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CAMILA HUBNER BARCELLOS DEVINCENTIS

APLICAÇÃO DO SISTEMA GLOBALMENTE HARMONIZADO DE


CLASSIFICAÇÃO E ROTULAGEM DE PRODUTOS QUÍMICOS (GHS): Análise do
conteúdo de fichas de dados de segurança para substâncias produzidas em
larga escala

SÃO PAULO
FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO
TRABALHO – FUNDACENTRO
2017
CAMILA HUBNER BARCELLOS DEVINCENTIS

APLICAÇÃO DO SISTEMA GLOBALMENTE HARMONIZADO DE


CLASSIFICAÇÃO E ROTULAGEM DE PRODUTOS QUÍMICOS (GHS): Análise do
conteúdo de fichas de dados de segurança para substâncias produzidas em
larga escala

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação da Fundação Jorge Duprat Figueiredo,
de Segurança e Medicina do Trabalho –
FUNDACENTRO, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Trabalho, Saúde e
Ambiente.

Área de concentração: Segurança e Saúde do


Trabalhador

Orientador: Prof. Dr. Gilmar da Cunha Trivelato

SÃO PAULO
FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO
TRABALHO – FUNDACENTRO
2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Serviço de Documentação e Biblioteca – SDB / Fundacentro
São Paulo – SP
Sergio Roberto Cosmano CRB-8/7458

Devincents, Camila Hubner Barcellos


Aplicação do sistema globalmente harmonizado de classificação
e rotulagem de produtos químicos (GHS): análise do conteúdo de
fichas de dados de segurança para substâncias produzidas em larga
escala [texto] / Camila Hubner Barcellos Devinvents. – 2017.
156 f. : il.

Orientador: Gilmar da Cunha Trivelato.


Dissertação (mestrado)-Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança de Medicina do Trabalho, São Paulo, 2017.
Referências: f. 133-138.

1. GHS – FISPQ – Perigo – 2. GHS – Risco – Segurança Química – 3.


GHS – Produtos Químicos – Gestão de Substâncias Químicas. I.
Trivelato, Gilmar da Cunha. II. Título.

É expressamente proibida a comercialização deste documento tanto na sua forma impressa,


como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins
acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título,
instituição e ano da dissertação.
A indústria química, para a construção de ambientes cada vez mais seguros.
Marcello, meu grande amor e companheiro.
A minha família, em especial aos meus pais, que dignamente me apresentaram o
caminho do conhecimento.
A minha filha Luisa, meu presente durante essa jornada.
AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e da perseverança.

Ao professor Dr. Gilmar Trivelato (orientador), incentivador e presente durante esta


jornada, pelo incentivo, paciência e disponibilidade.

À FUNDACENTRO pelo curso oferecido e aos professores participantes do programa,


pelos conhecimentos compartilhados.

Aos funcionários, pela disponibilidade e presteza.

À ABIQUIM, em especial à Presidência, Diretoria e Gerência Técnica pela


oportunidade e apoio para a conclusão desta pesquisa.

À Comissão de Gerenciamento de Produto da ABIQUIM, pela oportunidade constante


de aprendizado.

Aos colegas da Fundacentro, pela convivência, pelo companheirismo e pela troca de


experiências, em especial a Maíra S. R. Dias e Wanda Prado.

Aos meus queridos amigos e amigas, pelo estímulo durante todo o curso, em especial
a Nicia Mourão, grande entusiasta deste projeto.
"O saber partilhado, fundado numa busca comum e no respeito entre todos os
envolvidos, conduz a uma visão da realidade impossível de conseguir no espaço de
disciplinas isoladas."
(Carlos Minayo Gómez Maria e Cecília de Souza Minayo)
RESUMO

No Brasil, desde o ano de 2011, os fabricantes e fornecedores de produtos químicos


perigosos são os responsáveis pela elaboração e disponibilização das fichas de dados
de segurança, com o objetivo de fornecer informações adequadas sobre os perigos
intrínsecos e perigos associados ao uso de substâncias e misturas, para o manuseio
seguro. No entanto, pouca investigação tem sido feita sobre o conteúdo dessas fichas
de segurança fornecidas por vários setores da indústria. A indústria química brasileira
concentra, principalmente, sua atuação na fabricação de commodities e
pseudocommodities (substâncias utilizadas em diversos segmentos da indústria).
Portanto, a qualidade adequada da informação, nas fichas de dados de segurança
destas substâncias, é fundamental, visto que possível erro se propagará ao longo da
cadeia de uso. O estudo avaliou as informações contidas em vinte fichas de dados de
segurança, correspondente a dez substâncias classificadas como commodities e
pseudocommodities, analisou o seu conteúdo, concentrando-se em cinco áreas de
informação: composição e informação sobre ingredientes, estabilidade e reatividade,
propriedades toxicológicas, classificação e identificação de perigos, manuseio e
armazenamento e controle da exposição. Para análise do conteúdo da ficha foram
elaborados dossiês de referência consultando-se as principais bases de dados sobre
segurança de produtos químicos, revisadas por pares e acessíveis pela internet.
Foram detectadas deficiências e incoerências ao longo das fichas examinadas,
demonstrando a necessidade de capacitação dos recursos humanos envolvidos na
elaboração e recebimento das fichas e melhoria da legislação brasileira aplicável.

Palavras-chave: GHS. FISPQ. SDS. Perigo. Risco. Segurança química. Gestão de


substâncias químicas.
ABSTRACT

Since 2011, the Brazilian manufactures and suppliers of hazardous chemicals are the
responsible for the preparation and availability of safety data sheets, in order to provide
adequate information about the intrinsic hazards and hazards associated to substance
and mixtures usage, aiming their safety handling. However, few researches has been
done on the quality of these safety data sheets provided by various industry sectors.
The Brazilian chemical industry mainly concentrates its activity in the commodities and
pseudocommodities manufacture (these substances are used in several segments of
the industry). Therefore, the adequate quality of the information provided in the
substances safety data sheets is essenti al, since a possible error could propagate
along their supply chain. This research critically evaluated the information contained in
twenty safety data sheets related to ten substances, classified as commodities and
pseudocommodities, in order to analyze the content of the data contained therein,
focusing on five areas of information: composition and ingredients information; stability
and reactivity; toxicological properties; hazard classification and identification;
handling, storage and exposure control. For the analysis of the safety data sheets
contents, reference dossies were elaborated by consulting the main data bases on
chemical safety, reviewed by peers and accessible on the internet. The evaluation of
the safety data sheets revealed deficiencies and inconsistencies along their content,
demonstrating the necessity of training the human resources involved on the
preparation and receiving the data sheets and improving the applicable Brazilian
legislation.

Keywords: GHS. FISPQ. SDS. Hazard. Risk. Chemical safety. Chemical


management.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Gestão segura de produtos químicos....................................................... 28


Figura 2 – Abordagem por etapas para classificação de misturas ............................ 35
Figura 3 – Critérios de perigos físicos, segundo o GHS ............................................ 38
Figura 4 – Critérios de perigos à saúde humana, segundo o GHS ........................... 39
Figura 5 – Critérios de perigos ao meio ambiente, segundo o GHS ......................... 40
Figura 6 – Símbolos de perigo do GHS ..................................................................... 42
Figura 7 – Modelo para elaboração da ficha de dados de segurança ....................... 52

Gráfico 1 – Resumo da análise percentual de conteúdo das fichas ........................ 122

Quadro 1 – Divisão CNAE 20 – fabricação de produtos químicos ............................ 22


Quadro 2 – Divisão CNAE 21 – fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos
.................................................................................................................................. 23
Quadro 3 – Grupos de produtos químicos de uso industrial, conforme CNAE .......... 23
Quadro 4 – Seções da FDS ou FISPQ ...................................................................... 46
Quadro 5 – Amostra de substâncias para o estudo .................................................. 56
Quadro 6 – Estrutura do dossiê................................................................................. 58
Quadro 7 – Propriedades físico-químicas exigidas pelo GHS ................................... 61
Quadro 8 – Principais problemas identificados nas fichas ........................................ 64
Quadro 9 – Classificação de perigo do ácido nítrico, segundo o GHS ...................... 70
Quadro 10 – Principais problemas das fichas do ácido nítrico .................................. 73
Quadro 11 – Classificação de perigo do ácido sulfúrico, segundo o GHS ................ 75
Quadro 12 – Principais problemas das fichas do ácido sulfúrico .............................. 77
Quadro 13 – Classificação de perigo da amônia anidra, segundo o GHS ................ 79
Quadro 14 – Principais problemas das fichas da amônia anidra............................... 83
Quadro 15 – Classificação de perigo do benzeno, segundo o GHS ......................... 85
Quadro 16 – Principais problemas das fichas do benzeno ....................................... 88
Quadro 17 – Classificação de perigo do gás cloro, segundo o GHS......................... 91
Quadro 18 – Principais problemas das fichas do gás cloro ....................................... 94
Quadro 19 – Classificação de perigo do 1,2 – dicloroetano, segundo o GHS ........... 96
Quadro 20 – Principais problemas das fichas do 1,2-dicloroetano.......................... 101
Quadro 21 – Classificação de perigo do monômero de estireno, segundo o GHS . 103
Quadro 22 – Principais problemas das fichas do monômero de estireno. .............. 107
Quadro 23 – Classificação de perigo do formaldeído solução 37%, segundo o GHS
................................................................................................................................ 109
Quadro 24 – Principais problemas das fichas do formaldeído solução 37% ........... 113
Quadro 25 – Classificação de perigo do hidróxido de sódio solução 50%, segundo o
GHS ........................................................................................................................ 115
Quadro 26 – Principais problemas das fichas do hidróxido de sódio 50% .............. 117
Quadro 27 – Classificação de perigo do tolueno, segundo o GHS ......................... 119
Quadro 28 – Principais problemas das fichas do tolueno ....................................... 121
LISTA DE TABELA

Tabela 1 – Análise de forma quanto aos requisitos do GHS ..................................... 65


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIQUIM Associação Brasileira da Indústria Química


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACC American Chemical Council
ACGIH American Conference of Governmental Industrial Hygienists
BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento
BPL Boas Práticas de Laboratório
CAS Chemical Abstract Service
CE Comunidade Europeia
CLP Classification, Labelling and Packaging
CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas
CONEP Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
DNEL/DMEL Derived No-Effect Level/Derived Minimal Effect Levels
EC European Community
ECHA European Chemicals Agency
EPA Environmental Protection Agency
EPI Equipamentos de Proteção Individual
FDS Ficha de Dados de Segurança
FISPQ Ficha de Dados de Segurança de Produto Químico
GHS Globally Harmonized System
GT-GHS Grupo de Trabalho GHS
IARC International Association for Research
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IFA Institut für Auslandsbeziehungen
ILO International Labour Organization
ISO International Organization for Standardization
IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry
MSDS Material Safety Data Sheet
NFPA National Fire Protection Association
NITE National Institute of Technology and Evaluation
NOHSC National Occupational Health and Safety Commission
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

OECD Organization for Economic Co-operation and Development


OIT Organização Internacional do Trabalho
ONU Organização das Nações Unidas
OSHA Occupational Safety and Health Administration
PIB Produto Interno Bruto
ppm Parte por milhão
PVA Álcool polivinílico
PVC Policloreto de vinila
QSAR Quantitative Structure–Activity Relationship
REACH Registration, Evaluation, Authorization and Restriction of Chemicals
SDS Safety Data Sheet
TDI tolueno-2,4-diisocianato
TLV Threshold Limit Value
TWA Time Weighted Averages
UN United Nations
UNCED United Nations Conference on Environment and Development
UNCETDG United Nations Committee of Experts on the Transport of Dangerous
Goods
UNECE United Nations Economic Commission for Europe
UNEP United Nations for Environment Programme
UNITAR United Nations Institute for Training
UVCB Substance of Unknown or Variable Composition, complex reaction
products or Biological Materials
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 14
1.1 Objetivos ...................................................................................................... 18
1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................... 18
1.1.2 Objetivos específicos.................................................................................... 18
1.2 Justificativa ................................................................................................... 18

2 A INDÚSTRIA QUÍMICA BRASILEIRA ....................................................... 21

3 THE GLOBALLY HARMONIZED SYSTEM OF CLASSIFICATION AND


LABELLING OF CHEMICALS (GHS) .......................................................... 27
3.1 Definição e objetivos ..................................................................................... 27
3.2 Substância e mistura ..................................................................................... 29
3.3 A classificação GHS para substâncias e misturas ........................................ 32
3.4 Critérios para classificação de perigos físicos ............................................... 36
3.5 Critérios para classificação de perigos à saúde humana .............................. 38
3.6 Critérios para classificação de perigos ao meio ambiente............................. 39
3.7 Comunicação de perigos ............................................................................... 40
3.7.1 Rotulagem ..................................................................................................... 40
3.7.2 Ficha de Informação de Segurança ............................................................. 42
3.8 A importância da FDS na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais 52

4 METODOLOGIA ........................................................................................... 55
4.1 Visão geral do estudo .................................................................................... 55
4.2 Amostras de substâncias e fichas selecionadas ........................................... 56
4.3 Procedimento de coleta e análise de dados .................................................. 58
4.3.1 Elaboração do dossiê referência ................................................................... 58
4.3.2 Análise da forma quanto às seções mínimas requeridas pelo GHS .............. 60
4.3.3 Análise do conteúdo das fichas ..................................................................... 60
5 RESULTADOS .............................................................................................. 65
5.1 Resultados da análise da forma .................................................................... 65
5.2 Resultados da análise do conteúdo .............................................................. 68
5.2.1 Ácido nítrico ................................................................................................... 69
5.2.2 Ácido sulfúrico ............................................................................................... 73
5.2.3 Amônia anidra .............................................................................................. 78
5.2.4 Benzeno ....................................................................................................... 83
5.2.5 Gás cloro ...................................................................................................... 89
5.2.6 1,2 – Dicloroetano ........................................................................................ 94
5.2.7 Monômero de estireno................................................................................ 101
5.2.8 Formaldeído solução 37% .......................................................................... 107
5.2.9 Hidróxido de sódio solução 50% ................................................................ 113
5.2.10 Tolueno ...................................................................................................... 117
5.3 Resultados gerais e discussão ................................................................... 121

6 RECOMENDAÇÕES .................................................................................. 130

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 133

ANEXO A – Modelo de dossiê para substância .................................................. 139

ANEXO B – Dossiê do gás cloro .......................................................................... 142


14

1 INTRODUÇÃO

Em seu sentido amplo a química está presente em todas as facetas da vida do


homem, desde o primitivo das cavernas ao homem atual (WONGTSCHOWSKI, 2002).

Mas, a fabricação de produtos químicos e sua utilização, para o aumento da qualidade


de vida, é um fenômeno recente. Ao mesmo tempo em que trouxe melhorias, o uso
abrangente dos produtos químicos no mundo resultou em riscos significativos para a
segurança e saúde humana, exigindo o desenvolvimento de regulamentações
específicas para o setor, como, de transporte, produção, comércio e consumo, para
eliminar ou reduzir riscos, que constitui hoje a denominada gestão segura de produtos
químicos.

As informações sobre os perigos ou ameaças, relacionadas a produtos químicos,


constituem a base do processo de gestão segura. Dispor dessas informações,
associadas às medidas preventivas, ao longo de seu ciclo de vida, é essencial, pois
permite que a produção, transporte, uso e disposição dos produtos possam ser
gerenciados adequadamente, como forma de proteção à saúde humana e ao meio
ambiente (OSHA, 2015).

No ano de 1989, com o intuito de iniciar um programa de gestão segura de produtos


químicos, a harmonização da comunicação de perigos teve início, quando a
Organização Internacional do Trabalho (OIT) elaborou e adotou a Convenção 170 e a
Recomendação 177 sobre a segurança no uso de produtos químicos nos locais de
trabalho. Por meio desses instrumentos, os países que as ratificaram, incluindo o
Brasil, obrigaram-se a adotar um sistema para classificação e rotulagem de produtos
químicos. Todavia, tendo em vista os diferentes sistemas de classificação de perigos
existentes mundialmente, o comitê técnico da OIT também aprovou uma resolução,
solicitando que aquela organização estudasse as tarefas que seriam necessárias para
se atingir a harmonização desses sistemas, a fim de desenvolver um sistema único,
para tratar de classificação de produtos químicos, rótulos e fichas de segurança
(ALVES, 2009).
15

Em 1992, o Mandato Internacional, adotado na United Nations Conference on


Environment and Development (UNCED), Eco 92, por meio da Agenda 21, em seu
capítulo 19, estabeleceu que,

Um sistema globalmente harmonizado de classificação de perigos e um


sistema compatível de rotulagem, incluindo ficha de informação de segurança
de produto e símbolos facilmente compatíveis, deve estar disponível, se
factível, até o ano 2000 (MMA, 2017).

A harmonização da classificação de produtos químicos foi uma das seis áreas


programáticas endossadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas, para fortalecer
esforços internacionais relativos à gestão segura de produtos químicos (OSHA, 2015).

Em outubro de 1999, a United Nations Economic Commission for Europe (UNECE)


alterou o mandato do Comitê de Especialistas em Transporte de Produtos Perigosos,
reconfigurando e transformando-o no Comitê de Especialistas em Transporte de
Produtos Perigosos e no Sistema Harmonizado Globalmente para Classificação e
Rotulagem de Produtos Químicos – United Nations Committee of Experts on the
Transport of Dangerous Goods (UNCETDG/GHS1). Na mesma ocasião, foi criado um
novo Subcomitê de Especialistas no Sistema Harmonizado Globalmente para
Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (Subcomitê de GHS) (OSHA, 2015)

O principal motivo que conduziu os membros da Organização das Nações Unidas


(ONU), para a criação do Sistema Harmonizado Globalmente para Classificação e
Rotulagem de Produtos Químicos (GHS), foi a pouca ou total incompatibilidade entre
as inúmeras legislações em vigor, que permitiam a coexistência de diferentes
classificações para um mesmo produto químico. Ou seja, uma determinada
substância poderia ser considerada inflamável ou tóxica no país em que era
produzida, mas não no país para o qual estava sendo exportada (ALVES, 2009).

O Globally Harmonized System (GHS) aborda a classificação de produtos químicos


por tipos de perigos e propõe elementos de comunicação dos perigos harmonizados,
incluindo rótulos e fichas de dados de segurança.

A proposta inicial foi a de ser um sistema com utilização voluntária, entretanto os


regulamentos técnicos desenvolvidos pelos países podem optar por torná-lo
16

compulsório (ALVES, 2009). Os princípios do GHS estão detalhados em um manual


denominado Purple Book publicado pela ONU.

O GHS abrange substâncias, misturas, preparados ou quaisquer outros termos


utilizados nos sistemas existentes (ALVES, 2009), com exceção dos medicamentos,
aditivos alimentares, cosméticos e resíduos de pesticidas em alimentos, que não são
cobertos pelo GHS para as finalidades a que se destinam, mas serão cobertos em
situações nas quais os trabalhadores possam ser expostos, como nos locais de
trabalho (ABIQUIM, 2005, p. 14).

A primeira edição do GHS, que se destinava a servir como base inicial para a
implementação global do sistema, foi publicada em 2003. Desde então, o GHS foi
atualizado, revisto e melhorado a cada dois anos, conforme as necessidades surgem
e a experiência é adquirida em sua implementação (CS DERBY, 2015).

Considerando que a adesão dos países ao GHS é voluntária, sua adoção depende da
conscientização e do comprometimento dos governos e indústria. É esperado que
com a implementação do GHS, níveis mais elevados de proteção à saúde humana e
ao meio ambiente, sejam alcançados e, ao mesmo tempo seja facilitado o comércio
internacional de produtos químicos, pela redução de testes laboratoriais em função da
uniformização dos sistemas de classificação de perigo (ALVES, 2009).

No Brasil, no ano de 2007, foi instituído pelo Decreto Presidencial, de 26 de junho de


2007, o Grupo de Trabalho Interministerial, denominado GT-GHS-Brasil com a
atribuição de elaborar e propor estratégias, diretrizes, programas, planos e ações para
a implementação do GHS no país (BRASIL, 2007). Em 2009, constituindo esforços
para a aplicação do GHS de informação de segurança de produtos químicos
perigosos, o Comitê Brasileiro de Química da ABNT publicou a norma brasileira ABNT
NBR 14725, incluindo as partes 1 – Terminologia (ABNT, 2009), 2 – Sistema de
classificação de perigo (ABNT, 2010), 3 – Rotulagem (ABNT, 2012) e 4 – Ficha de
informações de segurança de produtos químicos (FISPQ) (ABNT, 2014).

É importante salientar que a Ficha de Informações de Segurança de Produtos


Químicos (FISPQ) é equivalente à Safety Data Sheet (SDS), utilizado pelo GHS e pela
17

Folha de Dados de Segurança (FDS). O termo no Brasil está associado à primeira


versão da ABNT NBR 14725:2001, anterior ao GHS e que abordava exclusivamente
a FDS.

Em 2011, a Portaria 229 do Ministério do Trabalho e Emprego, incorporou o GHS à


Norma Regulamentadora 26. A partir da publicação da Portaria 229, a adoção do GHS
tornou-se obrigatória para os fornecedores de produtos químicos (fabricantes ou
distribuidores) na classificação, rotulagem e fichas de informações de segurança (FDS
ou FISPQ) de produtos perigosos utilizados nos locais de trabalho. A Norma
Regulamentadora, atualmente, é o único requisito juridicamente vinculativo para
aplicação do GHS no Brasil e, uma vez que é geral e breve, remete à norma técnica
oficial vigente, ABNT NBR 14725. Para os aspectos de Classificação, ABNT NBR
14725-2:2009, Rotulagem, ABNT NBR 14725-3:2012 e Fichas de Dados de
Segurança, ABNT NBR 14725-4:20141.

As ABNT NBR 14725-2, 14725-3 e 14725-4, estabeleceram prazos para seu


cumprimento: para substâncias, a partir de 27 de fevereiro de 2011, e para misturas,
a partir de 01 de junho de 2015. Esses prazos foram definidos com base nos
estabelecidos pela Comunidade Europeia, por meio do Regulamento (CE) 1272/2008
do Parlamento Europeu e do Conselho, em 16 de dezembro de 2008, que incorporou
o GHS, por meio do sistema denominado Classification, Labelling and Packaging
(CLP). Pelo regulamento, após 1 de dezembro de 2010, as substâncias deveriam
estar classificadas, rotuladas e embaladas em conformidade com o CLP. Para
misturas, o regulamento seria válido após 1 de junho de 2015.

Considerando que a classificação de perigos de misturas deve ser estabelecida, não


somente utilizando os dados disponíveis da própria mistura e/ou dados de misturas
semelhantes (muitas vezes não disponíveis), mas, principalmente com base nos
dados de seus ingredientes, a Comunidade Europeia estabeleceu que a
implementação do GHS para substâncias precedesse à implementação para misturas.

1 ABNT NBR 14725-2:2009 – Versão Corrigida:2010; ABNT NBR 14725-3:2012 – Versão Corrigida
3:2015; ABNT NBR 14725-4:2014.
18

No caso da classificação de substância, a mesma é fundamentada nas informações


relevantes disponíveis e em suas propriedades de perigos.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo geral

Avaliar, segundo o GHS, a qualidade das fichas de dados de segurança,


disponibilizadas pela indústria química brasileira, para substâncias classificadas como
commodities e pseudocommodities, quanto aos aspectos relacionados à saúde e
segurança dos trabalhadores.

1.1.2 Objetivos específicos

Avaliar a forma das fichas quanto aos itens exigidos pelo GHS.
Avaliar o conteúdo das informações das propriedades físico-químicas e
toxicológicas, tendo como referência as bases de dados revisadas por pares.
Verificar a consistência da classificação, com os dados disponibilizados pela
indústria, na ficha e com os dados disponíveis na literatura.
Analisar a adequação da comunicação de perigos e recomendações de
precaução, considerando os usos previstos para a substância.
Propor ações para melhoria da qualidade das fichas de dados de segurança com
base nos resultados obtidos.

1.2 Justificativa

Após examinar algumas fichas de dados de segurança (FDS ou FISPQ)


disponibilizadas na internet, por empresas químicas brasileiras, verificou-se que há
dificuldade na aplicação do GHS quanto à classificação de perigos e elaboração de
fichas de dados de segurança para substâncias, as quais servirão de base para
elaborar as fichas de misturas. Foram identificadas deficiências, tanto na forma quanto
no conteúdo da classificação de perigos e na comunicação de medidas de precaução.

De acordo com estudo realizado pela União Europeia (ECLIPS project, European
Classification and Labelling Inspections of Preparations, also including Safety Data
Sheets), os resultados demonstraram que cerca de dois terços das fichas de dados
19

de segurança estavam incorretas ou incompletas, revelando graves deficiências nas


informações fundamentais contidas na SDS (ECLIPS, 2004). Embora o estudo tenha
sido consolidado em um momento no qual não havia harmonização de um sistema
único para classificação de perigos de produtos químicos, estudos mais recentes
confirmam essencialmente esses resultados.

Um estudo realizado em 2012 detectou deficiências consideráveis na qualidade das


fichas de dados de segurança disponíveis no mercado. Rubbiani (2012) afirma que
apenas 30% das fichas de dados de segurança, dos ingredientes ativos de pesticidas,
objetos de estudo da pesquisa, estão de acordo com as disposições legais vigentes.

Ciente destas informações optou-se por analisar a adequação e o conteúdo das fichas
de dados de segurança, para produtos químicos, contribuindo na elaboração de
Manual Orientativo para Classificação de Produtos Químicos Perigosos e de Fichas
de Dados de Segurança, de acordo com o GHS, para uso dos fabricantes e
fornecedores de substâncias e misturas, trabalhadores e outros públicos, envolvidos
com produtos químicos perigosos. Países como a Austrália e a Comunidade Europeia
já possuem guias orientativos e listas de classificação harmonizadas para auxiliar o
processo.

O estudo foi delimitado na análise de fichas de dados de segurança de substâncias,


produzidas em larga escala no Brasil (commodities e pseudocommodities), e que
apresentam classificação de perigo físico e à saúde humana, segundo os critérios do
GHS. As fichas analisadas estão disponibilizadas na internet, nas páginas das
empresas fabricantes ou fornecedoras.

Não foi objeto do estudo, a avaliação dos critérios de perigo ao meio ambiente.

Em seguida à introdução, o capítulo 2 apresenta o panorama da indústria química


brasileira, incluindo informações sobre produção e classificação de produtos químicos,
segmentos que a compõem e a sua importância frente ao desenvolvimento do país.

O GHS é apresentado no capítulo 3, destacando-se os conceitos de substância e


mistura, critérios de classificação de perigos, ferramentas para a comunicação dos
20

perigos e a importância da ficha de dados de segurança, no processo de gestão


segura.

A Metodologia, representada no capítulo 4, expõe a visão geral dos critérios e


procedimentos de seleção e análise das fichas de dados de segurança, com base no
objetivo geral do estudo.

No capítulo 5, Resultados e Discussão são apresentados, qualitativamente, os


principais problemas encontrados em relação aos dados organizados, nos dossiês de
referência, elaborados para cada substância, pela autora do estudo.

Nas Considerações Finais, capítulo 6, as recomendações para a melhoria da


qualidade das fichas de dados de segurança, baseadas nos resultados deste estudo
e no processo de implementação do GHS no Brasil. Finalmente, as Referências e os
Anexos que alicerçaram esta investigação.
21

2 A INDÚSTRIA QUÍMICA BRASILEIRA

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), a indústria química


brasileira tem importante participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, da
ordem de 2,5 % e a terceira maior participação no PIB industrial, representando 10,4
% do PIB industrial em 2016 (DE MARCHI, 2016).

No ano de 2016, o faturamento líquido da indústria química no Brasil foi de R$ 113,5


bilhões, dos quais US$ 58,6 bilhes representam os produtos químicos de uso
industrial, o que garantiu ao Brasil ocupar a oitava colocação no ranking mundial de
produtos químicos. A frente do Brasil estão a China, Estados Unidos, Japão,
Alemanha, Coréia do Sul, Índia e França (DE MARCHI, 2016).

Considerando qualquer estudo sobre a indústria química, o mesmo deve ser


precedido de concreta definição dos produtos ou atividades que nela estão incluídos.
Deve-se considerar que as definições, adotadas pelos estudiosos do setor ou pelas
associações nacionais ou regionais da indústria química, não são homogêneas
(WONGTSCHOWSKI, 2002, p. 37).

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) definiu a


Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), que adota definição ampla
da indústria química, incluindo a fabricação de produtos farmacêuticos, fibras artificiais
e sintéticas, tintas e vernizes, fertilizantes, sabões e cosméticos; não incluem
transformados plásticos e produtos de borracha (WONGTSCHOWSKI, 2002, p. 38).

Os segmentos que compõem as atividades da indústria química são contemplados


nas divisões 20 e 21 da CNAE 2.0, válida a partir de janeiro de 2007 (QUADROS 1 e
2).
22

Quadro 1 – Divisão CNAE 20 – fabricação de produtos químicos


Grupo Descrição grupo Classe Descrição classe
20.1 Fabricação de produtos 20.11-8 Fabricação de cloro e álcalis
químicos inorgânicos
20.12-6 Fabricação de intermediários para fertilizantes
20.13-4 Fabricação de adubos e fertilizantes
20.14-2 Fabricação de gases industriais
20.19-3 Fabricação de produtos químicos inorgânicos
não especificados anteriormente
20.2 Fabricação de produtos 20.21-5 Fabricação de produtos petroquímicos básicos
químicos orgânicos
20.22-3 Fabricação de intermediários para plastifi-
cantes, resinas e fibras
20.3 Fabricação de resinas e 20.29-1 Fabricação de produtos químicos orgânicos não
elastômeros especificados anteriormente
20.31-2 Fabricação de resinas termoplásticas
20.32-1 Fabricação de resinas termofixas
20.33-9 Fabricação de elastômeros
20.4 Fabricação de fibras artifi- 20.40-1 Fabricação de fibras artificiais e sintéticas.
ciais e sintéticas
20.5 Fabricação de defensivos 20.51-7 Fabricação de defensivos agrícolas
agrícolas e desinfestantes
domissanitários
20.52-5 Fabricação de desinfestantes domissanitários
20.6 Fabricação de sabões, 20.61-4 Fabricação de sabões e detergentes sintéticos
detergentes, produtos de
limpeza, cosméticos, pro-
dutos de perfumaria e de
higiene pessoal
20.62-2 Fabricação de produtos de limpeza e polimento
20.63-1 Fabricação de cosméticos, produtos de
perfumaria e de higiene pessoal.
20.7 Fabricação de tintas, verni- 20.71-1 Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e
zes, esmaltes, lacas e lacas
produtos afins
20.72-0 Fabricação de tintas de impressão
20.73-8 Fabricação de impermeabilizantes, solventes e
produtos afins
20.7 Fabricação de tintas, verni- 20.71-1 Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes e
zes, esmaltes, lacas e lacas
produtos afins
20.72-0 Fabricação de tintas de impressão
20.73-8 Fabricação de impermeabilizantes, solventes e
produtos afins.

Fonte: ABIQUIM, 2014, p. 13.


23

Quadro 2 – Divisão CNAE 21 – fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos


Grupo Descrição grupo Classe Descrição classe
21.1 Fabricação de produtos 21.10-6 Fabricação de produtos farmoquímicos
farmoquímicos
21.2 Fabricação de produtos 21.21-1 Fabricação de medicamentos para uso
farmacêuticos humano
21.22-0 Fabricação de medicamentos para uso
veterinário
21.23-8 Fabricação de preparações farmacêuticas

Fonte: ABIQUIM, 2014, p. 13.

A ABIQUIM adota a CNAE e concentra sua atuação no segmento de produtos


químicos de uso industrial para acompanhamento estatístico do setor. A associação
definiu os grupos de produtos que formam esse segmento, conforme Quadro 3
(ABIQUIM, 2014).

Quadro 3 – Grupos de produtos químicos de uso industrial, conforme CNAE


Grupo Classe
Fabricação de produtos químicos inorgânicos Fabricação de cloro e álcalis
Fabricação de intermediários para fertilizantes
Fabricação de outros produtos inorgânicos
Fabricação de produtos químicos orgânicos Fabricação de produtos petroquímicos básicos
Fabricação de intermediários para plastificantes,
resinas e fibras:
- Intermediários para plásticos; para plastifi-
cantes; para resinas termofixas e para fibras
sintéticas
Fabricação de produtos químicos orgânicos não
especificados anteriormente:
- Corantes e pigmentos orgânicos
- Solventes industriais
- Intermediários para detergentes
- Plastificantes
- Outros produtos químicos orgânicos
Fabricação de resinas e elastômeros - Fabricação de resinas termoplásticas
- Fabricação de resinas termofixas
- Fabricação de elastômeros
Fabricação de produtos e preparados químicos - Fabricação de adesivos e selantes
diversos - Fabricação de aditivos de uso industrial
Fonte: Abiquim, 2014, p. 15.
24

Segundo Wongtschowski (2002, p. 45), mundialmente são produzidos,


aproximadamente, 70.000 produtos químicos. A classificação apresenta problemas e
dificuldades para os produtos que compõem as atividades da indústria química.
Assim, há várias classificações para a definição de produtos químicos, cada uma
tentando satisfazer finalidades específicas das entidades que as emitem.

Kline (1976, p. 110, apud WONGTSCHOWSKI, 2002, p. 45) propôs uma classificação
prática, ainda amplamente adotada. Nela são definidos quatro grupos de produtos
químicos: commodities, pseudocommodities, produtos de química fina e
especialidades químicas. As características principais de cada grupo são:

- Commodities: são compostos químicos produzidos em larga escala,


frequentemente a partir de matérias primas cativas, com especificações
padronizadas para uma gama variada de usos. São exemplos de
commodities: amônia, ácido sulfúrico, eteno, metanol e gases
medicinais.
- Pseudocommodities: são produtos diferenciados, que têm em comum
com as commodities serem produzidos em larga escala, a partir de
matérias primas em geral cativas, quase sempre compradas por poucos
clientes que são grandes consumidores. Diferenciam-se das
commodities por não serem vendidas a partir de especificações de sua
composição química, mas, sim, por especificações de desempenho,
para uma ou mais finalidades. Alguns exemplos de
pseudocommodities: resinas termoplásticas, fibras artificiais e
elastômeros.
- Produtos de química fina: assemelham-se às commodities por serem
tão diferenciados e geralmente não patenteados. Entretanto, são
produzidos em pequena escala, para um ou mais usos finais, de acordo
com padrões geralmente aceitos, do tipo U.S. Pharmacopeia ou Food
Chemical Codex dos Estados Unidos ou seus equivalentes em outros
países. São geralmente vendidos para um pequeno número de clientes,
em volumes pequenos. São exemplos: ácido acetilsalicílico, sacarina,
aromatizantes e fármacos.
- Especialidades químicas: são produtos diferenciados, fabricados em
pequenas quantidades, geralmente com matérias primas compradas de
terceiros, projetados para finalidades específicas do cliente e
frequentemente vendidos para um grande número de clientes que
compram pequenas quantidades. Alguns exemplos: catalisadores,
corantes, enzimas e aditivos em geral (KLINE, 1976, p. 110, apud
WONGTSCHOWSKI, 2002, p. 45).

Deve-se ainda mencionar que há outro grupo de produtos químicos, destinados ao


consumidor final. São produtos formulados, em geral, de química não complexa, mas
com grande diferenciação entre as várias marcas. Entre os produtos representantes
deste grupo incluem-se os sabões, detergentes, pastas de dente, xampus,
cosméticos, desodorantes e perfumes, entre outros.
25

O termo produto químico refere-se tanto ao produto líquido e embalado, vendido ao


consumidor, como detergentes, por exemplo, como também para qualquer
preparação química (UNEP, 2013, p.9).

Considerando os grupos apresentados acima, os produtos químicos estão na base


de, praticamente, todas as cadeias industriais (Abiquim, 2014, p. 19). Segundo a
Organization for Economic Co-operation and Development (OECD), a estimativa de
crescimento na fabricação de produtos químicos do Brasil, considerando o período de
2012 a 2020 será da ordem de 35% (UNEP, 2013, p. 13).

Portanto, a produção e uso de produtos químicos são atividades econômicas


fundamentais e importantes para o desenvolvimento dos países, sejam eles
industrializados ou em desenvolvimento. Direta ou indiretamente, os produtos
químicos afetam a vida dos seres humanos e são essenciais para a alimentação
(fertilizantes, aditivos alimentares e outros), saúde (produtos farmacêuticos, materiais
de limpeza) e vida cotidiana (artefatos domésticos, combustíveis e outros).

No que diz respeito à produção e utilização dos produtos químicos, nos locais de
trabalho, a Organização Mundial do Trabalho afirma que um dos desafios mais
significativos, em programas de proteção dos trabalhadores, é o controle à exposição
aos produtos químicos, bem como a limitação das emissões para o ambiente, tarefas
essas que os governos, empregadores e trabalhadores continuam a buscar (ILO,
2014, p. 2).

O primeiro passo para a gestão segura de produtos químicos, é determinar os perigos


que podem acarretar à saúde humana e ao meio ambiente (por exemplo, podem ser
cancerígenos ou perigosos para o meio ambiente aquático), e comunicar as
precauções apropriadas e as medidas que devem ser tomadas para a sua
manipulação ou emprego seguro, ou ainda, em caso de acidentes. Este conhecimento
deve ser organizado e a informação essencial, sobre os perigos e correspondentes
medidas de controle, seja especificada e apresentada ao usuário, em um formato fácil
de compreensão. (UNITAR, 2010, p. 3).
26

Contribuindo para o desenvolvimento de uma abordagem coerente, para a correta


gestão dos produtos químicos, e respeitando as preocupações, tanto para os
trabalhadores quanto para as comunidades e os ambientes, a OIT promulgou, em
1990, a Convenção 170, que trata de produtos químicos. O Brasil ratificou a
Convenção, no ano de 1996, porém, somente foi promulgada pelo Decreto 2.657, em
3/7/1998.
27

3 THE GLOBALLY HARMONIZED SYSTEM OF CLASSIFICATION AND


LABELLING OF CHEMICALS (GHS)

3.1 Definição e objetivos

O GHS é o acrônimo para The Globally Harmonized System of Classification and


Labelling of Chemicals – traduzido para o Português como Sistema Harmonizado
Globalmente para a Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos. Mas, esta
tradução não é adequada, pois o termo “globalmente” foi traduzido nas línguas latinas
oficiais da ONU (francês e espanhol) como “general” e seria “geral”, no idioma
português, pois o GHS abrange todos os tipos de perigos para produtos químicos
(físicos, à saúde e ao meio ambiente). No contexto do GHS, o termo harmonizado
pode significar que, os trabalhadores do país “A” terão acesso e compreenderão a
mesma informação, sobre os produtos químicos, como os do país “B”.

O sistema GHS, trata-se de abordagem lógica e abrangente para:

- definição dos perigos dos produtos químicos;


- criação de processos de classificação que usem os dados disponíveis
sobre os produtos químicos que são comparados a critérios de perigo
já definidos, e
- comunicação da informação de perigo em rótulos e ficha de dados de
segurança (ABIQUIM, 2005, p. 5).

O trabalho de elaboração do GHS iniciou-se com a avaliação de sistemas de


classificação de produtos químicos, já utilizados por alguns países:

sistema de requisitos nos Estados Unidos da América para ambientes de trabalho,


consumidores e pesticidas;
requisitos do Canadá para ambientes de trabalho, consumidores e pesticidas;
diretivas da União Europeia para classificação e rotulagem de substâncias e
preparações;
recomendação das Nações Unidas para o Transporte de Produtos Perigosos.

De acordo com o guia do GHS, o objetivo do sistema é identificar os perigos


intrínsecos das substâncias e misturas e transmitir as informações sobre estes perigos
28

ao público alvo (UNITED NATIONS, 2015, Parte I, p. 8). Atualmente, o GHS é parte
essencial na gestão segura de produtos químicos (Figura 1).

Figura 1 – Gestão segura de produtos químicos

Fonte: ABIQUIM, 2005, p. 14.

O GHS foi desenvolvido, considerando-se os seus elementos de classificação e


comunicação, como uma coleção de blocos de construção (building blocks). É
estruturado de forma que os elementos apropriados, para classificação e
comunicação, que interessam ao público-alvo, possam ser selecionados. Um sistema
harmonizado completo pode ser utilizado por um país ou organização, porém, em
função do que se pretende obter com a adoção do GHS, não há necessidade da
adoção do sistema completo. Os países podem determinar os blocos de construção,
que serão aplicados em diferentes partes de seus sistemas (consumo, local de
trabalho, transporte, etc.) e optarem, por exemplo, a:

não adotar uma classe do GHS (por exemplo, perigoso para o ambiente aquático);
não adotar determinada categoria do GHS (por exemplo, toxicidade aguda,
categoria 5);
combinar categorias (por exemplo, toxicidade aguda, categoria 1 e 2; corrosão da
pele, categorias 1A, 1B e 1C).
29

A regulamentação brasileira, por meio da Norma Regulamentadora 26, do Ministério


do Trabalho, não menciona qualquer exclusão de classes e categorias de perigo
propostas pelo GHS.

Conforme já mencionado, o GHS é aplicado para produtos químicos: substâncias e


misturas. Deve-se ressaltar que o termo “produto químico” é usado amplamente para
designar substâncias, produtos, misturas, preparados ou quaisquer outros termos
usados nos sistemas existentes.

3.2 Substância e mistura

O termo substância química, utilizada no âmbito do GHS e regulamentos sobre gestão


de produtos químicos não tem, necessariamente, o mesmo significado do qual é
encontrado nos livros científicos ou livros didáticos para o ensino da Química.

Originalmente, o termo “substância” foi estabelecido, no final do século XVIII, com o


trabalho do químico Joseph Proust2. Proust concluiu que diferentes amostras de um
mesmo composto tinham composições idênticas. Em 1799, Proust analisou o
carbonato de cobre produzido pela natureza (malaquita) e o mesmo composto
preparado em laboratório. Ambas as amostras apresentaram os mesmos resultados
analíticos. Dessa maneira, ele demonstrou constância na composição de muitos
outros compostos e ainda que, muitos metais poderiam formar mais de um tipo de
óxido e sulfeto, cada um com uma composição definida.

Mais tarde, com o avanço dos métodos de síntese química, particularmente no campo
da química orgânica, a descoberta de muitos elementos químicos e novas técnicas no
campo da química analítica, utilizada para isolamento dos elementos e purificação de
compostos, levaram ao estabelecimento da química moderna o conceito de
substância química, como é encontrado na maioria dos livros didáticos de química.

A International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC) define o termo


substância química como uma forma de matéria no estado sólido, líquido ou gasoso,
que possui composição constante de seus elementos (átomos, moléculas ou outras

2 Joseph Louis Proust (1754-1826), químico e farmacêutico francês, foi um dos fundadores da análise
química.
30

entidades) e resulta em propriedades físicas (densidade, índice de refração,


condutividade elétrica, ponto de fusão, etc.) que podem ser identificadas e a
caracterizam como uma substância (IUPAC, 2014).

Entretanto, para fins de regulamentação mundial de produtos químicos, a definição da


IUPAC não é seguida no sentido estrito.

A Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA), por exemplo, adotou como


conceito de substância,

[...] todo elemento químico e seus compostos no estado natural ou obtido por
qualquer processo produtivo, incluindo qualquer aditivo necessário para
preservar sua estabilidade e qualquer impureza derivada de seu processo
produtivo, mas excluindo qualquer solvente que possa ser separado sem
afetar a estabilidade da substância ou alterar sua composição (ECHA, 2014,
p. 9).

De maneira análoga, o GHS, por meio do seu guia (UNITED NATIONS, 2015) adota
a definição da ECHA para o conceito de substância.

Segundo a ECHA (2014, p. 14), toda substância é identificada pela combinação de


parâmetros apropriados, tais como, 1) nome da substância segundo nomenclatura da
IUPAC e/ou outras identificações como: número CAS (Chemical Abstract Service) ou
número EC (European Community); 2) informação da estrutura molecular e 3)
composição química.

Ainda, de acordo com a ECHA (2014), as substâncias químicas podem ser divididas
em dois grupos:

1. substância de composição bem definida: substâncias com uma composição


qualitativa e quantitativa definida;
2. Substances of Unknown or Variable Composition, Complex reaction products or
Biological Materials (UVCB): substâncias de composição desconhecida ou variável,
cujo número de constituintes é elevado ou cuja composição é em grande parte
desconhecida ou tem uma variabilidade ampla ou imprevisível. Nesses casos, não
é possível uma identificação direta porque as substâncias não podem ser
suficientemente identificadas pela composição química e serão consideradas como
31

substâncias de composição desconhecida ou variável, produtos de reação


complexos ou materiais biológicos.

Quanto a variabilidade da composição das substâncias bem definidas, a mesma é


identificada pelos limites superior e inferior do(s) intervalo(s) de concentração do(s)
constituinte(s) principal(is). Para as UVCB, a variabilidade é relativamente ampla e/ou
pouco previsível (ECHA, 2014).

As substâncias de composição bem definidas, também podem ser divididas em:

substância monoconstituinte: substância na qual um constituinte está presente


numa concentração mínima de 80 % (m/m) e que contém até 20 % (m/m) de
impurezas. As substâncias monoconstituintes são designadas de acordo com o
constituinte principal.
substância multiconstituinte: substância composta por vários constituintes
principais presentes em concentrações normalmente ≥ 10 % e < 80 % (m/m). Uma
substância multiconstituinte é designada como uma mistura reacional de dois ou
vários constituintes principais. Como exemplo de substância multiconstituinte é
possível citar a massa reacional dos isômeros orto-xileno e meta-xileno.

As substâncias de composição desconhecida ou variável, produtos de reação


complexos ou materiais biológicos, também designadas como substâncias UVCB, não
podem ser satisfatoriamente identificadas pela sua composição química, porque:

o seu número de constituintes é relativamente grande e/ou;


a sua composição é, em grande medida, desconhecida e/ou;
a variabilidade da sua composição é relativamente grande ou pouco previsível.

Por conseguinte, as substâncias UVCB exigem outros tipos de informação para a sua
identificação, além do que é conhecido quanto à sua composição química.

As substâncias UVCB, ou não podem ser especificadas exclusivamente com o nome


IUPAC dos constituintes, uma vez que nem todos os constituintes podem ser
identificados, ou podem ser especificadas genericamente, mas sem especificidade
devido à variabilidade da composição exata. Devido à falta de diferenciação entre
32

constituintes e impurezas, os termos “constituintes principais” e “impurezas” não


devem ser entendidos como pertinentes para as substâncias UVCB. Um exemplo de
substância UVCB são as enzimas.

Considerando a classificação dos produtos químicos industriais, as commodities e


pseudocommodities podem ser tratadas como substâncias monoconstituintes ou
multiconstituintes (caso do xileno industrial, composto pela mistura de isômeros).

3.3 A classificação GHS para substâncias e misturas

A classificação é o ponto de partida para a comunicação de perigos de produtos


químicos. Ela envolve a identificação do(s) perigo(s) da substância ou mistura,
estabelecendo a sua categoria de perigo com base nos critérios previamente definidos
pelo sistema de classificação (ABIQUIM, 2005, p. 19).

A classificação de perigo aborda três estágios:

1. identificar os dados relevantes acerca dos perigos das substâncias ou misturas;


2. revisar esses dados para verificar os perigos associados com a substância ou
mistura;
3. decidir se a substância ou mistura será classificada como uma substância ou
mistura perigosa e o grau de perigo, quando apropriado, pela comparação dos
dados com critérios de classificação de perigos aceitos.

Para muitos perigos, a abordagem de decisão (por exemplo, irritabilidade aos olhos)
é fornecida no GHS. Em muitos casos, os critérios do GHS são semiquantitativos ou
qualitativos. O julgamento de especialistas pode ser necessário para a interpretação
desses dados (ABIQUIM, 2005, p. 19).

Os dados utilizados para a classificação de substâncias e misturas podem ser obtidos


por meio de ensaios, seguindo metodologias reconhecidas internacionalmente ou
mencionadas pelo guia do GHS. Ou ainda na literatura, por meio do banco de dados
internacionais, revisados por pares, sejam eles, autoridades governamentais ou
especialistas da área, membros de organizações internacionais independentes. A
qualidade da informação, utilizada na classificação de uma substância, é fundamental.
33

Um possível erro em sua classificação se propagará ao longo da cadeia de uso dessa


substância, quando as informações forem utilizadas pelos formuladores de misturas.

Segundo a ECHA (2015) a classificação de uma substância deve ser baseada na


informação relevante disponível de suas propriedades de perigo. Esta informação
pode incluir dados experimentais, gerados nos testes para perigos físicos, testes
toxicológicos e ecotoxicológicos, dados históricos envolvendo humanos, como
registros de acidentes ou de estudos epidemiológicos, ou informações geradas em
testes in vitro, relação estrutura-atividades quantitativas (QSAR), read across, ou
abordagens por categoria.

O método Quantitative Structure-Activity Relationship (QSAR) é definido como um


modelo teórico que pode ser usado para prever de forma qualitativa ou quantitativa as
propriedades físico-químicas, biológicas (por exemplo, toxicológica) ou ambientais de
compostos a partir do conhecimento de sua estrutura química. Já o método read
across utiliza de informações de perigo específicas para uma substância ("fonte") para
prever o mesmo perigo para outra substância (“alvo”), considerada possuidora de
propriedades físico-químicas, ambientais e/ou (“eco”) toxicológicas semelhantes.

Pelo GHS, testes em animais devem ser evitados, tanto para classificação de
substâncias quanto para misturas, sempre que possível, e métodos alternativos
(testes in vitro, QSAR, read across, por exemplo) devem ser sempre considerados em
primeiro lugar, desde que sejam validados cientificamente por organismos
reconhecidos internacionalmente.

Após reunir todas as informações disponíveis das substâncias, uma avaliação


sistemática é necessária para determinar a sua classificação. As informações devem
ser comparadas com os critérios de classificação, para cada classe e categoria de
perigo, estabelecida pelo GHS. Na classificação de substâncias quanto os perigos à
saúde, deve-se considerar as suas vias de exposição. A decisão também deve
considerar se a substância cumpre os critérios de classificação estabelecidos. Sendo
positivo, o responsável atribui a categoria de perigo para cada classe pertinente.
34

Em alguns casos, a decisão de classificação pode ser simples, requerendo apenas


um método para avaliar se a substância apresentou resultado positivo ou negativo,
para um teste específico, que pode ser comparado diretamente com os critérios de
classificação. Em outros casos, os julgamentos científicos devem ser apresentados
(por exemplo, sobre as relações dose/resposta, resultados ambíguos e testes não-
padronizados). A avaliação de um especialista pode ser necessária para decidir se os
resultados de um teste, em particular, cumprem os critérios estabelecidos pelo GHS.

É importante destacar que as substâncias podem conter impurezas, aditivos ou outros


constituintes, conforme sua definição aqui apresentada. Isso se aplica tanto às
substâncias monoconstituintes quanto às multiconstituintes e UVCB. A distribuição por
classe de tais impurezas, aditivos ou componentes individuais pode influenciar a
classificação da substância, e isso deve ser considerado pelo responsável, no
momento de classificar a substância.

Tal qual como para substâncias, a classificação de misturas é um processo gradual.


Segundo a ECHA (2008), a primeira etapa da classificação de misturas consiste em
identificar todas as informações disponíveis, pertinentes sobre a mistura e as
substâncias que as compõem. É importante ressaltar que, para determinados perigos,
a classificação é baseada nas substâncias individuais, contidas em uma mistura. Por
conseguinte, é indispensável que estas substâncias sejam corretamente classificadas
e os seus fornecedores devem ser a principal fonte da informação.

Na segunda etapa, deve-se fazer a análise das informações disponíveis para a


mistura. Uma vez coletados, os dados relativos às concentrações e aos perigos da
mistura e dos seus componentes, determina-se se as informações são pertinentes,
confiáveis e suficientes para efeitos de classificação, em conformidade com o GHS.

A etapa seguinte considera a avaliação das informações, baseado nos critérios de


classificação do GHS, ou seja, após coletar as informações, deve-se comparar os
dados com os critérios de classificação e decidir a classificação da mistura. Durante a
avaliação dos dados coletados, recomenda-se seguir a lógica da abordagem por
etapas (Figura 2), definida pelo GHS para classificação de misturas.
35

Figura 2 – Abordagem por etapas para classificação de misturas

Fonte: Adaptado das informações do link


<https://echa.europa.eu/pt/support/mixture-classification/evaluate-
information-against-classification-criteria>, 2016.

A quarta etapa envolve a decisão da classificação. Se a avaliação da mistura


demonstrar que os perigos que lhe estão associados, preenchem os critérios de
classificação, em uma ou mais classes e categorias de perigo, deve-se decidir a classe
e a categoria adequadas de perigo físico, para a saúde ou para o meio ambiente.

A quinta e última etapa é a revisão da classificação. A classificação de uma mistura


pode necessitar ser revista por vários motivos:

alterações na classificação harmonizada das substâncias componentes (no caso


de serem utilizadas listas de classificação harmonizadas para substâncias);
alterações na classificação da ficha de dados de segurança do fornecedor das
substâncias;
alterações na mistura;
novas informações sobre substâncias;
alterações nos critérios de classificação.
36

Os critérios de classificação do GHS dividem-se em classes de perigo e as suas


respectivas categorias, que podem variar de acordo o país. O GHS permite que a
implementação do sistema ocorra por blocos de construção. Por exemplo, no Brasil
uma substância ou mistura pode ser classificada como perigosa, na categoria 5,
considerando os critérios de toxicidade aguda via oral, porém, os países membros da
União Europeia não classificariam essa mesma substância segundo este perigo, pois
a categoria 5 é omitida, de acordo com os critérios definidos pelo GHS.

3.4 Critérios para classificação de perigos físicos

Os critérios de perigos físicos do GHS são baseados nos já existentes e utilizados


pela ONU, nas Recomendações para o Transporte de Produtos Perigosos. O
processo de classificação, de perigos físicos, traz referências específicas a métodos
de testes e critérios de classificação aprovados. Os critérios apresentam múltiplos
níveis de perigo dentro de uma classe (categorias de perigo).

Comparando-se os perigos de uma mistura e de seus componentes individuais


(substâncias), os mesmos podem apresentar-se diferentes. Por exemplo, uma mistura
formada por uma substância inflamável e por uma substância oxidante pode ser
explosiva (ECHA, Mixtures notes tips). No que tange aos perigos físicos, sempre que
não estiverem disponíveis as informações adequadas e confiáveis, a partir de
literatura de referência ou base de dados, devem ser gerados dados de ensaio da
própria mistura (ECHA, 2015). Na prática, a classificação de misturas em termos de
perigos físicos, segue duas opções:

1. utilizar dados dos ingredientes (substâncias) que compõem a mistura com base
em fontes fidedignas para a classificação da mistura.
2. realizar os ensaios adequados para a classificação da mistura. Sempre que forem
realizados novos ensaios relativos a perigos físicos, para efeitos de classificação,
tais ensaios devem ser realizados em conformidade com um sistema de qualidade
reconhecido pertinente (por exemplo, boas práticas de laboratório, BPL) ou por
laboratórios que respeitem as normas reconhecidas pertinentes (por exemplo, ISO
17025).
37

Para melhor compreensão dos critérios de perigos físicos, são apresentadas, a seguir,
as definições utilizadas pelo GHS, para os estados físicos:

gás: substância ou mistura que, a 50º C tem uma pressão de vapor maior que 300
kPa, ou é completamente gasoso a 20º C sob uma pressão padrão de 101,3 kPa;
líquido: substância ou mistura que não é um gás e tem o ponto de fusão ou ponto
inicial de fusão de 20º C ou menos, a uma pressão padrão de 101,3 kPa;
sólido: substância ou mistura que não se encaixa nas definições de líquido e de
gás.

Na Figura 3, as classes e categorias dos perigos físicos, descritos no guia do GHS


(UNITED NATIONS, 2015, parte 2), para substâncias e misturas.
38

Figura 3 – Critérios de perigos físicos, segundo o GHS

CLASSES CATEGORIAS
Explos. Div Div Div Div Div Div
Explosivos Instáv. 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6
Gases inflamáveis 1 2
Aerossóis 1 2 3
Gases oxidantes 1
Gases sob pressão C L Rf Ds
Líquidos inflamáveis 1 2 3 4
Sólidos inflamáveis 1 2
Substâncias e misturas autorreativas A B CD EF G
Líquidos pirofóricos 1
Sólidos pirofóricos 1
Substâncias e misturas que autoaquecem 1 2
Substâncias e misturas, que em contato
1 2 3
com a água, emitem gases inflamáveis
Líquidos oxidantes 1 2 3
Sólidos oxidantes 1 2 3
Peróxidos orgânicos A B CD EF G
Corrosivos para metais 1

Fonte: United Nations, 2015.

O detalhamento dos critérios de classificação está além do escopo deste trabalho. As


informações constam no Manual do GHS – Purple Book (UNITED NATIONS, 2015,
parte 2).

3.5 Critérios para classificação de perigos à saúde humana

Em relação aos perigos à saúde humana, diferentes estados físicos ou formas (por
exemplo, tamanho de partículas, superfície das partículas) podem resultar em
propriedades distintas de perigo de uma substância ou mistura. Entretanto, em virtude
da complexidade dos testes, muitas vezes não são todas as formas ou estados físicos
que podem ser testados. Em geral, os ensaios devem ser realizados com o menor
tamanho de partícula disponível e para diferentes vias de exposição (oral, dérmica ou
inalatória) (ECHA, 2015).

As classes de perigos à saúde humana são apresentadas na Figura 4, conforme o


guia do GHS.
39

Figura 4 – Critérios de perigos à saúde humana, segundo o GHS

Fonte: United Nations, 2015.

O detalhamento dos critérios de classificação está além do escopo deste trabalho. As


informações constam no Manual do GHS – Purple Book (UNITED NATIONS, 2015,
parte 3).

3.6 Critérios para classificação de perigos ao meio ambiente

O perigo intrínseco, para os organismos aquáticos, é constituído pelos perigos agudo


e de longo prazo (crônico) e a classe de perigo é dividida em conformidade. As
categorias de classificação de perigo agudo e crônico são aplicadas de forma
independente. Normalmente, as informações sobre a toxicidade em meio aquático não
estão disponíveis. Contudo, sempre que estiverem disponíveis dados relativos à
toxicidade, em meio aquático para uma mistura, esses dados podem ser utilizados
para efeitos de classificação. Em geral, a classificação das substâncias componentes,
deve ser utilizada como base para determinar a classificação de perigo correta para a
mistura final.

Os perigos ao meio ambiente, do GHS, são mostrados na Figura 5.


40

Figura 5 – Critérios de perigos ao meio ambiente, segundo o GHS

Fonte: United Nations, 2015.

O detalhamento dos critérios de classificação, está além do escopo deste trabalho. As


informações constam no Manual do GHS – Purple Book (UNITED NATIONS, 2015,
parte 4).

3.7 Comunicação de perigos

Após a classificação do produto químico, os perigos devem ser comunicados aos


públicos-alvo. Os rótulos e as Fichas de Informações de Segurança de Produtos
Químicos (FDS ou FISPQ) são as principais ferramentas de informação de perigos
destes produtos. Eles identificam as suas propriedades que podem representar
perigos físicos, ambientais e à saúde durante o uso ou manuseio.

3.7.1 Rotulagem

O objetivo do GHS é, além de identificar os perigos intrínsecos encontrados em


substâncias e misturas químicas, transmitir as informações sobre esses perigos e
apresentá-las de maneira que o público-alvo possa entender facilmente os perigos e,
assim, minimizar a possibilidade de ocorrência de efeitos adversos, resultantes de
exposição. Para isso, apresenta a rotulagem adequada para as informações sobre
cada uma das classes e categorias de perigo. O uso de símbolos, palavras de
sinalização ou advertências, que não foram atribuídos a cada uma das classes e
categorias de perigo pelo GHS, seria contrário à harmonização (UNITED NATIONS,
2015, p. I, p. 23).

Para a rotulagem dos produtos químicos, classificados como perigosos, segundo o


GHS, a ABNT estabelece que a rotulagem deve conter as seguintes informações,
41

- identificação do produto e telefone de emergência do fornecedor;


- composição química: de acordo com o GHS, o rótulo de segurança do
produto químico perigoso deve conter o(s) nome(s) do(s) ingrediente(s)
ou impureza(s) que contribui(em) para o perigo da substância ou da
mistura (definidos de acordo com os critérios de classificação de
perigos do GHS) por meio do seu nome químico comum ou genérico.
Caso o ingrediente ou impureza que contribua para o perigo seja um
segredo industrial, de acordo com as regulamentações pertinentes de
cada país, o fornecedor fica desobrigado a informar tal
ingrediente/impureza no rótulo do produto químico perigoso. No
entanto, devem ser informados os perigos relacionados ao
ingrediente/impureza, de forma que não comprometa a saúde e a
segurança dos trabalhadores ou consumidores, e a proteção do meio
ambiente;
- pictograma(s) de perigo: um pictograma de perigo é uma composição
gráfica com a finalidade de transmitir uma informação específica. Os
pictogramas prescritos pelo GHS devem ter um símbolo de perigo preto
em um fundo branco com um quadro vermelho suficientemente grande
para ser visível;
- palavra de advertência: servem para indicar a maior ou menor
gravidade de perigo e alertar o leitor do rótulo sobre um possível perigo.
As palavras de advertência são “perigo” e “atenção”. A primeira se usa
para as categorias mais graves de perigo, a segunda é reservada para
categorias menos graves. As palavras de advertência, quando
aplicáveis, devem ser incluídas na rotulagem do produto químico
perigoso, conforme cada categoria de perigo, previamente estabelecido
pelo GHS;
- frases de perigo: são textos padronizados e devem ser incluídas no
rótulo do produto químico perigoso. O GHS estabelece para cada
classe e respectiva categoria de perigo as frases de perigo que devem
ser utilizadas;
- frases de precaução: o rótulo do produto deve incluir as frases de
precaução pertinentes e deve conter no máximo seis frases de
precaução, exceto se for necessário para descrever a natureza e
gravidade dos perigos. O GHS apresenta as frases de precaução a
serem utilizadas de acordo com as classes e categorias de perigo,
propriedades específicas do produto e a(s) utilização(ões)
pretendida(s). As frases de precaução compreendem informações
sobre:
- frases de precaução – geral;
- frases de precaução – prevenção;
- frases de precaução – resposta à emergência;
- frases de precaução – armazenamento;
- frases de precaução – disposição.
- outras informações (ABNT NBR 14725-3:2012)

Na Figura 6, os símbolos associados a cada tipo de perigo do GHS.


42

Figura 6 – Símbolos de perigo do GHS

Fonte: United Nations, 2015 (Part 1, p. 28)

3.7.2 Ficha de Informação de Segurança

Segundo o GHS, a Ficha de Dados de Segurança (FDS), (Safety Data Sheet – SDS),
também denominada pela ABNT NBR 14725:4-2015 de Ficha de Informação de
Segurança de Produtos Químicos (FISPQ), é um componente essencial do sistema
que descreve as propriedades químicas e físicas de um produto, seja ela uma
substância ou uma mistura e fornece informações sobre seus perigos, instruções de
manuseio, descarte, transporte e medidas relativas aos primeiros socorros, combate
a incêndio e ao controle da exposição.

A FDS ou FISPQ também é importante fonte de informação para outros públicos-alvo


do GHS. Assim, certos elementos de informação podem ser usados por aqueles que
estão envolvidos com o transporte de mercadorias perigosas e de equipes de
emergência (incluindo centros de intoxicação). No entanto, estes públicos devem
receber informações adicionais de outras fontes, como as recomendações da ONU
para o transporte de mercadorias perigosas e documentos modelos de outras
regulamentações.

Historicamente, de acordo com Kaplan (1986), a primeira menção de alguns dos


requisitos, cobertos por uma ficha de dados de segurança, remonta da época em que
43

a informação sobre os materiais utilizados, como medicamentos e corantes, eram


trocadas verbalmente. Pela tentativa e erro, o homem acumulou grande conhecimento
sobre os parâmetros de armazenamento, aplicação e perigos relacionados ao uso de
medicamentos e corantes. Essa informação constituiu a base da ficha de dados
químicos.

O material escrito mais antigo foi encontrado nas tumbas dos egípcios, mais
especificamente nas paredes de suas tumbas ou em registros de papiros. Estes datam
de mais de 4.000 anos e incluem prescrições de Imhotep3, o primeiro grande médico
egípcio. Estes dados constituem, basicamente, a descrição farmacêutica dos
materiais utilizados no tratamento das várias doenças (KAPLAN, 1986).

Mil anos depois os gregos começaram a registrar, não apenas suas próprias
observações, mas, também, alguns de seus primeiros trabalhos experimentais
(KAPLAN, 1986).

Durante o período romano, houve aumento no fornecimento de dados de produtos


farmacêuticos, devido ao grande exército necessário para manter o Império Romano.
Grande parte destas informações foi registrada por Galen, em seus trabalhos sobre
medicina (KAPLAN, 1986).

No final do século XIV, grande parte do conhecimento acumulado foi transferida para
as regiões meridionais da Itália e da França e levado ao Renascimento Europeu, o
que provocou o ressurgimento da investigação sobre a natureza dos materiais.

Segundo Kaplan (1986), em meados do século XIX, os fabricantes de produtos


químicos forneciam aos seus clientes algum tipo de folha de dados. O primeiro
exemplo de uma ficha de dados de segurança foi fornecida pela empresa Valentine
and Company, em 1906.

Ao longo dos anos, dados físico-químicos, como ponto de fulgor, ponto de


congelamento e reatividade foram sendo desenvolvidos, especialmente pela National

3 Imhotep (século XXVII a. C., 2655-2600 a. C.) foi responsável pela construção da primeira pirâmide
do Egito, arquiteto, médico, sacerdote, mágico e escritor.
44

Fire Protection Association (NFPA). Dados de perigos à saúde, dos quais muitos foram
desenvolvidos nos últimos cinco a seis mil anos, ou mais, foram reforçados também
nos últimos cento e cinquenta anos. Inicialmente os trabalhos originaram na Europa
e, depois de alguns anos, os Estados Unidos prosseguiram no desenvolvimento de
literatura que cobre a toxicidade de produtos químicos (KAPLAN,1986).

Os valores limites de exposição ocupacional, originalmente denominados


“concentrações máximas permitidas”, foram desenvolvidos a partir dos primeiros
trabalhos de higienistas industriais e toxicologistas que formavam o comitê de
especialistas da ACGIH, e compilados, em 1947, por Warren Cook, higienista
industrial. Em 1956, a ACGIH substituiu o termo por “Threshold Limit Value” (TLV)
(KAPLAN, 1986).

Os requisitos de proteção foram evoluindo gradativamente. Luvas e almofadas são os


meios mais antigos de proteção do corpo. Algum tipo de proteção respiratória estava
em uso, há mais de dois mil anos, para atmosferas empoeiradas. O uso de gases
durante a Primeira Guerra Mundial levou ao rápido desenvolvimento das primeiras
máscaras de gás, usando carvão e outros materiais como absorventes inertes. Depois
da Grande Guerra, as empresas químicas, percebendo o valor das máscaras de gás,
as adaptaram para uso em emergências. As formas mais recentes de proteção
pessoal são os dispositivos de proteção ocular e o uso da ventilação (KAPLAN, 1986).

De acordo com as informações acima, o surgimento das fichas de dados de segurança


não se deu no vácuo, pois foi baseado em milhares de anos de desenvolvimento.

Afirma Kaplan (2016), que após a Segunda Guerra Mundial, o Departamento do


Trabalho americano iniciou a publicação de uma série de documentos sob o título
Controlling Chemical Hazards, como fonte de informação para o trabalhador de
plantas químicas. O primeiro, “amoníaco”, foi publicado em 1945.

Em 1968, foi publicado pela OSHA, o documento Material Safety Data Sheet (MSDS)
para atender às necessidades dos trabalhadores marítimos. Entretanto, o documento
foi limitado, por lei, às operações de construção naval, quebra e reparação. Durante
45

longo período, houve pressão, sobre o Congresso Americano, para que fosse
estendido a todos os trabalhadores industriais da nação.

Em 1985, a OSHA publicou o Rules and Regulations of the Federal Register, volume
48, número 228, exigindo o MSDS para todas as remessas de produtos químicos
perigosos, que saíam do local de trabalho dos fabricantes e todos os importadores de
tais remessas. Os empregadores também foram obrigados a cumprir as disposições
da norma, relativas ao treinamento de seus empregados quanto às fichas.

Em 1986, a Environmental Protection Agency (EPA) publicou o Emergency Planning


and Community Right-To-Know Act of 1986, e em 1988 o Toxic Chemical Release
Reporting: Community Right-To-Know. O uso e a distribuição de MSDS foi parte
importante dessas regulamentações. O Toxic Chemical Release Reporting:
Community Right-To-Know exige que as fichas contenham linguagem específica,
notificando aos usuários, que tais produtos químicos estão sujeitos a este
regulamento.

No Brasil, a necessidade da elaboração da ficha de dados de segurança de produtos


químicos, ocorreu, inicialmente, com a promulgação da Convenção da OIT em 1998,
por meio de seu artigo 8º.

Aos empregadores que utilizem produtos químicos perigosos se lhes deverão


proporcionar fichas de dados de segurança que contenham informação
essencial detalhada sobre sua identificação, seu fornecedor, sua
classificação, sua periculosidade, as medidas de precaução e os
procedimentos de emergência (DECRETO n. 2.657, de 3 de julho de 1998).

No ano de 2001, surgiu a primeira versão da ABNT NBR 14725 com o título “Ficha de
informação de segurança de produtos químicos – FISPQ”. Porém, somente no ano de
2009, o sistema GHS foi incorporado à referida norma técnica, dividindo-a em quatro
partes (terminologia, classificação, rotulagem e FISPQ) e adotando seu modelo para
elaboração das fichas de segurança.

Em 2011, a Norma Regulamentadora 26, do Ministério do Trabalho, trouxe a


obrigatoriedade de todas as fichas de dados de segurança do produto químico
seguirem o estabelecido pelo GHS e pela norma técnica ABNT NBR 14725, além de
46

exigir o acesso do trabalhador às fichas que utilizam no local de trabalho, devendo


receber treinamento adequado que possibilite a sua compreensão.

A elaboração da ficha é de responsabilidade do fabricante do produto químico ou,


sendo importado, do fornecedor no mercado nacional.

Ao preparar a FDS ou FISPQ, as informações devem ser apresentadas de forma


consistente e completa e é necessário, ter em mente, o público alvo. Entretanto, deve-
se considerar que a totalidade ou parte da FDS ou FISPQ pode ser usada para
informar trabalhadores, empregadores, profissionais de saúde e de segurança,
pessoal de emergência, agências governamentais pertinentes, assim como os
membros da comunidade.

A linguagem utilizada na FDS ou FISPQ deve ser simples, clara e precisa, evitando
jargões, siglas e abreviaturas. Expressões vagas e enganosas não devem ser usadas.
Frases como "pode ser perigoso", "não há efeitos na saúde”, “seguro na maioria das
condições de utilização”, ou “inofensivo” também são inaceitáveis (NOHSC, 2003).

O formato da FDS ou FISPQ deve apresentar 16 seções (QUADRO 4).

Quadro 4 – Seções da FDS ou FISPQ

1 Identificação (do produto) 8 Controles da exposição e proteção individual


2 Identificação de perigos 9 Propriedades físicas e químicas
3 Composição e informação sobre os 10 Estabilidade e reatividade
ingredientes 11 Informações toxicológicas
4 Medidas de primeiros socorros 12 Informações ecológicas
5 Medidas de combate a incêndios 13 Considerações sobre destinação final
6 Medidas de controle para derramamentos 14 Informações sobre transporte
ou vazamentos 15 Informações sobre regulamentações
7 Manuseio e armazenamento 16 Outras informações

Fonte: ABNT NBR 14725-4, 2014 (Adaptado em 2016).


47

As informações requeridas pelo GHS e pela ABNT NBR 14725-4, correspondentes às


16 seções da FDS ou FISPQ, são apresentadas a seguir.

1) Identificação da substância ou mistura e do fornecedor

Neste item deve ser informado o nome da substância ou mistura (nome comercial),
conforme utilizado no rótulo, o código interno de identificação da substância ou mistura
utilizado pela empresa (quando existente), bem como os dados do fornecedor: nome
da empresa, endereço, número de telefone de contato e telefone para emergências.
O número de fax e o e-mail da empresa também podem constar.

Também devem ser informados alguns dos principais usos recomendados para a
substância ou mistura, podendo incluir breves descrições, como, por exemplo,
retardante de chamas, antioxidante. Restrições específicas de uso para a substância
ou mistura podem ser informadas.

2) Identificação dos perigos

Classificação GHS da substância/mistura.


Elementos de rotulagem do GHS, incluindo palavra(s) de advertência, frase(s) de
perigo e frase(s) de precaução.
Pictograma(s) (ou símbolos de perigo) pode ser fornecido como reprodução
gráfica dos símbolos em preto e branco ou o nome do símbolo, por exemplo:
“fogo”.
Outros perigos que não resultam na classificação ou não são abrangidas pelo
GHS, porém podem originar riscos, por exemplo, risco de explosão, câncer no
sistema respiratório causado pela inalação de vapores de ácidos inorgânicos
(International Association for Research – IARC, 2012).

Dessa forma, é essencial que durante a elaboração da FDS ou FISPQ, considerem-


se os usos genéricos da substância ou mistura, prevenindo possíveis danos causados
pelos riscos associados a determinados usos.

3) Composição/ informação dos ingredientes

Identificação da substância química.


48

Nome comum, sinônimos, etc .


Número cas.
Impurezas e aditivos estabilizantes que contribuam para a classificação de uma
substância ou mistura.

Deve-se ressaltar que a identidade química e a concentração ou faixa de


concentração dos ingredientes, de uma mistura, devem ser declarados para os
ingredientes perigosos, segundo os critérios do GHS, e presentes acima dos seus
limites de concentração. Os limites de concentração são atribuídos a uma substância
que corresponde a um limiar a partir do qual ou acima do qual, a presença dessa
substância em outra, ou em uma mistura, enquanto impureza, aditivo ou constituinte
individual identificado, acarreta a sua classificação, ou da mistura como perigosa
(ECHA, 2008).

4) Medidas de primeiros socorros

Descrição das medidas necessárias, subdivididos de acordo com as diferentes


vias de exposição, como inalação, pele, olhos, contato e ingestão.
Sintomas/efeitos mais importantes, agudos e retardados.
Indicação da atenção médica imediata e do tratamento especial, se necessário.

5) Medidas de combate a incêndio

Adequados (e inadequados) os meios de extinção.


Riscos específicos decorrentes do produto químico (por exemplo, natureza de
quaisquer produtos de combustão perigosos).
Equipamento especial de proteção e precauções para os bombeiros.

6) Medidas de emergência

Precauções individuais, equipamento de proteção e procedimentos de


emergência.
Precauções ambientais.
Métodos e materiais de contenção e limpeza.
49

7) Manuseio e armazenamento

Precauções para manuseio seguro.


Condições de armazenagem segura, incluindo eventuais incompatibilidades.

8) Controle de exposição/ proteção pessoal

Parâmetros de controle, por exemplo, valores limite de exposição profissional ou


valores-limite biológicos
Controles de engenharia adequados
Medidas de proteção individual, por exemplo, equipamento de proteção pessoal.

9) Propriedades físico químicas

Aparência (estado físico, cor, etc.).


Odor.
Limite de odor.
pH.
Ponto de fusão/ponto de congelamento.
Ponto de ebulição inicial e intervalo de ebulição.
Flash point.
Taxa de evaporação.
Inflamabilidade (sólido, gás).
Limites superior/inferior de inflamabilidade ou limites de explosão.
Pressão de vapor.
Densidade de vapor.
Densidade relativa.
Solubilidade.
Coeficiente de partição n-octanol/água.
Temperatura de autoignição.
Temperatura de decomposição.
Viscosidade.
50

10) Estabilidade e reatividade

Reatividade.
Estabilidade química.
Possibilidade de reações perigosas.
Condições a evitar (por exemplo, descarga estática, choque ou vibração).
Materiais incompatíveis.
Produtos perigosos de decomposição.

11) Informação toxicológica

Descrição sucinta, mas completa e compreensível, dos vários efeitos toxicológicos


(para a saúde) e os dados disponíveis usados para identificar esses efeitos, incluindo:

informação sobre as prováveis vias de exposição (inalação, ingestão, contato


com a pele e olhos);
sintomas relacionados com as características toxicológicas físico químicas;
efeitos imediatos e também efeitos crônicos em curto e longo prazo.

12) Informação ecotoxicológica

Efeitos imediatos e também efeitos crônicos em curto e longo prazo.


Ecotoxicidade aquática e terrestre, (onde disponível).
Persistência e degradabilidade.
Potencial de bioacumulação.
Mobilidade no solo.
Outros efeitos adversos.

13) Descarte

Descrição dos resíduos e informações sobre o seu manuseamento seguro e métodos


de eliminação, incluindo a eliminação de quaisquer embalagens contaminadas.
51

14) Informação de transporte

Número da ONU.
Nome apropriado para embarque.
Classe de perigo de transporte.
Grupo de embalagem, se aplicável.
Perigos para o ambiente (por exemplo, poluente das águas – sim/não)
Precauções especiais que o usuário precisa estar ciente de, ou tem de cumprir,
em conexão com o transporte, dentro ou fora de suas dependências.

15) Informação regulatória

Segurança, saúde e regulamentos ambientais específicas para o produto em


questão.

16) Outras informações relevantes

Preenchimento de informações adicionais, conforme necessário.


A ficha pode ser dividida em duas partes, tomando-se como base o público alvo. As
seções de 1 a 8 são destinadas aos não especialistas, portanto devem ser escritos
em linguagem compreensível.

A FDS ou FISPQ deve fornecer a descrição clara dos dados utilizados para identificar
os perigos. As informações mínimas devem ser incluídas, quando aplicáveis e
disponíveis. Se alguma informação específica não for aplicável ou não estiver
disponível para determinado item, a ficha deve indicar claramente isso.

Visando garantir a consistência da ficha de dados de segurança, a ECHA (2015)


apresenta sugestão para a abordagem, passo-a-passo, na elaboração de uma FDS
ou FISPQ. Na Figura 7 (os números apresentados referem-se às seções da FDS ou
FISPQ), pode-se verificar que o processo é iterativo, considerando que as
informações e dados são analisadas em diferentes sequências e direções. Por
exemplo, a classificação final da substância ou mistura correspondente à seção 2, da
FDS ou FISPQ, não ocorre até que todas as informações das outras seções sejam
consideradas.
52

Figura 7 – Modelo para elaboração da ficha de dados de segurança

Fonte: Adaptado de ECHA, 2015, p.20.

3.8 A importância da FDS na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais

No ambiente de trabalho, a FDS ou FISPQ é fonte de informação reconhecida, que


está na base do programa de gestão de risco global, para o controle a exposição a
produtos perigosos (NOHSC, 2003).

De acordo com Rubbiani (2012), as fichas de dados de segurança podem garantir o


manuseio seguro para os trabalhadores, em seus locais de trabalho, e fornecer as
medidas necessárias em caso de acidentes.

Portanto, antes do uso de qualquer produto químico, mesmo que tenha sido utilizado
em outra ocasião, é importante entender quais os perigos e riscos associados, e como
trabalhar com segurança.

Acidentes com produtos químicos podem acontecer rapidamente e ocasionar


consequências graves, sendo a ficha de dados de segurança o instrumento
fundamental para determinar as condições de uso que representem risco. Nesse
53

contexto, a FDS ou FISPQ de boa qualidade, fornecerá informações específicas e de


fácil aplicação no uso do produto.

A seguir, são apresentados, resumidamente, dois casos nos quais é possível


exemplificar a importância da ficha de dados de segurança, com informações
completas e precisas sobre um produto químico.

Caso 1: Necessidade da informação precisa sobre saúde, em fichas de dados


de segurança de produtos químicos que causam asma

Segundo estudo realizado por Frazier (2001), foram avaliadas a qualidade da


informação sobre a saúde humana, para fichas de segurança da substância tolueno-
2,4-diisocianato (TDI), conhecida por causar ou exacerbar a asma. Foram avaliadas
61 amostras de fichas desta substância, produzida por 30 fabricantes.

Dois médicos independentes concluíram: um fabricante não apresentou informação,


sobre quaisquer efeitos respiratórios, da exposição à TDI; a asma foi listada como
efeito potencial à saúde, por apenas 15 dos 30 fabricantes (50%); as reações
respiratórias alérgicas ou sensibilizantes foram listadas por 21 fabricantes (70%).

De acordo com o estudo, o autor concluiu que muitas fichas de dados de segurança
do TDI, não comunicam claramente que a sua exposição pode causar ou exacerbar a
asma, sugerindo, dessa forma, que os médicos não podem confiar nas fichas para
obter informações sobre os efeitos à saúde dessa substância.

Caso 2: Incidente de Dartmouth.

Karen Wetterhahn, especialista em toxicologia de metais, era professora no


Dartmouth College, Estados Unidos. Em agosto de 1996, ao transferir a substância
dimetilmercúrio entre os recipientes, Wetterhahn deixou cair uma ou várias gotas da
substância em sua mão esquerda enluvada. Durante a transferência, Wetterhahn
observou o procedimento de segurança da época, realizando a transferência em uma
capela, usando óculos de proteção e luvas de látex descartáveis. Quando terminou a
tarefa, limpou o equipamento, tirou as luvas e lavou as mãos. Aproximadamente cinco
meses depois, Wetterhahn começou a ter dificuldade em ver, falar, ouvir e andar. Após
54

o exame médico, Wetterhahn foi diagnosticada com toxicidade aguda por mercúrio,
devido à exposição ao dimetilmercúrio (NIERENBERG, 1998).

Apesar do tratamento envolvendo a quelação agressiva, sua condição continuou a se


deteriorar, e em fevereiro de 1997, Wetterhan entrou em coma. Ela morreu em 8 de
junho de 1997, apenas dez meses após a exposição inicial (NIERENBERG, 1998).

As fichas de segurança do dimetilmercúrio, na época, recomendavam o uso de luvas


de borracha, neoprene ou “luvas quimicamente impermeáveis”, porém não fornecia
nenhuma informação adicional sobre o assunto. Após a morte de Wetterhahn, o teste
de permeação de luvas, de látex descartáveis, revelou que a substância permeia o
látex, neoprene e PVC quase imediatamente, após o contato (NIERENBERG, 1998),
não sendo recomendadas para o uso neste caso.

Os casos apresentados demonstram que as fichas de dados de segurança são


instrumentos que auxiliam na compreensão dos riscos potenciais à saúde de um
produto químico e têm, como uma de suas principais funções, responder de forma
eficaz às situações de exposição ao risco.

Se os fabricantes e fornecedores têm preocupações sobre o efeito tóxico de um


produto, devem ter o compromisso de gerar, com boa qualidade, as fichas de dados
de segurança de seus produtos, alertando e disponibilizando informações, critérios e
métodos para o usuário se assegurar sobre os riscos da superexposição.
55

4 METODOLOGIA

4.1 Visão geral do estudo

O presente estudo foi desenvolvido adotando-se a abordagem qualitativa e descritiva,


com base em pesquisa documental. Foram selecionadas fichas de dados de
segurança, para uma amostra intencional de substâncias, classificadas como
commodities e pseudocommodities, disponibilizadas pelos fabricantes e fornecedores
em suas respectivas páginas na internet.

As commodities e pseudocommodities são fabricadas em larga escala no Brasil,


compondo a estrutura da formulação de misturas destinadas a diversos segmentos
como cosméticos, saneantes, têxtil, agrícola, plásticos, entre outros. Foram utilizadas
como base para a seleção da amostra de substâncias analisadas. Inconsistências
presentes nas fichas, deste tipo de substância, irão propagar-se ao longo de sua
cadeia de utilização, e terão impactos sobre a identificação de perigos dos produtos
químicos que delas se utilizam.

Inicialmente foi selecionado um conjunto de substâncias, com base no volume de


produção, e considerando duas fichas de dados de segurança para cada substância.
O número de fichas foi baseado nas informações sobre a quantidade de produtores,
apresentadas no Anuário da Indústria Química (ABIQUIM, 2014). As fichas foram
analisadas sob dois aspectos: análise da forma quanto às seções mínimas, requeridas
pelo GHS, e análise qualitativa de conteúdo. Os aspectos de conteúdo incluíram:
identificação e composição da substância, propriedades físico-químicas e
toxicológicas, estabilidade e reatividade, classificação e identificação de perigos,
manuseio e armazenamento e controle da exposição.

Como referência para análise das fichas, foi elaborado um dossiê para cada
substância, que reuniu informações contidas em bases de dados disponíveis para
consulta na internet, relativas aos aspectos avaliados por esta pesquisa. Para a
elaboração do dossiê e avaliação das fichas, foi utilizado como referência a 6ª edição
do GHS (UNITED NATIONS, 2015). Durante a análise de cada ficha, os dados foram
comparados aos do dossiê de referência.
56

4.2 Amostras de substâncias e fichas selecionadas

Foi selecionada uma amostra intencional, de dez substâncias, a partir dos critérios a
seguir:

substâncias de maior produção (em toneladas/ano), segundo o Anuário da


Indústria Química (ABIQUIM, 2014), seguindo o critério de: cinco substâncias
inorgânicas e cinco substâncias orgânicas;
substâncias que apresentam pelo menos dois fabricantes no Brasil, segundo o
Anuário da Indústria Química (ABIQUIM, 2014), e suas fichas de dados de
segurança disponibilizadas na internet;
substâncias classificadas como perigosas, pelo GHS, ou que podem originar
riscos em determinados usos previstos.

Durante a seleção das substâncias, além da quantidade produzida, foi considerada a


diversidade entre as mesmas (orgânicas e inorgânicas) e em relação aos perigos
físicos e à saúde, conforme os critérios do GHS.

O Quadro 5 apresenta a substâncias selecionadas para o estudo e as justificativas.

Quadro 5 – Amostra de substâncias para o estudo


Continua

Fórmula
Substância CAS Justificativa de inclusão
molecular
Ácido nítrico 7697-37-2 HNO3 Substância inorgânica (ácido); produção de 470.476
ton/2013; apresenta mais de 2 fabricantes no Brasil e
com FDS disponíveis na internet; perigosa segundo os
critérios do GHS.
Ácido sulfúrico 7664-93-9 H2SO4 Substância inorgânica (ácido); produção de 6.720.380
ton/2013; apresenta mais de 2 fabricantes no Brasil e
com FDS disponíveis na internet; perigosa segundo os
critérios do GHS.
Amônia anidra 7664-41-7 NH3 Substância inorgânica (gás); produção de 1.236.208
ton/2013; apresenta mais de 2 fabricantes no Brasil e
com FDS disponíveis na internet; perigosa segundo os
critérios do GHS.
Benzeno 71-43-2 C6H6 Substância orgânica (hidrocarboneto aromático);
produção de 807.388 ton/2013; apresenta mais de 2
fabricantes no Brasil e com FDS disponíveis na
internet; perigosa segundo os critérios do GHS.
57

Quadro 5 – Amostra de substâncias para o estudo


Conclusão

Fórmula
Substância CAS Justificativa de inclusão
molecular
Gás cloro 7782-50-5 Cl2 Substância inorgânica (gás); produção de 1.247.924
ton/2013; apresenta mais de 2 fabricantes no Brasil e
com FDS disponíveis na internet; perigosa segundo os
critérios do GHS.
1,2 Dicloroetano 107-06-2 C2H4Cl2 Substância orgânica (hidrocarboneto halogenado);
produção de 523.791 ton/2013; apresenta mais de 2
fabricantes no Brasil e com FDS disponíveis na
internet; perigosa segundo os critérios do GHS.
Estireno 100-42-5 C8H8 Substância orgânica (hidrocarboneto aromático);
Produção de 439.908 ton/2013; apresenta mais de 2
fabricantes no Brasil e com FDS disponíveis na
internet; perigosa segundo os critérios do GHS.

Formaldeído 50-00-0 CH2O Substância orgânica (aldeído); produção de 325.599


solução 37% ton/2013; apresenta mais de 2 fabricantes no Brasil e
com FDS disponíveis na internet; perigosa segundo os
critérios do GHS.
Hidróxido de sódio 1310-73-2 NaOH Substância inorgânica (álcali); produção de 1.379.341
líquido 50% ton/2013; apresenta mais de 2 fabricantes no Brasil e
com FDS disponíveis na internet; perigosa segundo os
critérios do GHS.
Tolueno 108-88-3 C7H8 Substância química orgânica (hidrocarboneto
aromático); produção de 260.778 ton/2013; apresenta
mais de 2 fabricantes no Brasil e com FDS disponíveis
na internet; perigosa segundo os critérios do GHS.

Fonte: Dados obtidos em diversos sites e de produção da ABIQUIM, 2014.

A seleção das fichas foi realizada por meio de pesquisa na internet, utilizando os
serviços do Google4 (https://support.google.com/webmasters/answer/70897?hl=pt-
BR. Acesso em 03.05.2017). A métrica para determinar a relevância de uma página é
o fator “PageRank”, que avalia a quantidade, a qualidade e o contexto dos links em
uma página da internet e determina a estimativa da importância do site. Ou seja, os
primeiros resultados que aparecem na busca, são considerados relevantes em termos
de conteúdo e números de acesso.

Dessa forma, a partir da consulta, pelo número CAS da substância e pela palavra
“FISPQ”, a pesquisa pelo Google informou as fichas mais acessadas das páginas das

4 Google é uma empresa multinacional americana de serviços online e software, que hospeda e
desenvolve uma série de serviços e produtos baseados na internet. A empresa, fundada por Larry Page
e Sergey Brin, em 1998, é internacionalmente conhecida e considerada como o melhor mecanismo de
busca da internet (https://www.significadosbr.com.br/google).
58

empresas químicas, fabricantes ou distribuidoras das substâncias selecionadas.


Foram eleitas as duas primeiras fichas de cada substância indexadas pelo Google, de
fabricantes ou distribuidores distintos, totalizando 20 fichas. Considerando o
cronograma de implementação do GHS no Brasil, para substâncias, foram
selecionadas somente fichas elaboradas ou revisadas a partir de 01 de março de
2011. Houve casos, em que uma mesma empresa apresentou mais de uma ficha
selecionada para substâncias distintas.

4.3 Procedimento de coleta e análise de dados

4.3.1 Elaboração do dossiê referência

Para cada substância selecionada foi elaborado um dossiê técnico, contendo


elementos para avaliação das fichas de dados de segurança (ANEXO A). Cada dossiê
foi revisado por um especialista.

No Quadro 6, os elementos da estrutura do dossiê.

Quadro 6 – Estrutura do dossiê


1. Identificação da substância
2. Classificações de perigo, segundo o GHS, já disponíveis (nacionais ou regionais)
3. Propriedades físico-químicas
4. Estabilidade e reatividade
5. Classificação de perigos físicos
- Outros perigos físicos nos usos previstos
6. Informação toxicológica / Efeitos adversos à saúde
- Outros perigos à saúde originados pelo uso
7. Classificação de perigos
- Classe de perigo segundo o GHS
- Frase H
- Frase P
- Outros perigos originados pelo uso
8. Manuseio, armazenamento e usos previstos
- Possíveis riscos
- Prevenção
9. Controle de exposição ocupacional
- Parâmetros de controle
- Medidas de controle de engenharia
- Medidas de proteção pessoal

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.


59

O dossiê foi elaborado com base na abordagem do Guidance on the compilation of


safety data sheets, da ECHA (2015). A abordagem gradual, utilizada pela ECHA,
assegura a consistência interna da ficha e foi apresentada no Quadro 4, item 3.7.2.

Para a elaboração do dossiê, o estudo delimitou as seções relevantes para a


segurança e saúde dos trabalhadores. As seções foram: Identificação (seção 1),
Composição e determinação de classificação de perigos (seção 3), propriedades físico
químicas, estabilidade e reatividade e informações toxicológicas (seções 9, 10 e 11),
manuseio e armazenamento (seção 7), controle da exposição (seção 9) e
classificação de perigo (seção 2). Os aspectos referentes ao meio ambiente, não
foram objeto desta pesquisa.

Os dados para elaboração do dossiê foram obtidos a partir de enciclopédias


especializadas, como Kirk-Othmer Encyclopedia (ESS, 1991) e Ullmann's
Encyclopedia of Industrial Chemistry (ALT, 1985), além das bases de dados
internacionais revisadas por pares: CDC (2016); ECHA (2017); ECHEMPORTAL
(2016); US EPA (2016), GESTIS (IFA, 2015), INCHEM (IPCS, 2015); IARC (2017) e
NITE (2016).

A classificação, quantos aos perigos físicos e à saúde, foi realizada com base em
dados levantados em pesquisas bibliográficas nas fontes citadas. As diferenças foram
analisadas, definindo-se a classificação final, utilizada como referência, e comparadas
com as das fichas.

Com o objetivo de auxiliar a decisão da classificação de peo, foram consideradas


também as classificações harmonizadas, disponibilizadas pela União Europeia
(ECHA, 2017) e Japão (NITE, 2016).

Não serão apresentados todos os dossiês de referência, elaborados para as


substâncias selecionadas para o estudo. Como exemplo, o dossiê correspondente ao
gás cloro é mostrado no Anexo B.
60

4.3.2 Análise da forma quanto às seções mínimas requeridas pelo GHS

A conformidade, quanto às informações requeridas pelo GHS, foi avaliada


considerando as seções de 1 a 16 da ficha de dados de segurança. As informações
requeridas foram as constantes da tabela 1.5.2 do Globally Harmonized System of
Classification and Labelling of Chemicals (GHS), parte 1 (UNITED NATIONS, 2015, p.
38), que indica o conteúdo mínimo que uma ficha de dados de segurança deve
apresentar.

A análise consistiu em identificar a presença (S) ou ausência (N) da informação,


requerida pelo GHS, para cada uma das 16 seções das fichas, incluindo seus
subitens.

Foi construído um quadro com a descrição de todas as seções, subitens e suas


respectivas percentagens, quanto à presença da seção/subitem avaliado,
considerando um total de 20 fichas.

4.3.3 Análise do conteúdo das fichas

Para cada ficha selecionada foram analisados, qualitativamente, os aspectos


apresentados nos itens de (a) a (f), quanto à sua precisão, em relação aos critérios
exigidos pelo GHS e pela ABNT NBR 14725-4, tendo como base de informação e
comparação, os dados apresentados no dossiê da respectiva substância. Cada
aspecto foi analisado, considerando-se:

informação ausente;
informação correta, mas incompleta;
informação correta e completa;
informação com erros ou imprecisões.

Os aspectos avaliados são descritos a seguir e foram selecionados com base no


objetivo geral desta pesquisa e discussões com o especialista (orientador).
61

a) Composição e informações sobre os ingredientes (seção 3 da ficha)

Verificou-se, se a identidade química da substância está corretamente indicada, pelo


seu nome químico, de acordo com o estabelecido pela IUPAC ou CAS, ou o nome
técnico e o número de registro no CAS. Observou-se também, se o nome químico e o
número CAS estavam coerentes.

Quanto à composição verificou-se se abrangia, se aplicável, quaisquer impurezas e/ou


aditivos classificados como perigosos e que contribuam para a classificação da
substância. As impurezas devem ser declaradas se excederem o valor de limite de
corte/concentração para determinada classe de perigo, seguindo os critérios
estabelecidos pelo GHS e pela ABNT NBR 14725-2.

b) Propriedades físico-químicas e reatividade (seção 9 e 10 da ficha)

As propriedades físico químicas, exigidas pelo GHS e pela ABNT NBR 14725-4, são
apresentadas no Quadro 7.

Quadro 7 – Propriedades físico-químicas exigidas pelo GHS


Propriedades físico-químicas
1. Aspecto (estado físico, forma, cor, etc.)
2. Odor e limite de odor
3. pH
4. Ponto de fusão/ponto de congelamento
5. Ponto de ebulição inicial e faixa de temperatura de ebulição
6. Ponto de fulgor
7. Taxa de evaporação
8. Inflamabilidade
9. Limite inferior/superior de inflamabilidade ou explosividade
10. Pressão de vapor
11. Densidade de vapor
12. Densidade relativa
13. Solubilidade(s)
14. Coeficiente de partição – n-octanol/água
15. Temperatura de autoignição
16. Temperatura de decomposição
17. Viscosidade

Fonte: Adaptado do GHS, 2015.


62

De acordo com o GHS, se algum dos itens não for aplicável ou não estiver disponível,
deve-se mencionar, respectivamente, os termos “não aplicável” e “não disponível”.

Além das propriedades citadas no Quadro 7, foram consideradas as informações


sobre a reatividade da substância, a indicação se é estável ou instável em condições
normais de temperatura e pressão, a possibilidade de reações perigosas, as
condições a serem evitadas, classes de substâncias ou substâncias específicas, com
as quais pode reagir, para produzir situações perigosas e os produtos de
decomposição conhecidos e razoavelmente previstos, resultantes do manuseio,
armazenagem e aquecimento.

c) Propriedades toxicológicas (seção 11 da ficha)

Foi analisada se a descrição dos efeitos toxicológicos apresentados contempla o


exigido pelo GHS e se estão corretos, de acordo com as informações disponíveis em
bases de dados e organizadas no dossiê. Segundo o GHS, os efeitos adversos à
saúde devem abranger:

1. Toxicidade aguda
2. Corrosão/irritação da pele
3. Lesões oculares graves/irritação ocular
4. Sensibilização respiratória ou à pele
5. Mutagenicidade em células germinativas
6. Carcinogenicidade
7. Toxicidade à reprodução
8. Toxicidade para órgãos-alvo específicos – exposição única
9. Toxicidade para órgãos-alvo específicos – exposição repetida e
10. Perigo por aspiração

Ainda de acordo com o GHS, quando houver quantidade substancial de dados de


ensaio sobre a substância, estes devem ser resumidos por via de exposição (oral,
dérmica e inalatória).

Para a informação sobre algum dos itens que não estivesse disponível, poderia ser
mencionado o termo “não disponível”.
63

a) Classificação e identificação de perigos (seção 2 da ficha)

Em primeiro lugar verificou-se se a classificação de perigo da substância foi realizada,


aplicando-se o GHS e a ABNT NBR 14725-2 (ABNT, 2010) e, em que extensão
estava, de acordo com a classificação de referência feita pelo autor, ou classificação
harmonizada da União Européia.

Para as substâncias classificadas como perigosas foram analisadas especificamente


a classe e/ou categoria/subcategoria de perigo. Foram avaliados os elementos de
rotulagem apropriados: palavra(s) de advertência, frase(s) de perigo e frase(s) de
precaução.

Também foram analisadas informações sobre outros perigos, que não resultam em
uma classificação, porém, que contribuam para a periculosidade geral da substância,
associados aos usos previstos para a substância.

Foi verificada a consistência interna entre a classificação de perigo apresentada na


ficha e os dados declarados nas seções 9, 10 e 11, a concordância entre a
classificação apresentada na ficha e a sugerida pelo dossiê.

e) Manuseio e armazenamento (seção 7 da ficha)

Verificou-se se as práticas seguras de manuseio, apresentadas na ficha, minimizam


os perigos e riscos originados pelas propriedades específicas da substância ou por
seu uso previsto.

f) Controle da exposição (seção 8 da ficha)

Foram analisadas as medidas específicas de proteção e prevenção, que devem ser


tomadas durante a utilização da substância, com a finalidade de minimizar a
exposição a que estão submetidos os trabalhadores, incluindo: limite de exposição
ocupacional e biológica, de acordo com legislações e regulamentações nacionais e
internacionais, quando aplicável; medidas apropriadas de controle de exposição,
medidas de proteção pessoal, incluindo Equipamentos de Proteção Individual (EPI),
em conjunto com outras medidas de controle.
64

Com base na avaliação das fichas foi elaborado o Quadro 8, resumindo o número de
ocorrências detectadas, para cada critério utilizado, na análise dos aspectos.

Quadro 8 – Principais problemas identificados nas fichas


Número de ocorrências
Informações
Aspecto
Declarada Com erros ou Correta, mas
Ausente
completa e correta imprecisões incompleta
Composição e informações
sobre os ingredientes
Propriedades físico-químicas
e reatividade
Informações toxicológicas

Identificação de perigos

Manuseio e armazenamento

Controle da exposição

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Os resultados gerais são apresentados, pelo gráfico de barras, conforme a


percentagem de ocorrências detectadas, para cada critério utilizado, de acordo com
os aspectos avaliados.

O estudo não se submeteu à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP),


pois utilizou dados de domínio público, de acesso irrestrito, e sem envolvimento de
seres humanos, durante o processo de pesquisa.
65

5 RESULTADOS

5.1 Resultados da análise da forma

A avaliação de forma das fichas foi realizada conforme item 4.3.2 e os resultados
informados na Tabela 1.

Tabela 1 – Análise de forma quanto aos requisitos do GHS


Continua

Conformidade
Descrição da Seção
%
1 Identificação da substância e do fornecedor 93
a) Identificação do produto químico 100
b) Principais usos recomendados para a substância e restrições de uso 75
c) Detalhes do fornecedor 100
d) Telefone para emergências 95
2 Identificação de perigos 55
a) Classificação GHS da substância 55
b) Elementos de rotulagem do GHS, incluindo as frases de precaução 65
c) Outros perigos que não resultam em uma classificação 45
3 Composição e informações sobre os ingredientes 88
a) Identidade química 90
b) Sinônimo 85
c) Número de registro CAS e outras identificações únicas 95
d) Impurezas que contribuam para o perigo 80
4 Medidas de primeiros-socorros 93
a) Medidas necessárias de acordo com as diferentes vias de exposição 100
b) Sintomas e efeitos mais importantes, agudos ou tardios 85
c) Notas para o médico 95
5 Medidas de combate a incêndio 93
a) Meios de extinção 95
b) Perigos específicos da substância ou mistura 95
c) Medidas de proteção da equipe de combate a incêndio 90
6 Medidas de controle para derramamento ou vazamento 95
a) Precauções pessoais, equipamento de proteção e procedimentos de
100
emergência
d) Precauções ao meio ambiente 90
e) Métodos e materiais para a contenção e limpeza 95
66

Tabela 1 – Análise de forma quanto aos requisitos do GHS


Continua

Conformidad
Descrição da Seção
e%
7 Manuseio e armazenamento 98
a) Precauções para manuseio seguro 100
b) Condições de armazenamento seguro, incluindo qualquer incompatibilidade 95
8 Controle de exposição e proteção individual 90
a) Parâmetros de controle, por exemplo, valores de limites de exposição
80
ocupacional ou valores de limites biológicos
b) Medidas de controle de engenharia 90
c) Medidas de proteção pessoal 100
9 Propriedades físicas e químicas 85
a) Estado físico 100
b) Cor 100
c) Odor 95
d) Ponto de fusão/ponto de congelamento 90
e) Ponto de ebulição inicial e faixa de temperatura de ebulição 100
f) Flamabilidade 60
g) Limite inferior/superior de inflamabilidade ou explosividade 90
h) Ponto de fulgor 85
i) Temperatura de autoignição 80
j) Temperatura de decomposição 60
k) pH 65
l) Viscosidade cinemática 85
m
Solubilidade(s) 95
)
n) Coeficiente de partição – n-octanol/água 80
o) Pressão de vapor 90
p) Densidade e/ou densidade relativa 90
q) Densidade de vapor relativa 85
1
Estabilidade e reatividade 89
0
a) Reatividade 60
b) Estabilidade química 90
c) Possibilidade de reações perigosas 95
d) Condições a serem evitadas 100
e) Materiais incompatíveis 95
f) Produtos perigosos da decomposição 95
67

Tabela 1 – Análise de forma quanto aos requisitos do GHS


Conclusão

Conformidade
Descrição da Seção
%
11 Informações toxicológicas 70
Descrição concisa, mas, completa e compreensível dos vários efeitos
toxicológicos à saúde e dados usados para identificar tais efeitos, incluindo:
a) Informações de vias de exposição (inalação, ingestão, pele e olhos) 75
b) Sintomas relacionados às características físicas, químicas e toxicológicas 60
c) Efeitos tardios e imediatos e também efeitos crônicos de curta e longa
60
exposição
d) Medidas numéricas de toxicidade (como toxicidade aguda estimada) 85
12 Informações ecológicas 67
a) Ecotoxicidade 75
b) Persistência e degradabilidade 60
c) Potencial bioacumulativo 75
d) Mobilidade no solo 70
e) Outros efeitos adversos 55
13 Considerações sobre destinação final 90
a) Métodos recomendados para destinação final 90
14 Informações sobre transporte 93
a) Número ONU 100
b) Nome para o transporte 95
c) Classe de perigo para o transporte 100
d) Grupo de embalagem, se aplicável 90
e) Aéreo 85
g) Hidroviário 85
15 Informações sobre regulamentações 90
a Regulamentações específicas de segurança, saúde e meio ambiente para o
90
produto químico
16 Outras informações 100
a) Informações importantes, incluindo informação na preparação e revisão da
100
ficha

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Foram avaliadas vinte fichas de dados de segurança, sendo duas para cada uma das
substâncias selecionadas. O percentual resultante representa o número de fichas que
continham as seções e seus respectivos subitens, requeridos pelo GHS e pela ABNT
NBR 14725-4 (ABNT, 2014). A análise de forma baseou-se na presença ou ausência
de cada seção/subitem da ficha.
68

A maioria das fichas analisadas atende aos requisitos formais, mas, as principais
lacunas de informações têm impacto direto na classificação de perigo da substância
e nos elementos para comunicação de perigos (pictogramas, frases H e frases P),
visto que, propriedades físico-químicas e toxicológicas estão diretamente
relacionadas aos critérios de classificação do GHS, para perigos físicos e à saúde
humana. Ressalta-se que os perigos ao meio ambiente, não são objetos deste estudo.

Observou-se que o item “outros perigos que não resultam em uma classificação”,
estava presente em apenas 45% das fichas avaliadas. Porém, ele é fundamental para
a definição de medidas preventivas e de controle da exposição à substância. A partir
dele são apresentadas informações, que contribuem para a identificação de riscos, na
utilização da substância, que não satisfazem os critérios de classificação do GHS, tais
como a formação de misturas explosivas com o ar, atmosferas deficientes de oxigênio,
efeitos à saúde humana, causados pela formação de particulados dispersos no ar
(poeiras, fumos ou névoas), entre outros.

Verificou-se que o item, com menor percentagem de presença, 55%, está relacionado
à classificação e comunicação de perigos. Salienta-se que, de acordo com o histórico
das fichas de dados de segurança, a seção 2 da ficha foi implementada com o GHS.

5.2 Resultados da análise do conteúdo

A análise do conteúdo das fichas está de acordo com a metodologia, indicada em


4.3.3. Os resultados são apresentados em função das imprecisões detectadas pela
análise das duas fichas, de cada substância.

Para facilitar o entendimento, quanto às divergências, entre a classificação proposta


pelo dossiê e a classificação harmonizada da União Europeia, são apresentadas junto
aos resultados. A classificação das fichas A e B estão descritas como declaradas nos
respectivos documentos.
69

5.2.1 Ácido nítrico

a) Composição e informação sobre os ingredientes (Seção 3 da ficha)

A ficha “1A” apresenta todas as informações, em concordância com os requisitos do


GHS.

A ficha “1B” adverte que o ácido nítrico é uma mistura, contendo 28% de amônia como
impureza. Tal informação é inconsistente com os dados organizados no dossiê de
referência, porque o ácido nítrico apresenta-se como substância em solução aquosa.
A presença de amônia, em solução de ácido nítrico, não é quimicamente possível,
pois é uma base que reagiria com o ácido. Essa informação poderia induzir um
profissional de segurança, com poucos conhecimentos de química básica, a admitir
que a amônia esteja presente na mistura e considerá-la no processo de identificação
de riscos.

b) Propriedades físico-químicas e reatividade (Seções 9 e 10 da ficha)

A ficha “1A” não apresenta informações correspondentes a todas as propriedades,


exigidas pelo GHS, como ausência de viscosidade, entretanto isso não é relevante
para soluções aquosas.

A ficha “1B” apresenta as informações em concordância com as organizadas no


dossiê de referência.

c) Propriedades toxicológicas (Seção 11 da ficha)

As fichas “1A” e “1B” apresentam inconsistências nas informações toxicológicas,


quando comparadas aos dados estruturados no dossiê de referência.

A ficha “1A” apresenta apenas dados de toxicidade aguda, entretanto, estão em


discordância com as informações dos bancos de dados consultados. O ácido nítrico é
corrosivo para a pele e olhos, não apresentando dados representativos para
toxicidade aguda oral e dérmica (ECHA, 2017; IFA, 2015; NITE, 2016). Para as demais
classes de perigo exigidas, os dados não são informados, conforme requerido pelo
GHS.
70

A ficha “1B” não indica dados para toxicidade aguda, tampouco para sensibilização a
pele, sem quaisquer justificativas. Os efeitos apresentados são inconsistentes com o
conceito das respectivas classes de perigo, como sensibilização respiratória. As
informações correspondem à irritação do trato respiratório, causada pela névoa de
ácido nítrico, durante o uso. Os efeitos ao sistema respiratório, relacionados à classe
de toxicidade para órgão alvo específico, – exposição repetida, refere-se também à
névoa gerada e a certos usos da substância, porém, isto não é indicado na ficha. Para
a classe de perigo por aspiração, os dados representam efeitos corrosivos da
substância. Essas observações evidenciam que o(s) responsável(eis), pela
elaboração da ficha, não têm claro o conceito de cada uma dessas classes de perigos.

d) Classificação e identificação de perigos (Seção 2 da ficha)

A classificação de perigo da substância é apresentada no Quadro 9.

Quadro 9 – Classificação de perigo do ácido nítrico, segundo o GHS


Dossiê referência União Europeia Ficha 1A Ficha 1B
Líquido oxidante. Líquido oxidante. Ca- Sem classificação, Substância corrosiva para
Categoria 3 – H272. tegoria 2 – H272. segundo o GHS os metais
Corrosivo para os Corrosão/irritação a Toxicidade aguda. Cate-
metais. Categoria 1 – pele. Categoria 1A – goria 1
H290. H314.
Corrosão/irritação a Corrosão/irritação a pele.
pele. Categoria 1A – Categoria 1A.
H314.
Lesões oculares gra- Lesões oculares graves/
ves/irritação ocular. irritação ocular – categoria
Categoria 1 – H318. 1.
Sensibilização respiratória
ou da pele. Categoria 1.
Toxicidade sistêmica para
certos órgãos alvos –
exposição única.
Categoria 2.
Perigo por aspiração.
Categoria 1.

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.


Nota: A fonte da classificação da ECHA, específica, foi retirada do site <echa.europa.eu/pt/home>.

A classificação de perigo, sugerida pelo dossiê de referência, difere da harmonizada


da União Europeia, nos seguintes aspectos:
71

Líquido oxidante: com base na classificação de perigos físicos da


regulamentação de transporte terrestre da ONU, cujos critérios de perigos são os
mesmos adotados pelo GHS, para a classe de perigos físicos, e nas informações
dos bancos de dados consultados, inclusive o Gestis, que também apresenta
classificação de acordo com o regulamento europeu, a substância é classificada
como líquido oxidante na categoria 3 (IFA, 2015). Portanto, a disponível no site da
ECHA, provavelmente está desatualizada.
Corrosivo para os metais: esta classe de perigo foi incluída no sistema de
classificação da União Europeia (CLP). Possivelmente, a classificação
harmonizada, disponível no site da ECHA, não está atualizada, de acordo com a
última versão do sistema europeu. A base de dados Gestis, também europeia, já
adotou a classificação de perigo para o ácido nítrico (IFA, 2015).
Lesões oculares graves/irritação ocular: de acordo com a frase de perigo,
referente à classe de corrosão/irritação à pele – categoria 1 – H314 – provoca
queimaduras na pele e lesões oculares graves, se a substância foi classificada
como corrosiva a pele, na categoria 1, automaticamente a classe é lesões oculares
graves/irritação ocular na categoria 1. É possível que a classificação harmonizada,
disponível na ECHA, não esteja atualizada, pois, de acordo com o antigo sistema
europeu de classificação, esta não era necessária.

A ficha “1A” não apresenta a classificação de perigos, conforme exigido pelo GHS.

A ficha “1B” indica classes de perigo em discordância com as sugeridas no dossiê de


referência. A classificação, “corrosivo para os metais”, é apresentada sem a respectiva
categoria de perigo, embora para esta classe o GHS fornece apenas a possibilidade
da categoria 1. A classificação para toxicidade aguda é indicada sem a via de
exposição. Entretanto, de acordo com as informações dos bancos de dados
consultados, a substância não é classificada para esta classe. Também, não foram
identificadas informações que justifiquem a classificação para sensibilização à pele e
respiratória, bem como para a classe de perigo por aspiração.

A ficha “1B” apresenta, ainda, classificação de toxicidade sistêmica para órgão alvo
específico – exposição única. Entretanto, segundo os dados apresentados em sua
seção 11 (informações toxicológicas), os mesmos não correspondem à exposição
72

única, mas sim à exposição repetida. Adicionalmente, os efeitos no sistema


respiratório, são causados pela exposição do trabalhador à névoas e vapores ácidos
gerados no uso da substância (IFA, 2015). Dependendo do uso pode ocorrer a
formação de óxidos de nitrogênio. E, conforme referenciado pelo dossiê, esta
informação poderá ser apresentada no item “outros perigos que não resultam em uma
classificação” e não, necessariamente, como uma classificação de “perigo”.

e) Manuseio e armazenamento (Seção 7 da ficha)

As informações da ficha “1A”, não contemplam todas as medidas necessárias para


prevenção ao manuseio seguro. Por exemplo, a ficha não informa que poderá ocorrer
a formação de vapores e névoas ácidas, tampouco a necessidade de ventilação no
local de seu manuseio (IFA, 2015). Esta ausência de informação poderá comprometer
as medidas preventivas a serem determinadas para o uso seguro da substância.

A ficha “1B” apresenta as informações, para manuseio e armazenamento


concordantes com os bancos de dados consultados.

f) Controle da exposição (Seção 8 da ficha)

Ambas as fichas apresentam dados sobre limite de exposição conforme a ACGIH


(ACGIH, 2016). A Norma Regulamentadora 15 (BRASIL, 2015) não relata dados de
exposição para o ácido nítrico. Não há indicadores biológicos para esta substância
pela Norma Regulamentadora 7 (BRASIL, 2015) tampouco pela ACGIH (ACGIH,
2016).

A ficha “1A” não especifica o material da luva que deve ser utilizada, para proteção
das mãos, deixando para o usuário esta definição. Essa lacuna impacta na definição
das medidas de prevenção e controle a serem adotadas.

A ficha “1B” apresenta todas as informações, para controle da exposição ao


trabalhador, claras, de acordo com as bases de dados consultadas.

O Quadro 10 apresenta, resumidamente, os principais problemas encontrados na


avaliação das fichas do ácido nítrico.
73

Quadro 10 – Principais problemas das fichas do ácido nítrico

Aspecto da ficha Ficha 1A Ficha 1B


Composição e informações - Informação completa e - Informação com erros ou
sobre os ingredientes. correta. imprecisões.
Propriedades físico-químicas e - Informação ausente. - Informação completa e
reatividade. correta
Informações toxicológicas. - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões. imprecisões.
- Informação ausente. - Informação ausente.
Identificação de perigos. - Informação ausente. - Informação com erros ou
imprecisões.
Manuseio e armazenamento. - Informação ausente. - Informação completa e
correta
Controle de exposição. - Informação com erros ou - Informação completa e
imprecisões. correta

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

5.2.2 Ácido sulfúrico

a) Composição e informação sobre os ingredientes (Seção 3 da ficha)

As fichas “2A” e “2B” indicam, no item “impurezas, que contribuem para o perigo”
apenas a concentração de ácido sulfúrico (98%), estando implícita, que o outro
ingrediente é água. Entretanto, não informam se outras impurezas estão presentes ou
não. Como o dossiê de referência não indica a presença de possíveis impurezas, que
contribuam para o perigo da mistura, esta lacuna não impactará na classificação de
perigo.

b) Propriedades físico-químicas e reatividade (Seções 9 e 10 da ficha)

As fichas “2A” e “2B” mostram inconsistências quanto à utilização dos termos “não
aplicável” e “não disponível”. Por exemplo, indicam que a informação de valor de pH
está “não disponível”. Entretanto, a informação pode ser facilmente encontrada na
literatura ou determinada experimentalmente. Ambas as fichas também não
apresentam todas as propriedades requeridas pelo GHS para esta seção, embora
estejam disponíveis nos bancos de dados acessados, por exemplo, temperatura de
decomposição (IPCS, 2015) e viscosidade (ECHA, 2017).
74

As fichas apresentam informações incompletas quanto à reatividade da substância.


Não advertem que há risco de explosão, pois o ácido sulfúrico pode explodir quando
em contato com substâncias combustíveis, sódio e potássio e seus respectivos
hidróxidos (IFA, 2015). Também, não informam a incompatibilidade com agentes
redutores (IFA, 2015). Tais lacunas podem impactar na seleção das medidas de
prevenção e controle, referentes ao armazenamento e uso da substância.

c) Propriedades toxicológicas (Seção 11 da ficha)

As fichas “2A” e “2B” apresentam dados de toxicidade aguda, via inalatória, em


discordância com as informações organizadas pelo dossiê de referência. Apresentam
informações de toxicidade aguda via dérmica, entretanto, dados relativos a essa via
de exposição não foram identificados na literatura, provavelmente porque a realização
de ensaios de LD50 pode ser dispensável por julgamento profissional, uma vez que
trata-se de substância não volátil e corrosiva. De acordo com informações dos bancos
de dados consultados, o ácido sulfúrico concentrado causa queimaduras químicas,
logo após sua ingestão, assim como ulceração dos cornetos nasais, traqueia e laringe,
imediatamente, após a exposição às névoas ácidas decorrentes do uso da substância
(IFA, 2015).

A ficha “2A” não informa sobre possíveis efeitos à saúde humana, quanto às demais
classes de perigo exigidas pelo GHS, o que compromete diretamente as medidas
preventivas a serem adotadas quando do uso da substância.

Os dados da ficha “2B”, relativos à toxicidade para órgão alvo especifico – exposição
única e repetida, não identificam os efeitos como sendo provenientes da inalação de
névoa ácida decorrente de alguns usos da substância. Não apresenta informações
referentes à sensibilização a pele e respiratória, sendo que as mesmas estão
disponíveis nos bancos de dados (IPCS, 2015). Para a classe de perigo por aspiração,
a ficha menciona que as informações não estão disponíveis, entretanto, avaliando os
critérios do GHS para esta classe, bem como a natureza química da substância
(inorgânica), a mesma não atende aos critérios para classificação de perigo por
aspiração. Essas inconsistências podem comprometer a classificação de perigo da
substância e consequentes recomendações de medidas preventivas.
75

d) Classificação e identificação de perigos (Seção 2 da ficha)

A classificação de perigo da substância é apresentada no Quadro 11.

Quadro 11 – Classificação de perigo do ácido sulfúrico, segundo o GHS


Dossiê referência União Europeia Ficha 2A Ficha 2B
Corrosivo para os Corrosão/irritação a Sem classificação, Toxicidade aguda via oral.
metais. Categoria 1 pele. Categoria 1A segundo o GHS. Categoria 5 – H303.
– H290. – H314.
Corrosão/ irritação a Toxicidade aguda via inalatória.
pele. Categoria 1A – Categoria 2 – H330.
H314.
Lesões oculares Corrosão/irritação a pele. Cate-
graves/ irritação goria 1A.
ocular. Categoria 1 –
H318.
Lesões oculares graves/irritação
ocular. Categoria 1.
Carcinogenicidade. Categoria 2.
Toxicidade sistêmica para certos
órgãos alvos – exposição única.
Categoria 1.
Toxicidade sistêmica para certos
órgãos alvos – exposição
repetida. Categoria 1

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.


Nota: A fonte da classificação da ECHA, específica, foi retirada do site <echa.europa.eu/pt/home>.

A classificação de perigo, sugerida pelo dossiê de referência, difere da classificação


harmonizada da União Europeia nos seguintes aspectos:

Corrosivo para os metais: esta classe de perigo é nova no sistema de classificação


da União Europeia. Possivelmente, a classificação harmonizada, disponível no site
da ECHA, não está atualizada com a última versão do sistema de classificação
europeu. A base de dados Gestis, também europeia, já adotou esta classificação
de perigo para o ácido sulfúrico (IFA, 2015).
Lesões oculares graves/irritação ocular: de acordo com a frase de perigo,
referente à classe de corrosão/irritação a pele – categoria 1 - H314 – provoca
queimaduras na pele e lesões oculares graves, se a substância foi classificada
como corrosiva a pele na categoria 1, automaticamente será classificada na classe
76

lesões oculares graves/irritação ocular na categoria 1. É possível que a


classificação harmonizada, disponível no site da ECHA, não esteja atualizada.

A ficha “2A” não classifica os perigos, segundo os critérios do GHS, tampouco “outros
perigos que não resultam em uma classificação”. A ausência de classificação de
perigo impacta diretamente na classificação de risco da substância, e consequente
recomendação de medidas de prevenção, conforme seu uso.

A ficha “2B” classifica o perigo quanto à toxicidade aguda via oral e inalatória.
Entretanto, conforme já exposto, o ácido sulfúrico causa queimaduras logo após sua
ingestão e ulceração do sistema respiratório, após a exposição à névoas ácidas. As
classificações, mencionadas pela ficha “2B”, não foram consideradas no dossiê de
referência, em função de seu efeito corrosivo.

A classificação de carcinogenicidade, apresentada pela ficha “2B”, refere-se ao efeito


causado pelas névoas de ácido sulfúrico, decorrentes do uso da substância. Essa
informação é indicada corretamente na seção 11. O dossiê de referência apresenta
tal perigo como “outros perigos que não resultam em uma classificação”, por estar
associado ao uso de solução de ácido sulfúrico em concentrações elevadas em que
há formação de névoas (IARC, 2015).

A ficha “2B” também apresenta classificação correspondente à toxicidade para órgão


alvo específico – exposição única e repetida, quanto aos efeitos causados ao sistema
respiratório. Entretanto, é a inalação à névoa do ácido sulfúrico que poderá ocasionar
espirros, corrimento nasal, sensação de ardor na garganta, tosse, dificuldade em
respirar e outros efeitos ao sistema respiratório (IFA, 2015). Isso não é informado pela
ficha. O dossiê de referência também associa tais efeitos, causados pela névoa, aos
“perigos que não resultam em uma classificação”, segundo o GHS. Essa
inconsistência poderá impactar quando da determinação das medidas de prevenção
no uso da substância.

e) Manuseio e armazenamento (Seção 7 da ficha)

As fichas “2A” e “2B” apresentam informações semelhantes, quanto às medidas para


manuseio e armazenamento seguro e consistente, com os bancos de dados
77

consultados. Entretanto, ambas indicam a necessidade da remoção de fontes de


ignição, mesmo que o ácido sulfúrico não seja classificado como substância inflamável
ou combustível.

f) Controle da exposição (Seção 8 da ficha)

Ambas as fichas apresentam dados sobre limite de exposição conforme a ACGIH


(ACGIH, 2016). A Norma Regulamentadora 15 (BRASIL, 2015) não relata dados de
exposição para o ácido nítrico. Não há indicadores biológicos para esta substância
pela Norma Regulamentadora 7 (BRASIL, 2015) tampouco pela ACGIH (ACGIH,
2016)

Adicionalmente, a ficha “2A” menciona apenas os equipamentos de proteção


individual a serem utilizados, porém, não indica as medidas de controle de engenharia
necessárias para o uso da substância. Isso trará impacto nas recomendações de
medidas preventivas quanto ao uso da substância.

A ficha “2B” recomenda ventilação combinada com exaustão local, se houver


possibilidade de ocorrer formação de poeiras da substância, entretanto, o uso do ácido
sulfúrico não gera poeiras, mas sim pode gerar névoas. Tal inconsistência pode levar
à adoção de medidas preventivas equivocadas.

Ambas as fichas recomendam, como proteção respiratória, a utilização de máscara


com filtro para gases ácidos, porém, o mais indicado, é a utilização de máscara facial
inteira com filtro do tipo P1 para particulados. O tipo P1 é recomendado para proteção
contra névoas de ácidos inorgânicos (PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA, 2017).

O Quadro 12 apresenta, resumidamente, os principais problemas encontrados na


avaliação das fichas do ácido sulfúrico.

Quadro 12 – Principais problemas das fichas do ácido sulfúrico


Aspecto da ficha Ficha 2A Ficha 2B
Composição e informações sobre - Informação com erros ou - Informação com erros ou
os ingredientes imprecisões imprecisões.
Propriedades físico-químicas e - Informação com erros ou - Informação com erros ou
reatividade imprecisões imprecisões.
- Informação ausente - Informação ausente.
78

Informações toxicológicas - Informação com erros ou - Informação com erros ou


imprecisões imprecisões;
- Informação ausente
Identificação de perigos - Informação ausente - Informação com erros ou
imprecisões.
Manuseio e armazenamento - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões imprecisões;
Controle de exposição - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões imprecisões.
- Informação ausente

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

5.2.3 Amônia anidra

a) Composição e informação sobre os ingredientes (Seção 3 da ficha)

As fichas “3A” e “3B” informam quanto à presença ou não de impurezas que


contribuem para o perigo, conforme requerido pelo GHS. Entretanto a ficha “3A”
descreve as impurezas com nomes genéricos (resíduo total e óleo), sem especificar
número CAS ou classificação de perigo. Por se tratar de um gás, essa lacuna de
informações não irá impactar na classificação de perigos da substância.

b) Propriedades físico-químicas e reatividade (Seções 9 e 10 da ficha)

As fichas apresentam inconsistências quanto ao uso das expressões “não aplicável”


e “não disponível”. A ficha “3A” informa, por exemplo, que os dados para o ponto de
fulgor estão “não disponível”, entretanto, a amônia anidra é um gás, portanto tal
propriedade não se aplica à substância. Esta observação também é válida para a taxa
de evaporação, cujo valor é apresentado pela ficha "3A", enquanto na ficha “3B” os
dados para esta propriedade não foram determinados.

Na ficha “3A”, no item “inflamabilidade”, a amônia anidra é declarada como um gás


não inflamável, entretanto, esta informação é incompatível com as obtidas nos bancos
de dados consultados (IFA, 2015) e nas informações apresentadas na seção 10, que
deve ser evitado o contato com fagulhas e fontes de ignição.
79

A ficha “3B” não informa todas as substâncias que podem formar misturas explosivas,
com a amônia anidra, por exemplo, agentes oxidantes fortes, peróxido de hidrogênio
e misturas de gases oxidantes (IFA, 2015).

c) Propriedades toxicológicas (Seção 11 da ficha)

Os dados da ficha “3A”, para as classes de sensibilização respiratória e


mutagenicidade, divergem das informações obtidas nos bancos de dados
consultados. Não foram obtidos dados que caracterizem a sensibilização respiratória
(ECHA, 2017; IFA, 2015), tampouco resultados confiáveis de testes in vitro ou in vivo
disponíveis, que permitem concluir sobre o efeito mutagênico da amônia (ECHA,
2017; IFA, 2015), tal qual está declarado nessa ficha.

A ficha “3B” não apresenta as informações toxicológicas, conforme os requisitos do


GHS. Os dados de toxicidade aguda oral correspondem à solução aquosa de amônia,
porém, não são indicados na ficha. A toxicidade aguda oral não se aplica a
substâncias gasosas.

As inconsistências presentes nesta seção podem comprometer a classificação de


perigo da substância, levando a erros de classificação e, consequentemente, às
recomendações de medidas preventivas equivocadas.

d) Classificação e identificação de perigos (Seção 2 da ficha)

A classificação de perigo da substância é apresentada no Quadro 13.

Quadro 13 – Classificação de perigo da amônia anidra, segundo o GHS


Continua

Dossiê referência União Europeia Ficha 3A Ficha 3B


Gás inflamável. Cate- Gás inflamável. Gás sob pressão – gás Sem classifica-
goria 2 - H221 Categoria 2 - H221 liquefeito – H280 ção, segundo o
GHS
Gás sob pressão. Gás Toxicidade aguda por Toxicidade aguda por
liquefeito – H280 inalação. Categoria 3 – inalação. Categoria 3 –
H331 H331
80

Quadro 13 – Classificação de perigo da amônia anidra, segundo o GHS


Conclusão

Dossiê referência União Europeia Ficha 3A Ficha 3B


Toxicidade aguda por Corrosão/irritação a Corrosão/irritação a pele.
inalação. Categoria 3 – pele. Categoria 1B – Categoria 1A – H314
H331 H314
Corrosão/ irritação a Lesões oculares graves/
pele. Categoria 1A – irritação aos olhos –
H314 categoria 1 – H318
Lesões oculares gra- Sensibilização respiratória.
ves/irritação aos olhos. Categoria 1 – H334
Categoria 1 – H318
Mutagenicidade em células
germinativas. Categoria 2 –
H341
Toxicidade para órgão alvo
específico – exposição
única. Categoria 1 – H370
Toxicidade para órgão alvo
específico – exposição
repetida. Categoria 2 –
H373
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Nota: A fonte da classificação da ECHA, específica, foi retirada do site <echa.europa.eu/pt/home>.

A classificação de perigo, sugerida pelo dossiê de referência, difere da classificação


harmonizada da União Europeia apresentada no portal da ECHA:

Gás sob pressão – gás liquefeito: esta classe de perigo foi recentemente
incorporada no CLP/ GHS. Possivelmente, a classificação harmonizada,
disponível no site da ECHA, não está atualizada com a última versão do CLP/
GHS. A base de dados Gestis, que também segue o sistema europeu, apresenta
esta classe de perigo para a amônia anidra (IFA, 2015).
Lesões oculares graves/irritação ocular: de acordo com a frase de perigo,
referente à classe de corrosão/ irritação a pele – categoria 1 – H314 – provoca
queimaduras na pele e lesões oculares graves, se a substância foi classificada
como corrosiva a pele na categoria 1, automaticamente ela será classificada na
classe lesões oculares graves/ irritação ocular na categoria 1. O sistema de
classificação, anterior ao CLP/ GHS, não requeria essa dupla classificação.

A ficha “3A” não apresenta classificação para “gás inflamável”. Entretanto, a ficha
apresenta informações, em sua seção 9, que justificam tal classificação.
81

As classificações da ficha “3A”, quanto à sensibilização respiratória e mutagenicidade,


não estão de acordo com a sugerida no dossiê de referência. Os bancos de dados
consultados, não disponibilizam informações que justifiquem tais classificações
(ECHA, 2017; IFA, 2015).

Tocante às classes de toxicidade para órgão alvo especifico – exposição única e


repetida, a ficha “3A” apresenta classificação para ambas, devido a danos no sistema
respiratório. Entretanto, de acordo com informações dos bancos de dados
consultados, os efeitos da amônia são: irritação das membranas mucosas, em
especial das vias respiratórias para exposições em curto e longo prazo (IFA, 2015).
Tais efeitos levariam a uma classificação da substância como tóxica para órgão alvo
especifico – exposição única – categoria 3, entretanto, de acordo com os critérios do
GHS, esta classificação somente seria aplicável quando outros efeitos mais severos
ao trato respiratório não fossem observados (UNITED NATIONS, 2015).
Considerando que a amônia anidra é classificada como tóxica aguda por inalação,
para toxicidade a órgão alvo especifico – exposição única – categoria 3, não se faz
necessária.

A ficha “3B” não apresenta classificação de perigos, segundo os critérios do GHS.

As inconsistências, quanto à classificação de perigo, conduzem a análise e


consequente avaliação de riscos ineficientes, resultando em falhas na adoção de
medidas de prevenção.

e) Manuseio e armazenamento (Seção 7 da ficha)

As fichas “3A” e “3B” apresentam informações, em sua maioria, em concordância com


os bancos de dados consultados. Entretanto, a ficha “3A” recomenda que seja evitada
a formação de fumos, vapores ou névoas. A amônia anidra é um gás e, portanto, tal
informação não se aplica neste caso. Também recomenda que a substância seja
armazenada em tanques adequados, colocados na barreira de contenção, em caso
de vazamento, porém a amônia é um gás pressurizado e armazenado em cilindros,
sendo impossível sua transferência para tanques.
82

Ambas as fichas não contemplam a informação que, em contato com a pele, a amônia
anidra poderá ocasionar queimadura pelo frio (efeito froosbite) (IPCS, 2015). Foi
observada também a ausência da informação sobre a inspeção regular e a realização
de testes de vazamentos, nos cilindros e vasos de pressão que contém a substância
(IFA, 2015).

As inconsistências e lacunas apresentadas podem trazer consequências à adoção


das medidas de prevenção e controle dos riscos originados pelo uso da substância.

f) Controle da exposição (Seção 8 da ficha)

Ambas as fichas apresentam dados sobre limite de exposição, conforme a ACGIH


(ACGIH, 2016). A Norma Regulamentadora 15 (BRASIL, 2015) não relata dados de
exposição para o ácido nítrico. Não há indicadores biológicos para esta substância
pela Norma Regulamentadora 7 (BRASIL, 2015) e pela ACGIH (ACGIH, 2016).

As fichas “3A” e “3B” não indicam a necessidade de inspeções periódicas para


detectar vazamentos e a utilização de equipamentos elétricos e iluminação à prova de
explosão, em função da inflamabilidade da substância (IFA, 2015). Também, não
recomenda a utilização de luvas de isolamento térmico (pode-se usar luvas de couro),
para evitar o efeito de queimadura pelo frio (froosbite), causado pelo congelamento
do gás decorrente da rápida expansão (IPCS, 2015). Ocorrendo escape de gases,
deve-se utilizar máscara completa para proteção dos olhos (IFA, 2015), porém, essa
informação não é indicada pelas fichas.

As informações apresentadas são importantes para determinar, as medidas


preventivas, relacionadas ao uso seguro da substância. Sua ausência poderá
ocasionar impacto à segurança e saúde do trabalhador e às instalações.

O Quadro 14 apresenta, resumidamente, os principais problemas encontrados na


avaliação das fichas da amônia anidra.
83

Quadro 14 – Principais problemas das fichas da amônia anidra


Aspecto da ficha Ficha 3A Ficha 3B
Composição e informações - Informação com erros ou - Informação completa e correta
sobre os ingredientes imprecisões
Propriedades físico-químicas - Informação com erros ou - Informação com erros ou
e reatividade imprecisões imprecisões
- Informação ausente.
Informações toxicológicas - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões imprecisões
- Informação ausente
Identificação de perigos - Informação com erros ou - Informação ausente
imprecisões
Manuseio e armazenamento - Informação com erros ou - Informação ausente
imprecisões
- Informação ausente
Controle de exposição - Informação ausente - Informação ausente

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

5.2.4 Benzeno

a) Composição e informação sobre os ingredientes (seção 3 da ficha)

A ficha “4A” apresenta as informações, conforme os requisitos do GHS. Embora não


especifique o item “impurezas que contribuam para o perigo”, a composição declarada
é de 100% como benzeno e assim não haverá impacto na classificação de perigo.

A ficha “4B” contém as informações correspondentes à composição e sobre os


ingredientes na seção 2. A concentração de benzeno apresentada é de 99,5%, porém,
a ficha não apresenta o item relacionado às “impurezas que contribuam para o perigo”.
Considerando os processos industriais de obtenção do benzeno, os possíveis
contaminantes são hidrocarbonetos, menos perigosos, e a presença deles não
impactará na classificação de perigo.

b) Propriedades físico-químicas e reatividade (Seções 9 e 10 da ficha)

A ficha “4A” apresenta inconsistência quanto ao uso das expressões “não aplicável” e
“não disponível”. Informa, por exemplo, que os dados relativos ao pH não estão
disponíveis, entretanto para o caso do benzeno, a expressão adequada é “não
84

aplicável”. Também não apresenta informações disponíveis nos bancos de dados


consultados, por exemplo, limiar de odor e viscosidade.

Na ficha “4B” apenas algumas propriedades físicas, requeridas pelo GHS. Por
exemplo, não há dados sobre inflamabilidade, taxa de evaporação, pressão de vapor,
temperatura de autoignição e viscosidade. Esta lacuna poderá impactar, diretamente,
na classificação de perigo da substância, identificação dos riscos e indicação das
respectivas medidas de prevenção e controle.

Tanto a ficha “4A” quanto “4B” não informam risco de explosão do benzeno, quando
em contato com algumas substâncias, por exemplo, cloro, ácido nítrico e outros
agentes oxidantes (IFA, 2015). A ficha “4B” não apresenta algumas informações,
requeridas pelo GHS, como a indicação de produtos perigosos de decomposição e
estabilidade da substância.

A informação da ficha “4A”, sobre a liberação de formaldeído e cetona, como produtos


perigosos de decomposição, não foi confirmada pelos bancos de dados consultados.

As lacunas ou inconsistências de informações apontadas podem impactar na


indicação das medidas de prevenção e controle no uso da substância.

c) Propriedades toxicológicas (Seção 11 da ficha)

A ficha “4A” apresenta dados incompletos quanto às informações toxicológicas da


substância. Não indica dados para toxicidade aguda oral e inalatória, porém, estão
disponíveis nos bancos de dados consultados (IFA, 2015; ECHA, 2017; NITE, 2016).
Para as demais classes de perigo transcreve as frases de perigo (frases H),
correspondentes à classificação da substância, sem apresentar justificativas. Os
dados necessários para efetuar a classificação estão disponíveis nos bancos de
dados consultados para todas as classes de perigo.

As informações da ficha “4B”, para toxicidade aguda, divergem, em sua maioria, das
informações disponíveis nos bancos de dados consultados, para elaboração do dossiê
de referência. As demais informações não contemplam todos os efeitos adversos à
saúde requeridos pelo GHS. Não há dados sobre lesões oculares/irritação ocular,
85

sensibilização respiratória e a pele, toxicidade a reprodução, toxicidade para órgão


alvo específico e perigo por aspiração. Apresenta poucas informações
correspondentes à corrosão/irritação a pele, mutagenicidade e carcinogenicidade,
entretanto, elas são divergentes daquelas que constam nos bancos de dados
consultados.

Os problemas encontrados para esta seção podem impactar, diretamente, na


classificação de perigos da substância, identificação dos riscos e adoção de medidas
preventivas originados nos usos previstos para o benzeno.

d) Classificação e identificação de perigos (Seção 2 da ficha)

A classificação de perigo da substância é apresentada no Quadro 15.

Quadro 15 – Classificação de perigo do benzeno, segundo o GHS


Continua

Dossiê referência União Europeia Ficha 4A Ficha 4B


Líquido inflamável. Líquido inflamável. Cate- Líquido inflamável. Sem
Categoria 2 – H225 goria 2 – H225 Categoria 2 – H225 classificação,
segundo o GHS
Toxicidade aguda oral. Corrosão/irritação à pele. Toxicidade aguda oral.
Categoria 4 – H302 Categoria 2 – H315 Categoria 4 – H302
Corrosão/irritação à Lesões oculares graves/ Corrosão/irritação a
pele. Categoria 2 – irritação aos olhos. pele. Categoria 2 –
H315 Categoria 2 – H319 H315
Lesões oculares Mutagenicidade. Lesões oculares graves/
graves/ irritação aos Categoria 1B – H340 irritação aos olhos.
olhos. Categoria 2A – Categoria 2A – H319
H319
Mutagenicidade. Carcinogenicidade. Mutagenicidade.
Categoria 1B – H340 Categoria 1A – H350 Categoria 1B – H340
Carcinogenicidade. Toxicidade para órgão Carcinogenicidade –
Categoria 1A – H350 alvo específico – expo- categoria 1A – H350
sição repetida. Categoria
1 – H372
Toxicidade para órgão Perigo por aspiração. Toxicidade para órgão
alvo específico – expo- Categoria 1 – H304 alvo especifico – expo-
sição única. Categoria sição repetida.
3 – H336 Categoria 1 – H372
86

Quadro 15 – Classificação de perigo do benzeno, segundo o GHS


Conclusão

Dossiê referência União Europeia Ficha 4A Ficha 4B


Toxicidade para órgão Perigo por aspiração.
alvo especifico – expo- Categoria 1 – H304
sição repetida. Catego-
ria 1 – H372
Perigo por aspiração,
Categoria 1 – H304

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.


Nota: A fonte da classificação da ECHA, específica, foi retirada do site <echa.europa.eu/pt/home>.

A classificação de perigo, sugerida pelo dossiê de referência, difere da classificação


harmonizada da União Europeia, nos seguintes aspectos:

Toxicidade aguda via oral: de acordo com os dados de LD50, via oral, para ratos,
apresentados pela ECHA, e com o regulamento europeu para classificação de
perigos (não adota a categoria 5 de perigo para toxicidade aguda), a substância
não é classificada para esta classe. O dossiê de referência apresenta dados de
LD50 divergentes, entretanto, de acordo com os bancos de dados consultados, os
valores de LD50 oral para ratos variam conforme a idade e cepas utilizadas nos
testes. Assim, diferenças de classificação quanto à toxicidade aguda, via oral,
podem ocorrer.
Toxicidade para órgão alvo específico: exposição única – efeitos narcóticos – o
benzeno, após inalação por exposição única, poderá ocasionar efeitos sobre o
sistema nervoso central, como: vertigem, sensação de desorientação, dor de
cabeça e náusea. Entretanto, após interrupção da exposição, a recuperação é
rápida. Assim, tais efeitos, levam à classificação para toxicidade para órgão alvo
específico, na categoria 3.

Analogamente à classificação harmonizada da União Europeia, a ficha “4A” não


classifica a substância como tóxica para órgão específico – exposição única –
categoria 3. Também não especifica qual o órgão afetado pela exposição repetida,
conforme classificação. Segundo os bancos de dados consultados, o principal alvo da
atividade tóxica do benzeno, por exposição repetida, é o sistema hematopoiético,
especialmente a medula óssea.
87

A ficha “4B” não apresenta classificação, segundo os critérios do GHS.

e) Manuseio e armazenamento (Seção 7 da ficha)

A ficha “4A” não informa que o benzeno deve ser utilizado em sistemas fechados,
conforme artigo 4º da Convenção 136 da OIT, promulgada pelo Decreto 1.253, de 27
de setembro de 1994. Algumas medidas adicionais, para o manuseio seguro, também
não foram apresentadas, como: fornecimento de boa ventilação na área de trabalho,
sendo que o ar exaurido pelo sistema de ventilação, não deve ser devolvido à área de
trabalho, necessidade de chuveiro de emergência. A ficha também informa que se
deve evitar a produção de névoa ou vapores, por aquecimento do recipiente aberto
(IFA, 2015). Entretanto, o benzeno somente deve ser utilizado em sistemas fechados,
sem contato do trabalhador com a substância.

A ficha “4B” também não apresenta informações que subsidiem o manuseio a


armazenamento seguro ao usuário, conforme requerido pelo GHS.

As inconsistências apresentadas pelas fichas impactam, diretamente, na seleção das


medidas de prevenção no uso da substância, e dos possíveis efeitos adversos à saúde
humana.

f) Controle da exposição (seção 8 da ficha)

A seção 8, da ficha “4A”, não apresenta os limites de exposição ocupacional


estabelecidos pela NR-15 ou propostos pela American Conference of Governmental
Industrial Hygienists (ACGIH). Informa apenas os valores de Derived No-Effect
Level/Derived Minimal Effect Levels (DNEL/DMEL) como referência para controle de
exposição. A indicação do DNEL/DMEL é um requisito do regulamento europeu
(Registration, Evaluation, Authorization and Restriction of Chemicals – REACH) para
Registro, Avaliação e Autorização para Substâncias Químicas, e corresponde ao nível
de exposição a uma pessoa, sem efeito adverso ou com efeitos mínimos. Esses
valores são derivados de estudos de toxicidade experimental com animais. Diferem
da definição dos limites de exposição ocupacional, fornecidos pela legislação
brasileira e pela ACGIH. A ficha “4B” não apresenta dados referentes ao limite de
exposição ocupacional.
88

Ambas as fichas não apresentaram dados referentes aos indicadores biológicos,


disponibilizados pela ACGIH (ACGIH, 2016).

As informações da ficha “4A”, para o item “medidas de controle de engenharia”, não


contemplam a necessidade de sistemas fechados para uso do benzeno. Neste mesmo
item, a ficha declara que é necessário sistema de exaustão local para controle de
poeira, entretanto, o benzeno é uma substância líquida e não gera poeira. As
recomendações de equipamentos, de proteção individual, não descrevem o tipo de
luva a ser utilizada para proteção das mãos, remetendo essa responsabilidade ao
fornecedor do EPI; além de recomendar o uso de avental de borracha, sendo que o
benzeno reage com este tipo de material (IPCS, 2015).

A ficha “4B” apresenta poucas informações sobre a utilização de equipamentos de


proteção individual.

Os problemas apresentados pelas fichas, para esta seção, impactam diretamente na


seleção das medidas de prevenção e controle a serem adotadas e,
consequentemente, na prevenção dos danos ocasionados à saúde dos trabalhadores.

O Quadro 16 apresenta, resumidamente, os principais problemas encontrados na


avaliação das fichas do benzeno.

Quadro 16 – Principais problemas das fichas do benzeno


Continua

Aspecto da ficha Ficha 4A Ficha 4B


Composição e informações sobre - Informação completa e - Informação ausente
os ingredientes correta
Propriedades físico-químicas e - Informação com erros ou - Informação ausente
reatividade imprecisões
- Informação ausente.
Informações toxicológicas - Informação corretas, mas - Informação com erros ou
incompletas imprecisões
- Informação ausente
89

Quadro 16 – Principais problemas das fichas do benzeno


Conclusão

Aspecto da ficha Ficha 4A Ficha 4B


Identificação de perigos - Informação ausente - Informação ausente
Manuseio e armazenamento - Informação com erros ou - Informação ausente
imprecisões
- Informação ausente.
Controle de exposição - Informação com erros ou - Informação ausente
imprecisões
- Informação ausente

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

5.2.5 Gás cloro

a) Composição e informação sobre os ingredientes (Seção 3 da ficha)

A ficha “5A” apresenta todos os elementos exigidos pelo GHS, para esta seção, e de
acordo com as informações declaradas no dossiê.

A ficha “5B”, embora mencione a concentração de cloro, não especifica o subitem


referente às impurezas que contribuem para o perigo. Como a concentração de cloro
apresentada é de 100%, não haverá impacto na classificação e, consequentemente,
nas medidas de prevenção e controle.

b) Propriedades físico-químicas e reatividade (Seções 9 e 10 da ficha)

As fichas “5A” e “5B” apresentam as propriedades físico-químicas, solicitadas pelo


GHS, para esta seção. Entretanto, ocorreu equívoco nos conceitos entre os termos
“não aplicável” e “não disponível”. Tanto a ficha “5A” quanto a ficha “5B” não
apresentam dados de taxa de evaporação, densidade de vapor e temperatura de
ignição, justificando como um dado “não disponível”. Porém, por ser uma substância
gasosa e não inflamável, os dados para as propriedades são considerados “não
aplicável”. Tais imprecisões, neste caso, não contribuem para erros na classificação
de perigo e/ou na determinação de medidas de prevenção e controle.

Tanto a ficha “5A” quanto a ficha “5B” omitem informações relativas à reatividade da
substância. A ficha “5A” não declara que o cloro gás é incompatível com agentes
90

redutores, óleos e graxas. Além disso, o subitem “condições a serem evitadas” omite
a informação de “evitar o contato com umidade” (IFA, 2015). De maneira análoga, a
ficha “5B” não informa que o gás cloro reage com materiais combustíveis, e pode
reagir com outras substâncias redutoras (IFA, 2015). Todas essas lacunas
comprometem as medidas de prevenção e controle, especialmente em respeito ao
armazenamento seguro dessa substância.

c) Propriedades toxicológicas (Seção 11 da ficha)

As fichas “5A” e “5B” apresentam informações para todas as classes de perigos à


saúde. Entretanto, as informações toxicológicas, apresentadas pela ficha “5B”, são
sucintas, relatando apenas as frases H da classificação proposta.

As duas fichas apresentam dados equivocados, sobre corrosão a pele e danos aos
olhos, pois, de acordo com informações dos bancos de dados consultados, o gás cloro
é uma substância irritante à pele e olhos (ECHA, 2017). Essa informação implica em
erro na classificação de perigo e, consequentemente, na recomendação de medidas
preventivas como, na indicação dos equipamentos de proteção individual apropriados.

Ao comparar as informações sobre sensibilização respiratória e à pele, nas fichas “5A”


e “5B”, com aquelas organizadas no dossiê de referência, verifica-se que os efeitos à
saúde, apresentados nas fichas, correspondem às classes de perigo de toxicidade
para órgão alvo específico – exposição única e corrosão/irritação a pele,
respectivamente. Assim, pode-se inferir que ocorreu interpretação equivocada dos
critérios estabelecidos pelo GHS, que pode resultar em classificação duvidosa e,
consequentemente, na recomendação inadequada de medidas de prevenção e
controle.

A ficha “5A” apresenta informações correspondentes à classe de perigo por aspiração.


Entretanto, o conceito de aspiração, segundo o GHS, refere-se à entrada de um
produto líquido ou sólido na traqueia ou nas vias respiratórias inferiores, diretamente
pela cavidade bucal ou nasal, ou indiretamente por regurgitação. Portanto, esta classe
de perigo não se aplica ao cloro no estado gasoso.

d) Classificação e identificação de perigos (Seção 2 da ficha)


91

A classificação de perigo da substância é apresentada no Quadro 17.

Quadro 17 – Classificação de perigo do gás cloro, segundo o GHS


Dossiê referência União Europeia Ficha 5A Ficha 5B
Gás oxidante. Gás oxidante. Cate- Gás sob pressão – Gás oxidante. Categoria 1
Categoria 1 – H270 goria 1 – H270 gás liquefeito – H280 – H270
Gás sob pressão – Gás sob pressão – Corrosivo p metais. Gás sob pressão – gás
gás liquefeito – gás liquefeito – H280 Categoria 1 – H290 liquefeito – H280
H280
Toxicidade aguda Toxicidade aguda Toxicidade aguda Toxicidade aguda inala-
inalatória. Categoria inalatória. Categoria inalatória. Categoria tória. Categoria 2 – H330
2- H330 3 – H331 2 – H330
Corrosão/ irritação a Corrosão/ irritação a Corrosão/irritação a Corrosão/ irritação a pele.
pele. Categoria 2 – pele. Categoria 2 – pele. Categoria 1C – Categoria 1A – H314
H315 H315 H314
Lesão ocular grave/ Lesão ocular grave/ Lesão ocular grave/ Lesão ocular grave/
irritação ocular. irritação ocular. irritação ocular. Cate- irritação ocular. Categoria 2
Categoria 2 – H319 Categoria 2 – H319 goria 1 – H318 – H319
Toxicidade p órgão Toxicidade para Sensibilização respi- Toxicidade para órgão alvo
alvo específico – órgão alvo específico ratória. Categoria 1 – específico. Categoria 3 –
exposição única. – exposição única. H334 H335
Categoria 3 – H335 Categoria 3 – H335
Sensibilização a pele.
Categoria 1 – H317
Perigo por aspiração.
Categoria 1 – H304

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.


Nota: A fonte da classificação da ECHA, específica, foi retirada do site <echa.europa.eu/pt/home>.

A classificação proposta, pelo dossiê de referência, discorda da classificação


harmonizada, disponibilizada pela União Europeia, quanto à categoria de perigo para
a classe de toxicidade aguda, via inalatória. Entretanto, a disponível no site da ECHA,
possivelmente está desatualizada, visto que os dados de LC50, ali informados, estão
de acordo com os critérios para a classificação na categoria 2. Além disso, o banco
de dados Gestis apresenta a classificação de perigos, na categoria 2, segundo a União
Europeia.

As fichas “5A” e “5B” apresentam divergências de classificação, quando comparado


ao dossiê de referência. Na ficha “5A” há excesso de informações não exigidas pelo
92

GHS; como classificação de perigo, segundo a norma americana National Fire


Protection Association (NFPA), utilizando o diamante de Hommel5.

Na ficha “5A” também consta a classificação do gás cloro, como corrosivo a metais,
mas, está em desacordo com a classificação apresentada pela ECHA. Nos
levantamentos realizados não há dados que a justifiquem. Entretanto, essa mesma
ficha, não indica a classificação do gás cloro como oxidante.

A ficha “5A” apresenta classificação quanto à corrosão/irritação a pele, na categoria


1C, assim como para a classe de lesão ocular grave/irritação ocular na categoria 1.
Entretanto, segundo dados disponíveis em banco de dados consultados, o gás cloro
não causa corrosão, mas irritação à pele e aos olhos (ECHA, 2017), sendo classificado
para ambas as classes de perigo, na categoria 2. Assim, como em “5A”, a ficha “5B”
também classifica o cloro como corrosivo à pele, categoria 1.

Em relação à sensibilização respiratória e à pele, a classificação apresentada pela


ficha “5A” está em desacordo com as informações disponíveis nos bancos de dados,
visto que não há indicação de potencial de sensibilização à pele, tampouco
confirmação de efeitos sensibilizantes às vias respiratórias, correspondentes ao gás
cloro. A ficha “5A”, ainda classifica a substância, como tóxico por aspiração.
Entretanto, esta classe de perigo não se aplica ao cloro gasoso.

Finalmente, a ficha “5A” não classifica a substância na classe toxicidade para órgão
alvo específico – exposição única – vias respiratórias. Entretanto, dados disponíveis
nos bancos de dados consultados, apontam para esta classificação em consequência
de seus efeitos irritantes no sistema respiratório.

No subitem “outros perigos que não resultam em classificação”, a ficha “5B” apresenta
efeitos relacionados à irritação do trato respiratório, entretanto, a ficha já classifica a
substância como tóxica para órgão alvo específico – exposição única para vias

5 O Diamante de Hommel, ou diagrama de Hommel, é uma simbologia aplicada em diversos países


para mostrar o nível de periculosidade dos elementos químicos, presentes em um produto. Embora
não informe as substância químicas, presentes no local, mostra, de forma simples, os tipos e os graus
de risco, determinados pela representação em cores. Em um rótulo, permite o entendimenta rápido a
respeito do manuseio do conteúdo representado (http://blog.seton.com.br/saiba-o-que-e-o-diamante-
de-hommel.html).
93

respiratórias, sendo esta informação dispensável neste item. Da mesma maneira, não
se faz necessária nesta seção a declaração de equipamentos de proteção individual,
utilizado em caso de emergência que devem constar em outra seção da ficha.

e) Manuseio e armazenamento (Seção 7 da ficha)

A ficha “5A” demonstra omissão quanto às medidas de manuseio seguro. Por


exemplo, como o gás cloro é usado em sistemas fechados, a ficha não indica a
necessidade e importância da verificação dos vazamentos de gás, tampouco
recomenda que somente pessoas, com permissão de trabalho, poderão realizar
manutenção nos cilindros ou vasos fechados (IFA, 2015). Em geral, não estabelece
medidas específicas para manuseio seguro dos cilindros de cloro, o que impacta
diretamente no controle dos riscos originados nos usos dessa substância.

As frases de precaução (frases P), utilizadas pela ficha “5A”, derivadas da


classificação de perigo, comprometem a indicação das medidas seguras para o
manuseio e armazenamento da substância. Por exemplo, em função da não
classificação do gás cloro, como gás oxidante, no item “medidas de manuseio”, não é
informado manter isentos de óleos e graxas todas as válvulas, acessórios e
equipamentos, que possam entrar em contato com gases oxidantes.

A ficha “5B” apresenta, de maneira satisfatória, as medidas de manuseio e


armazenamento seguro, de acordo com as frases P apresentadas na seção 2.

f) Controle da exposição (Seção 8 da ficha)

Ambas as fichas apresentam dados sobre o limite de exposição, conforme a Norma


Regulamentadora 15 (BRASIL, 2015) e ACGIH (ACGIH, 2016). Não há indicadores
biológicos para esta substância pela Norma Regulamentadora 7 (BRASIL, 2015) e
pela ACGIH (ACGIH, 2016).

A ficha “5A” não informa que o gás cloro deve ser utilizado em sistemas fechados.
Também, apresenta informação equivocada em perigos térmicos, solicitando proteção
pessoal no manuseio da substância aquecida, sendo que o gás cloro poderá causar
queimaduras provocadas pelo frio (efeito frostbite) (IPCS, 2015). Além disso, a ficha
94

indica equipamento de proteção individual equivocado, como óculos contra respingos,


já que o cloro está no estado gasoso.

De modo geral, as informações declaradas pela ficha “5B”, para esta seção, são
adequadas.

O Quadro 18 apresenta, resumidamente, os principais problemas encontrados na


avaliação das fichas do gás cloro.

Quadro 18 – Principais problemas das fichas do gás cloro


Aspecto da ficha Ficha 5A Ficha 5B
Composição e informações - Informação completa e - Informação ausente.
sobre os ingredientes correta

Propriedades físico-químicas e - Informação com erros ou - Informação com erros ou


reatividade imprecisões; imprecisões;
- Informação ausente. - Informação ausente.
Informações toxicológicas - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões. imprecisões;
- Informação correta, mas
incompleta.
Identificação de perigos - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões. imprecisões.
Manuseio e armazenamento - Informação ausente. - Informação completa e
correta
Controle de exposição - Informação ausente. - Informação completa e
- Informação com erros ou correta
imprecisões.

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

5.2.6 1,2 – Dicloroetano

a) Composição e informação sobre os ingredientes (Seção 3 da ficha)

Na ficha “6A”, subitem “impurezas que contribuem para o perigo”, consta a informação
“não disponível”. Entretanto, o GHS exige que na existência de impurezas, que
direcione para uma classificação, estas devem ser declaradas. Essa lacuna não
impactará na classificação de perigo da substância, pois, de acordo com os dados
estruturados no dossiê de referência do 1,2-dicloroetano, não são conhecidas
impurezas que contribuam para uma classificação de perigo.
95

A ficha “6B” apresenta as informações em concordância com o dossiê de referência.

b) Propriedades físico-químicas e reatividade (Seções 9 e 10 da ficha)

A ficha “6A” apresenta as informações de propriedades físico-químicas requeridas


pelo GHS, concordante também, com os dados organizados no dossiê de referência.
Foi identificada imprecisão quanto ao uso dos termos “não disponível” e “não
aplicável” para as fichas “6A” e “6B”. A ficha “6A” informa que o valor do pH “não está
disponível”, entretanto, o termo adequado seria “não aplicável”. A ficha “6B” não
apresenta dados como taxa de evaporação, densidade de vapor, densidade relativa e
viscosidade, justificando que não estão disponíveis, porém, foram encontrados em
bancos de dados, quando da elaboração do dossiê de referência. Como a viscosidade
é um parâmetro utilizado na classificação, quanto ao perigo por aspiração, a sua
ausência poderá comprometer a classificação da substância nessa classe de perigo.

A ficha “6A” não informa sobre os produtos de decomposição do 1,2-dicloroetano,


entretanto tais informações estão disponíveis nos bancos de dados, consultados para
elaboração do dossiê de referência. A substância pode formar cloreto de hidrogênio,
fosgênio, dioxinas e outros produtos tóxicos de decomposição (IFA, 2015). A ausência
dessa informação impactará diretamente nas respectivas medidas de proteção em
situações de incêndio ou aquecimento.

A ficha “6B” não informa sobre a possibilidade de reações perigosas, sendo que estão
acessíveis nas bases de dados consultadas. O 1,2-dicloroetano apresenta risco de
explosão em contato com metais alcalinos e pós-metálicos, porém isso não é
declarado, o que trará impacto às medidas de prevenção e controle, principalmente
quanto ao armazenamento da substância (IFA, 2015).

c) Propriedades toxicológicas (Seção 11 da ficha)

As fichas “6A” e “6B” não apresentam informações toxicológicas para algumas classes
de perigo. A ficha “6A” não informa para a classe de toxicidade para órgão alvo
especifico – exposição única, sendo que informações obtidas nos banco de dados
consultados indicam, por meio de testes em animais, que o 1,2-dicloroetano causa
danos ao fígado e rins, por exposição única (IPCS, 2015; IARC, 2017). Também não
96

apresenta dados referentes à classe de perigo por aspiração, alegando que não estão
disponíveis na literatura. Entretanto, de acordo com as informações constantes no
dossiê de referência, o risco de aspiração da substância deve ser considerado,
particularmente para crianças (ATSDR, 2017). Essas lacunas afetam diretamente na
classificação de perigos da substância.

A ficha “6B” apresenta dados de toxicidade aguda oral para camundongos, porém não
apresenta informações quanto à toxicidade aguda dérmica e inalatória. Os dados
constam da literatura (IFA, 2015).

As informações constantes na seção 11 da “ficha 6B” são insuficientes, em sua


maioria, para subsidiar uma classificação de perigo. Por exemplo, as classes
corrosão/irritação a pele e lesão ocular grave/irritação ocular, transcrevem as frases
de perigo H, não acrescentando qualquer informação adicional que justifique a
classificação. As informações para a classe de sensibilização respiratória e à pele não
estão de acordo com os dados estruturados no dossiê de referência, pois não foram
encontrados, resultados de testes ou estudos que demonstrem que a substância
possa causar sensibilização, tanto à pele quanto respiratória. As lacunas e
inconsistências apresentadas, em relação à ficha “6B”, podem induzir a erros na
classificação de perigos da substância e, consequentemente, impactam na
identificação dos riscos nos usos previstos e indicação de medidas de prevenção e
controle.

d) Classificação e identificação de perigos (Seção 2 da ficha)

A classificação de perigo da substância é apresentada no Quadro 19.

Quadro 19 – Classificação de perigo do 1,2 – dicloroetano, segundo o GHS


Continua

Dossiê referência União Europeia Ficha 6A Ficha 6B


Líquido inflamável. Líquido inflamável. Líquido inflamável. Líquido inflamável.
Categoria 2 – H225 Categoria 2 – H225 Categoria 2 – H225 Categoria 2 – H225
Toxicidade aguda oral. Toxicidade aguda oral. Toxicidade aguda Toxicidade aguda
Categoria 4 – H302 Categoria 4 – H302 oral. Categoria 4 – oral. Categoria 4 –
H302 H302
97

Quadro 19 – Classificação de perigo do 1,2 – dicloroetano, segundo o GHS


Conclusão

Dossiê referência União Europeia Ficha 6A Ficha 6B


Toxicidade aguda Corrosão/irritação a Corrosão/irritação a Lesão ocular grave/
dérmica. Categoria 5 – pele. Categoria 2 – pele. Categoria 2 – irritação ocular.
H313 H315 H315 Categoria 2B –
H320
Corrosão/irritação a pele. Lesão ocular grave/ Lesão ocular grave/ Sensibilização
Categoria 2 – H315 irritação ocular. irritação ocular. respiratória.
Categoria 2 – H319 Categoria 2A – H319 Categoria 1 – H334
Lesão ocular grave/ Carcinogenicidade. Carcinogenicidade. Sensibilização a
irritação ocular. Categoria Categoria 1B – H350 Categoria 1B – H350 pele. Categoria 1 –
2B – H320 H317
Carcinogenicidade. Toxicidade p órgão alvo Toxicidade p órgão Carcinogenicidade.
Categoria 1B – H350 específico – exposição alvo específico – Categoria 2 – H351
única. Categoria 3 – exposição única.
H335 Categoria 3 – H335 e
H336
Toxicidade para órgão Toxicidade p órgão Toxicidade para
alvo específico – alvo específico – órgão alvo
exposição única. exposição repetida. específico –
Categoria 2 – H371 Categoria 1 – H373 exposição única.
Categoria 3 – H335
Toxicidade para órgão Toxicidade para
alvo específico – órgão alvo
exposição única. específico –
Categoria 3 – H335 exposição repetida.
Categoria 2 – H373
Perigo por aspiração. Perigo por
Categoria 2 – H305 aspiração. Categoria
2 – H305
Fonte: Dados da pesquisa, 2016.
Nota: A fonte da classificação da ECHA, específica, foi retirada do site <echa.europa.eu/pt/home>.

A classificação de perigo, sugerida pelo dossiê de referência, difere da classificação


harmonizada da União Europeia, nos seguintes aspectos:

Toxicidade aguda via dérmica: o regulamento europeu do CLP/ GHS não adota a
categoria 5 para a classificação quanto à toxicidade aguda. Isso resulta em
diferenciação na classificação, visto que o Brasil adota integralmente todas as
classes e categorias de perigo propostos pelo GHS.
Lesão ocular grave/irritação ocular: o CLP/ GHS considera a categoria 2 desta
classe como única e não propõe a subdivisão nas categorias 2A e 2B, adotando a
frase H319 – Provoca irritação ocular grave.
98

Toxicidade para órgão alvo específico: exposição única – de acordo com os


estudos da literatura, para o dossiê de referência, os principais efeitos causados
pela exposição aguda, do 1,2-dicloroetano, são: efeitos ao trato respiratório, danos
aos rins e ao fígado (IPCS, 2015; IARC, 2017). A ECHA considera, em sua
classificação, apenas os efeitos ao trato respiratório.
Perigo por aspiração: o regulamento da União Europeia adota somente a categoria
1 para esta classe de perigo, portanto não apresenta classificação na categoria 2
prevista pelo GHS.

A ficha “6B” apresenta excesso de informações quanto à classificação de perigos. São


baseadas em outros sistemas, que não os requeridos pelo GHS nesta seção, por
exemplo, o sistema americano da NFPA.

As fichas “6A” e “6B” não apresentam a classificação de perigo, correspondente à


toxicidade aguda via dérmica. Quanto à ficha “6A”, os dados de LD50 via dérmica,
apresentados na seção 11, subsidiam esta classificação de perigo. Já a ficha “6B” não
informou sobre a toxicidade aguda via dérmica, impossibilitando tal classificação.

A ficha “6B” não classifica a substância como irritante à pele, entretanto em sua seção
11, declara que o 1,2-dicloroetano causa irritação a pele com vermelhidão.

A ficha “6A” apresenta ligeira divergência quanto à categoria da classe “lesão ocular
grave/irritação a pele”, em relação ao dossiê de referência. A ficha classifica a
substância na categoria 2 (de acordo com a frase H, corresponde à categoria 2A),
entretanto, o dossiê de referência sugere a categoria 2B.

A classificação, quanto à sensibilização respiratória e a pele, apresentada pela ficha


“6B”, não é consistente com a sugerida pelo dossiê de referência. Não foram
encontrados dados na literatura que subsidiem tal classificação. Embora a ficha
apresente informações na seção 11, para esta classe, são transcrição das frases H,
não agregando dados adicionais.

A classificação apresentada pela ficha “6B”, para carcinogenicidade na categoria 2,


diverge da sugerida pelo dossiê de referência (carcinogenicidade categoria 1B). A
ficha “6B” indica que se baseou na indicação do IARC (grupo 2B) e na informação de
99

estudos, que demonstraram efeitos carcinogênicos em animais, porém, não em seres


humanos. De acordo com os estudos disponíveis em animais e os critérios do GHS,
para esta classe, indicam que o 1,2-dicloroetano é um provável carcinogênico para
humanos (IARC, 2017; IFA, 2015).

As fichas “6A” e “6B” classificam apenas a substância na classe toxicidade para órgão
alvo específico – exposição única – categoria 3 – efeitos ao trato respiratório,
entretanto, de acordo com os dados organizados no dossiê de referência, além do
trato respiratório, os principais efeitos não letais, causados pela exposição aguda do
1,2-dicloroetano, são danos aos rins e ao fígado.

As classificações apresentadas para as fichas “6A” e “6B”, para toxicidade para órgão
alvo específico – exposição repetida, não são recomendadas. O 1,2-dicloroetano
produz efeitos aos rins, fígado e sistema nervoso central, após exposição aguda
(exposição única). O guia europeu que auxilia na aplicação dos critérios de
classificação do Classification, Labelling and Packaging (CLP)/ GHS, (ECHA, 2015),
considera que ao observar a mesma toxicidade para órgãos alvo de similar gravidade,
após a exposição única e repetida, pode-se concluir que a toxicidade é
essencialmente derivada do efeito agudo (isto é, exposição única) sem acumulação
ou exacerbação da toxicidade, com exposição repetida. Nesse caso, somente a
classificação para toxicidade, para órgão alvo específico – exposição única seria
apropriada.

A ficha “6A” não apresenta classificação quanto ao perigo por aspiração e justifica que
“não há dados na literatura” que subsidiem tal classificação. Entretanto, o dossiê de
referência apresenta dados, por exemplo, viscosidade, que permitem classificar o 1,2-
dicloroetano como perigoso por aspiração, na categoria 2.

No item “outros perigos” desta seção, as fichas “6A” e “6B” não informam que, em
contato com superfícies quentes ou chamas, o 1,2-dicloroetano produz fumos tóxicos
e corrosivos, incluindo cloreto de hidrogênio, fosgênio e monóxido de carbono (IFA,
2015). Entretanto, a ficha “6A”, apresenta esta informação na seção 5 (perigos
específicos da substância em caso de incêndio).
100

e) Manuseio e armazenamento (Seção 7 da ficha)

A ficha 6A apresenta informações incompletas. O 1,2-dicloroetano é um líquido


inflamável e ela não faz recomendações sobre o uso de equipamentos à prova de
explosão (ventilação, iluminação e manuseio), nem sobre o uso de ferramentas
antifaíscas (IFA, 2015). Também, não menciona a necessidade da utilização de
respiradores, quando a ventilação for inadequada (IFA, 2015) – a inalação de vapores
é considerada via de exposição crítica para a substância.

A falta de outras informações impacta, diretamente na recomendação de medidas de


prevenção e controle.

A ficha “6B” apresenta, satisfatoriamente, as medidas de manuseio e armazenamento


seguro.

f) Controle da exposição (Seção 8 da ficha)

Ambas as fichas apresentam dados sobre limite de exposição, conforme a Norma


Regulamentadora 15 (BRASIL, 2015) e ACGIH (ACGIH, 2016). Não há indicadores
biológicos para esta substância pela Norma Regulamentadora 7 (BRASIL, 2015) e
pela ACGIH (ACGIH, 2016).

As informações estão incompletas para as fichas “6A” e “6B”. As medidas de controle


de engenharia não indicam a utilização de sistemas fechados e a necessidade de boa
ventilação na área de trabalho (IFA, 2015). A mistura ar-vapor de 1,2-dicloroetano é
mais densa que o ar e pode se acumular nas partes inferiores.

Há falta de informações, em ambas as fichas, quanto à utilização de equipamentos de


proteção individual. Para a ficha “6A” não é necessário roupa de proteção antiestética
quando houver possibilidade de ignição, por eletricidade estática. A ficha “6B” indica
a necessidade de óculos de proteção contra respingos, entretanto, segundo
informações do dossiê de referência, pode ser necessária a utilização de protetor
facial ou protetor aos olhos, em combinação com proteção respiratória, dependendo
do nível de exposição (IFA, 2015).
101

As lacunas ou inadequações encontradas nas fichas, para esta seção, poderão


acarretar problemas na seleção das medidas preventivas necessárias, no uso dessa
substância.

O Quadro 20 resume os principais problemas encontrados na avaliação das fichas do


1,2-dicloroetano.

Quadro 20 – Principais problemas das fichas do 1,2-dicloroetano


Aspecto da ficha Ficha 6A Ficha 6B
Composição e informações - Informação com erros - Informação completa e correta
sobre os ingredientes ou imprecisões
Propriedades físico-químicas - Informação com erros - Informação com erros ou
e reatividade ou imprecisões imprecisões
- Informação ausente. - Informação ausente.
Informações toxicológicas - Informação ausente - Informação com erros ou
imprecisões
- Informação ausente
Identificação de perigos - Informação com erros - Informação com erros ou
ou imprecisões imprecisões
- Informação ausente. - Informação ausente.
Manuseio e armazenamento - Informação correta, - Informação completa e correta
mas incompleta
Controle de exposição - Informação ausente - Informação ausente.
- Informação correta, - Informação correta, mas
mas incompleta incompleta

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

5.2.7 Monômero de estireno

a) Composição e informação sobre os ingredientes (Seção 3 da ficha)

A ficha “7A” considera impureza correspondente à concentração de 0,0025%, da


substância 4-terc-butilcatecol. O GHS exige que quaisquer impurezas e/ou aditivos,
classificados como perigosos e que contribuam para a classificação de perigo, sejam
apresentados nesta seção. Entretanto, a concentração da impureza não representa
perigo adicional, segundo os valores de corte das classes de perigo do GHS. A
presença dessa informação poderá causar confusão para o usuário, quanto a análise
de risco da substância.
102

A ficha “7B” apresenta todas as informações, em concordância com o que exige o


GHS.

b) Propriedades físico-químicas e reatividade (Seções 9 e 10 da ficha)

A ficha “7A” não menciona todas as propriedades físico-químicas, solicitadas pelo


GHS, como taxa de evaporação e temperatura de decomposição.

A ficha “7B” apresenta inconsistências quanto à utilização dos termos “não aplicável”
e “não disponível”. A ficha declara que a informação de pH é “não disponível”,
entretanto, o adequado seria mencionar “não aplicável”.

Quanto a reatividade, as fichas “7A” e “7B” não apresentam a informação de perigo


de incêndio e explosão, quando o monômero de estireno entra em contato com sais
metálicos, peróxidos e ácidos fortes (IFA, 2015). A ficha “7A” não declara que a
substância corrói borracha, cobre e ligas de cobre (IPCS, 2017), enquanto a ficha “7B”
não informa que o monômero de estireno, em contato com sódio, tricloreto de alumínio
e azoisobutironitrilo poderá polimerizar-se (IFA, 2015). A ausência dessas
informações gera impacto direto na identificação de riscos e adoção de medidas de
prevenção e controle.

c) Propriedades toxicológicas (Seção 11 da ficha)

As fichas apresentam inconsistências nas informações toxicológicas e/ou deixam de


apresentar informações relevantes.

A ficha “7A” apresenta valores correspondentes à toxicidade aguda, por inalação


como LD50. Em geral, os testes de toxicidade aguda, por inalação, fornecem
resultados expressos como LC50, ou seja, a concentração letal que causa a morte de
50% de um grupo de animais de teste e, geralmente, se referem à concentração da
substância no ar. Possivelmente, há equívoco nos dados, o que poderá causar
impacto direto na classificação de perigo da substância.

A informação correspondente à toxicidade aguda via dérmica, apresentada pela ficha


“7A”, não corresponde às informações obtidas nos bancos de dados consultados
103

(ECHA, 2017). A ficha “7B” não apresenta informações de toxicidade aguda,


correspondente a essa via de exposição. Para as fichas “7A” e “7B” a classificação de
perigo resultante pode ser impactada.

A ficha “7A” não menciona as classes de sensibilização à pele e respiratória, perigo


por aspiração e toxicidade para órgãos alvo específicos – exposição única e repetida.
A informação correspondente à classe de toxicidade, para órgão alvo especifico –
exposição repetida, é fornecida no subitem “outros dados” (a perda de audição em
animais e danos ao sistema nervoso central). A ausência dessas informações impacta
na classificação de perigo e, consequentemente, na avaliação de riscos originadas
nos usos da substância.

A ficha “7B” não apresenta informações sobre efeitos ao sistema auditivo (IFA, 2015),
em consequência de exposição repetida à substância no subitem correspondente.

d) Classificação e identificação de perigos (Seção 2 da ficha)

A classificação de perigo da substância é apresentada no quadro 21.

Quadro 21 – Classificação de perigo do monômero de estireno, segundo o GHS


Continua

Dossiê referência União Europeia Ficha 7A Ficha 7B


Líquido inflamável. Líquido inflamável. Líquido inflamável. Líquido inflamável.
Categoria 3 – H226 Categoria 3 – H226 Categoria 3 – H226 Categoria 3 – H226
Toxicidade aguda Toxicidade aguda Toxicidade aguda oral.
inalatória. Categoria 4 inalatória. Categoria Categoria 5 – H303
– H332 4 – H332
Toxicidade aguda dér- Corrosão/irritação a Toxicidade aguda ina-
mica. Categoria 5 – pele. Categoria 2 – latória. Categoria 4 –
H313 H315 H332
Corrosão/irritação a Lesão ocular grave/ Corrosão/irritação a
pele. Categoria 2 – irritação ocular. Cate- pele. Categoria 2 –
H315 goria 2 – H319 H315
Lesão ocular grave/ Toxicidade a repro- Lesão ocular grave/
irritação ocular. dução. Categoria 2 – irritação ocular.
Categoria 2B – H320 H361 Categoria 2B – H320
104

Quadro 21 – Classificação de perigo do monômero de estireno, segundo o GHS


Conclusão

Dossiê referência União Europeia Ficha 7A Ficha 7B


Carcinogenicidade. Toxicidade para Mutagenicidade.
Categoria 2 – H351 órgão alvo especifico Categoria 2 – H340
– exposição repetida.
Categoria 1 – H372
Toxicidade para órgão Carcinogenicidade.
alvo específico – expo- Categoria 2 – H351
sição única. Categoria
1 – H370
Toxicidade para órgão Toxicidade a
alvo especifico – expo- reprodução. Categoria
sição única. Categoria 1B – H360
3 – H335
Toxicidade para órgão Toxicidade para órgão
alvo especifico – expo- alvo especifico – expo-
sição repetida. sição única. Categoria 1
Categoria 1 – H372 – H370
Perigo por aspiração. Toxicidade para órgão
Categoria 1 – H304 alvo específico – expo-
sição única. Categoria 3
– H335
Toxicidade para órgão
alvo específico – expo-
sição repetida.
Categoria 1 – H372
Perigo por aspiração.
Categoria 1 – H304

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.


Nota: A fonte da classificação da ECHA, específica, foi retirada do site <echa.europa.eu/pt/home>.

A classificação de perigo, sugerida pelo dossiê de referência, difere da harmonizada


da União Europeia nos seguintes aspectos:

Toxicidade aguda dérmica: o regulamento europeu para classificação de perigos


não considera a classe 5 para toxicidade aguda (para todas as vias de exposição).
Lesão ocular grave/irritação ocular: o regulamento da União Europeia adotou
apenas a categoria 2A para esta classe de sendo denominada apenas como
categoria 2.
Carcinogenicidade: estudos, nos bancos de dados, divergem quanto à
classificação do monômero de estireno como substância carcinogênica. Em geral,
estudos em humanos e animais sugerem que a substância pode ser um
carcinógeno humano (IPCS, 2017; ATSDR 2017). O IARC atribuiu a substância
105

ao grupo 2B, possivelmente carcinogênico para os seres humanos. Foi sugerido,


pelo dossiê de referência, a classificação para carcinogenicidade na categoria 2.
Entretanto, devido ao peso das evidências, é possível que a substância não seja
classificada nesta classe e categoria, assim como declarado na classificação
harmonizada da Europa.
Toxicidade a reprodução: não foram encontrados estudos conclusivos, nos bancos
de dados consultados, que permitam a classificação do estireno sobre a
reprodução humana.
Toxicidade para órgão alvo específico: exposição única. As informações, dos
bancos de dados consultados, indicam que a substância produz efeitos ao sistema
nervoso central e trato respiratório, quando da exposição via inalatória (IFA, 2015).
Perigo por aspiração: com base nas características e dados físico-químicas do
monômero de estireno, a substância foi classificada na classe de perigo por
aspiração. Uma hipótese, para a União Europeia não classificar a substância, é
que a classificação harmonizada, disponibilizada no site da ECHA, esteja
desatualizada, pois o sistema anterior não considerava a classe de perigo por
aspiração.

A ficha “7A” não apresenta a classificação de perigos, segundo o GHS e traz


informações de outros sistemas de classificação, por exemplo, o diagrama de
Hommel.

A ficha “7B” apresenta classificação de perigo para toxicidade aguda oral, categoria
5. Entretanto, os dados, dos bancos de dados consultados, não fornecem subsídio
para esta classificação. A ficha não classifica o estireno quanto à toxicidade aguda via
dérmica, porém, o dossiê de referência apresenta informações que atendem ao
critério do GHS para a categoria 5 desta classe de perigo.

Não foram encontradas evidências, nos bancos de dados consultados, que


classifiquem a substância na classe de mutagenicidade, conforme apresentado pela
ficha “7B”. Esta também apresenta classificação e informações para toxicidade à
reprodução, porém, pelos dados organizados, no dossiê de referência, não há indícios
para classificar o estireno como tal.
106

A ficha “7B” não apresenta efeitos ao sistema auditivo para a classificação de


toxicidade para órgão alvo específico – exposição repetida.

e) Manuseio e armazenamento (Seção 7 da ficha)

A ficha “7A” apresenta excesso de informações, algumas repetitivas. Fornece


também, dados para produtos e materiais incompatíveis e sinalização de risco
(mencionadas em outras seções da ficha). Segundo esta, a concentração de vapores
deve ficar abaixo do “valor de referência tecnológico” como medida técnica para
prevenção da exposição ao trabalhador, entretanto o correto seria ficar abaixo dos
valores de “limite de exposição ocupacional”, conforme indicado na seção 8.

A ficha “7B” apresenta informações incompletas e inconsistentes quanto ao manuseio


seguro. Solicita que instruções específicas sejam obtidas “antes da utilização do
produto”, porém, segundo os critérios do GHS para comunicação de perigo, esta
seção é a responsável por essas informações e o fornecedor da substância, é o
responsável por disponibilizá-las. Recomenda que se evite a inalação de névoas e
vapores da substância, entretanto o estireno produz vapores quando em temperatura
elevada.

f) Controle da exposição (Seção 8 da ficha)

Ambas as fichas apresentam dados sobre limite de exposição, conforme a Norma


Regulamentadora 15 (BRASIL, 2015) e ACGIH (ACGIH, 2016). A ficha “7A” não
apresenta indicadores biológicos como parâmetro de controle ocupacional, sendo que
os mesmos estão disponíveis pela Norma Regulamentadora 7 (BRASIL, 2015) e pela
ACGIH (ACGIH, 2016).

A ficha “7A” também não especifica os tipos de equipamentos de proteção respiratória


e para as mãos. A ficha recomenda que os usuários sejam informados da toxicidade
do produto, porém não apresenta a classificação de perigos à saúde humana.

A ficha “7B” não recomenda a utilização do produto em sistemas fechados, como


também a ventilação local exaustora, para manter os níveis de exposição abaixo dos
valores de referência, para a exposição ocupacional.
107

No Quadro 22 o resumo dos principais problemas encontrados na avaliação das fichas


do monômero de estireno.

Quadro 22 – Principais problemas das fichas do monômero de estireno.


Aspecto da ficha Ficha 7A Ficha 7B
Composição e informações - Informação com erros ou - Informação completa e correta
sobre os ingredientes imprecisões
Propriedades físico-químicas - Informação com erros ou - Informação com erros ou
e reatividade imprecisões imprecisões
- Informação ausente - Informação ausente
Informações toxicológicas - Informação ausente - Informação com erros ou
imprecisões
- Informação ausente
Identificação de perigos - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões imprecisões
- Informação ausente. - Informação ausente
Manuseio e armazenamento - Informação correta, mas - Informação correta, mas
incompleta incompleta
Controle de exposição - Informação ausente - Informação correta, mas
- Informação com erros ou incompleta
imprecisões

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

5.2.8 Formaldeído solução 37%

a) Composição e informação sobre os ingredientes (seção 3 da ficha)

As fichas “8A” e “8B” apresentam-se em conformidade com os critérios estabelecidos


pelo GHS para esta seção.

b) Propriedades físico-químicas e reatividade (Seções 9 e 10 da ficha)

As fichas “8A” e “8B” não apresentam todas as informações sobre as propriedades


físico-químicas exigidas pelo GHS. A ficha “8A” não informa dados de viscosidade e
a ficha “8B” não informa dados relativos à densidade de vapor. Ambos estão
disponíveis nos bancos de dados consultados.

A ficha “8A” apresenta imprecisões quanto às informações. Por exemplo, no item


“inflamabilidade” afirma-se que a substância não é inflamável, porém apresenta na
108

seção 2 esta classificação de perigo. Também justifica a ausência de informações


com o termo “não aplicável”, em que o correto seria “não disponível”.

As fichas “8A” e “8B” apresentam, satisfatoriamente, as informações sobre


reatividade.

c) Propriedades toxicológicas (Seção 11 da ficha)

As fichas “8A” e “8B” apresentam dados incompletos ou ausentes, para as classes de


perigos, exigidas pelo GHS, nesta seção.

A ficha “8B” apresenta dados de toxicidade aguda oral e dérmica, divergentes dos
dados encontrados nas bases consultadas. Os de toxicidade dérmica foram
apresentados, de maneira equivocada, no item “corrosão/irritação a pele”.

Em relação à toxicidade aguda por inalação, a ficha “8A” apresenta informações


diferentes das organizadas no dossiê de referência, o que impacta diretamente na
classificação de perigo da solução de formaldeído. A ficha “8B” não apresenta
informação sobre toxicidade por inalação, na classe correta. São encontrados na
classe de sensibilização respiratória e perigo por aspiração.

As informações da ficha “8A”, quanto à classe de sensibilização à pele, são


incompletas se comparadas às levantadas no dossiê de referência. A ficha “8B” não
fornece dados para esta classe no item correspondente, mas em “principais sintomas”,
nesta mesma seção.

Para a classe de toxicidade à reprodução, a ficha “8A” apresenta informações


referentes ao metanol, sem fazer referência ao ingrediente principal. De acordo com
a seção 3, o metanol é considerado impureza e está presente em concentração
máxima de 9%.

Ambas as fichas apresentam problemas quanto à classe de toxicidade para órgão alvo
especifico. Os efeitos descritos pela ficha “8A”, relativos à exposição única, estão em
discordância quanto aos dados organizados no dossiê de referência que apontam que
essa substância causa efeitos irritativos no sistema respiratório. Na ficha “8B” não
109

foram observados efeitos para esta classe de perigo. Em relação à toxicidade para
órgão alvo por exposição repetida, a ficha “8A” descreve efeitos que não foram
identificados nos bancos de dados consultados.

d) Classificação e identificação de perigos (seção 2 da ficha)

A classificação de perigo da substância é apresentada no Quadro 23.

Quadro 23 – Classificação de perigo do formaldeído solução 37%, segundo o GHS


Continua

Categoria União Europeia Ficha 8A Ficha 8B


Líquido inflamável. Toxicidade aguda Líquido inflamável. Cate- Corrosivo a metais.
Categoria 4 – H227 oral. Categoria 3 – goria 4 – H227 Categoria 1 – H290
H301
Toxicidade aguda oral. Toxicidade aguda Toxicidade aguda oral. Líquido inflamável.
Categoria 3 – H301 dérmica. Categoria 3 Categoria 3 – H301 Categoria 4 – H227
– H311
Toxicidade aguda Toxicidade aguda Toxicidade aguda dér- Toxicidade aguda
dérmica. Categoria 3 – inalatória. Categoria mica. Categoria 3 – H311 oral. Categoria 3 –
H311 3 – H331 H301
Corrosão/irritação a Corrosão/irritação a Toxicidade aguda inala- Toxicidade aguda
pele. Categoria 1B – pele. Categoria 1B – tória. Categoria 1 – H330 dérmica. Categoria 3
H314 H314 – H311
Lesão ocular grave/ Sensibilização a pele. Corrosão/irritação a pele. Toxicidade aguda
irritação ocular. Cate- Categoria 1 – H317 Categoria 1C – H314 inalatória. Categoria
goria 1 – H318 1 – H330
Sensibilização a pele. Mutagenicidade. Lesão ocular grave/ Lesão ocular grave/
Categoria 1 – H317 Categoria 2 – H340 irritação ocular. Categoria irritação ocular.
1 – H318 Categoria 1 – H318
Mutagenicidade. Carcinogenicidade. Sensibilização a pele. Carcinogenicidade.
Categoria 2 – H340 Categoria 1B -- H350 Categoria 1 – H317 Categoria 1B -- H350
Carcinogenicidade. Mutagenicidade. Categoria
Categoria 1A – H350 2 – H340
Toxicidade para órgão Carcinogenicidade.
alvo especíico – expo- Categoria 1A – H350
sição única. Categoria
3 – H335
Toxicidade a reprodução.
Categoria 1B – H360
110

Quadro 23 – Classificação de perigo do formaldeído solução 37%, segundo o GHS


Conclusão

Categoria União Ficha 8A Ficha 8B


Europeia
Toxicidade para órgão alvo
específico – expo-sição única.
Categoria 1 – H370
Toxicidade para órgão alvo
específico – exposi-ção
repetida. Categoria 1 – H372

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.


Nota: A fonte da classificação da ECHA, específica, foi retirada do site <echa.europa.eu/pt/home>.

A classificação de perigo, sugerida pelo dossiê de referência, difere da classificação


harmonizada da União Europeia nos seguintes aspectos:

Líquido combustível: o regulamento da União Europeia para classificação de


perigos, não adota a categoria 4 para líquidos inflamáveis.
Toxicidade aguda por inalação: não foram encontradas informações, nos banco
de dados consultados, que justifiquem a classificação nesta classe de perigo. Os
dados encontrados referem-se ao gás formaldeído e não à solução de formaldeído
37%. Com base no cálculo da concentração máxima de vapor saturado, formada
a partir da solução de formaldeído 37% (2,01 ppm) e, comparando-se com o valor
de LC50 (inalatória), correspondente ao gás formaldeído (LC50 = 463 ppm), na
solução e nas informações da concentração letal (LC50), o dossiê de referência
concluiu que a solução de formaldeído 37% não é classificada para esta classe de
perigo.
Lesões oculares graves/irritação ocular: de acordo com a frase de perigo,
referente à classe de corrosão/irritação a pele – categoria 1 – H314 – provoca
queimaduras na pele e lesões oculares graves. Se a subtância foi classificada
como corrosiva à pele na categoria 1, automaticamente será na classe lesões
oculares graves/irritação ocular na categoria 1. É possível que a classificação
harmonizada, disponível no site da ECHA, está desatualizada.
Carcinogenicidade: de acordo com estudos recentes e informações
disponibilizadas pelo IARC, o formaldeído é classificado como carcinogênico para
seres humanos. Possivelmente a classificação harmonizada disponível no site da
ECHA está desatualizada.
111

Toxicidade para órgão alvo especifico: – exposição única – informações dos banco
de dados, consultados, indicam que o vapor da substância é irritante para o trato
respiratório.

As fichas “8A” e “8B” apresentam inconsistências quanto à classificação de perigo,


quando comparada à classificação de referência.

A ficha “8B” classifica a substância como corrosiva a metais. Entretanto não há


evidências, nos bancos de dados consultados, que justificam tal classificação.

Ambas as fichas classificam a solução de formaldeído como tóxica aguda por


inalação. Conforme mencionado na comparação com a classificação da ECHA, as
informações obtidas pelo dossiê não justificam a classificação da substância para esta
classe de perigo.

Embora a ficha “8B” apresente informações que subsidiam a classificação da


substância, na classe de sensibilização à pele, esta não apresenta tal classificação na
seção 2 da ficha. Está no subitem “outros perigos que não resultam em uma
classificação”. Também não a classifica para corrosão/irritação a pele.

A ficha “8B” não apresenta a classe de mutagenicidade, entretanto, segundo dados


organizados pelo dossiê de referência, o monômero de estireno é considerado
mutagênico (ECHA, 2017).

A ficha “8B” classifica a substância quanto à carcinogenicidade, na categoria 1B.


Entretanto, os dados obtidos possibilitam classificá-la como agente carcinogênico
para humanos (categoria 1A).

A classificação para toxicidade à reprodução, apresentada pela ficha “8A”, está em


desacordo com a sugerida pelo dossiê de referência. Poucos estudos foram
encontrados, nos bancos de dados, sobre toxicidade à reprodução para a solução de
formaldeído.

A ficha “8A” apresenta classificação quanto à toxicidade para órgão alvo especifico –
exposição única, com efeitos ao pulmão e hipotálamo e, exposição repetida com
112

efeitos ao pulmão e sistema nervoso central. Entretanto, com base nas informações
disponíveis, nos bancos de dados, referentes à solução de formaldeído, os efeitos
para classificação de perigo são apenas efeitos irritativos para o trato respiratório
provenientes da exposição única (IFA, 2015). A ficha “8B” não classifica para
toxicidade para órgão alvo especifico, entretanto apresenta informações de toxicidade
para o trato respiratório, no caso de exposição repetida.

Não foi identificado na ficha “8A” o item “outros perigos que não resultam em uma
classificação”.

As inconsistências, quanto à classificação de perigo, impactam na identificação de


riscos e recomendações de medidas de prevenção e controle a serem adotadas nos
usos previstos para a substância.

e) Manuseio e armazenamento (seção 7 da ficha)

As fichas apresentam informações incompletas quanto ao manuseio da substância.


Por exemplo, não indicam a necessidade da utilização de equipamentos fechados, em
virtude da substância ser classificada como carcinogênica (IFA, 2015). Essa lacuna
impactará diretamente na gestão de riscos da substância.

As fichas “8A” e “8B” também recomendam medidas desnecessárias, de acordo com


a classificação de perigo. A substância é classificada como um líquido combustível, o
que não traz a obrigatoriedade de aterrar o vaso contentor ou receptor da substância
durante as transferências, conforme mencionado pelas fichas.

f) Controle da exposição (seção 8 da ficha)

Ambas as fichas apresentam dados sobre limite de exposição, conforme a Norma


Regulamentadora 15 (BRASIL, 2015) e ACGIH (ACGIH, 2016). Não há indicadores
biológicos para esta substância pela Norma Regulamentadora 7 (BRASIL, 2015) e
pela ACGIH (ACGIH, 2016).

A ficha “8A” não informa em “medidas de controle de engenharia” a necessidade de


sistemas fechados para manuseio do produto, tampouco a informação que se não
houver sistemas fechados, caso a liberação da substância não puder ser evitada, a
113

mesma deve ser aspirada no ponto de saída (IFA, 2015). A ficha também não indica
a utilização de máscara, para proteção respiratória específica para formaldeído
(PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA, 2017). Tais lacunas impactam nas medidas
preventivas a serem adotadas quando do uso dessa substância e podem ocasionar
danos à saúde do trabalhador.

A ficha “8B” apresenta as informações coerentes com os dados do dossiê de


referência.

No Quadro 24 o resumo dos principais problemas encontrados na avaliação das fichas


do formaldeído solução 37%.

Quadro 24 – Principais problemas das fichas do formaldeído solução 37%


Aspecto da ficha Ficha 8A Ficha 8B
Composição e informações - Informação completa e correta - Informação completa e correta
sobre os ingredientes
Propriedades físico-químicas - Informação com erros ou - Informação com erros ou
e reatividade imprecisões; imprecisões;
- Informação ausente. - Informação ausente.
Informações toxicológicas - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões; imprecisões;
- Informação ausente.
Identificação de perigos - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões; imprecisões.
- Informação ausente.
Manuseio e armazenamento - Informação correta, mas - Informação correta, mas
incompleta. incompleta.
Controle de exposição - Informação ausente. - Informação completa e correta

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

5.2.9 Hidróxido de sódio solução 50%

a) Composição e informação sobre os ingredientes (Seção 3 da ficha)

As fichas “9A” e “9B” apresentam as informações em conformidade com os requisitos


do GHS, para esta seção.
114

b) Propriedades físico-químicas e reatividade (Seções 9 e 10 da ficha)

As fichas apresentam inconsistências na utilização dos termos “não disponível’ e “não


aplicável”. Ambas indicam que a informação de ponto de fulgor é “não disponível”,
entretanto, como a substância não é combustível ou inflamável, o mais adequado
seria utilizar o termo “não aplicável”.

Tanto a ficha “9A” quanto a ficha “9B” não apresentam dados de propriedades físico-
químicas, disponíveis nos banco de dados consultados, como, dados de ponto de
fusão e viscosidade. Dependendo da propriedade, esta ausência de informação
poderá impactar na classificação de perigo da substância e indicação de medidas de
prevenção e controle.

As fichas apresentam informações satisfatórias quanto à reatividade e estabilidade.

c) Propriedades toxicológicas (Seção 11 da ficha)

As informações estão em desacordo com aquelas organizadas no dossiê de


referência. São mencionados dados de toxicidade aguda via oral e dérmica,
entretanto, essas informações não foram encontradas nos bancos de dados
consultados. Devido ao efeito corrosivo para a pele e mucosas, do hidróxido de sódio
líquido, a realização de ensaios não é considerada necessária, por julgamento
profissional.

As fichas “9A” e “9B” apresentam informações equivocadas, para as classes de


toxicidade para órgão alvo específico – exposição única e perigo por aspiração, pois
relatam efeitos correspondentes à classe de corrosão/irritação à pele.

Não são reportados efeitos ao trato respiratório, decorrentes da geração de névoas


alcalinas causados pelo uso da substância, que poderiam ser mencionados no item
“outros perigos” na seção 2.

As lacunas e inconsistências das informações quanto à toxicidade, podem impactar


na classificação de perigo e na indicação de medidas preventivas relacionadas aos
usos previstos para essa substância.
115

d) Classificação e identificação de perigos (Seção 2 da ficha)

A classificação de perigo da substância é apresentada no Quadro 25.

Quadro 25 – Classificação de perigo do hidróxido de sódio solução 50%, segundo o GHS


Dossiê referência União Europeia Ficha 9A Ficha 9B
Corrosivo para os metais. Corrosão/irritação a Sem classificação, Corrosivo para os metais.
Categoria 1 – H290 pele. Categoria 1A – segundo critérios Categoria 1 – H290
H314 do GHS
Corrosão/irritação a pele. Toxicidade aguda oral.
Categoria 1A – H314 Categoria 3 – H301
Lesão ocular grave/ Toxicidade aguda dérmica.
irritação ocular. Categoria Categoria 4 – H312
1 – H318
Corrosão/irritação a pele.
Categoria 1B – H314
Lesão ocular grave/
irritação ocular. Categoria 1
– H318
Sensibilização a pele.
Categoria 1 – H317
Perigo por aspiração.
Categoria 2 – H305

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.


Nota: A fonte da classificação da ECHA, específica, foi retirada do site <echa.europa.eu/pt/home>.

A classificação de perigo, sugerida pelo dossiê de referência, difere da classificação


harmonizada da União Europeia nos seguintes aspectos:

Corrosivo para os metais – esta classe de perigo só foi recentemente incluída no


sistema de classificação da União Europeia (CLP). Possivelmente, a classificação
harmonizada disponível no site da Echa não está atualizada de acordo com a
última versão do sistema de classificação europeu. A base de dados Gestis,
também europeia, já adotou esta classificação de perigo para o hidróxido de sódio.
Lesão ocular grave/irritação ocular: substâncias classificadas como corrosivas
para a pele (categoria 1) também provocam lesões oculares graves (categoria 1),
segundo a declaração de perigo de corrosão cutânea do GHS (frase H314 –
Provoca queimaduras na pele e lesões oculares graves).
116

A ficha “9A” não apresenta classificação de perigos, conforme os critérios do GHS.

A ficha “9B” apresenta excesso de informações nesta seção. Outros sistemas de


classificação de perigos, como o sistema da NFPA, também são incluídos.

A ficha “9B” classifica o hidróxido de sódio solução 50% como tóxico agudo via oral e
dérmica. Entretanto, não foram encontrados dados de toxicidade aguda, nos bancos
de dados consultados, que permitam essa classificação, devido ao efeito corrosivo da
substância. As classificações apresentadas pela ficha “9B” para sensibilização da pele
e perigo por aspiração, são justificadas pelas informações toxicológicas relatadas na
seção 11.

Não foram apresentadas informações no subitem “outros perigos que não resultam
em uma classificação”, sobre os efeitos ao trato respiratório. Segundo informações
dos bancos de dados consultados, o uso da solução de hidróxido de sódio poderá
emitir névoas alcalinas (como no tratamento de superfícies) que são irritantes ao trato
respiratório.

As lacunas ou inconsistências identificadas na classificação de perigo da substância,


podem impactar diretamente nas recomendações de medidas de controle e prevenção
de riscos.

e) Manuseio e armazenamento (Seção 7 da ficha)

As fichas “9A” e “9B” apresentam as mesmas informações quanto ao manuseio e


armazenamento. Os bancos de dados consultados, para elaboração do dossiê de
referência, apresentam informações que não constam nas fichas, por exemplo, a
necessidade do piso ser resistente à álcalis e usar utensílios resistentes a produtos
alcalino (IFA, 2015).

f) Controle da exposição (Seção 8 da ficha)

Ambas as fichas apresentam dados sobre limite de exposição, conforme a ACGIH


(ACGIH, 2016). A Norma Regulamentadora 15 (BRASIL, 2015) não fornece
informações sobre o limite de exposição. Não há indicadores biológicos para esta
117

substância pela Norma Regulamentadora 7 (BRASIL, 2015) e pela ACGIH (ACGIH,


2016).

As fichas “9A” e “9B” apresentam informações semelhantes e concordantes com as


encontradas nos bancos de dados consultados.

Os principais problemas encontrados na avaliação das fichas da solução de hidróxido


de sódio 50% estão resumidos no Quadro 26.

Quadro 26 – Principais problemas das fichas do hidróxido de sódio 50%


Aspecto da ficha Ficha 9A Ficha 9B
Composição e informações sobre - Informação completa e - Informação completa e
os ingredientes correta correta
Propriedades físico-químicas e - Informação com erros ou - Informação com erros ou
reatividade imprecisões imprecisões
- Informação ausente - Informação ausente
Informações toxicológicas - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões imprecisões
Identificação de perigos - Informação ausente - Informação com erros ou
imprecisões
Manuseio e armazenamento - Informação correta, mas - Informação correta, mas
incompleta incompleta
Controle de exposição - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões imprecisões

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

5.2.10 Tolueno

a) Composição e informação sobre os ingredientes (Seção 3 da ficha)

As informações apresentadas pela ficha “10A” concordam com as disponibilizadas


pelos bancos de dados consultados.

A ficha “10B” indica a presença de impurezas (4-terc-butilcatecol) no respetivo item,


entretanto, a concentração da impureza declarada (25 ppm) não representa perigo
adicional, segundo os valores de corte das classes de perigo do GHS.
118

b) Propriedades físico-químicas e reatividade (Seções 9 e 10 da ficha)

A “ficha 10A” apresenta inconsistência quanto ao uso dos termos “não disponível” e
“não aplicável”. Por exemplo, informa que o dado referente ao pH da substância não
está disponível, entretanto, o correto seria a utilização do termo “não aplicável”, em
virtude do tolueno ser uma substância orgânica que não se ioniza em água.

A ficha “10B” não apresenta todas as informações requeridas pelo GHS para esta
seção, como, taxa de evaporação e limite de odor. Os dados referentes a essas
propriedades estão disponíveis nos bancos de dados e literaturas consultados.

As informações referentes à reatividade e estabilidade fornecidas pelas fichas estão


em concordância com as organizadas no dossiê de referência.

c) Propriedades toxicológicas (Seção 11 da ficha)

A ficha “10A” apresenta informações em concordância com as organizadas no dossiê


de referência.

As informações apresentadas pela ficha “10B”, para toxicidade aguda via oral, estão
em desacordo com os respectivos dados indicados no dossiê de referência (ECHA,
2017), o que impactará na classificação de perigo da substância. A ficha “10B” não
apresenta informações toxicológicas para todas as classes de perigo, exigidas pelo
GHS, como, carcinogenicidade, mutagenicidade, corrosão/irritação a pele, lesões
oculares graves/irritação ocular, sensibilização respiratória e na pele, toxicidade para
órgão alvo especifico – exposição única e repetida e perigo por aspiração. Essas
lacunas impactam diretamente na classificação de perigo e nas medidas de prevenção
e controle da substância.

d) Classificação e identificação de perigos (Seção 2 da ficha) (QUADRO 27).


119

Quadro 27 – Classificação de perigo do tolueno, segundo o GHS


Dossiê referência União Europeia Ficha 10A Ficha 10B
Líquido inflamável. Líquido inflamável. Líquido inflamável. Sem classificação,
Categoria 2 – H225 Categoria 2 – H225 Categoria 2 – H225 segundo critérios
do GHS
Corrosão/irritação a Corrosão/irritação a pele. Corrosão/irritação a pele.
pele. Categoria 2 – Categoria 2 – H315 Categoria 2 – H315
H315
Toxicidade a repro- Toxicidade a repro- Toxicidade a repro-
dução. Categoria 2 – dução. Categoria 2 – dução. Categoria 2 –
H361 H361 H361
Toxicidade para Toxicidade para órgão Toxicidade para órgão
órgão alvo específico alvo específico – alvo específico – expo-
– exposição única. exposição única. sição única. Categoria 3
Categoria 3 – H336 Categoria 3 – H336 – H336
Toxicidade para Toxicidade para órgão Toxicidade para órgão
órgão alvo especifico alvo específico – expo- alvo específico –
– exposição repetida. sição repetida. Categoria exposição repetida.
Categoria 1 – H372 2 – H373 Categoria 2 – H373
Perigo por aspiração. Perigo por aspiração. Perigo por aspiração.
Categoria 1 – H304 Categoria 1 – H304 Categoria 1 – H304

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.


Nota: A fonte da classificação da ECHA, específica, foi retirada do site <echa.europa.eu/pt/home>.

A classificação de perigo sugerida, pelo dossiê de referência, difere da harmonizada


da União Europeia, nos seguintes aspectos:

Toxicidade para órgão alvo específico: exposição repetida – com base nas
informações disponíveis nos bancos de dados consultados, os efeitos adversos
ao sistema nervoso são considerados críticos quando da exposição por inalação
ao tolueno, com evidências de estudos em trabalhadores expostos (ATSDR, 2017;
IFA 2015). Portanto, os dados coletados indicam que a substância pode ser
classificada quanto à classe de toxicidade para órgão alvo específico – exposição
repetida – categoria 1.

A ficha “10A” classifica como tóxica para órgão alvo específico – exposição repetida –
categoria 2, tal como o CLP/GHS e, pelos dados disponíveis, a categoria deveria ser
1.

A ficha “10B” não apresenta classificação de perigo, segundo os critérios do GHS,


mas, sim a classificação de perigos para transporte terrestre. Entretanto, apresenta
120

frases de perigo conforme o GHS, concordando, em sua maioria, com a classificação


indicada pelo dossiê de referência.

e) Manuseio e armazenamento (Seção 7 da ficha)

As fichas “10A” e “10B” não indicam a necessidade de sistemas fechados para uso do
tolueno ou, caso a liberação da substância não puder ser evitada, deverá ser aspirada
no ponto de saída (IFA, 2015). Também, não indica a necessidade do piso da área de
manuseio e armazenamento ser resistente à solventes (IFA, 2015).

A ficha “10B” apresenta excesso de informações, em sua maioria, não requeridas pelo
GHS para esta seção.

As lacunas e inconsistências nas informações podem impactar na identificação de


riscos e recomendação de medidas preventivas aplicáveis ao uso da substância.

f) Controle da exposição (Seção 8 da ficha)

A ficha “10A” apresenta os valores de limites de exposição, conforme a Norma


Regulamentadora 15 (BRASIL, 2015) e ACGIH (ACGIH, 2016), entretanto a ficha
“10B” apresenta somente o conforme a Norma Regulamentadora 15, porém em
discrepância com a ACGIH. Caso o usuário tome como base a ACGIH, esta lacuna
poderá impactar no controle da exposição à substância e consequentemente nas
medidas preventivas ao risco.

Em relação aos indicadores biológicos, a ficha “10A” apresenta os dados de acordo


com a Norma Regulamentadora 7 (BRASIL, 2015) e ACGIH (ACGIH, 2016). A ficha
“10B” apresenta dados somente referentes à Norma Regulamentadora 7.

A ficha “10A” não recomenda a utilização de sistemas fechados e, quando a liberação


da substância não puder ser evitada, deve ser aspirada em seu ponto de saída (IFA,
2015).

Ambas as fichas não especificam a utilização de pisos resistentes a solventes, e que


o chão não deverá apresentar sistema de drenagem (IFA, 2015).
121

As fichas “10A” e “10B” apresentam inconsistências quanto às recomendações de


equipamentos de proteção individual. A ficha “10A” indica o uso de luvas de PVC,
enquanto a ficha “10B”, além das luvas, indica também a utilização de roupas de
policloreto de vinila (PVC) para proteção do corpo. O PVC não possui resistência
química, quando em contato com o tolueno, não sendo recomendado seu uso (IFA,
2015). O indicado são luvas de álcool polivinílico (PVA) (IFA, 2015). A ficha “10B” não
especifica o tipo de filtro químico a ser utilizado para proteção respiratória, caso
necessário.

As lacunas e inconsistências apresentadas da ficha não permitem ao usuário adotar


as medidas adequadas de prevenção e controle ao trabalhador.

No Quadro 28 o resumo dos principais problemas encontrados na avaliação das fichas


do tolueno.

Quadro 28 – Principais problemas das fichas do tolueno


Aspecto da ficha Ficha 10A Ficha 10B
Composição e informações - Informação completa e - Informação com erros ou
sobre os ingredientes correta imprecisões
Propriedades físico-químicas e - Informação com erros ou - Informação ausente
reatividade imprecisões
Informações toxicológicas - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões imprecisões
- Informação ausente
Identificação de perigos - Informação com erros ou - Informação ausente
imprecisões
Manuseio e armazenamento - Informação correta, mas - Informação correta, mas
incompleta incompleta
- Informação ausente - Informação ausente.
Controle de exposição - Informação com erros ou - Informação com erros ou
imprecisões imprecisões

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

5.3 Resultados gerais e discussão

No Gráfico 1, o resumo dos resultados da avaliação das fichas, considerando os


aspectos avaliados pela pesquisa.
122

Gráfico 1 – Resumo da análise percentual de conteúdo das fichas

Fonte: Dados da pesquisa, 2016.

Para cada aspecto avaliado, foi possível que uma mesma ficha apresentasse mais de
uma ocorrência. Por exemplo, no que diz respeito às informações toxicológicas, uma
ficha avaliada poderia apresentar problemas relacionados à ausência de informação
para um determinado endpoint, informação incorreta ou imprecisa relacionada a um
segundo endpoint, ou ainda, informação incompleta para um terceiro endpoint. Isso
faz com que a soma das percentagens para cada aspecto avaliado não totalize 100%.

As fichas de segurança avaliadas retratam algumas características, em comum, com


aquelas apresentadas na maioria das fichas, utilizadas no dia a dia, pelas empresas
consumidoras de produtos químicos.

Em geral, algumas fichas apresentam informações semelhantes para a mesma


substância, inclusive quanto às informações imprecisas. Verificou-se que, quando isso
ocorreu, uma das fichas pertencia a uma empresa de grande porte e a outra a uma
empresa de médio/pequeno porte. Possivelmente, a prática de cópia de fichas, de
dados de segurança entre empresas, ocorre sem que seja feita análise crítica.
Entretanto, essa prática propaga os erros contidos nas fichas ao longo da cadeia.
123

A avaliação indicou que mais da metade das fichas (55%) são precisas quanto às
informações sobre a composição da substância. De modo geral, o principal problema
detectado foi a ausência ou inconsistência, na declaração das impurezas, que possam
impactar na classificação de perigo. O GHS é claro quando solicita que reportem
apenas as impurezas e/ou aditivos classificados como perigosos e que contribuam
para a classificação da substância. Caso contrário, sua inclusão na seção 3 poderá
impactar na identificação equivocada de riscos e na determinação das medidas de
prevenção relacionadas ao uso da substância. A impureza declarada também será
considerada na identificação das exposições ocupacionais que, por julgamento
profissional podem ser consideradas irrelevantes.

Apenas 5% das fichas avaliadas foram precisas quanto às propriedades físico-


químicas. Em 85% dos casos, existiam lacunas representadas pela ausência de
alguma propriedade físico-química e para 80% dos casos, imprecisões quanto às
informações declaradas. A avaliação demonstrou que as lacunas ou imprecisões
podem impactar na classificação de perigo da substância, especialmente quanto aos
perigos físicos. Possivelmente, decorrem da dificuldade de entendimento das
propriedades físico-químicas e sua aplicabilidade à substância avaliada, visto os
equívocos quanto à utilização das expressões “não aplicável” e “não disponível”. A
partir das inconsistências apuradas, verifica-se que é fundamental a participação de
um profissional da química na equipe de elaboração das fichas de dados de
segurança.

As vinte fichas avaliadas, não foram precisas quanto às informações toxicológicas


(GRÁFICO 1). Das fichas analisadas, 85% demonstraram erros ou imprecisões
quanto aos dados exigidos pelo GHS para esta seção. As informações solicitadas não
foram apresentadas por 55% das fichas, enquanto 10% apresentaram-nas de maneira
incompleta. Alguns itens merecem destaque, em relação às inconsistências
verificadas, quanto às informações toxicológicas:

classes de perigo à saúde humana apresentavam informações toxicológicas


trocadas entre si. Por exemplo, informações referentes à toxicidade aguda, via
dérmica, disponibilizadas na classe de corrosão/irritação a pele; dados de
toxicidade aguda, via inalatória, apresentados nas classes de sensibilização
124

respiratória ou toxicidade para órgão alvo específico – exposição única e repetida.


Equívocos como estes indicam que não há entendimento quanto ao significado e
as informações requeridas pelas classes de perigo do GHS;
informações toxicológicas correspondentes às substâncias em estado físico
diferente, sem que houvesse tal indicação. Casos como o formaldeído 37% e o
gás cloro ilustram essa constatação, pois, para algumas classes de perigo, foram
apontadas informações referentes ao formaldeído gasoso e solução aquosa de
cloro. O GHS menciona, com exatidão, que, nem sempre é possível obter
informação dos perigos de uma substância e, neste caso, podem ser utilizados
dados referentes a outras substâncias de classes químicas a que pertençam,
entretanto, isso deve ser indicado claramente na ficha de dados de segurança;
indicação de perigos para determinadas classes relacionados ao uso da
substância, sem que essa informação fosse apresentada. O GHS indica que o
termo “classificação de perigo” é utilizado para designar que somente são
consideradas as propriedades intrínsecas perigosas das substâncias Entretanto,
a seção 2 da ficha permite que as informações relativas a outros perigos que não
resultem na classificação, devem ser indicados em item específico, o que inclui,
por exemplo, informações sobre carcinogenicidade proveniente da formação de
nevoa ácida, como no caso do ácido sulfúrico concentrado;
dados de toxicidade aguda, para substâncias corrosivas a pele, em geral, não
devem ser fornecidos. Entretanto, o GHS não menciona informações sobre a
necessidade da realização desses testes. O Guidance on Information
Requirements and Chemical Safety Assessment (ECHA, 2016), orienta que de
acordo com os Anexos VII e VIII do REACH, estudos de toxicidade aguda não
necessitam ser conduzidos se a substância é classificada como corrosiva para a
pele. A partir das fichas analisadas, verificou-se que, as substâncias classificadas
como corrosivas a pele, em sua maioria, apresentaram algum tipo de informação
sobre toxicidade aguda.

Das fichas de segurança avaliadas, mais da metade, apresentaram desvios quanto à


classificação de perigo, quando comparadas à classificação sugerida pelo dossiê de
referência ou a classificação harmonizada pela União Europeia. O Gráfico 1 mostra
que 65% das fichas continham erros ou imprecisões na classificação, enquanto 60%
deixaram de apresentar classificação. Verificou-se que as imprecisões, quanto às
125

informações de dados físico-químicos e toxicológicos, podem causar erros de


classificação. Em sua maioria, os desvios ocorreram pela interpretação incorreta dos
critérios de classificação, adotados pelo GHS, como substâncias classificadas
perigosas por aspiração, com informações referentes à corrosão a pele e,
especialmente, substâncias classificadas indevidamente ou não classificadas nas
classes de toxicidade para órgão alvo específico – exposição única e repetida. Além
disso, verificou-se que os dados apresentados nas seções 9 e 11 não subsidiavam a
classificação de perigo indicada na seção 2.

Embora o GHS apresente os critérios de classificação para todas as classes de


perigos, muitas vezes, são necessárias informações complementares que relacionem
as classes de perigo entre si. O guia da ECHA, para aplicação dos critérios do CLP
(ECHA, 2015), fornece esclarecimentos adicionais para cada classe de perigo do
GHS. Por exemplo, quando se observa a mesma toxicidade para órgãos alvo de
similar gravidade, após exposição única e repetida a uma dose semelhante, conclui-
se que a toxicidade é essencialmente um efeito agudo (isto é, exposição única), sem
que haja a exacerbação da toxicidade por exposição repetida. Nesse caso, apenas a
classificação como tóxico, para órgão alvo por exposição, única seria apropriada. O
guia também fornece indícios que auxiliam na classificação de perigo. Como exemplo
menciona-se as substâncias corrosivas, que presume-se causarem toxicidade se
ocorrer exposição por inalação. Se não foram efetuados testes de inalação aguda, é
necessário atenção especial para comunicação deste perigo.

Além disso, o guia apresenta exemplos de substâncias que satisfazem aos critérios
de classificação e para aquelas que não satisfazem, informando o que deve ser
considerado na classificação e a racionabilidade do processo. Informações deste tipo
auxiliam o entendimento quanto às classes de perigo, complementando os critérios
estabelecidos pelo GHS que, em muitos momentos, podem causar dúvidas de
classificação, especialmente ao usuário leigo.

Os resultados relativos ao manuseio e armazenamento, mostram que 15% das fichas


apresentam informação correta e completa, 45% informação correta, porém
incompleta, 35% deixaram de indicar alguma informação e em 20% das fichas foram
identificados erros ou imprecisões. As imprecisões nas classificações de perigo, em
126

geral, impactam nas medidas de manuseio seguro e armazenamento, em função da


utilização de frases de precaução incorretas.

De acordo com a avaliação da seção 8, para o controle da exposição ocupacional,


50% das fichas apresentaram imprecisões ou ausência de informações. Apenas 20%
indicaram informações corretas e completas. Inconsistências relacionadas à
necessidade de se adotar ventilação geral ou ventilação exaustora, da utilização de
sistemas fechados (quando aplicável) e definição do tipo de equipamento utilizado
como proteção respiratória (especialmente em relação ao filtro). Essas lacunas
representam os problemas de maior ocorrência para esta seção.

Durante a elaboração dos dossiês e avaliação das fichas, ocorreram dificuldades na


interpretação de critérios do GHS para classificação e elaboração de fichas, quando
utilizada a ABNT NBR 14725-2 e ABNT NBR 14725-4. A versão atual da norma
técnica brasileira não é a tradução na íntegra do GHS e, por isso, existem algumas
lacunas de informações, que são importantes para o processo de classificação e
comunicação de perigos de uma substância. A legislação brasileira permite a
utilização tanto do GHS, quanto da norma técnica brasileira, para aplicação do GHS,
entretanto não especifica qual versão6 do Purple Book pode ser utilizada.

Observou-se que, para algumas fichas de dados de segurança, os mesmos dados


foram apresentados repetidamente em diversas seções. Esse tipo de abordagem
pode ser retundante e incoerente quanto às informações disponibilizadas,
confundindo o leitor e usuário, em especial os profissionais não especializados e
leigos. O principal objetivo da ficha é ser instrumento de comunicação de perigos, de
fácil compreensão e uso. Ao contrário, a ficha será apenas uma formalidade.

Estudos de natureza semelhante foram obtidos, por meio de pesquisa documental. A


OSHA (2017), em 1991, encomendou um estudo para examinar a precisão de MSDS
(denominação anterior da SDS/FDS/FISPQ). A partir dele foram avaliadas a exatidão
e completude da informação fornecida para as fichas de segurança utilizadas na
época. Salienta-se que o GHS não havia sido implementado quando da realização da

6 Para esta pesquisa foi adotada a 6ª edição do Purple Book.


127

pesquisa, mas o conteúdo das MSDS, com pequenas exceções, é praticamente


idêntico ao estabelecido pelo GHS.

Segundo o estudo, foram analisadas informações apresentadas em cinco áreas


importantes para a saúde dos trabalhadores, expostos às substâncias: 1) identificação
química de ingredientes, 2) efeitos sobre a saúde, 3) procedimentos de primeiros
socorros, 4) utilização de equipamento de proteção individual e 5) nível de exposição
ocupacional. A avaliação foi realizada, conjuntamente, por um médico do trabalho e
um toxicologista, que também era certificado como higienista ocupacional. Foram
avaliadas 150 MSDS.

Os resultados dos estudos indicaram que 37% das fichas examinadas apresentavam
dados de efeitos à saúde com precisão; 76% forneceram procedimentos de primeiros
socorros, completos e corretos; 47% identificaram, com precisão, o equipamento de
proteção pessoal adequado e 47% indicaram, corretamente, todos os limites de
exposição ocupacional. Foram precisas, em todas as quatro áreas, 11% das fichas.

Estudo recente, semelhante ao da OSHA, foi desenvolvido por Rubbiani (2012) para
avaliação da qualidade das informações, apresentadas em fichas de dados de
segurança. O estudo foi efetuado pela comparação das 16 seções da ficha de dados
de segurança de ingredientes ativos, utilizados em produtos pesticidas. Para cada
substância, as informações foram comparadas às relacionadas ao mesmo parâmetro
no Manual de Pesticidas, conforme relatado em "The Pesticide Manual" (TOMLIN,
2009).

Os resultados da pesquisa apontam preocupação quanto à qualidade da informação,


disseminada no processo da comunicação de riscos. As principais questões
levantadas foram: 1) incompatibilidade entre a classificação referida nas fichas e a
classificação oficial da União Europeia (como o estudo é proveniente da Itália, a
classificação de perigo adotada oficialmente é a classificação harmonizada da União
Europeia); 2) classificação de perigo incompleta; 3) inconsistências entre as seções
2, 3, 11, 12 e 15 da ficha; 4) maioria das informações físico-químico e toxicológica, em
desacordo com os dados publicados; 5) recomendações ausentes ou incorretas sobre
equipamento de proteção individual (seção 8); 6) redundância ou incoerência das
128

informações relatadas; 7) atualização da ficha inadequada; deficiências quanto às


frases de perigo (H) e 8) frases de precaução (P).

Segundo Rubbiani (2012), cerca de 30% das fichas de dados de segurança cumpriam
as disposições legais vigentes.

Comparando-se os resultados desta pesquisa com os obtidos nos estudos citados,


envolvendo fichas de dados de segurança, é possível detectar pontos em comum:

a maioria das fichas apresentou dados físico-químicos e toxicológicos imprecisos


ou não concordantes com as informações publicadas em bancos de dados
consultados;
em sua maioria, a classificação de perigo apresentou-se incompleta ou divergente,
da classificação de perigo proposta pelo dossiê de referência, ou no estudo
publicado por Rubbiani (2012), divergente da classificação harmonizada da União
Europeia;
inconsistência entre as informações presentes nas seções 2, 9 e 11, ou seja,
dados apresentados não sustentam a classificação de perigo, proposta pela ficha;
metade das fichas apresentaram equipamentos de proteção individual adequados
e informações sobre o limite de exposição ocupacional, de acordo com as
legislações vigentes;
poucas fichas apresentaram-se precisas, de acordo com as avaliações realizadas.
Neste estudo, nenhuma das fichas analisadas cumpriu integralmente os requisitos
do GHS em termos de conteúdo.

Alguns fatores que podem explicar as lacunas e inconsistências detectadas nas fichas
analisadas:

desconhecimento ou falta de capacitação, quanto aos critérios do GHS para


classificação e comunicação de perigos;
escassez de especialistas nas empresas, para suporte na elaboração das fichas
de dados de segurança;
existência de lacunas nos critérios do GHS, que podem dificultar o processo de
classificação e comunicação de perigos das substâncias;
129

comunicação deficiente entre a cadeia produtiva, não exigindo fichas de


segurança de melhor qualidade;
pouca ação por parte do governo em proporcionar regulamentação esclarecedora,
quanto à implementação do GHS e material técnico que auxilie a sua correta
execução.
130

6 RECOMENDAÇÕES

A partir dos resultados da pesquisa, ficou evidenciado que a maioria das fichas, de
dados de segurança, possui inconsistências quanto às informações referentes às
propriedades físico-químicas e toxicológicas, classificação de perigo, instruções de
manuseio, armazenamento e medidas para prevenção da exposição do trabalhador.
Considerando que as substâncias são a base da cadeia produtiva da indústria química
e também parte de outros setores produtivos, as imprecisões nas fichas serão
transmitidas ao usuário final, diretamente como nos resultados de cálculos sobre
misturas.

Além disso, o comprometimento da qualidade das fichas de dados de segurança


também afeta o processo de avaliação de risco para a saúde humana, especialmente
para a saúde do trabalhador, e para o meio ambiente, o que pode gerar consequências
para as empresas, tanto legais, quanto de imagem.

É necessário engajamento entre a cadeia produtiva, incluindo rigorosa avaliação das


fichas, quanto à sua admissibilidade, quando da comercialização de substâncias. Este
é um importante fator, pois muitas vezes uma ficha é considerada correta por um
fornecedor e poderá ser rejeitada pelo seu cliente.

Com o objetivo de melhorar a situação atual, quanto à qualidade das fichas de dados
de segurança, das substâncias produzidas ou importadas no Brasil, recomenda-se a
adoção de um programa governamental para a gestão segura de substâncias
químicas, incluindo as seguintes ações:

desenvolvimento de programas de capacitação para os auditores fiscais do


Ministério do Trabalho, responsáveis pela fiscalização das fichas de dados de
segurança, com base na legislação brasileira. Embora exista heterogenicidade
quanto à formação acadêmica desses auditores, o que acarreta dificuldades na
capacitação pela Norma Regulamentadora 26, ações de enforcement quanto à
exigência de qualidade das fichas disponibilizadas no mercado, somente serão
possíveis se o núcleo governamental envolvido estiver qualificado e apto para o
processo.
131

desenvolvimento de programas de capacitação pelas entidades de classe das


indústrias. De acordo com os resultados deste estudo, verifica-se que o
conhecimento dos profissionais, que elaboram as fichas de segurança, não é
suficiente para garantir a qualidade dos documentos utilizados pelos usuários das
substâncias. Os programas devem incluir a compreensão dos critérios do GHS,
para a correta classificação de substâncias e misturas e a elaboração das fichas
de dados de segurança. Também devem ser direcionados esforços na
capacitação dos usuários das substâncias e misturas, que devem ser qualificados
quanto à interpretação das fichas de dados de segurança e, dessa forma, realizar
maior cobrança em relação à melhoria da qualidade dessas fichas.
melhoria na estrutura regulatória. A Portaria 229, do Ministério do Trabalho e
Emprego, que revisou a Norma Regulamentadora 26 é o único instrumento legal
que trata da implementação do GHS no país, entretanto, apresenta lacunas que
dificultam a compreensão quanto às obrigatoriedades, além de conflitante com
outros regulamentos existentes. O mais recomendado é uma lei federal para
implementação do sistema no Brasil, sendo parte integrante de um sistema de
gestão de produtos químicos, assegurando a interação entre outros regulamentos
já existentes. Além disso, é importante que a ABNT NBR 14725 seja adotada de
maneira clara, pois, atualmente, é o único instrumento, em português, para adoção
do GHS quanto à classificação e comunicação de perigos.
elaboração de guias auxiliares e com exemplos práticos, como os existentes na
União Europeia, Austrália e Japão, para facilitar as orientações sobre a aplicação
dos critérios do GHS para os perigos físicos, à saúde e ao meio ambiente,
incluindo guias para classificação e preparação de fichas de dados de segurança.
Para efeito legal, os guias devem ser preparados/aprovados por entidade
governamental. A Fundacentro, entidade de pesquisa na área de segurança e
saúde no trabalho e meio ambiente, com pesquisadores e especialistas
capacitados nessa área, poderá liderar o processo de preparação desse material.
elaboração de lista harmonizada de classificação de substâncias, por entidade
governamental. Com o intuito de minimizar erros de classificação e a sua
propagação na cadeia produtiva, a lista seria elaborada por especialistas e
aprovada por entidade governamental, atribuindo classificações de perigos às
substâncias mais utilizadas no Brasil. A partir desta lista, as empresas químicas
utilizariam as classificações harmonizadas, no processo de comunicação de
132

perigos, trazendo benefícios principalmente às pequenas e médias empresas,


carentes de recursos humanos especializados para este fim.
realização de seminários envolvendo as partes interessadas, visando o
estabelecimento de comunicação eficaz entre as partes, principalmente entre
governo e indústria, para cumprimento da legislação. Esses seminários também
auxiliam na conscientização, quanto à necessidade e importância da correta
classificação e comunicação de perigo, no processo de gestão segura de produtos
químicos.

Por meio dos dados e discussões apresentados, espera-se maior conscientização


para a realização de ações, envolvendo o aprimoramento da comunicação eficaz de
perigos, relacionados aos produtos químicos utilizados no Brasil, visando,
primordialmente, a preservação da saúde humana, especialmente a saúde dos
trabalhadores da indústria química nacional.
133

REFERÊNCIAS

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Química Brasileira. São Paulo, 2014.

ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química. O desempenho da


indústria química brasileira em 2014. São Paulo, 2014.

ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química. O que é o GHS? São Paulo,


2005.

ALVES, Flavia Cristina Lima. Quantificação do impacto do sistema globalmente


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exportações brasileiras. 2009. 74 f. Dissertação (Mestrado). Faculadade de
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AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL INDUSTRIAL HYGIENISTS.


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biological exposure indices. ACGIH, 2016.

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14725-2: produtos


químicos: informações sobre segurança, saúde e meio ambiente. Parte 2: sistema
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14725-3: produtos


químicos: informações sobre segurança, saúde e meio ambiente. Parte 3:
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134

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<http://www.unece.org/fileadmin/DAM/trans/danger/publi/manual/Rev.6/1520832_E_
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139

ANEXO A – Modelo de dossiê para substância

1. Identificação da substância

Nome (IUPAC)
Número CAS
Sinônimos (nomes ISO, nome técnico
Fórmula molecular
Fórmula estrutural
Pureza (m/m)
Impurezas ou aditivos significativos
Usos conhecidos
Restrições de usos
Limites de exposição

2. Classificações de perigo segundo o GHS já disponíveis (nacionais ou regionais)

Região ou país Classificação de perigos


Europa (harmonizada)
Outros: Austrália, Japão, Coreia, etc.
Classificações submetidas à ECHA por fabricantes (quando
divergentes da classificação harmonizada)

3. Propriedades físico-químicas

Aspecto (estado físico, forma, cor etc.)


Odor e limite de odor
pH
Ponto de fusão/ponto de congelamento
Ponto de ebulição inicial e faixa de temperatura de ebulição
Ponto de fulgor
Taxa de evaporação
Inflamabilidade (sólido; gás)
Limite inferior/superior de inflamabilidade ou explosividade
Pressão de vapor
Densidade de vapor
Densidade relativa
Solubilidade(s)
Coeficiente de partição – n-octanol/água
140

Temperatura de autoignição
Temperatura de decomposição
Viscosidade
Contaminantes atmosféricos que pode dar origem nos usos
mais comuns- gás, vapor, particulado (poeira, fumo, névoa)

4. Estabilidade e reatividade

Reatividade
Estabilidade química
Possibilidade de reações perigosas
Condições a serem evitadas
Materiais incompatíveis
Produtos de decomposição perigosos

5. Classificação de perigos físicos

Classe de perigo segundo o GHS Descrição das propriedades e


classificação recomendada
Explosivos
Gases Inflamáveis (incluindo gases quimicamente instáveis)
Aerossóis
Gases oxidantes
Gases sob pressão
Líquidos inflamáveis
Sólidos Inflamáveis
Substâncias e misturas auto reativas
Líquidos pirofóricos
Sólidos pirofóricos
Substâncias e misturas suscetíveis de autoaquecimento
Substâncias e misturas que, em contato com a água, libertam
gases inflamáveis
Líquidos oxidantes
Sólidos oxidantes
Peróxidos orgânicos
Corrosivo a metais
Outros perigos físicos nos usos previstos
141

6. Informação toxicológica/efeitos adversos à saúde

6.1 Toxidade aguda – letalidade


Vias de exposição: oral, dérmica e inalatória
6.2 Corrosão/irritação da pele
6.3 Lesões oculares graves/irritação ocular
6.4 Sensibilização cutânea e respiratória
6.5 Mutagenicidade em células germinativas
6.6 Carcinogenicidade
6.7 Toxicidade à reprodução
6.8 Toxicidade a órgão alvo específico – exposição única
Toxicidade a órgão alvo específico – exposição
6.9
repetida
6.10 Perigo por aspiração
6.11 Outros perigos à saúde originados pelo uso

7. Classificação de perigos

Classe de perigo segundo Frase H Frase P Outros perigos originados pelo uso
o GHS

8. Manuseio e armazenamento

Operação ou atividade Possíveis riscos Prevenção


Armazenamento

Manuseio

9. Controle da exposição ocupacional

Parâmetros de controle
Medidas de controle de engenharia
Medidas de proteção pessoal
142

ANEXO B – Dossiê do gás cloro

1. Identificação da substância

Nome (IUPAC) Cloro


Número CAS 7782-50-5
Sinônimos (nomes ISO, nome técnico Não aplicável
Fórmula molecular Cl2
Fórmula estrutural
Pureza (m/m) Substância monoconstituinte.
Impurezas ou aditivos significativos Não aplicável
Uso industrial na fabricação de outra substância (uso como intermediário). Na fabricação de
Usos conhecidos produtos químicos, PVC, metais, têxteis, couro, papel e produtos de papel, produtos minerais (por
exemplo, cimento, gesso), eletrônicos e equipamentos ópticos.
Usado também em tratamento de água para o consumidor final.
<http://echa.europa.eu/pt/brief-profile/-/briefprofile/100.029.053>
Acesso em: 23.05.2016
Restrições de usos Não aplicável
TLV: 0.5 ppm as TWA; 1 ppm as STEL (ACGIH 2016).
Limites de exposição
Irritante aos olhos e TRS.
NR15: 0,8 ppm até 48h/semana
NORMA REGULAMENTADORA, N.15 do Ministério do Trabalho e Emprego, Brasil.
143

2. Classificações de perigo segundo o GHS já disponíveis (nacionais ou regionais)

Região ou país Classificação de perigos


Irritante aos olhos – cat. 2 – H319
Europa (harmonizada)
Irritante a pele – cat. 2 – H315
STOT SE – cat. 3 – H335
Gás oxidante – cat. 1 – H270
Toxicidade aguda por inalação – cat. 3 – H331
Gás sob pressão – gás liquefeito
<http://echa.europa.eu/pt/brief-profile/-/briefprofile/100.029.053>. Acesso em:
23.05.2016
Japão
Outros: Austrália, Japão, Coreia, etc.
Lesões oculares graves – cat. 1– H318
Corrosão a pele – cat. 1 – H314
STOT SE – cat. 1 – H370
STOT RE – cat. 1 – H372
Gás oxidante – cat. 1 – H270
Toxicidade aguda por inalação – cat. 2 – H330
Gás sob pressão – gás liquefeito
Alguns endpoints apresentam classificações mais severas de perigo quando
Classificações submetidas à ECHA por fabricantes apresentadas pelos registrantes.
(quando divergentes da classificação harmonizada)
<http://echa.europa.eu/pt/brief-profile/-/briefprofile/100.029.053>. Acesso em:
23.05.2016
144

3. Propriedades físico-químicas

Gás amarelado
Aspecto (estado físico, forma, cor etc.);
<http://www.inchem.org/documents/icsc/icsc/eics0126.htm>. Acesso em: 23.05.2016.
Pungente
Odor e limite de odor
0,06-0,2 ppm: limiar de odor; em casos individuais; sentimento subjetivo sobre os olhos e nariz;
0,4-0,5 ppm: sem alterações estatisticamente significativas de parâmetros da função pulmonar;
a partir de 1 ppm para cima: influência sobre a função do pulmão;
1-2 ppm: irritação para os olhos e das vias aéreas.
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>.
Acesso em: 23.05.2016.
pH Não aplicável. Substância gasosa.
Ponto de fusão/ponto de - 101º C
congelamento <http://www.inchem.org/documents/icsc/icsc/eics0126.htm>. Acesso em 23.05.2016
Ponto de ebulição inicial e faixa de -34º C
temperatura de ebulição <http://www.inchem.org/documents/icsc/icsc/eics0126.htm>. Acesso em 23/05/2016
Ponto de fulgor Não aplicável. Pela definição, o ponto de fulgor é dado para substâncias líquidas.
Taxa de evaporação Não aplicável. Substância no estado gasoso.
Inflamabilidade (sólido; gás) Não aplicável. Gás não inflamável.
Limite inferior/superior de Não aplicável. Gás não inflamável.
inflamabilidade ou explosividade
6,776 bar a 20º C
Pressão de vapor
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>.
Acesso em: 23.05.2016.
Densidade de vapor Não aplicável. Substância é um gás.
145

Densidade relativa 3,21 a 0o C


<http://echa.europa.eu/pt/brief-profile/-/briefprofile/100.029.053>. Acesso em: 23.05.2016.
Solubilidade(s) 5,91 – 9,78 g/L @ 10 - 30 °C and pH 7
<http://echa.europa.eu/pt/brief-profile/-/briefprofile/100.029.053>. Acesso em: 23.05.2016.
Coeficiente de partição – n-octanol/água Não aplicável devido às propriedades oxidantes do cloro.
Temperatura de autoignição Não aplicável. Não inflamável.
Temperatura de decomposição Não disponível.
Viscosidade Não aplicável.
Contaminantes atmosféricos que podem A substância já se encontra na forma gasosa.
originar nos usos mais comuns: gás,
vapor, particulado (poeira, fumo, névoa)
146

4. Estabilidade e reatividade

A solução em água é um ácido forte. Reage violentamente com bases, substâncias combustíveis e
Reatividade agentes redutores. A substância reage com a maioria dos compostos orgânicos e inorgânicos,
causando perigo de fogo e explosão. Ataca metais, alguns tipos de plástico, borracha e revestimentos.
<http://www.inchem.org/documents/icsc/icsc/eics0126.htm>. Acesso em: 23.05.2016
Estável em condições normais.
Estabilidade química
A substância pode reagir perigosamente com:
Possibilidade de reações
Metais álcalis álcoois substâncias combustíveis hidróxido de sódio agentes redutores substâncias
perigosas
orgânicas
Água
pós metálicos
Risco de explosão em contato com:
Aminas
Amônia
Oxigênio
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>
Acesso em: 23.05.2016
Não utilize a substância na proximidade de um incêndio ou uma superfície quente, ou durante a
Condições a serem evitadas soldagem.
Não borrife água no cilindro vazando (para evitar a corrosão do cilindro).
Materiais incompatíveis Altas temperaturas e todos os materiais incompatíveis acima descritos.
Produtos de decomposição Não aplicável.
perigosos
147

5. Classificação de perigos físicos

Classe de perigo segundo o GHS Descrição das propriedades e classificação recomendada


Explosivos Substância não classificada como explosiva.
Gases Inflamáveis (incluindo gases químicamente instáveis) Substância não classificada. Não apresenta característica de gás inflamável
segundo os critérios do GHS.
Aerossóis Substância gasosa. Não classificada.
Gases oxidantes Substância oxidante. Pode causar combustão em contato com outros
materiais.
Gás oxidante – categoria 1 – H270
Gases sob pressão A substância atende ao critério de gás liquefeito (quando envasado sob
pressão, é parcialmente líquido à temperatura superior a - 50° C).
Gás sob pressao – liquefeito – H280
Líquidos inflamáveis Substância gasosa. Não classificada.
Sólidos Inflamáveis Substância gasosa. Não classificada.
Substâncias e misturas auto reativas Substância não classificada.
Líquidos pirofóricos Substância gasosa. Não classificada.
Sólidos pirofóricos Substância gasosa. Não classificada.
Substâncias e misturas suscetíveis de autoaquecimento Substância não classificada.
Substâncias e misturas que, em contato com a água, libertam Substância não classificada.
gases inflamáveis
Líquidos oxidantes Substância gasosa. Não classificada.
Sólidos oxidantes Substância gasosa. Não classificada.
Peróxidos orgânicos Substância inorgânica. Não classificada.
Corrosivo a metais Substância não classificada.
Outros perigos físicos nos usos previstos Não aplicável.
148

6. Informação toxicológica / Efeitos adversos à saúde

6.1 Toxidade aguda – letalidade

LC50 (inalação;60min): 1,321 mg/L air (ratos)


De acordo com os critérios do GHS para toxicidade aguda inalatória, considerando a substância um gás, o valor corrigido para LC50 é:
1,321 mg/l = 1321 mg/m3
Convertendo para ppm: (1321 x 24,45) / 71 = 455 ppm
Aplicando a regra do GHS: 455/2 = 22,5 ppm
<http://echa.europa.eu/documents/10162/8b11c92a-a79f-4302-9294-a49a866562d3>. Acesso em: 23.05.2016
Classificação: Toxicidade aguda inalatória – cat. 2 – H330

6.2 Corrosão/irritação da pele

Estudos de orientação padrão para determinar o potencial de irritação / corrosão do cloro não pode ser feito porque o cloro é um gás à
temperatura ambiente. Além disso, referências primárias que descrevem o efeito do cloro sobre a pele humana, não foram encontrados.
Com base numa avaliação de risco internacional recentemente aprovado (SIDS Avaliação Inicial do perfil, SIAP), o cloro é corrosivo para a pele
(OCDE, 2003). Além disso, referências secundárias e também documentação interna dos produtores de cloro mostra que o cloro gasoso é
irritante/corrosivo para a pele. O contato com cloro líquido irá causar queimaduras na pele e queimaduras. No entanto, não é possível derivar
uma concentração-limiar para a irritação da pele ou para a corrosão do cloro gasoso, porque os dados não estão disponíveis e porque os efeitos
sobre a pele, também dependerá da duração da exposição. Deve-se compreender que não há necessidade de determinar estas concentrações
iniciais porque o órgão alvo de cloro é o trato respiratório.
<http://echa.europa.eu/documents/10162/8b11c92a-a79f-4302-9294-a49a866562d3>. Acesso em: 23.05.2016
Classificação: Corrosão/Irritação a pele – cat. 2 – H315
149

6.3 Lesões oculares graves / irritação ocular

Estudos de inalação aguda com animais mostram que o cloro gasoso é irritante para os olhos. Com base em dados humanos, foram relatados
efeitos irritantes sobre os olhos em uma faixa de concentração de cloro de 0,2 a 4 ppm (0,6 a 12 mg/m 3). De acordo com a literatura exposição
secundária ao cloro pode resultar em lesões da córnea e duradouro problemas de visão e cegueira (efeito corrosivo).
http://echa.europa.eu/documents/10162/8b11c92a-a79f-4302-9294-a49a866562d3. Acesso em: 23.05.2016
Classificação: Lesão ocular grave/ irritação ocular – cat. 2 – H319

6.4 Sensibilização cutânea e respiratória

Não existe indicação de potencial sensibilização a pele.


Não há confirmação de um efeito sensibilizante do cloro nas vias aéreas.
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>. Acesso em: 23.05.2016
Não foram encontrados relatos de casos mostrando um potencial de sensibilização em seres humanos pelo cloro gasoso (OECD,2003).
<http://echa.europa.eu/documents/10162/8b11c92a-a79f-4302-9294-a49a866562d3>. Acesso em: 23.05.2016
Não classificado.

6.5 Mutagenicidade em células germinativas

Em um estudo com cloro gás, até a concentração citotóxica, a mutagenicidade não foi detectada.
Os resultados de testes com o cloro e solução de hipoclorito de sódio não foram inequívocos, mas não existe a suspeita de que poderia ser
mutagênico.
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>. Acesso em: 23.05.2016
Não classificado.
150

6.6 Carcinogenicidade

Em estudos de longo prazo em ratos e camundongos que inalaram gás cloro, a incidência de neoplasias não foi aumentada, de modo que
nenhum potencial carcinogênico foi indicado.
Tendo em vista a cloração da água de beber, nenhuma relação causal entre a ingestão de cloro e aumento da incidência de tumores pode ser
demonstrada em experiências com animais e estudos epidemiológicos. Com base nestes resultados, não há risco de uma ação carcinogênica é
visto para a exposição ocupacional.
Não classificado.
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>. Acesso em: 23.05.2016

6.7 Toxicidade à reprodução

Não há razão para temer o risco de danos ao embrião ou feto em desenvolvimento quando se observam valores MAK (Maximum Concentrations
at the Workplace; para cloro gás – 1,5 ppm).
Em vista da ingestão oral de cloro através da água de beber, estudos com a administração de solução de hipoclorito de sódio para roedores
(dosagem de até 5 mg / kg de peso corporal x d) não se mostrou quaisquer efeitos tóxicos ou perturbadores de fertilidade de desenvolvimento.
Para a exposição por inalação de gás de cloro é de se esperar, devido à ação corrosiva no trato respiratório, que a possibilidade de se alcançar
as concentrações de hipoclorito ou cloreto, que pode causar efeitos tóxicos reprodutivas podem ser excluídos.
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>. Acesso em: 23.05.2016
Podemos concluir que para exposição a inalação, a toxicidade reprodutiva não apresenta perigo relevante.
<http://echa.europa.eu/documents/10162/8b11c92a-a79f-4302-9294-a49a866562d3>. Acesso em: 23.05.2016
Não classificado.
151

6.8 Toxicidade a órgão alvo específico – exposição única

Com base na sua solubilidade moderada em água, o cloro inalado é mantido a um alto grau nas membranas mucosas no trato respiratório
superior e na área brônquica, mas em altas concentrações ele atinge os alvéolos também.
<http://gestis-en.itrust.de/nxt/gateway.dll?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdbeng$3.0>. Acesso em: 23.05.2016
Sintomas imediatos na sequência da inalação incluem uma sensação de ardor dos pulmões durante a respiração. A exposição suficiente pode
induzir a broncoespasmos com sinais associados de tosse, chiado e dispneia. A exposição a uma dose suficientemente alta pode resultar em
edema pulmonar e insuficiência respiratória, o aparecimento dos quais pode ser retardada por até 36 horas. Em casos extremos, hemorragia
pulmonar também pode ocorrer. Há algumas evidências que sugerem que a exposição ao cloro pode ser relacionado com mudanças
neuropsicológicos longo prazo, embora estudos adicionais são necessários para confirmar esta hipótese.
<https://www.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/316819/Chlorine_properties_incident_management_and_toxicol
ogy.pdf>. Acesso em: 23.05.2016
Classificação: STOT SE – cat. 3 (trato respiratório) – H335

6.9 Toxicidade a órgão alvo específico – exposição repetida

Não foram observados efeitos sistêmicos em estudos de exposição - dose repetida em ratos, camundongos e macacos.
<http://echa.europa.eu/documents/10162/8b11c92a-a79f-4302-9294-a49a866562d3>. Acesso em: 23.05.2016
Não classificado.

6.12 Perigo por aspiração

Não classificada (substancia inorgânica gasosa)

6.13 Outros perigos à saúde originados pelo uso

Perigo de asfixia por deficiência de oxigênio.


152

7. Classificação de perigos

Frase H Frase P Outros perigos


Classe de perigo segundo o GHS originados pelo uso
H270 - Pode causar ou intensificar o fogo; oxidante. P220 Perigo de asfixia
Gás oxidante – categoria 1 por deficiência de
P244
oxigênio
P370 + P376
P403
H280 - Contém gás sob pressão; pode explodir se
Gás sob pressão – gás liquefeito P410 + P403
aquecido.
H330– Fatal se inalado. P260
Toxicidade aguda inalatória – categoria 2
P271
P284
P304 + P340
P310
P320
P403 + P233
P405
P501
H315 – Causa irritação a pele. P264
Corrosão/ irritação a pele – categoria 2
P280
P302 + P352
P321
P332 + P313
P362 + P364
153

H319 – Provoca irritação ocular grave P264


Lesão ocular grave/ irritação ocular –
P280
categoria 2A
P305 + P351 +
P338
P337 + P313
H335 – Pode causar irritação nas vias respiratórias. P261
Toxicidade para órgão alvo específico –
P271
exposição única – categoria 3 – H335
P304 + P340
P312
P403 + P233
P405
P501
154

8. Manuseio e armazenamento

Possíveis riscos Prevenção


Operação ou atividade
Incêndio – em contato com materiais Armazenar separado de substâncias combustíveis, agentes redutores,
Armazenamento combustíveis pode dar início ou bases, produtos químicos orgânicos e alimentos e rações. Mantenha em
favorecer incêndios. um ambiente seco e bem ventilado.
Incêndio – em contato com materiais Não manusear junto com substâncias combustíveis, agentes redutores,
Manuseio combustíveis pode dar inicio ou bases, produtos químicos orgânicos e alimentos e rações.
favorecer incêndios. Se ocorrer uma pressão perigosa devido ao contato com o calor, devem ser
fornecidas medidas e equipamentos de segurança adequados.
Irritação às vias respiratórias – em Uso da substância deve ser feito em sistema fechado ou com ventilação
contato com a substância, o gás adequada. Utilizar proteção respiratória, proteção aos olhos, roupas e luvas
pode causar tosse, falta de ar, chiado de proteção.
no peito e dificultar a respiração. Fornecimento de uma ventilação boa na área de trabalho.
Irritação a pele – O contato direto da Lava olhos e chuveiros de emergência.
substância com a pele pode causar
Se a libertação da substância não puder ser evitada, deve ser aspirada no
sensação de queimadura, dor e
ponto de saída.
vermelhidão.
Materiais adequados para cilindros e válvulas:
Irritação aos olhos – O contato com a
substância pode causar verme- Aço
lhidão, lacrimejamento e dor. Aço inoxidável
Bronze
Para vedações:
PTFE de politetrafluoroetileno (Teflon)
Policloro trifluoro etileno PCTFE
Fluoreto de polivinilideno
Borracha fluorada FKM Materiais inadequados:
Alumínio
Ligas de alumínio
155

9. Controle de exposição ocupacional

TLV: 0.5 ppm como TWA; 1 ppm como STEL (ACGIH 2016).
Parâmetros de controle Irritante aos olhos e ao trato respiratório superior.

NR15: 0,8 ppm até 48h/semana


NORMA REGULAMENTADORA, Nº. 15 do Ministério do Trabalho e Emprego.
Utilização da substância em sistemas fechados. Caso a liberação da substância não puder ser
Medidas de controle de engenharia evitada, deve ser aspirada no ponto de saída.
Necessidade de verificação dos vazamentos de gás. Somente pessoas com permissão de trabalho
poderão realizar manutenção dos cilindros ou vasos fechados.
Área de trabalho deve ser bem ventilada.
Gás cloro é um gás oxidante, assim todas as válvulas, acessórios e equipamentos, que possam
entrar em contato com o gás devem ser mantidos isentos de óleos e graxas.
https://www.cdc.gov/niosh/ipcsneng/neng0126.html. Acesso em: 23 maio 2016.
http://gestis-
en.itrust.de/nxt/gateway.dll/gestis_en/000000.xml?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdb
eng$3.0. Acesso em: 23 maio 2016.
Gás cloro deve ser utilizado em sistemas fechados.
Medidas de proteção pessoal Proteção aos olhos: óculos de segurança. Se existir o risco de escape de gases, utilizar máscara
completa.
Proteção das mãos: luvas de couro para evitar feridas causadas por congelamento do gás (efeito
froosbite) em rápida expansão do gás pressurizado.
Os cremes de proteção da pele não protegem suficientemente contra a substância. Quando
existe o risco de contato direto com a substância, são necessárias luvas resistentes aos produtos
químicos.
Proteção do corpo: usar botas de proteção ao manusear cilindros de gás.
156

Proteção respiratória: facial Inteira para gases ácidos.


Medidas de proteção pessoal Higiene do trabalho:
Evitar o contato com a pele. Em caso de, lavar a pele.
Evite contato com os olhos. Em caso de contato, lavar o(s) olho(s) afetado(s).
Evitar a inalação de gás.
Evite contato com roupas. As roupas contaminadas devem ser trocadas e limpas cuidadosamente.
https://www.cdc.gov/niosh/ipcsneng/neng0126.html. Acesso em: 23 maio 2016.
http://gestis-
en.itrust.de/nxt/gateway.dll/gestis_en/000000.xml?f=templates$fn=default.htm$vid=gestiseng:sdb
eng$3.0. Acesso em: 23 maio 2016.

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