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DE PESSOAS
autor do original
MARCELO CAMACHO
FERNANDO DE FIGUEIREDO BALIEIRO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial luis claudio dallier santana, gladis salete linhares toniazzo,
roberto paes, ricardo nascimento ferreira
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
ISBN 978-85-5548-252-6
Prefácio 7
1 Introdução 10
2 Objetivos, desafios e características da gestão de pessoas 10
3 A importância da gestão de pessoas 14
4 A evolução da gestão de pessoas 15
4.1 Da Era Clássica aos dias atuais 15
4.2 A gestão de pessoas no Brasil 19
5 As organizações e o ambiente de competição no século XXI 22
5.1 O desafio das empresas e as pessoas 23
6 A estratégia organizacional e a gestão da cultura corporativa 23
6.1 Estratégia organizacional: missão, visão e objetivos
organizacionais 24
6.2 A cultura organizacional e sua influência sobre a estratégia 27
7 O planejamento estratégico de RH 30
7.1 As macrofunções de gestão de pessoas 30
7.2 A formulação da estratégia de gestão de pessoas 31
8 A gestão do clima organizacional como instrumento estratégico 33
1 Introdução 38
2 O modelo integrado de gestão de pessoas 38
3 As funções de gestão de pessoas e seus desafios 43
3.1 Recrutamento e seleção 43
3.2 Treinamento e desenvolvimento 46
3.3 Administração de pessoal 50
3.4 Relações trabalhistas e sindicais 51
3.5 Administração de cargos e salários 52
3.6 Benefícios 53
3.7 Higiene e segurança do trabalho 54
4 O perfil do profissional de gestão de pessoas 55
4.1 Características fundamentais do profissional de gestão
de pessoas 56
4.2 Competências e habilidades necessárias em cada
subsistema 57
1 Introdução 64
2 A motivação nas organizações 64
2.1 Conceito de motivação 65
2.2 O ciclo motivacional 65
3 Liderança e influência 75
3.1 Conceito de poder 75
3.2 Conceito de liderança 77
3.3 Teoria dos traços de personalidade 77
3.4 Teorias comportamentais 78
3.5 Teorias situacionais e contingenciais 82
3.6 Liderança baseada na influência 86
1 Introdução 96
2 Surgimento e conceito de qualidade de vida no trabalho (QVT) 96
2.1 Escolas de pensamento em QVT 99
2.2 Modelos de QVT e indicadores 100
3 Gerenciamento de conflitos 105
3.1 Níveis de gravidade do conflito 107
3.2 Condições antecedentes dos conflitos 107
3.3 O processo do conflito 108
3.4 Efeitos do conflito 109
3.5 Estilos de gestão de conflitos 110
3.6 Técnicas de gestão de conflitos 112
3.7 Resolução de conflitos como processo de negociação 113
1 Introdução 124
2 Características dos sistemas de informações de gestão de pessoas 124
3 Principais aplicações dos sistemas de informação de
gestão de pessoas 128
4 O modelo BSC de gestão estratégica 128
4.1 O Balanced Scorecard e suas perspectivas estratégicas 129
5 Avaliação estratégica de gestão de pessoas 133
5.1 Principais características dos indicadores 133
5.2 A avaliação de resultados na gestão de pessoas 136
6
7
Prefácio
Este livro foi preparado para apresentar as noções iniciais da gestão de pes-
soas aos estudantes de graduação, qualquer que seja a área ou curso. A ativi-
dade de gestão de pessoas constitui um desafio para todas as áreas de atua-
ção e não deve ser uma atividade exclusiva de administradores, psicólogos ou
tecnólogos de RH. Na verdade, até mesmo os profissionais de RH entendem
que a função de gerenciamento de pessoas é responsabilidade das lideranças
imediatas de todos os departamentos e áreas de uma organização. Aprender
técnicas de gestão de pessoas não é uma necessidade menor. Nesse sentido,
é fundamental, então, que os futuros profissionais de todas as áreas se de-
brucem sobre essas ferramentas básicas e entendam os principais desafios
envolvidos na gestão de pessoas.
No Capítulo 1 é apresentado o contexto em que as organizações modernas
estão inseridas e como a gestão de pessoas pode contribuir para o sucesso das
estratégias organizacionais. Nesse ponto inicial, o estudante será levado a com-
preender que características um profissional precisa desenvolver para liderar
equipes, como a cultura organizacional influencia o trabalho das pessoas e a
importância da construção de um clima organizacional salutar para o sucesso
das organizações.
Já no Capítulo 2, são apresentadas as principais áreas de atuação da gestão
de pessoas, seus desafios específicos e, também, as competências necessárias
e as características gerais para que o profissional de gestão de pessoas possa
atuar em cada uma dessas áreas. A visão do modelo integrado ajudará os estu-
dantes a compreender as inter-relações entre as diversas funções da gestão de
pessoas.
Os aspectos fundamentais da motivação e da liderança são tratados no Ca-
pítulo 3. Tais assuntos estão diretamente relacionados ao exercício de liderar
pessoas. As teorias apresentadas buscam estimular a percepção dos diversos
elementos que podem gerar maior ou menor motivação nas pessoas, bem
como o que pode contribuir para maior eficácia da liderança na relação com
suas equipes.
Também importante em qualquer sistema de gestão de pessoas é o cuidado
com o ambiente de trabalho. Isso envolve garantir que existam instalações físicas
8
adequadas, bom ambiente psicológico, condições seguras para a execução das
atividades laborais etc. Tais aspectos são englobados pelo conceito de qualidade
de vida no trabalho. A adequada gestão dos conflitos – que são inerentes às rela-
ções humanas – também contribui para a configuração de um bom ambiente de
trabalho. Esses assuntos são tratados no quarto capítulo deste livro.
Por fim, no Capítulo 5 discute-se a importância da implantação de sistemas
de informação em gestão de pessoas para monitorar as ações executadas nas
diversas funções e, assim, avaliar a aderência aos planos estratégicos das orga-
nizações.
Esperamos que o estudo dos diversos temas tratados nesta obra contribua de
maneira efetiva para a formação profissional de estudantes em diversas áreas.
Todo e qualquer projeto depende de pessoas. A elas devemos destinar, então, um
espaço privilegiado de atenção.
9
1
A gestão de
pessoas e
o ambiente
competitivo
1 Introdução
A gestão de pessoas tem caráter estratégico, pois o elemento humano tornou
‑se o principal ativo das organizações modernas. Portanto, as empresas que
pretendem ter sucesso na Era do Conhecimento, ou Era Pós‑Industrial, devem
adotar mecanismos de gerenciamento de pessoas que estimulem os profissio-
nais em sentido amplo. Vamos juntos, então, refletir sobre a gestão de pessoas
e sua relação com o atual ambiente competitivo.
OBJETIVOS
• Refletir sobre os objetivos, os desafios e as características da gestão de pessoas no século XXI.
• Entender as transformações do ambiente competitivo na Era da Internet.
• Compreender como se deu a transformação da gestão de pessoas ao longo do século XX
até os dias atuais.
• Conhecer as noções elementares de planejamento estratégico e seu desdobramento para
o planejamento estratégico de RH.
• Estudar a medição de clima organizacional como instrumento de alcance da estratégia
organizacional.
CONCEITO
Gestão de pessoas
“É o conjunto integrado de atividades de especialistas e de gestores – como agregar, aplicar,
recompensar, desenvolver, manter e monitorar – no sentido de proporcionar competências e
competitividade à organização” (CHIAVENATO, 2010, p. 9).
10 • capítulo 1
trabalho foram sendo criados, mudou a forma de as pessoas se relacionarem
no ambiente de trabalho, e as próprias condições de trabalho também muda-
ram muito. A crescente ampliação dos direitos sociais, civis e políticos durante
todo o século XX alterou sobremaneira o ambiente das organizações e provo-
cou inúmeras transformações nos métodos e nos processos de gerenciamento
de pessoas.
PERGUNTAS
Você já parou para pensar sobre as diferenças entre o processo produtivo do século passado
e o dos dias atuais? Como era o trabalho no início do século XX e como trabalhamos hoje?
CONCEITOS
Direitos civis
Os direitos civis referem‑se às liberdades individuais, como o direito de ir e vir, de dispor do
próprio corpo, o direito à vida, à liberdade de expressão, à propriedade, à igualdade perante a
lei, não ser julgado fora de um processo regular, não ter o lar violado.
Direitos sociais
Os direitos sociais são constituídos historicamente e dizem respeito ao direito de usufruir da
riqueza e dos recursos produzidos pelos seres humanos, como moradia, saúde, alimentação,
educação, lazer.
Direitos políticos
Os direitos políticos referem‑se à participação do cidadão no governo da sociedade, ou seja,
à participação no poder. Entre eles estão a possibilidade de fazer manifestações políticas,
organizar partidos, votar e ser votado (BOBBIO, 1995).
Para fazer face a esse cenário, os principais objetivos da gestão de pessoas são:
capítulo 1 • 11
• Promover um ambiente de trabalho satisfatório e que proporcione às pes-
soas qualidade de vida no trabalho.
• Estabelecer relações de convergência entre os interesses das pessoas (em-
pregados) e os da organização.
• Contribuir para a construção de práticas sustentáveis de produção, social-
mente responsáveis e, ao mesmo tempo, economicamente viáveis.
CONCEITOS
Competências organizacionais
Conjunto de recursos coordenados que geram valor para a organização, dificilmente são
imitáveis, podem ser transferidos para outras áreas, produtos ou serviços da empresa e im-
pactam o desempenho organizacional. Tais recursos representam, portanto, um fator‑chave
para o sucesso da organização (FERNANDES, 2006).
Competências individuais
As competências individuais envolvem um saber agir responsável e reconhecido, que implica
mobilizar, integrar e transferir conhecimentos, recursos e habilidades que agreguem valor
econômico à organização e valor social ao indivíduo (FLEURY; FLEURY, 2001).
12 • capítulo 1
• Estabelecer um padrão de reconhecimento e recompensa que seja ade-
rente aos anseios dos colaboradores e às possibilidades das organizações.
• Desenvolver ações de responsabilidade social que sejam aderentes ao ne-
gócio da organização e que, por conseguinte, fortaleçam a avaliação posi-
tiva da marca da organização pelos diversos stakeholders (clientes, empre-
gados, acionistas e sociedade em geral).
CURIOSIDADE
Dicas de filmes
Para entender o contexto do trabalho industrial no século XIX e início do século XX, assista
aos seguintes filmes:
capítulo 1 • 13
3 A importância da gestão de pessoas
Você poderia tirar de mim as minhas fábricas, queimar os meus prédios, mas se me
der o meu pessoal, eu construirei outra vez todos os meus negócios.
Henry Ford
14 • capítulo 1
4 A evolução da gestão de pessoas
Desde o final do século XIX e o início do século XX já era possível identificar a
gestão de pessoas, ou administração de recursos humanos, nas organizações.
Naturalmente, a configuração dessa atividade obedecia a contextos próprios de
cada época, incluindo os fatores sociais, políticos, econômicos, legais e cultu-
rais de cada período histórico.
É importante salientar que a evolução histórica da gestão de pessoas acom-
panha a própria evolução das teorias administrativas: as abordagens iniciais
de RH, mais focadas no gerenciamento de pagamentos e no treinamento ope-
racional, típicas do início do século XX, correlacionavam‑se com as teorias ad‑
ministrativas prescritivas e normativas, preponderantes naquele período. Já as
abordagens mais recentes da gestão de pessoas guardam relação com as teorias
administrativas descritivas e explicativas, surgidas a partir da segunda metade
do século XX.
CONCEITOS
Teorias prescritivas e normativas
Apresentam um receituário antecipado para todas as situações e definem como a organiza-
ção deveria funcionar em vez de explicar seu funcionamento.
capítulo 1 • 15
de certo modo, a maneira como era conduzida a gestão de pessoas em cada
período. As variáveis utilizadas na análise são:
16 • capítulo 1
Era da Industrialização Neoclássica: a segunda fase elencada por Chia-
venato (2010) inicia‑se na década de 1950, logo após o encerramento da
Segunda Guerra Mundial, e termina por volta de 1990. Nessa fase, as normas
rígidas e os procedimentos de controle burocráticos perderam ênfase em fa-
vor de processos mais humanísticos, e as estruturas rígidas são flexibilizadas,
enfatizando a adaptação ao ambiente externo. Um dos destaques desse pe-
ríodo é a estrutura organizacional matricial, em que as pessoas trabalham em
departamentos funcionais e, ao mesmo tempo, estão alocadas em projetos
2 ou serviços temporários. Tais mudanças são influenciadas pelas teorias es-
truturalista e comportamental da administração. Foi nessa fase que surgiram
também as teorias contingenciais e a teoria de sistemas. Foi na Era da Indus-
trialização Neoclássica que a administração de pessoas passou a ser denomi-
nada departamento de recursos humanos, passando a exercer mais funções
que antes, como recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento e
avaliação de desempenho. As teorias motivacionais e de liderança tiveram um
grande desenvolvimento nesse período.
capítulo 1 • 17
CONCEITOS
Teoria da Administração Científica
Elaborada por Frederick Taylor, tinha como princípio eliminar o desperdício de tempo e re-
duzir os custos de produção, enfatizando as tarefas. Taylor foi o idealizador do estudo dos
tempos e dos movimentos, a fim de racionalizar o trabalho.
O Quadro 1.1 apresenta a síntese das características de cada uma destas eta-
pas, conforme elaboração original de Chiavenato (2010):
ERA DA ERA DA
ERA DA
INDUSTRIALIZAÇÃO INDUSTRIALIZAÇÃO
INFORMAÇÃO
CLÁSSICA NEOCLÁSSICA
1900‑1950 1950‑1990 De 1990 até os
PERÍODO dias atuais
18 • capítulo 1
• Estático, • Intensificação das • Mutável,
previsível, mudanças e com imprevisível,
com poucas maior velocidade turbulento,
AMBIENTE e gradativas com grandes
ORGANIZACIONAL mudanças e intensas
• Poucos desafios mudanças
ambientais
Fase legal: inicia‑se em 1930 e perdura até 1950, sendo caracterizada pela
criação da legislação trabalhista durante o governo de Getúlio Vargas. Para
fazer face às novas exigências legais, foi criado o departamento de pessoal e,
2 com ele, a função de chefe de departamento de pessoal. A principal preocupa-
ção era garantir o cumprimento das leis trabalhistas, com registros dos contra-
tos de trabalho e elaboração da folha de pagamento.
capítulo 1 • 19
Fase tecnicista: vai de 1950 a 1965 e corresponde ao período em que o mode-
lo norte‑americano de recursos humanos, fortemente influenciado pelas teorias
estruturalista e contingencial, é implementado no Brasil. Com o desenvolvimento
industrial crescente na época, a área de recursos humanos passou a operaciona-
3 lizar atividades de recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, cargos
e salários e higiene e segurança do trabalho. Houve grande avanço para os tra-
balhadores, incluindo expansão do emprego industrial e melhoria das condições
estruturais do trabalho (realidade da indústria nascente no Brasil).
Fase estratégica: nessa fase, que se iniciou em 1985 e segue até os dias atuais,
a área de recursos humanos passa a participar do planejamento estratégico das
O Quadro 1.2 apresenta a síntese das características de cada uma dessas cinco
fases:
NOMENCLATURA DO
FASE – PERÍODO CARACTERÍSTICAS
CARGO PRINCIPAL
20 • capítulo 1
• A única ocupação era com o
cômputo e o pagamento das horas
realizadas na produção
• Influência da Teoria Clássica da
Administração
capítulo 1 • 21
5 As organizações e o ambiente de
competição no século XXI
PERGUNTAS
Você consegue perceber a quantidade de produtos inovadores que são lançados anualmente?
Como isso afeta as organizações e as pessoas?
CURIOSIDADE
Nanotecnologia
Tecnologia que trabalha em escala nanométrica, aplicada frequentemente à produção de
circuitos e dispositivos eletrônicos com dimensões de átomos ou moléculas.
22 • capítulo 1
5.1 O desafio das empresas e as pessoas
CONCEITO
Gestão por processos
A gestão por processos é uma orientação conceitual que visualiza as funções de uma orga-
nização com base nas sequências de suas atividades, ao contrário da abordagem funcional
tradicional, em que as organizações estão separadas em departamentos altamente burocra-
tizados e sem uma visão total do trabalho que realizam.
capítulo 1 • 23
turbulências do ambiente externo, sendo resultado da análise por parte dos
profissionais das organizações sobre o ambiente que os circunda e sobre as
próprias características das organizações em que atuam.
A estratégia envolve os seguintes aspectos:
24 • capítulo 1
O planejamento estratégico é um processo que estabelece os objetivos em longo
prazo para a organização, sendo de responsabilidade da alta cúpula da empresa.
capítulo 1 • 25
6.1.1 Missão
A missão enuncia a razão pela qual uma organização existe, sua finalidade. Para
definir a missão organizacional é necessário responder às seguintes perguntas:
6.1.2 Visão
26 • capítulo 1
1 Ter como foco um resultado a atingir, e não uma tarefa.
PERGUNTAS
Você já notou que as pessoas nas organizações têm diferentes maneiras de agir, de se vestir e
de se comunicar? Tais diferenças dizem respeito à dimensão da cultura. Tente traçar um quadro
mental com as principais características da cultura da organização em que você trabalha.
capítulo 1 • 27
A cultura organizacional também pode ser denominada cultura corporativa, que
envolve o conjunto de hábitos e crenças estabelecidos por meio de normas, va-
lores, atitudes e expectativas compartilhados por todos os membros da organi-
zação, e é isto o que distingue uma organização das demais, pois constitui um
sistema de significados único, tal qual uma identidade. A cultura descreve um
certo modo institucionalizado de pensar e agir que existe em uma organização.
A cultura se expressa concretamente pela maneira como uma organização
conduz seus negócios, como se relaciona com seus clientes e funcionários e o
grau de autonomia (centralização ou descentralização) existente em suas uni-
dades ou escritórios.
Segundo Edgar Schein (2009, p. 16), cultura organizacional é:
[...] o padrão de pressupostos básicos que um dado grupo inventou, descobriu ou de-
senvolveu, aprendendo a lidar com os problemas de adaptação externa e de integração
interna, e que têm funcionado suficientemente bem para serem considerados válidos e
serem ensinados aos novos membros como o modo correto de compreender, pensar e
sentir, em relação a esses problemas.
28 • capítulo 1
Os artefatos constituem o primeiro nível da cultura, o mais superficial, vi-
sível e perceptível. Incluem tudo aquilo de concreto que vemos ao entrar em
uma empresa – os produtos, os serviços e os padrões de comportamento dos
funcionários. Também estão incluídos entre os artefatos histórias e heróis,
símbolos materiais e rituais e cerimônias anuais de uma organização. São es-
ses artefatos que possibilitam aos profissionais da empresa apreender a cultura
organizacional.
CONCEITOS
Histórias e heróis
São contos e passagens sobre o fundador da companhia ou outros personagens reais ou
fictícios que reforçam valores da organização e que são exaltados como exemplos a serem
seguidos pelos membros de determinada organização.
Símbolos materiais
São aspectos visíveis, como a arquitetura do edifício, a disposição das salas e das mesas,
o tamanho e o arranjo físico dos escritórios, que comunicam ou estimulam determinados
comportamentos.
Rituais e cerimônias
São celebrações que reforçam os valores principais da organização e enaltecem suas con-
quistas e seu desempenho, tais como comemorações de fim de ano e de aniversário da
organização.
Os valores dizem respeito à realidade interna, e por isso não são facilmente
visíveis para o público externo à organização. Constituem, para Schein (2009),
o segundo nível da cultura. São exemplos desses valores os códigos de ética pro-
fissional internos e as estratégias organizacionais.
O terceiro nível, o mais submerso e difícil de visualizar, compreende
as pressuposições básicas que dizem respeito às crenças e aos comporta-
mentos já arraigados nos membros das organizações e, por isso mesmo,
inconscientes. Tais pressupostos determinam o agir cotidiano do grupo e
são aceitos porque se mostraram válidos no passado para solucionar algum
problema do grupo.
capítulo 1 • 29
7 O planejamento estratégico de RH
Via de regra, o planejamento estratégico pode existir somente se houver o pla-
nejamento estratégico organizacional, o qual se constitui na diretriz funda-
mental para que aquele seja elaborado. Antes de discutirmos como pode ser
elaborado o planejamento estratégico de RH, vejamos como as áreas de RH po-
dem ser visualizadas de acordo com a abordagem de processos.
30 • capítulo 1
Monitorar pessoas: processos que têm como finalidade acompanhar e con-
6 trolar as atividades das pessoas e monitorar resultados. Inclui banco de dados e
sistemas de informações gerenciais.
capítulo 1 • 31
Planejamento adaptativo: quando o planejamento estratégico de RH é realiza-
1 do após a elaboração do planejamento estratégico da empresa, procurando se
adaptar a ele e contribuir para sua implementação.
32 • capítulo 1
8 A gestão do clima organizacional como
instrumento estratégico
O clima organizacional é, de certo modo, o reflexo da cultura da organização, me-
lhor dizendo, o reflexo dos efeitos dessa cultura na organização como um todo.
De acordo com Lacombe (2011), o clima organizacional indica o grau de satisfa-
ção dos colaboradores com a empresa. Nesse sentido, é um indicador da percep-
ção dos trabalhadores de uma organização acerca do ambiente organizacional.
Veja o que diz Coda (1993, p. 52):
LEITURA
Saiba como se prepara uma pesquisa de clima organizacional lendo o artigo “Um novo mo-
delo de pesquisa de clima organizacional”, de Carlos Alberto Ferreira Bispo. Acesse o link:
<www.scielo.br/pdf/prod/v16n2/06>.
RESUMO
Neste capítulo, estudamos a importância da gestão de pessoas para as organizações
modernas, enfatizando seus principais objetivos, desafios e características. Vimos que,
para fazer face aos desafios dos novos tempos, a área de gestão de pessoas precisa
capítulo 1 • 33
dispor das características de multidisciplinaridade, perspectiva consultiva e sensibilidade
sócio‑organizacional.
Estudamos também como se deu a evolução do RH durante o século XX até os dias
atuais, bem como sua transformação de órgão tático‑operacional para um órgão estratégico.
Entendemos que o cenário competitivo do século XXI é marcado pelas novas tecnolo-
gias de informação e comunicação e que estas afetam as organizações e o gerenciamento
de pessoas.
Abordamos, ainda, os conceitos básicos da elaboração da estratégia organizacional e
como esta se relaciona com o planejamento estratégico de RH e suas macrofunções.
Por fim, compreendemos como o clima organizacional pode exercer influência sobre a
estratégia organizacional e enfatizamos a importância de seu monitoramento constante.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
A Empresa BETA é uma sociedade anônima de capital fechado, que iniciou suas atividades
no ano de 1978, em uma cidade do interior do estado de Minas Gerais. Atualmente, a orga-
nização ocupa a terceira posição em faturamento dentro do setor de produtos farmacêuticos.
A BETA fabrica produtos farmacêuticos para doenças crônicas e com alta demanda de con-
sumo na população brasileira. No entanto, ela determinou, em seu planejamento estratégico,
que pretende ser a maior fabricante de produtos farmacêuticos no quesito faturamento, am-
pliando seu escopo para a produção de medicamento veterinários.
Com base nessas informações, responda:
Resposta comentada
1. Como visto no texto, a razão de ser (missão) dessa organização atualmente é a fabrica-
ção de produtos farmacêuticos.
2. Já a visão de futuro é ser a maior empresa em faturamento do setor farmacêutico, am-
pliando sua atuação para fabricação de produtos veterinários.
34 • capítulo 1
3. O planejamento estratégico de RH deverá contemplar a necessidade de identificar e
contratar profissionais de farmacologia veterinária para atuar como responsáveis téc-
nicos, além de desenvolver novas habilidades e conhecimentos nos atuais profissionais
que eventualmente forem trabalhar nas linhas de produção dos novos produtos veteriná-
rios. Por fim, treinar a força de vendas para esses novos produtos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BISPO, C. A. F. Um novo modelo de pesquisa de clima organizacional. Revista Produção, v. 16, n. 2,
p. 258‑273, maio/ago. 2006.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2010.
CODA, R. Estudo sobre clima organizacional traz contribuição para aperfeiçoamento de pesquisa na
área de RH. Boletim Administração em Pauta, suplemento da Revista de Administração, São Paulo,
n. 75, dez. 1993.
LACOMBE, F. J. M. Recursos humanos: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
capítulo 1 • 35
2
Estratégias de
gestão de pessoas
1 Introdução
Durante todo o século XX e início do século XXI foram desenvolvidos diversos
modelos de gestão de pessoas. Tais modelos cumpriam objetivos localizados no
contexto de cada época. A busca pelo alcance dos objetivos estratégicos das or-
ganizações vai continuar exigindo o desenvolvimento de modelos de gestão de
pessoas. No entanto, cada organização deverá avaliar o modelo que melhor se
alinha com suas diretrizes estratégicas. Para tanto, será necessário compreen-
der quais elementos devem compor um modelo de gestão de pessoas e como
suas diversas funções podem ajudar a compor esse modelo.
OBJETIVOS
• Discutir os elementos que devem compor um modelo de gestão de pessoas.
• Compreender o conceito de funções de gestão de pessoas.
• Apresentar os objetivos das principais funções de gestão de pessoas.
• Discutir o perfil desejado para um profissional de gestão de pessoas.
• Refletir sobre as principais competências requeridas para executar as funções de gestão
de pessoas.
Goethe
38 • capítulo 2
mento das diversas funções de RH e suas interligações. Ou seja, representa a
ideia de um sistema de gestão de pessoas (FISCHER, 2002).
Um modelo de gestão de pessoas é condicionado pelo contexto organiza-
cional, e este é formado por fatores internos e externos. Os primeiros dizem
respeito à cultura organizacional prevalente, ao produto ou serviço ofertado,
à tecnologia utilizada, à estratégia organizacional e às formas de organização
do trabalho. Já no âmbito externo, os fatores que condicionam o modelo são o
arcabouço jurídico-legal que regula o trabalho (legislação trabalhista e outros
agentes, como sindicatos, associações de classe e órgãos governamentais) e a
cultura de trabalho existente em cada sociedade. Por exemplo, em alguns paí-
ses existe a tradição de fechar os estabelecimentos comerciais para a siesta, no
período entre 13h e 16h. Na Nova Zelândia, a maioria das empresas e lojas fecha
às 17h30 e não há serviços 24 horas, como entrega de farmácias e restaurantes.
Tais fatores naturalmente condicionam o desenho do modelo de gestão de pes-
soas das organizações.
CURIOSIDADE
Siesta
Bastante tradicional em culturas de clima quente (Espanha, Filipinas, alguns países do norte
da África e da América Espanhola), a siesta é um pequeno cochilo no começo da tarde, nor-
malmente após o almoço. O termo é oriundo da expressão latina “hora sexta” – no calendário
romano, a sexta hora a partir da manhã, isto é, o meio-dia.
capítulo 2 • 39
São as diretrizes de atuação Diretriz de captação de pessoal
que buscam objetivos de médio da Xerox do Brasil (em 2002):
e longo prazo para as relações “A Xerox deve ser capaz de
organizacionais e orientam as atrair e reter profissionais
práticas de gestão de pessoas. qualificados para diversas
funções do negócio. Para isto,
POLÍTICAS
o mercado é acompanhado
continuamente, visando alinhar
nossa estrutura de salários e
benefícios às empresas mais
modernas do mercado”.
40 • capítulo 2
Na perspectiva deste trabalho e com base na ideia original de Fischer (2002),
qualquer modelo de gestão de pessoas deve ser elaborado a partir de uma base
composta por princípios e políticas, elementos que oferecerão suporte e influen-
ciarão todos os demais.
Em seguida, temos um elemento de ligação, o estilo de liderança. Os princí-
pios e os valores da organização devem nortear o modo como é exercida a lide-
rança. O modelo de gestão de pessoas deve primar pela indução do estilo mais
apropriado aos objetivos organizacionais.
Os três elementos anteriores guiarão a construção dos processos de RH. Nes-
se sentido, os processos de RH são o reflexo do estilo de liderança desejado
(induzido pelo modelo de gestão de pessoas) e dos princípios e das políticas,
construídos na base do modelo.
Tais processos de RH, por sua vez, orientarão o desenho organizacional,
compreendido como a estrutura organizacional e de cargos de uma instituição,
e também como a organização do trabalho de RH para oferecer os serviços es-
perados pela organização. Note que essa organização dependerá, em grande
parte, das decisões tomadas acerca dos processos de RH.
A Figura 2.1 apresenta a esquematização do modelo desenvolvido aqui nes-
te trabalho.
Organização
do trabalho
Desenho
Processos organizacional
de RH
Estilos de
liderança
Princípios Políticas
capítulo 2 • 41
A construção teórica de um modelo de gestão de pessoas pode ser exempli-
ficada com o modelo de gestão por competências: na base estão os princípios e
as políticas que orientam o modelo. Nesse caso, os princípios são as crenças e
os valores em torno do conceito de competências, e as políticas são construídas
em torno desses princípios. Existem políticas de desenvolvimento de compe-
tências, de recrutamento por competências e de remuneração por competên-
cias, por exemplo.
O estilo de liderança deverá ser aderente a esse modelo. As organizações
que pretendem implementar um modelo de gestão por competências precisa-
rão desenvolver lideranças que dominem esse conceito e que estimulem a aqui-
sição contínua de competências que interessem à empresaria.
A partir desses três elementos, os processos de RH deverão ser construídos
para atender às necessidades da gestão por competências. Tais processos de-
vem, portanto, facilitar a execução das políticas de RH definidas anteriormente
e devem voltar-se completamente ao estímulo de aquisição e execução de com-
petências. Por exemplo, o sistema de avaliação de desempenho deve estar para-
metrizado para avaliar se as competências estão de fato produzindo resultados
efetivos e se estão presentes no grau desejado pela organização.
Esses processos de RH vão orientar a construção do desenho organizacio-
nal, que, no modelo de gestão por competências, deverá ser mais horizontal,
com maior autonomia para as pessoas. Nesse caso, um modelo organizacional
em redes poderá surtir mais resultados.
Por fim, a organização do trabalho em RH também será concebida de modo
a atender ao modelo. Nesse exemplo, os especialistas de RH poderão ser orga-
nizados como consultores de RH que prestam assessoria ao desenvolvimento
de competências.
CONCEITO
Modelo organizacional em redes
É uma forma de organização com baixa hierarquia organizacional, em formato circular, que se
contrapõe aos formatos verticais hierárquicos. Nesse modelo, há grande descentralização de
atividades e maior autonomia dos indivíduos. As lideranças são exercidas pontualmente, e os
papéis dos indivíduos não são fixos, o que confere grande flexibilidade ao modelo.
42 • capítulo 2
Agora que já entendemos como se constrói um modelo de gestão de pes-
soas, passaremos a analisar as funções de gestão de pessoas que integram
esse modelo, com seus processos e características.
LEITURA
Saiba mais sobre o modelo de gestão por competências lendo o artigo “Gestão por com-
petências: impactos na gestão de pessoas”, de Manuela Sampaio Lana e Victor Cláudio
Paradela Ferreira, disponível no link:
<portal.estacio.br/media/3327523/2-gestao-competencias-impactos-gestao-pessoas.pdf>.
capítulo 2 • 43
entendimento a respeito das competências necessárias para a consecução da
missão e da visão organizacional influenciará o planejamento de RH e é insu-
mo para a função recrutamento e seleção.
Fica claro, então, que identificar as pessoas adequadas para ocupar os pos-
tos de trabalho na organização é uma tarefa estratégica. Precisamos, todavia,
entender o que envolve essa função: a priori, temos de conhecer os conceitos de
recrutamento e seleção.
O processo de recrutamento consiste na identificação e no mapeamento de
profissionais que tenham as características desejadas para ocupar determina-
do cargo. Esse processo envolve definir previamente as competências necessá-
rias ao cargo, o perfil comportamental desejado para o ocupante do cargo, além
de outros requisitos, como escolaridade, formação e experiência desejada.
Essa definição inicial pode ser ampliada com o uso da descrição do cargo,
caso exista, e com o preenchimento de formulários de requisição de pessoal.
O recrutador deve, ainda, entrevistar o requisitante em busca de informações
sobre atitudes que possam facilitar o sucesso na execução das tarefas do car-
go em questão e aquelas que, por outro lado, possam resultar em fracasso.
Esta é uma técnica de coleta de informações chamada incidentes críticos.
Uma vez identificado o perfil desejado para a vaga, o recrutador deverá ma-
pear o mercado de recursos humanos para identificar os potenciais ocupantes
da vaga em aberto. Encontrar o profissional desejado, muitas vezes, constitui
um tremendo desafio. A área de RH pode recorrer a diversos instrumentos a fim
de captar candidatos para as vagas que precisam ser preenchidas: anúncios em
jornais e revistas, indicação de empregados, palestras e anúncios em univer-
sidades ou em associações de classes e sindicatos, contratação de agências de
empregos e de headhunters.
A empresa também pode recorrer ao recrutamento interno, isto é, identificar
os atuais empregados que tenham o perfil requerido para a vaga em aberto. Esta
é uma ação que motiva o quadro de colaboradores, pois estes são estimulados a
desenvolverem-se com a expectativa de alcançar cargos de maior remuneração e
responsabilidade. Trata-se de uma alternativa importante, especialmente quan-
do o mercado de trabalho está aquecido.
Assim que estiverem identificados os profissionais que potencialmente po-
derão ocupar as vagas em aberto, encerra-se o trabalho de recrutamento e ini-
cia-se o trabalho de seleção.
44 • capítulo 2
A seleção consiste na escolha, entre os candidatos recrutados, daquele
que preenche os requisitos desejados pela organização para ocupar o cargo
em aberto.
O profissional de RH pode utilizar diversas técnicas a fim de identificar
o candidato mais adequado à vaga. Essas técnicas variam de acordo com o
cargo e as características desejadas. Podem ser utilizados os seguintes instru-
mentos: provas de conhecimentos específicos, testes práticos, testes psicoló-
gicos (só podem ser aplicados por psicólogos devidamente credenciados) e
entrevistas.
Um exemplo do uso de tais técnicas pode ser a aplicação de teste de raciocí-
nio lógico-matemático para selecionar analistas financeiros, característica es-
sencial para esse tipo de profissional. Outro exemplo é a aplicação de teste prá-
tico na seleção de editores de imagens para um canal de televisão. Certamente
a habilidade requerida só poderá ser comprovada mediante a demonstração
prática em um equipamento de edição de imagens.
É muito importante frisar que nenhum instrumento é capaz de fornecer
respostas definitivas sobre o candidato. Somente o cruzamento de observa-
ções e impressões de um conjunto de técnicas pode ajudar a compor um qua-
dro com algumas hipóteses sobre cada candidato. Esta é uma característica
importante da seleção: as decisões estarão sempre baseadas em aspectos sub-
jetivos que necessitarão ser validados no exercício do cargo. Mesmo cargos
que exijam forte habilidade prática, como o exemplo do editor de imagens,
ainda podem ter a atuação cotidiana influenciada por aspectos comporta-
mentais não observados.
É possível perceber, portanto, que a função recrutamento e seleção guarda
estreita relação com a estratégia de gestão de pessoas, pois contribui com a alo-
cação das pessoas certas nos lugares certos.
CONCEITOS
Mercado de recursos humanos
Refere-se ao quantitativo de pessoas aptas a trabalhar, empregadas ou não empregadas.
Diz-se que o mercado de recursos humanos está em situação de oferta quando há grande
quantidade de pessoas disponíveis, e em situação de procura quando há escassez de pro-
fissionais disponíveis.
capítulo 2 • 45
Headhunter
Expressão inglesa que significa, literalmente, “caçador de cabeças”. Trata-se de um profissio-
nal especializado em encontrar profissionais com perfis muito específicos, em geral executi-
vos, para ocupar vagas em aberto nas empresas.
Mercado de trabalho
Refere-se à quantidade de vagas de emprego ofertadas pelas organizações. Diz-se que o
mercado está em oferta quando existem poucas vagas ofertadas, e que está em procura
quando existem muitas vagas disponíveis.
46 • capítulo 2
Informação: é uma forma de indução da aprendizagem que tem como base
módulos ou unidades organizadas disponibilizadas em portais corporativos,
links, bibliotecas virtuais, boletins, folhetos e similares. Vale salientar que a
1 aprendizagem acontece por ação do indivíduo que acessa as informações em
manuais, livros etc., transformando-as em conhecimento ao se utilizar da atri-
buição de sentido.
capítulo 2 • 47
Desenvolvimento: conjunto de experiências e oportunidades de aprendizagem
proporcionadas pela organização e que apoiam o crescimento pessoal do empre-
4 gado sem, contudo, utilizar estratégias para direcioná-lo a um caminho específico.
É constituído de ferramentas de apoio e estímulo a programas de autodesenvol-
vimento, como os de qualidade de vida e gestão de carreira.
Educação
Desenvolvimento
Treinamento
Instrução
Informação
48 • capítulo 2
Do ponto de vista estratégico, a necessidade de realizar um programa ou
ação de treinamento pode ser avaliada por meio da análise organizacional, ge-
ralmente como produto do planejamento estratégico; da análise do perfil das
pessoas que trabalham na empresa, comparando-as às competências necessá-
rias para o cumprimento da missão organizacional ou o alcance da visão orga-
nizacional; da análise dos requisitos dos cargos, especificados nas descrições
de cargos; e da análise dos resultados dos treinamentos anteriores e seus resul-
tados (CHIAVENATO, 2010).
De acordo com Chiavenato (2010), além dos métodos supracitados, as orga-
nizações devem utilizar indicadores que evidenciem a necessidade do treina-
mento. Podemos dividi-los em indicadores a priori e indicadores a posteriori.
Os indicadores a priori são eventos cuja ocorrência pode gerar futuras ne-
cessidades de treinamento, por exemplo (CHIAVENATO, 2010, p. 377):
[...]
•• baixa qualidade de produção;
•• baixa produtividade;
•• avarias frequentes em equipamentos e instalações;
•• comunicação deficiente;
•• elevado número de acidentes de trabalho;
•• excesso de erros e desperdício;
•• pouca versatilidade dos funcionários;
•• mau aproveitamento do espaço disponível;
[...]
•• relações deficientes entre o pessoal;
•• número excessivo de queixas;
•• mau atendimento ao cliente.
capítulo 2 • 49
Nota-se, portanto, que a função treinamento e desenvolvimento tem forte
correlação com o cumprimento da estratégia, pois oferece subsídios e soluções
para problemas que podem surgir no decorrer da execução dos planos.
50 • capítulo 2
CONCEITOS
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED)
Cadastro de responsabilidade do Ministério do Trabalho por meio do qual são realizadas as
estatísticas de geração de empregos formais, além de servir como base para controlar a
concessão do seguro-desemprego. Deve ser informado todos os meses pela área de admi-
nistração de pessoal.
capítulo 2 • 51
Em geral, os sindicatos exigem salários superiores àqueles que as companhias
estão dispostas a conceder.
A negociação das reivindicações deve ser pautada em respeito mútuo, o
que pode produzir efeitos benéficos de longa duração para ambos os lados. Ao
contrário, o acirramento de conflitos produzirá efeitos negativos tanto para a
empresa, que terá sua imagem prejudicada perante os empregados e sofrerá
com uma possível piora do clima organizacional, quanto para os sindicatos,
que provavelmente não terão suas reivindicações atendidas, perdando, assim,
credibilidade diante dos trabalhadores.
As principais atividades da função relações trabalhistas e sindicais são:
52 • capítulo 2
A estrutura salarial ajuda os profissionais responsáveis pela administração
de cargos e salários a alcançar seu objetivo central, que é manter o equilíbrio
interno e externo dos salários praticados pela organização, equilíbrio do qual
depende a manutenção de estruturas salariais justas e equitativas.
O equilíbrio interno refere-se à consistência interna entre os salários em
relação aos cargos da organização. Isso implica estabelecer diferenciações
salariais em função da importância relativa de cada cargo para o alcance dos
objetivos organizacionais. Por exemplo, uma empresa de engenharia deverá
se preocupar em estabelecer a importância dos cargos de engenheiro ante o
cargo de analista administrativo. Certamente o cargo de engenheiro terá um
peso ou uma importância relativa maior que o cargo de analista administrati-
vo. Manter o equilíbrio interno significa reconhecer tais distinções. Esse tipo
de equilíbrio é alcançado graças às informações advindas da avaliação e da
classificação de cargos.
O equilíbrio externo, por sua vez, diz respeito à consistência externa dos salá-
rios em relação aos mesmos cargos em outras organizações. Quando compara-
mos o salário de um cargo, por exemplo, o de engenheiro, aos salários de outras
empresas da mesma região e que atuem na mesma área de negócio, verifica-
mos se a organização tem salários competitivos e, assim, conseguimos avaliar
o eventual risco de perder pessoas para a concorrência. O alcance desse equilí-
brio exige que a estrutura salarial seja compatível com aquela que é praticada
pelo mercado de trabalho. Esse tipo de equilíbrio é obtido a partir de informa-
ções de pesquisas salariais.
A função administração de cargos e salários é responsável, então, pelas se-
guintes atividades estratégicas na gestão de pessoas:
3.6 Benefícios
capítulo 2 • 53
Benefécios são facilidades, conveniências, vantagens e serviços que são
ofertados ao trabalhador, poupando-lhes tempo e esforço. Por exemplo, um
benefício bastante comum são os planos de saúde. Certamente, a maioria dos
trabalhadores teriam a preocupação de contratar um plano de saúde indivi-
dualmente, no entanto, isso sairia mais caro, e as empresas têm maior poder
de negociação com as operadoras de planos de saúde e, também, podem aju-
dar na resolução de eventuais problemas na prestação desses serviços pelas
operadoras, graças ao seu maior poder de barganha.
A oferta de benefícios como remuneração indireta é bastante vantajosa para
as empresas, pois a parcela gasta com eles é isenta de encargos trabalhistas.
Dessa forma, uma empresa pode definir uma política de remuneração contem-
plando um conjunto de benefícios e ser competitiva no mercado, mesmo que
tenha salários não muito agressivos (inferiores aos do mercado). Assim, uma
política de benefícios mais agressiva pode tornar a empresa mais atrativa no
mercado de recursos humanos.
Vale ressaltar que há benefícios que são compulsórios ou obrigatórios,
como o vale-transporte, a gratificação natalina (13º salário) e o auxílio-materni-
dade. Outros, no entanto, são espontâneos, ou seja, cabe à empresa decidir se
vai oferecê-los ou não. São eles: plano de saúde, plano odontológico, seguro de
vida, vale-alimentação, vale-refeição, previdência privada, entre outros.
Não há obrigatoriedade em oferecê-los, mas vale salientar que, uma vez
ofertados, a eventual descontinuidade ou interrupção da oferta pode provocar
profundos estragos no sistema de gestão de pessoas, acarretando perda de con-
fiança por parte dos empregados e prejuízos para o clima organizacional. Isso
certamente poderia provocar a debandada de empregados para outras empresas.
Existem diversas maneiras de ofertar benefícios: a empresa pode optar por
oferecer um pacote fechado aos empregados ou deixá-los escolher entre uma
lista prévia de benefícios disponíveis, limitada a determinado valor (esse mo-
delo é chamado de benefícios flexíveis).
54 • capítulo 2
de trabalho, bem como atentar ao ambiente psicológico, como o relacionamento
entre as pessoas, o estilo de liderança e as possíveis fontes de estresse laboral.
A garantia da segurança no trabalho implica atender às normas estipuladas
pelos órgãos governamentais acerca da proteção ao trabalho, as quais são conhe-
cidas como Normas Regulamentadoras (NRs) e dizem respeito à necessidade
de fornecimento de equipamentos de proteção individual e coletivo, ao mapea-
mento dos riscos ambientais e à sua respectiva prevenção (PPRA), à instituição
de programas de controle médico de saúde ocupacional (PCMSO), à adequação
ergonômica dos ambientes de trabalho etc.
CONCEITOS
Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais (PPRA)
O objetivo do PPRA é garantir a preservação da saúde e a integridade dos trabalhadores
diante dos riscos nos ambientes de trabalho, que podem ser produzidos por agentes físicos,
químicos e biológicos.
capítulo 2 • 55
específica, e, sim, que precisará conhecer minimamente os objetos de estudo
dessas diferentes áreas para poder interagir e dialogar com profissionais distin-
tos ou aplicar esses conhecimentos em sua atuação cotidiana.
EXEMPLOS
Vejamos alguns exemplos de conhecimentos que os profissionais precisam ter e as áreas às
quais eles pertencem:
• direito: legislação trabalhista;
• medicina: doenças ocupacionais;
• psicologia: teorias sobre motivação, liderança e estresse no trabalho;
• sociologia: trabalho em equipe e relacionamento em grupo;
• pedagogia: técnicas de ensino e aprendizagem.
56 • capítulo 2
4.2 Competências e habilidades necessárias em cada subsistema
capítulo 2 • 57
Quadro 2.2 Competências e conhecimentos necessários para as funções de gestão de pessoas.
• Técnicas pedagógicas
TREINAMENTO E • Apresentação em público
• Elaboração de projetos
DESENVOLVIMENTO • Visão sistêmica
de treinamento
• Legislação trabalhista e
RELAÇÕES • Capacidade de
previdenciária
TRABALHISTAS E negociação
• Técnicas de gestão de
SINDICAIS • Empatia
conflitos
• Compreensão estratégica
• Legislação trabalhista e
BENEFÍCIOS • Análise de contextos de
previdenciária
negócios
• Normas de segurança
HIGIENE E SEGURANÇA • Atenção a detalhes do trabalho
DO TRABALHO • Senso de urgência • Técnicas de gestão de
conflitos
58 • capítulo 2
RESUMO
Neste capítulo, estudamos os principais elementos que devem compor um modelo de gestão
de pessoas: princípios, políticas, processos, estilo de liderança, desenho organizacional e
organização do trabalho.
Vimos também quais são os principais objetivos e atividades desempenhadas pelas fun-
ções recrutamento e seleção, administração de cargos e salários, administração de pessoal,
benefícios, treinamento e desenvolvimento, higiene e segurança do trabalho e relações tra-
balhistas e sindicais.
Além disso, pudemos compreender as principais características gerais de um profissio-
nal de gestão de pessoas, quais sejam, visão estratégica, catalisador de desempenho, agente
de mudanças e prestador de serviços.
Por fim, vimos as principais competências necessárias para atuar em cada função de
gestão de pessoas estudada neste capítulo.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
A empresa BETA fabrica produtos farmacêuticos para doenças crônicas e com alta demanda
de consumo na população brasileira, contando com diversas plantas industriais espalhadas
por todo o Brasil. A companhia pretende ampliar seu escopo para produção de medicamen-
tos veterinários, e por isso deseja rever seu modelo de gestão de pessoas.
Com base nessas informações, responda:
1. Que modelo poderíamos construir para a BETA?
2. Que funções de gestão de pessoas deveríamos inserir nessa organização?
Resposta comentada
A construção de qualquer modelo de gestão de pessoas vai depender do contexto am-
biental e organizacional. Neste caso, como sabemos que há pretensão de expansão, com
o acréscimo de atividades ainda não desempenhadas, poder-se-ia sugerir a adoção de um
modelo de gestão por competências. Esse modelo vai requerer que haja, no mínimo, as
seguintes funções de gestão de pessoas, todas voltadas ao conceito de competências:
recrutamento e seleção, pois haverá ampliação de atividades e necessidade de seleção de
mais profissionais; treinamento e desenvolvimento, para que sejam desenvolvidas novas
competências para os atuais funcionários; administração de cargos e salários, em conjunto
com benefícios para construir um plano de remuneração que atraia as pessoas desejadas
para as novas atividades.
capítulo 2 • 59
Além disso, por se tratar de uma fábrica, será necessário que haja profissionais traba-
lhando com higiene e segurança do trabalho, a fim de evitar acidentes e garantir a saúde dos
trabalhadores.
E, por fim, será necessário estruturarem a função de administração de pessoal para cui-
dar dos pagamentos de salários e das obrigações trabalhistas, além de cuidar das relações
trabalhistas e sindicais nas diferentes cidades onde há plantas industriais da BETA.
ESTUDO DE CASO
A DTOX Empreendimentos S/A é uma empresa de construção civil com mais 60 anos de
existência. No entanto, o Departamento de Recursos Humanos é recente, existindo apenas
desde 2002. Esse departamento é composto por um gerente, um profissional da área de
psicologia, um instrutor para processos de qualidade, um auxiliar de recursos humanos, um
analista de folha de pagamento e um técnico de segurança do trabalho.
Desde 2014 a DTOX vem aumentando expressivamente os seus negócios. Em 2012
foram 30 empreendimentos imobiliários (prédios residenciais); em 2013, foram 33; e
em 2014, alcançou 127 empreendimentos. Essa expansão resultou também em um au-
mento no número de acidentes de trabalho, alcançando 30 acidentes por ano, com o
afastamento por mais de 15 dias, contra zero acidente em 2012. Da mesma forma, a
quantidade de retrabalho necessário aumentou expressivamente, saindo de 2 por uni-
dade em 2012, para 6 por unidade em 2014. Além do mais, o crescente aumento da
demanda resultou em desorganização da programação de férias. Embora o crescimento
tenha gerado grande ânimo em todos os colaboradores, os acidentes, o retrabalho e a
falta de organização das férias têm causado visível descontentamento por partes dos
empregados. E isso tem impactado sobremaneira as atividades da área de Recursos Hu-
manos, que vem sofrendo pressão por parte das outras áreas da empresa para melhorar
os resultados gerais.
Questões
1. Como a DTOX pode organizar o trabalho da área de gestão de pessoas para que dê conta
das atividades de apoio à área operacional?
2. Que modelo de gestão de pessoas poderia ser desenhado?
3. Use os elementos do modelo estudado neste capítulo e as funções de RH para descre-
ver um esquema que auxilie a DTOX a superar os desafios do crescimento.
60 • capítulo 2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2010.
FISCHER, A. Um resgate conceitual e histórico dos modelos de gestão de pessoas In: FLEURY, M. T. L.
(Coord.). As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. p. 11-34.
LACOMBE, F. J. M. Recursos humanos: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 3. ed. São Paulo:
Futura, 2000.
VARGAS, M. R. M.; ABBAD, G. S. Bases conceituais em treinamento, desenvolvimento e educação – TD&E.
In: BORGES-ANDRADE, J. E.; ABBAD, G. S.; MOURÃO, L. Treinamento, desenvolvimento e educação em
organizações e trabalho: fundamentos para a gestão de pessoas. Porto Alegre: Artmed, 2006.
capítulo 2 • 61
3
Liderança e
motivação:
propulsores da
estratégia
1 Introdução
A gestão de pessoas em uma organização tem como principal desafio estimular
as pessoas para a ação, a fim de cumprir os objetivos organizacionais, e isso
depende, em grande parte, do nível de motivação das pessoas para o trabalho.
O modo como é exercida a liderança tem um impacto significativo no grau de
motivação das pessoas.
Analisar esses dois aspectos, então, é essencial para o estabelecimento de
políticas de recursos humanos eficientes e eficazes.
Neste capítulo, vamos analisar alguns conceitos básicos de liderança e de
motivação e avaliar como as políticas de RH podem ser impactadas por tais as-
pectos. Isso vai nos ajudar a compreender como funcionam as pessoas no coti-
diano de trabalho e, assim, poderemos estabelecer estratégias adequadas para
as políticas de gestão de pessoas.
OBJETIVOS
• Discutir o conceito de motivação e sua importância para o sistema de gestão de pessoas.
• Apresentar as principais teorias desenvolvidas sobre motivação no século XX.
• Discutir o conceito de liderança e seu impacto sobre as políticas de gestão de pessoas.
• Refletir sobre as principais teorias de liderança e suas aplicações sobre as organizações.
Theodore Roosevelt
64 • capítulo 3
2.1 Conceito de motivação
PERGUNTAS
Quantas vezes você já ouviu, em seu ambiente de trabalho, seus chefes ou colegas afirma-
rem que uma pessoa está desmotivada? O que significa isso? Vamos juntos descobrir!
capítulo 3 • 65
Se a ação for eficaz, o indivíduo encontrará a satisfação da necessidade e
descarregará toda a tensão provocada por ela. Satisfeita a necessidade, o indi-
víduo volta ao estado de equilíbrio, até que seja gerada uma nova necessidade.
EQUILÍBRIO
ESTÍMULO
SATISFAÇÃO NECESSIDADE
TENSÃO
COMPORTAMENTO
OU AÇÃO
Essa teoria foi elaborada por Abraham Maslow e fundamenta‑se na ideia de que
as necessidades podem ser hierarquizadas, isto é, distribuídas em escala de
66 • capítulo 3
importância para as pessoas. As necessidades humanas, segundo essa teoria,
são divididas em cinco etapas: fisiológicas e segurança – chamadas de necessi-
dades de baixo nível ou primárias – e sociais, estima e autorrealização – neces-
sidades de alto nível ou secundárias. As necessidades primárias são satisfeitas
externamente, e as secundárias, internamente (dentro do indivíduo). Além
disso, as necessidades de alto nível surgem apenas quando as de baixo nível
são satisfeitas. Essa teoria está calcada no pressuposto de que as pessoas têm
necessidades de crescer e se desenvolver. A Figura 3.2 lista as necessidades em
cada nível da hierarquia.
Comida
Água FISIOLÓGICAS Horário de trabalho
Sexo Intervalo de descanso
Sono e repouso Conforto físico
AUTOR
Abraham Maslow (1908‑1970) foi um psicólogo norte‑americano de origem judia nascido
em Nova York. Trabalhou no Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde fundou o
centro de pesquisas National Laboratories for Group Dynamics.
capítulo 3 • 67
2.2.1.2 Teoria dos dois fatores de Herzberg
Frederick Herzberg elaborou uma teoria de base dual em que argumenta que a mo-
tivação das pessoas para o trabalho depende de dois fatores relacionados entre si:
CONTEXTO CONTEÚDO
DO CARGO DO CARGO
68 • capítulo 3
A teoria de Herzberg tem uma importante aplicação na gestão de pessoas no
que diz respeito à administração de salários e benefícios, pois, ao contrário do que
se imagina, segundo essa teoria, salários e benefícios excelentes não produzem
motivação, mas impedem que os indivíduos fiquem desmotivados ou insatisfei-
tos. As oportunidades de realização pessoal e crescimento na carreira é que serão
responsáveis por produzir motivação.
AUTOR
Frederick Irving Herzberg (1923‑2000) foi um psicólogo norte‑americano que se tornou um
dos nomes mais influentes na gestão empresarial. Foi responsável por introduzir o conceito
de enriquecimento do trabalho. Atuou como professor da Faculdade de Negócios da Univer-
sidade de Utah desde 1972 até seu falecimento.
Formulada por Stacy Adams, a teoria da equidade tem como base a compara-
ção que as pessoas fazem a respeito de suas contribuições e seus resultados
em relação às contribuições e resultados dos outros. A premissa norteadora
dessa teoria é que as pessoas querem ser tratadas de maneira justa (GRIFFIN;
MOORHEAD, 2006).
A teoria da equidade procura explicar a justiça distributiva, isto é a maneira
como se percebe a distribuição das recompensas monetárias (salários, benefí-
cios, prêmios etc.) na organização.
Também faz parte da teoria da equidade a justiça de processo, ou seja, os cri-
térios adotados para definir a distribuição das recompensas.
De acordo com Chiavenato (2005), a justiça distributiva afeta mais a satis-
fação das pessoas que a justiça de processo, pois está ligada à percepção das
pessoas sobre sua remuneração.
capítulo 3 • 69
Segundo Chiavenato (2005, p. 255), existem quatro dimensões em que as
pessoas podem estabelecer a comparação, a saber:
70 • capítulo 3
Essa teoria aplica‑se também às funções administração de cargos e salários
e benefícios, pois daqui surgem os conceitos de equilíbrio interno e equilíbrio
externo dos salários – estudados no Capítulo 2 –, que devem ser a preocupação
central da moderna gestão de remuneração.
Essa teoria foi elaborada inicialmente por Victor Vroom e baseia‑se na proposi-
ção de que as pessoas optam por comportamentos que as levarão a resultados
que lhes são atrativos (CHIAVENATO, 2005).
A teoria da expectativa propõe que as pessoas são motivadas quando acre-
ditam ser capazes de cumprir a tarefa (resultado intermediário) e quando as
recompensas (resultado final) são maiores que o esforço empregado.
Existem três componentes básicos na teoria da expectativa:
capítulo 3 • 71
podemos ter indivíduos que acreditem que o desempenho superior pode levar a um
aumento de salário. Nesse caso, a instrumentalidade se aproxima de 1. Pode haver,
também, indivíduos que pensam que o aumento de salário não está ligado ao de-
sempenho. Aqui, a instrumentalidade desempenho × aumento de salário aproxima
‑se de 0. Por fim, pode haver, ainda, aqueles que acreditam que o desempenho
exerce alguma influência, mas não total. Nesse caso, a instrumentalidade é um
valor que se encontra entre 0 e 1 (GRIFFIN; MOORHEAD, 2006).
EXEMPLO
Imagine que um estudante universitário esteja em busca de um emprego e tenha deparado
com uma vaga de gerente administrativo em uma grande empresa, com salário mensal de
R$ 18.000,00. No entanto, rapidamente ele desiste de enviar um currículo, pois reconhece
que, embora a vaga tenha elevada atratividade (valência positiva), ele não tem os atributos
necessários para preenchê‑la (expectância baixa).
Continuando sua busca por uma colocação, o estudante toma conhecimento de uma
oferta de auxiliar de limpeza, com salário de R$ 1.000,00. Ele, então, julga que teria con-
dições de conseguir o emprego (expectativa alta), mas não é esse o seu desejo (valência
negativa).
Em seguida, o mesmo estudante encontra na universidade uma oferta de estágio com sa-
lário mensal de R$ 1.500,00 em uma grande empresa conhecida por desenvolver as carreiras
das pessoas que lá trabalham. Ele resolve se candidatar, pois a vaga lhe interessou (valência
positiva), tem certeza de que apresenta todos os requisitos (expectância alta) e acredita que
poderá construir uma carreira naquela empresa (instrumentalidade próximo de 1).
72 • capítulo 3
2.2.3.1 Teoria do reforço
capítulo 3 • 73
Extinção: desestímulo a um comportamento pela eliminação das compensações
associadas a ele. Por exemplo, se uma empresa costumava premiar os funcio-
nários pela apresentação de ideias para solucionar problemas cotidianos e de
repente deixa de fazê‑lo, possivelmente não serão mais apresentadas ideias à
4 empresa. Pode haver aspectos positivos na extinção, por exemplo, quando um
chefe nota que sua atitude de receber os subordinados a qualquer momento,
estimulando‑os a falar de seus trabalhos, está atrapalhando sua produtividade,
bem como a dos demais, e decide estabelecer uma rotina com agendas para tais
discussões a fim de discutir a resolução dos problemas.
74 • capítulo 3
CURIOSIDADE
Dica de vídeo
Alguns vídeos têm o poder de despertar os nossos impulsos motivacionais. Um vídeo muito
interessante nesse sentido foi desenvolvido pela agência DM9DDB, em 2003. Chama‑se
Sunscreen (Filtro solar). Você pode assisti‑lo acessando o seguinte link: <www.youtube.
com/watch?v=n6tXgKV_G7g>.
3 Liderança e influência
A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades
extraordinárias em pessoas comuns.
Abraham Lincoln
AUTOR
Max Weber (1864‑1920) Weber é considerado, com Karl Marx e Émile Durkheim, um dos
fundadores da sociologia moderna.
Algumas de suas obras mais importantes foram A ética protestante e o espírito do capitalis‑
mo (1904) e Economia e sociedade (1919‑1922), sua obra máxima, publicada postumamente.
Weber faleceu em Munique, no dia 14 julho de 1920, aos 56 anos, vítima de uma pneumonia.
capítulo 3 • 75
3.1.1 Tipos de poder
French e Raven (1960 apud CHIAVENATO, 2005), de forma coerente com a defi-
nição de Weber, citam a existência de cinco tipos diferente de poder, conforme
Quadro 3.1
TIPOS DE
DESCRIÇÃO
PODER
Poder que tem como base o temor e a coerção. Aqui, o liderado tem
PODER DE
consciência de que um possível fracasso quanto às exigências do
COERÇÃO
líder pode resultar em punição.
PODER DE
Poder que decorre dos traços de personalidade do líder, de seu carisma.
REFERÊNCIA
Fonte: adaptado de French e Raven (1960 apud CHIAVENATO, 2005, p. 346).
76 • capítulo 3
3.2 Conceito de liderança
PERGUNTAS
Você se lembra de algum(a) chefe ou professor(a) que você admirasse? Quais foram as
características que sua admiração?
Em geral, muitas pessoas comentam sobre líderes políticos, esportivos ou religiosos e ci-
tam suas características excepcionais de liderança. Que aspectos diferenciam tais pessoas?
Vamos estudar as teorias de liderança e entender um pouco sobre isso.
Uma distinção importante a ser feita é entre líder e gerente. Embora os dois
conceitos possam estar presentes simultaneamente em uma mesma pessoa,
convém realizar tal distinção. O gerente é aquele que administra os recursos,
que elabora planos, faz desenhos organizacionais e monitora os resultados al-
cançados em face dos planos estabelecidos. O líder, por sua vez, realiza mudan-
ças, define direções para a visão de futuro e inspira as pessoas a alcançar esse
futuro.
Vejamos, a seguir, as principais teorias de liderança.
capítulo 3 • 77
massas. Essa identificação serviria, então, para selecionar líderes que reprodu-
zissem as mesmas características. Centrava‑se a procura em qualidades tais
como inteligência, assertividade, coragem, astúcia etc. Pensava‑se ser possível
encontrar características distintivas em algumas pessoas que as aproximas-
sem de figuras tais como Getúlio Vargas, Jesus Cristo, Napoleão, Moisés etc.
Acreditava‑se, assim, que a liderança era uma característica inata.
Essa teoria, no entanto, caiu em descrédito em virtude da inadequada teori-
zação e da dificuldade de mensuração dos traços distintivos de personalidade.
Algumas das limitações da teoria dos traços são (CHIAVENATO, 2005,
p. 353‑354):
Contudo, pode‑se considerar que a teoria dos traços serviu de embrião para
a moderna abordagem de competências distintivas da liderança. Estas são lis-
tadas como habilidades básicas da liderança.
Nessa perspectiva, as habilidades do líder não podem ser fragmentadas,
mas fazem parte de um conjunto integrado que provocam o comportamento
de liderança eficaz. Chiavenato (2005) aponta que os líderes eficazes utilizam
um arsenal de habilidades pessoais e interpessoais.
78 • capítulo 3
3.4.1 Universidade de Iowa
capítulo 3 • 79
Vale ressaltar que nessa teoria não há qualquer tipo de hierarquia de valores
sobre o estilo mais adequado. Kurt Lewin, conforme salientado por Maximiano
(2008), apenas constatou a existência de estilos diferentes e que cada um deles
funciona adequadamente dentro de seus contextos específicos.
CURIOSIDADES
Grade de liderança
A grade de liderança é uma abordagem que concilia as duas dimensões estudadas pelas
Universidades de Michigan e de Ohio. Desenvolvida por William Blake e Jane Mouton na
80 • capítulo 3
década de 1960, trata‑se de um modelo de dois eixos que mede a preocupação com as
pessoas e com a produção. Cada eixo conta com uma escala de 1 a 9 pontos, sendo 1 uma
baixa preocupação, e 9 uma elevada preocupação. No eixo horizontal, mede‑se a preocupa-
ção com a produção, e no vertical, com as pessoas.
Segundo essa perspectiva teórica, existem cinco estilos de liderança, de acordo com o
posicionamento na grade (Figura 3.4).
Alto
1,9 9,9
9
Gerência de clube recreativo Gerência em equipe
A atenção concentrada nas necessidades das Os resultados do trabalho são provenientes do
pessoas, visando criar um relacionamento empenho do pessoal. A interdependência por meio
8
amistoso, o que resulta em uma atmosfera do comprometimento de todos com os objetivos
agradável e em um ritmo de trabalho confortável organizacionais gera um relacionamento de
confiança e de respeito
7
Orientações para pessoal
6
5,5
Gerência do homem organizacional
5 O adequado desempenho organizacional é
possível desde que haja equilíbrio entre
a necessidade de obter resultados e a
4 manutenção do moral das pessoas em
um nível satisfatório
3
9,1
1,1
Autoridade-obediência
Gerência empobrecida
2
A eficiência operacional decorre da
O emprego do esforço mínimo necessário para que o
organização das condições de trabalho, de
trabalho requerido seja executado é o suficiente para
modo que o elemento humano interfira
1 permanecer como membro da organização
minimamente
Baixo
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Baixo Alto
Orientações para produção
capítulo 3 • 81
3.5 Teorias situacionais e contingenciais
1. Forças no líder: dizem respeito aos valores pessoais do líder, suas convicções, seu
grau de confiança nos subordinados, sua propensão a delegar, sua capacidade de
comunicação etc.
2. Forças nos subordinados: referem‑se às características dos subordinados, seu
desejo por autonomia, participação e responsabilidades, seu conjunto de habilida-
des, conhecimentos e competências etc.
3. Forças na situação: são as condições em que a liderança é exercida. Isto inclui as
características da organização, a estrutura organizacional, o clima e a cultura orga-
nizacional etc.
82 • capítulo 3
Veja o esquema de alternância de estilo na Figura 3.5:
Uso de autoridade
pelo líder Uso de liberdade
dos subordinados
1 2 3 4 5 6 7
Impõe Vende Ouve Consulta Participa Atribui Delega
O líder toma a O líder toma a O líder O líder apresenta O líder apresenta O líder define os O líder permite
decisão e a decisão e a apresenta um projeto de o problema, limites e pede ao que o grupo
comunica aos vende aos suas ideias e decisão sujeito recebe sugestões grupo que tome decida dentro de
subordinados subordinados pede perguntas a modificações e toma sua uma decisão certos limites
pelos decisão
subordinados
Fred Fiedler desenvolveu uma teoria segundo a qual o estilo de liderança é ajus-
tado à situação organizacional. O sucesso é garantido pelo diagnóstico do estilo
de liderança de cada um e pelo diagnóstico da situação organizacional. Feitos
os diagnósticos, basta ajustar a sintonia fina (entre o estilo do líder e a situação
organizacional) e aplicar um dos modelos de liderança proposto por ele. Dois
tipos de liderança são listados por Fiedler: a liderança orientada para as rela-
ções e a liderança orientada para a tarefa. O pressuposto para a utilização dessa
teoria é que o líder saiba identificar o próprio estilo de liderança e as situações
de favorabilidade ou desfavorabilidade em relação ao seu estilo. O objetivo é
aumentar a eficiência e a eficácia do grupo.
Nesse modelo, é importante medir a preferência dos colaboradores pelo es-
tilo de gestão. Para isso, Fiedler propõe a utilização de um questionário chama-
do escala de preferência do colaborador (EPC).
As situações organizacionais são baseadas em três variáveis:
Relações entre líder e membros: podem ser boas ou precárias e dizem respei-
1 to ao modo como os empregados apoiam o líder.
capítulo 3 • 83
Estrutura da tarefa: refere‑se à compreensão dos membros da organização
2 quanto aos objetivos das tarefas. Pode ser alta ou baixa.
84 • capítulo 3
Líder diretivo: bastante objetivo e detentor de forte autoridade, costuma se co-
municar para dizer exatamente o que pretende. Planos e padrões são os objetos
2 de seu trabalho e representam a base de seu comportamento. Indicado para
situações nas quais as tarefas são ambíguas.
Desenvolvida por Paul Hersey e Kenneth Blanchard (1986), essa teoria é uma exten-
são da teoria da grade de liderança. Aqui, o estilo do líder deve ser ajustado ao grau
de maturidade do subordinado para a tarefa, e esse grau é chamado de prontidão.
Existem quatro níveis (ver Figura 3.6): do nível D1, em que o subordinado
tem baixa ou nenhuma habilidade para a tarefa e não tem desejo ou motivação
(prontidão) para cumpri‑la, até o nível D4, em que o empregado tem grande
habilidade e muita motivação para a tarefa. Cada situação vai exigir um estilo
diferente de líder. Os estilos, para os autores, são os seguintes:
capítulo 3 • 85
• Estilo de vender (treinar): nesse estilo, o líder oferece orientação para tare-
fa e reforço da motivação, pois, embora as pessoas sejam inábeis (tenham
pouca habilidade para a tarefa), elas têm grande motivação para a tarefa.
• Estilo participativo (apoiar): aqui, o papel do líder é aumentar a motiva-
ção, pois os liderados têm grande habilidade para a tarefa.
• Estilo delegativo (delegar): nesse estilo, o líder proporciona pequena dire-
ção e apoio, pois os subordinados são extremamente capazes e motivados
para a tarefa.
Nesse modelo, uma mesma pessoa pode ter, em momentos distintos, níveis
de prontidão diferentes. Cabe ao líder estar atento e ajustar o estilo a tais mo-
mentos. A prontidão refere‑se ao desejo ou motivação para realizar o trabalho e
capacidade ou habilidade para realizar a tarefa específica. A cada nível de pronti-
dão deve corresponder um estilo de liderança. Assim, ao nível D1 deve correspon-
der o estilo S1, e assim sucessivamente. Veja, na Figura 3.6, a esquematização do
modelo Hersey e Blanchard:
o
Apoi
Trei
o n
S3 S2
Apoio
S4 S1
ção
Dir
ega
eçã
Del
Direção
D4 D3 D2 D1
moderado/ pouca/
Competência elevado elevado alguma pouca
Compromisso elevado variável baixo elevado
86 • capítulo 3
dos liderados. Abordaremos, a seguir, cinco tipos de liderança baseada na in-
fluência: carismática, transacional, transformacional e empreendedora.
capítulo 3 • 87
•• Promoções.
•• Aumentos salariais.
•• Autonomia e liberalidade no uso do tempo.
•• Atendimento de solicitações relacionadas a transferências, designação para outros
projetos e dispensas.
•• Prêmios por desempenho, como o “diploma do melhor funcionário do mês”, ou uma
participação nos resultados.
•• Patrocínio de programas de treinamento.
88 • capítulo 3
3.6.4 Liderança empreendedora
• liberdade de ação;
• autonomia;
• resiliência;
• criatividade;
• aceitação de risco;
• colaboração em equipe;
• assunção de responsabilidades;
• tolerância à ambiguidade.
capítulo 3 • 89
As práticas de gestão de pessoas e as diversas funções de RH da organiza-
ção devem estar imbuídas desse propósito. Por exemplo, as áreas de recruta-
mento e seleção devem buscar pessoas com maior criatividade e iniciativa,
ao passo que a área de remuneração deve se preocupar em construir instru-
mentos de recompensa que indiquem que o empreendedorismo e o desenvol-
vimento de características associadas serão valorizados. Esses conjuntos de
práticas revelam o caráter da orientação empreendedora (OE) adotada pela
área de gestão de pessoas.
RESUMO
Neste capítulo, aprendemos como a motivação e a liderança podem impactar
os resultados de uma organização. Estudamos os conceitos de motivação e
de liderança, bem como as principais correntes teóricas que construíram tais
campos de pesquisa.
Quanto à motivação, aprendemos que existem correntes teóricas que defen-
dem que a motivação é um processo interno, originado no indivíduo, ao passo
que outras argumentam que a motivação obedece a estímulos externos. Cada
perspectiva oferece ângulos diferentes, todos com sentido.
No que tange às teorias de liderança, entendemos que as diferentes pers-
pectivas teóricas buscam moldar um quadro de como o processo de influência
acontece. O esforço dos pesquisadores deve ser no sentido de descobrir como
estimular as pessoas à ação com eficiência.
Por fim, a compreensão desses dois processos só acontece em conjunto,
pois estão intrinsecamente ligados. A gestão estratégica de pessoas deve con-
siderar esses dois elementos para a formulação de políticas, pois constituem a
base de qualquer ação no campo da gestão de pessoas.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
(Fiocruz/2010/Analista de gestão em saúde)
1. Pode‑se definir motivação como o interesse de uma pessoa para a ação, revelando‑se
como um impulso constante e de intensidade variável, orientado para o alcance de um
objetivo, seja este decorrente de uma necessidade, seja de um estado de satisfação.
Com o objetivo de canalizar a motivação para atender aos interesses do agente e da
instituição, cabe ao gestor público:
90 • capítulo 3
a. Preparar‑se para aceitar os diversos interesses do agente público sob sua respon-
sabilidade.
b. Compreender as conveniências e as necessidades de seus subalternos.
c. Compreender os mecanismos responsáveis pela estimulação das pessoas, procu-
rando empregá‑los de forma a definir uma rota de convergência entre os objetivos
institucionais e os individuais.
d. Estar atento aos comportamentos que identificam insatisfação do agente público
com vistas à criação de um ambiente mais de acordo com o atendimento de suas
pretensões pessoais.
e. Canalizar os estímulos manifestados pelos agentes públicos para alcançar os objetivos
da organização.
Resposta comentada
O comando da questão traz uma definição de motivação e menciona que o administrador pú-
blico deve canalizar a motivação para atender a dois interesses: o do servidor e o da institui-
ção. Pergunta‑se, assim, qual seria a ação convergente com este duplo objetivo. Analisemos
as alternativas:
a. ERRADA. Esta assertiva envolve considerar apenas os interesses do agente público,
desconsiderando os objetivos da instituição.
b. ERRADA. Na mesma linha da afirmação anterior, leva em consideração apenas inte-
resses e necessidades dos servidores.
c. CERTA. Esta afirmativa procurar convergir os interesses dos servidores aos da ins-
tituição. Procuram‑se elementos motivadores que não conflitem com os objetivos
institucionais.
d. ERRADA. Também considera apenas a perspectiva do servidor.
e. ERRADA. Esta alternativa subordina a organização aos interesses dos servidores.
Procurar convergências para motivar os servidores envolve não tirar da frente os
objetivos organizacionais, e subordinar a organização aos interesses de seus agentes
envolve abrir mão de objetivos organizacionais.
Sendo assim, a correta é a alternativa C.
capítulo 3 • 91
a. Liberal.
b. Situacional.
c. Autocrática.
d. Carismática.
e. Democrática
Resposta comentada
a. ERRADA. O estilo liberal ou laissez‑faire deixa os liderados à vontade para fazerem o
que quiserem. Não pode provocar conflito, dependência ou submissão ao líder.
b. ERRADA. A liderança situacional adapta‑se às diversas situações dos liderados, evi-
tando conflito e desarmonia.
c. CERTA. A liderança autocrática está centrada na figura do líder, que fixa as diretrizes,
centraliza o poder e toma as decisões
d. ERRADA. Embora exista, por parte dos liderados, dependência em relação ao líder,
os membros do grupo unem‑se em torno das características extraordinárias dele.
e. ERRADA. O líder democrático incentiva a participação, o que reduz ansiedades e
diminui conflitos.
Portanto, a correta é a alternativa C.
ESTUDO DE CASO
A Empresa ALFA, fabricante de produtos veterinários, tem sofrido com a queda das vendas
na região Centro‑Oeste. Ao estudar o mercado de produtos similares, verificou que houve
expansão das vendas das empresas concorrentes. Preocupada em não perder ainda mais
mercado, a ALFA solicitou à área de gestão de pessoas que procurasse entender o que está
acontecendo com a equipe comercial da região.
A diretoria de gestão de pessoas decidiu, então, aplicar uma pesquisa de clima organiza-
cional para toda a força de vendas, incluindo as demais regiões do país.
Alguns dos resultados encontrados foram os seguintes:
92 • capítulo 3
Antes, a distribuição dos territórios dividia igualmente os clientes mais importantes
para todos os vendedores. Este é o critério usado nas demais regiões.
Questões
• Que estilo de liderança foi empregado na região Centro‑Oeste e nas demais regiões?
• Há satisfação com o estilo de liderança?
• As recompensas pelas vendas efetuadas são consideradas suficientes?
• As metas de vendas são consideradas adequadas?
• Como é realizado o reconhecimento pelos esforços realizados?
• Como estabelecer um processo motivacional que estimule a equipe a melhorar seu
desempenho?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLAKE, R. R.; MOUTON, J. S. O novo grid gerencial. 4. ed. São Paulo: Pioneira, 1987.
BRASIL. Senado Federal. Concurso público para analista legislativo. FGV, 2008. Disponível em:
<qcon‑assets‑production.s3.amazonaws.com/prova/arquivo_prova/1943/fgv‑2008‑senado‑federal
‑administrador‑prova.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2015.
CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 2. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2005.
FIOCRUZ – FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Concurso público para analista de gestão em saúde. FGV,
2010. Disponível em: <www.direh.fiocruz.br/site/arquivos/provas‑concurso‑fiocruz‑2010/analistas/
Gest%C3%A3o%20de%20Infraestrutura.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2015.
FRANCO, M. M. S.; PACHECO, S.; HASHIMOTO, M. Liderança empreendedora e práticas de RH: um
estudo sobre a eficácia na promoção do empreendedorismo corporativo. In: VIII Encontro de Estudos
em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (EGEPE). 2014. Disponível em: <www.
egepe.org.br/anais/tema11/184.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2015.
GRIFFIN, R. W.; MOORHEAD, G. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Ática, 2006.
HERSEY, P.; BLANCHARD, K. H. Psicologia para administradores: a teoria e as técnicas da liderança
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LACOMBE, F. J. M. Recursos humanos: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 3. ed. São Paulo:
Futura, 2000.
MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 7. ed. São Paulo: Atlas. 2008.
WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. v. 1 Brasília, DF: UNB, 1999.
capítulo 3 • 93
4
Qualidade de vida e
gestão de conflitos
1 Introdução
A moderna gestão de pessoas deve se preocupar com o indivíduo, mas não ape-
nas em sua dimensão produtiva. As pessoas necessitam ser vistas de maneira
holística, ou seja, em todos os seus aspectos. Vimos, no capítulo anterior, que
os aspectos relativos à motivação, que são subjetivos, interferem na capacidade
laboral do indivíduo.
O ser humano não é um ser divisível, ele carrega suas emoções, angústias e
alegrias aonde quer que vá. Nesse sentido, a gestão de pessoas deve se preocu-
par em proporcionar ambientes de trabalho capazes de promover satisfação,
conforto e autorrealização a todos, o que exige promover o conceito de quali-
dade de vida no trabalho (QVT) e gerenciar adequadamente os conflitos, como
medidas para que o ambiente laboral seja sempre agradável.
OBJETIVOS
• Contextualizar o surgimento do conceito de QVT.
• Discutir o conceito de QVT e suas diferentes escolas conceituais.
• Apresentar alguns modelos de QVT e os indicadores associados a cada um deles.
• Entender o processo de surgimento dos conflitos.
• Discutir as técnicas para resolução de conflitos.
• Apresentar uma metodologia de negociação adequada à resolução de conflitos.
Gonzaguinha
96 • capítulo 4
REFLEXÃO
Muitas pessoas afirmam buscar maior qualidade de vida em seus empregos. Mas como po-
demos encontrar qualidade de vida no trabalho? Vamos juntos tentar entender como isto
pode acontecer.
capítulo 4 • 97
1950 desenvolveram pesquisas cujo objetivo era tornar a vida dos trabalhadores
menos penosa. Porém, somente na década seguinte é que as pesquisas relaciona-
das ao conceito de qualidade de vida no trabalho tomaram maior impulso, mas
elas acabaram sendo interrompidas em 1974, com o advento da crise energética.
O conceito de qualidade de vida no trabalho veio a ser consolidado apenas
no fim da década de 1970, com os trabalhos de Nadler e Lawler, que adota-
ram uma perspectiva sociotécnica como princípio para seu conceito de QVT.
A abordagem sociotécnica adota como pilares principais a organização do
trabalho e a reestruturação da tarefa (RODRIGUES, 2011).
Segundo Chiavenato (2010, p. 487), a QVT “representa o grau em que os
membros da organização são capazes de satisfazer as suas necessidades pes-
soais através de suas experiências na organização”.
O mesmo autor ressalta, ainda, que as organizações são inventadas pelo ho-
mem para se adaptar às circunstâncias ambientais, a fim de alcançar objetivos.
Se essa adaptação é conseguida e os objetivos são alcançados, então, a organi-
zação será considerada eficaz (CHIAVENATO, 2010).
Para Eda Fernandes, a qualidade de vida no trabalho é definida como “a gestão
dinâmica e contingencial de fatores físicos, tecnológicos e sociopsicológicos que
afetam a cultura e renovam o clima organizacional, refletindo-se no bem-estar do
trabalhador e na produtividade das empresas” (FERNANDES, 1996, p. 45-46).
Segundo Albuquerque e França (1998, p. 41), QVT é:
Fica claro, então, que a QVT abrange diversos aspectos da vida de um indi-
víduo. Nesse sentido, Bom Sucesso (1997) argumenta que a QVT inclui os se-
guintes fatores:
98 • capítulo 4
• Oportunidades e perspectivas de carreira.
• Possibilidade de uso do potencial.
• Respeito aos direitos.
• Justiça nas recompensas.
[...] o trabalhador não chega a seu local de trabalho como uma máquina nova. Ele possui
uma história pessoal que se caracteriza por certa qualidade de aspirações de seus de-
sejos, de suas motivações, de suas necessidades psicológicas, que integram sua história
passada. Isso confere a cada indivíduo características únicas e pessoais.
Isso indica que as práticas de QVT devem ser transversais, isto é, devem ser res-
ponsabilidade de todas as áreas, e não somente da gestão de pessoas, e devem le-
var em conta as necessidades dos trabalhadores em termos de satisfação pessoal.
Nesse sentido, podemos afirmar que alguns benefícios da QVT são:
• melhoria da produtividade;
• aumento da satisfação no trabalho e da motivação;
• melhoria da imagem corporativa;
• redução do absenteísmo;
• estabelecimento de boas relações interpessoais;
• redução das taxas de adoecimento em função de questões laborais;
• redução da rotatividade.
capítulo 4 • 99
Escola socioeconômica: a abordagem sociotécnica, ou socioeconômica, teve
seu surgimento na década de 1950, no Tavistock Institute, em Londres. Os pes-
1 quisadores dessa escola preocuparam-se em estabelecer a correlação entre a in-
trodução de novas máquinas em uma mina de carvão inglesa e a maior ocorrência
de absenteísmo, conflitos interpessoais e grupais.
100 • capítulo 4
2.2.1 Modelo de Walton (1973)
Esse modelo é dividido em oito critérios, cada qual abrangendo uma série
de dimensões:
capítulo 4 • 101
O Quadro 4.1 relaciona indicadores para cada um desses critérios:
• Autonomia
Uso e desenvolvimento de capa- • Autocontrole relativo
cidades • Qualidades múltiplas
• Informações sobre o processo total do trabalho
• Possibilidade de carreira
Oportunidade de crescimento e • Crescimento pessoal
segurança • Perspectiva de avanço salarial
• Segurança no emprego
• Ausência de preconceitos
• Igualdade
Integração social na organização • Mobilidade
• Relacionamento
• Senso comunitário
102 • capítulo 4
• Papel balanceado do trabalho na vida pessoal
• Papel balanceado no trabalho
Trabalho e espaço total de vida • Estabilidade de horários
• Poucas mudanças geográficas
• Tempo para lazer da família
• Imagem da empresa
Relevância social do trabalho na • Responsabilidade social da empresa
vida • Responsabilidade pelos produtos
• Práticas de emprego
capítulo 4 • 103
Nesse modelo, a satisfação do trabalhador advém da combinação das per-
cepções sobre as dimensões da tarefa, conforme visto há pouco, resultando em
um estado psicológico favorável.
Esse modelo preocupa-se em analisar a QVT tendo como foco os esforços das
organizações em humanizar o trabalho. Para isso, são levados em consideração
aspectos internos e externos à organização, sendo, portanto, mais abrangente.
Aqui, a análise deve considerar quatro indicadores fundamentais:
AÇÃO PARA
NATUREZA DO SINTOMA DO
SOLUCIONAR O INDICADORES
PROBLEMA PROBLEMA
PROBLEMA
• Insatisfação
Econômico Injustiça União
• Greves
104 • capítulo 4
• Insatisfação
Político Insegurança Posições políticas
• Greves
• Desinteresse
Psicológico Alienação Agentes de mudança
• Absenteísmo e turnover
• Ausência de significa-
Sociológico Anomia Autodesenvolvimento ção do trabalho
• Absenteísmo e turnover
CURIOSIDADE
Dica de vídeo
Assista, no link a seguir, à professora Ana Cristina Limongi-França falando sobre qualidade
de vida no trabalho: <www.youtube.com/watch?v=ws2IOcNO8cM>.
3 Gerenciamento de conflitos
PERGUNTA
Quantas vezes você já presenciou um conflito em seu ambiente de trabalho? Como isso afe-
tou as relações e a produtividade na empresa? Como o conflito foi resolvido? Vamos juntos
estudar alguns aspectos sobre gerenciamento de conflitos nas organizações.
capítulo 4 • 105
nas organizações quando as partes exercem poder na busca de metas ou obje-
tivos valorizados e obstruem o progresso de uma ou mais das outras metas”.
Eis algumas outras breves definições para conflito:
Visão tradicional: de acordo com esta abordagem, todo conflito é ruim e, por-
tanto, deve ser evitado. O conflito é resultado das falhas de comunicação, da
1 falta de confiança entre as pessoas e do fracasso dos líderes em atender aos
anseios de suas equipes. Portanto, o conflito representa uma disfunção do fun-
cionamento normal das relações entre as pessoas.
Visão das relações humanas: segundo esta perspectiva, o conflito é uma con-
sequência natural e inevitável em qualquer grupo, não constituindo uma energia
2 necessariamente ruim, mas que pode ser transformada em uma força positiva na
determinação do desempenho do grupo.
Visão interacionista: mais moderna, esta visão sugere que o conflito não ape-
nas pode ser uma força positiva, mas que sua existência é absolutamente neces-
3 sária para manter o desempenho eficaz de um grupo. Segundo essa perspectiva,
os líderes devem manter um nível mínimo constante de conflito, suficiente para
que o grupo se mantenha viável, autocrítico e criativo.
106 • capítulo 4
3.1 Níveis de gravidade do conflito
capítulo 4 • 107
Interdependência de atividades: nessas condições, as pessoas e os grupos de
uma organização dependem uns dos outros para desempenhar suas atividades.
3 Assim, um grupo não consegue realizar suas tarefas enquanto o outro não realiza
as suas. Quando a interdependência é alta, surgem oportunidades para que um
grupo auxilie ou prejudique o outro.
Outro fator gerador de conflitos são os chamados conflitos de papéis. Papéis di-
zem respeito ao conjunto de tarefas que o indivíduo desempenha. O conflito ocorre
quando há eventos estressantes no trabalho – sobrecarga de papéis, isto é, mais ati-
vidades que a capacidade de o indivíduo realizá-las – ou ambiguidades na estrutura
dos papéis – informações insuficientes sobre a função a ser realizada.
108 • capítulo 4
Impasse: aqui, não há resolução do conflito. Há uma paralisia, um estado nega-
2 tivo em que ninguém chega a lugar algum.
capítulo 4 • 109
Além disso tudo, os conflitos também podem produzir curiosidade e inte-
resse pela melhoria, aumentar a motivação pelo desempenho do grupo e testar
a balança do poder.
Sobre as consequências negativas, podemos citar quatro:
Competição: baixa cooperação e alta assertividade. Aqui, uma das partes impõe
uma ação pronta e decisiva, especialmente quando são necessárias decisões
1 impopulares em situações de emergência. Nessa perspectiva, o que importa é
vencer o conflito.
110 • capítulo 4
Transigência (ou compromisso): assertividade e cooperação moderadas. É
apropriado para situações em que os objetivos dos dois lados são igualmente im-
2 portantes e quando ambos detêm igual parcela de poder. A perspectiva é reduzir
as diferenças e ter jogo de cintura.
Assertivo
Competição Colaboração
Assertividade Transigência
Abstenção Acomodação
Não assertivo
Cooperação
Não cooperativo Cooperativo
capítulo 4 • 111
3.6 Técnicas de gestão de conflitos
112 • capítulo 4
Abordagem mista: neste caso, são utilizadas tanto a abordagem estrutural
quanto a de processo para administrar o conflito. Existem duas maneiras de uti-
lizar a abordagem mista:
a. Influenciar o processo de conflito por meios estruturais, como a adoção
de regras para resolvê-lo, a partir da determinação de procedimentos e
limites para trabalhar o conflito.
b. Criar uma terceira parte dentro da organização, a qual fica formalmen-
3 te responsável por assumir a comunicação entre as partes conflitantes.
Aqui, entram os chamados papéis de ligação, que podem ser exercidos
por essas terceiras partes ou por equipes intergrupais, que desempe-
nham papéis integradores cuja tarefa é coordenar o esforço dos grupos
conflitantes para alcançar os objetivos da organização. O gerente pode
assumir um papel integrador sempre que surgir a necessidade de intervir
nas condições estruturais e na dinâmica do conflito.
capítulo 4 • 113
Na primeira etapa, temos preparação e planejamento, que envolvem respon-
der às seguintes questões:
A segunda etapa, definição das regras, requer que sejam respondidas as se-
guintes questões:
114 • capítulo 4
PLANEJAMENTO EXECUÇÃO CONTROLE
Alternativas: são as possibilidades de caminho que cada parte tem caso não se
1 chegue a um bom termo. O acordo obtido à mesa de negociação sempre deve ser
comparado às alternativas existentes fora dela.
capítulo 4 • 115
Interesses: são as razões que sustentam as posições defendidas no processo
negocial. Não se deve confundir interesses com posições – posições são exigên-
2 cias das partes, ao passo que os interesses são subjacentes às posições. É o que
há por trás das posições e que, a priori, é desconhecido da outra parte. Quanto
mais um acordo satisfizer os interesses das partes, melhor o negócio.
Compromissos: são declarações verbais ou escritas sobre o que uma das par-
tes fará ou deixará de fazer. Eles podem ser realizados no decorrer da negociação
5 ou ao término desta. O acordo será melhor caso as promessas tenham sido bem
arquitetadas e planejadas nas etapas 1 e 2 do ciclo estratégico.
116 • capítulo 4
Para finalizar o capítulo, vejamos um breve resumo da metodologia de
Harvard:
CONCEITO
A MAPAN (melhor alternativa para o acordo negocial) é gerada na fase da pré-negociação,
no planejamento, e consiste em estudar as alternativas e priorizá-las, definir as melhores
opções para utilizar em determinada negociação. Também inclui a projeção da MAPAN da
outra parte na negociação.
CURIOSIDADE
Dica de vídeo
Assista à fala do professor William Ury sobre negociação no vídeo do link a seguir:
<www.youtube.com/watch?v=lvZE2GsntGI>.
RESUMO
Neste capítulo, aprendemos o quão importante é garantir a qualidade de vida no trabalho
para todas as pessoas. Vimos que a QVT inclui o equilíbrio entre trabalho e lazer, vida emo-
capítulo 4 • 117
cional satisfatória, orgulho pelo trabalho realizado, remuneração decente, oportunidades de
crescimento profissional, entre outros aspectos.
Estudamos alguns métodos que podem ser adotados para gerenciar e monitorar a qua-
lidade de vida no trabalho, a saber, o modelo de Walton, o de Hackman e Oldham e o de
Westley. Cada um desses métodos apresenta um conjunto de indicadores que podem ser
utilizados para avaliar o nível de QVT.
Vimos, também, que o conflito no ambiente laboral pode prejudicar seu funcionamento
adequado caso não seja administrado. Aprendemos que o conflito pode ser positivo, pois
introduz energia no ambiente organizacional e a propulsiona.
Por fim, estudamos as técnicas de resolução de conflitos e, também, a metodologia de
negociação de Harvard.
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
(FCC/TRE-AP/2011/ANALISTA JUDICIÁRIO/PSICOLOGIA)
1. A visão interacionista considera que o conflito é:
a. Inevitável e poderá ser ou não gerenciado.
b. Contraproducente e deve ser evitado.
c. Uma ocorrência natural nos grupos e nas organizações e devem ser aceitos.
d. Necessário para o desempenho eficaz de um grupo.
e. Sinônimo de irracionalidade e causa prejuízos à organização.
Resposta comentada:
Como vimos, a visão interacionista defende que o conflito é necessário para a eficácia dos
grupos. De acordo com essa abordagem, o conflito, além de ser uma força positiva, propicia
um desempenho eficaz do grupo.
Portanto, a alternativa correta é a D.
118 • capítulo 4
Resposta comentada:
Como pudemos observar neste capítulo, a QVT preconiza o reconhecimento e o crescimento
profissional como alguns de seus elementos.
Portanto, a afirmativa está correta.
ESTUDO DE CASO
A organização GPTW (Great Place to Work) divulga anualmente uma lista com as melhores
empresas para se trabalhar. Em determinado ano, o ranking foi o seguinte:
1. ELEKTRO
3.587 empregados
2. CATERPILLAR
3.141 empregados
3. KIMBERLY-CLARK BRASIL
3.794 empregados
4. GAZIN INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÓVEIS E ELET. LTDA
7.277 empregados
5. LABORATÓRIO SABIN DE ANÁLISE CLÍNICAS
1.698 empregados
6. MAGAZINE LUIZA
24.037 empregados
7. DELL BRASIL
3.521 empregados
8. ALCOA ALUMÍNIO S/A
5.118 empregados
9. EMBRAER
17.094 empregados
10. BANCO LOSANGO
1.136 empregados
Questões
1. Você conhece alguma dessas empresas?
2. Qual é a sua percepção sobre os aspectos positivos e negativos de tais empresas?
capítulo 4 • 119
3. Quais impressões você tem acerca das características que as fazem estar nesta lista?
4. Discuta a maneira como esses aspectos podem ter impactado a QVT dos empregados
dessas empresas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, L. G.; FRANÇA, A, L. Estratégias de recursos humanos e gestão da qualidade de
vida no trabalho: o stress e a expansão do conceito de qualidade total. Revista de Administração, São
Paulo, v. 33, n. 2, abr./jun. 1998, p. 40-51.
AMAPÁ. Tribunal Regional Eleitoral do Amapá. Concurso público para analista judiciário. FCC, 2011.
Disponível em: <qcon-assets-production.s3.amazonaws.com/prova/arquivo_prova/24152/fcc-2011-
tre-ap-analista-judiciario-psicologia-prova.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2015.
BOM SUCESSO, E. P. Trabalho e qualidade de vida. Rio de Janeiro: Qualitymark/Dunya, 1997.
CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 2. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2005.
______. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2010.
DEJOURS, C. et al. Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.
DEUS, D. P. Qualidade de vida no trabalho: análise de um modelo mediacional. Dissertação (Mestrado) –
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia, Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2006.
DISTRITO FEDERAL. Tribunal de Contas do Distrito Federal. Concurso público para analista de
administração pública. CESPE, 2014. Disponível em: <qcon-assets-production.s3.amazonaws.com/
prova/arquivo_prova/38117/cespe-2014-tc-df-analista-de-administracao-publica-organizacoes-prova.
pdf>. Acesso em: 18 nov. 2015.
FERNANDES, E. C. Qualidade de vida no trabalho. Salvador: Casa da Qualidade, 1996.
FISHER, R.; URY, W.; PATTON, B. Como chegar ao sim: a negociação de acordos sem concessões.
2. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1994.
HACKMAN, J. R.; OLDHAM, G. R. The job diagnostic survey: an instrument for the diagnosis of
jobs and the evaluation of job redesign projects. Technical report n. 4, Department of Administrative
Sciences of Yale University, may, 1974.
OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Grupo WHOQOL. Versão em Português dos
Instrumentos de Avaliação de Qualidade de Vida. Genebra, 1998. Disponível em: <www.ufrgs.br/
psiquiatria/psiq/whoqol1.html#1>. Acesso em: 18 nov. 2015.
ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002.
120 • capítulo 4
RODRIGUES, M. V. C. Qualidade de vida no trabalho: evolução e análise do nível gerencial. 13. ed.
Petrópolis: Vozes, 2011.
VIEIRA, A. A qualidade de vida no trabalho e o controle da qualidade total. Florianópolis: Insular, 1996.
WALTON, R. E. Quality of working life: what is ir? Show Magagement Review, Cabridge, v. 15, n. 1, p.
11-12, 1973.
WESTLEY, W. A. Problems and solutions in the quality of working life. Human Relations, n. 32, ano 2,
1979, p. 113-123.
capítulo 4 • 121
5
Sistemas de
informações
de gestão
de pessoas
1 Introdução
A gestão de pessoas deve monitorar os resultados de suas ações e das políticas
implementadas. Apenas a partir da avaliação dos resultados é possível corrigir
o rumo das ações e reconhecer os avanços alcançados, e isso envolve a coleta
sistemática de dados.
Nesse sentido, diversas ferramentas estão disponíveis, como o Balanced
Scorecard (BSC). Todas essas ferramentas exigem a construção de indicadores
que possibilitem o acompanhamento das ações enquanto estão sendo desen-
volvidas. Construir indicadores é um passo importante e envolve custos, tan-
to na construção quanto no acompanhamento, razão pela qual eles devem ser
pensados cuidadosamente. Neste capítulo, estudaremos as características de
um sistema de informações de RH, o auxílio que o BSC pode prestar e como
devemos construir indicadores.
OBJETIVOS
• Apresentar o conceito de sistemas de informações em gestão de pessoas.
• Discutir as principais características dos sistemas de informações de gestão de pessoas.
• Apresentar o modelo de gestão estratégica baseada no Balanced Scorecard (BSC).
• Entender como aplicar o BSC à gestão de pessoas.
• Discutir as principais características dos indicadores.
PERGUNTAS
Quantas vezes você já se viu solicitando informações ou esclarecimentos à área de gestão
de pessoas acerca dos benefícios oferecidos, das verbas salariais lançadas em seu contra-
cheque (comprovante de pagamento) ou sobre a programação de suas férias, por exemplo?
Vamos juntos entender como os sistemas de informações de gestão de pessoas podem
ajudar gestores e colaboradores em suas atividades cotidianas nas organizações.
124 • capítulo 5
No Capítulo 1, aprendemos que a gestão de pessoas pode ser esquematizada
em seis macroprocessos, sendo o sexto deles o monitoramento de pessoas, que
consiste no acompanhamento e no controle das atividades das pessoas e de
resultados, incluindo a implantação de sistemas de informações gerenciais e
bancos de dados.
Esse monitoramento não segue a lógica tradicional de fiscalização e vigi-
lância, com imposição de penalidades para eventuais desvios daquilo que foi
prescrito. Antes, é um mecanismo que deve auxiliar no processo de descentrali-
zação e autonomização das diversas áreas de uma organização, conferindo-lhes
instrumentos para a tomada de decisão e para que, assim, possam gerir seus
processos de RH com mais desenvoltura e flexibilidade.
Segundo Chiavenato (2010, p. 507), os sistemas de informação de gestão de
pessoas podem abarcar as seguintes definições:
•• [...] sistema utilizado para coletar, registrar, armazenar, analisar e recuperar dados a
respeito dos recursos humanos da organização. A maioria dos sistemas de informa-
ção de RH é computadorizada.
•• [...] procedimento sistemático para coletar, armazenar, manter, combinar e validar da-
dos necessários à organização a respeito dos recursos humanos, atividades pesso-
ais e características das unidades organizacionais.
•• [...] sistema planejado para colher, processar, armazenar e disseminar informações a
respeito dos colaboradores da empresa, de modo a permitir a tomada de decisões
eficazes pelos gerentes envolvidos.
•• [...] sistema baseado em um banco de dados (incluindo um banco de talentos ou ban-
co de competências) para disponibilizar, em tempo real, informações sobre recursos
humanos, capital humano e capital intelectual da empresa.
capítulo 5 • 125
de pessoas não deve servir apenas aos gerentes ou à direção das organizações,
mas também deve ser direcionado aos colaboradores em geral, propiciando
‑lhes as seguintes facilidades:
126 • capítulo 5
Saber exatamente quais são as informações de que os usuários necessitam para
1 assumir a responsabilidade de cuidar de seus colaboradores.
Verificar quais informações devem ser prestadas por meio de relatórios escritos
3 ou virtuais e quais devem ser apenas acessadas nos terminais de computadores.
Banco de dados
Cadastro pessoal
Cadastro de cargos
Cadastro de seções
Entrada Saída
de de
dados informações
Cadastro de remuneração
Cadastro de benefícios
Cadastro médico
capítulo 5 • 127
3 Principais aplicações dos sistemas de
informação de gestão de pessoas
Os sistemas de informações em gestão de pessoas (SIGP) têm suas principais
aplicações nas seguintes atividades ou funções de RH:
• Avaliação de desempenho: armazenar a série histórica das competências
e do desempenho individual, informar as metas de desempenho e o grau
de atingimento destas durante um ciclo avaliativo.
• Administração de treinamento: informar as necessidades de treinamen-
tos com base no perfil do cargo, divulgar a programação anual de treina-
mentos, selecionar os participantes, auxiliar na definição do orçamento e
na logística de execução dos treinamentos.
• Avaliação e pesquisa: construir indicadores que ajudem a avaliar a eficá-
cia das diversas políticas de gestão de pessoas.
• Provisão de pessoal: visualizar currículos cadastrados, fazer triagem de
candidatos por perfil estabelecido, mostrar agenda de entrevistas, acom-
panhar o processo de seleção.
• Remuneração: visualizar a tabela salarial da empresa, os cargos e seus re-
quisitos e a evolução da carreira de cada colaborador.
• Pagamento: realizar o cálculo das folhas de pagamento, calcular os encar-
gos trabalhistas, disponibilizar comprovantes de pagamentos de salários,
dos recolhimentos obrigatórios efetuados (FGTS, INSS etc.) e facilitar o
agendamento das férias.
PERGUNTA
Se você trabalha em uma organização, seja pública ou privada, já deve ter ouvido a expressão
BSC em algum momento. Mas, afinal, quais contribuições ele pode dar para a gestão organiza-
cional e em especial para a gestão de pessoas?
128 • capítulo 5
O BSC consiste em um sistema de gestão que permite traduzir a visão e a mis-
são da empresa em objetivos estratégicos monitorados por indicadores. Trata-
se uma metodologia baseada no equilíbrio organizacional e que se fundamenta
no balanceamento entre quatro diferentes perspectivas: perspectiva do aprendi-
zado e crescimento (ou inovação), perspectiva dos processos internos, perspectiva do
cliente e perspectiva financeira.
O grande mérito desse modelo é ampliar a avaliação da estratégia das em-
presas para além de indicadores financeiros, correlacionando-os com indica-
dores não financeiros, mas que interferem no alcance dos objetivos organiza-
cionais. O objetivo do Balanced Scorecard é comunicar a visão e a missão da
empresa por meio de indicadores de desempenho que são construídos com
base nos objetivos estratégicos e nas metas organizacionais.
O BSC apresenta alguns componentes fundamentais para sua elaboração:
capítulo 5 • 129
uma elevação da satisfação dos clientes, a qual, por fim, resultará na amplia-
ção da fatia de mercado da empresa, incluindo lucro, receita e retorno sobre
o investimento.
Lucro
Melhorar
Perspectiva dos Implantar novos
os processos
processos internos processos
internos
Assegurar treinamento
Perspectiva do
e capacitação para
aprendizado e crescimento
as pessoas
Figura 5.2 Mapa da estratégia e relação de causa e efeito entre as perspectivas do BSC.
Fonte: adaptada de Chiavenato (2005, p. 495).
130 • capítulo 5
da perspectiva dos clientes. Ela envolveria indicadores relacionados à corrupção,
ao desperdício nos gastos públicos etc. A sugestão dos autores é que a pers-
pectiva do cliente fique em primeiro plano, subordinando-a à missão da or-
ganização.
Missão da organização
Perspectiva dos
processos internos
Perspectiva aprendizagem
e crescimento
CURIOSIDADE
Dica de vídeo
Veja o professor Robert Kaplan, um dos criadores do Balanced Scorecard, falando sobre o
modelo: <www.youtube.com/watch?v=5ysYExAArEE>.
EXEMPLO
Observem a aplicação da construção de um mapa estratégico para uma organização pública.
O Tribunal de Contas da União (TCU) adaptou o BSC utilizando as seguintes perspectivas:
orçamento e logística, pessoas e inovação, processos internos e resultados. Notem, na Fi-
gura 5.4, que há uma relação de causa e efeito crescente desde a perspectiva inicial (orça-
mento e logística) até o resultado, que é o cumprimento da missão dessa instituição pública.
capítulo 5 • 131
132 •
MISSÃO: assegurar a efetiva e regular gestão dos recursos públicos em benefício da sociedade.
capítulo 5
e fraude ao aperfeiçoamento
da administração pública Aperfeiçoamento da gestão pública Combate à corrupção, ao desvio e à fraude
Figura 5.4 Mapa Estratégico do Tribunal de Contas da União – PET TCU – 2006-2010.
5 Avaliação estratégica de gestão de pessoas
A avaliação da função gestão de pessoas implica a utilização de mecanismos
que possam inferir adequadamente as contribuições das diversas ações e das
políticas de RH no alcance das estratégias organizacionais, e o Balanced
Scorecard constitui-se como uma ferramenta útil nesse sentido. No entanto,
uma correta avaliação – qualquer que seja o instrumento utilizado – requer
indicadores corretamente construídos. Em vista disso, passaremos a analisar
como se constroem indicadores, quais são suas características e em que di-
mensões podemos utilizá-los.
capítulo 5 • 133
realizada. Sendo assim, vejamos os atributos fundamentais de um indicador
(BRASIL, 2009):
São expressos em variável única (sem relação com outra variável) e geral-
mente são utilizados para mensurar a eficácia de um processo, ou seja, a
quantidade de um produto ou serviço entregue a um cliente ou beneficiário.
Eis alguns exemplos:
134 • capítulo 5
• número de alunos matriculados no ensino superior;
• número de beneficiários do Bolsa Família;
• número de novos postos de trabalhos criados.
Expressam a relação entre duas ou mais variáveis. Tais relações podem assumir
quatro formas distintas. Existem, portanto, quatro tipos diferentes de indica-
dores compostos:
capítulo 5 • 135
A correta gestão de indicadores implica que sejam designados responsáveis
para cada indicador ou conjunto de indicadores. O acompanhamento dos in-
dicadores constitui um processo organizacional e, como todo processo, precisa
de um responsável. Essa pessoa providenciará a solicitação dos dados, o tra-
tamento e a disponibilização das informações resultantes da composição dos
indicadores.
136 • capítulo 5
Eficácia: representa a quantidade e a qualidade de produtos e serviços entre-
gues ao usuário (beneficiário direto dos produtos e serviços da organização).
2 Exemplo:
• Um plano de remuneração e de benefícios construídos para suportar a estratégia
da organização e entregue dentro do prazo estipulado.
capítulo 5 • 137
A Figura 5.5 representa uma esquematização da cadeia de valor e dos 6Es do
desempenho:
Ética Impactos
Insumos Produtos
Poder (outcomes)
(inputs) (outputs)
Cultura
Ações/Atividades
P
r
o
j
e
t Organizações
o
s
sos
ces
Pro
LEITURA
Leia mais sobre o uso de indicadores no artigo “Utilização de indicadores de recursos hu-
manos nas Universidades federais brasileiras” em: <www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/
EnAPG/enapg_2012/2012_EnAPG254.pdf>.
RESUMO
Neste capítulo, aprendemos que as ações de gerenciamento de pessoas devem ser mo-
nitoradas para que os resultados sejam inferidos adequadamente. A correção de rumos
e uma eventual reelaboração de políticas de RH precisam de dados e informações que
os subsidiem. Somente a implantação de sistemas de informações de gestão de pessoas
pode suprir as necessidades de dados para cumprir esse objetivo.
138 • capítulo 5
Vimos também que o Balanced Scorecard constitui-se em um sistema que pode ajudar
a monitorar as políticas de RH. O BSC foca o desempenho de uma empresa em quatro
perspectivas: financeira, do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento.
Por fim, estudamos que as diversas ações empreendidas pela função gestão de pessoas
podem ser avaliadas por meio do instrumento denominado 6Es do desempenho, o qual avalia
o desempenho em seis dimensões: efetividade, eficácia, eficiência, execução, excelência e
economicidade.
EXERCÍCIO RESOLVIDO
(FCC/TRE_RS/2010/ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA ADMINISTRATIVA)
Resposta comentada:
O BSC busca estratégias e ações equilibradas e balanceadas em todas as perspectivas
que afetam o negócio da organização, possibilitando o direcionamento da energia para
áreas de maior competência e reduzindo as áreas de incompetência. Os indicadores estão
direcionados para o futuro e para a estratégia organizacional, em um sistema de contínua
monitoração.
capítulo 5 • 139
Vejamos, então, as afirmativas:
ESTUDO DE CASO
Ana Oliveira, gerente de RH recém-contratada da Ômega Ltda., tem como um de seus
desafios a implantação de um sistema de monitoramento das ações de gestão de pessoas.
Ela recebeu a missão de reorganizar o departamento de gestão de pessoas, tornando-o
mais contributivo com a estratégia da empresa. No que tange aos mecanismos de moni-
toramento, a primeira providência tomada por Ana foi verificar quais dados existiam sobre
as pessoas que trabalham na empresa e como estavam organizados. Para sua decepção,
havia apenas dados relativos à folha de pagamento.
Questões
1. No lugar de Ana, que ações você adotaria para construir um sistema de informações de
gestão de pessoas?
2. Quais dados você privilegiaria para a coleta?
3. Em que aplicações você usaria o SIGP?
4. Discuta como esses dados poderiam gerar indicadores para avaliar as funções de gestão
de pessoas.
140 • capítulo 5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Disponível em: <www.ticontrole.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A24D
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______. Ministério do Planejamento. Gespública. Guia referencial para medição de desempenho e
manual para construção de indicadores. Brasília, DF: 2009. Disponível em: <www.gespublica.gov.
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nov. 2015.
CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 2. ed. Rio
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______. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. Rio de
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KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. Organização orientada para estratégia: como as empresas que adotam
o Balanced Scorecard prosperam no novo ambiente de negócios. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
RIO GRANDE DO SUL. Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul. Concurso público para
analista judiciário. Disponível em: <qcon-assets-production.s3.amazonaws.com/prova/arquivo_
prova/8291/fcc-2010-tre-rs-analista-judiciario-area-judiciaria-prova.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2015.
capítulo 5 • 141
142 • capítulo 5
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144 • capítulo 5