Decisório
Decisório
2010
Sumário
Os aspectos fundamentais na negociação | 9
Aspectos que intervêm na negociação imobiliária | 9
Os medos do comprador | 10
Como trabalhar uma venda diferente | 11
Negociação | 141
Objeções | 141
Comportamentos que ajudam a estabelecer um clima de confiança | 142
Redobre a sua atenção durante a negociação | 145
Negociação com foco na excelência de resultados | 149
Separar as pessoas do problema | 149
Concentrar-se nos interesses | 150
Inventar opções de ganhos múltiplos | 150
Insistir em critérios objetivos | 150
Reduzir a tensão do cliente com uma sala de reuniões bem-arrumada | 151
Especificamente, a disciplina trata de temas relativos à venda e negociação de imóveis. Por extensão, abordam-se os
aspectos do processo decisório do cliente e sua família e o gestor imobiliário é orientado quanto à melhor forma de decidir.
As três primeiras aulas têm o propósito de mostrar que a venda de imóveis diferencia-se da venda de outros tipos de
produtos. Para tanto, o profissional deve saber como a família decide pela compra de um imóvel e agir dentro da ética.
Na sequência dos textos das aulas, você saberá como o gestor imobiliário pode usar seus poderes para fazer frente ao
poder do cliente.
O gestor imobiliário dispõe de uma série de ferramentas que lhe auxiliam a tomar decisões eficazes. Para tanto, o
profissional deve estar focado nos objetivos que pretende atingir. Os textos das aulas que abordam esses assuntos irão
encaminhá-lo para um tema de grande relevância, que trata sobre os cuidados na entrevista para venda de imóveis.
Conhecendo as necessidades ou problemas do cliente e sua família, o gestor tem os elementos básicos para conduzir
os seus argumentos de venda. O texto da aula “Como negociar de forma mais persuasiva” explica como é possível
apresentar argumentos bem elaborados que expõem os benefícios que podem ser obtidos com o imóvel demonstrado.
Outro tema interessante diz respeito ao preço do imóvel. Muitos profissionais não possuem conhecimento detalhado
sobre o assunto e têm receio de falar sobre isso. O texto da aula “A negociação como processo” mostra como o gestor
imobiliário pode trabalhar a venda de imóveis usando diferentes mídias. A iniciativa, a criatividade e o conhecimento
do assunto ajudam-no a trabalhar de forma diferente e melhor.
Os textos das cinco últimas aulas abordam diferentes aspectos da negociação. São temas que orientam os gestores
imobiliários a conduzirem com sucesso suas atividades na fase do fechamento da venda. A negociação precisa ser
interessante tanto para o gestor imobiliário como para o cliente e sua família. Ambos precisam “ganhar”, mesmo que
em “moedas” diferentes.
Dedico este trabalho a você. Desejo que tire o maior proveito possível do contéudo apresentado, de forma a superar
suas expectativas como gestor imobiliário.
* Especialista em Marketing. Bacharel em Ciências Administrativas. Ministrante de cursos, palestras e programas de treinamento. Corretor de
imóveis e consultor de empresas do ramo imobiliário. Escritor de artigos e livros.
10 | Os aspectos fundamentais na negociação
Resquícios antropológicos: na época dos povos nômades, os seus abrigos eram as cavernas.
Por uma questão de segurança, a distribuição dos espaços internos era determinada pelos anciões, que
possuíam mais experiência. Hoje, muitos clientes solicitam que seus pais ou pessoas de mais idade ma-
nifestem a sua opinião sobre um determinado imóvel antes de formalizar uma proposta de compra.
Comitê de compra: o cliente informa aos parentes, amigos e colegas de trabalho a sua vontade
de comprar um imóvel e, muitas vezes, pede para que eles o acompanhem nas visitas aos imóveis. Essas
pessoas formam o “comitê de compra” do cliente. O gestor imobiliário deverá saber vender o imóvel às
pessoas que integram, informalmente, esse comitê. A opinião delas geralmente tem mais força do que
os argumentos do profissional, pois o cliente sente-se seguro com as opiniões dos seus conhecidos.
Decisão de alto envolvimento da família: como a aquisição de um imóvel representa a tomada
de decisão de compra, maridos e esposas frequentemente discordam quanto a gastar ou economizar,
que tipo de imóvel comprar, sua localização, o número de dependências, entre outros. Essas são apenas
algumas das muitas decisões que afetam o comportamento de compra da família em que pode haver
discordância. De forma subjacente, estão implícitos desejos e motivações que não se revelam facilmen-
te. Entre eles destacam-se: status, sensação de posse, poder, demarcação de território, privacidade, ca-
rências, efetividade e projeção social.
Fator tempo: como a quantidade de informações sobre imóveis é muito diversificada e os valores
financeiros são altos, há necessidade de pesquisar mais e de obter informações processadas ativamen-
te. Muitas vezes, o cliente fica confuso após visitar um novo imóvel ou obter uma nova informação. Os
imóveis possuem dezenas de características diferentes, que geram dúvidas e incertezas. Para isso, várias
fontes são consultadas antes da tomada de decisão. Assim, o fator tempo se estende.
Valores monetários envolvidos: a aquisição de uma moradia representa, geralmente, o mais
significativo esforço financeiro isolado que as famílias realizam.
Os medos do comprador
Além dos fatores citados, a decisão de compra de um imóvel também implica uma série de me-
dos que fazem o cliente fugir da ação de ter que tomar uma decisão ou adiá-la.
Medo dos gestores imobiliários ou corretores de imóveis: os clientes se apresentam ambiva-
lentes; precisam do gestor imobiliário, mas, ao mesmo tempo, acreditam que ele está tentando fazê-los
mudar seus propósitos. Os clientes têm medo de que os gestores imobiliários ou corretores de imóveis
sejam impertinentes.
Medo do fracasso e de constrangimento: os indivíduos têm receio de tomar uma decisão erra-
da, e muitas pessoas temem enfrentar qualquer um que saiba a respeito da decisão se ela for ruim. O
gestor imobiliário deve mostrar ao seu cliente que está oferecendo um produto de que ele precisa.
Medo de dívidas: clientes em potencial também temem ficar devendo muito dinheiro.
Medo de fazer crediários muito prolongados: normalmente, os clientes pensam no hoje, no
agora, e não a médio e longo prazo. Muitos não têm a cultura da poupança.
Os aspectos fundamentais na negociação | 11
Medo de ser enganado: alguns clientes duvidam de tudo que o gestor imobiliário está dizendo e
colocam em dúvida os benefícios apresentados pelo profissional. Para acalmar esse temor, é importante
ter uma lista de clientes satisfeitos.
Medo do desconhecido: a falta de compreensão ou de conhecimento do produto que o gestor
está tentando vender torna-se um motivo para não comprá-lo. Muitos clientes assustam-se quando
ouvem termos diferentes como lobby, lavabo e fitness. Um nome ou marca de conhecimento do cliente
amenizará o medo.
Medo dos erros anteriores: ter uma experiência passada ruim gera medo e resistência.
Medo gerado por outros: o medo de um cliente em potencial também pode ser gerado por in-
formações vindas de terceiros, do comitê de compras, de notícias de jornais, de boatos etc.
Preconceitos: com o advento dos cursos de nível superior de Gestão Imobiliária, os profissionais
podem evoluir nos conhecimentos e formação na área imobiliária. Por causa desses cursos e da perfeita
inserção dos profissionais no seu meio, os preconceitos foram minimizados, mas é bom lembrar que
eles ainda existem.
1 A análise do ciclo de vida da família (CVF) permite aos gestores imobiliários segmentarem as famílias em uma série de estágios do curso
de vida de uma unidade familiar. O CVF pode ser sintetizado em cinco estágios básicos: solteiros, casal em lua de mel, paternidade, pós-
-paternidade e dissolução.
12 | Os aspectos fundamentais na negociação
Texto complementar
Comprar ou não comprar – uma questão de escolha
As pessoas compram um imóvel por uma necessidade, e essa necessidade pode ser complexa,
graças à influência de percepções, atitudes, crenças e personalidade.
O gestor imobiliário precisa entender efetivamente os vários fatores que podem influenciar a
decisão de compra. Ele precisa ter em mente o fato de que os clientes passam por várias etapas até
tomarem decisões e, com base nisso, desenvolver uma apresentação de vendas capaz de conven-
cer os clientes a adquirirem um produto que atenda às necessidades deles. Para isso, o profissional
deve considerar as seguintes perguntas antes de preparar sua apresentação de vendas:
::: Qual o tipo de imóvel desejado?
::: Qual a situação de compra?
::: Como o imóvel será usado?
::: Quem está envolvido na decisão de compra?
::: Que fatores práticos podem importar na decisão do cliente?
::: Que fatores psicológicos podem influenciar a decisão do cliente?
::: Quais as necessidades do cliente?
Em resumo, comprar ou não comprar é uma questão de escolha. E a escolha do cliente assume
uma destas formas:
::: o cliente tem a escolha de comprar um imóvel ou não;
::: a escolha pode ser feita entre produtos concorrentes.
Os gestores imobiliários devem fazer a si mesmos a seguinte pergunta: “Como posso conven-
cer meu cliente e sua família a escolher o imóvel que eu vier a propor?”. A resposta dessa pergunta
envolve cinco itens, todos necessários para fazer a venda.
Os clientes comprarão se:
::: perceberem que têm uma necessidade ou um problema;
::: desejarem atender uma necessidade ou resolver um problema;
::: decidirem que existe grande probabilidade de seu imóvel atender as necessidades ou resol-
ver os problemas deles de forma melhor que os produtos concorrentes;
::: acreditarem que devem comprar de você;
::: tiverem os recursos e o poder para comprar.
A sua tarefa é fornecer as informações necessárias para o cliente dizer sim a cada uma dessas
cinco afirmativas.
Os aspectos fundamentais na negociação | 13
Atividades
1. Na época dos povos nômades, os seus abrigos eram as cavernas. Hoje, é comum as famílias
recorrerem à opinião dos mais velhos e mais experientes antes de decidirem pela compra de uma
unidade habitacional. Essa atitude é identificada como:
a) decisão de alto envolvimento da família.
b) resquício antropológico.
c) preconceito.
d) valores monetários envolvidos.
2. As informações sobre imóveis são muito diversificadas e os valores financeiros são altos. Na
compra de um imóvel, exige-se mais pesquisa, informações, consultas antes de o cliente
tomar a sua decisão. Muitas vezes, esse detalhe da venda prejudica os gestores imobiliários
menos experientes, que são traídos pela sua própria ansiedade. Eles não consideram um fator
determinante no processo decisório do cliente. Esse fator é o:
a) número de dependências que deve ter o imóvel.
b) tamanho do terreno onde o imóvel está construído.
c) transporte coletivo disponível na localização desejada.
d) tempo.
3. Os clientes passam por várias etapas até tomar suas decisões. Você deve saber acompanhar e ajudar
o cliente nesse processo, usando a empatia. Identifique uma pergunta essencial e imprescindível
que deverá ser formulada ao cliente, no início do relacionamento.
a) Em que banco o Senhor irá solicitar o financiamento?
b) O Senhor é natural de que cidade?
c) Qual o tipo de imóvel desejado?
d) A sua esposa dirige?
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do capítulo 11, do livro A Profissão do Corretor de Imóveis: teoria e prática, de
Juarez de Marcos Jardim (RG Editores/SCIESP, 2005).
14 | Os aspectos fundamentais na negociação
Referências
ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de. Princípios de Negociação: ferramentas e gestão. São Paulo: Atlas,
2004.
JARDIM, Juarez de Marcos (Coord.). A Profissão do Corretor de Imóveis: teoria e prática. São Paulo: RG
Editores: SCIESP, 2005.
MACÊDO, Ivanildo Izaias de. Aspectos Comportamentais da Gestão de Pessoas. Rio de Janeiro: FGV,
2005.
ROBBINS, Anthony. Poder sem Limites. São Paulo: Best SelIer, 1987.
Gabarito
1. B
Tema: Os aspectos fundamentais na negociação.
Assunto: Resquícios antropológicos (p. 10).
2. D
Tema: Os aspectos fundamentais na negociação.
Assunto: Fator tempo (p. 10).
3. C
Tema: Os aspectos fundamentais na negociação.
Assunto: Comprar ou não comprar – uma questão de escolha (p. 12).
O processo racional
de tomada de decisão
Nesta aula, mostraremos como a família e o cliente em potencial tomam a sua decisão de compra.
É importante o gestor imobiliário saber como a família decide. Assim, ele poderá ajudar o cliente
e a sua família a superarem as diferentes fases do processo decisório de compra.
No processo de tomada de decisão, alguns passos são utilizados pelas famílias ou pelos clientes
para escolha de imóveis. Enfatiza-se o processo decisório da família por ser o mais complexo e o que
mais desperta interesse.
Como a compra de um imóvel difere de outras compras por algumas variantes (resquícios antro-
pológicos, comitê de compra, decisão de alto envolvimento da família, fator tempo, valores monetários
envolvidos e preconceitos), os passos na tomada de decisão devem ser cuidadosamente acompanha-
dos pelo gestor imobiliário para que ele entenda como a informação é obtida, como as crenças1 são
formadas e quais critérios de escolha do imóvel são empregados.
Para que o gestor imobiliário torne seu próprio trabalho de atendimento mais objetivo, é impor-
tante que esteja atento e considere os dilemas e as dificuldades que uma família enfrenta na tomada da
decisão de compra de um imóvel.
1 As crenças dos clientes provêm da aprendizagem cognitiva. Elas representam o conhecimento e as conclusões que um cliente tem a respeito
do imóvel, seus atributos ou características e os benefícios que proporcionam.
16 | O processo racional de tomada de decisão
problema, pelo conhecimento, pelas características da família e seus membros e pela situação. As raízes
desse processo residem na psicologia cognitiva e na ciência da economia.
A seguir serão explicadas cada uma das fases que fazem parte do processo de tomada de decisão.
Reconhecimento do problema
Busca de informação
2 As diferenças individuais fazem com que cada pessoa tenha suas próprias características de personalidade, aspirações, valores, atitudes,
motivações, aptidões etc.
O processo racional de tomada de decisão | 17
Avaliação de alternativas
3 Crença, segundo o dicionário Houaiss, é o estado ou processo mental de quem acredita em uma pessoa ou coisa, de quem se persuadiu
de algo pelos caracteres de verdade que ali encontrou. Também segundo o Houaiss, atitude é um comportamento ditado por disposição
interior, uma maneira de agir em relação a algo. No campo imobiliário, a crença é o conhecimento cognitivo acerca de um imóvel e a atitude é
o sentimento de afeto que as pessoas têm em relação ao imóvel.
4 Atributo é qualquer característica física do imóvel. Exemplo: três dormitórios.
18 | O processo racional de tomada de decisão
Escolha do imóvel
A família decide por um imóvel que atende aos seus critérios de escolha
O ideal sinóptico5 determina que marido e mulher tenham uma perspectiva comum e tomem
decisões conjuntamente. De acordo com esse ideal, eles avaliam cautelosamente as alternativas, desig-
nam papéis bem definidos um ao outro e calmamente tomam decisões que trazem benefícios à família
(SOLOMON, 2002, p. 292).
Para maximizar a utilidade conjunta, a família deve agir de forma racional e analítica e usar o
máximo possível de informações. No uso de estratégias compensatórias de escolha, ela analisa e avalia
cada alternativa, de modo que os bons indicadores de uma característica compensem os baixos indica-
dores de outras. Nesse processo, todas as informações a respeito das características de um imóvel são
combinadas para um julgamento final e o imóvel que tem a maior preferência é, então, escolhido.
Uso da heurística
A decisão da família é quase sempre caracterizada pelo uso de influência ou de métodos que
tendem a reduzir conflitos. A heurística é uma técnica comum para simplificar o processo de decisão
5 É o modelo de decisão conjugal em que marido e mulher têm uma visão comum e atuam conjuntamente na tomada de decisão, atribuindo um
ao outro papéis bem definidos e tomando decisões mutuamente benéficas para maximizar a utilidade conjunta do casal (SOLOMON, 2002).
O processo racional de tomada de decisão | 19
e se chegar a um consenso. O termo é derivado de uma palavra grega que significa “encontrar”. Como
método de investigação, tem por objeto a descoberta de fatos. Corresponde a regras simples de escolha
que as pessoas utilizam para tomar decisões satisfatórias em vez de decisões perfeitas.
Muitas vezes, as pessoas tomam decisões com base na heurística e não sabem. Alguns padrões
de tomada de decisão, frequentemente observados quando uma família toma uma decisão em relação
a um novo imóvel, ilustram o uso da heurística. Eles estão listados a seguir.
::: As áreas de preferência comuns da família baseiam-se em dimensões visíveis e objetivas, em
vez de pistas sutis, difíceis de definir. Por exemplo, a família pode facilmente concordar sobre
o número de dormitórios que precisa no imóvel, mas terá mais dificuldade em chegar a uma
perspectiva comum sobre a aparência dele.
::: A família concorda em um sistema de especialização de tarefas, em que cada um é responsável
por certos deveres ou áreas de decisão e não interfere no “terreno” do outro. Para muitos ca-
sais, essas tarefas são provavelmente influenciadas pelos papéis sexuais percebidos. Por exem-
plo, a esposa pode procurar por um imóvel que atenda às necessidades da família e o marido
determina se é possível obter um financiamento.
::: As concessões são baseadas na intensidade das preferências de cada membro da família. Um
cederá à influência do outro em muitos casos simplesmente porque seu nível de preferência
por certo atributo não é particularmente intenso, enquanto que em outras situações um deles
se esforçará para obter uma decisão favorável. Em casos em que existem intensas preferências
por diferentes características, em vez de tentarem influenciar um ao outro, os membros da
família “negociarão” uma preferência menos intensa por uma mais forte (uso de estratégias
compensatórias). Por exemplo, um marido que é um pouco indiferente quanto ao estilo da
cozinha pode ceder à esposa, mas espera que, em troca, ele possa planejar o ambiente da
churrasqueira. As crianças também tomam parte nas decisões, definem as suas pretensões e
fazem os seus acordos (SOLOMON, 2002, p. 293).
Resultado
6 Percepção, segundo o dicionário Houaiss, é o ato ou efeito de perceber ou apreender por meio dos sentidos ou da mente; é a consciência
dos elementos do meio ambiente através das sensações físicas.
20 | O processo racional de tomada de decisão
Após a escolha, aquele que decide e a família, por extensão, podem sentir os efeitos da dissonân-
cia cognitiva7. Em resumo, comprar ou não comprar é uma decisão de escolha e a dissonância aumenta
com a importância da decisão.
7 Tensão por parte do cliente por não saber se tomou a decisão certa na compra do imóvel. Algumas pessoas referem-se a esse fenômeno
como remorso do comprador.
O processo racional de tomada de decisão | 21
Texto complementar
Quanta pesquisa é feita?
Como regra geral, a atividade de pesquisa é maior quando a compra é importante, quando há
necessidade de saber mais sobre o imóvel e/ou quando informações relevantes são facilmente obti-
das e utilizadas. Os clientes diferem na quantidade de pesquisa que empreendem, não importando
a categoria do produto em questão.
::: Clientes de renda mais baixa, que têm mais a perder fazendo uma má compra, em geral
pesquisam menos antes de comprar do que as pessoas mais abastadas.
::: As pessoas mais jovens, com melhor nível educacional, que apreciam o processo de compra
e de interação, tendem a pesquisar mais.
::: As mulheres são mais inclinadas a pesquisar do que os homens, e também dão mais valor
ao estilo e à imagem dos imóveis.
::: A pesquisa tende a ser maior entre consumidores que conhecem um produto moderada-
mente.
::: Pessoas com conhecimento muito limitado podem não se sentir capazes de pesquisar ex-
tensivamente ou sequer saber por onde começar.
Critérios de avaliação
As dimensões utilizadas para julgar os méritos de opções concorrentes são chamadas critérios
de avaliação. Critérios que diferenciam os produtos têm mais peso no processo de decisão do que
aqueles em que as alternativas são semelhantes. Se todos os empreendimentos imobiliários consi-
derados classificam-se igualmente bem em um atributo (por exemplo, todos os empreendimentos
têm playground), os consumidores terão que encontrar outras razões para escolher um deles. Os
atributos realmente usados para diferenciar opções são atributos determinantes.
Quando passam por mudanças de status (por exemplo, divórcio ou separação, aposentadoria,
uma nova pessoa que se muda para o domicílio ou a morte de um dos cônjuges), as famílias sofrem
mudanças espontâneas e tornam-se alvos atraentes para muitos gestores imobiliários. O divórcio
ou separação, com frequência, exige que um ex-cônjuge (ou ambos) procure uma nova residência.
Crenças do consumidor
As crenças dos consumidores em relação a um produto podem não corresponder à realidade.
Por exemplo, os efeitos de halo podem causar percepções equivocadas acerca dos atributos do pro-
8 As famílias não tradicionais são as famílias em fase de mudança nos seus estilos de vida, uma característica dos novos tempos.
22 | O processo racional de tomada de decisão
duto no mercado. Esses efeitos ocorrem quando os consumidores presumem que, se o produto é
bom ou ruim em certa característica, também será bom ou ruim em outra característica. Assim, por
exemplo, um cliente que percebe a boa infraestrutura no prédio da Construtora Alfa poderá acredi-
tar que os apartamentos também têm conforto. Os efeitos de halo podem até mesmo se estender de
um produto específico de uma empresa para toda a empresa. Por exemplo, se os clientes acreditam
que a Construtora Beta constrói prédios de alta qualidade, acreditarão que todos os outros tipo de
imóveis construídos pela Construtora Beta também possuem qualidade elevada.
Atividades
1. Identifique as variantes envolvidas na compra de um imóvel e que diferem de outros tipos de
compra.
a) Resquícios antropológicos, comitê de compras, decisão de alto envolvimento da família, fator
tempo, valores monetários envolvidos e preconceitos.
b) A decisão de compra de um imóvel é determinada pelo homem e é ele quem faz todos os
levantamentos necessários.
c) A mulher visita os plantões de venda e se encarrega de tomar a decisão de compra.
d) Na compra de um imóvel, a opinião dos filhos não é levada em consideração.
2. A pesquisa que o cliente faz para comprar um imóvel é muito importante. O gestor imobiliário
precisa acompanhar e ajudar o cliente nesse processo. Identifique as etapas básicas que envolvem
a decisão de compra de um imóvel.
a) O cliente na sua pesquisa só consulta o jornal ou uma revista que publica os anúncios de
imóveis à venda.
b) As etapas básicas de uma decisão de compra envolvem uma pesquisa e uma visita aos imóveis
que estão em oferta.
c) Reconhecimento do problema, busca de informação, avaliação de alternativas e resultados.
d) Busca de informações, visita com a família acompanhada do seu comitê de compra, elaboração
de uma proposta de compra.
O processo racional de tomada de decisão | 23
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do Capítulo VIII, do livro O Sucesso em Vendas: a experiência do Coelho – nada na
teoria, tudo na prática, do autor Eduardo Coelho Pinto de Almeida (da editora Scortecci, 2003).
Referências
ALMEIDA, Eduardo Coelho Pinto de. O Sucesso em Vendas – a experiência do Coelho: nada de teo-
ria, tudo na prática. São Paulo: Scortecci, 2003.
BROOKS, lan. Ganhando Mais. Curitiba: Fundamento Educacional, 2003.
GADE, Christiane. Psicologia do Consumidor. São Paulo: EPU, 1980.
GERSON, Richard F. A Excelência no Atendimento a Clientes: mantendo seus clientes por toda a
vida. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1994.
ROBBINS, Anthony. Como Ouvir e Falar com Eficácia. Rio de Janeiro: Campus, 1994.
SCHIFFMAN, Leon G.; KANUK, Leslie Lazar. Comportamento do Consumidor. Rio de Janeiro: LTC,
2000.
SOLOMON, Michael R. O Comportamento do Consumidor: comprando, possuindo e sendo. Porto
Alegre: Bookman, 2002.
24 | O processo racional de tomada de decisão
Gabarito
1. A
Tema: O processo racional de tomada de decisão.
Assunto: Como a compra de um imóvel difere de outras compras (p. 15).
2. C
Tema: O processo racional de tomada de decisão.
Assunto: Processo genérico de tomada de decisão (p. 15-16).
A ética relacionada
com a negociação
Os gestores imobiliários estão constantemente envolvidos com questões sociais, éticas e legais. Os jor-
nais, o rádio e a televisão costumam relatar histórias de pessoas ou organizações envolvidas em boas ou más
práticas. Como toda questão ética geralmente é ambígua, nem sempre podemos afirmar que algo é ou não
antiético. Quando sentimos que a moralidade da situação está razoavelmente clara, dizemos que é ético.
Segundo o dicionário Aurélio, “ética é o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta hu-
mana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada
sociedade, seja de modo absoluto”. E, segundo o dicionário Aurélio, “negociar é fazer negócios; exercer
o comércio; comerciar”.
Aprendemos a negociar desde muito cedo, em nossas casas, com nossos pais, irmãos, parentes
e amigos. O processo de socialização das crianças começa na mais tenra idade. Convivendo com ou-
tras crianças e adultos, elas começam a manifestar os seus interesses, aprendem espontaneamente a
compor parcerias e até a brigar e chorar quando se sentem desconsideradas. Na fase adulta, a criança
precisa saber distinguir o certo do errado. Respeitar e conviver com as regras impostas pela sociedade.
Quanto mais ajustado aos costumes e às regras estabelecidas, mais o adulto irá produzir resultados que
a consciência e a razão pedem.
Os gestores imobiliários precisam rever algumas experiências que foram adquiridas sem nenhu-
ma fundamentação lógica e técnica. Os filósofos gregos, nos seus ensinamentos de retórica e dialética,
definem como critérios decisivos para a negociação (em ordem de importância): a ética (ethos), a empa-
tia (pathos) e a argumentação racional (logos).
Ética (ethos)
O estudo da ética é essencialmente um estudo dos costumes. A ética é a ciência da moral. Em termos
gerais, ela é o código de princípios e valores morais que regem o comportamento, de uma pessoa ou grupo,
com relação ao que é certo ou errado. A ética estabelece padrões relativos àquilo que é bom ou mau na con-
duta e na tomada de decisões. O gestor imobiliário deve conduzir-se por meio de um código moral.
26 | A ética relacionada com a negociação
Há dois tipos de moralidade: a objetiva e a subjetiva. A moralidade objetiva refere-se ao que é aceitável
socialmente. A moralidade subjetiva refere-se à percepção que um indivíduo tem de determinado ato. Um
gestor imobiliário que pratica deliberadamente algo que sabe ser errado está sendo subjetivamente imoral.
O comportamento ético do gestor imobiliário diz respeito a: ser honesto; seguir as regras; condu-
zir-se de maneira correta; tratar os outros de forma justa; demonstrar lealdade à empresa e aos colegas;
e executar o seu trabalho com dedicação, esforço e responsabilidade.
Na comercialização de imóveis, a confiança é especialmente crítica. Para o cliente, a compra de
um imóvel envolve valores altos, e, por esse motivo, ele a considera uma compra de risco. Por essa razão
o gestor imobiliário precisa mostrar que conhece muito bem o imóvel que está oferecendo e transmitir
confiabilidade. Embora seja importante estabelecer credibilidade nos estágios iniciais da negociação,
ela deve ser percebida durante todo o processo de venda de imóveis.
Empatia (pathos)
Os gregos entendiam pathos como “forte emoção que comove a alma”, isto é, “empatia”, “inteli-
gência emocional”. Empatia é a capacidade de se identificar com alguém, de entender os sentimentos,
as ideias e a situação de outra pessoa. O gestor imobiliário deve se interessar pelo que seu cliente está
dizendo. Muitas barreiras de comunicação podem ser superadas quando o gestor imobiliário se coloca no
lugar do cliente, entendendo o ponto de vista dele para poder atender as necessidades da melhor forma
possível. Portanto, a empatia é fator fundamental para tornar os argumentos de venda mais persuasivos.
Uma vez que a venda de imóveis é essencialmente um processo interativo, o gestor imobiliário
vê-se diante de vários dilemas éticos. Dois dilemas podem ocorrer em qualquer fase do processo de
venda de imóveis, a mentira e a manipulação.
As mentiras podem ocorrer durante a abordagem, a apresentação/demonstração do imóvel, ao
lidar com as objeções do cliente e durante o fechamento do negócio. Mentir é errado do ponto de vista
da moralidade objetiva. Se um gestor imobiliário, sem querer, apresenta informações imprecisas ou in-
corretas, ele não está errado na perspectiva da moralidade subjetiva, mas mesmo assim ele corre o risco
de perder o cliente se este souber do engano.
Entretanto, se um gestor imobiliário apresentar deliberadamente informações falsas, ele estará
errado em relação à moralidade subjetiva. A decisão de omitir informações relevantes é antiética, par-
ticularmente se isso pode prejudicar o cliente. Um profissional pode sentir-se inclinado a fazer declara-
ções verdadeiras quanto às vantagens e qualidades positivas de um imóvel e omitir uma declaração que
informe ao cliente sobre as desvantagens ou qualidades negativas desse imóvel. Essa prática é pouco
interessante, porque com ela o gestor imobiliário perde a oportunidade de aumentar sua credibilidade.
Afinal, não existe imóvel perfeito.
Manipular é influenciar com astúcia1. Muitas vezes, as informações e dados são alterados e ade-
quados a propósitos não lícitos. Essa ação é diferente da persuasão, que diz respeito à venda não mani-
puladora, um mecanismo de solução de problemas, com ausência total de técnicas manipuladoras.
2 O gestor imobiliário deve planejar a conduta da sua empresa, organizar as coisas para que venham a acontecer dentro das regras
estabelecidas, dirigir os seus atos em conformidade com as regras sociais, coordenar e controlar os resultados.
30 | A ética relacionada com a negociação
expostos os valores e comportamentos esperados, bem como aqueles que não são tolerados.
Tais valores e comportamentos devem ser apoiados pela diretoria, sem o que não há garantia
de que o código será seguido.
::: Criação de um comitê de ética – o comitê de ética é um grupo de executivos designados
para supervisionar a conduta ética dos funcionários. Ele decide sobre matérias controvertidas
e responsabiliza-se por disciplinar transgressores, o que é essencial para que a organização
influencie diretamente o comportamento dos funcionários.
::: Criação de um ambiente ético de venda – a direção da empresa deve ajudar a desenvolver
e a defender seus códigos de ética, divulgando entre gestores e subordinados tanto o Código
de Ética como a sua oposição a práticas antiéticas. É possível incentivar a consciência ética
durante reuniões de vendas e programas de treinamento.
::: Implementação de sistemas de controle – demissão, suspensão, advertência ou retenção de
comissões de vendas são punições possíveis para gestores imobiliários que venham a cometer
práticas antiéticas de vendas.
Atividades
1. Identifique os critérios decisivos para a negociação, em ordem de importância, segundo os
filósofos gregos.
a) Argumentação racional (logos), ética (ethos) e empatia (pathos).
b) Empatia (pathos), ética (ethos) e argumentação racional (logos).
c) Empatia (pathos), argumentação racional (logos) e ética (ethos).
d) Ética (ethos), empatia (pathos) e argumentação racional (logos).
3. Quando o seu grupo terminar a questão n.° 2 passe-a para uma transparência e apresente-a à
turma.
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do livro do professor Antônio de Jesus Limão Ervilha, Habilidades de Negocia
ção: as técnicas e a arte de seduzir nas vendas (publicado pela Nobel, 2000).
32 | A ética relacionada com a negociação
Referências
DENTON, D. Keith. Qualidade em Serviços: o atendimento ao cliente como fator de vantagem com-
petitiva. São Paulo: Makron/McGraw-Hill, 1990.
ERVILHA, A. J. Limão. Habilidades de Negociação: as técnicas e a arte de seduzir nas vendas. São
Paulo: Nobel, 2000.
JUNQUEIRA, Luiz Augusto Costacurta. Negociação: tecnologia e comportamento. Rio de Janeiro:
COP, 1985.
Gabarito
1. D
Tema: A ética relacionada com negociação.
Assunto: Aprendemos a negociar desde muito cedo (p. 25).
O poder do gestor imobiliário
versus o poder do cliente
A ideia de que só o cliente possui poder é um mito. Nas diferentes fases do processo de venda de
imóveis, o gestor imobiliário dispõe de poderes que o ajudam a concretizar vendas com sucesso.
Persuadir clientes não é mais a única atividade básica do vendedor. Também é importante buscar
bons relacionamentos com eles. O poder é, provavelmente, o fator que mais influencia a capacidade de
persuasão do gestor imobiliário. Na comercialização de produtos imobiliários, usualmente o cliente tem
maior poder do que o gestor imobiliário. Ainda assim, o gestor imobiliário de alto desempenho possui
o poder de persuadir clientes empregando dimensões de poder, tais como: de referência, de conheci-
mento, de persuasão e de recompensa.
1 Se o risco é alto e o desembolso de dinheiro for considerável, a confiança é um ponto crucial para se realizar a venda de um imóvel.
2 Uma qualidade que se baseia em conhecimento e confiança.
3 É o processo de influenciar o modo de pensar (atitudes) e o comportamento (ações).
34 | O poder do gestor imobiliário versus o poder do cliente
todo o seu poder4 para garantir que o cliente considere o produto apresentado como a melhor alterna-
tiva disponível no mercado.
A primeira impressão que o gestor imobiliário cria pode afetar o sucesso da venda. O cliente per-
cebe os sinais não verbais emitidos pelo vendedor nos primeiros 60 segundos, analisando o jeito, olhar,
sorriso, aparência geral e roupa. Ele espera obter do gestor imobiliário uma ajuda para resolver um pro-
blema, e questiona-se: “será que o vendedor é capaz de entender meu problema?”.
O relacionamento de vendas inicia-se numa conversa informal5 (“quebra-gelo”), em que o profis-
sional usa o poder de referência, recurso de persuasão que ajuda a criar laços de aproximação com o
cliente. O poder de referência6 tem a ver com o grau em que uma pessoa identifica-se com a outra. Na
interação de vendas, cabe ao corretor de imóveis comunicar que possui similaridade com o cliente. As
identificações devem ser sinceras e verdadeiras. Exemplo: “como o Senhor, eu também sou formado no
curso de Administração da Fundação Getulio Vargas”. Antes de o cliente decidir comprar o imóvel, ele
terá, necessariamente, que “comprar o gestor imobiliário”.
10 Segundo pesquisa da McGraw Hill, aprendemos e recordamos 5% do que lemos, 15% do que ouvimos e 65% do que vemos, ouvimos e
sentimos.
11 Apresentar argumentos emocionais e lógicos (fatos).
12 É a qualidade atribuida ao imóvel.
13 Explica a vantagem que a caractéristica proporciona ao imóvel.
36 | O poder do gestor imobiliário versus o poder do cliente
O gestor imobiliário prova o que sabe por meio dos poderes de conhecimento e de persuasão.
Quando o gestor imobiliário está estudando o imóvel, deve refletir sobre quais objeções os clien-
tes poderão fazer e preparar-se para respondê-las.
A objeção deve ser encarada pelo gestor imobiliário como um desejo do cliente de saber mais
a respeito do negócio que está sendo apresentado. É importante o profissional mostrar que conhece
o seu produto e os dos concorrentes (poder de conhecimento) e apresentar argumentos emocionais e
lógicos (poder de persuasão). Em um mercado competitivo, o profissional terá mais sucesso se se sair
melhor que seus concorrentes na satisfação das necessidades do cliente. O cliente terá dificuldades
para formalizar uma proposta de compra enquanto tiver dúvidas sobre as vantagens que obterá com
a compra. Persistência, controle da ansiedade, habilidade de formular perguntas e de apresentar argu-
mentos persuasivos são recursos de que o gestor imobiliário deverá se valer nesse momento.
Com a grande concorrência de hoje, o mercado imobiliário é impulsionado pela escolha. O cliente
tem tantas alternativas boas que os erros custam caro para o gestor imobiliário. Depois que se perde um
cliente, não é fácil reconquistá-lo.
O poder do gestor imobiliário e o poder do cliente interagem oscilando para mais e para menos,
de acordo com a situação de venda, necessidades do cliente e qualidade do imóvel, conforme o quadro 1 a
seguir.
Quadro 1 – Poder do gestor imobiliário versus poder do cliente
Texto complementar
Venda é ciência, arte e técnica
::: Ciência: porque é o somatório de conhecimentos da ciência social e treinamento que o ges-
tor imobiliário acumulou.
::: Arte: atributos pessoais do gestor imobiliário, aliando sua capacidade de síntese e comuni-
cação.
::: Técnica: inclui o fluxo do trabalho e execução das tarefas com a ajuda da tecnologia dispo-
nível.
Habilidades requeridas
::: Habilidade técnica: entendimento de tarefas específicas e domínio de sua execução.
::: Habilidade interpessoal: habilidade que existe ou se efetua entre duas ou mais pessoas. A
venda de um imóvel depende do relacionamento que o gestor imobiliário consegue criar
com o seu cliente. Daí a importância da habilidade interpessoal.
A imagem do gestor imobiliário pode ser projetada pela
::: linguagem do corpo;
::: aparência pessoal;
::: mensagem verbal;
::: estilo de comunicação.
Canais de comunicação não verbal
::: expressão facial (sorriso, testa franzida, expressões de confusão, espanto, alegria);
::: olhar;
::: movimento corporal;
::: movimento espacial;
::: tonalidade da voz.
Persuasão
Persuadir é o processo de influenciar o modo de pensar (atitudes) e o comportamento (ações);
é a atividade-chave do vendedor. Para persuadir, o gestor imobiliário precisa:
::: causar uma boa primeira impressão;
::: desenvolver uma atitude positiva (autoconfiança, entusiasmo);
::: compreender inteiramente as necessidades e objetivos do cliente;
::: escutar e promover um diálogo bilateral (interação);
::: lidar apenas com as características do imóvel que interessam ao cliente;
encorajar o cliente a expor as suas objeções e lidar abertamente com a resistência dele.
O poder do gestor imobiliário versus o poder do cliente | 39
Atividades
1. Na comercialização de produtos imobiliários, usualmente, embora nem sempre, o cliente tem
maior poder do que o gestor imobiliário. Mesmo assim, o profissional não está destituído
de poder. O gestor imobiliário de alto desempenho procura persuadir os seus clientes,
empregando outras dimensões de poder. Identifique quais são essas outras dimensões de
poder.
a) Poder de indicação, poder de relacionamento, poder de conversa e poder de ajuda.
b) Poder de referência, poder de conhecimento, poder de persuasão e poder de
recompensa.
c) Poder de referência, poder de relacionamento, poder de persuasão e poder de ajuda.
d) Poder de indicação, poder de conhecimento, poder de conversa e poder de recompensa.
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do livro Marketing Pessoal Imobiliário: faça você mesmo, do autor Nelson
Eduardo Pereira da Costa (publicado pela Ruy Barbosa, 1997).
Referências
COSTA, Nelson Eduardo Pereira da. Marketing Pessoal Imobiliário: faça você mesmo. Mato Grosso do
Sul: Ruy Barbosa, 1997.
LAIRD, Donald Anderson. Psicologia Aplicada na Arte de Vender. São Paulo: Ibrasa, 1986.
MacNEILL Debra J. Como Atender o Cliente: guia para um atendimento de alta qualidade. São Paulo:
Siamar, 1997.
Gabarito
1. B
Tema: O poder do gestor imobiliário X o poder do cliente.
Assunto: Persuadir clientes não é mais atividade básica de vendas (p. 33).
2. B
Tema: O poder do gestor imobiliário X o poder do cliente.
Assunto: Entrevista (p. 34).
3. A
Tema: O poder do gestor imobiliário X o poder do cliente.
Assunto: Fechamento (p. 36).
Ferramentas importantes
para a tomada de decisão
eficaz do gestor imobiliário
A comercialização de imóveis é segmentada em dois grandes grupos: o mercado de lançamentos
e o mercado de avulsos ou de terceiros. O gestor imobiliário é o profissional que faz a intermediação dos
produtos encontrados nos diferentes segmentos1. Para ele vislumbrar uma perspectiva profissional de
sucesso, alguns pré-requisitos devem ser observados.
No passado, os corretores de imóveis eram acostumados a falar sempre, encenando com frequên-
cia um monólogo de vendas. As antigas técnicas de vendas os ensinavam a ser convincentes o bastante
para derrubar um a um os argumentos de seus clientes e encerrar a venda com uma proposta.
Como as cidades eram menores, os corretores de imóveis, muitas vezes, só mencionavam o nome
do antigo morador e o cliente já tinha uma referência sobre o imóvel que se desejava comercializar.
O profissional que atribuía seu sucesso ou seu fracasso aos bons ou aos maus dias, assim como o
corretor de imóveis autodidata, já faz parte do passado.
Hoje ele não é mais, como muitos consideram, “um homem fora de série”, que nasceu vendedor;
ao contrário, muitos deles são formados na “escola da vida”, e não raro carregam cacoetes adquiridos ao
longo da carreira.
Com a evolução do mercado imobiliário, surgiram cursos superiores para os profissionais que já
atuavam ou queriam atuar na área imobiliária. Hoje, a disputa pelo mercado impôs cartilha, na qual o
gestor imobiliário aprende que deve conhecer a necessidade do cliente para apresentar-lhe sugestões
certas na hora certa e contribuir para que a venda ocorra.
1 Se o gestor imobiliário for trabalhar um lançamento, ele terá um tipo de atuação junto ao cliente. Se for efetuar uma venda de um imóvel
avulso, ele terá um outro tipo de atuação junto ao cliente.
42 | Ferramentas importantes para a tomada de decisão eficaz do gestor imobiliário
Para obter êxito na sua trajetória profissional, o gestor imobiliário deve apropriar-se de determi-
nados pré-requisitos ou ferramentas importantes para a tomada da decisão:
::: seguir um método de trabalho;
::: ser um comunicador eficiente;
::: saber superar uma frustração e autoavaliar o desempenho com frequência;
::: trabalhar a inteligência emocional;
::: prover soluções;
::: desenvolver o papel de consultor imobiliário.
Objeção (fase do show – o gestor imobiliário mostra que conhece o que vende)
O cliente não aceita como verdade absoluta tudo o que o gestor imobiliário lhe diz na apresenta-
ção ou demonstração. Igualmente, essa fase pode não ser tão exaustiva e convincente quanto o gestor
imobiliário gostaria2. O cliente com certeza vai querer dar sua opinião a respeito do imóvel e/ou obter do
profissional mais informações, e ele faz isso na forma de objeções. O gestor imobiliário precisa se mostrar
aberto e favorável a tais objeções. Em primeiro lugar, porque elas representam um sinal de interesse da
parte do cliente; em segundo, porque permitem corrigir eventuais imprecisões e compreender melhor a
postura do cliente. Além disso, essas objeções ajudam o gestor a avaliar a propensão à compra.
2 Muitas vezes, o cliente não dá espaço para perguntas e outras explicações. Por esse motivo, o gestor imobiliário pode sentir que o seu
trabalho não ficou completo. É um recurso que o cliente usa para não se vincular ao profissional – o gestor imobiliário, muitas vezes, é um
“chato de galocha”.
44 | Ferramentas importantes para a tomada de decisão eficaz do gestor imobiliário
Pós-venda
Tempo
As decisões relativas à compra de um imóvel são influenciadas por fatores culturais ou ambien-
tais, educação, experiências anteriores, status, renda e opinião de amigos, vizinhos e parentes. Todos
esses fatores afetam a intensidade dos motivos para comprar e variam de pessoa para pessoa.
Muitas vezes, o cliente telefona ou visita um stand de vendas e a primeira pergunta que faz é:
“qual é o preço do imóvel”? Sem saber os detalhes do imóvel, o cliente formula uma pergunta que nos
remete a uma das últimas fases do processo de vendas de imóveis, a objeção. O gestor imobiliário de-
verá saber responder ao que lhe foi perguntado e, logo em seguida, tentar identificar qual necessidade
ou problema o cliente deseja resolver.
Agindo dessa forma, o gestor imobiliário assume a liderança das ações e inicia as fases do proces-
so de vendas de imóveis trabalhando a abordagem e as fases subsequentes. O gestor imobiliário deve
proporcionar a cada cliente um atendimento personalizado, propondo soluções para problemas espe-
cíficos. Agindo assim, ele supera as expectativas do cliente e desenvolve um trabalho como consultor
imobiliário.
O gestor imobiliário precisa conhecer todas as características dos imóveis que vende e saber
identificar os benefícios que essas características podem proporcionar a cada cliente. O profissional
sabe que os clientes procuram facilidades, prestígio, benefícios ou soluções para seus problemas.
3 Nível de linguagem: conjunto de variações quanto ao uso da linguagem pelo falante determinado pela diversidade da situação. Os níveis de
linguagem são: formal; coloquial; vulgar; regional; grupal (técnica e gíria).
Ferramentas importantes para a tomada de decisão eficaz do gestor imobiliário | 45
Choque
Negação
Culpa
Aceitação
Renovação
Temores autossabotadores
Os quatro temores mais importantes, ou seja, o medo de não ser aceito, o medo do ridículo, o
medo do fracasso e o medo do sucesso, se não forem conscientemente controlados, podem conver-
ter-se em sérios obstáculos para o desempenho nas vendas.
Ferramentas importantes para a tomada de decisão eficaz do gestor imobiliário | 47
Os temores autossabotadores não são racionais, realistas ou lógicos; são criados pelo próprio
profissional. Eles produzem intranquilidade, depressão e ansiedade e geram comportamentos que se
constituem obstáculos para a produtividade (LINDENBERG FILHO, 2006, p. 33).
Medo do ridículo
O temor ao ridículo, da mesma forma que o medo de ser rejeitado, caracteriza-se pela necessi-
dade de que os outros nos aceitem, nos respeitem e desfrutem de nossa companhia. Está relacionado
com a vaidade, com o amor próprio e com a confiança em si mesmo. Segundo Sigmund Freud, o pai da
psicanálise, a fonte essencial do temor ao ridículo é o ego. Os homens passam a vida inteira tentando
fortalecê-lo. Em geral, temem constantemente que alguém possa fazê-los passar por ridículos, o que
indiscutivelmente afetaria o seu “eu”.
Para muitos gestores imobiliários parece difícil vender, exatamente pelo temor ao ridículo. Às
vezes, surgem dúvidas como “e se o cliente me perguntar alguma coisa sobre a planta e eu não souber
responder?”. Certamente, há uma preocupação constante com a possibilidade de se cometer erros e se
vivenciar uma situação constrangedora. Assim, o gestores deixam de agir entusiasticamente e abordam
os seus clientes de forma muito apática.
Os profissionais que não querem ser considerados demasiado insistentes também são vítimas
do temor ao ridículo. Geralmente, eles se apressam em aceitar as objeções do cliente em potencial e
terminam perdendo a venda. Para que isso não aconteça, o profissional deve conhecer bem os imóveis
que está comercializando e interagir empaticamente com o cliente, para saber o que realmente ele quer
“ouvir” (LINDENBERG FILHO, 2006, p. 34).
Medo do fracasso
O temor ao fracasso é inerente ao ser humano. Ele gera insegurança ao profissional e se torna
uma barreira para o sucesso e a produtividade. Ele nasce de nossa tendência a pensar mais na parte
negativa do risco do que nas possibilidades de sucesso. Se o gestor imobiliário imagina que não vai
conseguir efetivar o negócio que está intermediando, certamente não consegue. Por outro lado, se
ele tem uma expectativa positiva de concretização do negócio, automaticamente cria os recursos
48 | Ferramentas importantes para a tomada de decisão eficaz do gestor imobiliário
internos e inconscientes de que precisa para conseguir o estado que o apoiará na condução de re-
sultados positivos. É óbvio que, mesmo no melhor estado, nem sempre conseguimos os resultados
que desejamos, mas, quando criamos o estado apropriado, há maiores chances para usar todos os
recursos efetivamente. Portanto, se controlarmos nossas comunicações internas e produzirmos sinais
visuais, auditivos e sinestésicos do que queremos, consequentemente poderemos obter resultados
positivos relevantes, mesmo em situações em que as possibilidades de sucesso pareçam limitadas ou
inexistentes (LINDENBERG FILHO, 2006, p. 34).
Medo do sucesso
O temor ao sucesso se origina de uma noção preconcebida de que tudo na vida é difícil e que não
é fácil triunfar. Esse preconceito impede, também, que os gestores imobiliários manifestem vibração
com o fechamento da última venda. Perante o grupo, ele deixa de exteriorizar alegria e entusiasmo, com
medo de que os outros façam algo “olho grande” que possa prejudicá-lo. Nessa hora, a autoconsciência
ajuda o profissional a se livrar de pensamentos negativos e reconhecer suas forças e fraquezas de forma
mais realista.
Trabalhando com objetivos próprios, claros e factíveis, o gestor imobiliário se acha disposto a
despender mais esforço para alcançá-los. Assim, ele aciona um mecanismo que gera grande motivação:
vencer o desafio. Ele põe em prática a “profecia autocumprida”: todas as vezes que se prevê alguma coi-
sa acontecendo, far-se-á todo o possível para que ela aconteça (LINDENBERG FILHO, 2006, p. 35).
Para o gerente estar mais sintonizado com a equipe é importante que saiba entender cada um
dos seus componentes por meio da empatia. O exercício do diálogo ajuda a melhorar a compreensão
dos problemas e das dificuldades de cada um dos integrantes da equipe de vendas, possibilitando efi-
cácia, satisfação pessoal e profissional.
A única forma das organizações sobreviverem numa economia de mercado é por meio da com-
petência. Gestores imobiliários mais bem informados tornam-se membros mais comprometidos e pro-
dutivos.
É impressionante notar que a maioria das empresas continua não dando à sua equipe de vendas
preparação e treinamento adequados. Em vez de investir no aprimoramento dessa equipe, boa parte das
empresas chega a suspender programas de treinamento como forma de economia. Essa medida se cons-
titui num erro estratégico, principalmente em momentos nos quais as energias para vender devem ser
concentradas, como quando se vende para um mercado em retração, o que é muito mais difícil que ven-
der em situações normais. Não se trata apenas de ministrar técnicas de abordagem e de demonstração,
mas, principalmente, da necessidade de orientar o gestor imobiliário a enfrentar um cliente cada vez mais
exigente e consciente da importância da relação custo-benefício, além de competidores mais agressivos.
Prover soluções
No dia a dia, os clientes procuram os gestores imobilários para que estes encontrem uma solução
para problemas ligados ao mercado imobiliário. Essa situação gera grande ansiedade. O profissional
é pego de surpresa e, em curto espaço de tempo, tem que ter habilidade para dar uma resposta que
satisfaça a curiosidade do cliente.
O risco de apresentar uma sugestão que não atenda às necessidades e aos desejos do cliente é
muito grande. Aquele que for mais intuitivo consegue apresentar uma solução que poderá ser satisfató-
ria. Outros, ao contrário, não desfrutam do mesmo sucesso. Por se sentirem inseguros, ficam bloqueados
mentalmente e, o que é pior, demonstram que se sentem em dificuldade. Não conseguindo entender
a dificuldade do cliente nem oferecer uma solução segura, o gestor imobiliário tem a sua credibilidade
abalada e, certamente, perderá a venda. Essa situação é desastrosa para os que estão envolvidos no
processo de vendas (incorporadora, construtor, empresa corretora, cliente, corretor de imóveis), porque
todos saem perdendo.
O gestor imobiliário obterá melhores resultados se souber como proceder ao apresentar soluções
que atendam aos interesses dos seus clientes. Para tanto, o profissional tem que ser criativo, explorando
todo o potencial existente à sua volta, buscando continuamente a informação sobre tudo que o cerca e
tendo a sensibilidade e curiosidade para descobrir o que se esconde nas aparências dos fatos, dos obje-
tos e das pessoas. A criatividade é um potencial do ser humano a ser explorado, constituindo um fator
fundamental para sua comunicação.
O gestor imobiliário que se apresenta para resolver problemas posiciona-se mais como consultor,
sendo capaz de satisfazer o interesse do cliente com informações. Sua disposição para discutir o pro-
blema demonstra interesse, fortalecendo, assim, o relacionamento. Quando usa seus conhecimentos
50 | Ferramentas importantes para a tomada de decisão eficaz do gestor imobiliário
para ajudar um cliente, o profissional não só o auxilia, mas também aproveita a oportunidade para criar
um desejo pelo produto. Não é surpreendente, portanto, que a comparação entre gestores imobiliários
bem-sucedidos e outros com menos sucesso mostre que os primeiros se empenham significativamente
na solução de problemas durante seus contatos de vendas. Daí a importância de o gestor imobiliário ser
um profissional especializado em gerar soluções, conhecido como solution provider.
Para se tornar um provedor de soluções, o gestor imobiliário precisa entender a complexidade
que envolve o assunto “imóveis”. Quando o cliente deseja investir na compra de um imóvel, está assu-
mindo um papel que exercia nos primórdios, com a escolha da caverna e a demarcação do seu território.
Outra variável importante, que nos remete à Pré-História e hoje também acontece, são as pessoas que
participam da decisão da escolha do cliente, ou seja, o “comitê de compra” que é criado informalmente.
Antigamente, antes da caverna ser ocupada e da área ser demarcada, havia uma reunião entre os mem-
bros mais velhos. Hoje, o gestor imobiliário deve dar atenção não só ao cliente, mas também ao “comitê
de compra” dele.
Muitos profissionais perdem a chance de ajudar o cliente a resolver o seu problema por não sabe-
rem o tempo que este tem para decidir, informação facilmente obtida durante a entrevista.
Uma variável que também deve ser considerada é o valor monetário envolvido na compra do
imóvel, já que, para muitos clientes, ele é o maior investimento da sua vida. Daí o medo e a demora
para tomar uma decisão. Se houver pressão, o cliente refugia-se na sua zona de conforto e se desliga do
assunto, por um tempo.
Durante anos, o gestor imobiliário precisou ser afável, bem apresentado e com alguma moti-
vação. À medida que a tecnologia da informação avança, a comercialização de imóveis se torna mais
complexa. A competição se intensifica e um novo tipo de força de vendas surge, composto de homens
e mulheres com mais instrução, treinados e preparados para, antes de serem intermediadores, serem
solucionadores de problemas.
Atualmente, muitas empresas e gestores imobiliários autônomos estão sistematizando o uso de
um mesmo banco de dados para a venda de imóveis avulsos ou de terceiros. As propriedades são ofe-
recidas ao mercado por uma rede de informações na qual muitas empresas e gestores credenciados
passam a operar interligados.
Dessa forma, o trabalho do gestor imobiliário também se modifica. Ele passa a trabalhar em con-
formidade a procedimentos previamente estabelecidos e com um volume de imóveis ofertados cente-
nas de vezes maior em relação ao seu cadastro de consulta manual. Para fazer frente a esse novo estilo
de trabalho, o gestor imobiliário passa a exercer um novo papel, o de consultor imobiliário.
Com a diversidade de informações de que dispõe, o novo gestor passa a oferecer conselhos pro-
fissionais. Embora não perca de vista a realização da venda, ele está igualmente interessado em tornar-
-se um recurso para o cliente.
Como um verdadeiro consultor, esse profissional deve ter consciência dos problemas, interesses,
fatos, sentimentos, preconceitos e medos que motivam os clientes. Utilizando perguntas pertinentes,
ele induz o cliente a falar sobre suas necessidades e seus desejos. Da mesma forma que é importante
para o médico ter todos os informes sobre o paciente antes de fazer o diagnóstico, é necessário que o
consultor imobiliário tenha todos os dados antes de acessar a rede e iniciar a pesquisa. Por intermédio
da pesquisa, ele pode identificar o imóvel que apresenta as características mais interessantes ao cliente
(bairro, número de dormitórios, preço, condições de pagamento etc.).
Na condição de conselheiro, o consultor imobiliário tem mais facilidade em lidar abertamente
com a resistência do cliente. Quando o gestor está seguro de que o imóvel recomendado é o que real-
mente satisfaz às necessidades do cliente, inicia-se o processo de fechamento do negócio.
Hoje é preciso criatividade, bom senso e pesquisa para descobrir novas fórmulas para atender,
com sucesso, clientes cada dia mais exigentes. O cliente com quem o consultor imobiliário se depara é
inteligente, bem informado e exigente, e, portanto, o profissional deve agir como um consultor interes-
sado em ajudá-lo a resolver seu problema. Por esse motivo, o perfil profissional do gestor imobiliário
está evoluindo para uma posição singular, combinando criatividade, planejamento, conhecimento do
produto, serviço de orientação e consultoria de vendas.
Eis algumas habilidades que definem um consultor imobiliário:
1. compreender inteiramente as necessidades e objetivos do cliente;
2. escutar e promover um diálogo bilateral;
3. lidar apenas com as características do produto que interessam ao cliente;
4. encorajar-se e lidar abertamente com a resistência do cliente;
5. fechar a venda.
52 | Ferramentas importantes para a tomada de decisão eficaz do gestor imobiliário
Para o gestor imobiliário atuar como consultor imobiliário, ele deve estar atento aos seguintes
requisitos básicos:
Quadro 1 – Atributos dos gestores imobiliários bem-sucedidos
Bons conhecimentos
As vendas fazem parte da função de marketing.
de marketing e vendas
O sucesso em vendas requer grande
Perito em alguma categoria
conhecimento do imóvel que oferece
de segmentação de imóveis
e dos imóveis similares e concorrentes.
Texto complementar
Dez mandamentos da criatividade
Autor desconhecido
Atividades
1. O trabalho do gestor imobiliário depende de metodologia. Para ajudar a organizar as ideias e
os argumentos desses profissionais, sugere-se uma sequência, “um caminho” que, mentalmente,
pode ser adaptado ao estilo de vendas de cada profissional e pode ser empregado para
qualquer tipo de imóvel que se pretenda oferecer. Assim, recomenda-se a condução das vendas
de imóveis mediante uma sequência de ações denominadas fases do processo de vendas de
imóveis, sequência lógica de momentos que ocorrem em uma transação imobiliária. Identifique
a sequência a ser empregada.
a) Abordagem, entrevista, apresentação/demonstração, objeção, fechamento.
b) Abordagem, apresentação/demonstração, objeção, entrevista, fechamento.
c) Apresentação/demonstração, abordagem, entrevista, objeção, fechamento.
d) Objeção, abordagem, apresentação/demonstração, entrevista, fechamento.
2. O relacionamento e a interação que o gestor imobiliário mantém com o cliente são muito intensos
e, por isso, importantes. Diante dessas circunstâncias, o profissional deve ser perito em relações
interpessoais. Identifique outras qualidades inerentes ao profissional.
a) Falar a maior parte do tempo, apresentar os detalhes que você acha que o cliente irá gostar de
ouvir.
b) Rebater todas as manifestações do cliente, iniciar o diálogo com o cliente apresentando a
tabela de preço e as condições de pagamento.
c) Persistência, habilidade de pensar criativamente e a sensibilidade em usar a empatia.
d) Não dar importância às reclamações que o cliente apresenta, falar espontaneamente, tudo o
que lhe vem à cabeça.
3. Os temores autossabotadores não são racionais, realistas, nem lógicos. Eles são criados pelo próprio
profissional. Produzem intranquilidade, depressão e ansiedade, gerando comportamentos que
constituem os obstáculos para o sucesso da venda. Identifique os quatro temores mais importantes
e que podem converter-se em sérios obstáculos para o desempenho nas vendas.
a) Medo de falar demais, medo do ridículo, medo de perguntar e medo de não enfatizar
determinados detalhes do imóvel.
b) Medo de não ser aceito, medo de falar demais, medo de perguntar e medo de não enfatizar
determinados detalhes do imóvel.
c) Medo de não ser aceito, medo do ridículo, medo do fracasso e medo de não enfatizar
determinados detalhes do imóvel.
d) Medo de não ser aceito, medo do ridículo, medo do fracasso, medo do sucesso.
56 | Ferramentas importantes para a tomada de decisão eficaz do gestor imobiliário
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do livro Seja você o Campeão em Vendas: como vender mais imóveis em menos
tempo, do autor Paulo Angelim (publicado pela Mundo Cristão, 2004).
Referências
ANGELIM, Paulo. Seja Você o Campeão em Vendas: como vender mais imóveis em menos tempo. São
Paulo: Mundo Cristão, 2004.
ERVILHA, A. J. Limão. Vendas com Aplicação de Neurolingüística. São Paulo: Nobel, 2002.
FISHER, Roger. Como Chegar ao Sim — a negociação de acordos: sem concessões. Rio de Janeiro: Ima-
go, 1985.
HOPKINS, Tom. Vendas para Leigos. São Paulo: Berkeley Brasil, 1995.
LINDENBERG FILHO, Sylvio C. Guia Prático do Corretor de Imóveis: fundamentos e técnicas. São Paulo:
Atlas, 2006.
Gabarito
1. A
Tema: Ferramentas importantes para a tomada de decisão eficaz do gestor imobiliário.
Assunto: 1.º Pré-requisito: saber seguir um método de trabalho (p. 42).
2. C
Tema: Ferramentas importantes para a tomada de decisão eficaz do gestor imobiliário.
Assunto: 4.º Pré-requisito: saber trabalhar a sua inteligência emocional (p. 46).
3. D
Tema: Ferramentas importantes para a tomada de decisão eficaz do gestor imobiliário.
Assunto: Como os temores autossabotadores afetam a inteligência emocional (p. 46 e 47).
O gestor imobiliário focado
nos objetivos de venda
A providência de listar objetivos exige uma reflexão sobre o esforço que o profissional irá des-
pender para atingi-los. Essa reflexão ajuda a colocar em prática o planejamento para obter melhores
resultados. O gestor imobiliário não deve ficar ao “sabor das ondas”, e sim determinar um plano de ação
para o período. Dessa forma, pode distribuir melhor o tempo, realizar o trabalho com mais otimismo,
gerar estímulos para manter a autoestima elevada e ter uma comunicação de vendas mais convincente
e persuasiva.
Muitos gestores imobiliários exercem funções de forma eficiente sem, no entanto, estarem com-
prometidos formalmente com os resultados. É comum alguns deles dizerem em tom solene: “preciso
vender mais”. Dessa forma, expressam apenas um desejo. São raros os profissionais que estabelecem
objetivos de vendas e definem bem os seus planos de ação. Os gestores imobiliários produtivos e com-
petitivos são vitoriosos, pois são autodisciplinados e metódicos; trabalham a partir de um plano e sem-
pre sabem para onde vão e como chegar lá.
O primeiro passo, para tanto, é estabelecer um conjunto de propósitos suficientemente aplicáveis
a fim de prover uma orientação para sua ação. Como orientação para o esforço de venda, o profissional
pode eleger os seguintes princípios:
::: perceber a necessidade do cliente;
::: ajudar o cliente na sua decisão de compra;
::: concretizar o “sonho” do cliente.
58 | O gestor imobiliário focado nos objetivos de venda
Profecia autocumprida
Para operacionalizar seus propósitos, o gestor deve estabelecer um objetivo1 (segundo passo).
Esse é um recurso que mantém presentes tanto o impulso como a motivação. O gestor imobiliário,
quando estabelece um objetivo, precisa fazer as seguintes perguntas:
::: Onde estou agora?
::: Aonde desejo chegar?
::: Por que desejo chegar neste lugar?
::: Qual a melhor forma de chegar lá?
::: O que espero ter quando chegar lá?
Existem dois tipos básicos de objetivos: objetivos de trabalho ou financeiros e objetivos pessoais.
O objetivo de trabalho ou financeiro estabelecido deve ter um prazo de tempo especificado para sua
execução2 e um valor monetário a ser alcançado. Exemplo: “Com as vendas realizadas no mês de julho,
quero obter um mínimo de comissão no valor de R$6.000,00”.
O objetivo deve ser colocado por escrito3, pois esse cuidado o torna mais claro e facilita mantê-lo
em foco à medida que se trabalha para atingi-lo. Assim, põe-se em prática a “profecia autocumprida”, ou
seja, quando se prevê que alguma coisa vai acontecer, faz-se tudo que é possível para que ela aconteça.
Plano de ação
É ótimo ter definido os objetivos; porém, isso não significa absolutamente nada se a magnitude
do esforço necessário para alcançá-los não estiver clara. Seja qual for o objetivo, é necessário saber
quanto esforço deve-se realizar para conquistá-lo. Qualquer pessoa pode fixar um objetivo; todavia, são
poucas as que podem converter esses objetivos em realidade, a menos que saibam concretamente o
que desejam e estejam dispostas a trabalhar intensamente para consegui-los. Para o objetivo estabele-
cido, deve ser elaborado um plano de ação (terceiro passo).
O objetivo é o propósito que se quer atingir. Planos de ação são referências que orientam a ma-
neira de se chegar a esse propósito. No caso do objetivo de “obter um valor mínimo de comissões de
R$6.000,00 até o dia 31 de julho”, o gestor imobiliário deve organizar-se para executar algumas ativida-
des imprescindíveis, tais como:
::: estabelecer o número de horas que deve se dedicar a plantões, na loja e nos stands de venda;
::: estabelecer o número de clientes que deve atender;
::: conhecer os imóveis anunciados (pontos fortes e pontos fracos);
::: conhecer os imóveis similares ofertados no bairro;
1 No campo imobiliário, objetivos são considerações de curto prazo, muitas vezes associadas diretamente a vendas.
2 O prazo de tempo pode ser semanal, quinzenal, mensal, trimestral etc.
3 O gestor pode escrever o seu objetivo do mês em uma folha de papel e fixá-la no espelho, na agenda, no seu local de trabalho ou em um
outro local que consiga ver seguidamente. Assim, pode reforçar visualmente seu propósito e dar-se uma carga de motivação.
O gestor imobiliário focado nos objetivos de venda | 59
Autoavaliação
Quanto mais o gestor imobiliário está dirigido para um objetivo, melhor ele pode avaliar o seu de-
sempenho profissional, identificando os seus pontos fortes e pontos fracos e estabelecendo as medidas
de correção necessárias. Ao finalizar o mês e antes de iniciar outro, o gestor deve refletir a respeito dos
resultados obtidos (quinto passo). Nessa autoavaliação, é preciso considerar fatores como: conhecimen-
to dos imóveis demonstrados; conhecimento dos serviços disponíveis próximos aos imóveis ofertados;
conhecimento dos imóveis disponíveis (na vizinhança e que estão sendo comercializados por outras
empresas); estilo de abordagem praticado; formas de realizar os agenciamentos; formas de conduzir a
entrevista; habilidade em formular perguntas; desembaraço na demonstração dos imóveis; segurança
no trato das objeções; condução do processo de vendas até a formulação de uma proposta; assistência
ao cliente no pós-venda; número de clientes atendidos na loja e no stand de vendas; número de clientes
contatados pelo telemarketing; número de imóveis demonstrados; número de clientes que apresenta-
ram proposta; número de vendas realizadas; tipo e localização dos imóveis demonstrados; número de
agenciamentos realizados; criatividade colocada em prática; iniciativa; dedicação e persistência; entre
outros itens a considerar. Outros fatores podem ser acrescentados, conforme a conveniência. Eles po-
dem ser pontuados, de zero a dez, para se estabelecer uma média do período. Dessa forma, é possível
identificar as áreas mais vulneráveis e providenciar recursos necessários para o aprimoramento, cami-
nho para a excelência profissional.
Vários fatores são capazes de sabotar o sucesso nas vendas. Um deles é não ter objetivos. Não
existem fórmulas mágicas nem atalhos para se chegar aonde se quer. O gestor imobiliário deve decidir
o que deseja realmente, ou então ficará à deriva, como um barco sem leme. É essencial fixar objetivos
ou, do contrário, ele nunca saberá que caminho está percorrendo. Em suma, o gestor imobiliário é aque-
le profissional que faz os sonhos dos clientes se realizarem, pois se antecipa aos fatos, estabelecendo
aonde quer chegar. É uma questão de atitude, de comportamento diferenciado, que garantirá sobrevi-
vência no mercado.
A seguir há algumas fichas que podem ajudar o gestor a descrever e controlar objetivos.
60 | O gestor imobiliário focado nos objetivos de venda
Ficha 1
4. Propósitos do mês
(Descrever as providências a serem tomadas para superar os fatores fracos identificados no mês
passado).
Fator 1
Fator 2
Observação: caso necessário, use o verso da folha para descrever os fatores 3, 4, 5.....
O gestor imobiliário focado nos objetivos de venda | 61
Ficha 2
Mês: /200
Total de vendas projetadas para o mês: R$
Total de vendas realizadas no mês: R$
Número de unidades a serem agenciadas no mês:
Total de unidades agenciadas no mês:
Comentário sobre os resultados obtidos no mês:
Para os três fatores mais fracos identificados, deverão ser tomadas as seguintes
providências (listá-las):
62 | O gestor imobiliário focado nos objetivos de venda
Ficha 3
Observações:
O gestor imobiliário focado nos objetivos de venda | 63
Texto complementar
Checklist para reforçar o compromisso com os objetivos estabelecidos e
manter a motivação elevada:
::: tenha uma visão positiva;
::: acredite em si mesmo;
::: mantenha sua autoestima;
::: estabeleça um ou vários objetivos significativos;
::: desenvolva planos de ação;
::: seja persistente;
::: descubra maneiras de tirar prazer do seu trabalho;
::: mantenha seu entusiasmo;
::: não seja excessivamente crítico consigo mesmo;
::: não se preocupe em cometer erros;
::: evite pessoas que sejam negativas;
::: desenvolva todas suas dimensões: física, intelectual, emocional e espiritual;
::: jamais pare de aprender;
::: peça ajuda quando precisar;
::: visualize o seu sucesso;
::: veja-se como quer ser;
::: deixe que os outros compartilhem de seu sucesso;
::: estabeleça novos desafios;
::: saboreie suas realizações;
::: recompense a si mesmo sempre que alcançar uma meta (simule um brinde ao tomar um
cafezinho).
Atividades
Escolha a alternativa correta em relação ao tema “O gestor imobiliário focado nos objetivos de venda”.
1. O objetivo deve ser colocado por escrito. Esse cuidado torna o objetivo mais claro, bem como
facilita mantê-lo em foco à medida que trabalha por atingi-lo. Com essa iniciativa o gestor
imobiliário fará todo o possível para que aconteça todas as vezes que se prevê que alguma coisa
acontecerá. Identifique qual o resultado que se espera do gestor imobiliário.
a) Põe em prática a “profecia dos seus desejos”.
b) Põe em prática a “profecia autocumprida”.
c) Põe em prática a “profecia do que é para ser será”.
d) Põe em prática a “profecia do seu desejo”.
2. O objetivo definido é ótimo, porém não significa absolutamente nada se o gestor imobiliário
não souber qual deve ser a magnitude do esforço necessário para alcançá-lo. Ele precisa saber
quanto esforço deve realizar para chegar ao objetivo definido. São poucas as pessoas que podem
converter os objetivos em realidade, a menos que saibam concretamente o que desejam e que
estejam dispostos a trabalhar intensamente para consegui-los. Identifique a providência que o
gestor imobiliário deverá tomar para atingir o objetivo estabelecido.
a) Deverá ser elaborado um plano de ação (terceiro passo).
b) Deverá ser elaborada uma pesquisa de imóveis a serem oferecidos (terceiro passo).
c) Deverá ser elaborada uma conciliação com os objetivos da incorporadora que está comercializando
o empreendimento (terceiro passo).
d) Deverá ser elaborado um relatório de ocorrências (terceiro passo).
3. Quanto mais dirigido para um objetivo o gestor imobiliário estiver, melhor ele poderá avaliar o
seu desempenho profissional, identificando os seus pontos fortes e pontos fracos e estabelecer
as medidas de correção necessárias. Ao finalizar o período determinado e antes de iniciar outro,
identifique o que você precisa fazer.
a) Deverá refletir sobre o tempo que perdeu na definição dos seus objetivos, quando, na verdade,
é o mercado que define a velocidade de vendas (quinto passo).
b) Deverá repetir o mesmo objetivo, pois já sabe o esforço que deverá ser feito (quinto passo).
c) Deverá refletir a respeito dos resultados obtidos (quinto passo).
d) Deverá estabelecer um objetivo menor, pois é mais fácil de superá-lo (quinto passo).
O gestor imobiliário focado nos objetivos de venda | 65
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do livro Como Estipular e Cumprir Objetivos, de Jim Cairo (publicado pela
Market Books, 1999).
Referências
BENJAMIM, Alfred. A Entrevista de Ajuda. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
CAIRO, Jim. Como Estipular e Cumprir Objetivos. São Paulo: Market Books, 1999.
BETHEL,William. Perguntas que Vendem. São Paulo: STS, 1995.
DIMITRIUS, Jô-Ellan. Decifrar Pessoas: como entender e prever o comportamento humano. 4. ed. São
Paulo: Alegro, 2000.
JOHNSON, Kerry L. A Excelência em Vendas: como incrementar suas vendas em até 70% em seis
semanas. São Paulo: Maltese-Norma, 1992.
LINDENBERG FILHO, Sylvio C. Venda de Imóveis: um ato de negociação. Porto Alegre: Sagra, 1990.
SOLDOW, Gary F. Vendas: profissionalização para a década de 1990. São Paulo: Makron Books, 1993.
66 | O gestor imobiliário focado nos objetivos de venda
Gabarito
1. B
Tema: O gestor imobiliário focado nos objetivos de venda.
Assunto: Profecia autocumprida (p. 58).
2. A
Tema: O gestor imobiliário focado nos objetivos de venda.
Assunto: Plano de ação (p. 58 e 59).
3. C
Tema: O gestor imobiliário focado nos objetivos de venda.
Assunto: Autoavaliação (p. 59).
Fatores relevantes
para a empatia
do gestor imobiliário
Gestores imobiliários precisam desenvolver competências e habilidades; adquirir conhecimentos,
atitudes, interesses, ou seja, competências básicas para a execução da atividade de venda de imóveis.
Entre tais habilidades, a empatia é uma das mais relevantes.
Na fase de venda do imóvel, o mais importante para estabelecer empatia com o cliente é a entre-
vista. Nesse momento, o profissional entra em contato com os motivos que levaram o cliente a interes-
sar-se pelo imóvel e, assim, pode estimular a ação de compra. Para desenvolver empatia, o gestor deve
conhecer o cliente potencial, a família deste e as necessidades de ambos, demonstrando interesse por
elas, planejar os contatos e dominar técnicas de comunicação interpessoal; além disso, deve planejar
cada uma das perguntas a serem feitas, demonstrando saber administrar o tempo.
Para o gestor imobiliário que pratica a venda consultiva (ele entende os valores do cliente e o
ajuda a solucionar problemas), a entrevista é fundamental e ajuda a desenvolver com sucesso todas as
outras fases do processo de vendas. A seguir você encontrará orientação sobre como proceder antes,
durante e depois da entrevista para tornar-se um gestor imobiliário empático e eficiente.
Antes da entrevista
Desenvolva empatia com o cliente
As informações que o gestor imobiliário obtém na abordagem devem ajudá-lo a enxergar o imó-
vel com os olhos do cliente. A essa capacidade de se identificar com sentimentos, ideias e circunstâncias
de outra pessoa, e de entendê-los, dá-se o nome de empatia. Para desenvolver essa habilidade, o profis-
sional precisa tomar alguns cuidados.
68 | Fatores relevantes para a empatia do gestor imobiliário
O gestor imobiliário tem que conhecer o cliente de forma mais profunda, mas para isso deve agir
com cautela. O cliente pode ser comparado a um iceberg; avista-se primeiramente a parte que está
acima do nível da água. O gestor inicialmente vê e avalia os gestos, a forma de vestir, de falar, de se
movimentar, do cliente; também pode observar a marca do carro que o cliente potencial estacionou na
frente da loja ou do stand de vendas. Em geral, os vendedores decodificam rapidamente esses dados
e estímulos são enviados para o cérebro, diante da possibilidade de atender um “cliente quente”. Essa
atitude deve ser controlada; evite sugestionar-se e ficar ansioso pelas impressões iniciais.
A primeira providência é procurar conhecer mais profundamente aquele cliente. Descubra, du-
rante a abordagem, o que ele pensa e entenda o ponto de vista dele. Esse cuidado é indispensável para
se ter sucesso nas próximas fases da venda. Também use o nome do cliente com frequência ao fazer
perguntas. As pessoas gostam de ouvir o próprio nome. Exemplo: Senhor Lindenberg, qual a sua opinião
sobre o bairro... O uso do nome dá mais força à sua pergunta, porque mantém a atenção do cliente e o
faz se sentir mais importante.
O profissional também deve dar atenção ao cliente e às pessoas que o acompanham (comitê de
compra). Não deixe de olhar para o cliente potencial quando perguntar ou estiver escutando – nunca
afaste os olhos do cliente, isso o faz sentir-se importante e o mantém concentrado em você. Além de
prestar atenção à pessoa com quem fala você acompanha os sinais não verbais1. São eles: o ângulo do
corpo, a expressão facial, o movimento ou a posição do braço, os movimentos ou a posição das mãos e
a posição das pernas. Tais modos de comunicação geralmente enviam três tipos de mensagens: aceita-
ção, cautela e desacordo.
Os empreendimentos imobiliários em lançamento vêm sendo anunciados, a cada dia, com as
mais variadas novidades. Esses diferenciais fazem parte da estratégia de marketing dos empreendimen-
tos e compete ao gestor imobiliário adequar essas novidades aos hábitos e cultura do cliente potencial.
As grandes cidades tornam-se altamente atrativas e estimulam o fluxo migratório. Assim, a gama de
clientes com hábitos e culturas diferentes é muito grande. Antes de começar a falar sobre as vantagens
e benefícios da cozinha americana, da automação residencial, do espaço gourmet, do lounge, ofurô, ho-
metheater, jacuzzi, brinquedoteca, quadra de squash e outras inovações, é importante saber a opinião e
o interesse que o cliente potencial tem nesses atrativos, bem como conhecer a experiência dele, porque
a falta de conhecimento sobre o assunto muitas vezes assusta e o atemoriza.
::: Pensamento auditivo: quem pensa de forma auditiva usa palavras como: “dizer”, “contar”, “ba-
rulho”, “conversar”, “perguntar”, entre outras. Por exemplo: “A minha esposa me contou que este
imóvel está sendo vendido com exclusividade por vocês”, “Quero um apartamento, em uma
rua silenciosa, em um edifício em que não haja barulho.”
::: Pensamento cinestésico: um cliente que pensa por meio de sentimentos usará palavras
como “verificar”, “sólido”, “quente”, “andar”, “contato”, entre outras. Por exemplo: “Posso verificar
este apartamento na próxima terça-feira?”, “Você pode me dar uma ideia de como é a distribui-
ção interna desta casa?”.
Se o gestor imobiliário prestar atenção durante a entrevista, ouvindo as palavras que indiquem
visualização, audição ou sensações, poderá determinar a estratégia a ser seguida, na fase da apresenta-
ção/demonstração.
Na conversa com o cliente, o profissional deve procurar identificar que referências o cliente usa
para avaliar as alternativas quando faz uma escolha. Os critérios mais usados no processo decisório do
cliente em negócios imobiliários são:
Na próxima fase da venda, o gestor imobiliário deverá incluir nos seus argumentos os mesmos
critérios que o cliente mencionou. Usando as mesmas ideias e termos utilizados pelo cliente potencial,
a comunicação com ele será mais eficaz e mais bem compreendida.
Planeje a entrevista
O segredo de uma boa entrevista está na elaboração de um bom roteiro. O melhor caminho é
formular perguntas tão específicas quanto possível. Para planejar o seu roteiro de entrevista, selecione
as perguntas que você acha mais apropriadas e outras perguntas que acha interessantes.
Um bom processo de vendas envolve 20% de apresentação, 40% de preparação e 40% de acom-
panhamento. O sucesso em vendas muitas vezes requer muita preparação antes e entre os contatos
com o cliente potencial. A preparação da entrevista não é diferente. Ao planejá-la, o gestor deve estar
atento para uma série de cuidados.
A administração do tempo é uma habilidade a ser desenvolvida pelo gestor imobiliário. O fator
tempo é um recurso muito importante e valioso na fase da entrevista, devendo ser bem aproveitado
e controlado. Muitos profissionais são traídos pela ansiedade, pela falta de metodologia de trabalho e,
apostando no improviso, perdem essa que é uma excelente oportunidade para relacionarem-se melhor
com o cliente. Se este se mostra disponível e interessado, deve-se aproveitar essa ocasião para reforçar
o relacionamento. Em certas situações, o cliente nem sempre se mostra participativo, mostrando-se
apressado, somente querendo saber qual é o preço do bem. Em outras situações, mostra-se reservado
e com pouca disposição para conversar − “entra mudo e sai calado” da negociação.
Não existe um tempo determinado para a realização da entrevista; vale o bom senso e a percep-
ção. O tempo do gestor imobiliário é dedicado ao cliente; quem pode ter restrição de tempo é o cliente.
Para contornar essa situação, é recomendável que o gestor imobiliário tenha um roteiro de perguntas
simplificado, no qual estabelece as informações imprescindíveis de que disporá para iniciar o trabalho.
70 | Fatores relevantes para a empatia do gestor imobiliário
O cliente possivelmente ainda não está convencido de que você poderá ajudá-lo. Lembre-se: an-
tes de o cliente decidir comprar um imóvel, ele terá necessariamente de “comprar” o gestor imobiliário.
Habilidade é o domínio de tarefas específicas e a capacidade de executá-las. Com todos os tipos
de clientes, o gestor imobiliário deve colocar em prática habilidades semelhantes às de um psicólogo,
de um diplomata e de um professor (PDP). Como psicólogo, o gestor imobiliário precisa saber que clien-
tes muitas vezes manifestam atitudes para se proteger. Por apresentar valor monetário significativo, a
compra de um imóvel pode gerar grande custo emocional − que o cliente potencial paga com senti-
mentos de desconforto, ansiedade e preocupação, advindos da exposição ao risco. Como diplomata, o
profissional oferecerá atenção e muita dedicação. Como professor, ele deve saber transmitir conheci-
mentos, respeitando a forma e o conteúdo2.
Formulando perguntas
Na entrevista, compete ao gestor imobiliário formular as perguntas e prestar atenção nas res-
postas. As perguntas permitem saber sobre as expectativas, verificar o nível de interesse, condicionar o
cliente e induzi-lo à decisão. Esses quatro objetivos podem e devem ser perseguidos, tanto na entrevista
como nos outros momentos do processo de venda de imóveis e exigem diferentes tipos de perguntas.
A entrevista terá melhores resultados se o gestor imobiliário planejar antecipadamente as per-
guntas que deseja fazer e, ao planejá-las, seguir algumas regras, como fazer uma pergunta por vez;
não fazer perguntas longas, nem fazer muitas perguntas, o que pode irritar o cliente. O gestor deve
lembrar-se de que muitos clientes potenciais não querem abrir-se, inicialmente, com o profissional.
Planejando as perguntas, o gestor imobiliário economizará tempo, fará perguntas mais precisas
e claras do que faria se estivesse improvisando; estabelecerá com mais precisão o número e o tipo de
perguntas a serem feitas; controlará melhor o tempo de duração da conversa; poderá concentrar-se
nas respostas e na linguagem corporal do cliente potencial em vez de ficar pensando em sua próxima
pergunta.
O gestor imobiliário fará a pergunta e depois ficará absolutamente quieto, para escutar a resposta
inteira. Eventualmente, poderá acrescentar outras perguntas para complementar a evolução da conver-
sa. O roteiro de perguntas que o gestor imobiliário prepara não deverá ser lido durante a entrevista.
As decisões do cliente são influenciadas por fatores culturais ou ambientais, pela educação, expe-
riências anteriores, pelo status, pela renda e pelas opiniões de amigos, vizinhos e parentes. Todos esses
fatores afetam a intensidade dos motivos para comprar, e todos eles variam de pessoa para pessoa, de
uma hora para outra. Quando planejar a entrevista, o gestor imobiliário precisa primeiramente saber ou
prever a resposta desejada. Uma pergunta ideal é aquela que o cliente potencial está disposto e pode
responder. Devem ser formuladas apenas perguntas que ajudem a fazer a venda. Portanto, use-as com
parcimônia e bom senso.
Na entrevista, o gestor imobiliário pode usar diferentes tipos de perguntas: abertas ou não dire-
cionadas, orientadas, fechadas ou diretas e exploratórias.
::: Pergunta aberta ou não direcionada: o gestor imobiliário deve imperativamente fazer per-
guntas abertas antes de apresentar o imóvel. As perguntas abertas são muito úteis para desco-
brir as motivações, os receios, as necessidades e as objeções do cliente. É um convite ao bate-
-papo e é o melhor modo de descobrir aquilo o que o gestor imobiliário precisa saber. Como
o cliente potencial não tem como saber qual a resposta que agradaria, há uma probabilidade
muito maior de dizer aquilo que realmente está pensando. As perguntas abertas normalmen-
te são a melhor escolha para obter informações objetivas e não distorcidas. Além disso, elas
dão muito espaço para o cliente potencial divagar, e por isso as respostas quase sempre irão
incluir informações extras que podem ser muito reveladoras. A estratégia a ser seguida na
entrevista é começar com perguntas abertas e ir restringindo o foco no decorrer da conversa.
Isso dá ao profissional a oportunidade de desenvolver uma relação com o cliente potencial e
ao mesmo tempo obter alguns dados valiosos. As perguntas abertas iniciam com uma destas
seis opções: quem, o que, onde, quando, como e por que. Permitem atingir os objetivos “saber”
e “verificar”.
No quadro a seguir estão alguns exemplos de perguntas abertas e as informações que podem ser
obtidas por meio delas.
Perguntas abertas Informações a serem obtidas
Quem irá morar no apartamento? Identifica pessoas, os ocupantes.
Que características esse apartamento deverá Identifica objetivo, o objeto que soluciona o
possuir? problema que se quer resolver.
Onde você gostaria que este apartamento Identifica o local, bairro, onde deseja o
estivesse localizado? imóvel.
Quando você espera ocupar esse Identifica o momento, prazo, ocasião em que
apartamento? espera estar com a decisão tomada.
Como você gostaria de pagá-lo? Identifica a forma de fazer o investimento.
Solicita uma explicação, os motivos. Para
Por que você quer comprar esse tipo de essa pergunta não ser agressiva, por que
apartamento? pode ser substituída pela expressão qual a
razão.
::: Perguntas orientadas: formuladas de modo a permitir que o cliente perceba que tipo de
resposta o gestor imobiliário espera e este procura obter do cliente potencial uma resposta
que esteja em sintonia com o conteúdo ou o assunto em questão. Perguntas orientadas têm
por objetivo fazer com que o cliente concorde com a opinião do profissional. É possível fazer
72 | Fatores relevantes para a empatia do gestor imobiliário
perguntas desse tipo em outros momentos do encontro, com o intuito de induzir o cliente po-
tencial a concordar repetidas vezes. A rigor, se o cliente aceitar todos os argumentos ao longo
da conversação, fica claro que dificilmente deixará de fazer a sua concordância final. O recurso
da pergunta orientada permite atingir o objetivo “condicionar e/ou induzir”. Recomenda-se
formular perguntas desse tipo quando o encontro já está numa etapa adiantada e se aproxima
o momento da tomada de decisões.
::: Pergunta fechada ou direta: é respondida com poucas palavras. É uma pergunta útil para
levar um cliente na direção de um tópico específico. Obriga o cliente a tomar posição, a se de-
clarar contra ou a favor, a fazer uma escolha. Sua principal característica é não permitir escapa-
tória ao cliente potencial, pois este tem de escolher entre duas ou mais alternativas. Exemplo
“A Senhora procura um apartamento de frente ou de fundos?”.
::: Perguntas que estimulam o cliente a falar mais: devem ser pronunciadas em tom de in-
dagação (tipo: “Ah, é?”) ou enfatizada (tipo – “É mesmo?”). Isso incentiva o cliente a continuar
falando.
::: Perguntas exploratórias: ajudam a oferecer alternativas de aproveitamento, para o imóvel pre-
tendido pelo cliente. “Imagine outros usos”; “imagine uma adaptação”; “Imagine uma ampliação
ou uma adição”; “Imagine uma diminuição ou redução”; “Imagine uma substituição”; “Imagine
uma redistribuição interna”; “Imagine uma combinação”; “Imagine deixar como está”.
Exemplos:
::: Como os pontos fracos do seu atual imóvel afetam a qualidade de vida da família?
::: Caso o imóvel seja em um condomínio, qual a infraestrutura mínima que o(a) senhor(a) gos-
taria que tivesse?
::: O(a) senhor(a) tem preferência por andar alto, intermediário ou baixo? Qual a razão?
::: O(a) senhor(a) tem preferência por apartamentos de frente, lateral ou de fundos? Por quê?
::: Qual o valor aproximado de condomínio que estaria disposto a pagar?
::: Quanto gostaria de investir nessa aquisição?
::: De que forma o(a) senhor(a) pretende pagar?
::: O(a) senhor(a) já dispõe de todo o valor para a compra do imóvel ou precisa financiar alguma
parte?
::: Na sua opinião, quais os fatores restritivos quanto à localização do imóvel e que inviabilizam
qualquer negociação?
::: Na sua opinião, quais os fatores restritivos quanto ao imóvel e que inviabilizam qualquer ne-
gociação?
::: Que benefícios (vantagens) o(a) senhor(a) espera obter com o novo imóvel?
::: O que o(a) senhor(a) mais valoriza e deseja no imóvel que está procurando?
Importante: perguntas sobre situação (S), problemas (P) e implicações (I) não precisam ser feitas
nessa ordem; e o gestor imobiliário pode fazer mais de uma pergunta de cada tipo. Geralmente, inicia-
se com uma pergunta sobre situação, seguida por uma sobre problema.
Ao fim de cada entrevista, o gestor imobiliário deverá rever as perguntas formuladas e aperfeiçoá-las
continuamente. Só assim, conseguirá a excelência profissional na arte da entrevista.
Exemplos:
::: Entendi o seu problema e posso ajudá-lo a encontrar a solução. Vamos discuti-la?
::: Tenho algumas sugestões a lhe apresentar. O(a) senhor(a) gostaria de ouvi-las agora?
Ao fim de cada etapa da entrevista, o corretor de imóveis deverá rever as perguntas formuladas.
Procure aperfeiçoar aquelas que foram feitas e acrescente na sua relação novas perguntas. Só assim o
corretor de imóveis conseguirá excelência na arte da entrevista. A cada um desses blocos de perguntas
o gestor imobiliário poderá acrescentar perguntas que achar conveniente.
Perguntas suplementares: durante a entrevista é válido perseguir pontos interessantes das res-
postas, fazendo algumas perguntas suplementares, mesmo que tais aspectos não sejam parte do as-
sunto principal. Nessa circunstância, o gestor imobiliário deve tomar cuidado para não fugir demais do
roteiro estabelecido para a entrevista.
Durante a entrevista
A entrevista é uma oportunidade para o gestor reforçar a confiança (crucial quando o risco é alto
e o desembolso de dinheiro, considerável) e a credibilidade (qualidade que se baseia em conhecimento
e confiança) que começaram a ser desenvolvidas na fase de abordagem. Para isso, o profissional deve
lançar mão de toda sua habilidade de comunicação interpessoal, além de desenvolver audição ativa de
tudo que o cliente falar.
::: É coerente: a comunicação entre o gestor imobiliário e o cliente deve seguir um desdobra-
mento lógico e coerente. O que é conversado tem ligação e nexo.
::: Leva a uma decisão: a entrevista deve preparar o caminho para o fechamento da venda. O
gestor imobiliário deve planejá-la com cuidado para torná-la um instrumento que influencia
atitudes e comportamentos.
Do geral
Tempo = relacionamento
Para o particular
Garanta sigilo
Fale para o cliente sobre os motivos das perguntas que você gostaria de fazer e dê garantia de
sigilo. Seja cauteloso ao tentar descobrir as necessidades ou problemas do cliente potencial. Inicialmen-
te, muitos clientes potenciais podem não querer abrir-se com o gestor imobiliário. Para superar essa
resistência, explique a importância de você entender bem as necessidades e problemas do cliente para
objetivar o seu trabalho.
Uma maneira de obter licença para fazer perguntas é questionar: “Senhor, já ajudei muitos clien-
tes a fazerem excelentes investimentos. Quero ajudá-lo também. Para tanto, preciso lhe fazer algumas
perguntas. Serei breve. As suas respostas serão preservadas por mim em sigilo absoluto. O senhor não
se incomoda, não é?” Perguntar de maneira amistosa ajuda a criar confiança mútua. Se você demonstrar
atenção e interesse em querer ajudar, obterá cooperação. É oportuno, também, sabermos o tempo de
que o cliente dispõe para estar conosco.
aproveitar essa excelente ocasião para conhecer o cliente no seu próprio habitat e, assim, entendê-lo
melhor. Apesar de ser uma prática pouco usual, ela fornece uma série de informações, impossíveis de
serem obtidas no plantão de vendas da loja ou em um stand de vendas. Em geral, a moradia do cliente
reflete a personalidade de seus residentes. Ao fazer a entrevista no ambiente do cliente, esteja atento e
procure observar e registrar os detalhes mais marcantes da moradia dele.
As vantagens que se obtém dessa iniciativa são várias; por dominar o ambiente em que se encon-
tra, o cliente sente-se mais à vontade e seguro para conversar com o gestor imobiliário, o gestor pode
observar o estilo de vida e hábitos do cliente, decoração, móveis, equipamentos eletrônicos, equipa-
mentos disponíveis na cozinha; o “pinguim em cima da geladeira”, entre outros pormenores, pode dizer
muito sobre o estilo de vida e hábitos do morador.
O desenvolvimento da entrevista no ambiente do cliente também fortalece o relacionamento
com ele e ajuda o gestor a desenvolver empatia fidedigna. Por outro lado, o cliente muitas vezes não
dispõe de tempo para ir ao encontro do profissional. Desenvolvendo a entrevista no ambiente do clien-
te, o gestor imobiliário oferece conveniência. Além do mais, com essa iniciativa, o profissional cria um
diferencial de atendimento e reforça o seu marketing pessoal.
As informações que o gestor imobiliário obtém irão auxiliá-lo na fase da demonstração. Nessa
oportunidade, o profissional poderá ajudar o cliente a visualizar a ocupação do novo imóvel, comentan-
do: “Aqui nesta ampla sala a senhora poderá colocar sua mesa de jantar” ou “Imagina a senhora vendo
a sua TV nesse espaço”.
::: Orgulho: isso abrange qualquer coisa que permita a alguém dizer: “Eu sou especial”. Todos os
clientes têm uma necessidade congênita de aprovação, aceitação, afeto, admiração, prestígio,
sentir-se VIP, estilo de vida, status. Essa é uma das motivações de compra mais básica.
::: Paz de espírito: o medo de perder é um grande motivador. Os clientes potenciais desejam
proteger o que já têm (segurança) e um imóvel bem construído e que dure por muitos anos
(segurança). A segurança contribui para a paz de espírito.
::: Dor: a maioria das pessoas quer se proteger da dor, da doença, do stress, de conflitos, das com-
plexidades da vida que elas preferem não ter de enfrentar.
O cliente não compra o imóvel; compra o que o imóvel pode proporcionar em termos de lucro
(ganho, realização, economia, valorização), prazer (conforto, comodidade, conveniência, divertimen-
to, luxo, qualidade de vida, tranquilidade, boa saúde), orgulho (aprovação, aceitação, afeto, admiração,
sentir-se VIP, estilo de vida, status), paz de espírito (segurança) e dor (superação da dor, da doença, do
stress, dos conflitos, das complexidades).
Durante a entrevista, o gestor imobiliário deve ficar atento às manifestações do cliente para iden-
tificar qual é o principal motivador de compra dele e da família. Escutar com atenção as necessidades
do cliente ajuda a determinar quais atributos, vantagens e benefícios devem ser usados na apresen-
tação de vendas. Os argumentos de vendas deverão combinar características, vantagens e benefícios
ligados à satisfação de um motivador de compra. Exemplo: “Em um bem elaborado projeto, integra-se
a área social com o terraço panorâmico (características) onde sua família e amigos poderão se reunir
(vantagem), para passar horas agradáveis e acolhedoras (benefício – prazer)”. Em essência, vender é isso
– identificar necessidades e habilidosamente relacioná-las aos benefícios que o imóvel irá proporcionar.
Ou seja, demonstrar como a compra poderá solucionar os problemas do cliente e da família.
Faça anotações
Durante a entrevista é importante o gestor imobiliário tomar nota das informações mais impor-
tantes e significativas. Muitas vezes, o cliente usa termos que não fazem parte do seu vocabulário de
vendas. O cliente pergunta: “Qual é o revestimento do ‘banheiro de entrada’ do apartamento?” Você
entende que o cliente está se referindo ao lavabo. É interessante registrar essa situação. Quando você
for demonstrar o apartamento, você irá comentar sobre o revestimento do “banheiro de entrada” e não
do lavabo. A informação é repassada usando as próprias palavras do cliente. Essa é uma técnica que se
usa para se identificar com o cliente e melhorar o relacionamento.
Ao final da entrevista é interessante ler para o cliente as anotações feitas. Essa providência o deixará
mais tranquilo sobre o que você andou anotando. O curioso nesse procedimento é que, em algumas ve-
zes, o cliente enriquece mais a informação prestada. Em várias oportunidades em que revisamos as ano-
tações com o cliente, eles retificaram, e para mais, os valores disponíveis para o investimento pretendido.
Essa atitude sinaliza o grau de confiança e credibilidade que se começa a desfrutar junto ao cliente.
Regras Observações
Quando se fala não se escuta. Para ajudar um cliente a resolver
o seu problema é preciso escutar a sua versão e compreender a
Pare de falar!
importância que ele atribui à sua solução. Só se consegue isso
escutando.
Suas atitudes não devem mostrar julgamento sobre o que
Deixe o cliente à vontade. escuta. Atenção para seus movimentos: afastar-se muito de seu
cliente pode parecer um sinal de rejeição.
Para isso, utilize a linguagem corporal. Seu cliente pode ser
inseguro e talvez queira ter certeza sobre a exatidão ou a
Demonstre que está escutando.
importância dos argumentos que está expondo. Ou pode ser
uma pessoa que, em outros contextos, não tenha voz ativa.
Torne a entrevista uma conversa informal. Leve consigo o roteiro
Não leia as perguntas.
da entrevista para consultá-lo eventualmente.
É importante não se distrair. O que está acontecendo à sua volta
Elimine os fatores de distração. não deve chamar sua atenção. O único centro de interesse deve
ser o cliente e o que ele diz.
Fica difícil entender o problema do cliente sem se colocar
Demonstre empatia. na posição dele. A empatia faz parte do entendimento das
necessidades do cliente.
Cada pessoa tem um ritmo para se expressar. Se apressar o
Seja paciente. cliente, ele terá ainda mais dificuldade para falar sobre o que
pensa do imóvel.
O gestor imobiliário enfrenta momentos agradáveis e
Refreie seu temperamento. desagradáveis. Não se deixe envolver por aquilo que o cliente
diz, para não se sentir ofendido no plano pessoal.
O gestor imobiliário não está ali para ter razão, mas para vender.
Não discuta. O cliente tem ideias próprias. Convém respeitá-las a fim de não
perturbar a negociação e não estragar a imagem profissional.
Perguntar constitui a única maneira de obter uma resposta.
Muitas vezes, o teor e o conteúdo da resposta dependem
Pergunte.
em boa parte do tipo de pergunta e do modo como ela foi
formulada.
Qualificação do cliente
Todo esforço despendido nas fases de abordagem e entrevista exige um momento de reflexão.
Pelas perguntas SPIN, o gestor imobiliário procurou identificar e entender a necessidade do cliente com-
prar, a motivação de comprar, a autoridade para tomar a decisão de compra, o dinheiro para comprar e,
Fatores relevantes para a empatia do gestor imobiliário | 81
finalmente, a confiança para comprar o imóvel. Para objetivar seus próximos passos, o gestor imobiliário
deve responder às seguintes perguntas:
::: O imóvel que você pretende oferecer atende as necessidades e os problemas que o cliente
identificou? (necessidade)
::: O cliente tem interesse em comprar um imóvel? (motivação)
::: O cliente tem poder para tomar a decisão de compra? (autoridade)
::: O cliente pode pagar o investimento que irá realizar? (possibilidade)
::: O cliente confia em você? (confiança)
No final da avaliação, se o gestor imobiliário obtém sim para todas as perguntas, ele realmente
está atendendo um cliente qualificado ou, conforme o jargão profissional, um “cliente quente” − alguém
que precisa de um imóvel e é capaz de comprá-lo. Ao final de todos os atendimentos realizados, é inte-
ressante que o gestor imobiliário registre na agenda pessoal informações básicas sobre o cliente aten-
dido. Futuramente, essas observações poderão ser de grande valia. Não confie apenas na sua memória;
registre as informações.
Identificação do cliente
Cliente
Nome:
Endereço:
Tel. res.: ( ) Tel. com.: ( )
Cel.: ( ) e-mail:
Profissão:
Esposa
Nome:
Endereço:
Tel. res.: ( ) Tel. com.: ( )
Cel.: ( ) e-mail:
Profissão:
Filhos
Nome Idade
Observações adicionais
Fatores relevantes para a empatia do gestor imobiliário | 83
Total de receitas R$
Despesas
1) Moradia
Condomínio R$
Aluguel R$
Serviços domésticos/empregada doméstica R$
Luz/água/telefone/celular R$
Supermercado R$
Lavanderia R$
Outras despesas R$
Total 1 R$
2) Educação
Escola das crianças R$
Faculdade R$
Cursos diversos R$
Livros R$
Material R$
Transporte escolar R$
Outras despesas R$
Total 2 R$
84 | Fatores relevantes para a empatia do gestor imobiliário
3) Despesas diversas
Seguro-saúde R$
Carro (gasolina + estacionamento + revisão + lavagem) R$
Vestuário R$
Lazer (cinema + teatro + cinema + restaurante) R$
Viagens R$
Medicamentos R$
Outras despesas R$
Total 3 R$
Texto complementar
Princípios básicos da comunicação interpessoal
Princípio 1 − Gera uma interação. Processo de influência mútua.
Princípio 2 − É governada por regras. Padrões aceitáveis de comportamento.
Princípio 3 − É um processo sequencial. Uma pessoa fala enquanto a outra escuta.
Princípio 4 − É coerente. O que está sendo dito tem ligação, tem nexo.
Princípio 5 − Leva a uma decisão. Influencia atitudes e comportamentos.
Atividades
Escolha a alternativa correta em relação ao tema “Os fatores relevantes para a empatia do gestor
imobiliário”.
3. O uso de perguntas, também chamado de sondagem, é uma técnica excelente para obter
informações sobre o cliente potencial, desenvolver uma comunicação bilateral e tornar o cliente
potencial mais ativo e participativo. Através de perguntas se consegue descobrir as necessidades,
problemas, desejos, objetivos ocultos, temores, preconceitos e dúvidas. Quando planejar a
entrevista, o gestor imobiliário precisa primeiro saber ou prever a resposta desejada. Devem
ser formuladas apenas perguntas que ajudem a fazer a venda. Identifique os diferentes tipos de
perguntas que o gestor imobiliário pode usar.
a) Pergunta aberta, pergunta orientada, pergunta fechada, pergunta que estimula o cliente a
falar mais e perguntas exploratórias.
b) Pergunta de ocasião, pergunta sem compromisso, pergunta indutiva e pergunta “entre amigos”.
c) Pergunta aberta, pergunta de ocasião, pergunta que faz o cliente pensar e pergunta que gera
impacto.
d) Pergunta aberta, pergunta sem compromisso, pergunta indutiva e pergunta dedutiva.
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do livro Decifrar Pessoas: como entender e prever o comportamento humano, de
Jo-Ellan Dimitrius (publicado pela Alegro, 2000).
Fatores relevantes para a empatia do gestor imobiliário | 87
88 | Fatores relevantes para a empatia do gestor imobiliário
Gabarito
1. D
Tema: Os fatores relevantes para a empatia do gestor imobiliário.
Assunto: A entrevista visa conhecer o cliente (p. 68 e 69).
2. B
Tema: Os fatores relevantes para a empatia do gestor imobiliário.
Assunto: Dê preferência para realizar a entrevista no ambiente do cliente (p. 77 e 78).
3. A
Tema: Os fatores relevantes para a empatia do gestor imobiliário.
Assunto: Use diferentes tipos de perguntas (p. 70 e 71).
Como negociar
de forma mais persuasiva
O gestor imobiliário precisa mostrar-se capaz de conquistar a atenção do cliente, despertar inte-
resse, incitar nele o desejo de possuir o imóvel e induzi-lo a passar à ação, ou seja, a comprar. Eloquência
e persuasão são características daqueles que conhecem perfeitamente o imóvel que ofertam.
Argumento gera um raciocínio destinado a provar ou refutar uma proposta. A palavra “argumen-
to” vem do latim arguere, que significa “pôr à frente, provar”. O gestor imobiliário deve estudar, preparar,
com base em diferentes características do imóvel, argumentos de vendas.
A elaboração de um argumento exige conhecimento das razões de compra do cliente potencial.
Para conhecer essas diferentes motivações, é importante estudar algumas noções de psicologia e co-
nhecer comportamentos comuns à maioria dos seres humanos. O homem é um indivíduo por essência
egoísta e egocêntrico. Portanto, nunca se esqueça: as pessoas só se interessam por elas mesmas. O
cliente potencial pouco se importa com o gestor imobiliário ou com o imóvel, e somente acreditará no
profissional na medida em que este lhe oferecer qualquer coisa. Para interessar o cliente potencial,
diga-lhe, portanto, o que ele tem vontade de ouvir. Faça esta pergunta: “O que há no imóvel que preten-
do apresentar e que o possa interessar – o que há para ele mesmo?”.
Critérios de decisão são os atributos que os clientes usam para avaliar as alternativas, quando
fazem uma escolha.
Durante a entrevista, deve-se identificar e gravar as expressões, termos, ideias que os clientes
comentam sobre suas motivações de compra e seus critérios de decisão.
Lareira, sala de jantar, churrasqueira com bar Permite reunir a sua família e amigos em
etc. um ambiente agradável e acolhedor.
Modo simplificado
Característica − benefício
Primeiramente escolhe-se uma característica do imóvel. Em seguida, faz-se a pergunta “e daí?”.
A resposta a essa pergunta identifica um dos vários benefícios que o cliente poderá vir a ter. O gestor
imobiliário sempre irá escolher e mencionar o benefício que o cliente quer ouvir. Exemplo:
Característica: “Um inteligente projeto arquitetônico que integra estar com lareira, sala de jantar
e churrasqueira com bar”.
“E daí?”
Benefício: “Permite reunir sua família e amigos em um ambiente agradável e acolhedor.”
Característica + benefício: “Em um inteligente projeto arquitetônico que integra estar com la-
reira, sala de jantar e churrasqueira com bar, você pode reunir a sua família e amigos em um ambiente
agradável e acolhedor”.
Modo completo
Característica – vantagem – benefício − atração
Escolher uma característica do imóvel, estabelecer uma vantagem de ter aquela característica; em
seguida, expressar o benefício que aquela vantagem trará para o cliente e, por último, promover uma
atração, reafirmando o benefício com uma pergunta cujo objetivo é obter a concordância do cliente.
Exemplo:
Característica – “Um inteligente projeto arquitetônico que integra estar com lareira, sala de jan-
tar e churrasqueira com bar”.
Como negociar de forma mais persuasiva | 93
Vantagem – “Cria-se um ambiente onde você poderá reunir a sua família e amigos”.
Benefício – “Para passarem horas agradáveis e acolhedoras”.
Atração – “Você concorda?”
Característca + vantagem + benefício + atração: “Em um inteligente projeto arquitetônico que
integra estar com lareira, sala de jantar e churrasqueira com bar, cria-se um ambiente onde você poderá
reunir a sua família e amigos para passarem horas agradáveis e acolhedoras. Você concorda?”
Modo explicativo
É/tem – faz – significa
Nessa sequência, destaca-se primeiramente a característica, enfatiza-se o benefício que o cliente ob-
terá e complementa-se pela motivação. Encontra-se a motivação fazendo a pergunta: “o que o cliente ganha
com isso?” ou “como isso pode tornar a vida do cliente melhor?”.
Exemplo: O que o imóvel tem? “A sala de estar tem lareira”.
Benefício: O que o imóvel faz? “Permite reunir a sua família e amigos”.
Motivação: O que o cliente ganha com isso? Ele pode passar horas agradáveis e acolhedoras.
Resultado: “A sala de estar tem lareira, permitindo que você reúna sua família e amigos. Nela você
poderá passar horas agradáveis e acolhedoras”.
ponto forte. O ponto forte é uma característica do imóvel que o distingue dos outros imóveis concorren-
tes. Não contém qualquer promessa, não responde em nada às esperanças do cliente potencial.
Exemplo: “Na parte alta da rua Dr. Barcelos fica garantida uma vista permanente para o estuário
do Guaíba” (promessa de bom ambiente e conforto). Mais uma vez, o que interessa ao cliente é o que o
imóvel proporciona. Nesse caso, uma vista indevassável.
Vantagem – uma vista permanente para o estuário do Guaíba (afirmação que contém uma pro-
messa de conforto ou conveniência).
Ponto forte – na parte alta da rua Dr. Barcelos (característica).
Por quê? – trata-se muito simplesmente de retomar a afirmação para transformar numa forma
interrogativa. Exprime em voz alta a pergunta que o cliente potencial faz: “Por que oferece uma vista
permanente?”
Porque − o gestor imobiliário comprova credibilidade e mostra competência. A prova é uma
explicação concisa, simples, que se apoia em fatos irrefutáveis. “Porque o prédio foi bem projetado (ca-
racterística) para tirar o maior proveito do terreno e da sua localização (afirmação que contém uma
promessa de economia)”.
Portanto − a afirmação é fundamentada; o argumento termina com uma conclusão. Ela retoma e
confirma o enunciado da primeira afirmação.
Exemplo: “Portanto, como se vê, você sempre irá desfrutar o belíssimo pôr do sol do Guaíba”.
Afirmação – por quê? – porque – portanto: “Cozinha e área de serviço com porta de comunica-
ção para a sacada, que é fechada e é onde está localizada a churrasqueira. Por que a sacada é fechada?
Porque tanto em dias ensolarados como em dias frios ou chuvosos, a família pode se reunir para um
churrasco na sacada. Portanto, como se vê, fica garantida uma vista permanente para o estuário do
Guaíba”.
Se o gestor não proceder desse modo, o cliente não terá tempo para seguir e assimilar a exposição.
O mesmo empreendimento poderia ser apresentado com um argumento planejado: “A área tér-
rea do prédio, além do projeto paisagístico, terá ampla área de lazer, com piscina, sauna, salão de festas
e solário com 277 m² (características), uma infraestrutura de lazer de um condomínio de luxo (vanta-
gem). A sua família poderá desfrutá-la a qualquer hora do dia e com toda segurança (benefícios). Lazer
e qualidade de vida é o que se deseja, concorda? (atração)”.
Sentado ou em pé, o gestor imobiliário deve procurar manter a cabeça reta ao falar, olhando para
o cliente, enquanto apresenta os argumentos de vendas. Ao falar, não balance a cabeça e nem gesti-
cule em excesso para não deixar o cliente tonto. O queixo para baixo reflete falsa humildade e o nariz
empinado uma tendência à vaidade. O tronco não deverá ficar numa posição relaxada, com o corpo
curvado deselegantemente para frente ou para os lados, com os músculos derrubados, o peito retraído
e os ombros caídos, como se estivessem desabando. Essa atitude passa uma imagem de perdedor, de
medroso ou de fracassado; e nem o perdedor, nem o medroso e nem o fracassado conseguem transmi-
tir mensagens que merecem credibilidade junto ao cliente.
Por outro lado, não é recomendável ter uma postura rígida, inflexível, militarizada, o que trans-
mitiria uma imagem prepotente e arrogante. A postura correta é o tronco bem posicionado, mas que
permita discreta flexibilidade à postura, e revele espontaneidade; nunca afaste os olhos do cliente.
A aparência talvez seja a parte mais expressiva de todo o corpo. Ela funciona como um espelho
onde se projetam as imagens do interior. Os gestos devem vir como reforço das palavras pronunciadas.
Na postura do corpo, uma atitude descontraída e aberta significa disponibilidade, escuta e opõe-se
a uma atitude fechada (braços cruzados, por exemplo) que indica encolhimento. A mão acompanha
frequentemente as palavras e pode apoiá-las, dar-lhes mais peso. A fisionomia também funciona como
indicador de coerência e sinceridade. Mantenha uma fisionomia aberta, serena, luminosa.
Vocabulário
O vocabulário precisa ser amplo e adequado. A seguir apresentamos uma série de frases/expres-
sões/palavras que podem ser empregadas.
::: De empatia − entendo como se sente..., se eu estivesse em seu lugar..., o que o sr. quer dizer
é..., eu me importo com o seu problema..., estou aberto para ouvir a sua opinião..., eu me pre-
ocupo com o senhor, eu não estou aqui só para vender etc.
::: Que transmitam confiança − tenho certeza..., acredito que..., sei que..., posso afirmar que..., o
melhor para etc.
::: Positivas − ganhar, êxito, melhor, aprimorar, ajudar, solucionar, de qualidade, bom, ótimo,
aumentar, elevar, crescer, desenvolvimento, benefício/beneficiar, eficácia, seriedade, compe-
tência, experiência, lucro, excepcional, tranquilidade, economia, vou explicar-lhe, é muito sim-
ples, com certeza etc.
::: Mais persuasivas − descobrir, bom, dinheiro, fácil, garantido, saúde, novo, provado, resulta-
dos, seguro, economia, possuir, grátis, melhor, oferta etc.
Por outro lado, há uma série de frases/expressões/palavras que devem ser evitados.
::: Gíria − tá legal! Oi, cara! Tudo em cima! Tá limpo! Ô meu! Meu, não dá!
::: Expressões repetitivas e pausas linguísticas − né, sabe, é, tá, tá bom, hã?, ahmm!, hum etc.
::: Expressões dúbias − eu acho que..., eu penso que..., pode ser que..., creio que..., talvez etc.
::: Palavras negativas − problema, receio, dificuldade, despesa adicional, gasto, prejuízo, atraso,
nunca, impossível, perigo, talvez, aborrecimento, não é verdade, não é possível, é difícil, preo-
cupação etc.
Não complique!
Em vez de... Use...
esposa mulher
falecer morrer
garage garagem
sanitário ou toalete banheiro
Como negociar de forma mais persuasiva | 99
Atividades
Escolha a alternativa correta em relação ao tema “Como negociar de forma mais persuasiva”.
2. Muitos clientes têm uma compreensão emocional muito melhor do dinheiro do que do valor de
um imóvel. Falta experiência a esses clientes, e cabe ao gestor imobiliário ajudá-los a entender
e apreciar o valor em termos de dinheiro ou outros atrativos emocionais, tais como: segurança,
conforto, status, lazer, saúde ou serviço. É a percepção do valor que cria o desejo de posse.
Identifique as duas razões que levam as pessoas a comprar.
a) As pessoas compram por duas razões: necessidade e prazer.
b) As pessoas compram por duas razões: confiança e valor.
c) As pessoas compram por duas razões: localização e qualidade.
d) As pessoas compram por duas razões: necessidade e qualidade.
3. Se o gestor imobiliário falar com naturalidade, mas apenas com naturalidade, irá somente
transmitir as suas informações para o cliente potencial. Identifique o que o gestor imobiliário
deverá fazer para ter um maior envolvimento com o cliente.
a) É preciso muita conversa e explicações adicionais.
b) É preciso apresentar testemunhas para reforçar os argumentos apresentados.
c) É preciso repetir, repetir e repetir os argumentos já mencionados.
d) É preciso emoção.
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do livro Os Segredos da Arte de Vender, de Zig Ziglar (publicado pela Record, 2003).
100 | Como negociar de forma mais persuasiva
Referências
COHEN, Herb. Você Pode Negociar Qualquer Coisa. Rio de Janeiro: Record, 1980.
CONTE, Dirce. Persuator: persuasão e influência. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996.
WEIL, Pierre; TOMPAKOW, Roland. O Corpo Fala: a linguagem silenciosa da comunicação não-verbal.
Petrópolis: Vozes, 1986.
ZIGLAR, Zig. Os Segredos da Arte de Vender. Rio de Janeiro: Record, 2003.
Gabarito
1. B
Tema: Como negociar de forma mais persuasiva.
Assunto: Persuadir clientes não é mais atividade básica de vendas (p. 90).
2. B
Tema: Como negociar de forma mais persuasiva.
Assunto: A percepção do valor é que cria o desejo de posse (p. 91).
3. D
Tema: Como negociar de forma mais persuasiva.
Assunto: Como apresentar os argumentos de vendas com emoção (p. 96).
Negociando e falando
do preço do imóvel
Para defender o preço com eficácia, o gestor imobiliário deve demonstrar as qualidades do imó-
vel e transformá-las em vantagens para o cliente. Compete ao gestor imobiliário justificar e defender o
preço, o que não tolera o amadorismo.
Justificar é argumentar. Para se ter uma argumentação persuasiva, deve-se pensar com cuidado
sobre o que se vai dizer e como dizer. Do mesmo modo, para ser eficaz, a justificação do preço deve
ser objeto de verdadeira preparação, consistindo em elaborar com cuidado argumentos capazes de
responder com clareza, de forma verdadeira e válida. Muitos gestores imobiliários descuidam desse
trabalho fundamental de preparação.
Para justificar o preço com eficácia, o gestor imobiliário deve:
::: provar com raciocínio convincente, descrevendo e explicando de maneira ordenada e porme-
norizada, com o auxílio de exemplos, as qualidades do imóvel, transformando-as em vanta-
gens para o cliente;
::: persuadir o cliente e a sua família da superioridade do imóvel que está sendo demonstrado
em relação aos dos concorrentes, por meio de provas irrefutáveis;
::: lembrar-se da noção de “preço psicológico”, que leva qualquer cliente potencial a imaginar
que “o que é caro é de boa qualidade” (e que o cliente, exceto quando verdadeiras pressões
orçamentárias lhe são impostas, dá mais importância à qualidade do que ao preço).
Para um gestor imobiliário formado, preparado e motivado, um preço elevado não é uma desvan-
tagem. A verdadeira questão não é saber se o imóvel é caro ou barato, mas se o preço está adequado ao
valor exato do imóvel. É essa noção de valor exato que convém explicar.
grande desconto sem combater. O gestor imobiliário deve evitar distribuir facilmente o desconto. Se
tiver de conceder um desconto (e sempre tem) nunca se esqueça de dar ao cliente o sentimento de ter
conquistado o privilégio com grande luta. Está em jogo o êxito da venda.
Um cliente que adquire um imóvel com 5% de desconto ao fim de duas horas de negociação
intensa, pensará: “Apesar de esse gestor imobiliário ter-se mostrado difícil, consegui que fizesse um des-
conto. Devo ser um dos raros clientes a ter obtido essa vantagem. Tenho muito mérito”. Por outro lado,
um cliente que, após cinco minutos de palavras, consegue 8% de desconto, dirá: “Puxa! Esse desconto
é certamente ilusório. Para que serve, se é concedido a toda gente...” ou ainda: “Esse gestor imobiliário
dá-me a impressão de querer vender seja a que preço for. O seu imóvel não deve ser tão bom como
afirma”.
Há um princípio imperativo na negociação que o gestor imobiliário não deve transgredir: “Não
dê nada por nada”. É por isso que um desconto sobre um preço de venda nunca será concedido sem
contrapartida. Nesse ponto vai a habilidade do profissional em ajudar o cliente a formalizar uma pro-
posta de compra. Nunca será demais repetir: na negociação de preço, a maneira de chegar a um acordo
(a maneira de negociar) é talvez mais importante do que o próprio preço. Isso vale tanto para o cliente
como para o gestor imobiliário.
Apresentação do preço
A apresentação do preço só pode ser eficaz se as etapas que a precedem forem convenientemente
tratadas. Algumas sugestões referentes à apresentação dos preços:
1. Nunca apresente o preço antes de demonstrar o imóvel e esclarecer as objeções do cliente
potencial, que deverá saber precisamente o que obterá em contrapartida do pagamento. Para
um cliente, a ação de pagar é muitas vezes sentida como um sacrifício. O preço parecerá tanto
mais elevado quando o cliente não tiver tomado suficientemente consciência do interesse da
oferta que lhe é apresentada. É capital, portanto, atrasar o máximo possível a negociação ao
redor do preço, até que o interesse do cliente seja manifestado. Ao cliente que exige o preço
prematuramente, o gestor imobiliário responderá: “Permita-me terminar a minha apresentação,
e assim, quando lhe informar o preço, saberá exatamente a que corresponde”. Lembre-se sim-
plesmente de que o preço está para a venda assim como os últimos minutos de um filme estão
para o cinema: o desenlace da questão. Conhecê-lo antes da hora quebra o encanto e diminui o
interesse.
2. Evitar que o preço seja “redondo”. Um imóvel de R$30.000,00, R$150.000,00, R$1.000.000,00
presta-se facilmente à negociação. Ao contrário, um gestor imobiliário que oferece o imóvel ao
preço de R$235.464,00 inibe o cliente potencial a pechinchar. A precisão do número deixa pres-
sagiar que a sua elaboração foi objeto de cálculos rigorosos, que não podem ser discutidos.
3. Apresentar o preço sob o seu ângulo mais favorável. Aquele sob o qual parecerá o menor
possível. Minimizar um preço é coisa fácil, porque existem inúmeros artifícios para consegui-lo.
4. “É caro demais!”, ataque clássico do cliente potencial. “Em relação a quê?” Essa réplica terá
um efeito desestabilizador para o cliente, ao ser questionado pelo gestor imobiliário. O cliente
potencial será obrigado a sair do seu conforto e precisará pensar. Na maioria das vezes, as expli-
Negociando e falando do preço do imóvel | 103
cações que improvisará vão se revelar muito pobres, limitando-se a uma comparação do imóvel
demonstrado com um suposto equivalente da concorrência. Esse imóvel concorrente, o profis-
sional conhece em detalhes. A partir daí pode defender-se eficazmente e justificar o preço.
5. Ao apresentar o preço, o gestor imobiliário deve sempre acompanhá-lo de uma vanta-
gem. A vantagem deve ser traduzida em termos de ganho ou de economia. A vantagem a ser
enfatizada se refere às necessidades a serem atendidas pelo imóvel que está sendo adquirido
pelo cliente potencial. Exemplo: “Tendo em conta os desejos que salientou, será preciso prever um
investimento de R$235.464,00 para se tornar proprietário deste confortável apartamento e de ga-
nhar, ainda, a vista permanente para o estuário do Guaíba”.
6. Tornar relativa à despesa. Uma vantagem que pode exprimir-se em termos de ganho ou de
economia de dinheiro permite diminuir consideravelmente a importância de uma despesa.
Exemplo: “A economia que o senhor passará a fazer, não pagando mais aluguel, será de R$22.604,32
ao ano. Com essa poupança, em dez anos, o senhor poderá comprar um novo imóvel”.
Tenta obter alguma Esteja preparado para oferecer uma vantagem extra e faça a pergunta
vantagem extra. “Se eu conseguir esta vantagem, o senhor fecha o negócio?”
104 | Negociando e falando do preço do imóvel
Texto complementar
Vencendo as objeções
A objeção deve ser encarada pelo gestor imobiliário como um desejo do cliente saber mais a
respeito do imóvel e do negócio que está sendo apresentado.
Recurso mnemônico ERDiR
Ajuda o gestor imobiliário a dominar a sua ansiedade organizando mentalmente a sua resposta.
E − escutar
R – reconhecer
Di – diagnosticar
R – responder
Cinco tipos de objeções
1. Objeção ao produto.
2. Objeção à empresa.
3. Objeção ao preço.
4. Objeção pessoal.
5. Objeção de adiamento: passar para outra pessoa decidir ou pensar melhor no assunto.
Cinco maiores causas de objeções
1. Qualificação insuficiente.
2. Sondagem insuficiente.
3. Apresentação insuficientemente clara.
4. O cliente tem medo de tomar a decisão.
5. Habilidades de escutar e reagir pouco desenvolvidas.
Regras que governam o fechamento
Regra 1 – fechar a venda é responsabilidade do gestor imobiliário.
Regra 2 – o fechamento deve seguir o princípio da coerência conversacional.
Regra 3 – o momento certo para o fechamento deve ser indicado pelos sinais verbais e
não verbais do cliente.
Erros de fechamento
1. Fechar cedo demais.
2. Fechar tarde demais.
3. Falar além do momento de fechar.
4. Simplesmente não fechar, pois não sabe o que e como perguntar.
106 | Negociando e falando do preço do imóvel
Atividades
1. Em uma negociação de preço, a maneira de conseguir um acordo (a maneira de negociar) pode
ser mais importante do que o próprio preço. Um cliente potencial que no fim de uma negociação
muito debatida “arranca” um pequeno desconto pode ser mais feliz do que um comprador que
obtém um grande desconto sem combater. Identifique o que o gestor imobiliário deve evitar em
uma negociação de preço, e que é considerado como a regra de ouro de uma negociação.
a) Evitar distribuir facilmente o desconto.
b) Nunca oferecer desconto.
c) Só negociar prazo de pagamento.
d) Nunca dar desconto e só negociar prazo de pagamento.
2. A apresentação do preço só pode ser eficaz se as etapas que a precedem forem convenientemente
tratadas. Identifique um cuidado que o gestor imobiliário deve observar durante uma negociação:
a) Só fale sobre o preço e condições de pagamento, se o cliente lhe perguntar.
b) Apresente primeiro o preço, antes de demonstrar o imóvel.
c) Nunca se deve apresentar o preço antes de ter demonstrado o imóvel e esclarecidas as objeções
do cliente potencial.
d) Protele ao máximo o momento de falar sobre o preço e condições de pagamento do imóvel
pretendido pelo cliente.
3. Identifique uma maneira de conseguir o preço sem desconto antes de ser obrigado a negociar.
a) Converse com o cliente sobre assuntos diversos, o máximo que puder.
b) Prepare-se para as objeções ao preço.
c) Faça inúmeras perguntas ao cliente, com o objetivo de ganhar tempo, antes de ter que falar
sobre o preço sem desconto.
d) Chame um colega para falar sobre clientes que já compraram um imóvel semelhante ao que
você está oferecendo.
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do livro Vendas: fundamentos e novas práticas de gestão, de Charles M. Futrell,
(publicado pela Saraiva, 2003).
Negociando e falando do preço do imóvel | 107
Referências
FUTRELL, Charles M. Vendas: fundamentos e novas práticas de gestão. São Paulo: Saraiva, 2003.
HALFELD, Mauro. Seu Imóvel: como comprar bem. São Paulo: Fundamento Educacional, 2002.
TRAVASSOS, Ari. Compra e Venda de Imóveis. Dicas & segredos. Rio de Janeiro: Nórdica, 1991.
108 | Negociando e falando do preço do imóvel
Gabarito
1. A
Tema: Negociando e falando do preço do imóvel.
Assunto: A regra de ouro de uma negociação (p. 101 e 102).
2. C
Tema: Negociando e falando do preço do imóvel.
Assunto: Apresentação do preço (p. 102).
3. B
Tema: Negociando e falando do preço do imóvel.
Assunto: Maneiras de se conseguir o preço sem desconto antes de ser obrigado a negociar (p. 104).
Marketing direto:
a ação interativa
que utiliza várias mídias
Sem um entendimento preciso do que é marketing direto, muitos gestores imobiliários e em-
presas se utilizam desse sistema interativo. Tal recurso ajuda os gestores imobiliários a manterem uma
ligação direta com os seus clientes através de telemarketing, mala direta e mala direta eletrônica, mídias
muito utilizadas no mercado imobiliário.
Marketing direto é uma ação interativa de marketing que utiliza várias mídias de propaganda
para aproximar as partes interessadas em uma transação. A propaganda em massa alcança um número
indefinido de pessoas enquanto que o marketing direto atinge exatamente o cliente potencial, por
meio de critérios de segmentação psicográfica, demográfica, geográfica e comportamental.
Para superar as dificuldades dos primeiros instantes ao telefone, o profissional deve estar prepa-
rado, conhecendo bem todos os imóveis cadastrados, em especial aqueles que estão sendo anuncia-
dos; ter à mão as tabelas de preço, a calculadora e papel para anotações; deve também manter o seu
material organizado, de forma a não ser pego desprevenido, evitando assim, transparecer para quem
está telefonando qualquer situação de despreparo ou de desatenção. Ao receber uma chamada telefô-
nica, o gestor imobiliário deverá ouvir mais e falar pouco.
Muitas vezes esse profissional tem que fazer alguma consulta fora da sua área de ação. Nessas
ocasiões é importante que ele explique a demora através de uma breve justificativa ou que mencione
aproximadamente quanto tempo durará a interrupção.
Se for necessário algum tempo para obter a informação, é conveniente oferecer-se para ligar mais
tarde. Assim, o gestor imobiliário pode se preparar, fazendo uma lista do que vai dizer ao telefone, como
também passa a ter a oportunidade de fazer a chamada telefônica. Essa mudança de posição faz com
que o profissional passe de uma venda passiva para uma venda ativa.
Como através de uma chamada telefônica o gestor imobiliário só pode apresentar dados informa-
tivos, e não dados concretos, é importante que ele conduza a conversação para uma entrevista, oportuni-
dade em que poderá ficar frente a frente com o cliente. Dificilmente é possível fechar algum negócio no
primeiro contato telefônico. Por outro lado, muitas coisas são omitidas em uma chamada telefônica.
Telemarketing ativo
Sendo um instrumento simples e eficaz para incrementar vendas, encurtar distâncias e reduzir
custos, o telemarketing apresenta uma série de benefícios: custo operacional reduzido, possibilidade
112 | Marketing direto: a ação interativa que utiliza várias mídias
de contatos com mais frequência e rapidez na resposta. Além disso, propicia maior produtividade e
recupera negócios que estavam na eminência de serem relegados.
Com o objetivo de se estimular uma ação mais proativa e de aumentar a eficiência nas vendas, o
telemarketing pode ter as seguintes aplicações na comercialização de produtos imobiliários:
::: apoio a vendas (marcação de entrevistas ou de visitas, recuperação de clientes, geração de
indicações de novos clientes);
::: promoção de vendas (lançamento de novos produtos imobiliários);
::: pós-venda (serviço de “venda da satisfação”).
Para cada uma dessas aplicações, é necessário conhecer o cliente-alvo e montar um sistema de
banco de dados de clientes. Os pesquisadores de marketing medem os perfis demográficos e de estilos
de vida para identificar o seu cliente-alvo. Os perfis demográficos incluem idade, educação, renda, esta-
do civil, número de filhos, propriedades, bairros onde moram, entre outros. Os estilos de vida incluem
esportes, passatempos, hábitos de leitura, de viagem etc. Um dos princípios de marketing é determinar
quem são os melhores clientes e concentrar esforços junto àqueles que têm perfis iguais ou similares.
Acumular dados relevantes, que podem ser manipulados, é a chave do sucesso de um programa de
banco de dados de clientes. A resposta à pergunta: “De que dados vou precisar em meu computador
que me habilitem a conversar, em termos relevantes, com meu cliente?” é o caminho inicial para se es-
truturar um banco de dados de clientes.
Finalmente, a execução da tarefa de telemarketing deve ser delegada a uma pessoa que possua
alguma noção sobre o assunto, que conheça a empresa e os produtos que ela comercializa. Para cada
tipo de aplicação do telemarketing é necessário que se crie um roteiro1 específico. Em telemarketing é
importante observar como as coisas são ditas, assim como o que é dito. Por meio de uma boa monito-
ração, consegue-se realmente aperfeiçoar os roteiros.
Uma mala direta não se improvisa. A gestão de um cadastro de endereços, a técnica da escrita co-
mercial exige não apenas conhecimentos específicos (da comunicação em geral e do marketing direto
em particular), mas também certa sabedoria, que pode ser uma atitude empírica, para poder fornecer
resultados satisfatórios.
É também o apoio por excelência de um esboço de diálogo que deve ser caloroso, persuasivo,
até mesmo intimista e pessoal. O seu objetivo é convencer o leitor a reagir à mensagem que contém,
propondo-lhes um negócio, por meio da sua força promocional e emocional.
As vantagens da mala direta são a seletividade da audiência (isto é, não sofre a interferência de
uma propaganda concorrente) e personalização. Como desvantagem pode-se destacar o custo relativa-
mente alto e a imagem do “lixo do correio”.
O leitor sente-se muito mais importante com um texto que fala a seu respeito e evoca suas preocu-
pações e desejos do que por qualquer manifestação de grandeza de uma empresa ou de um produto.
Para atingir esse resultado, convém certificar-se de que o gancho contém uma promessa (uma
economia a realizar, uma oferta, uma resposta a uma pergunta que o leitor coloca a si mesmo, uma vida
mais agradável, a realização de um sonho, a solução para um problema).
Fórmula AIDA
Na redação da mala direta, uma das fórmulas mais populares e amplamente usadas são os quatro
passos mentais que ajudam o cliente a se decidir pela compra. A mala direta deve:
::: atrair a atenção (A);
::: provocar o interesse (I);
::: estimular o desejo (D);
::: convocar o leitor à ação (A).
Caro Senhor:
Esta carta constitui uma injustiça flagrante. Com efeito, entusiasmará tanto os privilegiados a
quem é dirigida, como descontentará todos aqueles, muito mais numerosos, que arriscam ter co-
nhecimento dela... sem serem seus destinatários.
E, todavia, foi preciso escolher os nomes daqueles a quem vamos permitir agendar uma visita
a um excepcional apartamento de 2 dormitórios com 1 suíte...
(Segue-se a mala direta)
Se o texto for mais longo, não termine a primeira página com um ponto final. Tente quebrar sua
ideia e induzir o leitor a virar a página. Entre a abertura e o encerramento da mala direta (seja ela de
uma, duas, quatro2 ou qualquer outro número de páginas), o gestor imobiliário pode trabalhar os bene-
fícios, acrescentar todas as características e reforçar a credibilidade. E isso pode significar coisas como
uma lista de características, testemunhos de clientes, descrições com exemplos específicos etc. Antes
de encerrar, volte ao seu grande benefício e aos maiores pontos de venda mais uma vez, e amarre-os
ao seu apelo original.
2 Só em casos extremos faça uma mala direta com quatro páginas, pois a regra é “seja rápido”. A carta deve ser breve, concisa e educada.
Marketing direto: a ação interativa que utiliza várias mídias | 115
Para ser agradável de ler, uma mala direta deve apresentar uma boa visibilidade. Com efeito, quan-
do o corpo de uma mala direta se apresenta sob a forma de um bloco monolítico, os olhos recusam-se
à leitura. Recomenda-se que o limite máximo de seis linhas por parágrafo nunca deva ser ultrapassado,
sob pena de desencorajar o leitor.
Algumas palavras e expressões possuem um poder surpreendente. A sua presença no corpo da
carta insufla vitalidade ao texto, tonifica os argumentos. Eis alguns desses recursos:
::: Por quê?
::: Como?
::: Como é possível?
::: Atenção!
::: Mas não é tudo!
Exemplo:
“Além disso, o bairro onde está localizado o apartamento possui ruas calmas e arborizadas.
Mas não é tudo! Você ganha em qualidade de vida. Por quê? Porque você fica longe da agitação dos
centros comerciais”.
Outras expressões têm o poder quase milagroso de acelerar o processo de decisão do cliente
potencial. São elas:
::: gratuito;
::: presente;
::: novo;
::: especialmente/excepcionalmente para você;
::: espantoso;
::: extraordinário;
::: incrível;
::: fantástico.
Uma boa despedida deve ser cortês, determinando o leitor a passar à ação ou, na sua falta, a
agendar um encontro. Exemplo:
Fico à sua disposição para nos encontrarmos na data que lhe for conveniente a fim de estudar,
com você, a solução mais apropriada para as suas necessidades.
Atenciosamente,
Fulano de tal.
Marketing direto: a ação interativa que utiliza várias mídias | 117
Exemplos práticos
1. Inserção de um anúncio como notícia, em um jornal de bairro.
2. Mala direta para o lançamento da fase II de um loteamento. Os clientes que adquiriram um lote
na fase I foram convidados a participar do empreendimento na fase II, com uma oferta especial.
Agora, os felizes proprietários de áreas no Parque Residencial Novo Horizonte-1 dispõem de uma
exclusiva condição para investirem na segunda fase do loteamento.
E se você tomar uma decisão rapidamente e nos procurar antes do dia 14 de outubro, você
poderá escolher a melhor área da fase 2 do Parque Residencial Novo Horizonte.
O que torna a nossa oferta exclusiva tão especial?
::: Lotes residenciais na zona que mais cresce em Santa Maria.
::: Completa infraestrutura (terraplanagem, rede pluvial com tubos de concreto, energia elé-
trica, calçamento, rede d’água tratada, iluminação pública com lâmpadas de mercúrio e fo-
tocélulas).
::: Diversidade e qualidade de serviços na região (escolas de 1.º e 2.º graus, UFSM, Hospital
Universitário, restaurantes, postos de combustível, bancos, supermercados e muito mais).
::: Região aprazível e tranquila.
Imagine só: num prazo de 24 meses a partir do licenciamento junto à Prefeitura Municipal,
você poderá iniciar a construção da casa que a sua família sempre sonhou. Imagine o prazer que
você e a sua família terão ao curtir o pôr do sol, mágico e grátis, em uma região de ar puro, e ao ver
seus filhos brincando no pátio da sua casa. Pense como será gostoso receber os seus amigos para o
chimarrão e para um churrasco, na casa projetada pela sua família.
Com esse investimento, você terá:
. . . boa qualidade de vida;
. . . construção da sua casa segundo as possibilidades, planejando a obra em etapas;
. . . escolha do estilo da casa de acordo com o gosto da família.
E isso não é tudo! As obras que serão empreendidas no Parque Residencial Novo Horizonte-2 são
incondicionalmente garantidas por mim, o presidente do Grupo _________, com a experiência de já
ter comercializado mais de 4 000 (quatro mil) lotes no bairro Camobi, desde 1988.
Centenas de famílias, felizes proprietárias de áreas no Parque Residencial Novo Horizonte-1, re-
conhecem que fizeram um investimento seguro, com valorização garantida, o que as deixa muito
orgulhosas e realizadas.
Mas descubra por si mesmo! Ligue-nos diretamente, no número ________. Há sempre um pro-
fissional pronto para lhe atender e prestar todos os esclarecimentos necessários.
Atenciosamente,
Diretor
P. S.: Não se esqueça. Não perca a oferta exclusiva que estamos fazendo para você e sua famí-
lia. Você é um dos primeiros a tomar conhecimento desse lançamento de sucesso da ____________.
Os primeiros sempre têm a oportunidade de escolher as melhores áreas. Não perca, também, a
exclusiva condição que estamos lhe fazendo de apenas R$___________ por mês. Ligue já para
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Marketing direto: a ação interativa que utiliza várias mídias | 119
Para muitos profissionais do setor de marketing direto, o advento da utilização da mala direta via internet é uma ex-
tensão natural do que já era feito anteriormente com o papel. A tecnologia tornou o processo mais eficiente e barato,
é verdade, mas em relação ao marketing os profissionais da internet não inventaram nada que já não estivesse sendo
utilizado na mala direta convencional há anos. (PREDEBON, 2004, p. 195)
Exemplo prático
como um local escolhido pela elite social mais jovem. Longe da agitação dos centros comerciais e
desfrutando de ruas arborizadas, os moradores ganham também em qualidade de vida. Nas imedia-
ções existem supermercados, açougues, armazéns, padarias, escolas, academias, salões de beleza,
farmácias, cafés, videolocadoras, bancos, posto de gasolina com serviço de conveniência, posto de
saúde, delegacia de polícia, entre outros.
Linhas de transporte público que passam pela rua Dr. Barcelos: linha de ônibus 186 – Liberal e
a lotação 10.31 – Cristal/Otto Niemeyer.
Próximo, na Avenida Wenceslau Escobar, fica o pólo comercial mais desenvolvido da Zona Sul,
com amplas redes de comércio e serviços.
O prédio é novo e possui a conveniência de um salão de festas com churrasqueira, elevador,
porteiro eletrônico, zelador e sistema de segurança integrado.
Você precisa conhecer o conforto do apartamento!
O apartamento é personalizado e oferece bem-estar. A suíte do casal tem banheira com hidro-
massagem e um exclusivo spa residencial. A sacada fechada, com churrasqueira, tem uma especial
vista panorâmica do Guaíba, com ótima orientação solar. O mobiliário na cozinha é completo. Na
área de serviço está instalado o aquecedor de passagem tipo automax modulante.
A tranquilidade é completa, com duas vagas de estacionamento coberto e escriturado. Apro-
veite a oportunidade e invista na qualidade de vida da sua família.
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Vantagens que o cliente obterá:
::: Possibilita ao comprador o conhecimento completo do imóvel antes de adquiri-lo.
::: Permite ocupação imediata.
::: Oferece a possibilidade imediata de remuneração com aluguel.
::: Oferece valorização patrimonial pela atratividade da região e qualidade da construção.
Para maiores informações consultar
Sylvio C. Lindenberg Filho (Creci 8120)
Tel. (51) 9981-0053
Tel. (51) 3333-9627
e-mail: slindenberg@terra.com.br
122 | Marketing direto: a ação interativa que utiliza várias mídias
Texto complementar
Planejando a ligação
Para o gestor imobiliário poder objetivar tecnicamente as suas ações de telemarketing, lista-
mos alguns itens que devem ser considerados com atenção, antes de se tomar qualquer iniciativa.
Identificar os objetivos do telefonema:
– O que se deseja exatamente com esta ligação? Realizar uma venda? Dar informações? Marcar
uma entrevista?
– O que seu cliente deseja com este telefonema?
::: Identificar áreas importantes:
– Que assunto se quer falar ou que informações precisa oferecer para atingir seu objetivo? Isso
evitará que se desvie da meta desejada. Em geral, é bom focalizar apenas duas ou três áreas especí-
ficas, com cerca de dois assuntos secundários para cada uma.
::: Identificar perguntas e objeções em potencial: o cliente pode pedir explicações mais detalha-
das. Quanto mais você puder prever e planejar, mais será capaz de responder com eficiência.
::: Criar uma abertura e um encerramento: a maioria das pessoas quer começar por aqui, mas
a sua abertura e o fechamento devem ser a última coisa com que você deverá se preocupar.
Só depois de ter uma ideia clara do seu principal objetivo e de como planeja alcançá-lo é
que você pode escolher a maneira mais eficaz de começar e encerrar o telefonema.
::: Análise: depois de terminar o telefonema, analise-o. O que funcionou? E o que não funcio-
nou? O cliente fez alguma pergunta ou objeção que você não tenha previsto? Se isso acon-
teceu, acrescente no seu roteiro ou anotação.
Atividades
1. O telemarketing é um instrumento simples, eficaz e de baixo custo, permitindo ao gestor
imobiliário incrementar as vendas, encurtar distâncias, otimizar o tempo e prestar informações.
Identifique as diferentes formas de telemarketing que o gestor imobiliário pode empregar com
sucesso nas suas atividades profissionais.
a) Telemarketing pontual e telemarketing espraiado.
b) Telemarketing de ação e telemarketing de consulta a lista telefônica.
c) Telemarketing pontual e telemarketing de consulta a lista telefônica.
d) Telemarketing passivo e telemarketing ativo.
2. Mala direta é um sistema de comunicação individualizado, via correio, cujo conteúdo são
informações comerciais que incluem anúncios, amostras, folhetos e outros. Identifique as
vantagens que o gestor imobiliário obterá com o uso da mala direta.
a) A mala direta permite uma alta seletividade de mercados-alvo, pode ser personalizada, é
flexível e permite fácil medição de resultados.
b) A mala direta pode ser redigida e enviada sem a elaboração de um planejamento prévio.
c) A mala direta não precisa ser elaborada por empresas especializadas. Os endereços para o
envio da mala direta podem ser adquiridos no mercado.
d) Mesmo que a oferta de um imóvel contida em uma mala direta possa não interessar o
destinatário, pelo menos, divulga o nome do gestor imobiliário.
3. A base do processo da mala direta eletrônica, também chamada de marketing mail são os
processos tradicionais do marketing, de seus princípios e de suas outras vertentes, mas o que o
diferencia dos demais e que deve ser levado em conta é a sua interatividade e o uso da tecnologia.
Identifique uma vantagem da mala direta eletrônica.
a) A mala direta eletrônica só apresenta custo com postagem e impressão.
b) A mala direta eletrônica só possui um custo mais alto de manutenção em comparação a outras
mídias.
c) A mala direta eletrônica enviada fica disponível por 24 horas do dia, sete dias da semana.
d) A mala direta eletrônica possibilita alcançar nichos amplos de mercado.
124 | Marketing direto: a ação interativa que utiliza várias mídias
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do livro Curso de Propaganda: do anúncio à comunicação integrada, de José
Predebon (Atlas, 2004).
Referências
ALMEIDA, Sandra Pires de. Marketing Imobiliário: como garantir o sucesso de comunicação e vendas
nos lançamentos da construção civil. São Paulo: Marketing Editorial e Empresarial, 2000.
BLADE, Nicholas E. Como Fazer Marketing sem Dinheiro (ou Quase). Rio de Janeiro: lnfobook, 1997.
COBRA, Marcos Henrique Nogueira. Plano Estratégico de Marketing. São Paulo: Atlas, 1986.
DUAILIBI, Roberto; SIMONSEN Junior, Harry. Criatividade & Marketing. São Paulo: McGraw-Hill, 1990.
KIMBALL, Bob. Marketing para o Século XXI: como criar, conquistar e dominar mercados. 5. ed. São
Paulo: Futura, 1999.
KOTLER, Philip. Marketing: Edição Compacta. São Paulo: Atlas, 1986.
KOTLER, Philip. Princípios de Marketing. 5. ed. Rio de Janeiro: Prentice-HaIl, 1993.
PREDEBON, José (Coord.). Curso de Propaganda: do anúncio à comunicação integrada. São Paulo:
Atlas, 2004.
Gabarito
1. D
Tema: Marketing direto: a ação interativa que utiliza várias mídias.
Assunto: Telemarketing passivo e telemarketing ativo (p. 110-112).
2. A
Tema: Marketing direto: a ação interativa que utiliza várias mídias.
Assunto: Mala direta: um recurso para interagir, personalizar e cativar o cliente potencial (p. 112-113).
3. C
Tema: Marketing direto: a ação interativa que utiliza várias mídias.
Assunto: Mala direta eletrônica (e-mail): a interação permanente com o cliente (p. 119-120).
A negociação como processo
Negociação é o processo de buscar aceitação de ideias, propósitos ou interesses visando ao me-
lhor resultado possível, de tal modo que as partes envolvidas terminem as negociações conscientes de
que foram ouvidas, tiveram oportunidade de apresentar toda a sua argumentação e de que o produto
final seja maior que a soma das contribuições individuais.
A persuasão é um processo sutil de influência que acontece na conversa entre pessoas que ex-
põem seus pontos de vista, fundamentados e defendidos com argumentos, desejando convencer sobre
uma validade mais vantajosa. O argumento contém a mensagem da persuasão. É tanto mais efetivo
quanto consegue ser atrativo em ofertas que atendam os interesses do cliente em questão. Daí a impor-
tância de conhecer em minúcias as prováveis necessidades do cliente que desejamos persuadir.
Para persuadir, um argumento precisa dispor de provas que façam apelos à racionalidade do
cliente. E não só. É preciso também que o argumento toque a sua efetividade; é preciso que dê uma
sugestão atraente, uma recomendação que atenda os seus reais interesses.
Estratégias
O cliente nem sempre cede às tentativas do gestor imobiliário de conseguir concordância. Ele
pode resistir utilizando três técnicas:
::: justificativa – o cliente explica porque não concorda com a compra do imóvel.
::: negociação – o cliente quer alguma forma de acordo adicional para realizar a compra do imóvel.
::: não negociação – o cliente simplesmente recusa-se a concordar.
A estratégia que o cliente usa de não negociação é provavelmente a mais difícil de se lidar, porque
mostra não só a falta de disposição para comprar, mas também a falta de disposição para continuar a
conversa. As estratégias de negociação e de justificativa deixam o cliente aberto a novas tentativas de
obtenção de concordância.
Uma negociação bem-sucedida não deve ter vencedores nem perdedores. O processo termina
com resultados satisfatórios ou com fracasso para ambos. A arte da negociação é baseada na tentativa
de conciliar o que é bom para o profissional com o que é bom para o seu cliente. Para chegar a esse
ponto, em que ambas as partes ganham alguma coisa, é preciso estar preparado, atento e ser flexível.
O gestor imobiliário deve estar atento para evitar algumas técnicas, estratégias e táticas de nego-
ciação que não são mais usuais. São elas:
::: improvisar e não planejar: é preciso cercar-se de todas as informações e dados;
::: descobrir o ponto fraco do cliente: o gestor imobiliário deve perceber e valorizar as diferen-
ças e saber transformá-las em fatores construtivos para a realização do negócio proposto;
::: aplicar truques, macetes e artimanhas: se o cliente percebe que está sendo envolvido em
uma negociação não transparente, o gestor imobiliário perde a credibilidade e o negócio não
ocorre;
::: tentar manipular o cliente: é outro procedimento que não dá resultado e faz o cliente não
depositar confiança no gestor imobiliário;
::: agredir, dar murros na mesa, intimidar: o cliente não deseja realizar o sonho da casa própria
com um profissional que o trata mal. Esse procedimento demonstra o despreparo, a falta de
conhecimento e de argumentos convincentes.
Habilidades necessárias
Como já foi visto, a arte da negociação é baseada na tentativa de conciliar o que é bom para o gestor
imobiliário com o que é bom para o cliente e sua família. Para chegar a esse ponto em que ambos ganham
alguma coisa, é preciso estar bem preparado, atento e flexível. Alguns cuidados são importantes:
::: capacidade de definir vários objetivos e ser flexível: o que se quer conseguir com a nego-
ciação? É importante traçar várias linhas de ação: o profissional deve estar preparado para o
fato de o cliente concordar com a proposta inicial e saber conduzi-la, mas, caso ele mude a
proposta, deve estar preparado para saber ouvir e avaliar a sua validade ou não. Deve-se sem-
pre ter alternativas que possam fazer o cliente estar atento e vinculado ao profissional. Mesmo
quando o cliente não está de acordo, outras possibilidades devem ser providenciadas;
::: capacidade de explorar diferentes alternativas de solução: se o gestor imobiliário entende
bem qual é a necessidade ou o problema do cliente, a possibilidade de explorar diferentes alterna-
tivas de ação é sempre possível. O difícil é quando ele não consegue entender bem o que o cliente
deseja. Nessa circunstância, é preferível rediscutir a necessidade ou o problema do cliente;
::: boa preparação: a primeira impressão que você cria ao encontrar um cliente pode afetar seu
sucesso. Depois que as pessoas formam impressões sobre nós, elas distorcem as informações
que não apóiam essa impressão. Se elas acham que somos inteligentes, tendem a “ouvir” o que
dizemos como coisas inteligentes. Se acham que somos confiáveis, percebem o que dizemos
como coisas dignas de crédito. Como a compra de um imóvel é uma compra que envolve ris-
128 | A negociação como processo
cos para o cliente, o fator confiança é especialmente crítico para ele. O gestor imobiliário pode
estabelecer um clima de confiança adotando os seguintes comportamentos:
::: mostrar que é confiável e solícito (isso pode ser feito por meio de telefonemas de acompa-
nhamento);
::: mostrar que é honesto (deve saber lidar direta e honestamente com as objeções do cliente);
::: mostrar que é responsável (os compromissos assumidos devem ser atendidos com toda
atenção e dedicação);
::: mostrar que é simpático (deve-se estabelecer uma relação cordial com o cliente. Quando
os clientes têm confiança no gestor imobiliário, eles se mostram mais dispostos a se abrir,
a discutir necessidades; dedicam mais tempo ao gestor imobiliário; são mais receptivos
às sugestões);
::: capacidade de escutar e de questionar o outro lado: o desafio do gestor imobiliário é con-
seguir “enxergar o imóvel com os olhos do cliente”;
::: capacidade de distinguir claramente prioridades: o gestor imobiliário trabalha com muitas
informações e situações. Ele deve estar atento e saber por onde começar, como conduzir o
assunto e como encerrar. O profissional faz tudo para ouvir do cliente “quero comprar, onde
assino?”. Se essa situação não acontece, o gestor imobiliário deve estar preparado para dar um
novo encaminhamento ao assunto.
OBSERVAR SINAIS
ESCUTAR O CLIENTE ESCUTAR COMO É DITO
NÃO VERBAIS
A negociação como processo | 129
Reunião de negociação
Alguns pontos devem ser observados na reunião de negociação. O gestor imobiliário deve:
::: iniciar a reunião com comentários gerais, que não sejam polêmicos;
::: prestar atenção na proposta feita pelo cliente;
::: buscar pontos em comum com suas próprias posições de negociação;
::: deixar claro que toda concessão é uma grande perda;
::: abordar primeiro as questões menos controvertidas, de modo que a reação inicial seja um
“sim”, o que reforçaria uma atitude aberta de aceitação e um progresso na negociação;
::: conseguir um “sim” no início das conversações traz maiores possibilidades de conseguir a co-
operação do cliente mais tarde. O profissional se coloca, com isso, numa posição psicológica
superior e tem boa ascendência sobre o cliente na hora de discutir as questões mais impor-
tantes;
::: não ceder terreno a menos que receba algo em troca;
::: ser enérgico, mas não agressivo, ao firmar acordos;
::: lembrar o cliente de pontos em comum que ajudem a romper o impasse;
::: aceitar rever concessões feitas para romper um impasse.
130 | A negociação como processo
Texto complementar
Você tem algum destes hábitos de conversação?
Ninguém é perfeito. Todos nós temos alguns maus hábitos quando conversamos com fami-
liares e amigos. No contexto de trabalho, porém, deixe esses maus hábitos de lado e escute ativa-
mente. Para verificar quais são seus hábitos de conversação, leia, abaixo, a lista de hábitos irritantes
comumente encontrados e seja honesto consigo mesmo; observe quais se aplicam a você e use
essa tomada de consciência para começar a eliminá-los.
1. Só você fala.
2. Você interrompe quando as pessoas falam.
3. Você nunca olha para a pessoa que está falando ou indica que a está escutando.
4. Você começa a discutir antes que a pessoa tenha a possibilidade de terminar.
5. Tudo que é dito o faz lembrar de alguma experiência, e você se sente obrigado a contar a
história.
6. Você termina a sentença para as pessoas quando elas fazem uma pausa muito longa.
7. Você espera com impaciência até as pessoas terminarem de falar para que você possa inter-
por alguma coisa.
8. Você mantém excessivo contato visual e deixa as pessoas pouco à vontade.
9. Você parece ficar avaliando as pessoas com quem está conversando, medindo-as dos pés à
cabeça como se as estivesse considerando para um emprego de modelo.
10. Você exagera seus feedbacks – abana a cabeça e diz “hã-hã” demais.
Atividades
1. A arte da negociação é baseada na tentativa de conciliar o que é bom para você com o que é bom
para o cliente e a sua família. Para chegar a esse ponto, em que ambos ganham alguma coisa, é
preciso estar bem preparado, atento e flexível. Alguns cuidados são importantes. Identifique um
desses cuidados, que o gestor imobiliário deverá saber seguir:
a) Capacidade de definir um único objetivo.
b) Capacidade de explorar uma única alternativa de solução.
c) Capacidade de dar atenção especial aos aspectos não relevantes.
d) Boa apresentação.
A negociação como processo | 131
2. Em uma reunião de negociação, vários pontos devem ser observados. Identifique um desses
pontos importantes.
a) Faça o cliente apresentar várias propostas de compra.
b) Inicie a reunião com comentários gerais, que não sejam polêmicos.
c) Seja enérgico e agressivo ao firmar acordos.
d) Abordar primeiro as questões mais controvertidas.
3. Ninguém é perfeito. Todos nós temos alguns maus hábitos quando conversamos com familiares
e amigos. No contexto de trabalho, porém, deixe esses maus hábitos de lado e escute ativamente.
Identifique um hábito errado que muitos praticam quando conversam com familiares e amigos.
a) Interromper quando as pessoas falam.
b) Olhar para a pessoa que está falando ou indicar que a está escutando.
c) Esperar com paciência até as pessoas terminarem de falar para que você possa interpor alguma
coisa.
d) Deixar os outros falarem também.
Referências
CAREW, Jack. Você Nunca Receberá um “Não” como Resposta. São Paulo: Nobel, 1991.
HAHN, Fred E. Faça Você Mesmo Propaganda. Rio de Janeiro: Infobook, 1993.
LODI, Joáo Bosco. A Entrevista: teoria e prática. São Paulo: Pioneira, 1977.
RACKHAM, Neil. SPIN Selling. Nova York: McGraw-Hill, 1988.
132 | A negociação como processo
Gabarito
1. D
Tema: A negociação como processo.
Assunto: Habilidades necessárias (p. 127-128).
2. B
Tema: A negociação como processo.
Assunto: Pontos a serem observados na reunião de negociação (p. 129).
3. A
Tema: A negociação como processo.
Assunto: Você tem algum destes hábitos de conversação? (p. 130).
Preparando-se
para a negociação
O gestor imobiliário precisa estar preparado para a negociação. O profissional deve saber conduzir o
processo de venda de imóveis demonstrando confiança, sinceridade, credibilidade, integridade e justiça. É
importante não negociar detalhes antes que o cliente tenha aprovado o imóvel demonstrado.
No mercado imobiliário, as “tratativas”, isto é, as ações, de negociação, acontecem na fase de fe-
chamento. É quando ocorre a confirmação da venda, como se diz no jargão do mercado imobiliário,
“a hora de assinar a proposta ou opção de compra”. Um imóvel é um produto de valor maior e que
apresenta muitas características que devem ser consideradas pelo cliente. O processo de negociação
durante a confirmação da venda é um ponto crítico que pode afetar o sucesso do negócio. O gestor
imobiliário planeja a negociação quando estuda o imóvel que irá oferecer. Na fase de fechamento da
venda, o profissional ficará sabendo se conseguiu ou não sensibilizar o cliente e a família dele com a
proposta e a argumentação empregada. O profissional negocia de forma a conseguir satisfação para
ambas as partes. Ele se apoia na confiança, sinceridade, credibilidade, integridade e justiça. A atitude
dele não é “Como posso conseguir o que quero desse cliente?”, mas “Há muitas opções a explorar que
nos deixarão satisfeitos. Se duas pessoas quiserem fechar um negócio, os detalhes não vão atrapalhar”.
É importante não negociar os detalhes antes que o cliente tenha aprovado sua solução.
Muitas vezes, antes de o cliente decidir por uma proposta, o gestor imobiliário já deve estar pre-
parado nos seguintes itens:
::: Qual a flexibilidade do preço ou plano de pagamento – preço, entrada, prazo de pagamento
do saldo?
::: Para você, que itens na negociação serão inflexíveis?
::: Como você pode compensar esses itens?
indiretamente, a existência de um problema que precisa ser solucionado antes que uma decisão de
compra possa ser tomada). Nessa situação, o gestor imobiliário deverá se manter sereno, e ajudar o
cliente a superar a aflição que o perturba.
Para isso, o negociador deve seguir dez regras e tomar os seguintes cuidados:
1. Estar aberto e atento para entender as necessidades ou os problemas do cliente.
2. Oferecer alternativas de solução às necessidades ou problemas do cliente.
3. Estar comprometido com a filosofia do ganha-ganha, com o foco na excelência de resultados.
4. Ser tolerante quando ocorrer conflitos.
5. Estar disposto a pesquisar e analisar as questões.
6. Ser paciente.
7. Ser controlado em situação de stress.
8. Ser um bom ouvinte.
9. Não se sentir perturbado com possíveis ataques pessoais.
10. Procurar identificar problemas básicos rapidamente.
Depois de apresentar as informações necessárias e esclarecer a objeção, use um fechamento ex-
perimental ou tentativo para descobrir se a objeção foi superada. O fechamento experimental ou ten-
tativo é uma pergunta que tem o propósito de determinar indiretamente se o cliente está pronto para
comprar. Para isso, faça uma pergunta condicional: “A senhora colocaria sua TV na sala de estar?”. “Quando
o senhor gostaria de efetuar a mudança?”. Se a resistência continuar, permaneça positivo e lembre-se de
que, cada vez que tentar um fechamento, você está mais perto de efetivar a venda. A função do fecha-
mento experimental ou tentativo não é uma solicitação direta de compra. O cliente que ainda não esti-
ver pronto para comprar não é forçado a dizer um não definitivo. Lembre-se de que após tentar o uso do
fechamento experimental ou tentativo é importante ficar em silêncio. Não diga nenhuma palavra.
Você precisa pôr o cliente numa posição de ter de tomar uma decisão, falar primeiro e responder.
Se você disser alguma coisa, estará tirando a pressão para que o cliente tome a decisão. Às vezes, todos
se sentem hesitantes em tomar uma decisão. Raramente o silêncio demorará mais de 30 segundos. Du-
rante esse tempo, não diga nada, nem faça movimentos que distraiam a atenção; simplesmente fique
atento aos sinais não verbais do cliente. Esse é o momento de preparar mentalmente suas respostas à
reação dele.
::: Margem estreita: uma negociação pressupõe que as duas partes cedam alguma coisa. Se
uma das partes estabelece uma margem de concessão muito pequena, uma distância curta
entre seu objetivo mínimo e máximo, isso pode levar a um impasse. É preciso definir objetivos
realistas, inclusive para a outra parte, e previamente estudar as consequências de cada conces-
são que se imaginou como possível.
::: Mudança: aceitar algo novo proposto representa uma mudança e toda mudança demanda
tempo para ser incorporada. O negociador que dispõe de tempo sempre levará vantagem
sobre a outra parte.
::: Saber ouvir: saiba ouvir e entender a outra parte; empatia. Faça perguntas. Deixe a outra par-
te externar as suas ideias e dúvidas. Nos tempos atuais a flexibilidade é crítica. As incertezas do
futuro são cada vez maiores, tornando necessária a convivência dos envolvidos na negociação
com a ambiguidade. Colocar-se no lugar do outro ajuda o gestor imobiliário, muitas vezes, a
enxergar a inadequação ou inviabilidade de suas propostas.
::: Defensivo: a postura de atacar antes de ser atacado limita a possibilidade de maior interação
com a outra parte, prejudicando a relação. Não se explora o potencial total de cada uma das
partes.
::: Linguagem inacessível: o uso demasiado de terminologia técnica ou de linguagem inacessí-
vel à outra parte quase sempre provoca um distanciamento entre os negociadores. Do ponto
de vista psicológico, há uma tendência de a outra parte se colocar contra aquilo que lhe pare-
ce desconhecido, ininteligível ou pouco claro.
::: Falta de controle de resultado: terminada a negociação, constata-se que não há maiores
preocupações em se definir as ações subsequentes, tais como: quem faz o que, em que prazo,
quantas vezes etc. Parece haver uma preocupação maior com o “acabar a negociação” do que
com os resultados decorrentes dessa negociação.
::: Tenha certeza de que o cliente está compreendendo o que você fala.
::: Sempre apresente uma história completa para garantir a compreensão.
::: Adapte o fechamento a cada cliente.
::: Tudo o que você fizer e disser deve ser uma referência ao ponto de vista do cliente.
::: Jamais pare no primeiro não.
::: Aprenda a reconhecer os sinais de compra.
::: Antes de fechar, experimente um fechamento experimental ou tentativo.
::: Depois de se oferecer para ajudar o cliente a formular uma proposta, fique em silêncio.
::: Defina metas altas para si mesmo e desenvolva um plano de compromisso pessoal para atingir
essas metas.
::: Desenvolva e mantenha uma atitude positiva, autoconfiante e entusiástica em relação a si mes-
mo, aos imóveis que está promovendo a comercialização, a seus clientes e a seu fechamento.
Atividades
1. Infelizmente, não existem técnicas infalíveis de fechamento. Na verdade, não há nem sequer uma
técnica ideal para fechar uma venda de imóveis. O fechamento não é mais enigmático do que
qualquer outra parte de sua interação com o cliente. Se você não convenceu o cliente durante a
fase da apresentação/demonstração, o uso de um fechamento “mágico” provavelmente não virará
o jogo. Identifique o cuidado que o gestor imobiliário deve ter para conseguir o fechamento das
suas vendas.
a) O gestor imobiliário deve deixar a evolução da venda acontecer de forma livre.
b) O gestor imobiliário deve deixar o cliente determinar os rumos da negociação.
c) O primeiro trunfo de um bom gestor imobiliário é a preparação.
d) O gestor imobiliário deve deixar o cliente pensar antes de fechar uma venda.
2. Improvisar é uma arte, mas confiar apenas no “jogo de cintura” pode ser perigoso. É fundamental
prever reações da outra parte, pensar previamente nas possíveis objeções do cliente, responder
a dúvidas utilizando-se de fatos, informações, ter caminhos alternativos previamente definidos.
É importante que o planejamento da negociação ocorra “antes” e não “durante” a mesma. Essa
observação pode ser identificada como:
a) um cuidado a ser observado durante a fase da abordagem.
b) um cuidado a ser observado durante a fase do fechamento da venda.
c) um cuidado a ser observado durante a fase da entrevista.
d) um cuidado a ser observado durante a fase da objeção.
3. Há muitos fatores para levar em conta ao fechar a venda de um imóvel. Identifique um item
essencial, se você quiser melhorar suas possibilidades.
a) Evite conversar muito e dar muitas explicações adicionais.
b) Sempre apresente testemunhas para reforçar os seus argumentos de vendas.
c) É preciso repetir, repetir e repetir os argumentos já mencionados.
d) Antes de fechar, faça um fechamento experimental ou tentativo.
140 | Preparando-se para a negociação
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do livro Negócio Fechado: a arte da negociação, de Paul Steele e John Murphy
(publicado pela Makron/McGraw-Hill, 1991).
Referências
STEELE, Paul; MURPI-IY, John. Negócio Fechado: a arte da negociação. São Paulo: Makron/McGrawHilI,
1991.
Gabarito
1. C
Tema: Preparando-se para a negociação.
Assunto: O primeiro trunfo de um bom negociador é a preparação (p. 134-135).
2. B
Tema: Preparando-se para a negociação.
Assunto: Cuidados a serem observados durante o fechamento da venda (p. 136-137).
3. D
Tema: Preparando-se para a negociação.
Assunto: Não venda as características do imóvel, venda os benefícios (p. 137-138).
Negociação
Durante o processo de negociação, a dimensão da confiança é fundamental. O gestor imobiliário
deverá saber transmitir confiabilidade. No mercado imobiliário essa característica é muito importante
em função das negociações envolverem valores maiores e riscos para o cliente.
No processo de venda de imóveis, as tratativas ou negociações finais ocorrem na fase de fecha-
mento da venda, quando o gestor imobiliário tem como foco principal a excelência dos resultados,
devendo desenvolver meios pelos quais possa ajudar o cliente a atingir os seus objetivos, enquanto
chega aos seus próprios.
FASES DO PROCESSO DE VENDA DE IMÓVEIS
PÓS-VENDA
Objeções
A objeção é uma declaração (ou pergunta) feita pelo cliente que comunica, direta ou indiretamen-
te, a existência de um problema que precisa ser solucionado antes que uma decisão de compra possa
ser tomada. As objeções podem ser vistas sob dois aspectos: importantes e secundárias. Depois que
você determinar que a objeção do cliente é verdadeira, defina a importância. Se a objeção for de pouca
ou nenhuma importância, trate dela rapidamente e faça um novo fechamento experimental ou tenta-
tivo. Não ofereça uma resposta longa nem transforme uma objeção secundária num item de discussão
importante. A objeção secundária é muitas vezes um mecanismo de defesa de pouca importância para
o cliente. Concentre-se em objeções diretamente relacionadas aos motivos de compra.
Objeções, secundárias ou importantes, podem ser de natureza prática (aberta) ou psicológica
(oculta). Uma objeção real é tangível, a exemplo de um preço alto. Se a objeção for real, e o cliente con-
firmar isso, você pode mostrar que o imóvel é construído com materiais de qualidade e vale o preço.
142 | Negociação
Desde que o cliente expresse claramente a objeção real à compra, você deve ser capaz de resolvê-la.
Os clientes, porém, nem sempre expressam claramente suas objeções. Muitas vezes eles dão alguma
desculpa para justificar o fato de não estarem prontos para comprar, escondendo as objeções reais. Em
geral, o cliente não compra o imóvel oferecido até que as objeções ocultas sejam solucionadas. Você
precisa identificar as objeções ocultas do cliente e eliminá-las.
Depois de ter compreendido plenamente a objeção, você deve estar preparado para dar uma
solução para o cliente. Na área imobiliária, algumas das objeções mais frequentes são do tipo:
::: o cliente e a sua família não confiam nas empresas ou nos profissionais envolvidos na transação;
::: o cliente e a sua família não têm condições financeiras necessárias para efetuar a compra;
::: o cliente e a sua família necessitam de informação adicional para atender seus interesses;
::: o cliente e a sua família acham o valor do imóvel muito caro;
::: o cliente e a sua família vão esperar até encontrarem um imóvel com um preço melhor;
::: o cliente e a sua família não querem gastar tanto;
::: o cliente e a sua família não gostam da localização do imóvel;
::: o cliente e a sua família não gostam da distribuição interna do imóvel;
::: o cliente e a sua família não gostam da conservação do imóvel;
::: o cliente e a sua família não gostam do material empregado na construção do imóvel;
::: o cliente e a sua família preferem um imóvel de melhor qualidade.
Há uma série de procedimentos que podem ajudar o gestor imobiliário a transformar as objeções
listadas e outras em oportunidades de vendas:
::: formular perguntas para obter razões mais amplas acerca das objeções;
::: estar de acordo que a objeção é válida e passar a falar dos aspectos positivos que podem su-
perar paulatinamente as objeções;
::: negar amavelmente a validade da objeção ou ignorá-la e, com bom humor, demonstrar que a
objeção sequer é válida.
Quando o cliente expressou a objeção, e, se a resposta do cliente a seu fechamento experimental
ou tentativo indicar que a objeção foi superada, seu próximo movimento é fechar a venda.
::: ser honesto – isso pode ser feito por meio do reconhecimento das fraquezas e do destaque dos
pontos fortes do imóvel que oferece. Além disso, ele deve lidar direta e honestamente com as
objeções do cliente;
::: ser responsável – demonstrando que é dedicado à sua profissão e que cumpre sempre o que
foi combinado;
::: ser simpático: isso pode ser feito estabelecendo uma relação cordial com o cliente.
A confiança pode ser vista sob quatro aspectos, todos presentes em nós.
1. Credibilidade: qualidade que se baseia em conhecimento e confiança. O gestor imobiliário
que possui credibilidade cumpre o que promete e faz o que diz. Exemplo: se o gestor imobili-
ário marcar a visita a um imóvel às 10 horas, às 10 horas estará lá.
2. Coerência/congruência: o gestor imobiliário coerente é aquele que sabe agir com conve-
niência; ele diz o que pensa e sente, sem procurar necessariamente agradar à outra parte;
descreve os fatos como acontecem, sem pintar a paisagem; é muito objetivo e tem convicção
sobre suas ideias, não as modificando a todo momento. Exemplo: se o gestor imobiliário diz
que gostou da ideia do cliente é porque realmente gostou.
3. Receptividade/aceitação: o gestor imobiliário é receptivo quando aceita as pessoas como
elas são; sabe conviver com sentimentos, valores, prioridades, diferentes das suas; não é crí-
tico ou impaciente com os outros. Exemplo: se o cliente tem opinião diferente, isso, de forma
alguma, é razão para conflito.
4. Clareza: o gestor imobiliário possui clareza quando apresenta os seus argumentos de forma
inteligível e transparente; não esconde o jogo, passando ao cliente as informações relevantes
para ele e para a negociação; abre-se com os outros, toma a iniciativa das negociações, não se
“esconde” durante a negociação. Exemplo: se o gestor imobiliário possui clareza, ele fornece
prospectos, mostra a maquete, demonstra o imóvel, literatura técnica sobre os materiais usa-
dos, e outras informações sobre o imóvel que está sendo negociado.
Texto complementar
Alguns problemas que aparecem durante uma negociação
(SOUZA, 2006)
::: Não observância de uma sequência durante o processo de venda de imóveis. Essa sequên-
cia seria: planejamento prévio (preparação), abordagem (quebra-gelo), entrevista (identifi-
cação das necessidades/expectativas do cliente), apresentação/demonstração (enunciação
de sua proposta e dos respectivos benefícios para o cliente), objeções (esclarecimento de
dúvidas), fechamento (identificação de sinais de compra, encaminhamento das “tratativas”
para a efetivação da compra).
::: Identificação prévia de objetivos máximos e mínimos (margem de concessão); quanto me-
nor a margem de negociação, maior radicalização tende a acontecer.
144 | Negociação
saber ouvir, acreditar no outro, trabalhar mais com fatos, dados concretos, do que com opi-
niões, contribuem para um clima positivo.
::: Uso demasiado de linguagem e terminologia técnica e termos estrangeiros. As pessoas ten-
dem a radicalizar, não cooperar quando não compreendem algo ou se sentem inferioriza-
das tecnicamente.
::: Preocupação demasiada em ver e defender apenas o seu lado da questão, esquecendo que
a outra parte também tem seus interesses: uma boa proposta sempre tem que apresentar
vantagens para as duas partes. Lembre-se, no entanto, de que as vantagens não precisam
ser necessariamente iguais na sua distribuição ou na mesma “moeda” (uma parte pode que-
rer dinheiro, a outra status, reconhecimento etc.).
::: Inexistência de alternativas para um único problema, com fixação em apenas “uma” linha de
ação. Para negociar é preciso haver opção, sem isso não há negociação.
::: Inexistência de caracterização daqueles objetivos realmente essenciais para o cliente. Mui-
tas vezes, o imóvel não é comprado porque o gestor imobiliário não conseguiu mostrar ao
cliente quais as efetivas vantagens que obterá.
::: Inexistência de considerações relativas ao impacto financeiro da compra a ser efetivada e
das condições que são oferecidas. A perspectiva de valorização do imóvel em um futuro
próximo.
::: Concentração apenas nos pontos fracos do imóvel, por parte do cliente. É um dos maiores
geradores de conflito e radicalização durante a negociação.
::: Você procura soluções rápidas? Às vezes o estilo rápido não é apropriado. Você tem de saber
quando empregar o estilo calmo de negociação.
::: Pratique a regra do 80/20. Reconheça que 80% da informação que você necessita para tomar
uma boa decisão geralmente podem ser reunidas, relativamente, em curto espaço de tempo.
Não espere pelos 20% restantes; na maioria dos casos, provavelmente, eles não irão mudar a
situação.
::: Desenvolva a autoconfiança em sua habilidade para a tomada de decisão. Quanto mais deci-
sões você toma, provavelmente, melhores elas serão. A maioria das decisões que os gestores
imobiliários tomam não requer uma “sabedoria salomônica”, mas que você pese os fatos e
compreenda as necessidades e os interesses em negociação. Quando você toma uma decisão
errada, precisa ser flexível o bastante para mudar a direção.
Atividades
1. A objeção é uma declaração (ou pergunta) feita pelo cliente que comunica, direta ou indireta-
mente, a existência de um problema que precisa ser solucionado antes que uma decisão de
compra possa ser tomada. Depois que você determinar que a objeção do cliente é verdadeira,
defina a importância. Concentre-se em objeções diretamente relacionadas aos motivos de
compra. Podemos classificar as objeções de duas formas:
a) grandes e pequenas.
b) evidentes e obscuras.
c) importantes e secundárias.
d) ponderadas e imponderadas.
3. A venda de imóveis segue uma sequência que se inicia com um planejamento prévio (preparação),
passa pela abordagem (quebra-gelo), envolve uma entrevista (identificação das necessidades/
expectativas do cliente), passa pela apresentação/demonstração (enunciação de sua proposta
e dos respectivos benefícios para o cliente) do imóvel, supera as objeções (esclarecimento de
dúvidas) e por último faz o fechamento (identificação de sinais de compra, encaminhamento das
“tratativas” para a efetivação da compra). Identifique um problema que poderá ocorrer, na não
observância desses passos.
a) Poderão surgir problemas na hora da decisão final do cliente.
b) Poderão surgir problemas durante a negociação.
c) Poderão surgir problemas e dúvidas junto aos membros que formam o “comitê de compra” do
cliente.
d) Poderão surgir problemas com a documentação do imóvel.
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do livro Negociação Criativa, de Stephen Kozicki (publicado pela Futura, 1999).
Referências
KOZICKI, Stephen. Negociação Criativa. São Paulo: Futura, 1999.
SOUZA, Eraldo Meireles de. Você Fez uma Boa Negociação? Disponível em: <httpi/www.institutomvc.
com.br/costacu rta/artem 1 0_vcfezboanegociacao.htm>. Acesso em: 13 nov. 2006
TUCKER, Robert R. Agregando Valor ao seu Negócio. São Paulo: Makron Books, 1999.
ZAJDSZNAJDER, Luciano. Teoria e Prática da Negociação. Rio de Janeiro: José Olympio, 1988.
148 | Negociação
Gabarito
1. C
Tema: Negociação.
Assunto: Objeções (p. 141-142).
2. A
Tema: Negociação.
Assunto: Comportamentos que ajudam a estabelecer um clima de confiança (p. 142-143).
3. B
Tema: Negociação.
Assunto: Alguns problemas que aparecem durante uma negociação (p. 143-145).
Negociação com foco
na excelência de resultados
Os gestores imobiliários, com foco na excelência de resultados, quando apresentam as suas pro-
postas, o fazem de maneira a causar impacto. Os profissionais identificam necessidades, expectativas,
valores e desejos do seu cliente e mostram como sua proposta atende a esses pontos.
Eles sabem que conciliar as diferenças com base na vontade acarreta sérios encargos. Nenhuma
negociação é eficiente ou amistosa se o gestor imobiliário jogar sua vontade contra a do cliente e um
dos dois tiver que se curvar. O profissional deve saber conciliar os interesses do cliente e os seus de
forma sensata e refletida.
A solução é negociar com base em critérios objetivos. Agindo dessa forma, o gestor imobiliário
conseguirá contornar, de forma mais fácil e segura, os impasses que se apresentam durante as negocia-
ções, para a efetivação da venda do imóvel.
Texto complementar
Negociação imobiliária e a hora do cafezinho
No processo de venda de qualquer tipo de imóvel, quando o cliente mostra sinais de compra,
iniciam-se as “tratativas” para o fechamento da venda.
Se na fase da entrevista o mais recomendável é o gestor imobiliário ir até a casa do cliente,
na fase do fechamento da venda é imprescindível que o cliente vá até o local de trabalho do gestor
imobiliário. Assim, é importante planejar como deverá ocorrer esse encontro (o dia mais favorável da
semana e a hora mais favorável do dia), entre outros cuidados.
Atividades
1. O gestor imobiliário sabe que conciliar as diferenças com base na vontade acarreta sérios ônus.
Nenhuma negociação tenderá a ser eficiente ou amistosa se você jogar sua vontade contra a do
cliente e um dos dois tiver que se curvar. A solução é negociar com base em critérios objetivos.
Identifique a alternativa que você julga ser a melhor, para ter sucesso na negociação.
a) Concentre-se nos desejos dos filhos.
b) Solicite a um conhecido, para dar a sua opinião.
c) Separe as pessoas do problema.
d) Ouça as pessoas que fazem parte do “comitê de compra” do cliente.
154 | Negociação com foco na excelência de resultados
2. O gestor imobiliário deverá ser o anfitrião. Faça o possível e o impossível para arrumar o ambiente
de forma que a atmosfera fique informal, confortável e relaxada, para que o seu cliente se sinta
à vontade e tenha reduzida sua tensão, a intensidade da disputa e o instinto competitivo. Esse
cuidado ajudará a:
a) limitar o número de pessoas que poderão participar da negociação.
b) reunir as peças que compõem a decoração da sala.
c) criar um clima de silêncio e de paz, que favorece a reflexão.
d) reduzir a tensão do cliente com uma sala de reuniões bem-arrumada.
3. Em sua opinião, que tipo de mesas poderão ser empregadas no arranjo da sala de reuniões?
a) Mesas ovais ou redondas.
b) Mesas retangulares.
c) Mesas com formatos diversos.
d) Mesa com o formato poligonal.
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do livro Negociar: técnicas para comprar e vender melhor, de Hebert Lowe
Stukart (publicado pela Nobel, 2001).
Referências
SPERBER, Philip. A Ciência das Negociações. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1982
STUKART, Hebert Lowe. Negociar: técnicas para comprar e vender melhor. São Paulo: Nobel, 2001.
Negociação com foco na excelência de resultados | 155
156 | Negociação com foco na excelência de resultados
Gabarito
1. C
Tema: Negociação com foco na excelência de resultados.
Assunto: Separe as pessoas do problema (p. 149).
2. D
Tema: Negociação com foco na excelência de resultados.
Assunto: Reduza a tensão do cliente com uma sala de reuniões bem-arrumada (p. 151).
3. A
Tema: Negociação com foco na excelência de resultados.
Assunto: Reduza a tensão do cliente com uma sala de reuniões bem-arrumada (p. 151).
Negociação para
que todos saiam ganhando
É muito importante para a satisfação pessoal do cliente e da sua família que eles sintam que as
questões apresentadas e discutidas foram satisfatoriamente atendidas. No entanto, eventualmente, o
gestor imobiliário poderá não ter sucesso no resultado de algumas negociações.
O objetivo maior do gestor imobiliário é estar preparado para obter sucesso nos seus fechamentos
de venda. O profissional deve, no entanto, estar preparado para enfrentar alguns reveses que eventual-
mente podem ocorrer.
O acordo
Quando todas as dúvidas e perguntas do cliente e do seu “comitê de compra” tiverem sido es-
clarecidas, compreendidas, resumidas e aceitas por todos os participantes da reunião de fechamento
da venda e os resultados de eventuais ajustes de diferenças ficarem claros, a negociação vai para o
encerramento, com a formalização de uma proposta de compra. O gestor imobiliário deve encerrar as
negociações em um momento oportuno, quando o cliente e a sua família estiverem emocionalmente
maduros e interessados.
Se a reunião flui de forma tranquila e o cliente e o seu “comitê de compra” mostram sinais de com-
pra, é recomendável que o gestor imobiliário providencie o fechamento da venda e a sua formalização,
sem muitas delongas. Nessa oportunidade, o profissional deve agradecer a participação do cliente e
ressaltar os ganhos obtidos. Estrategicamente, ele deverá saber o tempo certo para se retirar. Se con-
tinuar falando desnecessariamente, pode gerar alguma dúvida na mente do cliente, que o fará recuar
após o negócio estar fechado. Nessa fase do processo de venda de imóveis, o gestor imobiliário tem que
estar atento à dissonância cognitiva – o remorso do cliente.
158 | Negociação para que todos saiam ganhando
Abordagem
::: Apresentei-me de modo desleixado?
::: Cumprimentei direito o cliente ou utilizei a frase de abertura que havia preparado?
::: Minha abordagem foi bastante profissional?
::: Dei a entender que era tímido, que estava nervoso?
::: M
inha frase de abertura conseguiu despertar o interesse do cliente e foi capaz de induzi-lo a
me escutar com atenção?
::: A abordagem foi boa ou poderia ter sido melhor?
Entrevista
::: Descobri seus problemas e/ou necessidades reais, suas motivações?
::: Consegui envolvê-lo e pratiquei a escuta ativa?
::: Consegui induzi-lo a me fazer perguntas?
::: Dei-lhe respostas satisfatórias?
::: Fui capaz de descobrir os momentos de crescimento e os momentos de diminuição de inte-
resse do cliente?
::: Consegui fazê-lo entender que eu estava procurando ajudá-lo a resolver suas necessidade
e/ou problemas?
Apresentação e demonstração
::: Eu estava convencido de que o imóvel apresentado era capaz de satisfazer às necessidades do
cliente e da sua família?
::: Consegui fazer a transformação das características do imóvel apresentado em vantagens para
o cliente e sua família?
::: As vantagens que apresentei eram efetivamente aquelas que poderiam interessar o cliente e
sua família?
::: Fiz a demonstração do imóvel com entusiasmo?
::: Estava mesmo sabendo demonstrar as vantagens reais?
Negociação para que todos saiam ganhando | 159
As respostas às objeções
::: Minha apresentação ou demonstração foi capaz de antecipar pelo menos uma parte das ob-
jeções mais previsíveis?
::: Consegui agir de modo que o cliente e sua família formulassem todas as suas objeções?
::: Dei-lhe a entender que suas objeções válidas me embaraçavam e que corri o risco de perder
o controle da situação?
::: O cliente e sua família formularam objeções para as quais não dei importância?
::: Algumas objeções me colocaram em dificuldade porque não tinha informações suficientes
sobre o imóvel, localização e/ou concorrência?
::: Na resposta às objeções demonstrei entusiasmo, convicção e energia?
::: Entendi o que estava por trás das objeções não válidas?
::: No geral, posso dizer que superei a fase de respostas às objeções?
Fechamento da venda
::: Não percebi sinais de compra que me permitiam fechar o negócio antes?
::: Obtive várias vezes a anuência do cliente sobre pontos que me favoreciam, agilizando o fecha-
mento da venda?
::: Consegui obter várias vezes a anuência do cliente e da sua família sobre pontos que me favo-
reciam, mas não fui capaz de aproveitar a situação para fechar a venda com sucesso?
::: Diante do manifesto desinteresse do cliente e da sua família, perdi a coragem?
::: Será que o cliente e sua família perceberam meu desencorajamento?
::: Errei devido à pressa?
::: Consegui marcar outro encontro com o cliente e sua família?
::: Tenho alguma ideia para que, da próxima vez, tenha maior probabilidade de fechar a
venda do imóvel?
160 | Negociação para que todos saiam ganhando
Administração do tempo
“Tempo é dinheiro” – eis um ditado popular que se aplica ao trabalho do gestor imobiliário que
trabalha por comissão. Ele deve saber evitar alguns erros, que tomam um tempo precioso e não levam
a resultados práticos. Com uma reflexão mais apurada de como objetiva seu tempo, ele pode se dedicar
a atividades altamente “rentáveis”.
Negociação para que todos saiam ganhando | 163
Atividades
1. O gestor imobiliário deve encerrar as negociações no momento psicológico oportuno, quando
o cliente e a sua família estiverem emocionalmente maduros e interessados. Se a reunião flui de
forma tranquila e o cliente e o seu “comitê de compra” mostram sinais de compra, é recomendável
que o gestor imobiliário providencie o fechamento da venda e a sua formalização, sem muitas
delongas. Esse cuidado de fechar a venda e providenciar a sua formalização tem a finalidade de:
a) evitar gerar dúvidas na mente do cliente.
b) concluir a venda para tomar um cafezinho.
c) mostrar ao cliente que o gestor imobiliário é rápido nas suas ações.
d) estimular no cliente a vontade de querer saber mais sobre o imóvel.
164 | Negociação para que todos saiam ganhando
2. Após ter se despedido do cliente, o gestor imobiliário deverá fazer uma autorreflexão sincera de
todos os pontos positivos e negativos ocorridos, no decorrer de todo o processo de venda de
imóveis. Assim, você faz uma revisão dos pontos fortes e pontos fracos sucedidos na negociação.
A avaliação pode seguir os seguintes passos:
a) apresentação, conversas diversas, cafezinho, encaminhamento para o fechamento da venda.
b) a sequência das fases do processo de vendas de imóveis: abordagem, entrevista, apresentação/
demonstração, objeções e fechamento.
c) encontro inicial, arrumação do local da reunião, condução da reunião e a agilidade na
documentação para a formalização do acordo final.
d) cafezinho, conversas mantidas com o cliente e o seu “comitê de compras” e a leitura do acordo
final.
3. Em muitas ocasiões o gestor imobiliário não obtém sucesso na venda. É uma situação que ocorre
com muita frequência. Apesar de todo o seu empenho, o cliente concluiu que não era aquele
o “imóvel dos seus sonhos”. O profissional vive o não fechamento da venda como uma afronta
pessoal e como um sinal de incapacidade. Identifique o cuidado que o gestor imobiliário deverá
tomar, para superar esse revés.
a) Respirar fundo e estar preparado para atender um novo cliente.
b) Discutir com os colegas a questão de não ter conseguido efetivar a venda.
c) Realizar um exame aprofundado e objetivo de tudo o que aconteceu.
d) Tomar um cafezinho e escrever os seus propósitos para que a próxima venda venha a ocorrer.
Ampliando conhecimentos
Proponho a leitura do livro Vendas Bem-Sucedidas, de Bob Kimball (publicado pela Makron Books,
2000).
Referências
COBRA, Marcos Henrique Nogueira. Vendas: como ampliar seu negócio. São Paulo: Marcos Cobra,
1994.
KIMBALL, Bob. Vendas Bem-Sucedidas. São Paulo: Makron Books, 2000.
O’CONNOR, Joseph; PRIOR, Robin. Sucesso em Vendas com PNL: recursos de programação neurolingü-
ística para profissionais de vendas. São Paulo: Summus, 1997.
Negociação para que todos saiam ganhando | 165
166 | Negociação para que todos saiam ganhando
Gabarito
1. A
Tema: Negociação para que todos saiam ganhando.
Assunto: O acordo (p. 157).
2. B
Tema: Negociação para que todos saiam ganhando.
Assunto: “Por que vendi?” (p. 158).
3. C
Tema: Negociação para que todos saiam ganhando.
Assunto: “Por que não vendi?” (p. 160-161).
Negociação para que todos saiam ganhando | 167
Hino Nacional
Poema de Joaquim Osório Duque Estrada
Música de Francisco Manoel da Silva
Parte I Parte II
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Brasil, de amor eterno seja símbolo
De amor e de esperança à terra desce, O lábaro que ostentas estrelado,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, E diga o verde-louro dessa flâmula
A imagem do Cruzeiro resplandece. – “Paz no futuro e glória no passado.”
Dos filhos deste solo és mãe gentil, Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Pátria amada,
Brasil! Brasil!
Negociação e Processo Negociação e Processo
Decisório
Decisório