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GAULEJAC, Vincent. Gestão Como Doença Social - Cap. 2, Os Fundamentos Da Ideologia Gerencialista PDF
GAULEJAC, Vincent. Gestão Como Doença Social - Cap. 2, Os Fundamentos Da Ideologia Gerencialista PDF
Referencia
GAULEJAC, V. Gestao como doenga social -
Ideología, poder gerencialista e fragmentagao
social. Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2007
O s fundam entos
da ideología geren cialista
Da transmutado da economía
em matemáticas
O reino da expertise
O h ju t iv is t a Compreender é Primado da
medir, calcular linguagem
matemática sobre
qualquer outra
linguagem
E c o n o m is t a O humano é um Reducto do
fator da empresa humano a um
recurso da empresa
Primado da a^ao, da medida, da objetividade, da
utilidade, o pensam ento gestionário é a encarnando ca
ricatural do pensam ento ocidental. No m undo ocidcntal
convém pensar “distintam ente” . A m o d elad o m atem áti
ca e as tecnologías da informa^ao se inscrevem cm urna
lógica fundam entalm ente binaria: A ou B. É um pensa
m ento do acontecim ento e nao do m om ento.3 Criando
o acontecim ento, cada ocidcntal eré dom inar o curso da
historia. Nossas re p re se n ta re s do tempo sao prisionei-
ras de urna obsessao da medida de um tem po abstrato,
de urna c o n c e p to entre um inicio e um fim. Elas se en-
contram , definitivamente, descoladas do tem po da vida
humana. Elas obrigam os hom ens a sofrer um tem po abs
trato, program ado, ao contrário de suas necessidades. A
temporalidade do trabalho leva a im por ritmos, cadencias,
rupturas que se afastam do tem po biológico, do tem po
das estafóes, do tem po da vida hum ana. A medida abs
trata do tem po perm ite desliga-lo das necessidades fisio
lógicas ou psicológicas: o sono, o alimento, a procriafao,
o cnvelhecimento etc. O individuo subm etido á gestao
deve adaptar-se ao “ tempo do trabalho” , as necessidades
produtivas e financeiras. A adaptabilidade e a flexibilidade
1 Franfois Jullicn salienta que a China cscreve sua historia eni termos de
processos e de “transformafoes silenciosas”. O acontecimento é apenas a es
puma da historia, sem dúvida nao a determinando. Ele nao é ntais que um
índice de transformafoes invisíveis. Os acontecinicntos se hierarquizam, um
eclipsa o outro, ao passo que os momentos se complctam, se apóiam, se rc-
forfam mutuamente. “Ha urna fecundidade da China no tato de pensar o
indistinto e, portanto, a transifao e, portanto, a mudanfa; c há unta fecundi
dade na Europa pelo fato de pensar o distinto e, portanto, o afastamento e,
pórtame, o movimento [...] O enveíhecimento nao é a passagem entre dois
estados distintos, mas um proccsso que corre imperccptiveimente ao longo
de toda a existencia. Ele nao se define cm relafao a um antes e a um depois,
mas por indicios, de inicio imperceptívcis, depois cada vez ntais precisos: urna
ruga, um fio branco no cábelo, um reflexo ntais lento do que o costumeiro,
um inesperado lapso de memoria...” fjullien, 2001). F.ssc texto é resumido
por Cathcrine Espinasse (2003).
sao exigidas em mao única: cabe ao homem adaptar-se ao
tempo da empresa e nao o inverso.
O gcstionário nao suporta as férias. É preciso que o
tempo seja útil, produtivo e, portanto, ocupado. A desocu
p a d o lhe é insuportável. A abordagem da qualidade ilustra
de modo caricatural essas representares que concebem a
vida humana em urna perspectiva instrumental e produti-
vista.
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