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SÃO PAULO
FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO
TRABALHO – FUNDACENTRO
2017
CAMILA HUBNER BARCELLOS DEVINCENTIS
SÃO PAULO
FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO
TRABALHO – FUNDACENTRO
2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Serviço de Documentação e Biblioteca – SDB / Fundacentro
São Paulo – SP
Sergio Roberto Cosmano CRB-8/7458
Aos meus queridos amigos e amigas, pelo estímulo durante todo o curso, em especial
a Nicia Mourão, grande entusiasta deste projeto.
"O saber partilhado, fundado numa busca comum e no respeito entre todos os
envolvidos, conduz a uma visão da realidade impossível de conseguir no espaço de
disciplinas isoladas."
(Carlos Minayo Gómez Maria e Cecília de Souza Minayo)
RESUMO
Since 2011, the Brazilian manufactures and suppliers of hazardous chemicals are the
responsible for the preparation and availability of safety data sheets, in order to provide
adequate information about the intrinsic hazards and hazards associated to substance
and mixtures usage, aiming their safety handling. However, few researches has been
done on the quality of these safety data sheets provided by various industry sectors.
The Brazilian chemical industry mainly concentrates its activity in the commodities and
pseudocommodities manufacture (these substances are used in several segments of
the industry). Therefore, the adequate quality of the information provided in the
substances safety data sheets is essenti al, since a possible error could propagate
along their supply chain. This research critically evaluated the information contained in
twenty safety data sheets related to ten substances, classified as commodities and
pseudocommodities, in order to analyze the content of the data contained therein,
focusing on five areas of information: composition and ingredients information; stability
and reactivity; toxicological properties; hazard classification and identification;
handling, storage and exposure control. For the analysis of the safety data sheets
contents, reference dossies were elaborated by consulting the main data bases on
chemical safety, reviewed by peers and accessible on the internet. The evaluation of
the safety data sheets revealed deficiencies and inconsistencies along their content,
demonstrating the necessity of training the human resources involved on the
preparation and receiving the data sheets and improving the applicable Brazilian
legislation.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14
1.1 Objetivos ...................................................................................................... 18
1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................... 18
1.1.2 Objetivos específicos.................................................................................... 18
1.2 Justificativa ................................................................................................... 18
4 METODOLOGIA ........................................................................................... 55
4.1 Visão geral do estudo .................................................................................... 55
4.2 Amostras de substâncias e fichas selecionadas ........................................... 56
4.3 Procedimento de coleta e análise de dados .................................................. 58
4.3.1 Elaboração do dossiê referência ................................................................... 58
4.3.2 Análise da forma quanto às seções mínimas requeridas pelo GHS .............. 60
4.3.3 Análise do conteúdo das fichas ..................................................................... 60
5 RESULTADOS .............................................................................................. 65
5.1 Resultados da análise da forma .................................................................... 65
5.2 Resultados da análise do conteúdo .............................................................. 68
5.2.1 Ácido nítrico ................................................................................................... 69
5.2.2 Ácido sulfúrico ............................................................................................... 73
5.2.3 Amônia anidra .............................................................................................. 78
5.2.4 Benzeno ....................................................................................................... 83
5.2.5 Gás cloro ...................................................................................................... 89
5.2.6 1,2 – Dicloroetano ........................................................................................ 94
5.2.7 Monômero de estireno................................................................................ 101
5.2.8 Formaldeído solução 37% .......................................................................... 107
5.2.9 Hidróxido de sódio solução 50% ................................................................ 113
5.2.10 Tolueno ...................................................................................................... 117
5.3 Resultados gerais e discussão ................................................................... 121
1 INTRODUÇÃO
A primeira edição do GHS, que se destinava a servir como base inicial para a
implementação global do sistema, foi publicada em 2003. Desde então, o GHS foi
atualizado, revisto e melhorado a cada dois anos, conforme as necessidades surgem
e a experiência é adquirida em sua implementação (CS DERBY, 2015).
Considerando que a adesão dos países ao GHS é voluntária, sua adoção depende da
conscientização e do comprometimento dos governos e indústria. É esperado que
com a implementação do GHS, níveis mais elevados de proteção à saúde humana e
ao meio ambiente, sejam alcançados e, ao mesmo tempo seja facilitado o comércio
internacional de produtos químicos, pela redução de testes laboratoriais em função da
uniformização dos sistemas de classificação de perigo (ALVES, 2009).
1 ABNT NBR 14725-2:2009 – Versão Corrigida:2010; ABNT NBR 14725-3:2012 – Versão Corrigida
3:2015; ABNT NBR 14725-4:2014.
18
1.1 Objetivos
Avaliar a forma das fichas quanto aos itens exigidos pelo GHS.
Avaliar o conteúdo das informações das propriedades físico-químicas e
toxicológicas, tendo como referência as bases de dados revisadas por pares.
Verificar a consistência da classificação, com os dados disponibilizados pela
indústria, na ficha e com os dados disponíveis na literatura.
Analisar a adequação da comunicação de perigos e recomendações de
precaução, considerando os usos previstos para a substância.
Propor ações para melhoria da qualidade das fichas de dados de segurança com
base nos resultados obtidos.
1.2 Justificativa
De acordo com estudo realizado pela União Europeia (ECLIPS project, European
Classification and Labelling Inspections of Preparations, also including Safety Data
Sheets), os resultados demonstraram que cerca de dois terços das fichas de dados
19
Ciente destas informações optou-se por analisar a adequação e o conteúdo das fichas
de dados de segurança, para produtos químicos, contribuindo na elaboração de
Manual Orientativo para Classificação de Produtos Químicos Perigosos e de Fichas
de Dados de Segurança, de acordo com o GHS, para uso dos fabricantes e
fornecedores de substâncias e misturas, trabalhadores e outros públicos, envolvidos
com produtos químicos perigosos. Países como a Austrália e a Comunidade Europeia
já possuem guias orientativos e listas de classificação harmonizadas para auxiliar o
processo.
Não foi objeto do estudo, a avaliação dos critérios de perigo ao meio ambiente.
Kline (1976, p. 110, apud WONGTSCHOWSKI, 2002, p. 45) propôs uma classificação
prática, ainda amplamente adotada. Nela são definidos quatro grupos de produtos
químicos: commodities, pseudocommodities, produtos de química fina e
especialidades químicas. As características principais de cada grupo são:
No que diz respeito à produção e utilização dos produtos químicos, nos locais de
trabalho, a Organização Mundial do Trabalho afirma que um dos desafios mais
significativos, em programas de proteção dos trabalhadores, é o controle à exposição
aos produtos químicos, bem como a limitação das emissões para o ambiente, tarefas
essas que os governos, empregadores e trabalhadores continuam a buscar (ILO,
2014, p. 2).
ao público alvo (UNITED NATIONS, 2015, Parte I, p. 8). Atualmente, o GHS é parte
essencial na gestão segura de produtos químicos (Figura 1).
não adotar uma classe do GHS (por exemplo, perigoso para o ambiente aquático);
não adotar determinada categoria do GHS (por exemplo, toxicidade aguda,
categoria 5);
combinar categorias (por exemplo, toxicidade aguda, categoria 1 e 2; corrosão da
pele, categorias 1A, 1B e 1C).
29
Mais tarde, com o avanço dos métodos de síntese química, particularmente no campo
da química orgânica, a descoberta de muitos elementos químicos e novas técnicas no
campo da química analítica, utilizada para isolamento dos elementos e purificação de
compostos, levaram ao estabelecimento da química moderna o conceito de
substância química, como é encontrado na maioria dos livros didáticos de química.
2 Joseph Louis Proust (1754-1826), químico e farmacêutico francês, foi um dos fundadores da análise
química.
30
[...] todo elemento químico e seus compostos no estado natural ou obtido por
qualquer processo produtivo, incluindo qualquer aditivo necessário para
preservar sua estabilidade e qualquer impureza derivada de seu processo
produtivo, mas excluindo qualquer solvente que possa ser separado sem
afetar a estabilidade da substância ou alterar sua composição (ECHA, 2014,
p. 9).
De maneira análoga, o GHS, por meio do seu guia (UNITED NATIONS, 2015) adota
a definição da ECHA para o conceito de substância.
Ainda, de acordo com a ECHA (2014), as substâncias químicas podem ser divididas
em dois grupos:
Por conseguinte, as substâncias UVCB exigem outros tipos de informação para a sua
identificação, além do que é conhecido quanto à sua composição química.
Para muitos perigos, a abordagem de decisão (por exemplo, irritabilidade aos olhos)
é fornecida no GHS. Em muitos casos, os critérios do GHS são semiquantitativos ou
qualitativos. O julgamento de especialistas pode ser necessário para a interpretação
desses dados (ABIQUIM, 2005, p. 19).
Pelo GHS, testes em animais devem ser evitados, tanto para classificação de
substâncias quanto para misturas, sempre que possível, e métodos alternativos
(testes in vitro, QSAR, read across, por exemplo) devem ser sempre considerados em
primeiro lugar, desde que sejam validados cientificamente por organismos
reconhecidos internacionalmente.
1. utilizar dados dos ingredientes (substâncias) que compõem a mistura com base
em fontes fidedignas para a classificação da mistura.
2. realizar os ensaios adequados para a classificação da mistura. Sempre que forem
realizados novos ensaios relativos a perigos físicos, para efeitos de classificação,
tais ensaios devem ser realizados em conformidade com um sistema de qualidade
reconhecido pertinente (por exemplo, boas práticas de laboratório, BPL) ou por
laboratórios que respeitem as normas reconhecidas pertinentes (por exemplo, ISO
17025).
37
Para melhor compreensão dos critérios de perigos físicos, são apresentadas, a seguir,
as definições utilizadas pelo GHS, para os estados físicos:
gás: substância ou mistura que, a 50º C tem uma pressão de vapor maior que 300
kPa, ou é completamente gasoso a 20º C sob uma pressão padrão de 101,3 kPa;
líquido: substância ou mistura que não é um gás e tem o ponto de fusão ou ponto
inicial de fusão de 20º C ou menos, a uma pressão padrão de 101,3 kPa;
sólido: substância ou mistura que não se encaixa nas definições de líquido e de
gás.
CLASSES CATEGORIAS
Explos. Div Div Div Div Div Div
Explosivos Instáv. 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6
Gases inflamáveis 1 2
Aerossóis 1 2 3
Gases oxidantes 1
Gases sob pressão C L Rf Ds
Líquidos inflamáveis 1 2 3 4
Sólidos inflamáveis 1 2
Substâncias e misturas autorreativas A B CD EF G
Líquidos pirofóricos 1
Sólidos pirofóricos 1
Substâncias e misturas que autoaquecem 1 2
Substâncias e misturas, que em contato
1 2 3
com a água, emitem gases inflamáveis
Líquidos oxidantes 1 2 3
Sólidos oxidantes 1 2 3
Peróxidos orgânicos A B CD EF G
Corrosivos para metais 1
Em relação aos perigos à saúde humana, diferentes estados físicos ou formas (por
exemplo, tamanho de partículas, superfície das partículas) podem resultar em
propriedades distintas de perigo de uma substância ou mistura. Entretanto, em virtude
da complexidade dos testes, muitas vezes não são todas as formas ou estados físicos
que podem ser testados. Em geral, os ensaios devem ser realizados com o menor
tamanho de partícula disponível e para diferentes vias de exposição (oral, dérmica ou
inalatória) (ECHA, 2015).
3.7.1 Rotulagem
Segundo o GHS, a Ficha de Dados de Segurança (FDS), (Safety Data Sheet – SDS),
também denominada pela ABNT NBR 14725:4-2015 de Ficha de Informação de
Segurança de Produtos Químicos (FISPQ), é um componente essencial do sistema
que descreve as propriedades químicas e físicas de um produto, seja ela uma
substância ou uma mistura e fornece informações sobre seus perigos, instruções de
manuseio, descarte, transporte e medidas relativas aos primeiros socorros, combate
a incêndio e ao controle da exposição.
O material escrito mais antigo foi encontrado nas tumbas dos egípcios, mais
especificamente nas paredes de suas tumbas ou em registros de papiros. Estes datam
de mais de 4.000 anos e incluem prescrições de Imhotep3, o primeiro grande médico
egípcio. Estes dados constituem, basicamente, a descrição farmacêutica dos
materiais utilizados no tratamento das várias doenças (KAPLAN, 1986).
Mil anos depois os gregos começaram a registrar, não apenas suas próprias
observações, mas, também, alguns de seus primeiros trabalhos experimentais
(KAPLAN, 1986).
No final do século XIV, grande parte do conhecimento acumulado foi transferida para
as regiões meridionais da Itália e da França e levado ao Renascimento Europeu, o
que provocou o ressurgimento da investigação sobre a natureza dos materiais.
3 Imhotep (século XXVII a. C., 2655-2600 a. C.) foi responsável pela construção da primeira pirâmide
do Egito, arquiteto, médico, sacerdote, mágico e escritor.
44
Fire Protection Association (NFPA). Dados de perigos à saúde, dos quais muitos foram
desenvolvidos nos últimos cinco a seis mil anos, ou mais, foram reforçados também
nos últimos cento e cinquenta anos. Inicialmente os trabalhos originaram na Europa
e, depois de alguns anos, os Estados Unidos prosseguiram no desenvolvimento de
literatura que cobre a toxicidade de produtos químicos (KAPLAN,1986).
Em 1968, foi publicado pela OSHA, o documento Material Safety Data Sheet (MSDS)
para atender às necessidades dos trabalhadores marítimos. Entretanto, o documento
foi limitado, por lei, às operações de construção naval, quebra e reparação. Durante
45
longo período, houve pressão, sobre o Congresso Americano, para que fosse
estendido a todos os trabalhadores industriais da nação.
Em 1985, a OSHA publicou o Rules and Regulations of the Federal Register, volume
48, número 228, exigindo o MSDS para todas as remessas de produtos químicos
perigosos, que saíam do local de trabalho dos fabricantes e todos os importadores de
tais remessas. Os empregadores também foram obrigados a cumprir as disposições
da norma, relativas ao treinamento de seus empregados quanto às fichas.
No ano de 2001, surgiu a primeira versão da ABNT NBR 14725 com o título “Ficha de
informação de segurança de produtos químicos – FISPQ”. Porém, somente no ano de
2009, o sistema GHS foi incorporado à referida norma técnica, dividindo-a em quatro
partes (terminologia, classificação, rotulagem e FISPQ) e adotando seu modelo para
elaboração das fichas de segurança.
A linguagem utilizada na FDS ou FISPQ deve ser simples, clara e precisa, evitando
jargões, siglas e abreviaturas. Expressões vagas e enganosas não devem ser usadas.
Frases como "pode ser perigoso", "não há efeitos na saúde”, “seguro na maioria das
condições de utilização”, ou “inofensivo” também são inaceitáveis (NOHSC, 2003).
Neste item deve ser informado o nome da substância ou mistura (nome comercial),
conforme utilizado no rótulo, o código interno de identificação da substância ou mistura
utilizado pela empresa (quando existente), bem como os dados do fornecedor: nome
da empresa, endereço, número de telefone de contato e telefone para emergências.
O número de fax e o e-mail da empresa também podem constar.
Também devem ser informados alguns dos principais usos recomendados para a
substância ou mistura, podendo incluir breves descrições, como, por exemplo,
retardante de chamas, antioxidante. Restrições específicas de uso para a substância
ou mistura podem ser informadas.
6) Medidas de emergência
7) Manuseio e armazenamento
Reatividade.
Estabilidade química.
Possibilidade de reações perigosas.
Condições a evitar (por exemplo, descarga estática, choque ou vibração).
Materiais incompatíveis.
Produtos perigosos de decomposição.
13) Descarte
Número da ONU.
Nome apropriado para embarque.
Classe de perigo de transporte.
Grupo de embalagem, se aplicável.
Perigos para o ambiente (por exemplo, poluente das águas – sim/não)
Precauções especiais que o usuário precisa estar ciente de, ou tem de cumprir,
em conexão com o transporte, dentro ou fora de suas dependências.
A FDS ou FISPQ deve fornecer a descrição clara dos dados utilizados para identificar
os perigos. As informações mínimas devem ser incluídas, quando aplicáveis e
disponíveis. Se alguma informação específica não for aplicável ou não estiver
disponível para determinado item, a ficha deve indicar claramente isso.
Portanto, antes do uso de qualquer produto químico, mesmo que tenha sido utilizado
em outra ocasião, é importante entender quais os perigos e riscos associados, e como
trabalhar com segurança.
De acordo com o estudo, o autor concluiu que muitas fichas de dados de segurança
do TDI, não comunicam claramente que a sua exposição pode causar ou exacerbar a
asma, sugerindo, dessa forma, que os médicos não podem confiar nas fichas para
obter informações sobre os efeitos à saúde dessa substância.
o exame médico, Wetterhahn foi diagnosticada com toxicidade aguda por mercúrio,
devido à exposição ao dimetilmercúrio (NIERENBERG, 1998).
4 METODOLOGIA
Como referência para análise das fichas, foi elaborado um dossiê para cada
substância, que reuniu informações contidas em bases de dados disponíveis para
consulta na internet, relativas aos aspectos avaliados por esta pesquisa. Para a
elaboração do dossiê e avaliação das fichas, foi utilizado como referência a 6ª edição
do GHS (UNITED NATIONS, 2015). Durante a análise de cada ficha, os dados foram
comparados aos do dossiê de referência.
56
Foi selecionada uma amostra intencional, de dez substâncias, a partir dos critérios a
seguir:
Fórmula
Substância CAS Justificativa de inclusão
molecular
Ácido nítrico 7697-37-2 HNO3 Substância inorgânica (ácido); produção de 470.476
ton/2013; apresenta mais de 2 fabricantes no Brasil e
com FDS disponíveis na internet; perigosa segundo os
critérios do GHS.
Ácido sulfúrico 7664-93-9 H2SO4 Substância inorgânica (ácido); produção de 6.720.380
ton/2013; apresenta mais de 2 fabricantes no Brasil e
com FDS disponíveis na internet; perigosa segundo os
critérios do GHS.
Amônia anidra 7664-41-7 NH3 Substância inorgânica (gás); produção de 1.236.208
ton/2013; apresenta mais de 2 fabricantes no Brasil e
com FDS disponíveis na internet; perigosa segundo os
critérios do GHS.
Benzeno 71-43-2 C6H6 Substância orgânica (hidrocarboneto aromático);
produção de 807.388 ton/2013; apresenta mais de 2
fabricantes no Brasil e com FDS disponíveis na
internet; perigosa segundo os critérios do GHS.
57
Fórmula
Substância CAS Justificativa de inclusão
molecular
Gás cloro 7782-50-5 Cl2 Substância inorgânica (gás); produção de 1.247.924
ton/2013; apresenta mais de 2 fabricantes no Brasil e
com FDS disponíveis na internet; perigosa segundo os
critérios do GHS.
1,2 Dicloroetano 107-06-2 C2H4Cl2 Substância orgânica (hidrocarboneto halogenado);
produção de 523.791 ton/2013; apresenta mais de 2
fabricantes no Brasil e com FDS disponíveis na
internet; perigosa segundo os critérios do GHS.
Estireno 100-42-5 C8H8 Substância orgânica (hidrocarboneto aromático);
Produção de 439.908 ton/2013; apresenta mais de 2
fabricantes no Brasil e com FDS disponíveis na
internet; perigosa segundo os critérios do GHS.
A seleção das fichas foi realizada por meio de pesquisa na internet, utilizando os
serviços do Google4 (https://support.google.com/webmasters/answer/70897?hl=pt-
BR. Acesso em 03.05.2017). A métrica para determinar a relevância de uma página é
o fator “PageRank”, que avalia a quantidade, a qualidade e o contexto dos links em
uma página da internet e determina a estimativa da importância do site. Ou seja, os
primeiros resultados que aparecem na busca, são considerados relevantes em termos
de conteúdo e números de acesso.
Dessa forma, a partir da consulta, pelo número CAS da substância e pela palavra
“FISPQ”, a pesquisa pelo Google informou as fichas mais acessadas das páginas das
4 Google é uma empresa multinacional americana de serviços online e software, que hospeda e
desenvolve uma série de serviços e produtos baseados na internet. A empresa, fundada por Larry Page
e Sergey Brin, em 1998, é internacionalmente conhecida e considerada como o melhor mecanismo de
busca da internet (https://www.significadosbr.com.br/google).
58
A classificação, quantos aos perigos físicos e à saúde, foi realizada com base em
dados levantados em pesquisas bibliográficas nas fontes citadas. As diferenças foram
analisadas, definindo-se a classificação final, utilizada como referência, e comparadas
com as das fichas.
informação ausente;
informação correta, mas incompleta;
informação correta e completa;
informação com erros ou imprecisões.
As propriedades físico químicas, exigidas pelo GHS e pela ABNT NBR 14725-4, são
apresentadas no Quadro 7.
De acordo com o GHS, se algum dos itens não for aplicável ou não estiver disponível,
deve-se mencionar, respectivamente, os termos “não aplicável” e “não disponível”.
1. Toxicidade aguda
2. Corrosão/irritação da pele
3. Lesões oculares graves/irritação ocular
4. Sensibilização respiratória ou à pele
5. Mutagenicidade em células germinativas
6. Carcinogenicidade
7. Toxicidade à reprodução
8. Toxicidade para órgãos-alvo específicos – exposição única
9. Toxicidade para órgãos-alvo específicos – exposição repetida e
10. Perigo por aspiração
Para a informação sobre algum dos itens que não estivesse disponível, poderia ser
mencionado o termo “não disponível”.
63
Também foram analisadas informações sobre outros perigos, que não resultam em
uma classificação, porém, que contribuam para a periculosidade geral da substância,
associados aos usos previstos para a substância.
Com base na avaliação das fichas foi elaborado o Quadro 8, resumindo o número de
ocorrências detectadas, para cada critério utilizado, na análise dos aspectos.
Identificação de perigos
Manuseio e armazenamento
Controle da exposição
5 RESULTADOS
A avaliação de forma das fichas foi realizada conforme item 4.3.2 e os resultados
informados na Tabela 1.
Conformidade
Descrição da Seção
%
1 Identificação da substância e do fornecedor 93
a) Identificação do produto químico 100
b) Principais usos recomendados para a substância e restrições de uso 75
c) Detalhes do fornecedor 100
d) Telefone para emergências 95
2 Identificação de perigos 55
a) Classificação GHS da substância 55
b) Elementos de rotulagem do GHS, incluindo as frases de precaução 65
c) Outros perigos que não resultam em uma classificação 45
3 Composição e informações sobre os ingredientes 88
a) Identidade química 90
b) Sinônimo 85
c) Número de registro CAS e outras identificações únicas 95
d) Impurezas que contribuam para o perigo 80
4 Medidas de primeiros-socorros 93
a) Medidas necessárias de acordo com as diferentes vias de exposição 100
b) Sintomas e efeitos mais importantes, agudos ou tardios 85
c) Notas para o médico 95
5 Medidas de combate a incêndio 93
a) Meios de extinção 95
b) Perigos específicos da substância ou mistura 95
c) Medidas de proteção da equipe de combate a incêndio 90
6 Medidas de controle para derramamento ou vazamento 95
a) Precauções pessoais, equipamento de proteção e procedimentos de
100
emergência
d) Precauções ao meio ambiente 90
e) Métodos e materiais para a contenção e limpeza 95
66
Conformidad
Descrição da Seção
e%
7 Manuseio e armazenamento 98
a) Precauções para manuseio seguro 100
b) Condições de armazenamento seguro, incluindo qualquer incompatibilidade 95
8 Controle de exposição e proteção individual 90
a) Parâmetros de controle, por exemplo, valores de limites de exposição
80
ocupacional ou valores de limites biológicos
b) Medidas de controle de engenharia 90
c) Medidas de proteção pessoal 100
9 Propriedades físicas e químicas 85
a) Estado físico 100
b) Cor 100
c) Odor 95
d) Ponto de fusão/ponto de congelamento 90
e) Ponto de ebulição inicial e faixa de temperatura de ebulição 100
f) Flamabilidade 60
g) Limite inferior/superior de inflamabilidade ou explosividade 90
h) Ponto de fulgor 85
i) Temperatura de autoignição 80
j) Temperatura de decomposição 60
k) pH 65
l) Viscosidade cinemática 85
m
Solubilidade(s) 95
)
n) Coeficiente de partição – n-octanol/água 80
o) Pressão de vapor 90
p) Densidade e/ou densidade relativa 90
q) Densidade de vapor relativa 85
1
Estabilidade e reatividade 89
0
a) Reatividade 60
b) Estabilidade química 90
c) Possibilidade de reações perigosas 95
d) Condições a serem evitadas 100
e) Materiais incompatíveis 95
f) Produtos perigosos da decomposição 95
67
Conformidade
Descrição da Seção
%
11 Informações toxicológicas 70
Descrição concisa, mas, completa e compreensível dos vários efeitos
toxicológicos à saúde e dados usados para identificar tais efeitos, incluindo:
a) Informações de vias de exposição (inalação, ingestão, pele e olhos) 75
b) Sintomas relacionados às características físicas, químicas e toxicológicas 60
c) Efeitos tardios e imediatos e também efeitos crônicos de curta e longa
60
exposição
d) Medidas numéricas de toxicidade (como toxicidade aguda estimada) 85
12 Informações ecológicas 67
a) Ecotoxicidade 75
b) Persistência e degradabilidade 60
c) Potencial bioacumulativo 75
d) Mobilidade no solo 70
e) Outros efeitos adversos 55
13 Considerações sobre destinação final 90
a) Métodos recomendados para destinação final 90
14 Informações sobre transporte 93
a) Número ONU 100
b) Nome para o transporte 95
c) Classe de perigo para o transporte 100
d) Grupo de embalagem, se aplicável 90
e) Aéreo 85
g) Hidroviário 85
15 Informações sobre regulamentações 90
a Regulamentações específicas de segurança, saúde e meio ambiente para o
90
produto químico
16 Outras informações 100
a) Informações importantes, incluindo informação na preparação e revisão da
100
ficha
Foram avaliadas vinte fichas de dados de segurança, sendo duas para cada uma das
substâncias selecionadas. O percentual resultante representa o número de fichas que
continham as seções e seus respectivos subitens, requeridos pelo GHS e pela ABNT
NBR 14725-4 (ABNT, 2014). A análise de forma baseou-se na presença ou ausência
de cada seção/subitem da ficha.
68
A maioria das fichas analisadas atende aos requisitos formais, mas, as principais
lacunas de informações têm impacto direto na classificação de perigo da substância
e nos elementos para comunicação de perigos (pictogramas, frases H e frases P),
visto que, propriedades físico-químicas e toxicológicas estão diretamente
relacionadas aos critérios de classificação do GHS, para perigos físicos e à saúde
humana. Ressalta-se que os perigos ao meio ambiente, não são objetos deste estudo.
Observou-se que o item “outros perigos que não resultam em uma classificação”,
estava presente em apenas 45% das fichas avaliadas. Porém, ele é fundamental para
a definição de medidas preventivas e de controle da exposição à substância. A partir
dele são apresentadas informações, que contribuem para a identificação de riscos, na
utilização da substância, que não satisfazem os critérios de classificação do GHS, tais
como a formação de misturas explosivas com o ar, atmosferas deficientes de oxigênio,
efeitos à saúde humana, causados pela formação de particulados dispersos no ar
(poeiras, fumos ou névoas), entre outros.
Verificou-se que o item, com menor percentagem de presença, 55%, está relacionado
à classificação e comunicação de perigos. Salienta-se que, de acordo com o histórico
das fichas de dados de segurança, a seção 2 da ficha foi implementada com o GHS.
A ficha “1B” adverte que o ácido nítrico é uma mistura, contendo 28% de amônia como
impureza. Tal informação é inconsistente com os dados organizados no dossiê de
referência, porque o ácido nítrico apresenta-se como substância em solução aquosa.
A presença de amônia, em solução de ácido nítrico, não é quimicamente possível,
pois é uma base que reagiria com o ácido. Essa informação poderia induzir um
profissional de segurança, com poucos conhecimentos de química básica, a admitir
que a amônia esteja presente na mistura e considerá-la no processo de identificação
de riscos.
A ficha “1B” não indica dados para toxicidade aguda, tampouco para sensibilização a
pele, sem quaisquer justificativas. Os efeitos apresentados são inconsistentes com o
conceito das respectivas classes de perigo, como sensibilização respiratória. As
informações correspondem à irritação do trato respiratório, causada pela névoa de
ácido nítrico, durante o uso. Os efeitos ao sistema respiratório, relacionados à classe
de toxicidade para órgão alvo específico, – exposição repetida, refere-se também à
névoa gerada e a certos usos da substância, porém, isto não é indicado na ficha. Para
a classe de perigo por aspiração, os dados representam efeitos corrosivos da
substância. Essas observações evidenciam que o(s) responsável(eis), pela
elaboração da ficha, não têm claro o conceito de cada uma dessas classes de perigos.
A ficha “1A” não apresenta a classificação de perigos, conforme exigido pelo GHS.
A ficha “1B” apresenta, ainda, classificação de toxicidade sistêmica para órgão alvo
específico – exposição única. Entretanto, segundo os dados apresentados em sua
seção 11 (informações toxicológicas), os mesmos não correspondem à exposição
72
A ficha “1A” não especifica o material da luva que deve ser utilizada, para proteção
das mãos, deixando para o usuário esta definição. Essa lacuna impacta na definição
das medidas de prevenção e controle a serem adotadas.
As fichas “2A” e “2B” indicam, no item “impurezas, que contribuem para o perigo”
apenas a concentração de ácido sulfúrico (98%), estando implícita, que o outro
ingrediente é água. Entretanto, não informam se outras impurezas estão presentes ou
não. Como o dossiê de referência não indica a presença de possíveis impurezas, que
contribuam para o perigo da mistura, esta lacuna não impactará na classificação de
perigo.
As fichas “2A” e “2B” mostram inconsistências quanto à utilização dos termos “não
aplicável” e “não disponível”. Por exemplo, indicam que a informação de valor de pH
está “não disponível”. Entretanto, a informação pode ser facilmente encontrada na
literatura ou determinada experimentalmente. Ambas as fichas também não
apresentam todas as propriedades requeridas pelo GHS para esta seção, embora
estejam disponíveis nos bancos de dados acessados, por exemplo, temperatura de
decomposição (IPCS, 2015) e viscosidade (ECHA, 2017).
74
A ficha “2A” não informa sobre possíveis efeitos à saúde humana, quanto às demais
classes de perigo exigidas pelo GHS, o que compromete diretamente as medidas
preventivas a serem adotadas quando do uso da substância.
Os dados da ficha “2B”, relativos à toxicidade para órgão alvo especifico – exposição
única e repetida, não identificam os efeitos como sendo provenientes da inalação de
névoa ácida decorrente de alguns usos da substância. Não apresenta informações
referentes à sensibilização a pele e respiratória, sendo que as mesmas estão
disponíveis nos bancos de dados (IPCS, 2015). Para a classe de perigo por aspiração,
a ficha menciona que as informações não estão disponíveis, entretanto, avaliando os
critérios do GHS para esta classe, bem como a natureza química da substância
(inorgânica), a mesma não atende aos critérios para classificação de perigo por
aspiração. Essas inconsistências podem comprometer a classificação de perigo da
substância e consequentes recomendações de medidas preventivas.
75
A ficha “2A” não classifica os perigos, segundo os critérios do GHS, tampouco “outros
perigos que não resultam em uma classificação”. A ausência de classificação de
perigo impacta diretamente na classificação de risco da substância, e consequente
recomendação de medidas de prevenção, conforme seu uso.
A ficha “2B” classifica o perigo quanto à toxicidade aguda via oral e inalatória.
Entretanto, conforme já exposto, o ácido sulfúrico causa queimaduras logo após sua
ingestão e ulceração do sistema respiratório, após a exposição à névoas ácidas. As
classificações, mencionadas pela ficha “2B”, não foram consideradas no dossiê de
referência, em função de seu efeito corrosivo.
A ficha “3B” não informa todas as substâncias que podem formar misturas explosivas,
com a amônia anidra, por exemplo, agentes oxidantes fortes, peróxido de hidrogênio
e misturas de gases oxidantes (IFA, 2015).
Gás sob pressão – gás liquefeito: esta classe de perigo foi recentemente
incorporada no CLP/ GHS. Possivelmente, a classificação harmonizada,
disponível no site da ECHA, não está atualizada com a última versão do CLP/
GHS. A base de dados Gestis, que também segue o sistema europeu, apresenta
esta classe de perigo para a amônia anidra (IFA, 2015).
Lesões oculares graves/irritação ocular: de acordo com a frase de perigo,
referente à classe de corrosão/ irritação a pele – categoria 1 – H314 – provoca
queimaduras na pele e lesões oculares graves, se a substância foi classificada
como corrosiva a pele na categoria 1, automaticamente ela será classificada na
classe lesões oculares graves/ irritação ocular na categoria 1. O sistema de
classificação, anterior ao CLP/ GHS, não requeria essa dupla classificação.
A ficha “3A” não apresenta classificação para “gás inflamável”. Entretanto, a ficha
apresenta informações, em sua seção 9, que justificam tal classificação.
81
Ambas as fichas não contemplam a informação que, em contato com a pele, a amônia
anidra poderá ocasionar queimadura pelo frio (efeito froosbite) (IPCS, 2015). Foi
observada também a ausência da informação sobre a inspeção regular e a realização
de testes de vazamentos, nos cilindros e vasos de pressão que contém a substância
(IFA, 2015).
5.2.4 Benzeno
A ficha “4A” apresenta inconsistência quanto ao uso das expressões “não aplicável” e
“não disponível”. Informa, por exemplo, que os dados relativos ao pH não estão
disponíveis, entretanto para o caso do benzeno, a expressão adequada é “não
84
Na ficha “4B” apenas algumas propriedades físicas, requeridas pelo GHS. Por
exemplo, não há dados sobre inflamabilidade, taxa de evaporação, pressão de vapor,
temperatura de autoignição e viscosidade. Esta lacuna poderá impactar, diretamente,
na classificação de perigo da substância, identificação dos riscos e indicação das
respectivas medidas de prevenção e controle.
Tanto a ficha “4A” quanto “4B” não informam risco de explosão do benzeno, quando
em contato com algumas substâncias, por exemplo, cloro, ácido nítrico e outros
agentes oxidantes (IFA, 2015). A ficha “4B” não apresenta algumas informações,
requeridas pelo GHS, como a indicação de produtos perigosos de decomposição e
estabilidade da substância.
As informações da ficha “4B”, para toxicidade aguda, divergem, em sua maioria, das
informações disponíveis nos bancos de dados consultados, para elaboração do dossiê
de referência. As demais informações não contemplam todos os efeitos adversos à
saúde requeridos pelo GHS. Não há dados sobre lesões oculares/irritação ocular,
85
Toxicidade aguda via oral: de acordo com os dados de LD50, via oral, para ratos,
apresentados pela ECHA, e com o regulamento europeu para classificação de
perigos (não adota a categoria 5 de perigo para toxicidade aguda), a substância
não é classificada para esta classe. O dossiê de referência apresenta dados de
LD50 divergentes, entretanto, de acordo com os bancos de dados consultados, os
valores de LD50 oral para ratos variam conforme a idade e cepas utilizadas nos
testes. Assim, diferenças de classificação quanto à toxicidade aguda, via oral,
podem ocorrer.
Toxicidade para órgão alvo específico: exposição única – efeitos narcóticos – o
benzeno, após inalação por exposição única, poderá ocasionar efeitos sobre o
sistema nervoso central, como: vertigem, sensação de desorientação, dor de
cabeça e náusea. Entretanto, após interrupção da exposição, a recuperação é
rápida. Assim, tais efeitos, levam à classificação para toxicidade para órgão alvo
específico, na categoria 3.
A ficha “4A” não informa que o benzeno deve ser utilizado em sistemas fechados,
conforme artigo 4º da Convenção 136 da OIT, promulgada pelo Decreto 1.253, de 27
de setembro de 1994. Algumas medidas adicionais, para o manuseio seguro, também
não foram apresentadas, como: fornecimento de boa ventilação na área de trabalho,
sendo que o ar exaurido pelo sistema de ventilação, não deve ser devolvido à área de
trabalho, necessidade de chuveiro de emergência. A ficha também informa que se
deve evitar a produção de névoa ou vapores, por aquecimento do recipiente aberto
(IFA, 2015). Entretanto, o benzeno somente deve ser utilizado em sistemas fechados,
sem contato do trabalhador com a substância.
A ficha “5A” apresenta todos os elementos exigidos pelo GHS, para esta seção, e de
acordo com as informações declaradas no dossiê.
Tanto a ficha “5A” quanto a ficha “5B” omitem informações relativas à reatividade da
substância. A ficha “5A” não declara que o cloro gás é incompatível com agentes
90
redutores, óleos e graxas. Além disso, o subitem “condições a serem evitadas” omite
a informação de “evitar o contato com umidade” (IFA, 2015). De maneira análoga, a
ficha “5B” não informa que o gás cloro reage com materiais combustíveis, e pode
reagir com outras substâncias redutoras (IFA, 2015). Todas essas lacunas
comprometem as medidas de prevenção e controle, especialmente em respeito ao
armazenamento seguro dessa substância.
As duas fichas apresentam dados equivocados, sobre corrosão a pele e danos aos
olhos, pois, de acordo com informações dos bancos de dados consultados, o gás cloro
é uma substância irritante à pele e olhos (ECHA, 2017). Essa informação implica em
erro na classificação de perigo e, consequentemente, na recomendação de medidas
preventivas como, na indicação dos equipamentos de proteção individual apropriados.
Na ficha “5A” também consta a classificação do gás cloro, como corrosivo a metais,
mas, está em desacordo com a classificação apresentada pela ECHA. Nos
levantamentos realizados não há dados que a justifiquem. Entretanto, essa mesma
ficha, não indica a classificação do gás cloro como oxidante.
Finalmente, a ficha “5A” não classifica a substância na classe toxicidade para órgão
alvo específico – exposição única – vias respiratórias. Entretanto, dados disponíveis
nos bancos de dados consultados, apontam para esta classificação em consequência
de seus efeitos irritantes no sistema respiratório.
No subitem “outros perigos que não resultam em classificação”, a ficha “5B” apresenta
efeitos relacionados à irritação do trato respiratório, entretanto, a ficha já classifica a
substância como tóxica para órgão alvo específico – exposição única para vias
respiratórias, sendo esta informação dispensável neste item. Da mesma maneira, não
se faz necessária nesta seção a declaração de equipamentos de proteção individual,
utilizado em caso de emergência que devem constar em outra seção da ficha.
A ficha “5A” não informa que o gás cloro deve ser utilizado em sistemas fechados.
Também, apresenta informação equivocada em perigos térmicos, solicitando proteção
pessoal no manuseio da substância aquecida, sendo que o gás cloro poderá causar
queimaduras provocadas pelo frio (efeito frostbite) (IPCS, 2015). Além disso, a ficha
94
De modo geral, as informações declaradas pela ficha “5B”, para esta seção, são
adequadas.
Na ficha “6A”, subitem “impurezas que contribuem para o perigo”, consta a informação
“não disponível”. Entretanto, o GHS exige que na existência de impurezas, que
direcione para uma classificação, estas devem ser declaradas. Essa lacuna não
impactará na classificação de perigo da substância, pois, de acordo com os dados
estruturados no dossiê de referência do 1,2-dicloroetano, não são conhecidas
impurezas que contribuam para uma classificação de perigo.
95
A ficha “6B” não informa sobre a possibilidade de reações perigosas, sendo que estão
acessíveis nas bases de dados consultadas. O 1,2-dicloroetano apresenta risco de
explosão em contato com metais alcalinos e pós-metálicos, porém isso não é
declarado, o que trará impacto às medidas de prevenção e controle, principalmente
quanto ao armazenamento da substância (IFA, 2015).
As fichas “6A” e “6B” não apresentam informações toxicológicas para algumas classes
de perigo. A ficha “6A” não informa para a classe de toxicidade para órgão alvo
especifico – exposição única, sendo que informações obtidas nos banco de dados
consultados indicam, por meio de testes em animais, que o 1,2-dicloroetano causa
danos ao fígado e rins, por exposição única (IPCS, 2015; IARC, 2017). Também não
96
apresenta dados referentes à classe de perigo por aspiração, alegando que não estão
disponíveis na literatura. Entretanto, de acordo com as informações constantes no
dossiê de referência, o risco de aspiração da substância deve ser considerado,
particularmente para crianças (ATSDR, 2017). Essas lacunas afetam diretamente na
classificação de perigos da substância.
A ficha “6B” apresenta dados de toxicidade aguda oral para camundongos, porém não
apresenta informações quanto à toxicidade aguda dérmica e inalatória. Os dados
constam da literatura (IFA, 2015).
Toxicidade aguda via dérmica: o regulamento europeu do CLP/ GHS não adota a
categoria 5 para a classificação quanto à toxicidade aguda. Isso resulta em
diferenciação na classificação, visto que o Brasil adota integralmente todas as
classes e categorias de perigo propostos pelo GHS.
Lesão ocular grave/irritação ocular: o CLP/ GHS considera a categoria 2 desta
classe como única e não propõe a subdivisão nas categorias 2A e 2B, adotando a
frase H319 – Provoca irritação ocular grave.
98
A ficha “6B” não classifica a substância como irritante à pele, entretanto em sua seção
11, declara que o 1,2-dicloroetano causa irritação a pele com vermelhidão.
A ficha “6A” apresenta ligeira divergência quanto à categoria da classe “lesão ocular
grave/irritação a pele”, em relação ao dossiê de referência. A ficha classifica a
substância na categoria 2 (de acordo com a frase H, corresponde à categoria 2A),
entretanto, o dossiê de referência sugere a categoria 2B.
As fichas “6A” e “6B” classificam apenas a substância na classe toxicidade para órgão
alvo específico – exposição única – categoria 3 – efeitos ao trato respiratório,
entretanto, de acordo com os dados organizados no dossiê de referência, além do
trato respiratório, os principais efeitos não letais, causados pela exposição aguda do
1,2-dicloroetano, são danos aos rins e ao fígado.
As classificações apresentadas para as fichas “6A” e “6B”, para toxicidade para órgão
alvo específico – exposição repetida, não são recomendadas. O 1,2-dicloroetano
produz efeitos aos rins, fígado e sistema nervoso central, após exposição aguda
(exposição única). O guia europeu que auxilia na aplicação dos critérios de
classificação do Classification, Labelling and Packaging (CLP)/ GHS, (ECHA, 2015),
considera que ao observar a mesma toxicidade para órgãos alvo de similar gravidade,
após a exposição única e repetida, pode-se concluir que a toxicidade é
essencialmente derivada do efeito agudo (isto é, exposição única) sem acumulação
ou exacerbação da toxicidade, com exposição repetida. Nesse caso, somente a
classificação para toxicidade, para órgão alvo específico – exposição única seria
apropriada.
A ficha “6A” não apresenta classificação quanto ao perigo por aspiração e justifica que
“não há dados na literatura” que subsidiem tal classificação. Entretanto, o dossiê de
referência apresenta dados, por exemplo, viscosidade, que permitem classificar o 1,2-
dicloroetano como perigoso por aspiração, na categoria 2.
No item “outros perigos” desta seção, as fichas “6A” e “6B” não informam que, em
contato com superfícies quentes ou chamas, o 1,2-dicloroetano produz fumos tóxicos
e corrosivos, incluindo cloreto de hidrogênio, fosgênio e monóxido de carbono (IFA,
2015). Entretanto, a ficha “6A”, apresenta esta informação na seção 5 (perigos
específicos da substância em caso de incêndio).
100
A ficha “7B” apresenta inconsistências quanto à utilização dos termos “não aplicável”
e “não disponível”. A ficha declara que a informação de pH é “não disponível”,
entretanto, o adequado seria mencionar “não aplicável”.
A ficha “7B” não apresenta informações sobre efeitos ao sistema auditivo (IFA, 2015),
em consequência de exposição repetida à substância no subitem correspondente.
A ficha “7B” apresenta classificação de perigo para toxicidade aguda oral, categoria
5. Entretanto, os dados, dos bancos de dados consultados, não fornecem subsídio
para esta classificação. A ficha não classifica o estireno quanto à toxicidade aguda via
dérmica, porém, o dossiê de referência apresenta informações que atendem ao
critério do GHS para a categoria 5 desta classe de perigo.
A ficha “8B” apresenta dados de toxicidade aguda oral e dérmica, divergentes dos
dados encontrados nas bases consultadas. Os de toxicidade dérmica foram
apresentados, de maneira equivocada, no item “corrosão/irritação a pele”.
Ambas as fichas apresentam problemas quanto à classe de toxicidade para órgão alvo
especifico. Os efeitos descritos pela ficha “8A”, relativos à exposição única, estão em
discordância quanto aos dados organizados no dossiê de referência que apontam que
essa substância causa efeitos irritativos no sistema respiratório. Na ficha “8B” não
109
foram observados efeitos para esta classe de perigo. Em relação à toxicidade para
órgão alvo por exposição repetida, a ficha “8A” descreve efeitos que não foram
identificados nos bancos de dados consultados.
Toxicidade para órgão alvo especifico: – exposição única – informações dos banco
de dados, consultados, indicam que o vapor da substância é irritante para o trato
respiratório.
A ficha “8A” apresenta classificação quanto à toxicidade para órgão alvo especifico –
exposição única, com efeitos ao pulmão e hipotálamo e, exposição repetida com
112
efeitos ao pulmão e sistema nervoso central. Entretanto, com base nas informações
disponíveis, nos bancos de dados, referentes à solução de formaldeído, os efeitos
para classificação de perigo são apenas efeitos irritativos para o trato respiratório
provenientes da exposição única (IFA, 2015). A ficha “8B” não classifica para
toxicidade para órgão alvo especifico, entretanto apresenta informações de toxicidade
para o trato respiratório, no caso de exposição repetida.
Não foi identificado na ficha “8A” o item “outros perigos que não resultam em uma
classificação”.
mesma deve ser aspirada no ponto de saída (IFA, 2015). A ficha também não indica
a utilização de máscara, para proteção respiratória específica para formaldeído
(PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA, 2017). Tais lacunas impactam nas medidas
preventivas a serem adotadas quando do uso dessa substância e podem ocasionar
danos à saúde do trabalhador.
Tanto a ficha “9A” quanto a ficha “9B” não apresentam dados de propriedades físico-
químicas, disponíveis nos banco de dados consultados, como, dados de ponto de
fusão e viscosidade. Dependendo da propriedade, esta ausência de informação
poderá impactar na classificação de perigo da substância e indicação de medidas de
prevenção e controle.
A ficha “9B” classifica o hidróxido de sódio solução 50% como tóxico agudo via oral e
dérmica. Entretanto, não foram encontrados dados de toxicidade aguda, nos bancos
de dados consultados, que permitam essa classificação, devido ao efeito corrosivo da
substância. As classificações apresentadas pela ficha “9B” para sensibilização da pele
e perigo por aspiração, são justificadas pelas informações toxicológicas relatadas na
seção 11.
Não foram apresentadas informações no subitem “outros perigos que não resultam
em uma classificação”, sobre os efeitos ao trato respiratório. Segundo informações
dos bancos de dados consultados, o uso da solução de hidróxido de sódio poderá
emitir névoas alcalinas (como no tratamento de superfícies) que são irritantes ao trato
respiratório.
5.2.10 Tolueno
A “ficha 10A” apresenta inconsistência quanto ao uso dos termos “não disponível” e
“não aplicável”. Por exemplo, informa que o dado referente ao pH da substância não
está disponível, entretanto, o correto seria a utilização do termo “não aplicável”, em
virtude do tolueno ser uma substância orgânica que não se ioniza em água.
A ficha “10B” não apresenta todas as informações requeridas pelo GHS para esta
seção, como, taxa de evaporação e limite de odor. Os dados referentes a essas
propriedades estão disponíveis nos bancos de dados e literaturas consultados.
As informações apresentadas pela ficha “10B”, para toxicidade aguda via oral, estão
em desacordo com os respectivos dados indicados no dossiê de referência (ECHA,
2017), o que impactará na classificação de perigo da substância. A ficha “10B” não
apresenta informações toxicológicas para todas as classes de perigo, exigidas pelo
GHS, como, carcinogenicidade, mutagenicidade, corrosão/irritação a pele, lesões
oculares graves/irritação ocular, sensibilização respiratória e na pele, toxicidade para
órgão alvo especifico – exposição única e repetida e perigo por aspiração. Essas
lacunas impactam diretamente na classificação de perigo e nas medidas de prevenção
e controle da substância.
Toxicidade para órgão alvo específico: exposição repetida – com base nas
informações disponíveis nos bancos de dados consultados, os efeitos adversos
ao sistema nervoso são considerados críticos quando da exposição por inalação
ao tolueno, com evidências de estudos em trabalhadores expostos (ATSDR, 2017;
IFA 2015). Portanto, os dados coletados indicam que a substância pode ser
classificada quanto à classe de toxicidade para órgão alvo específico – exposição
repetida – categoria 1.
A ficha “10A” classifica como tóxica para órgão alvo específico – exposição repetida –
categoria 2, tal como o CLP/GHS e, pelos dados disponíveis, a categoria deveria ser
1.
As fichas “10A” e “10B” não indicam a necessidade de sistemas fechados para uso do
tolueno ou, caso a liberação da substância não puder ser evitada, deverá ser aspirada
no ponto de saída (IFA, 2015). Também, não indica a necessidade do piso da área de
manuseio e armazenamento ser resistente à solventes (IFA, 2015).
A ficha “10B” apresenta excesso de informações, em sua maioria, não requeridas pelo
GHS para esta seção.
Para cada aspecto avaliado, foi possível que uma mesma ficha apresentasse mais de
uma ocorrência. Por exemplo, no que diz respeito às informações toxicológicas, uma
ficha avaliada poderia apresentar problemas relacionados à ausência de informação
para um determinado endpoint, informação incorreta ou imprecisa relacionada a um
segundo endpoint, ou ainda, informação incompleta para um terceiro endpoint. Isso
faz com que a soma das percentagens para cada aspecto avaliado não totalize 100%.
A avaliação indicou que mais da metade das fichas (55%) são precisas quanto às
informações sobre a composição da substância. De modo geral, o principal problema
detectado foi a ausência ou inconsistência, na declaração das impurezas, que possam
impactar na classificação de perigo. O GHS é claro quando solicita que reportem
apenas as impurezas e/ou aditivos classificados como perigosos e que contribuam
para a classificação da substância. Caso contrário, sua inclusão na seção 3 poderá
impactar na identificação equivocada de riscos e na determinação das medidas de
prevenção relacionadas ao uso da substância. A impureza declarada também será
considerada na identificação das exposições ocupacionais que, por julgamento
profissional podem ser consideradas irrelevantes.
Além disso, o guia apresenta exemplos de substâncias que satisfazem aos critérios
de classificação e para aquelas que não satisfazem, informando o que deve ser
considerado na classificação e a racionabilidade do processo. Informações deste tipo
auxiliam o entendimento quanto às classes de perigo, complementando os critérios
estabelecidos pelo GHS que, em muitos momentos, podem causar dúvidas de
classificação, especialmente ao usuário leigo.
Os resultados dos estudos indicaram que 37% das fichas examinadas apresentavam
dados de efeitos à saúde com precisão; 76% forneceram procedimentos de primeiros
socorros, completos e corretos; 47% identificaram, com precisão, o equipamento de
proteção pessoal adequado e 47% indicaram, corretamente, todos os limites de
exposição ocupacional. Foram precisas, em todas as quatro áreas, 11% das fichas.
Estudo recente, semelhante ao da OSHA, foi desenvolvido por Rubbiani (2012) para
avaliação da qualidade das informações, apresentadas em fichas de dados de
segurança. O estudo foi efetuado pela comparação das 16 seções da ficha de dados
de segurança de ingredientes ativos, utilizados em produtos pesticidas. Para cada
substância, as informações foram comparadas às relacionadas ao mesmo parâmetro
no Manual de Pesticidas, conforme relatado em "The Pesticide Manual" (TOMLIN,
2009).
Segundo Rubbiani (2012), cerca de 30% das fichas de dados de segurança cumpriam
as disposições legais vigentes.
Alguns fatores que podem explicar as lacunas e inconsistências detectadas nas fichas
analisadas:
6 RECOMENDAÇÕES
A partir dos resultados da pesquisa, ficou evidenciado que a maioria das fichas, de
dados de segurança, possui inconsistências quanto às informações referentes às
propriedades físico-químicas e toxicológicas, classificação de perigo, instruções de
manuseio, armazenamento e medidas para prevenção da exposição do trabalhador.
Considerando que as substâncias são a base da cadeia produtiva da indústria química
e também parte de outros setores produtivos, as imprecisões nas fichas serão
transmitidas ao usuário final, diretamente como nos resultados de cálculos sobre
misturas.
Com o objetivo de melhorar a situação atual, quanto à qualidade das fichas de dados
de segurança, das substâncias produzidas ou importadas no Brasil, recomenda-se a
adoção de um programa governamental para a gestão segura de substâncias
químicas, incluindo as seguintes ações:
REFERÊNCIAS
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Disponível em <http://echa.europa.eu/documents/10162/13643/sds_en.pdf>.
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causes asthma. Journal of General Internal Medicine, v. 16, n. 2, p. 89-93, fev.
2001.
ISO – International Organization for Standardization. ISO 10156: 2010. Gases and
gas mixtures – Determination of fire potential and oxidizing ability for the selection of
cylinder valve outlets. Disponível em: <https://www.iso.org/standard/44817.html>.
Acesso em: 29 abr. 2015.
NIERENBERG, David W.; NORDGREN, Richard E.; CHANG, Morris B.; SIEGLER,
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338, n. 23, p. 1672-1676, jun.1998. Disponível em:
<http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM199806043382305#t=article>. Acesso
em: 03 dez. 2016.
NOHSC – National Code of Practice for the Preparation of Material Safety Data
Sheets 2nd Edition [NOHSC: 2011 (2003)]. Austrália, 2003. Disponível em:
<http://www.safeworkaustralia.gov.au/sites/swa/about/publications/pages/cp2003mat
erialsafetydatasheets2ndedition>. Acesso em: 31 jul. 2015.
TOMLIN, Clive DS et al. The pesticide manual: a world compendium. British Crop
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UNITED NATIONS. UN Manual of Tests and Criteria. 6th ed. Rev. New York/
Geneva: United Nations, 2015. 512 p. Disponível em:
<http://www.unece.org/fileadmin/DAM/trans/danger/publi/manual/Rev.6/1520832_E_
ST_SG_AC.10_11_Rev6_WEB_-With_corrections_from_Corr.1.pdf>. Acesso em: 24
jan. 2017.
1. Identificação da substância
Nome (IUPAC)
Número CAS
Sinônimos (nomes ISO, nome técnico
Fórmula molecular
Fórmula estrutural
Pureza (m/m)
Impurezas ou aditivos significativos
Usos conhecidos
Restrições de usos
Limites de exposição
3. Propriedades físico-químicas
Temperatura de autoignição
Temperatura de decomposição
Viscosidade
Contaminantes atmosféricos que pode dar origem nos usos
mais comuns- gás, vapor, particulado (poeira, fumo, névoa)
4. Estabilidade e reatividade
Reatividade
Estabilidade química
Possibilidade de reações perigosas
Condições a serem evitadas
Materiais incompatíveis
Produtos de decomposição perigosos
7. Classificação de perigos
Classe de perigo segundo Frase H Frase P Outros perigos originados pelo uso
o GHS
8. Manuseio e armazenamento
Manuseio
Parâmetros de controle
Medidas de controle de engenharia
Medidas de proteção pessoal
142
1. Identificação da substância
3. Propriedades físico-químicas
Gás amarelado
Aspecto (estado físico, forma, cor etc.);
<http://www.inchem.org/documents/icsc/icsc/eics0126.htm>. Acesso em: 23.05.2016.
Pungente
Odor e limite de odor
0,06-0,2 ppm: limiar de odor; em casos individuais; sentimento subjetivo sobre os olhos e nariz;
0,4-0,5 ppm: sem alterações estatisticamente significativas de parâmetros da função pulmonar;
a partir de 1 ppm para cima: influência sobre a função do pulmão;
1-2 ppm: irritação para os olhos e das vias aéreas.
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>.
Acesso em: 23.05.2016.
pH Não aplicável. Substância gasosa.
Ponto de fusão/ponto de - 101º C
congelamento <http://www.inchem.org/documents/icsc/icsc/eics0126.htm>. Acesso em 23.05.2016
Ponto de ebulição inicial e faixa de -34º C
temperatura de ebulição <http://www.inchem.org/documents/icsc/icsc/eics0126.htm>. Acesso em 23/05/2016
Ponto de fulgor Não aplicável. Pela definição, o ponto de fulgor é dado para substâncias líquidas.
Taxa de evaporação Não aplicável. Substância no estado gasoso.
Inflamabilidade (sólido; gás) Não aplicável. Gás não inflamável.
Limite inferior/superior de Não aplicável. Gás não inflamável.
inflamabilidade ou explosividade
6,776 bar a 20º C
Pressão de vapor
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>.
Acesso em: 23.05.2016.
Densidade de vapor Não aplicável. Substância é um gás.
145
4. Estabilidade e reatividade
A solução em água é um ácido forte. Reage violentamente com bases, substâncias combustíveis e
Reatividade agentes redutores. A substância reage com a maioria dos compostos orgânicos e inorgânicos,
causando perigo de fogo e explosão. Ataca metais, alguns tipos de plástico, borracha e revestimentos.
<http://www.inchem.org/documents/icsc/icsc/eics0126.htm>. Acesso em: 23.05.2016
Estável em condições normais.
Estabilidade química
A substância pode reagir perigosamente com:
Possibilidade de reações
Metais álcalis álcoois substâncias combustíveis hidróxido de sódio agentes redutores substâncias
perigosas
orgânicas
Água
pós metálicos
Risco de explosão em contato com:
Aminas
Amônia
Oxigênio
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>
Acesso em: 23.05.2016
Não utilize a substância na proximidade de um incêndio ou uma superfície quente, ou durante a
Condições a serem evitadas soldagem.
Não borrife água no cilindro vazando (para evitar a corrosão do cilindro).
Materiais incompatíveis Altas temperaturas e todos os materiais incompatíveis acima descritos.
Produtos de decomposição Não aplicável.
perigosos
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Estudos de orientação padrão para determinar o potencial de irritação / corrosão do cloro não pode ser feito porque o cloro é um gás à
temperatura ambiente. Além disso, referências primárias que descrevem o efeito do cloro sobre a pele humana, não foram encontrados.
Com base numa avaliação de risco internacional recentemente aprovado (SIDS Avaliação Inicial do perfil, SIAP), o cloro é corrosivo para a pele
(OCDE, 2003). Além disso, referências secundárias e também documentação interna dos produtores de cloro mostra que o cloro gasoso é
irritante/corrosivo para a pele. O contato com cloro líquido irá causar queimaduras na pele e queimaduras. No entanto, não é possível derivar
uma concentração-limiar para a irritação da pele ou para a corrosão do cloro gasoso, porque os dados não estão disponíveis e porque os efeitos
sobre a pele, também dependerá da duração da exposição. Deve-se compreender que não há necessidade de determinar estas concentrações
iniciais porque o órgão alvo de cloro é o trato respiratório.
<http://echa.europa.eu/documents/10162/8b11c92a-a79f-4302-9294-a49a866562d3>. Acesso em: 23.05.2016
Classificação: Corrosão/Irritação a pele – cat. 2 – H315
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Estudos de inalação aguda com animais mostram que o cloro gasoso é irritante para os olhos. Com base em dados humanos, foram relatados
efeitos irritantes sobre os olhos em uma faixa de concentração de cloro de 0,2 a 4 ppm (0,6 a 12 mg/m 3). De acordo com a literatura exposição
secundária ao cloro pode resultar em lesões da córnea e duradouro problemas de visão e cegueira (efeito corrosivo).
http://echa.europa.eu/documents/10162/8b11c92a-a79f-4302-9294-a49a866562d3. Acesso em: 23.05.2016
Classificação: Lesão ocular grave/ irritação ocular – cat. 2 – H319
Em um estudo com cloro gás, até a concentração citotóxica, a mutagenicidade não foi detectada.
Os resultados de testes com o cloro e solução de hipoclorito de sódio não foram inequívocos, mas não existe a suspeita de que poderia ser
mutagênico.
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>. Acesso em: 23.05.2016
Não classificado.
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6.6 Carcinogenicidade
Em estudos de longo prazo em ratos e camundongos que inalaram gás cloro, a incidência de neoplasias não foi aumentada, de modo que
nenhum potencial carcinogênico foi indicado.
Tendo em vista a cloração da água de beber, nenhuma relação causal entre a ingestão de cloro e aumento da incidência de tumores pode ser
demonstrada em experiências com animais e estudos epidemiológicos. Com base nestes resultados, não há risco de uma ação carcinogênica é
visto para a exposição ocupacional.
Não classificado.
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>. Acesso em: 23.05.2016
Não há razão para temer o risco de danos ao embrião ou feto em desenvolvimento quando se observam valores MAK (Maximum Concentrations
at the Workplace; para cloro gás – 1,5 ppm).
Em vista da ingestão oral de cloro através da água de beber, estudos com a administração de solução de hipoclorito de sódio para roedores
(dosagem de até 5 mg / kg de peso corporal x d) não se mostrou quaisquer efeitos tóxicos ou perturbadores de fertilidade de desenvolvimento.
Para a exposição por inalação de gás de cloro é de se esperar, devido à ação corrosiva no trato respiratório, que a possibilidade de se alcançar
as concentrações de hipoclorito ou cloreto, que pode causar efeitos tóxicos reprodutivas podem ser excluídos.
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>. Acesso em: 23.05.2016
Podemos concluir que para exposição a inalação, a toxicidade reprodutiva não apresenta perigo relevante.
<http://echa.europa.eu/documents/10162/8b11c92a-a79f-4302-9294-a49a866562d3>. Acesso em: 23.05.2016
Não classificado.
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Com base na sua solubilidade moderada em água, o cloro inalado é mantido a um alto grau nas membranas mucosas no trato respiratório
superior e na área brônquica, mas em altas concentrações ele atinge os alvéolos também.
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>. Acesso em: 23.05.2016
Sintomas imediatos na sequência da inalação incluem uma sensação de ardor dos pulmões durante a respiração. A exposição suficiente pode
induzir a broncoespasmos com sinais associados de tosse, chiado e dispneia. A exposição a uma dose suficientemente alta pode resultar em
edema pulmonar e insuficiência respiratória, o aparecimento dos quais pode ser retardada por até 36 horas. Em casos extremos, hemorragia
pulmonar também pode ocorrer. Há algumas evidências que sugerem que a exposição ao cloro pode ser relacionado com mudanças
neuropsicológicos longo prazo, embora estudos adicionais são necessários para confirmar esta hipótese.
<https://www.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/316819/Chlorine_properties_incident_management_and_toxicol
ogy.pdf>. Acesso em: 23.05.2016
Classificação: STOT SE – cat. 3 (trato respiratório) – H335
Não foram observados efeitos sistêmicos em estudos de exposição - dose repetida em ratos, camundongos e macacos.
<http://echa.europa.eu/documents/10162/8b11c92a-a79f-4302-9294-a49a866562d3>. Acesso em: 23.05.2016
Não classificado.
7. Classificação de perigos
8. Manuseio e armazenamento
TLV: 0.5 ppm como TWA; 1 ppm como STEL (ACGIH 2016).
Parâmetros de controle Irritante aos olhos e ao trato respiratório superior.