Você está na página 1de 66

Prof.

Márcio Mendes

Notas de Aula
Instalações Hidráulicas Prediais

Belo Horizonte
Janeiro de 2012
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
2 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS DE ÁGUA FRIA ................................... 2
2.1 Definições ......................................................................................................... 2
2.1.1 Tipos de Alimentação Predial .................................................................. 3
2.2 Critérios de Projeto ........................................................................................... 4
2.2.1 Ligações Prediais .................................................................................... 4
2.2.2 Consumo Diário ....................................................................................... 5
2.2.3 Vazões dos Ramais e Sub-Ramais ......................................................... 7
2.2.4 Vazões das Colunas e Barriletes ............................................................. 7
2.2.5 Vazão do Alimentador Predial ................................................................. 8
2.2.6 Vazão da Instalação Elevatória ............................................................... 8
2.2.7 Velocidade Máxima ................................................................................. 8
2.2.8 Pressões Máxima e Mínima..................................................................... 8
2.2.9 Perdas de Carga...................................................................................... 9
2.3 Dimensionamento das Tubulações ................................................................. 10
2.3.1 Tubulações de Recalque e Sucção ....................................................... 12
2.3.2 Tubulações de Limpeza e de Extravasão do Reservatório.................... 12
2.3.3 Capacidade dos Reservatórios .............................................................. 13
2.4 VERIFICAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO ..................................................... 14
2.5 DETALHE DE PRESERVAÇÃO SANITÁRIA ................................................. 15
2.6 MATERIAIS UTILIZADOS NOS TUBOS, CONEXÕES E JUNTAS ................ 15
2.7 Exercícios........................................................................................................ 16
2.8 Trabalho 1 ....................................................................................................... 18
3 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE .......................... 19
3.1 Definições ....................................................................................................... 20
3.1.1 Tipos de Sistemas de Aquecimento ...................................................... 20
3.1.2 Tipos de Aquecedores ........................................................................... 20
3.2 Critérios de Projeto ......................................................................................... 20
3.2.1 Temperatura da Água para o Uso ......................................................... 21
3.2.2 Consumo Diário de Água Quente (morna) ............................................ 21
3.2.3 Vazões de Dimensionamento das Tubulações ...................................... 21
3.2.4 Velocidade Máxima ............................................................................... 22
3.2.5 Pressões Máxima e Mínima................................................................... 22
3.2.6 Perdas de Carga.................................................................................... 22
3.3 Dimensionamento das Tubulações ................................................................. 23
3.3.1 Capacidade dos Reservatórios .............................................................. 23
3.4 Verificação do Dimensionamento ................................................................... 24
3.5 Materiais Utilizados nos Tubos, Conexões e Juntas....................................... 24
3.6 Exercícios........................................................................................................ 25
3.7 Trabalho 2 ....................................................................................................... 25

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO SANITÁRIO .......................................... 26
4.1 Definições ....................................................................................................... 26
4.2 Critérios de Projeto ......................................................................................... 27
4.2.1 Terminologia das Tubulações de Esgoto............................................... 29
4.3 Dimensionamento das Tubulações ................................................................. 30
4.3.1 Dimensionamento dos Ramais de Descarga e de Esgoto..................... 30
4.3.2 Dimensionamento do Tubo de Queda ................................................... 30
4.3.3 Dimensionamento do Coletor e Subcoletor Predial ............................... 31
4.3.4 Dimensionamento da Ventilação ........................................................... 32
4.3.5 Dimensionamento da Caixa ou Ralo Sifonado (CS) .............................. 34
4.3.6 Dimensionamento da Caixa Retentora de Gordura (CG) ...................... 35
4.3.7 Dimensionamento da Caixa de Inspeção (CI) ....................................... 35
4.3.8 Dimensionamento da Caixa de Passagem (CP).................................... 36
4.4 Exercícios........................................................................................................ 37
5 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS DE ÁGUAS PLUVIAIS ........................................ 38
5.1 Definições ....................................................................................................... 38
5.2 Critérios de Projeto ......................................................................................... 39
5.2.1 Intensidade Pluviométrica ...................................................................... 39
5.2.2 Área de Contribuição ............................................................................. 40
5.2.3 Características de Impermeabilização do Local .................................... 40
5.2.4 Vazão de Projeto ................................................................................... 41
5.3 Dimensionamento ........................................................................................... 41
5.3.1 Dimensionamento das Calhas ............................................................... 41
5.3.2 Dimensionamento das Condutores Verticais ......................................... 43
5.3.4 Dimensionamento das Caixas de Areia ou de Inspeção ....................... 45
5.4 Exercícios........................................................................................................ 46
5.5 Trabalho 3 ....................................................................................................... 47
6 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS . 48
6.1 Definições ....................................................................................................... 49
6.2 Tipos de Sistema de Prevenção e Combate a Incêndio ................................. 49
6.3 Instalações Sob Comando .............................................................................. 49
6.3.1 Dimensionamento dos Hidrantes ........................................................... 50
6.3.2 Dimensionamento das Tubulações........................................................ 52
6.4 Instalação Automática ..................................................................................... 53
6.5 Reserva de Água para Combate a Incêndio ................................................... 53
6.6 Exercícios........................................................................................................ 60
6.7 Trabalho 4 ....................................................................................................... 60
7 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS DE GLP ............................................. 61
7.1 Introdução ....................................................................................................... 61
7.2 Distribuição de GLP ........................................................................................ 61
7.3 Instalações de GLP ......................................................................................... 61
7.3.1 Residência de Porte Pequeno e Médio ................................................. 61
7.3.2 Residência de Grande Porte ................................................................. 62
7.3.3 Prédios de Apartamentos ...................................................................... 62
7.4 Exigências Quanto às Instalações de GLP ..................................................... 62
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 63

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
1

1 INTRODUÇÃO

A história nos mostra que os primeiros homens procuravam viver próximo às


fontes de água e já estudavam meios de trazê-la às povoações, cada vez maiores.
A água sempre teve um papel de grande importância na sobrevivência e na
evolução do homem. Na sobrevivência, porque sem ela não existiria vida animal. Na
evolução, porque ela é elemento fundamental para o desenvolvimento da qualidade
de vida do homem. Ela é responsável pela higiene e limpeza de cada um; tem larga
aplicação na indústria; é utilizada para irrigação dos campos; é o principal meio para
combate a incêndios; enfim, é parte vital, em todos os sentidos, no nosso meio de
vida.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como sendo: “um
estado de completo bem estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de
doenças ou enfermidades”.
Desta forma, os edifícios normalmente são dotados de instalações destinadas
ao conforto, à higiene e a segurança dos seus usuários. Logo, uma instalação
sanitária mal projetada ou mal executada poderá ocasionar riscos à saúde, através
da contaminação ou introdução de materiais indesejáveis na água.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
2

2 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS DE ÁGUA FRIA

A instalação predial de água fria tem por objetivo distribuir por toda a
edificação água para uso e consumo humano, garantindo a qualidade, a
potabilidade e quantidade. A norma brasileira que regulamenta os projetos de
instalações hidráulicas prediais é a NBR 5626, da ABNT.
O projeto de instalações hidráulicas prediais de água fria deve ser elaborado,
supervisionado e de responsabilidade de profissional de nível superior legalmente
habilitado pelas leis do país.
As instalações hidráulicas prediais de água fria devem ser projetadas e
construídas de modo a:
garantir o fornecimento de água de forma contínua, em quantidade suficiente,
com pressões e velocidades adequadas ao perfeito funcionamento das peças de
utilização e do sistema de tubulações;
preservar rigorosamente a qualidade de água do sistema de abastecimento;
preservar o máximo conforto dos usuários, incluindo-se a redução dos níveis
de ruídos.
O projeto das instalações prediais de água fria deve ser desenvolvido em 3
etapas:

a) concepção do projeto;
b) determinação das vazões;
c) dimensionamento.

O desenvolvimento do projeto das instalações de água fria deve ser


conduzido concomitantemente, e em conjunto (ou em equipe de projeto), com os
projetos de arquitetura, estruturas e de fundações do empreendimento, de modo
que se consiga a mais perfeita harmonia entre todas as exigências técnico-
econômicas envolvidas.
Os equipamentos e reservatórios devem ser adequadamente localizados
tendo em vista as suas características funcionais, a saber: espaço; iluminação;
ventilação; proteção sanitária; operação e manutenção.
Só é permitida a localização de tubulações solidária à estrutura se não forem
prejudicadas pelos esforços ou deformações próprias dessa estrutura.
As passagens através da estrutura devem ser previstas e aprovadas por seu
projetista. Tais passagens devem ser projetadas de modo a permitir a montagem e a
desmontagem das tubulações em qualquer ocasião.
Indica-se, como a melhor solução para a localização das tubulações, a sua
total independência das estruturas e das alvenarias.

2.1 Definições

Peças de Utilização: São dispositivos ligados aos sub-ramais para permitirem


a utilização da água.
Alimentador Predial: Tubulação compreendida entre o ramal predial e a
primeira derivação ou registro de bóia do reservatório.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
3

Barrilete: Conjunto de tubulações que se origina no reservatório e do qual se


derivam as colunas de distribuição.
Coluna de Distribuição: Tubulação derivada do barrilete e destinada a
alimentar ramais.
Consumo Diário: Valor médio de água consumida num período de 24 horas
em decorrência de todos os usos do edifício no período.
Ponto de Utilização: Extremidade a jusante do sub-ramal.
Rede predial de distribuição: Conjunto de tubulações, compreendido pelos
barriletes, colunas de distribuição, ramais e sub-ramais, ou de alguns destes
elementos.
Ramal: Tubulação derivada da coluna de distribuição e destinada a alimentar
os sub-ramais.
Ramal Predial: Tubulação compreendida entre a rede pública de
abastecimento e a instalação predial.
Retro-sifonagem: Refluxo de águas servidas, poluídas ou contaminadas, para
o sistema de consumo, em decorrência de pressões negativas.
Sub-ramal: Tubulação que liga o ramal à peça de utilização ou à ligação do
aparelho sanitário.

Figura 2.1 – Definições em Instalações Hidráulicas Prediais de Água Fria

2.1.1 Tipos de Alimentação Predial

Sistema de Distribuição Direta: A alimentação da rede predial de distribuição


é feita diretamente da rede pública de abastecimento (sem reservação).
Sistema de Distribuição Indireta por Gravidade: A alimentação da rede predial
de distribuição é feita através de reservatório superior.
Sistema de Distribuição Indireta com Bombeamento: A alimentação da rede
predial de distribuição é feita a partir de reservatório superior, o qual é alimentado
por bombeamento, através de um reservatório inferior.
Recomenda-se que se dispense a existência de reservatório inferior sempre
que for possível alimentar continuamente o reservatório superior diretamente pelo
alimentador predial.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
4

Sistema de Sistema de Distribuição Sistema de Distribuição


Distribuição Direta Indireta por Gravidade Indireta por Bombeamento

Rede Pública Rede Pública Rede Pública Bomba


Figura 2.2 – Sistemas Prediais de Distribuição de Água

2.2 Critérios de Projeto

Um projeto de instalação hidráulica predial de água fria se desenvolve,


normalmente, em quatro fases. Na primeira delas são definidos os pontos de
utilização da água fria, o tipo de sistema de distribuição, a localização dos
reservatórios, equipamentos e tubulações. Na fase seguinte é realizada a
determinação e capacidades dos equipamentos. Na terceira faze é feito o
dimensionamento, e por fim as verificações das condições de funcionamento de
toda a instalação.

2.2.1 Ligações Prediais

A Tabela 2.1, a seguir, apresenta os diâmetros dos ramais prediais exigidos


pela COPASA MG, conforme padrões apresentados na Figura 2.3.

Tabela 2.1 – Diâmetro do Ramal Predial (COPASA MG)


1
Número de Economias Diâmetro do Ramal Predial
Residencial Comercial
1 a 25 1 a 126 ½” – 15 mm
26 a 35 127 a 180 ¾” – 20 mm
36 a 50 181 a 360 1” – 25 mm
51 a 100 361 a 540 2” – 50 mm
acima de 100 acima de 540 a ser estudado pela COPASA MG
1
Economia é cada uma das unidades residenciais ou comerciais

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
5

a) Modelo Cavalete (sobre o piso) b) Modelo Embutido (no muro ou mureta)


Figura 2.3 – Padrão COPASA MG

Recomenda-se que o projetista consulte sempre as normas da


concessionária de água local para detalhar a ligação predial.

2.2.2 Consumo Diário

O consumo diário de uma edificação deve ser calculado através da equação:

Cd = P × q (1)

onde: Cd é o consumo diário da edificação (l/dia); P é a população de ocupação da


edificação; e q é o consumo “per capita” (l/dia).
A população de uma edificação e o consumo “per capita” podem ser
estimados através do tipo e natureza do imóvel, conforme apresentado nas Tabela
2.2 e 2.3, respectivamente.

Tabela 2.2 – Taxa de Ocupação de Acordo com a Natureza do Local


Natureza do Local Taxa de Ocupação
Residências uni-familiar 2 pessoas por quarto e 1 por quarto de empregada
Prédio de apartamentos 2 pessoas por quarto
Prédio de Escritórios:
- uma só entidade locadora 1 pessoa por 7,0 m² de área
- mais de uma entidade locadora 1 pessoa por 5,0 m² de área
Restaurantes 1 pessoa por 1,5 m² de área
Teatros e cinemas 1 cadeira para cada 0,7 m² de área
Lojas (pavimentos térreos) 1 pessoa por 2,5 m² de área
Lojas (pavimentos superiores) 1 pessoa por 5,0 m² de área
Supermercados 1 pessoa por 2,5 m² de área
Shopping centers 1 pessoa por 5,0 m² de área
Salões de hotéis 1 pessoa por 6,0 m² de área
Museus 1 pessoa por 8,0 m² de área

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
6

Tabela 2.3 – Estimativa do Consumo Diário “Per Capita”


Tipo de Edificação Unidade Consumo (l/dia)
1. Serviços Domésticos
Apartamentos “per capita” 200
Apartamentos de Luxo por dormitórios 300 a 400
por quarto de empregada 200
Residência de Luxo “per capita” 300 a 400
Residência de Médio Valor “per capita” 150
Residência Populares “per capita” 120 a 150
Alojamentos Provisórios de Obras “per capita” 80
Apartamento do Zelador “per capita” 600 a 1.000
2. Serviços Públicos
Edifícios de Escritórios por ocupante efetivo 50 a 80
Escolas, Internatos “per capita” 150
Escolas, Externatos por aluno 50
Escolas, Semi-Internatos por aluno 50
Hospitais e Casas de Saúde por leito 250
Hotéis com Cozinha e Lavanderia por hóspede 250 a 350
Hotéis sem Cozinha e Lavanderia por hóspede 120
Lavanderias por kg de roupa seca 30
Quartéis por soldado 150
Cavalarias por cavalo 100
Restaurantes por refeição 25
2
Mercados por m de área 5
Garagens e Postos de Serviços para
Automóveis
por automóvel 100
Rega de Jardins 2
por m de área 1,5
Cinemas, Teatros
por lugar 2
Igrejas
por lugar 2
Ambulatórios
“per capita” 25
Creches
“per capita” 50
3. Serviços Industriais
Fábricas (uso pessoal) por operário 70 a 80
Fábricas com restaurante por operário 100
Usinas de Leite por litro de leite 5
Matadouros por animal abatido 300
Matadouros de Pequeno Porte por animal abatido 150

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
7

2.2.3 Vazões dos Ramais e Sub-Ramais

O dimensionamento dos ramais e sub-ramais deve ser feito a partir da vazão


mínima necessária para o ponto de utilização da instalação hidráulica predial. Para
tanto, são apresentados na Tabela 2.4, a seguir, os valores de vazão mínima
necessária para o funcionamento de diversas peças e pontos de utilização.
Além disso, nesta mesma tabela, são apresentados os pesos (valores de
ponderação) para as diversas peças e pontos de utilização de água.

Tabela 2.4 – Vazões e Pesos Relativos aos Pontos de Utilização


Peça ou Ponto de Utilização Vazão (l/s) Peso (P)
Bebedouro 0,05 0,1
Bica de Banheira 0,30 1
Bidê 0,10 0,1
Caixa de descarga para bacia sanitária ou mictório não aspirante 0,15 0,3
Chuveiro 0,20 0,5
Máquina de lavar roupa ou prato 0,30 1
Torneira ou misturador (água fria) de lavatório 0,20 0,5
Torneira ou misturador (água fria) de pia de cozinha 0,25 0,7
Torneira de pia de despejo ou tanque de lavar roupa 0,30 1
Válvula de descarga para bacia sanitária 1,90 40,0
Válvula de descarga para mictório auto-aspirante 0,50 2,8
Válvula de descarga ou registro para mictório não aspirante 0,15 0,3

2.2.4 Vazões das Colunas e Barriletes

As vazões de dimensionamento das colunas e barriletes devem levar em


conta a possibilidade de uso dos pontos de utilização, ou seja, deve-se considerar o
uso simultâneo das peças (internatos, clubes, quartéis) e o uso não simultâneo das
peças (possibilidade menor que 100%).
Para a primeira situação (uso simultâneo) a vazão de cada trecho deve ser a
soma das vazões dos pontos que estão sendo utilizados.
Para a situação de uso não simultâneo considera-se o método da vazão
máxima provável, pois, esse método considera difícil que todas as peças de
utilização, alimentadas pelo mesmo ramal, funcionem simultaneamente e que a
probabilidade de uso simultâneo decresce com o acréscimo do número de peças.
Desta forma, o método adotado pela norma utiliza a fórmula apresentada a
seguir:

Q = 0,30 ⋅ ∑ P (2)

onde Q é a vazão (l/s) e P são os pesos das diversas peças ligadas ao trecho
analisado.
__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
8

2.2.5 Vazão do Alimentador Predial

A vazão do alimentador predial é definida conforme o sistema de


abastecimento:
Abastecimento Direto: a vazão do alimentador predial é calculada utilizando-
se a equação (2);
Abastecimento Indireto por Gravidade: a vazão do alimentador predial deve
ser suficiente para atender o consumo diário do prédio no período de 24 horas;
Abastecimento Indireto por Bombeamento: a vazão do alimentador predial
deve ser igual aquela determinada para a instalação elevatória.

2.2.6 Vazão da Instalação Elevatória

Conforme orientação da norma, o sistema elevatório deverá ter uma vazão


mínima horária igual a 15% do consumo diário, ou seja, o sistema deverá funcionar
durante 6,66 horas por dia. (para a bomba o dia deverá ter no máximo 6,66 h)
Baseado na experiência pode-se adotar:

a) prédios de apartamentos e hotéis: 3 períodos de 1,5 horas (= 4,5 h);


b) prédios de escritórios: 2 períodos de 2 horas (= 4 h);
c) hospitais: 3 períodos de 2 horas (= 6 h).

2.2.7 Velocidade Máxima

Segundo a norma, a velocidade máxima do escoamento não pode ultrapassar


a 3,0 m/s, pois, acima desse valor provoca ruído desagradável, desgastes
excessivos da tubulação e golpe de aríete.

2.2.8 Pressões Máxima e Mínima

Conforme a norma, as pressões máximas e mínimas admitidas no interior das


tubulações do sistema de distribuição de água fria são:

a) Pressão Estática Máxima: 400 kPa (≈ 40,8 mca);


b) Pressão Dinâmica Mínima: 5 kPa (≈ 0,5 mca).

Onde, pressão estática é aquela considerada quando não está havendo


escoamento e pressão dinâmica é aquela que ocorre quando está ocorrendo
escoamento.
Além disso, devem-se levar em conta as pressões máximas e mínimas
exigidas nos pontos de utilização, conforme apresentado na Tabela 2.5.
__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
9

Tabela 2.5 – Pressão nos Pontos de Utilização


Pressão Pressão
Pontos de Utilização Dinâmica (kPa) Estática (kPa)
Mín Máx Mín Máx
Aquecedor elétrico de alta pressão 5 400 10 400
Aquecedor elétrico de baixa pressão 5 40 10 50
Bebedouro 20 400 - -
Chuveiro de DN = 15 mm 20 400 - -
Chuveiro de DN = 20 mm 10 400 - -
Torneira 5 400 - -
Torneira de bóia para caixa de descarga DN = 15 mm 15 400 - -
Torneira de bóia para caixa de descarga DN = 20 mm 5 40 - -
Torneira de bóia para reservatórios 5 400 - -
Válvula de descarga de baixa pressão 12 - 20 -

2.2.9 Perdas de Carga

Para o cálculo das perdas de carga, ou seja, perda de energia ao longo do


escoamento, a norma indica o uso das fórmulas de Flamant (PVC ou cobre) e de
Fair Whipple-Siao (aço e ferro fundido), cujas equações são apresentadas a seguir.
Além disso, deve-se utilizar o método dos comprimentos equivalentes para se
considerar a perda de carga localizada.

Q1,75
∆h = 0,000824 ⋅ 4,75 ⋅ L (para PVC ou cobre) (3)
D
Q1,88
∆h = 0,002021⋅ 4,88 ⋅ L (para aço ou ferro fundido) (4)
D

onde: ∆h é perda de carga (m); Q é a vazão escoada (m³/s); D é o diâmetro do


conduto (m); e L é a soma do comprimento total do conduto e dos comprimentos
equivalentes de cada peça (m).
As Tabelas 2.6 e 2.7, a seguir, apresentam os valores dos comprimentos
equivalentes para diversas peças conforme o valor do diâmetro.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
10

Tabela 2.6 – Comprimentos Equivalentes (Leq) em Metros de Canalização de PVC Rígido ou Cobre
Joelho Joelho Curva Curva Tê Tê Tê fluxo Saída Entrada Entrada Registro Registro Registro Válvula Válvula Válvula
90º 45º 90º 45º fluxo fluxo bilateral de Normal de gaveta globo de de pé de de
Peça direto lateral Canali- Borda aberto aberto Ângulo com retenção retenção
zação aberto crivo leve pesada
Diâmetro
(pol) (mm)
1/2 15 1,1 0,4 0,4 0,2 0,7 2,3 2,3 0,8 0,3 0,9 0,1 11,1 5,9 8,1 2,5 3,6
3/4 20 1,2 0,5 0,5 0,3 0,8 2,4 2,4 0,9 0,4 1 0,2 11,4 6,1 9,5 2,7 4,1
1 25 1,5 0,7 0,6 0,4 0,9 3,1 3,1 1,3 0,5 1,2 0,3 15 8,4 13,3 3,8 5,8
1 1/4 32 2 1 0,7 0,5 1,5 4,6 4,6 1,4 0,6 1,8 0,4 22 10,5 15,5 4,9 7,4
1 1/2 40 3,2 1,3 1,2 0,6 2,2 7,3 7,3 3,2 1 2,3 0,7 35,8 17 18,3 6,8 9,1
2 50 3,4 1,5 1,3 0,7 2,3 7,6 7,6 3,3 1,5 2,8 0,8 37,9 18,5 23,7 7,1 10,8
2 1/2 60 3,7 1,7 1,4 0,8 2,4 7,8 7,8 3,5 1,6 3,3 0,9 38 19 25 8,2 12,5
3 75 3,9 1,8 1,5 0,9 2,5 8 8 3,7 2 3,7 0,9 40 20 26,8 9,3 14,2
4 100 4,3 1,9 1,6 1 2,6 8,3 8,3 3,9 2,2 4 1 42,3 22,1 28,6 10,4 16
5 125 4,9 2,4 1,9 1,1 3,3 10 10 4,9 2,5 5 1,1 50,9 26,2 37,4 12,5 19,2
6 150 5,4 2,6 2,1 1,2 3,8 11,1 11,1 5,5 2,8 5,6 1,2 56,7 28,9 43,4 13,9 21,4

Tabela 2.7 – Comprimentos Equivalentes (Leq), em Metros de Canalização de Aço Galvanizado ou


Ferro Fundido
Joelho Joelho Curva Curva Tê Tê Tê fluxo Saída Entrada Entrada Registro Registro Registro Válvula Válvula Válvula
90º 45º 90º 45º fluxo fluxo bilateral de Normal de gaveta globo de de pé de de
Peça direto lateral Canali- Borda aberto aberto Ângulo com retenção retenção
zação aberto crivo leve pesada
Diâmetro
(pol) (mm)
1/2 15 0,4 0,2 0,2 0,2 0,3 1 1 0,4 0,2 0,4 0,1 4,9 2,6 3,6 1,1 1,6
3/4 20 0,6 0,3 0,3 0,2 0,4 1,4 1,4 0,5 0,2 0,5 0,1 6,7 3,6 5,6 1,6 2,4
1 25 0,7 0,4 0,3 0,2 0,5 1,7 1,7 0,7 0,3 0,7 0,2 8,2 4,6 7,3 2,1 3,2
1 1/4 32 0,9 0,5 0,4 0,3 0,7 2,3 2,3 0,9 0,4 0,9 0,2 11,3 5,6 10 2,7 4
1 1/2 40 1,1 0,6 0,5 0,3 0,9 2,8 2,8 1 0,5 1 0,3 13,4 6,7 11,6 3,2 4,8
2 50 1,4 0,8 0,6 0,4 1,1 3,5 3,5 1,5 0,7 1,5 0,4 17,4 8,5 14 4,2 6,4
2 1/2 60 1,7 0,9 0,8 0,5 1,3 4,3 4,3 1,9 0,9 1,9 0,4 21 10 17 5,2 8,1
3 75 2,1 1,2 1 0,6 1,6 5,2 5,2 2,2 1,1 2,2 0,5 26 13 20 6,3 9,7
4 100 2,8 1,5 1,3 0,7 2,1 6,7 6,7 3,2 1,6 3,2 0,7 34 17 23 8,4 12,9
5 125 3,7 1,9 1,6 0,9 2,7 8,4 8,4 4 2 4 0,9 43 21 30 10,4 16,1
6 150 4,3 2,3 1,9 1,1 3,4 10 10 5 2,5 5 1,1 51 26 39 12,5 19,3

2.3 Dimensionamento das Tubulações

As tubulações de instalações prediais de água fria devem ser dimensionadas


para trabalharem como condutos forçado, cujos diâmetros devem ser definidos para
cada trecho, com o cuidado de serem sempre iguais ou superiores aos de trechos
de jusante.
O critério para a definição dos diâmetros é baseado na velocidade máxima
permitida para o escoamento, conforme apresentado no item 2.2.7.
A Tabela 2.8, a seguir, apresenta as vazões máximas admissíveis para cada
diâmetro, considerando-se o critério de velocidade máxima.
Além disso, devem-se considerar diâmetros mínimos para cada peça de
utilização conforme apresentado na Tabela 2.9, a seguir.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
11

Tabela 2.8 – Vazões Máximas em Função do Diâmetro Nominal


Diâmetros Vel. Máxima Vazão Máxima
(mm) (pol) (m/s) (l/s) (m³/dia)
15 ½ 3,0 0,53 45
20 ¾ 3,0 0,94 81
25 1 3,0 1,47 127
32 1¼ 3,0 2,41 208
40 1½ 3,0 3,77 326
50 2 3,0 5,89 509
60 2½ 3,0 8,48 733
75 3 3,0 13,3 1149
100 4 3,0 23,6 2039
125 5 3,0 36,8 3180
150 6 3,0 53,0 4579

Tabela 2.9 – Diâmetro Mínimo por Peça de Utilização (Sub-Ramal)


Diâmetro Mínimo
Ponto de Utilização
(mm) (pol)
Aquecedor de alta pressão 15 ½
Aquecedor de baixa pressão 20 ¾
Banheira 15 ½
Bebedouro 15 ½
Bidê 15 ½
Caixa de descarga 15 ½
Chuveiro 15 ½
Filtro de pressão 15 ½
Lavatório 15 ½
Máquina de lavar roupa ou prato 20 ¾
Mictório auto-aspirante 25 1
Mictório não aspirante 15 ½
Pia de cozinha 15 ½
Tanque de despejo ou de lavar roupa 20 ¾
1
Válvula de descarga 32 1¼
1
Para pressão estática disponível inferior a 30 kPa recomenda-se o diâmetro de 40 mm (1 ½ pol)

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
12

2.3.1 Tubulações de Recalque e Sucção

No dimensionamento da tubulação de recalque, quando existir, indica-se a


utilização da fórmula da ABNT:

D r = 0,586 ⋅ 4 X ⋅ Q (5)

onde: Dr é o diâmetro de referência (m); X é o número de horas de funcionamento


da bomba por dia; e Q é a vazão da bomba (m³/s)
O diâmetro da tubulação de sucção deve ser no mínimo, um diâmetro
comercial superior ao diâmetro de referência, enquanto o diâmetro de recalque deve
ser igual ao diâmetro comercial igual ou inferior ao diâmetro de referência, ou seja:
DSucção > Dr e DRecalque ≤ Dr.

2.3.2 Tubulações de Limpeza e de Extravasão do Reservatório

A tubulação de limpeza do reservatório deve ser dimensionada em função do


tempo em que se deseja que o mesmo seja esvaziado. Considerando um
reservatório de forma prismática, pode se utilizar a equação a seguir para o
dimensionamento da tubulação de limpeza.

2⋅S
t= ⋅ hL (6)
Cd ⋅ A ⋅ 2 ⋅ g

onde: t é o tempo desejado para o esvaziamento do reservatório (s); S é a área da


superfície de água do reservatório (m²); A é a área da seção a tubulação de limpeza
(m²); Cd é o coeficiente de descarga do orifício (Cd ≈ 0,6); e hL é a altura de água
sobre o eixo da saída da tubulação de limpeza (m), conforme apresentado na Figura
2.4, a seguir.
A tubulação de extravazão do reservatório é utilizada para se evitar um
possível transbordamento do mesmo quando ocorrem defeitos no sistema de
enchimento do mesmo. O seu dimensionamento depende da carga hidráulica acima
do eixo de entrada na tubulação e o seu funcionamento pode se dar como
vertedouros, orifícios, bocais e, até mesmo, como condutos forçados.
A expressão (6), a seguir, é utilizada para orifícios, bocais e tubos curtos, o
que permite o cálculo da área da seção transversal necessária ao extravasor,
quando este não for muito longo, ou seja, seu comprimento for inferior a 60 vezes o
seu diâmetro.

Q = C d ⋅ A ⋅ 2 ⋅ g ⋅ hE (7)

onde: Q é a vazão que alimenta o reservatório (m³/s) Cd é o coeficiente de descarga


do orifício (Cd ≈ 0,6); A é a área da seção transversal do extravasor (m²); e hE é a
altura de água sobre o eixo da tubulação do extravasor (m), conforme apresentado
na Figura 2.4, a seguir.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
13

NA máximo

NA normal hE

hL

Tubulação de Tubulação Tubulação de


Alimentação de Limpeza Extravazão
Figura 2.4 – Tubulações de Limpeza e Extravazão do Reservatório

Recomenda-se que o diâmetro da tubulação de extravazão deve ser superior


ao da tubulação prevista para a alimentação do reservatório. Além disso,
recomenda-se que o seu deságüe seja feito livremente em local de fácil
visualização, para que sejam tomadas providências quando ocorrer alguma
anormalidade.
Caso o lançamento das águas extravasadas e/ou de limpeza seja feito no
sistema de esgotamento sanitário, exige-se que haja uma separação atmosférica
(distância vertical, sem obstáculos e através da atmosfera, entre a saída da
tubulação e o nível de transbordamento) correspondente a 2 vezes o diâmetro
interno do tubo extravasor e nunca menor que 30 cm.

2.3.3 Capacidade dos Reservatórios

O volume acumulado no(s) reservatório(s) das edificações não pode(m) ser


inferior(es) ao volume consumido diariamente no prédio. Além disso, recomenda-se
que o volume armazenado não ultrapasse a 3 vezes o consumo diário.
A determinação do consumo diário deve ser efetuada através da Tabela 2.3 e
da equação (1). Logo, o cálculo do volume de armazenamento total pode ser feito
considerando a equação a seguir.

Cd
Vt = ⋅t (8)
1000

onde: Vt é o volume total armazenado (m³); C é o consumo diário (l/dia); e t é o


tempo de armazenamento (dia).

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
14

Desta forma, o volume de cada reservatório dependerá do tipo de sistema de


distribuição.

Distribuição Indireta por gravidade: VRS = Vt


VRS = 0,40 ⋅ Vt (40% Vt )
Distribuição Indireta por Bombeamento: 
VRI = 0,60 ⋅ Vt (60% Vt )

Os reservatórios devem ser construídos de tal forma que satisfaçam as


seguintes condições:

a) preservem os padrões de higiene e segurança;


b) sejam perfeitamente estanques;
c) possuam paredes lisas, executadas com materiais que resistam ao ataque
da água;
d) sempre providos de dispositivo do tipo tampa que impeça a entrada de
animais e corpos estranhos;
e) devem ser providos de abertura, convenientemente localizada, que permita
o fácil acesso ao seu interior para inspeção e limpeza;
f) sejam dotados de extravasor;
g) tenham canalização para esgotamento e, quando a área do fundo for
superior a 2 m², este deverá ser inclinado a fim de permitir o seu perfeito
esvaziamento;
h) devem ser construídos de tal forma a manter uma folga mínima de 0,60 m
entre as suas paredes e qualquer obstáculo lateral, e entre o fundo e o
local onde se apoia, para permitir inspeções.

2.4 VERIFICAÇÃO DO DIMENSIONAMENTO

Após o dimensionamento do diâmetro de cada trecho da tubulação, faz-se


necessário a verificação das pressões máximas estáticas e das pressões mínimas
dinâmicas, a partir dos dados de projeto e dos cálculos das perdas de carga ao
longo do escoamento, conforme item 2.2.9.
A Tabela 2.10, a seguir, é sugerida para a verificação supracitada.

Tabela 2.10 – Planilha de Cálculo para Instalações Prediais de Água Fria


Trecho Pesos Q D v Comprimentos Piezom. ∆h Piezom. Elev. Pressão
Unit. Acum. (l/s) (mm) (m/s) Tubul. Peças Total Mont. (m) Jusante Jus. Disp.
(mH2O) (mH2O) (m) (mH2O)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

1 - Identificação do trecho;
2 - Valores dos pesos dos pontos de utilização ligados ao ramal;
3 - Soma dos pesos dos pontos de utilização ligados ao ramal com os pesos
dos trechos de jusante;
4 - Vazão no trecho;
5 - Diâmetro do trecho, a partir da vazão;
6 - Velocidade média no trecho, a partir do diâmetro adotado;
__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
15

7 - Comprimento da tubulação do trecho;


8 - Soma dos comprimentos equivalentes de cada peça do trecho;
9 - Soma dos comprimentos (8) e (9);
10 - Pressão Piezométrica disponível a montante do trecho analisado;
11 - Perda de carga do escoamento ao longo do trecho analisado;
12 - Pressão piezométrica disponível a jusante do trecho analisado [(10) –
(11)];
13 - Elevação a jusante do trecho analisado;
14 - Pressão disponível a jusante [(12) – (13)].

2.5 DETALHE DE PRESERVAÇÃO SANITÁRIA

A norma brasileira exige que as colunas de distribuição devam ser ventiladas,


de tal forma a garantir que não haja:

a) a contaminação da instalação devido ao fenômeno chamado retro-


sifonagem (pressões negativas na rede) que causam a entrada de corpos
poluidores através do sub-ramal do vaso sanitário, bidê ou banheira.
b) o estrangulamento das seções de passagem da água devido ao acúmulo
de bolhas de ar, que normalmente acompanham o fluxo de água.

Desta forma, conforme exigência de norma, a ventilação deve:

a) ser ligada à coluna de distribuição após o registro de passagem existente;


b) ter sua extremidade superior livre, acima do nível máximo d’água do
reservatório superior;
c) ter o diâmetro igual ou superior ao da coluna de distribuição.

2.6 MATERIAIS UTILIZADOS NOS TUBOS, CONEXÕES E JUNTAS

Os tubos e conexões utilizadas nas instalações hidráulicas prediais de água


fria podem ser construídos dos seguintes materiais: aço galvanizado, cobre, ferro
fundido, PVC rígido, ferro maleável, latão, bronze ou outro material tal que:

a) sejam próprio para condução de água potável, não alterando sua


qualidade;
b) sejam adequados para o acoplamento entre si;
c) sejam adequados para as condições de temperatura e de pressão que
serão submetidos.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
16

2.7 Exercícios

1) Calcular a capacidade do reservatório de uma residência de dois pavimentos com


quatro quartos, sendo uma suíte e um quarto de hóspedes. A residência possui
ainda uma dependência completa de empregada, para ser ocupada por duas
pessoas. Indique o tipo de distribuição.

2) Calcular a capacidade do(s) reservatório(s) de um edifício de 16 pavimentos


tipos, com 2 apartamentos por pavimento sendo que cada apartamento possui 2
quartos e dependência de empregada. A área construída é de 5200 m² e o
abastecimento é contínuo. Indique o tipo de distribuição.

3) Determine o diâmetro do alimentador predial, das tubulações de sucção e


recalque, das tubulações de extravasão e de limpeza do reservatório (superior) do
edifício do exercício 2, considerando todos os tipos de distribuição possíveis.
Considere o reservatório superior com área de base igual a 5,0 m², e distância
vertical entre a borda superior e o extravasor igual a 20 cm. (obs.: neste exercício
não foi considerado o volume para combate a incêndio, que será alvo de estudo em
capítulo posterior).

4) Dimensione, as tubulações de PVC rígido de um banheiro conforme apresentado


no desenho isométrico abaixo. Em seguida, faça a verificação considerando que a
pressão piezométrica disponível no ponto A é igual a 15,5 m e sua elevação é 12,0
m.
1

4
2

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
17

5) Pede-se dimensionar a coluna 1 de distribuição de água e verificar as pressões


dinâmicas para o banheiro mais alto do prédio apresentado no esquema geral da
figura abaixo. A coluna 1 está interligada a 4 (quatro) banheiros do tipo apresentado
no desenho isométrico, também mostrado abaixo, conectando o ponto 8 deste aos
pontos D, E, F e G do esquema geral. Considere que serão utilizadas tubulações de
PVC rígido.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
18

2.8 Trabalho 1

O trabalho, cujo valor é 5 pontos, deve ser entregue em grupo e com todas as
respostas detalhadas.

1) Considere um edifício residencial de luxo com apenas 4 andares com 1


apartamento por andar, o qual possui; varanda; 2 salas; 4 quartos sendo duas
suítes; 4 vagas de garagem; 2 banheiros sociais; e dependência completa de
empregada. O prédio ainda possui: salão de festas; piscina; quadra de esportes;
2
sauna; e área de lazer com 250 m de jardins. Pede-se determinar o(s) volume(s)
do(s) reservatório(s) considerando os sistemas de distribuição indireta por gravidade
e por bombeamento.
Observação: a sua resposta deve conter todas as possibilidades de sistema de
abastecimento.

2) Determine os volumes mais adequados do(s) reservatório(s) a ser(em)


construído(s) para abastecer um hotel de luxo com capacidade para 500 hóspedes,
o qual possui, em anexo, um centro de convenções com capacidade para 2.000
2
pessoas e um jardim cuja área ocupa 50 m . Sabe-se que a concessionária de
abastecimento não possui pressão, na sua rede, suficiente para alcançar o topo do
prédio do hotel em questão.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
19

3 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE

Instalações hidráulicas prediais de água quente é qualquer instalação


hidráulica predial de água para uso humano, cuja temperatura da água esteja entre
40oC e 70oC cujo projeto deve ser regido pela norma NBR 7198 da ABNT.
O uso de água quente é comum em quase todas as atividades humanas e as
instalações hidráulicas para a sua condução podem ser específicas para indústrias,
hospitais, hotéis e residências.
O projeto de instalações hidráulicas prediais de água quente deve ser
elaborado, supervisionado e de responsabilidade de profissional de nível superior
legalmente habilitado pelas leis do país.
As instalações hidráulicas prediais de água quente devem ser projetadas e
construídas de modo a:

a) garantir o fornecimento de água de forma contínua, em quantidade


suficiente, com pressões e velocidades adequadas ao perfeito
funcionamento das peças de utilização e do sistema de tubulações;
b) preservar rigorosamente a qualidade de água do sistema de
abastecimento;
c) preservar o máximo conforto dos usuários, incluindo-se a redução dos
níveis de ruídos.

O projeto das instalações prediais de água quente deve ser desenvolvido em


3 etapas:

a) concepção do projeto;
b) determinação das vazões;
c) dimensionamento.

O desenvolvimento do projeto das instalações de água quente deve ser


conduzido concomitantemente, e em conjunto (ou em equipe de projeto), com os
projetos de arquitetura, estruturas e de fundações do empreendimento, de modo
que se consiga a mais perfeita harmonia entre todas as exigências técnico-
econômicas envolvidas.
Os equipamentos e reservatórios devem ser adequadamente localizados
tendo em vista as suas características funcionais, a saber: espaço; iluminação;
ventilação; proteção sanitária; operação e manutenção.
Só é permitida a localização de tubulações solidária à estrutura se não forem
prejudicadas pelos esforços ou deformações próprias dessa estrutura.
As passagens através da estrutura devem ser previstas e aprovadas por seu
projetista. Tais passagens devem ser projetadas de modo a permitir a montagem e a
desmontagem das tubulações em qualquer ocasião.
Indica-se, como a melhor solução para a localização das tubulações, a sua
total independência das estruturas e das alvenarias.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
20

3.1 Definições

Aquecedor: Aparelho destinado a aquecer a água.


Isolamento Térmico: Procedimento para reduzir as perdas de calor nas
instalações hidráulicas prediais de água quente.
Misturador: Dispositivo que possibilita a mistura de água quente e água fria
para o uso doméstico, somente após o ponto de utilização.
Respiro: Dispositivo destinado a permitir a saída de ar e/ou vapor de uma
instalação hidráulica predial de água quente.

3.1.1 Tipos de Sistemas de Aquecimento

Individual: Sistema de aquecimento que alimenta apenas uma peça de


utilização. Ex.: chuveiro e torneiras.
Central Privado: Sistema de aquecimento que alimenta mais de uma peça de
utilização em um mesmo domicílio. Ex.: aquecedores de acumulação residencial.
Central Coletivo: Sistema de aquecimento que alimenta várias peças de
utilização em mais de um domicílio. Ex.: prédios de apartamentos, hotéis e
hospitais.

3.1.2 Tipos de Aquecedores

Aquecedor de Acumulação: Aparelho composto de um reservatório dentro do


qual a água é acumulada e aquecida. Ex.: Boiler.
Aquecedor Instantâneo: Aparelho que não exige reservatório, aquecendo a
água quando de sua passagem por ele. Ex.: Chuveiro, serpentina e aquecimento
solar.
Além disso, os aquecedores podem ainda se caracterizar pela fonte de
energia térmica, sendo as mais freqüentes as seguintes:

a) energia elétrica;
b) queima de material orgânico (lenha, carvão vegetal e álcool);
c) queima de combustível fóssil (gasolina, óleo e GLP);
d) energia solar.

3.2 Critérios de Projeto

Um projeto de instalação hidráulica predial de água quente se desenvolve,


normalmente, em quatro fases. Na primeira delas são definidos os pontos de
utilização da água quente, o tipo de sistema de aquecimento, a localização dos
reservatórios, equipamentos e tubulações. Na fase seguinte é realizada a
determinação e capacidades dos equipamentos. Na terceira faze é feito o

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
21

dimensionamento, e por fim as verificações das condições de funcionamento de


toda a instalação.

3.2.1 Temperatura da Água para o Uso

A temperatura da água para uso humano não deve ultrapassar 40oC. Desta
forma, como há possibilidade de fornecimento de água com temperatura acima
desse valor nos pontos de utilização, faz-se necessário a mistura de água quente e
fria, através de misturadores, para o uso da chamada água morna.

3.2.2 Consumo Diário de Água Quente (morna)

O consumo diário de água quente (morna) é função do tipo e ocupação da


edificação. Desta forma, conhecidas a população e a característica da edificação, a
estimativa do consumo de água quente (morna) pode ser feita através da Tabela 3.1
apresenta a seguir.

Tabela 3.1 – Estimativa do Consumo Diário de Água Quente (morna)


Tipo da Edificação Unidade Consumo (l/dia)
Alojamento provisório “per capita” 24
Casa popular ou rural “per capita” 36
Residência “per capita” 45
Apartamento “per capita” 60
Quartel “per capita” 45
Escola (internato) “per capita” 45
Hotel (sem incluir cozinha e lavanderia) por hóspede 36
Hospital por leito 125
Restaurantes e similares por refeição 12
Lavanderia por quilo de roupa seca 15

3.2.3 Vazões de Dimensionamento das Tubulações

Os valores de vazão mínima de funcionamento e pesos das diversas peças e


pontos de utilização de água quente são conforme apresentados na Tabela 3.2, a
seguir.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
22

Tabela 3.2 – Vazões e Pesos Relativos aos Pontos de Utilização


Peça ou Ponto de Utilização Vazão (l/s) Peso (P)
Banheira 0,30 1
Bidê 0,06 0,1
Chuveiro 0,12 0,5
Lavatório 0,12 0,5
Pia de cozinha 0,25 0,7
Pia de despejo ou tanque de lavar roupa 0,30 1
Máquina de lavar roupa ou prato 0,30 1

As vazões de funcionamento das colunas e barriletes devem levar em conta a


possibilidade de uso dos pontos de utilização, ou seja, deve-se considerar o uso
simultâneo das peças (internatos, clubes, quartéis) e o uso não simultâneo das
peças (possibilidade menor que 100%).
Desta forma, o método adotado para a determinação das vazões de
funcionamento para as instalações de água quente é o mesmo adotado para as
instalações de água fria, conforme apresentado no item 2.2.4.

3.2.4 Velocidade Máxima

Segundo a norma, assim como nas instalações de água fira, a velocidade


máxima do escoamento não pode ultrapassar a 3,0 m/s, pois, acima desse valor
provoca ruído desagradável, desgastes excessivos da tubulação e golpe de aríete.

3.2.5 Pressões Máxima e Mínima

Conforme a norma, as pressões máximas e mínimas admitidas no interior das


tubulações do sistema de distribuição de água quente são as mesmas adotadas
para o sistema de distribuição de água fria.

3.2.6 Perdas de Carga

Embora a perda de carga que ocorre ao longo do escoamento de água


quente seja menor do que aquela que ocorre ao longo do escoamento de água fria,
os projetistas, em geral, adotam as mesmas fórmulas apresentadas para o cálculo
da perda de carga para o escoamento de água fria.
Tal procedimento garante que os resultados obtidos deixem os cálculos a
favor da segurança.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
23

3.3 Dimensionamento das Tubulações

As tubulações de instalações prediais de água quente devem ser


dimensionadas para trabalharem como condutos forçado, cujos diâmetros devem
ser definidos para cada trecho, com o cuidado de serem sempre iguais ou
superiores aos de trechos de jusante.
O critério para a definição dos diâmetros é baseado nas vazões e pesos
relativos de cada peça de utilização conforme apresentado no item 3.2.3.
Além disso, as vazões máximas admissíveis para cada diâmetro e os
diâmetros mínimos para cada peça de utilização são conforme apresentado nas
Tabelas 2.8 e 2.9, respectivamente.

3.3.1 Capacidade dos Reservatórios

O consumo diário de água quente deve ser estimado através da relação


apresentada a seguir:

Cm ⋅ Tm = C q ⋅ Tq + C f ⋅ Tf (9)

onde: C é o consumo diário (l/dia); T é a temperatura (oC); m é o índice indicativo de


água morna; q é o índice indicativo de água quente; e f é o índice indicativo de água
fria.
Logo, explicitando o termo relativo ao consumo diário de água quente em (10)
e considerando que Cm = Cq + Cf, tem-se:

C m ⋅ (Tm − Tf )
Cq = (10)
Tq − Tf

Além disso, observa-se que, usualmente, tem-se:

 Tf ≈ 20oC;
 Tq ≈ 70 C;
o

 Tm ≈ 40oC.

Com base no valor estimado do consumo diário de água quente, pode-se


determinar a capacidade do aquecedor conforme apresentado na Tabela 3.3.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
24

Tabela 3.3 – Capacidade dos Aquecedores


Consumo Diário a Capacidade do Consumo Diário a Capacidade do
o o
70 C (l/dia) Aquecedor (l) 70 C (l/dia) Aquecedor (l)
90 50 850 600
95 75 1.150 750
130 100 1.500 1.000
200 150 1.900 1.250
260 200 2.300 1.500
330 250 2.900 1.750
430 300 3.300 2.000
570 400 4.200 2.500
700 500 5.000 3.000

Os reservatórios de água quente devem ser constituídos de dois


reservatórios: um interno, de aço ou cobre, no qual a água é acumulada e/ou
aquecida; outro externo, de aço, criando assim uma camada de ar entre os dois
tambores, necessária para o isolamento térmico do sistema.

3.4 Verificação do Dimensionamento

Após o dimensionamento do diâmetro de cada trecho da tubulação, faz-se


necessário a verificação das pressões, a partir dos dados de projeto e dos cálculos
das perdas de carga ao longo do escoamento.
Esta verificação é semelhante aquela apresentada no item 2.4 para o sistema
de água fria.

3.5 Materiais Utilizados nos Tubos, Conexões e Juntas

Os tubos e conexões utilizadas nas instalações hidráulicas prediais de água


quente devem ser constituídos de materiais com características que garantam sua
resistência a temperatura da água, tais como: aço galvanizado, cobre, e CPVC.
Além disso, é preciso que se preveja a utilização de juntas de expansão ou
traçados tipo “loop” para que sejam absorvidas as dilatações decorrentes das
dilatações térmicas.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
25

3.6 Exercícios

1) Determinar o volume de um aquecedor de acumulação para atender a uma


residência de 5 pessoas.

2) Calcular o volume do reservatório de água quente para um sistema de


aquecimento solar de um edifício residencial, com oito apartamentos de dois quartos
e dependência completa de empregada.

3) Determinar o volume do reservatório de água quente do sistema de aquecimento


solar, para atender a um hospital com capacidade de cinqüenta leitos. Adote a
temperatura máxima da água aquecida igual a 60oC para este caso.

3.7 Trabalho 2

O trabalho, cujo valor é 5 pontos, deve ser entregue em grupo e com todas as
respostas detalhadas.

1) Determine a capacidade de um aquecedor de acumulação elétrico para um dos


apartamentos de um edifício residencial de luxo com apenas 4 andares com 1
apartamento por andar, o qual possui; varanda; 2 salas; 4 quartos sendo duas
suítes; 4 vagas de garagem; 2 banheiros sociais; e dependência completa de
empregada. O prédio ainda possui: salão de festas; piscina; quadra de esportes;
sauna; e área de lazer com 250 m2 de jardins.

2) Determine a capacidade do reservatório de água quente de um sistema de


aquecimento solar a ser implantado em um hotel de luxo com capacidade para 500
hóspedes, o qual possui, em anexo, um centro de convenções com capacidade para
2.000 pessoas. Adote a temperatura máxima da água aquecida igual a 60oC para
este caso. (Admitir o consumo diário de 4,0 kg de roupa seca por hóspede)

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
26

4 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO SANITÁRIO

As instalações hidráulicas prediais de esgotos sanitários visam atender às


exigências mínimas de habitação no que se relacionam à higiene, segurança,
economia e conforto dos usuários. A matéria é regulada pela NBR-8160/99, que
estabelece critérios para o sistema projetado e executado, de tal modo que:

a) Possibilitar rápido escoamento;


b) Facilitar manutenção;
c) Vedar passagem de gases e insetos para o interior das edificações;
d) Impedir a contaminação da água potável.

4.1 Definições

Aparelho Sanitário: Aparelho ligado à instalação hidráulica predial e destinado


ao uso de água para fins higiênicos ou a receber dejetos de águas servidas.
Caixa Retentora de Gordura: Dispositivo projetado e instalado para separar e
reter substâncias indesejáveis às redes de esgoto sanitário.
Caixa Sifonada: Caixa dotada de fecho hídrico destinada a receber efluentes
da instalação secundária de esgoto.
Desconectores: Dispositivo provido de fecho hídrico destinado a vedar a
passagem de gases.
Esgoto Sanitário: São os despejos provenientes do uso da água para fins
higiênicos.
Fecho Hídrico: Camada líquida que, em um desconector, impede a passagem
de gases.
Instalações Primárias de Esgoto: Conjunto de tubulações e dispositivos onde
têm acesso gases provenientes do coletor público ou dos dispositivos de tratamento.
Instalações Secundárias de Esgoto: Conjunto de tubulações e dispositivos
onde não têm acesso gases provenientes do coletor público ou dos dispositivos de
tratamento.
Sifão: Desconector destinado a receber efluentes de um ou mais tubos de
queda ou ramais de esgoto. Na Figura 4.1 estão apresentado os vários tipos de
sifão utilizados em instalações de esgoto e na Figura 4.2, a seguir, é mostrado o
fenômeno de auto-sifonagem.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
27

Figura 4.1 – Tipos de Sifão

Figura 4.2 – Auto-Sifonagem

4.2 Critérios de Projeto

As tubulações de instalações de esgoto sanitário devem funcionar como


escoamento em canal, ou seja, livre. Porém, o dimensionamento desse tipo de
escoamento é complexo devido ao fato de ocorrerem escoamentos gradualmente e
bruscamente variados no interior das tubulações. Desta forma, o processo de
dimensionamento das tubulações é facilitado com a utilização das chamadas
Unidades Hunter de Contribuição (UHC) associadas a cada aparelho sanitário
conforme apresentado na Tabela 4.1, a seguir. As UHC são números que levam em
conta a probabilidade de utilização simultânea dos aparelhos sanitários, associado à
vazão do escoamento em momento de contribuição máxima.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
28

Tabela 4.1 – Unidades Hunter de Contribuição por Aparelho Sanitário e Diâmetro dos Ramais de
Descarga.
Aparelho Sanitário UHC Diâmetro do Ramal
de Descarga
(1)
Bacia Sanitária 6 100
Banheira de Residência 2 40
Bebedouro 0,5 40
Bidê 1 40
Chuveiro de Residência 2 40
Chuveiro Coletivo 4 40
Lavatório de Residência 1 40
Lavatório de Uso Geral 2 40
Mictório – Válvula de Descarga 6 75
Mictório – Caixa de Descarga 5 50
Mictório – Descarga Automática 2 40
(2)
Mictório – de Calha 2 50
Pia de Cozinha Residencial 3 50
Pia de Cozinha Industrial (Preparação) 3 50
Pia de Cozinha Industrial (Lavagem de Panelas) 4 50
Tanque de Lavar Roupas 3 40
(3)
Máquina de Lavar Louças 2 50
(3)
Máquina de Lavar Roupas 3 50
(1)
O diâmetro Nominal DN mínimo para o ramal de descarga de bacia sanitária pode ser reduzido para DN 75, caso
justificado pelo cálculo de dimensionamento efetuado pelo método hidráulico apresentado no anexo B (NBR 8160) e
somente depois da revisão da NBR 6452 (aparelhos sanitários de material cerâmico), pela qual os fabricantes devem
confeccionar variantes das bacias sanitárias com saída própria para ponto de esgoto de DN 75, sem necessidade de
peça especial de adaptação.
(2)
Por metro de calha – considerar como ramas de esgoto (ver tabela 4.2).
(3)
Devem ser consideradas as recomendações do fabricante

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
29

4.2.1 Terminologia das Tubulações de Esgoto

Na Figura 4.3, a seguir, estão representadas as diversas tubulações utilizadas


em uma instalação de esgoto sanitário conforme suas funções descritas a seguir.
Ramal de Descarga: tubulação que recebe diretamente efluentes de
aparelhos sanitários;
Ramal de Esgoto: tubulação que recebe efluentes de ramais de descarga.
Tubo de Queda: tubulação vertical que recebe efluentes de subcoletores,
ramais de esgoto e ramais de descarga.
Subcoletor: tubulação que recebe efluentes de um ou mais tubos de queda
ou ramais de esgoto.
Coletor Predial: trecho de tubulação compreendido entre a última inserção de
subcoletor, ramal de esgoto ou de descarga e o coletor público ou sistema
particular.
Ramal de ventilação: tubo de ventilação ligado ao desconector ou ao ramal
de descarga, por um lado, e à coluna de ventilação ou tubo de ventilação primário,
pelo outro.
Coluna de Ventilação: tubo vertical de ventilação que possui a extremidade
superior aberta na atmosfera ou a tubo ventilador primário.
Barrilete de Ventilação: tubo horizontal de ventilação que recebe dois ou mais
tubos ventiladores, com extremidade superior aberta na atmosfera.
Tubo de Ventilação: tubulação destinada à exaustão dos gases e admissão
de ar no interior de instalações de esgoto primária, para proteger os fechos hídricos.
Tubo Ventilador Primário: é o prolongamento do tubo de queda com a
extremidade superior aberta na atmosfera.

Figura 4.3 – Terminologia em Instalações de Esgoto Sanitário

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
30

4.3 Dimensionamento das Tubulações

4.3.1 Dimensionamento dos Ramais de Descarga e de Esgoto

O dimensionamento dos ramais de descarga e de esgoto de uma instalação


de esgoto sanitário é feito através das UHC conforme o aparelho sanitário ou
conjunto deles e através das Tabelas 4.1 e 4.2, apresentadas a seguir.

Tabela 4.2 – Dimensionamento de Ramais de Esgoto


Diâmetro UHC
40 3
50 6
75 20
100 160
150 620

Além disso, como essas tubulações devem funcionar com escoamento em


forma de canal, existe a necessidade de se estipular a declividade mínima para que
não haja deposição de material. Desta forma, na Tabela 4.3 estão as declividades
mínimas para as tubulações de esgoto sanitário conforme indicado na norma
brasileira.

Tabela 4.3 – Declividades Mínimas


Diâmetro Declividade Diâmetro Declividade
(Pol) (mm) (%) (Pol) (mm) (%)

1½ 40 3 6 150 0,7
2 50 3 8 200 0,5
3 75 2 10 250 0,5
4 100 1 12 300 0,5
5 125 1 16 400 0,5

4.3.2 Dimensionamento do Tubo de Queda

O dimensionamento dos tubos de queda deverá seguir o indicado na Tabela


4.4, considerando as observações a seguir:

a) O tubo de queda deverá ser o mais vertical possível e, quando necessário,


empregar curvas de raio longo nas mudanças de direção juntamente com
visitas;
b) O tubo de queda deverá ser prolongado até a cobertura da edificação com
o mesmo diâmetro, para fins de ventilação;

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
31

c) O diâmetro mínimo do tubo de queda é igual ao maior diâmetro de


tubulação a ele ligado;
d) O diâmetro mínimo do tubo de queda que recebe efluentes de vaso
sanitário é 100 mm;
e) O diâmetro mínimo do tubo de queda que recebe efluentes de pias de
copa, cozinha ou despejo é 75 mm (exceto nos casos em que recebam até
6 UHC em prédios de até dois pavimentos em que o diâmetro mínimo pode
ser 50 mm).

Tabela 4.4 – Diâmetro Mínimo dos Tubos de Queda


Número Máximo de UHC

Diâmetro (mm) Prédio de até 3 Prédio com mais de 3 pavimentos


pavimentos em 1 pavimento em todo o tubo
40 4 2 8
50 10 6 24
75 30 16 70
100 240 30 500
150 960 350 1.900
200 2.200 600 3.600
250 3.800 1.000 5.600
300 6.000 1.500 8.400

4.3.3 Dimensionamento do Coletor e Subcoletor Predial

O dimensionamento dos coletores e subcoletores prediais deverão seguir o


indicado na Tabela 4.5, considerando as observações a seguir:

a) Sempre que possível dever ser construído em área não edificada e,


quando impossível, as caixas de inspeção deverão ser localizadas em
áreas de fácil acesso;
b) Deverá ter o traçado o mais retilíneo possível e, quando necessário
executar mudanças de direção, utilizar caixas de inspeção;
c) Deverá ter diâmetro mínimo igual a 100 mm.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
32

Tabela 4.5 – Dimensionamento dos Coletores e Subcoletores Prediais


Declividades Mínimas (%)

Diâmetro (mm) 0,5 1 2 4


Número máximo de UHC
100 - 180 216 250
150 - 700 840 1.000
200 1.400 1.600 1.920 2.300
250 2.500 2.900 3.500 4.200
300 3.900 4.600 5.600 6.700
400 7.000 8.300 10.000 12.000

4.3.4 Dimensionamento da Ventilação

Segundo a norma brasileira, toda instalação predial de esgoto sanitário


deverá compreender, no mínimo, um tubo de ventilação primária com diâmetro
maior ou igual a:

a) 75 mm se o prédio for residencial e tiver no máximo 3 vasos sanitários;


b) 100 mm nos demais casos;

ligado diretamente à caixa de inspeção e prolongado até acima da cobertura do


prédio.
Em edificações de dois ou mais pavimentos a ventilação se faz pelo
prolongamento vertical dos tubos de queda até a cobertura, sendo todos os
desconectores ligados por ramal de ventilação à coluna de ventilação e esta ligação
deverá ter, no mínimo, 0,15 m acima do nível máximo de água do mais elevado
aparelho sanitário.
O tubo de ventilação deverá elevar-se, no mínimo, 0,30 m acima de telhados,
lajes e coberturas, e 2,00 m acima de terraços. Além disso, se esta tubulação estiver
a menos de 4,00 m de janelas e portas, ela deverá elevar-se 1,00 m acima da verga
das mesmas.
A coluna de ventilação deverá ser instalada de modo a possibilitar o
escoamento, por gravidade, de qualquer líquido que porventura tenha acesso à
mesma. Além disso, deverá ter:

a) Diâmetro uniforme;
b) Extremidade inferior ligada a um subcoletor ou a um tubo de queda, em
ponto situado abaixo da ligação do primeiro ramal de esgoto ou descarga,
ou neste ramal.

Os tubos individuais de ventilação poderão ser interligados a um barrilete de


ventilação, evitando um elevado número de tubulações na cobertura, sendo que
suas extremidades deverão estar no mínimo 2,00 m acima desta (recomendação
prática) e deverão ter diâmetro maior ou igual a 150 mm.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
33

A Tabela 4.6, a seguir, apresenta os diâmetros mínimos das colunas e


barriletes de ventilação conforme a contribuição total de esgoto, além do
comprimento máximo dos mesmos.

Tabela 4.6 – Dimensões das Colunas e Barriletes de Ventilação


Diâmetro Diâmetro do Tubo de Ventilação (mm)
do Tubo Total de
de Queda UHC 40 50 60 75 100 150 200 250 300
ou Ramal
Comprimento Máximo Permitido (m)
de Esgoto
40 8 46 - - - - - - - -
40 10 30 - - - - - - - -
50 12 23 61 - - - - - - -
50 20 15 46 - - - - - - -
75 10 13 46 110 317 - - - - -
75 21 10 33 82 24 - - - - -
75 53 8 29 70 207 - - - - -
75 102 - 26 64 189 - - - - -
100 43 - 11 26 76 299 - - - -
100 140 - 8 20 61 229 - - - -
100 320 - 7 17 52 195 - - - -
100 530 - 6 15 46 177 - - - -
150 500 - - - 10 40 305 - - -
150 1.100 - - - 8 31 238 - - -
150 2.000 - - - 7 26 201 - - -
150 2.900 - - - 6 23 183 - - -
200 1.800 - - - - 10 73 286 - -
200 3.400 - - - - 7 57 219 - -
200 5.600 - - - - 6 49 186 - -
200 7.600 - - - - 5 43 171 - -
250 4.000 - - - - - 24 94 293 -
250 7.200 - - - - - 18 73 225 -
250 11.000 - - - - - 16 60 192 -
250 15.000 - - - - - 14 55 174 -
300 7.300 - - - - - 9 37 116 287
300 13.000 - - - - - 7 29 90 219
300 20.000 - - - - - 6 24 76 183
300 26.000 - - - - - 5 22 70 152

Como todo desconector deve ser ventilado, nas Tabelas 4.7 e 4.8, a seguir,
estão apresentados, respectivamente, os diâmetros mínimos dos ramais de
ventilação, conforme a quantidade de contribuição de esgoto, e as distâncias

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
34

máximas que pode existir entre um desconector e o ramal de ventilação


correspondente.

Tabela 4.7 – Dimensões Mínimas dos Ramais de Ventilação


Grupo de aparelhos SEM Vaso Sanitário Grupo de aparelhos COM Vaso Sanitário
UHC Diâmetro (mm) UHC Diâmetro (mm)
até 12 40
até 17 50
13 a 18 50
18 a 60 75
19 a 36 75

Tabela 4.8 – Distância Máxima de um Desconector a um Tubo de Ventilação


Diâmetro Distância Máxima
(mm) (m)
40 1,00
50 1,20
75 1,80
100 2,40

4.3.5 Dimensionamento da Caixa ou Ralo Sifonado (CS)

Caixa (tampa cega) ou ralo (grelha) sifonado é um dispositivo dotado de um


selo hídrico (desconector) destinado a receber efluentes de uma ou mais instalações
de esgoto secundário. Seu desenho geral pode ser visualizado na Figura 4.4, a
seguir.

Figura 4.4 – Caixa ou Ralo Sifonado

Esse dispositivo é instalado normalmente em banheiros e áreas de serviço e


possui as seguintes características:

a) fecho hídrico com altura mínima de 0,20 m;


b) cilíndricas com diâmetro mínimo de 0,30 m ou prismática com dimensões
horizontais que permitam a inscrição de um cilindro de 0,30 m de diâmetro;
c) diâmetro mínimo da tubulação de saída igual a 75 mm.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
35

4.3.6 Dimensionamento da Caixa Retentora de Gordura (CG)

Caixa retentora de gordura é um dispositivo projetado e instalado para


separar e reter resíduos gordurosos ou oleosos provenientes de pias de cozinhas,
postos de gasolinas, garagens e etc.,indesejáveis às redes públicas de esgoto.
Esse tipo de dispositivo deve ser instalado em local de fácil acesso e com
boas condições de ventilação, com tampa hermética e de fácil remoção. Devem ser
divididas em 2 (duas) câmaras, uma receptora e outra vertedoura.
As pias de cozinha superpostas em vários pavimentos devem ser esgotadas
por tubo de queda que conduzam os esgotos para uma caixa retentora de gordura
coletiva, sendo vedado o uso de caixas retentoras de gordura individuais nos
andares.
A caixa retentora de gordura poderá ser dos seguintes tipos:

a) Individual ou Pequena:
 diâmetro interno de 0,30 m;
 capacidade de retenção de 18 litros;
 tubulação de saída com diâmetro igual a 75 mm;
b) Simples:
 utilizada para receber despejos de até 2 (duas) pias de cozinha;
 diâmetro interno de 0,40 m;
 capacidade de retenção de 31 litros;
 tubulação de saída com diâmetro igual a 75 mm.
c) Dupla:
 utilizada para receber despejos de até 12 (doze) pias de cozinha;
 diâmetro interno de 0,60 m;
 capacidade de retenção de 120 litros;
 tubulação de saída com diâmetro igual a 100 mm.
d) Especial:
 utilizada para receber despejos de mais 12 (doze) pias de cozinha ou
quando se tratar de cozinhas especiais;
 tubulação de saída com diâmetro igual a 100 mm;
 volume total de retenção deverá ser calculado segunda a seguinte
fórmula:

V = 2 ⋅ N + 20 (11)

onde V é o volume da caixa retentora de gordura (litros) e N é o número de


pessoas servidas pela cozinha.

4.3.7 Dimensionamento da Caixa de Inspeção (CI)

Caixa de inspeção é uma caixa destinada a permitir a inspeção, limpeza e


desobstrução das tubulações de esgoto.
As normas a serem seguidas para a construção desse tipo de caixa são:

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
36

a) material utilizado para a construção poderá ser concreto, alvenaria de


tijolos maciços ou blocos de concreto com espessura mínima de 0,20 m;
b) seção circular com diâmetro mínimo de 0,60 m ou seção quadrada com
largura mínima de 0,60 m;
c) profundidade máxima de 1,00 m;
d) fundo construído de modo a assegurar o rápido escoamento e evitar
formação de depósitos;
e) distância entre caixas de no máximo 25,0 m;
f) para prédios de mais de 5 (cinco) pavimentos a distância máxima até o
tubo de queda deverá ser de 2,00 m
g) distância máxima para o coletor público e o coletor predial é de 15,0 m.

4.3.8 Dimensionamento da Caixa de Passagem (CP)

Caixa de passagem é uma caixa destinada a receber água de lavagem de


pisos (com grelha ou ralo) e efluentes de tubulações secundárias (com tampa cega)
de uma mesma unidade autônoma.
Esse tipo de caixa deve ter as seguintes características:

a) cilíndricas com diâmetro mínimo de 0,15 m ou prismática com dimensões


horizontais que permitam a inscrição de um cilindro de 0,15 m de diâmetro;
b) altura mínima de 0,10 m;
c) tubulação de saída dimensionada segundo indicado na Tabela 4.2.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
37

4.4 Exercícios

1) Considere a planta
(andar térreo) de um
banheiro tipo localizado
em um prédio de 5
andares. Dimensionar a
instalação de esgoto para
o banheiro mostrado na
figura, a coluna de
ventilação e o tubo de
queda.

2) Dimensionar o tubo de queda


apresentado na figura a seguir, sabendo
que o edifício é residencial com 5 (cinco)
pavimentos tipo e que em cada
pavimento existem os seguintes
aparelhos sanitários: pia de cozinha
residencial, máquina de lavar louça,
tanque de lavar roupas e máquina de
lavar roupas.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
38

5 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS DE ÁGUAS PLUVIAIS

As instalações hidráulicas prediais de águas pluviais visam drenar as águas


meteóricas precipitadas em coberturas (telhados e lajes) e nas demais áreas
associadas às edificações tais como terraços, pátios, quintais, áreas de
estacionamento e demais unidades do prédio, a fim de se evitar inundações em
edificações e logradouros públicos.
As águas pluviais coletadas nas edificações não devem ser encaminhadas
para o sistema público de esgoto, pois, em no Brasil adota-se o sistema separador
absoluto no qual a rede pública de esgoto é separada da rede pública de águas
pluviais, devido ao fato de que as águas pluviais não necessitam de tratamentos
prévios antes de serem lançadas nos cursos d’água naturais.
A norma que rege as instalações prediais de águas pluviais é a NBR 10844
que estabelece as seguintes prescrições básicas:

a) devem ser separada não sendo permitidas quaisquer interligações com


outras instalações;
b) devem permitir a limpeza e desobstrução rápida;
c) devem ser estanque;
d) devem ser resistente aos esforços provenientes de variações térmicas,
choques mecânicos, cargas e pressões;
e) devem ser resistentes às intempéries;
f) devem evitar a penetração de gases nas edificações.

5.1 Definições

Altura Pluviométrica: Volume de água precipitada por unidade de área


horizontal.
Área de contribuição: Soma de todas as áreas das superfícies que,
interceptando a chuva, conduzem às águas para um determinado ponto da
instalação.
Caixas de Areia: Caixas para recolher detritos por deposição, utilizadas nos
condutos horizontais.
Calha: Canal que recolhe água de coberturas, terraços e similares e a conduz
a um ponto de destino.
Calha de Beiral: Calha instalada na linha do beiral da cobertura;
Calha de Platibanda: Calha instalada na linha de encontro da cobertura com
a platibanda.
Calha de Rincão: Calha instalada para receber água de dois planos de
telhados.
Condutor Horizontal: Canal ou tubulação horizontal destinada a recolher e
conduzir águas pluviais até os locais permitidos pelos dispositivos legais;
Condutor Vertical: Tubulação vertical destinada a recolher as águas pluviais
de calhas, coberturas, terraços e similares e conduzi-las até a parte inferior da
edificação.
Duração da Precipitação: Intervalo de tempo entre o início e fim da
precipitação.
__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
39

Intensidade da Precipitação: Quociente entre a altura pluviométrica e a


duração da precipitação.
Perímetro Molhado: Linha que limita a seção molhada junto às paredes e o
fundo do condutor ou da calha.
Período de Retorno: Intervalo médio de tempo, em anos, para que uma
precipitação com duração fixa seja igualada ou superada.
Tempo de Concentração: Intervalo de tempo entre o início da precipitação e o
momento em que toda a área de contribuição passa a contribuir com escoamento
em uma determinada seção transversal do condutor ou da calha.
Vazão de Projeto: Vazão de referência para o dimensionamento de
condutores e calhas.

5.2 Critérios de Projeto

As dimensões dos componentes de uma instalação de águas pluviais


dependem basicamente de três fatores: a intensidade pluviométrica, a área de
contribuição e o fator de impermeabilização do local.

5.2.1 Intensidade Pluviométrica

A intensidade pluviométrica é representada pela letra i e calculada segundo a


relação entre a altura pluviométrica e a duração da precipitação.

h
i= (12)
d

onde: i é a intensidade da precipitação (mm/h); h é a altura pluviométrica (mm); e d


é a duração da precipitação (h).
A determinação desses parâmetros depende de uma análise estatística das
precipitações mais intensas registradas ao longo de anos, desta forma, a norma
brasileira permite a utilização de valores tabelados (Tabela 5.1) e de equações de
itensidade-duração-frequência para a determinação de valores de intensidade.
A duração da chuva para o cálculo da intensidade de precipitação deve ser
igual ao tempo de concentração da área de contribuição. Porém, para o caso de
instalações prediais de águas pluviais, a norma brasileira estabelece que o tempo
de concentração possa ser adotado o mínimo, igual a 5 minutos.
Além disso, a mesma norma estabelece que o tempo de retorno,
correspondente a duração mínima da chuva, deve ser igual a:

a) 1 ano para áreas pavimentadas (ex.: ruas);


b) 5 anos para coberturas e/ou terraços (ex.: telhado);
c) 25 anos para áreas onde não é permitido empoçamento ou
extravasamento.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
40

Tabela 5.1 – Intensidade Pluviométrica para Chuvas com Duração de 5 min para Algumas Cidades
Mineiras
Tempo de Retorno (anos)

Local 1 5 25
Intensidade da Precipitação (mm/h)
Barbacena 156 222 265 (12)
Belo Horizonte 132 227 230 (12)
Bonsucesso 143 196 -
Caxambu 106 137 (3) -
Ouro Preto 120 211 -
Paracatu 122 233 -
Passa Quatro 118 180 192 (10)
Sete Lagoas 122 182 281(19)
Teófilo Otoni 108 121 154 (6)
Nota: os valores entre parênteses indicam os períodos de retorno a que se referem às intensidades pluviométricas.

Quando não é conhecido o valor da intensidade da chuva para o local do


empreendimento, a norma permite que se adote a intensidade de 150 mm/h para
áreas de contribuição de até 100 m².

5.2.2 Área de Contribuição

A área de contribuição, denominada Ac, é a área plana horizontal atingida


pela chuva, acrescida de mais o incremento devido à inclinação da cobertura e de
paredes que interceptam as águas de chuva que serão drenadas, conforme
apresentado na Figura 5.1, a seguir.

5.2.3 Características de Impermeabilização do Local

A relação entre o volume escoado e o volume precipitado é conhecido como


coeficiente de deflúvio ou de “run off”. Ele é utilizado para abstrair da precipitação
total o volume de água retido, infiltrado ou evaporado ao longo do caminho do
escoamento. Desta forma, o coeficiente de deflúvio retrata, aproximadamente, o
grau de impermeabilização da superfície de escoamento e varia conforme
apresentado a seguir:

a) Telhados → 0,75 ≤ C ≤ 1,00;


b) Pavimentação asfaltica → 0,70 ≤ C ≤ 0,95;
c) Pavimentação com paralelepípedo → 0,70 ≤ C ≤ 0,85;
d) Pavimentação em concreto → 0,80 ≤ C ≤ 0,95;
e) Gramados – terrenos arenosos → 0,05 ≤ C ≤ 0,20;
f) Gramados – terrenos argilosos → 0,13 ≤ C ≤ 0,35.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
41

Figura 5.1 – Indicação para o Cálculo das Áreas de Contribuição

Para as instalações hidráulicas prediais de águas pluviais a norma brasileira


permite que seja adotado C = 1,00 para efeito de simplicidade e por ficar a favor da
segurança.

5.2.4 Vazão de Projeto

A vazão de projeto das calhas e condutores de uma instalação de águas


pluviais é determinada através da equação do Método Racional:

C ⋅ i ⋅ Ac
Q= (13)
60

onde: Q é a vazão de projeto (l/min); C é o coeficiente de escoamento superficial; i é


a intensidade da precipitação (mm/h); e Ac é a área de contribuição (m²).

5.3 Dimensionamento

5.3.1 Dimensionamento das Calhas

As calhas devem ser dimensionadas como canais funcionando como conduto


livre. Desta forma, considerando a condição de escoamento uniforme, o
dimensionamento pode ser realizado através da equação de Manning:

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
42

1 2
Q= ⋅ A ⋅ Rh 3 I (14)
n

onde: Q é a vazão de projeto (m³/s); n é o coeficiente de rugosidade de Manning; A


é a área molhada do escoamento na calha (m²); Rh é o raio hidráulico do
escoamento na calha (m); e I é a declividade do fundo do calha (m/m).
Na Tabela 5.2 estão apresentados os valores dos coeficientes de rugosidade
de Manning para diversos tipos de materiais de acabamento utilizados em calhas.

Tabela 5.2 – Coeficientes de Rugosidade de Manning


Material n
Plástico, fibrocimento, aço e materiais não ferrosos 0,011
Ferro fundido, concreto alisado e alvenaria revestida 0,012
Cerâmica e concreto não alisado 0,013
Alvenaria de tijolos não revestida 0,015

Como a área molhada e o raio hidráulico são funções da profundidade e da


forma da seção, para cada calha existente pode-se calcular a vazão máxima para
cada declividade e para cada material de acabamento da mesma. Desta forma, a
Tabela 5.3, a seguir, apresenta a capacidade máxima para algumas calhas semi-
circulares cujo material de revestimento apresenta coeficiente de rugosidade de
Manning igual a 0,011.

Tabela 5.3 – Capacidade de calhas Semicirculares com n = 0,011


Declividade Longitudinal
Diâmetro 0,5 % 1% 2%
(mm)
Capacidade Máxima (l/min)
100 130 183 256
125 236 333 466
150 384 541 757
200 829 1.167 1.634

As calhas devem apresentar declividades uniformes e não inferiores a 0,5%.


Além disso, para se considerar o efeito dinâmico da força centrífuga nas curvas,
quando essa ocorrerem a menos de 4,0 m da saída da calha, a vazão de
dimensionamento deverá ser majorada através da multiplicação por um coeficiente
conforme apresentado na Tabela 5.4, a seguir.

Tabela 5.4 – Coeficientes de Majoração da Vazão de Projeto


Tipo de Curva Curva a menos de 2,0 m da Curva entre 2,0 m e 4,0 m
saída da calha da saída da calha
Canto reto 1,2 1,1
Canto arredondado 1,1 1,05

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
43

5.3.2 Dimensionamento das Condutores Verticais

Os condutores verticais podem ter escoamentos livre, forçados ou uma


combinação desses dois, conforme as condições de entrada e saída, além do
comprimento dos mesmos. Desta forma, a norma brasileira apresenta dois gráficos,
conforme apresentado nas Figuras 5.2 e 5.3, a seguir, para a determinação do
diâmetro do condutor vertical.
Em cada um desses gráficos serão determinados dois valores para o
diâmetro do tubo: um a partir da vazão de projeto (Q) e do comprimento do tubo (L)
e outro a partir da vazão de projeto (Q) e da altura da lâmina d’água na calha (H);
sedo adotado o maior dos dois e considerando valor mínimo igual a 70 mm,
conforme indicado na norma.
Para qualquer caso, o condutor vertical deve ser projetado em uma só
prumada e, quando houver a necessidade de desvios, é obrigatória uma peça para
inspeção. Além disso, a ligação entre o conduto vertical e o horizontal deve ser feita
por curva de raio longo com inspeção ou caixa de areia.

Figura 5.2 – Gráfico para Determinação do Diâmetro do Conduto Vertical


(Calha com saída em aresta viva, f = 0,04 e 2 desvios na base)

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
44

Figura 5.3 – Gráfico para Determinação do Diâmetro do Conduto Vertical


(Calha com funil de saída, f = 0,04 e 2 desvios na base)

5.3.3 Dimensionamento das Condutores Horizontais

Assim como as calhas, os condutores horizontais devem ser dimensionados


como canais funcionando como conduto livre. Além disso, para seções circulares, a
lâmina d’água para dimensionamento deve ser 2/3 do diâmetro do tubo.
A Tabela 5.4 apresenta a capacidade de vazão, calculado através da fórmula
de Manning com y = 2/3⋅D, para as algumas declividades e diâmetros.

Tabela 5.4 – Capacidade de Condutores Horizontais de Seção Circular


Capacidade (l/min)
Diâmetro n = 0,011 n = 0,012 n = 0,013
(mm)
0,5% 1% 2% 4% 0,5% 1% 2% 4% 0,5% 1% 2% 4%

50 32 45 64 90 29 41 59 83 27 38 54 76
75 95 133 188 267 87 122 172 245 80 113 159 226
100 204 287 405 575 187 264 372 527 173 243 343 486
125 370 521 735 1.040 339 478 674 956 313 441 622 882
150 602 847 1.190 1.690 552 777 1.100 1.550 509 717 1.010 1.430
200 1.300 1.820 2.570 3.650 1.190 1.670 2.360 3.350 1.100 1.540 2.180 3.040
250 2.350 3.310 4.660 6.620 2.150 3.030 4.280 6.070 1.990 2.800 3.950 5.600
300 3.820 5.380 7.590 10.800 3.500 4.930 6.960 9.870 3.230 4.550 6.420 9.110

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
45

Os condutores horizontais devem ser uniformes e com declividade mínima


igual a 0,5%. Além disso, devem ser previstas inspeções (ex. caixa de areia) a cada
20,0 m ou quando ocorrer conexão com outra tubulação, mudança de declividade
ou mudança de direção.

5.3.4 Dimensionamento das Caixas de Areia ou de Inspeção

As caixas de areia ou de inspeção permitem a junção de coletores, mudança


de seção, declividade ou de direção, além de servirem para a retenção de partículas
(areia) presentes no escoamento.
Esse tipo de caixa deve possuir a seguinte característica:

a) seção circular de 0,60 m de diâmetro ou quadrada com 0,60 m de lado;


b) profundidade máxima de 1,00 m;
c) distância máxima entre duas caixas de 20,0 m.

A Figura 5.4 apresenta o esquema de uma caixa detentora de areia típica.

Figura 5.4 – Caixa de Areia

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
46

5.4 Exercícios

1) Determine o diâmetro do condutor vertical para as seguintes condições:

 calha com saída em aresta viva;


 vazão de projeto igual a 1,3 m³/min;
 comprimento do conduto igual a 3,50m;
 diâmetro da calha igual a 150 mm.

2) Determine o diâmetro do condutor vertical para as seguintes condições:

 calha com saída em funil;


 vazão de projeto igual a 1,01 m³/min;
 comprimento do conduto igual a 6,00m;
 diâmetro da calha igual a 200 mm.

3) Projetar e dimensionar o sistema de esgotamento de águas pluviais para o


telhado indicado na figura a seguir, sabendo que é uma casa de dois pavimentos
localizada em Ouro Preto – MG.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
47

5.5 Trabalho 3

O trabalho, cujo valor é 5 pontos, deve ser entregue em grupo e com todas as
respostas detalhadas.

1) Determine as dimensões das calhas, condutores verticais e condutores


horizontais do sistema de drenagem de águas pluviais do prédio da figura, sabendo
que o mesmo está localizado em Belo Horizonte-MG e que as calhas utilizadas
serão de seção semicircular.

Obs.: Para as calhas e condutores horizontais, se não for possível o dimensionamento para a
declividade especificada, justifique e apresente a nova declividade para ser possível o
dimensionamento.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
48

6 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIOS

As instalações hidráulicas prediais para combate a incêndios fundamentam-


se, filosoficamente, nos princípios de salvaguarda da vida e proteção do patrimônio,
sendo que, do ponto de vista técnico, dois aspectos distintos são ressaltados, ou
seja:

a) a prevenção de incêndios; e,
b) o combate ao fogo.

Neste trabalho estudaremos apenas os aspectos de prevenção de incêndio,


já que o combate ao fogo é área reservada do Corpo de Bombeiros.
A prevenção de incêndios engloba um conjunto de medidas, que objetivam
inibir o aparecimento de um incêndio, bem como dificultar o seu desenvolvimento e
proporcionar a sua extinção na fase inicial.
Os incêndios, dependendo da natureza do fogo a extinguir, classificam-se nas
quatro categorias seguintes:

a) Categoria I - Incêndios de materiais combustíveis comuns, tais como


madeira, tecido, algodão, papel, etc., cuja característica é o fogo em
profundidade e cujo agente extintor necessita de poder de resfriamento e
de penetração;
b) Categoria II - Incêndios em líquidos inflamáveis e derivados de petróleo,
cuja característica é o fogo de superfície com grande desprendimento de
calor cujo agente extintor necessita de poder de abafamento e ação de
permanências;
c) Categoria III - Incêndios em equipamentos elétricos com carga, cuja
característica é a presença de risco de vida e cujo agente extintor não deve
ser condutor de eletricidade;
d) Categoria IV - Incêndios em metais, como magnésio (em aparas, em pó,
etc.), onde a extinção deve ser feita por meios especiais.

Para debelarmos um incêndio é necessário, primeiramente, conhecer


determinados princípios básicos sobre combustão. Este surge da reação do
comburente (oxigênio) com o combustível, favorecido pelo calor, sendo este
conjunto é denominado Triângulo de Fogo.
Esses três elementos são essenciais a formação do fogo e a extinção de
apenas um deles faz com que não surja ou que se extinga o mesmo. Portanto, para
se extinguir um incêndio há 3 maneiras possíveis:

a) retirada do material que queima (combustível);


b) abafamento (eliminação do comburente);
c) resfriamento (diminuição do calor).

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
49

6.1 Definições

Hidrante: Ponto de tomada de água onde há uma (simples) ou duas (duplo)


saídas contendo válvulas angulares com seus respectivos adaptadores, tampões,
mangueiras de incêndio e demais acessórios.
Mangotinho: Ponto de tomada de água onde há uma (simples) saída
contendo válvula de abertura rápida, adaptador (se necessário), mangueira semi-
rígida, esguicho regulável e demais acessórios.
Reserva de incêndio: Volume de água destinado exclusivamente ao combate
a incêndio.
Sprinkler: Chuveiro automático para prevenção e combate a incêndios sem a
intervenção humana.

6.2 Tipos de Sistema de Prevenção e Combate a Incêndio

As instalações de prevenção e combate a incêndios podem ser, quanto ao


seu funcionamento, sob comando ou automáticas.
As instalações sob comando são constituídas de hidrantes e extintores e
necessitam da ação humana para entrarem em operação.
As instalações automáticas como o próprio nome diz não necessita de ação
humana para agirem, são automáticas e dependem das circunstâncias para
entrarem em operação. Esse tipo de instalação é constituído basicamente de
chuveiros automáticos, chamados de sprinklers.
As normas brasileiras NBR 13714 e NBR 10897 fixam as regras para as
instalações prediais de prevenção e combate a incêndios para os dois tipos de
sistemas, porém, os Estados, Municípios e Corpo de Bombeiros possuem normas
próprias, devendo ser alvo de consulta do projetista.
Para o caso de Belo Horizonte, analisaremos as indicações apresentadas nas
Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CMBMG) IT-17
e IT-18, que tratam respectivamente dos sistemas de hidrantes e de chuveiros
automáticos.

6.3 Instalações Sob Comando

As instalações de incêndio sob comando são destinados ao combate de


princípios de incêndios e ao auxílio para a ação do Corpo de Bombeiros, sendo para
isso compostas de hidrantes, tubulações de distribuição e reservatório de água.
Neste item serão apresentados os critérios para o dimensionamento dos
hidrantes de das tubulações. O cálculo para o volume de reservação será
apresentado posteriormente.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
50

6.3.1 Dimensionamento dos Hidrantes

Existem dois tipos de hidrantes: hidrante interno e hidrante de recalque ou de


passeio.
As dimensões dos hidrantes internos dependem da classificação das
edificações, conforme mostrado na Tabela 6.1, a seguir. Porém, o seu
posicionamento deve seguir as seguintes indicações:

a) próximo das portas externas, escadas e/ou acesso principal a ser protegido
e não mais do que 10 m;
b) em posições centrais nas área protegidas, atendendo o indicado
anteriormente;
c) fora de escadas ou antecâmaras de fumaça;
d) de 1,0 ma 1,5 m de altura acima do piso.

Tabela 6.1 – Tipos de Sistema de Proteção por Hidrante e Mangotinhos


Mangueira de Incêndio 1
Número de Qmínima
Sistema Tipo Esguicho Diâmetro Comprimento Expedições (l/min)
(mm) Máximo (m)
2 3
Mangotinho 1 Jato regulável 25 ou 32 45 Simples 100
Jato compacto 4
Hidrante 2 40 30 Simples 125
∅ 13 mm ou regulável
Jato compacto
Hidrante 3 40 30 Simples 250
∅ 16 mm ou regulável
Jato compacto
Hidrante 4 40 ou 65 30 Simples 400
∅ 19 mm ou regulável
Jato compacto
Hidrante 5 65 30 Duplo 650
∅ 25 mm ou regulável
1
Vazão mínima para o hidrante mais desfavorável e por cada saída.
2
Acima de 30 m de comprimento de mangueiras semi-rígidas é obrigatório o uso de carretéis axiais.
3
Para edificações do Grupo A, será adota a vazão mínima de 80 l/min.
4
Para edificações A2 e A3, poderá ser utilizado 45 m de mangueiras, caso o trajeto a percorrer pelo operador ultrapasse
30 m.

Os componentes exigidos nos hidrantes ou mangotinhos em cada sistema de


proteção está indicado na Tabela 6.2, a seguir.

Tabela 6.2 – Componentes para Hidrante ou Mangotinho Conforme o Sistema de Proteção


Tipo de Sistema de Proteção
Materiais
1 2 3 4 5
Abrigo(s) Sim Sim Sim Sim Sim
Mangueira(s) de incêndio - Sim Sim Sim Sim
Mangueira semi-rígida Sim - - - -
Chave(s) para hidrante, engate rápido - Sim Sim Sim Sim
Esguicho Sim Sim Sim Sim Sim

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
51

Os hidrantes internos são exigidos pelo CBMMG nos seguintes casos:

a) Edificações residenciais de três pavimentos (exclusive pilotis) com mais de


dois apartamentos por pavimento e nas edificações residenciais com mais
de três pavimentos (exclusive pilotis);
b) Edificações comerciais, industrial, mista e públicas, com área total
construída superior a 750 m²;
c) Edificações de recepção de público com o máximo de dois pavimentos e
área total construída superior a 750 m².

O tipo de sistema de proteção será definido na tabela 6.3, apresentada no


item 6.5.
A Figura 6.1, a seguir, é apresentado o esquema de um hidrante interno e na
Figura 6.2, também a seguir, é apresentado o esquema de um mangotinho.

Figura 6.1 – Caixa de Incêndio com Hidrante

Figura 6.2 – Caixa de Incêndio com Mangotinho

O número de hidrantes e sua localização deverão ser tais que qualquer ponto
a proteger esteja a uma distância inferior, no plano horizontal, ao do comprimento
da mangueira, sem contar o comprimento do jato.
__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
52

Os hidrantes de recalque, preferencialmente, devem ser instalados de fronte


ao acesso principal da edificação e deve possuir as seguintes características,
conforme apresentado na Figura 6.3:

a) ser enterrado em caixa de alvenaria, com fundo permeável ou dreno;


b) a tampa deve ser articulada e confeccionada em ferro fundido ou material
similar, identificada pela palavra “INCÊNDIO”, com dimensões de 0,40 m x
0,60 m e pintada da cor vermelha;
c) estar afastada a 0,50 m da guia do passeio;
d) a introdução voltada para cima em ângulo de 45º e posicionada, no
máximo, a 0,15 m de profundidade em relação ao piso do passeio;
e) registro tipo globo angular 45º de ∅ 63mm, situado a no máximo 0,50 m do
nível do piso acabado, Classe 300, que deve permitir o fluxo de água nos
dois sentidos e instalada de forma a garantir seu adequado manuseio,
além de possuir vedação etileno propileno, com haste ascendente, com
castelo quadrado de uso específico do CBMMG.

Figura 6.3 – Hidrante de Recalque

6.3.2 Dimensionamento das Tubulações

O dimensionamento das tubulações utilizadas para a distribuição de água


para combate e prevenção de incêndio é feita considerando o uso simultâneo de
dois jatos de água mais desfavorável hidraulicamente.
No caso de edificações abastecidas por reservatório superior, o ponto mais
desfavorável (menor pressão) será o último pavimento.
Os critérios a serem seguidos para o dimensionamento dessas tubulações
são:

a) diâmetro mínimo da tubulação de alimentação nos pontos de hidrante será


de 63 mm;
b) velocidade máxima da água igual a 5,0 m/s;
c) pressão máxima de trabalho igual 100 mca (1.000 kPa)

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
53

Para o cálculo das perdas de carga ao longo do escoamento recomenda-se a


utilização da fórmula Universal ou de Hazen-Willians.
Desta forma, com base nas vazões mínimas apresentadas na Tabela 6.1 e
nas condições descritas anteriormente, pode-se proceder ao dimensionamento das
tubulações do sistema sob comando.

6.4 Instalação Automática

O sistema é dito “automático” quando o fluxo de água, ao ponto de combate


ao incêndio, se faz independente de qualquer intervenção de um operador, pela
simples entrada em ação de dispositivos especiais. Conforme o tipo a que
pertencem, os dispositivos atuam ao ser atingido determinado nível de temperatura
ou de comprimento de onda de radiação térmica ou luminosa, ou pela presença de
fumaça no ambiente.
O Sistema de Chuveiros Automático ou Sistema de Sprinklers, isto é, de
aspersores, consiste basicamente numa rede de encanamentos ligada a um
reservatório ou uma bomba, possuindo boquilhas ou aspersores dispostos ao longo
da rede.
Os sprinklers possuem um obturador ou sensor térmico que impede a saída
da água quando a situação for normal. Sob a ação do calor ou fumaça, ao irromper
o incêndio, este dispositivo trabalha permitindo a aspersão da água sobre o local,
após incidir sobre um defletor ou roseta de formato especial, conforme apresentado
na Figura 6.3.

Figura 6.3 – Chuveiros Automáticos (Sprinklers)

6.5 Reserva de Água para Combate a Incêndio

A reserva de água de incêndio deve ser prevista para permitir o primeiro


combate durante o início do incêndio.
Os reservatórios utilizados nas instalações hidráulicas prediais de combate a
incêndio deverão ser estanques, com paredes lisas e protegidas internamente.
Poderão ser os mesmos reservatórios utilizados nas instalações hidráulicas prediais
de água fria, desde que seja assegurada a separação da reserva para combate a
incêndio.
A canalização que alimenta as colunas de descida d’água, destinadas ao
consumo geral do edifício, se inicia acima do fundo do reservatório superior, a fim de
assegurar a reserva de combate a incêndio. A canalização para a alimentação dos

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
54

dispositivos utilizados para o combate ao incêndio parte do fundo do reservatório


superior.
A partir do reservatório superior as instalações hidráulicas para combate a
incêndios devem ser completamente separadas das demais instalações.
Não é permitida a utilização da reserva de incêndio pelo emprego conjugado
de reservatórios subterrâneos e elevados. Porém, é permitida a subdivisão dos
reservatórios em unidades mínimas de 3,0 m³, de tal forma que todas as unidades
estejam ligadas diretamente.
Quando da utilização de reservatório subterrâneo, será necessário a
implantação de sistema de bombeamento totalmente independente para o combate
a incêndios.
O CBMMG exige como capacidade mínima dos reservatórios para combate a
incêndios os valores apresentados na Tabela 6.3, a seguir. Nesta tabela também
está determinado o tipo de sistema de proteção a ser adotado.
Para a determinação do Grupo/Divisão característica do uso e da ocupação
do edifício, pode-se utilizar a Tabela 6.4, a seguir.

Tabela 6.3 – Tipo de Sistema e Volumes Mínimos de Reserva de Incêndio


Grupo / Divisão
A-2, A-3, C-1, D-2, E-1, E-2, B-1, B-2, C-3, F-5, F-6, F-10, G-5, L-1 e
Área das E-3, E-4, E-5, E-6, F-2, F-3, F-7, F-9 e H-4 M-1
1
edificações F-4, F-8, G-1, G-2, G-3, G-4,
ou áreas de H-1, H-2, H-3, H-5, H-6, I-1, D-1, D-3 e D-4 C-2, I-2 e J-3 I-3, J-4, L-2
2
risco J-1, J-2 e M-3 (CI > 300 MJ/m²) (CI > 800 MJ/m²) e L-3
(m²)
D-1, D-2, D-4 e F-1 C-2, I-2 e J-3 F-1
(CI ≤ 300 MJ/m²) (300 MJ/m² < CI ≤ 800 MJ/m²) (CI > 300 MJ/m²)

Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 3 Tipo 3


até 3.000
6 m³ 8 m³ 12 m³ 20 m³ 20 m³

de 3.001 a Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 Tipo 4


6.000 8 m³ 12 m³ 18 m³ 20 m³ 30 m³

de 6.001 a Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 4 Tipo 5


10.000 12 m³ 16 m³ 25 m³ 30 m³ 50 m³

de 10.001 a Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 5 Tipo 5


15.000 16 m³ 20 m³ 30 m³ 45 m³ 80 m³

de 15.001 a Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 5 Tipo 5


30.000 25 m³ 35 m³ 40 m³ 50 m³ 110 m³

acima de Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3 Tipo 5 Tipo 5


30.000 35 m³ 47 m³ 60 m³ 90 m³ 140 m³
CI - Carga de Incêndio.
1
Área das edificações: Somatório das áreas a construir e das áreas construída de uma edificação.
2
Área de risco: Área onde haja possibilidade de ocorrência de um sinistro.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
55

Tabela 6.4 – Cargas de Incêndio Específicas por Ocupação

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
56

Tabela 6.4 – Cargas de Incêndio Específicas por Ocupação (continuação)

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
57

Tabela 6.4 – Cargas de Incêndio Específicas por Ocupação (continuação)

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
58

Tabela 6.4 – Cargas de Incêndio Específicas por Ocupação (continuação)

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
59

Tabela 6.4 – Cargas de Incêndio Específicas por Ocupação (continuação)

Nota: Outros usos e ocupações verificar Anexo A da IT-09 do CBMMG.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
60

6.6 Exercícios

1) Calcular o volume da reserva de incêndio do prédio apresentado no exercício 2


do capítulo 2.

2) Determine o volume de água para combate a incêndios do reservatório


localizados no prédio da biblioteca central do campus Coração Eucarístico da
PUC.Minas. Considere a área da planta baixa do andar tipo do prédio igual a
2
2.700 m .

3) Determine os volumes dos reservatórios de um edifício com a seguinte


composição:

 15 andares com 10 salas de 80 m² e área comum de 25 m², cada;


 1 andar térreo;
 3 andares de garagem com 1.300 m², cada.

Pede-se indicar o sistema de distribuição mais adequado.

6.7 Trabalho 4

O trabalho, cujo valor é 5 pontos, deve ser entregue em grupo e com todas as
respostas detalhadas.

1) Determine o(s) volume(s) de água do(s) reservatório(s) do prédio 43 do Campus


Coração Eucarístico da PUC Minas, detalhando os volumes de água potável e para
combate a incêndio. Para efeito da estimativa de volume foram consideradas as
2
áreas retiradas da planta baixa do prédio sendo 800 m pertencente ao andar tipo
do corpo principal do prédio composto pelas salas de aula e 350 m2 pertencente ao
andar tipo do trecho anexo. Pede-se que os cálculos efetuados leve em
consideração que o sistema de abastecimento de água fria pode ser indireto por
gravidade ou por bombeamento.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
61

7 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS PREDIAIS DE GLP

7.1 Introdução

O Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) é basicamente uma mistura de propano e


butano, hidrocarbonetos obtidos pela destilação do petróleo ou craqueamento de
suas frações mais pesadas. O propano e o butano existem no gás natural,
misturados a outros gases, sendo o gás natural a fonte mais econômica para sua
obtenção e a que fornece a maior parte do GLP consumido no mundo.
A utilização em escala cada vez maior do GLP se deve a vantagens que
apresenta em relação à maioria dos combustíveis, a saber:

a) elevado rendimento;
b) elevado poder calorífico;
c) ausência de toxidez;
d) facilidade e rapidez de operação;
e) ausência de subprodutos de queima, sólidos ou corrosivos.

7.2 Distribuição de GLP

O GLP é distribuído pelas empresas que o comercializam sob duas


modalidades:

a) Em recipientes transportáveis: bujões para 2 kgf, 5 kgf e 13 kgf; cilindros


para 45 kgf; e carrapetas para 90 kgf.
b) A granel: tanques abastecidos por caminhões tanques.

7.3 Instalações de GLP

Há várias maneiras de se executar uma instalação de GLP. Vejamos as mais


usuais.

7.3.1 Residência de Porte Pequeno e Médio

Podem ser utilizados botijões de 13 kgf alimentando o fogão e o aquecedor


colocados externamente na casa. Não há rede interna de distribuição.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
62

7.3.2 Residência de Grande Porte

Faz-se uma instalação de distribuição alimentando a cozinha, banheiros, área


de serviço e até mesmo aparelhos de calefação.
O consumo sendo grande pode-se utilizar cilindros de 45 kgf ao invés dos
botijões de 13 kgf.
A distribuição é feita sob média pressão, necessitando de reguladores de
segundo estágio antes de cada aparelho ou conjunto de aparelhos próximos entre
si.

7.3.3 Prédios de Apartamentos

Têm sido adotadas duas soluções:

a) Instalação individual → cada apartamento com seu botijão de 13 kgf em


local de contato direto com o exterior;
b) Instalação coletiva → armazena-se o GLP em uma bateria de cilindros de
45 kgf ou de 90 kgf cada, ou em tanques de grande capacidade, que
abastecem os apartamentos.

7.4 Exigências Quanto às Instalações de GLP

Nas instalações hidráulicas prediais de GLP, devem ser seguidas as


seguintes exigências mínimas:

a) Cilindros e botijões devem estar afastados, no mínimo, 1,5 m de tomadas,


interruptores, chaves elétricas, ou qualquer aparelho sujeito à centelha ou
chama;
b) As cabines para instalação externa de cilindros devem ser de materiais
não-combustíveis e afastadas, no mínimo, 1,0 m de portas, janelas e
outras aberturas do prédio;
c) A base dos cilindros ou botijões deve ficar em nível mais alto que o do
terreno;
d) Em torno da cabine de bujões ou cilindros deve ser mantida uma “área de
segurança” com, pelo menos, 1,2 m de largura, de modo que nesse
espaço não haja qualquer instalação em nível mais baixo, capaz de
armazenar o gás que escapar.

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais
63

BIBLIOGRAFIA

CREDER, Hélio. Instalações hidráulicas e sanitárias. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC -


Livros Técnicos e Científicos, 2006. 423 p.

MACINTYRE, Archbald Joseph. Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais. 3ª


edição. LTC Editora. Rio de Janeiro, 1996.

VIANNA, Marcos Rocha. Instalações Hidráulicas Pediais. 3ª edição. Imprimatur,


Artes Ltda. Belo Horizonte, 2004.

Normas ABNT:

 NBR 5626 – Instalações Prediais de Água Fria;


 NBR 6135 – Chuveiros Automáticos para Extinsão de Incêndios;
 NBR 7198 – Projeto e Execução de Instalações Prediais de Água Quente;
 NBR 8160 – Sistemas Prediais de Esgoto Sanitário – Projeto e Execução;
 NBR 10844 – Instalações Prediais de Águas Pluviais;
 NBR 13714 – Sistemas de Hidrantes e Mangotinhos para Combate a
Incêndios.

Instruções Técnicas do CBMMG:

 IT-02 – Terminologia de Proteção contra Incêndio e Pânico;


 IT-09 – Carga de Incêndio nas Edificações e Área de Risco;
 IT-17 – Sistema de Hidrantes e Mangotinhos para Combata a Incêndio;
 IT-18 – Sistema de Chuveiros Automáticos.

Sítios na Internet:

 http://www.bombeiros.mg.gov.br/
 http://www.copasa.com.br

__________________________________________________________________________________
Notas de Aula – Instalações Hidráulicas Prediais

Você também pode gostar