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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS


CURSO DE DIREITO

MAYCKERSON ALEXANDRE FRANCO SANTOS

São Luís
2018
MAYCKERSON ALEXANDRE FRANCO SANTOS

Atividade elaborada à disciplina Metodologia do Trabalho Científico para


obtenção de ponto na primeira avaliação.

Prof.ª Msc. Marcia Cordeiro Costa

São Luís
2018
CHAUI, Marilena. Contra a universidade operacional. A greve de 2014 (8 de agosto de
2014).

O texto se ambienta no entrave quem vem ocorrendo dentro das universidades públicas
brasileiras, entre duas correntes antagônicas, uma que defende a aplicação de um modelo
fordista de administração universitária e outra que se opõe à primeira.
Nos dias atuais, as técnicas administrativas têm se baseado na premissa que toda
instituição ou empresa pode ser gerida pelos mesmos métodos, voltados para o capital. Essa
modalidade administrativa, através de uma reorganização interna transforma uma instituição
social em uma organização, que busca antes de tudo desempenho e competição em seu meio.
Uma organização usa de métodos de gestão pré-definidos para atingir um fim, um
objetivo, baseado em metas, não importando para tanto a sua função social. Esse
comportamento é diametralmente oposto à ideia de instituição social universitária, engajada
com o social. Enquanto a instituição social se volta para a sociedade em que está inserida e no
que pode contribuir para o seu desenvolvimento, a organização se volta apenas para si e para
os seus objetivos competitivos em relação aos que supõem semelhantes.
Buscando explicar como essa transição ocorreu, a autora cita a influência do capitalismo
na estrutura das instituições, quando fomenta a competitividade e a fragmentação dos conceitos,
inter-relacionando Sociedade e Natureza de forma que as duas uma ideia nova, instável, que
força as estruturas administrativas à se jogarem na competição, onde só permanecem aquelas
que conseguem flexibilizar-se e adaptar-se rápida e eficientemente.
A partir dessas ideias, situou três momentos principais dessas mudanças: a
universidade funcional, do período em que o Brasil vivia uma ditadura militar, voltada para a
produção de mão-de-obra qualificada para o mercado de trabalho; a universidade de
resultados, da transição da ditadura para a democracia, trazendo consigo o ensino superior em
escolas privadas, as universidades públicas se voltaram para parcerias com empresas, que
garantiam o emprego e estágio remunerado dos universitários além de investir capital nas
pesquisas; e a universidade operacional, dos dias atuais após a transição de instituição social
para organização, focada em si mesma e em como ser competitiva, mecanizando o ensino,
voltando-se apenas para suprir as necessidades e exigências do mercado.
No ambiente da universidade operacional, a docência se baseia no custo-benefício, na
formação rápida dos universitários e em pesquisas que possam trazer visibilidade para a
organização. Baseada em uma ideologia pós-moderna, a organização se volta para um
conhecimento superficial, sem reflexão acerca do conhecimento. A pesquisa nesse novo
ambiente de organização se volta para a intervenção e controle do seu alvo, não é mais
conhecimento, não tem mais criticismo. Nesse ponto a organização se volta a fragmentar as
problemáticas já solucionadas, para buscar problemas novos, especializados e a partir destes
propor novas soluções. Chega-se então ao fato que não há mais pesquisa na universidade atual,
já transfigurada em organização.
Mas toda essa transformação não se deu de forma autônoma, houve a influência e o
fomento de governos, como o Governo do Estado de São Paulo (PSDB) e de instituições, como
o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Esse movimento neoliberal incentivou a
expansão do ensino superior privatizado e das práticas voltadas para a gestão, planejamento e
eficácia das organizações. Os principais pontos de crítica ao modelo estatal de administração
do ensino superior são: custo/benefício, alegando o alto custo do ensino superior para o Estado,
sem contudo este gerar resultados; eficácia/inoperância, referente à baixa qualidade do ensino
e pesquisa, com grande dispêndio de recursos em pessoal e pouco investimento em estrutura; e
produtividade, por não haver um sistema eficiente de avaliação da produtividade, sem a
recompensa para os melhores e a punição para os piores.
O BID ao contrário, diz que as universidades privadas possuem uma estrutura muita
mais adequada e eficiente, com flexibilidade para se adaptar às necessidades do mercado, apesar
da baixa qualidade do seu ensino. Criticando o alto grau de politização das universidades
pública, entendendo este como prejudicial para a organização.
Esse conceito desenvolvido pelo BID desemboca na distribuição da receita de
investimento do banco que se volta para as organizações que estão de acordo com suas diretrizes.
Toda esse trabalho desenvolvido por ideias neoliberais, acabam por ferir a autonomia
das universidades públicas, que deixam de atuar em consonância com a Sociedade para se voltar
ao mercado competitivo, que não possui interesse na qualidade do que se produz na
universidade, mas na quantidade do que se produz.
Dessa forma, o grande embate dentro das universidades pública se dá entre aqueles que
a veem como organização, que deve visar a competitividade do mercado, e aqueles que a veem
como instituição social, que busca na sociedade o seu princípio de ação e o fim de seu
conhecimento.

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