par 118 14.25 125, 171
10.37 55 14.25par 54
10.40par 54, 115 14.28 133, 135
10.42s,par 100 14.28par 163
10.43s,pai- 59 14.32-42 122
10.45 141, 153 14.36 61
10.45a 120 14.36par 61, 103
10.45par 120 14.41par 120
10.47s,par 101 14.50 129
10.52 par 90 14.53-65 97
10.5s,par 306 14.53-72 97
10.9par 60 14.53s,66ss 97
11.3 149 14.55-65 97,98
11.12ss,par 84 14.58 319
11.25 63 14.60s 98
11.25par 61 14.61s,par 94, 97
12.1112 104 14.62 99
12.1ss,par 156 14.62par 60, 109
12.13ss 152 14.64 98
12.13ss,par 100, 152 14,65par 92
12.25par 55 14.9 56
12.28-3 lpar 74 15.1 98
12.34 58 15.2 100
12.35-37 101 15.26 99
13.1 386 15.3,13s 98
13.10 56 15.32par 100
13.11 169 15.45ss,par 129
13.20, 22, 27 166 15.46par 129
13.2 ls,par 94 16.1-8 130, 133, 134
13.26 141 16.7 133, 168
43 S
ÍNDICE DE REFERÊNCIAS B Í B L I C A S
16.8 j nn
1JJ 12.31par 69, 81
19.26 129 12.32 55, 58, 62
22.15-18 124 12.49 91
23.49 129 12.50 119
25. lss 72 13.1-5 65
13.1-9 64
Lucas 13.3,5 81, 92
1.26ss 161 13.6-9 72
1.32 161 13.15-5 81
1.32s 145, 146 13.33 92, 92
2.1-7 101 13.33a 113
2.11 337 15.7,10 63
3.10-14 47 15-llss 63
3.17par 49 15.18 60
3.22s,38 83 15.24,31 55
3.23-38 101 16.8 55
6.20par 70 16.16 71
6.32-35 81 16.16a 76, 92
6.36 61, 72, 78 16.22ss 298
6.46 149, 152 16.27-31 89
7.36ss 67,319 16.29s 65
7.39 92 17.7 63
7.47 79, 113 17.7-10 82
9.59par 58 17.10 81
9.62 65, 69 17.20s 53
10.9 53 17.24par 109
10.16 325 17.25 121
10.18 66, 92 17.26-30 109
10.19ss 80 17.34s 52
11.2 61, 103 17.36ss 68
11.2-4 62 18.9-14 64, 81
11.2par 61 18.13 63, 81
11.31 s 298 18.9ss 82
11.4par 63 19.lss 67
11.20par 57, 87 20.35 298
11.28 91, 115 21.31 53
11.29par 87 21.36 108
12.8s,par - 69, 110 22.15-20 123
12.16-20 61 22.19b 363
12.21par 81 22.27 72, 120
12.30par 62 22.35-38 100
12.30par,32 61 22.48 120
12.31-33 117 22.48par 108
43SÍNDICE DE REFERÊNCIAS BÍBLICAS
3.1 211
444 Índice de R e f e r ê n c i a s Bíbucas
9.22 307
s 376
3.4,8s 333
Tiago 3-5 355
3-6 362
1-18 375
3.6a 362
1 Pedro 3- 8 330,355
1.3,23 3-9 362, 375
375
3.9s 376
2.2 375
3.10 375
3.11 327
1 João
3.11,14 369
1.1,3 346 3.13
19 á - l i 353,360
348 .3.13s
1-4 336600 3.14
3 8 7