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A aplicabilidade dos elementos da Morfologia urbana como categorias da leitura da cidade: o

estudo do Plano Piloto de Brasília.


Fabiana Calçada de Lamare Leite
Mestre em Turismo e Hotelaria (UNIVALI), Professora do Instituto Federal de Santa
Catarina (IFSC), email: fabianac@ifsc.edu.br
Francisco Antonio dos Anjos
Doutor em Engenharia de Produção (UFSC), Professor da Universidade do Vale do Itajaí
(UNIVALI), email: fsanjos@terra.com.br

Resumo
O estudo da morfologia de uma cidade é uma maneira de se obter uma leitura sobre ela. A presente
pesquisa teve como objetivo obter uma leitura da cidade de Brasília através da análise dos elementos
morfológicos identificados no Plano Piloto. É nesse sentido que os conceitos dos elementos de análise
morfológica de Phillipe Panerai (1983) e Kevin Lynch (1997) foram aplicados para a identificação, análise e
interpretação das formas e usos Plano Piloto de Brasília e seus possíveis desdobramentos. A aplicação
dos elementos de análise urbana resultou em mapeamentos que procuram propiciar uma leitura de como a
sociedade se relaciona com a configuração espacial da cidade e a possível caracterização que conduz para
tal relacionamento.
Palavras-chave: Morfologia urbana; leitura da cidade; Plano Piloto;

APRESENTAÇÃO E CONTEXTUALIZAÇÃO
A Cidade de Brasília, atual capital do Brasil, teve o início de sua construção a partir
de 1950, resultado de uma política de desenvolvimento, que pretendia favorecer a unidade
territorial. O valor urbanístico do plano piloto de Brasília e de seus monumentos permite que
seja considerado um marco mundial da arquitetura e do urbanismo, do intitulado movimento
moderno.
Machado (1985) descreve Brasília como o resultado direto do urbanismo moderno
que exigia não mais a reforma espacial das cidades, mas o projeto e a construção de uma
cidade concebida como um todo. De acordo com Le Corbusier (1971), a concepção
urbanística presente no projeto de Brasília é clara em relação a característica de separar
espacialmente as funções de habitar, trabalhar, cultivar o corpo e o espírito e circular.
O estudo da morfologia de uma cidade é uma maneira de se obter uma leitura sobre
ela. A morfologia pode ser entendida como o arranjo de suas formas, bem como seus
conseqüentes usos e apropriações. É nesse sentido que os conceitos dos elementos de
análise morfológica de Phillipe Panerai (1983) e Kevin Lynch (1997) foram aplicados para a
identificação, análise e interpretação das formas e usos Plano Piloto de Brasília e seus
possíveis desdobramentos.
Assim, a presente pesquisa teve como objetivo obter uma leitura da cidade de Brasília
através da análise dos elementos morfológicos identificados no Plano Piloto.

Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3

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Para realizar a leitura da cidade, foram analisadas informações obtidas por meio de
levantamento de dados secundários que abordavam como temas principais a história, a
formação social e territorial da cidade de Brasília, assim como abordagens sobre questões
culturais e turísticas. Esse levantamento auxiliou no entendimento inicial sobre forma da cidade
e suas apropriações e usos. Para complementar e confirmar os dados também foram
realizados trabalhos de campo, entrevistas, seguidos de mapeamentos e confecção de figuras
para ilustrar e os resultados obtidos. Por ser um segmento da pesquisa de dissertação de
mestrado da autora, a pesquisa encontra-se concluída.
A aplicação dos elementos de análise urbana resultou em mapeamentos que procuram
propiciar uma leitura de como a sociedade se relaciona com a configuração espacial da
cidade e a possível caracterização que conduz para tal relacionamento.

MORFOLOGIA URBANA
Para iniciar o assunto, me aproprio de Meneses (1996) ao afirmar que falar de
morfologia, é remeter-se à três questões: cidade, morfologia (urbana) e imagem (de cidade).
Sendo a morfologia o foco deste estudo, o mesmo autor ao falar sobre este conceito afirma
que
não se pode considerar a morfologia como se fosse realidade autônoma, que
encontrasse em si mesma sua própria natureza e atributos. Assim, quer se
trate de padrões gerais de organização do espaço, quer de elementos pontuais
que o mobilizam, é preciso ir além do puro nível empírico, visual. (MENESES,
1996, p.148)

A morfologia urbana é condicionada e, ao mesmo tempo condiciona as formas de


desenvolvimento espacial. Assim, conforme destaca Pereira (2007), a morfologia urbana
pode ser entendida como o estudo das formas urbanas, associadas ao seu conteúdo e
processos formadores.
Na mesma perspectiva, Assen de Oliveira (1992) registra que a verificação da
morfologia permite a apreensão da estrutura formal, das permanências e alterações, identifica
os tipos de mudanças e delimita os processos e relações na localidade.
Considerados como constantes por Lamas (2000), é através do modo como se
estruturam e se organizam os elementos morfológicos que se estabelece uma comunicação
estética por sua arquitetura. O mesmo autor ainda diz que os elementos morfológicos são
“aqueles que constituem as unidades ou partes físicas, que, associadas e estruturadas

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constituem a forma” (LAMAS, 2000, p.46). Assim, a partir da interpretação dos elementos
identificados e analisados no Plano Piloto de Brasília a pesquisa contemplou uma leitura da
cidade por um arranjo de suas formas e conseqüentes desdobramentos.
De acordo com Philippe Panerai (1983), Kevin Lynch representa um dos melhores
instrumentos para uma análise global de um espaço urbano. Os autores citados identificam
como elementos morfológicos:
- Vias / rotas: Lynch (1997) define as vias como os canais de circulação pelos quais o
observador se locomove e destaque que é através das vias que os observadores registram os
outros elementos ambientais, se organizam e se relacionam. Panerai (1983) utiliza a categoria
rota e acrescenta afirmando que estes são elementos que permitem uma primeira aproximação
do observador com a paisagem urbana. Em complemento, Assen de Oliveira (1999) destaca
que a via é o lugar da acessibilidade e da permeabilidade, ou da continuidade.
- Limites: São vistos como fronteiras pelo observador, a divisão entre duas fases, podendo
ser barreiras mais ou menos penetráveis, como as barreiras de crescimento do tecido urbano.
Estes elementos tem importante característica organizacional, pois sua função confere unidade
às áreas diferentes, como o contorno por água ou faixa de areia.
- Bairros / setores: uma característica comum apontada tanto por Lynch quanto por Panerai
em relação a esta categoria, é que correspondem a áreas de fácil identificação. Esta
identificação pode ocorrer tanto pela homogeneidade quanto pela heterogeneidade. Panerai
(1983) destaca que nem sempre os setores correspondem aos limites dos bairros.
- Pontos nodais / nós: Conforme Lynch (1997,52), “são pontos estratégicos de uma cidade
através dos quais o observador pode entrar, são os focos intensivos para os quais ou a partir
dos quais ele se locomove”. Pela descrição de Panerai (1983), são pontos estratégicos na
paisagem urbana, sendo o foco de convergência, reencontro de rotas ou pontos de rupturas,
como locais de interrupção do transporte, um cruzamento, uma esquina. Estes pontos são,
ainda, o foco e a síntese de um bairro, podendo se tornar símbolo, pois dele se irradia e se
concentra fatos.
- Marcos / pontos de referência: nestes elementos o observador encontra-se externo a eles
(LYNCH, 1997). Panerai (1983) diz que, geralmente, são elementos construídos com alguma
forma particular que facilita sua identificação, podendo ser definido como um simples objeto
físico. Numa perspectiva mais próxima, um marco pode ser anúncios e sinais, fachadas, uma

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árvore. De acordo com Panerai (1983) o ponto de referência pode marcar um nó,
caracterizar um setor ou então aparecer isolado. “... pueden jalonar um recorrido, marcar um
nudo, caracterizar um sector, o, por el contrario aislados al margen de zonas identificadas.”
(PANERAI,1983, 166)
Tais elementos tem um caráter relativo evidenciado pelo ponto de referência de que
se é analisado. No entanto, as categorias se apresentam com estabilidade e definição coerente
para auxiliar a análise gerada pela forma física de uma cidade por seus observadores.

OS ELEMENTOS MORFOLÓGICOS DO PLANO PILOTO DE BRASÍLIA


A proposta do Plano Piloto de Brasília sintetiza o ideário da Carta de Atenas e o
bucolismo da cidade-jardim inglesa, presente no cinturão verde que protege as superquadras
em Brasília. (CASTELLO BRANCO, 2006, p. 46). Brasília se apresenta dividida e
estruturada em dois eixos que se cruzam em um ângulo reto. Na definição do sistema viário,
Lucio Costa escolheu o eixo principal, o Eixo Monumental, como o eixo de simetria do
projeto, e a partir desta escolha desenvolveu o partido adotado, onde identificou a situação
topográfica e as condições paisagísticas mais adequadas (Marquez, 2007). O Eixo
Monumental se estende na direção Leste-Oeste por quase 10 mil metros de extensão, é
perpendicular às curvas de nível e cai suavemente na direção do Lago Paranoá. Este Eixo é
ocupado pelos edifícios governamentais e “estabeleceu uma linha de suporte que organizou as
relações entre as partes da composição, e definiu uma espécie de esqueleto para o arranjo
destas partes.” (MARQUEZ, 2007, 44). No eixo rodoviário se encontram as superquadras
residenciais e os equipamentos complementares.

Figura 01: Eixo Monumental e Eixo Rodoviário do Plano


Piloto de Brasília
Fonte: Google Earth (2009)
Organização: Karine Lise Schäfer e Fabiana
Calçada de Lamare Leite

A aplicação dos elementos morfológicos de


Panerai (1983) e Lynch (1997) permitiram a
seguinte leitura de Brasília.
Os limites do Plano Piloto são identificados pelos elementos fixos físicos que
acabaram condicionando e sendo condicionados na época de criação da cidade. Outra

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característica para os limites também podem ser determinadas por áreas identificadas como
barreiras de crescimento do tecido urbano. Desta perspectiva analítica, os limites do Plano
Piloto representados pelos elementos fixos são constituídos pelo Parque Nacional, pelo
Parque da Cidade e pelo Lago Paranoá. Percebe-se que tais limites são condição e reflexo
da morfologia da cidade, na medida em que a área antes de ser instalada a cidade era
ocupada por vegetação nativa, da qual só foram preservadas as áreas do os parques.
Assim, marcado pelo traço desenhado na figura 02 tem-se os “limites” de crescimento
que os elementos naturais instauram para o Plano Piloto. No caso, o limite acaba sendo visto,
também, como uma condição de fronteira, na qual se observa a relação com o que acontece
“do outro lado” do lago Paranoá, onde está localizado o setor de residências unifamiliares de
alto padrão da cidade de Brasília.
Os limites também são importante característica organizacional e, no caso do Plano
Piloto de Brasília, são identificados pela conseqüente ocupação social que os limites físicos
condicionaram. Tais limites são mais ou menos penetráveis e conferem unidade à
determinadas áreas. Assim, representam limites, a unidade conferida ao modelo
organizacional e social conferido às superquadras residenciais, assim como, ao modelo
conferido às unidades residenciais unifamiliares da orla do Lago Paranoá. Tais unidades
organizacionais representam limites tanto por suas características organizacionais físicas que
conferem unidade a estas localidades como por características de convívio social que,
também, conferem unidade a cada uma delas internamente se diferenciando da outra por
distinção social, não necessariamente de classe, mas de comportamento.

Figura 02: Os limites do Plano Piloto de Brasília Fonte: Google Earth (2009)
Organização: Karine Lise Schäfer e Fabiana Calçada de Lamare Leite

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Os bairros/setores de acordo com Lynch (1997) e Panerai (1983) referem-se a uma
área percebida que possui características comuns em relação ao tecido que permite se
diferenciar do restante da cidade. É um critério visual e não necessariamente coincide com as
divisões administrativas de bairros
No caso de Brasília os bairros acabam por coincidir com os setores obtidos de forma
perceptiva (figura 03), pois se tem os preceitos do modernismo através de uma rigorosa
setorização, na qual os bairros apresentam características muito particulares que acabam indo
ao encontro dos limites dos setores. Essas características estão no gabarito das edificações,
na tipologia arquitetônica, na ambientação da vias, e no local de residência das diferentes
classes sociais.

Figura 03: Os setores do Plano Piloto de Brasília. Fonte: Google Earth (2009).
Organização: Karine Lise Schäfer e Fabiana Calçada de Lamare Leite
As Rotas/vias, de acordo com Lynch (1997) são os canais de circulação os quais as
pessoas se locomovem, proporcionando a permeabilidade. O grau de importância destas
pode estar relacionado ao uso que lhe é atribuído. Na leitura do Plano Piloto de Brasília,
recebem destaque o Eixo Monumental, o Eixo Rodoviário ou Eixão, como também são
conhecidas as vias L e W (figura 04). Tal fato não permite afirmar que o sistema viário do
Plano Piloto se restringe a estas vias, porém são as que mais repercutem seu uso e
condicionam o modo de vida na cidade.
O Eixo Monumental destaca-se tanto pela circulação e acesso ao centro cívico por
aqueles que o utilizam para fins profissionais como para àqueles que visitam os edifícios que
ali se encontram. Sobre o Eixo Rodoviário ou Eixão, ele tem uma utilização mais presente no
cotidiano do morador / trabalhador da região. Isso porque este eixo é uma via expressa que
cruza o Plano Piloto no sentido Norte-Sul, passando por todos os conjuntos de superquadras
residenciais.

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Às margens do Eixo Rodoviário, tanto a leste quanto a oeste estão eixos menores, os
“eixinhos”. Estes, também com o mesmo perfil de uso do “eixão”, diferenciam-se dele por
terem a função de alimentar e desafogar o eixo maior.
Outras vias principais/ rotas do Plano Piloto que merecem ser destacadas por seu uso
são as vias L e W. Assim, como o Eixo Rodoviário, estas vias têm um caráter de ligação pelo
uso intenso por transportes coletivos e carro de passeio, acesso ao comércio, shoppings e
aos setores específicos do Plano Piloto, tanto norte como sul.

Figura 04: As vias/rotas do Plano Piloto de Brasília. Fonte: Google Earth (2009).
Organização: Karine Lise Schäfer e Fabiana Calçada de Lamare Leite
Os nós estão representados pela Rodoviária intermunicipal, pelo cruzamento entre o
Eixo Monumental e o Eixo Rodoviário e pela Praça dos Três Poderes. No caso do Plano
Piloto de Brasília, os nós estão muito ligados ao transporte particular, em virtude dos grandes
eixos a serem percorridos e do atendimento não satisfatório dos transportes coletivos à
cidade como um todo.
Observando a figura 05, o ponto “A” identifica-se um grande eixo focal, marcando
um dos principais acessos à cidade. Este nó é representado pela Rodoviária intermunicipal e
possibilita o acesso direto ao Eixo Monumental. No entanto, sua relevância e circulação de
pessoas são reduzidas se comparada aos outros dois nós que são representados pelo
cruzamento entre o Eixo Monumental e o Eixo Rodoviário (nó B) e pela Praça dos Três
Poderes (nó C). Essa comparação não objetiva diminuir esta localidade (nó A), mas sim no
destaque recebido pelos outros, tanto pelo caráter funcional por ser ponto central do Plano
Piloto, como no caso do nó B ou pelo caráter simbólico que se concentra no nó.
O ponto “B” marca o encontro entre o Eixo Monumental e o Eixo Rodoviário, local
onde se localiza a plataforma rodoviária. Este ponto compreende um grande fluxo de veículos

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e uma intensa circulação de pessoas. Este nó é enfatizado pela necessidade que as pessoas
têm de passar por ali para chegarem aos mais variados pontos da cidade.
No ponto “C”, visto também como eixo focal, instalou-se a Praça dos Três Poderes
com suas edificações monumentais marcando o território e instaurando pontos de referência.
Este ponto, além do caráter monumental de suas edificações carregado de representações
para quem os observa é o “final ou começo” do Eixo Monumental. Tal situação pode
representar a síntese final de um observador após percorrer todo o eixo ou ser o ponto de
partida para a observação.

Figura 05: Os nós do Plano Piloto de Brasília. Fonte: Google Earth (2009).
Organização: Karine Lise Schäfer e Fabiana Calçada de Lamare Leite
Por fim, os marcos / pontos de referência. No caso do Plano Piloto de Brasília, os
pontos de referência acabam por se localizar no Eixo Monumental, que por si só já se
enquadra em um ponto de referência, caso a análise tivesse como escala a cidade como um
todo. Para efeito desta pesquisa, são identificados como marcos ou ponto de referência no
Eixo Monumental: a Plataforma Rodoviária, a Esplanada dos Ministérios, a Torre de TV, a
Catedral Metropolitana, o Congresso Nacional e a Praça dos Três Poderes (figura 06).

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Figura 06: Os Marcos/ Pontos de Referência do Plano Piloto de Brasília. Fonte: Google Earth (2009).
Organização: Karine Lise Schäfer e Fabiana Calçada de Lamare Leite
Aplicando tal conceito na identificação e análise dos marcos/pontos de referência a
outros casos é possível apontar a Torre Eifel e o Arco do Triunfo em Paris, a Estátua da
Liberdade e as extintas “torres. gêmeas” do World Trade Center em Nova Iorque, a Torre
de Belém em Lisboa. É possível apontar os palácios, castelos e catedrais, que mesmo não
tendo a altura de suas construções como um atributo marcante é um marco / ponto de
referência por sua representatividade e contraste com outros elementos próximos. São
exemplos: o Palácio de Buckingham em Londres e a Basílica de São Pedro no Vaticano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise dos elementos morfológicos identificados no Plano Piloto de Brasília,
foi possível concluir que em certos momentos se percebe que o projeto de Brasília extrapola
os limites do papel e as características funcionais que seu projeto descreve, apresentando
movimento, fluidez conforme as intenções descritas nos documentos. E, em outros momentos,
Brasília pode ser descrita como um quadro, para ser observado, sentido e interpretado, “um
arquipélago de setores separados por terra de ninguém” (Holanda, 1985, p.159).
Brasília e sua morfologia possuem um grande repertório de situações de análise, na
qual os preceitos do modernismo são colocados em discussão sobre sua real aplicabilidade.
Discute-se a questão da qualidade de vida e a da vitalidade urbana, que seriam
proporcionadas pela existência harmônica das atividades em uma cidade, o que não se
observa no plano piloto de Brasília, pela rigorosa setorização dos usos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camboriú.

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