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Época - Edição 1000 - (21 Agosto 2017) PDF
Época - Edição 1000 - (21 Agosto 2017) PDF
Quem nunca?
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PRIMEIRO PLANO
Editor-Chefe: Diego Escosteguy
O debate sobre o uso da maconha Diretor de Arte Multiplataforma: Alexandre Lucas
52 Editores Executivos: Alexandre Mansur, Guilherme Evelin,
saiu da clandestinidade . . . . . . . . . . . . . . . . . Leandro Loyola, Marcos Coronato
6 Editores-Colunistas: Bruno Astuto, Murilo Ramos
DA REDAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Editores: Bruno Ferrari, Flávia Tavares, Flávia Yuri Oshima, Liuca Yonaha,
A Igreja Renascer não foi mais a mesma Marcela Buscato, Marcelo Moura
Editores Assistentes: Isabela Kiesel, Bruno Calixto
54
PERSONAGEM DA SEMANA . . . . . . . . . . 11 depois da denúncia de corrupção . . . . . . . . Repórteres Especiais: Aline Ribeiro, Cristiane Segatto
Colunistas: Eugênio Bucci, Guilherme Fiuza, Gustavo Cerbasi, Helio Gurovitz,
Cármen Lúcia, presidente do STF, Ivan Martins, Jairo Bouer, Marcio Atalla, Ruth de Aquino, Walcyr Carrasco
precisa aderir ao ajuste fiscal O primeiro escândalo de Repórteres: Gabriela Varella, Luís Lima, Mariana Queiroz Barboza, Nina Finco,
56
corrupção do governo Lula . . . . . . . . . . . . . . Paula Soprana, Rafael Ciscati, Rodrigo Capelo, Ruan de Sousa Gabriel
Vídeo: Pedro Schimidt; Web Designer: Giovana Tarakdjian
14 Consultora de Marketing: Cássia Christe
A SEMANA EM NOTAS . . . . . . . . . . . . . . . . Estagiários: Anaís Motta, Daniela Simões, Daniele Amorim, Giovanna Wolf Tadini,
A coragem do primeiro casal de militares Guilherme Caetano, Nelson Niero Neto
58
A SEMANA EM FRASES . . . . . . . . . . . . . . . 16 gays a sair do armário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . SUCURSAIS l RIO DE JANEIRO: epocasuc_rj@edglobo.com.br
Rua Marquês de Pombal, 25 – 5o andar – Cidade Nova – Rio de Janeiro – CEP 20.230-240
Editor: Sérgio Garcia
Repórteres: Acyr Méra Júnior, Guilherme Scarpa, Marcelo Bortoloti
GUILHERME FIUZA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 O impacto da espionagem Repórteres Especiais: Hudson Corrêa, Samantha Lima
americana no Brasil l BRASÍLIA: epocasuc_bsb@edglobo.com.br
SRTVS 701 – Centro Empresarial Assis Chateaubriand – Bloco 2 –
60
EXPRESSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 para aprovar sanções na ONU . . . . . . . . . . . Salas 701/716 – Asa Sul
Diretor: Luiz Alberto Weber; Repórteres: Aguirre Talento, Débora Bergamasco,
Negociação de delação premiada do Marcelo Rocha, Mateus Coutinho, Nonato Viegas, Patrik Camporez
ex-ministro Antonio Palocci está na UTI As primeiras evidências de corrupção FOTOGRAFIA l Editor: André Sarmento
62 Assistente: Sidinei Lopes
na Petrobras vêm à tona . . . . . . . . . . . . . . . . DESIGN E INFOGRAFIA l Editor: Daniel Pastori
22 Editora Assistente: Aline Chica
SUA OPINIÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Designers: Cristina Ayumi Kashima, Daniel Graf, Renato Tanigawa
As relações de Lula com a Odrebrecht Estagiárias: Nívea Pascoaloto, Thais Solano Valério
64 Editor de Infografia: Marco Antonio Vergotti
NOSSA OPINIÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 começam a aparecer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . SECRETARIA EDITORIAL l Coordenador: Marco Antonio Rangel
REVISÃOl Coordenadora:AracidosReis Galvãode França; Revisores: Alice Rejaili Augusto,
Elizabeth Tasiro, Silvana Marli de Souza Fernandes, Verginia Helena Costa Rodrigues
A foto da prisão de Dilma no Dops CARTAS À REDAÇÃO l epoca@edglobo.com.br
66
vira símbolo de sua campanha . . . . . . . . . . . Assistente Executiva: Jaqueline Damasceno
TEMPO
ESTRATÉGIA DE CONTEÚDO DIGITAL l Gerente: Silvia Balieiro
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO l Diretor de TI: Rodrigo Gosling
ESTRATÉGIA DIGITAL l Coordenador: Santiago Carrilho
A revelação do esquema Desenvolvedores: Alexsandro Macedo, Fabio Marciano, Fernando Raatz, Fred Campos,
68
REBELIÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 do lobista do PMDB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Leandro Paixão, Marden Pasinato, Murilo Amendola, Thiago Previero, William Antunes
CRÔNICAS AMERICANAS . . . . . . . . . . . . . 38 a imprensa livre é a única defesa Lazer, Esporte l Diretor de negócios multiplataforma: Renato Augusto Cassis Siniscalco;
Executivos multiplataforma: Cristiane Soares Nogueira, Diego Fabiano, João Carlos Meyer,
72
Trump exibe sua falta de valores morais para a sociedade contra o populismo . . . . . Priscila Ferreira da Silva; l Diretora de negócios multiplataforma: Sandra Regina de Melo Pepe;
Executivos multiplataforma: Dominique Petroni de Freitas, Lilian de Marche Noffs; l Segmentos
– Financeiro, Legal, Imobiliário l Executivos multiplataforma: Ana Silvia Costa, Milton Luiz
diante do ressurgimento da extrema-direita 74
HELIO GUROVITZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Abranches; l Escritórios Regionais l Diretora de negócios multiplataforma: Luciana Menezes
Pereira; Gerente multiplataforma: Larissa Ortiz; Executiva multiplataforma: Babila Garcia
GLOBO EM AÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 O jornalismo na era da Chagas Arantes; l Unidades de Negócio – Rio de Janeiro – Gerente multiplataforma: Rogerio
Pereira Ponce de Leon; Executivos multiplataforma: Daniela Nunes Lopes Chahim,
Método para agrupar pacientes pós-verdade Juliane Ribeiro Silva, Maria Cristina Machado, Pedro Paulo Rios Vieira dos Santos;
l Unidades de Negócio – Brasília – Gerente multiplataforma: Barbara Costa Freitas Silva;
Executivos multiplataforma: Camilla Amaral da Silva, Jorge Bicalho Felix Junior;
por grau de gravidade pode Opec Off-Line: Carlos Roberto de Sá, Douglas Costa, Bruno Granja; Opec On-Line: Danilo
reduzir gastos hospitalares Panzarini, Higor Chabes, Rodrigo Pecoschi; l EGCN – Consultora de marcas: Olivia Cipolla
Bolonha; l Desenvolvimento Comercial e Digital l Diretor: Tiago Joaquim Afonso;
VIDA l G.Lab: Caio Henrique Caprioli, Lucas Fernandes; Customizadas: Vera Ligia Rangel Cavalieri;
Eventos: Daniela Valente; Portfólio e Mercado: Rodrigo Girodo Andrade;
Projetos Especiais: Luiz Claudio dos Santos Faria, Guilherme Inegawa
46
Quando o jornalismo faz diferença . . . . . . . . 79
WALCYR CARRASCO . . . . . . . . . . . . . . . . .
O grampo do BNDES virou um dos O país está melhorando? Para quem? ÉPOCA é uma publicação semanal da EDITORA GLOBO S.A. – Avenida 9 de Julho, 5229, São Paulo (SP),
Jardim Paulista – CEP 01407-907. Distribuidor exclusivo para todo o Brasil: Dinap – Distribuidora
48
maiores escândalos da era FHC . . . . . . . . . . 80
Nacional de Publicações GRÁFICAS: Plural Indústria Gráfica Ltda. – Avenida Marcos Penteado de
Ulhoa Rodrigues, 700 – Tamboré – Santana de Parnaíba, São Paulo, SP – CEP 06543-001.
12 HORAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Denúncia sobre o julgamento O Bureau Veritas Certification, com base nos processos e procedimentos descritos no seu Relatório de Verifi-
cação, adotando um nível de confiança razoável, declara que o Inventário de Gases de Efeito Estufa - Ano 2012,
82
do Massacre de Carajás RUTH DE AQUINO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . da Editora Globo S .A ., é preciso, confiável e livre de erro ou distorção e é uma representação equitativa dos
50 dados e informações de GEE sobre o período de referência, para o escopo definido; foi elaborado em conformi-
mudou os rumos da Justiça . . . . . . . . . . . . . O mundo somos nós dade com a NBR ISO 14064-1:2007 e Especificações do Programa Brasileiro GHG Protocol .
Para se corresponder com a Redação: Endereçar cartas ao Diretor de Redação, ÉPOCA. Caixa Postal 66260, CEP 05315-999 – São Paulo, SP. Fax: 11 3767-7003 – E-mail: epoca@edglobo.com.br
As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente. ÉPOCA reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.
Só podem ser incluídas na edição da mesma semana as cartas que chegarem à Redação até as 12 horas da quarta-feira.
A
Marcos Coronato
supersalários
um adicional de insalubridade por trabalhar em condições
perigosas. Em Juara, ele relatou ao site Poder360 ter sido
alvo de uma emboscada com uma jararaca. “Colocaram
para ajustar
também que o valor era extraordinário, pela coincidência
de vários pagamentos no mesmo mês. O juiz teria sido
mais instrutivo e esclarecedor em sua nota se, em vez de
do governo. Mas
ao longo dos últimos anos. Foi satisfatório ver João Otávio
Noronha, corregedor do CNJ, convocar o presidente do
Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Rui Ramos Ribeiro,
Saiu caro
Na terça-feira, dia 15, a Terceira
Turma do Superior Tribunal de
Justiça manteve, por unanimidade,
a condenação do deputado federal
Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por
ofender a deputada federal Maria
do Rosário (PT-RS) em 2014.
Na ocasião, Bolsonaro disse a
Rosário que “ela não merecia ser
estuprada por ser muito feia”.
Ele terá de pagar R$ 10 mil à
deputada por danos morais.
O líder na cadeia
O ex-deputado federal Cândido Vaccarezza foi
preso temporariamente na sexta-feira, dia 18, na 44a MINHA
fase da Operação Lava Jato. Vaccarezza é acusado de GOTEIRA...
receber US$ 438 mil em propina para influenciar
no Congresso a contratação da empresa Sargent
A Controladoria-
Geral da
Vai e volta
Marine pela Petrobras, entre 2010 e 2013. Líder do União (CGU) O ministro Gilmar Mendes, do
governo na Câmara nas gestões de Lula e Dilma, encontrou Supremo Tribunal Federal, concedeu
Vaccarezza deixou o PT e está no Avante. A Polícia defeitos em habeas corpus ao empresário Jacob
Federal deflagrou duas fases da operação ao mesmo Barata Filho na quinta-feira, dia 17.
tempo. As etapas 43a e 44a cumpriram mandados Barata foi preso em julho, acusado de
em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Santos. participar do esquema de corrupção
no Rio de Janeiro. Mendes foi
padrinho de casamento da filha de
Barata, mas não se considerou suspeito
Bolso cheio para julgar o caso. A força-tarefa da
Na quinta-feira, dia 17, o juiz Lava Jato no Rio de Janeiro solicitou à
Sergio Moro liberou R$ 10 Procuradoria-Geral da República que
milhões de Mônica Moura e ingresse com um pedido para declarar
João Santana, ex-marqueteiros o impedimento de Mendes no caso. caso
do Partido dos Trabalhadores.
O valor é parte dos R$ 28,7
milhões do casal que a Justiça
bloqueou na Lava Jato. Ao de 1.472 casas
pedir a liberação, a defesa do Minha Casa
dos réus alegou problemas Minha Vida.
Infiltrações
financeiros. O casal fechou o lideraram a lista
acordo de delação premiada de problemas
em abril e se comprometeu apresentados
a devolver US$ 21,6 milhões pelos imóveis.
depositados na Suíça.
CARIBE
O estrago
do zika AMÉRICA LATINA
A Organização das Nações Unidas e o
Ministério da Saúde divulgaram na terça-
feira, dia 15, o impacto macroeconômico
do vírus zika nos países da América
Latina e Caribe. O relatório estimou
o gasto para combater o vírus em três
cenários de transmissão: do menos ao BRASIL
mais conservador. No Brasil, foram
gastos até US$ 4,6 bilhões – equivalente
a 0,09% do PIB brasileiro – entre 2015
e 2017. Na América Latina e Caribe, a
Na cela epidemia custou até US$ 18 bilhões.
O novo pedido de liberdade do
ex-ministro Antonio Palocci foi Custo do vírus zika no período de 2015 a 2017
negado na quarta-feira, dia 16,
pela Corte do Tribunal Regional América Latina e Caribe entre US$ 7 bilhões e US$ 18 bilhões
Federal da 4a Região, em Porto BRASIL(1) entre US$ 960 milhões e US$ 4,6 bilhões
0,09%
Alegre. A defesa alegou que o juiz
Sergio Moro havia “antecipado DO TOTAL DO PIB
a pena” ao converter a prisão BRASILEIRO FOI O
temporária em preventiva. CUSTO DO VÍRUS ZIKA
Palocci foi preso em setembro por
corrupção e lavagem de dinheiro. (1) Estimativa Fontes: Pnud e OMS
“Entendo que hoje é lançando uma nova senador, sobre a propaganda do PSDB
DED O NA C AR A
“A criação da
“Pelo que estou vendo, “Não há folga.
eles querem dar mais Estamos editoria de guerra
uma folguinha. Com isso trabalhando foi a forma que
a gente não concorda” no limite” encontramos
Tasso Jereissati,
presidente interino do PSDB. Ele acusou o governo de
Eliseu Padilha,
ministro-chefe da Casa Civil
de berrar: ‘Isso
aumentar
t a previsão
i ã oficial de rombo
fi i l d b no O
Orçamento
para poder aprovar mais demandas de aliados
t não é normal!’”
Extra,
jornal do Rio de
d Janeiro, ao anunciar
que passará a tratar certos crimes na
cidade como ccrimes de guerra
Você é sócio
do caixa três
No dia 22 de agosto, o SINDICOM usará Dinheiro Público que não presta contas
ao TCU para lançar sua campanha “Combustível Legal” no Congresso Nacional
Pense mais
Cunha avalia se é uma boa retomar
as conversas com os procuradores.
O insucesso na negociação até aqui
o estimulou a esperar pela posse da
futura procuradora-geral da República,
Raquel Dodge, em setembro.
Ilusão
Raquel Dodge e sua equipe não
têm a menor pretensão de negociar
delação premiada com Cunha.
Acham que ele é pouquíssimo
confiável. Além disso, dizem que
serão mais seletivos e rigorosos
que Janot no uso de delações.
Estava quase lá
Tiro no pé Lembrança
Eduardo Cunha dedicou vários
A
Deputados do de R$ 3,6 bilhões em dinheiro público para
discutem a o longo de décadas, o termo reforma financiar suas campanhas. É nesse ponto que
reforma política política remetia o imaginário a uma reside seu verdadeiro interesse na tal “reforma”.
na Câmara. mudança tão complexa que justificava Começaram a pensar até em reinstituir as doa-
Até agora,
falou-se pouco a letargia com a qual era tratado. Nos últimos ções de empresas, proibidas pelo Supremo Tri-
em mudanças dias, no entanto, descobriu-se que era simples bunal Federal em 2015. Esses titubeios mostram
efetivas quebrar a barreira. Bastava colocar os políticos que alguns deputados testam a céu aberto for-
em uma situação desconfortável, como a gera- mas de facilitar suas eleições em 2018. Não bus-
da pela Operação Lava Jato, para fazer o pro- cam aprimorar o sistema, que seria possível com
cesso caminhar. Sem dinheiro das doações mudanças como implantação de uma cláusula
privadas e desesperados para se manter no de barreira e o fim das coligações em eleições
poder com foro privilegiado, deputados e se- proporcionais. Parece que boa parte do Con-
nadores correram a buscar mudanças numa gresso não compreendeu que seus eleitores gos-
velocidade jamais vista. Porém, entre as pro- tam dos avanços civilizatórios protagonizados
postas às quais dedicam mais tempo e energia, pela Lava Jato, que quer mais ética e transparên-
figuram poucos avanços institucionais. cia na política. Não é mais admissível que polí-
A semana passada foi um espetáculo de ticos usem suas posições para ajeitar as coisas
oportunismo a céu aberto, no qual era flagran- em benefício próprio. A reforma política exige
te a preocupação de todos em resolver as difi- mais dignidade e respeito pelo país. u
SOB O DOMÍNIO DO
Aqueles que salvaram o mandato de Michel Temer agora
lotam salas do Planalto, fazem ameaças, e cobram caro
para não se tornarem seus algozes num futuro próximo
26 I ÉPOCA I 21 de agosto de 2017 Foto: Adriano Machado/Reuters
Débora Bergamasco
O CENTRÃO
a sua fidelidade, cobrar do governo a
conta por terem salvado o presidente
de ser afastado do cargo e julgado por
corrupção passiva pelo Supremo Tri-
bunal Federal. Resmungos, muxoxos,
desaforos ecoam nos corredores do
palácio. “Esse paneleiro, politiqueiro,
cupincha do baiano...”, esbravejava o
deputado Carlos Bezerra, do PMDB de
Mato Grosso, contra Carlos Henrique
Sobral, chefe de gabinete de Imbas-
sahy (que é baiano). “Eu ligo, e ele não
me atende. Eu venho aqui, e ele man-
da dizer que não pode me receber. s
O terror
desce
as Ramblas
Os terroristas do Estado Islâmico atacam
a vibrante Barcelona, símbolo do pluralismo
civilizatório que os fundamentalistas odeiam
Carla França, de Barcelona
Para fortalecer ainda mais esse cenário, foram feitas melhorias na mobilidade
urbana, com novas vias e um transporte público mais integrado e eficiente.
Além disso, o município também está concretizando mais investimentos de
empresas de médio e grande porte através de concessões e Parcerias Público-
Privadas – Negócios Urbanos, se utilizando dos Instrumentos do Estatuto
da Cidade. Outra novidade foi a criação do programa Fortaleza Online, um
sistema de licenciamento que fornece alvarás e licenças em até 48 horas, que
desburocratizou o processo e aumentou a arrecadação. Foi assim que a capital
do Ceará chegou à segunda cidade do Brasil na geração de novos empregos
(período 2013-2016) e está construindo os alicerces do seu desenvolvimento.
TOCHAS
Extremistas de
direita em torno da
estátua do general
Lee. Eles queriam
impedir a remoção do
símbolo separatista
Estados desun
Ao ser condescendente com o movimento racista, o presidente americano
Marcelo Moura e Nina Finco
idos de Trump
mostra não ter a liderança moral esperada de um ocupante da Casa Branca
no dia 17, deixando 13 mortos, o primeira-dama, Melania Trump, opta- o Twitter e falou na Casa Branca. Sacou
presidente publicou no Twitter: “Os ram por falar abertamente sobre a uma folha de papel do bolso esquerdo do
Estados Unidos condenam o ataque situação. Usaram hashtags e palavras paletó e leu: “Nós condenamos, nos ter-
terrorista na Espanha e farão o que for como “Nazi”, “KKK”, “Charlottesville” mos mais fortes possíveis, essa demons-
necessário para ajudar. Sejam fortes, e “intolerância”, adotadas por aqueles tração de ódio, estupidez e violência”. No
nós amamos vocês”. Quando um car- que testemunharam a violência per- dia seguinte, porém, Trump voltou a ser
ro atropelou mais de 20 manifestantes to da Universidade Virgínia. Quando Trump. Numa visita a Nova York, o presi-
no estado de Virgínia, no dia 12, os tuitou sobre Charlottesville, Trump dente foi questionado por jornalistas so-
dedos curtos e nervosos de Trump de- foi bem mais reticente. “Condolên- bre o atentado de Charlottesville. Trump
moraram horas para tuitar. Outros cias à família da jovem mulher morta falou de improviso – e com o coração.
republicanos, como o presidente da hoje e saudações a todos os feridos em Em vez de falar “nós”, como fizera no
Câmara, Paul Ryan, o atual presiden- Charlottesville, Virgínia. Que triste!” discurso decorado, Trump passou para
te do Comitê Nacional Republicano, Pressionado por sua condenação tíbia, o“eu”. Do coletivo, passou ao individual.
Ronna Romney McDaniel, e até a Trump, na segunda-feira, dia 14, deixou Da união, à segregação. s
Fotos: Edu Bayer/The New York Times, Edu Bayer/The New York Times 21 de agosto de 2017 I ÉPOCA I 39
C RÔN ICAS AM E R ICANAS
EMERGÊNCIA
Como baixar
Paciente é atendido nos
Estados Unidos. Alguns
hospitais conseguiram
o custo da saúde
reduzir pela metade
seus custos
Edição 25
9 dE novEmbro dE 1998
Vestibular
sem susto
Edição 26
16 dE novEmbro dE 1998
Segredos
& mentiras
Edição 27
23 dE novEmbro dE 1998
Leia e ouça
o grampo
Reeleição
Em outubro,
Fernando
Henrique Cardoso
vence a eleição
presidencial
FErnando HEnriquE
Cardoso, Ex-prEsidEntE.
privatizar a tElEbras Foi bom
para o país, mas o govErno
usou métodos quEstionávEis
clima é sempre sufocante em Três semanas depois da revela- Em 1999, uma investigação da Polí-
Brasília. Se não pela falta de ção de ÉPOCA, Fernando Henrique cia Federal que levou três meses e ou-
umidade, que às vezes cai a estava tão abalado por ter perdido viu 52 pessoas concluiu que as escutas
níveis desérticos, é por algum seis assessores que integravam a telefônicas no BNDES foram feitas por
novo escândalo prestes a estou- primeira linha de sua equipe de go- agentes do próprio governo. O funcio-
rar. Em novembro de 1998, o su- verno,queligouparaseuadversário nário da Abin Temílson Barreto de Re-
foco veio pela segunda opção. O então Luiz Inácio Lula da Silva para pedir sende e o detetive Adilson Alcântara de
presidente Fernando Henrique Cardoso conselhos. Entre os dias 22 e 26 de no- Matos foram indiciados como os gram-
recebera, em mãos, uma fita com gra- vembro, demitiram-se o ministro das peadores e condenados a três anos e
vações de telefonemas grampeados de Comunicações, Luiz Carlos Mendonça quatro meses e quatro anos, respecti-
dois de seus principais auxiliares: Luiz de Barros, apelidado “Mendonção”, o se- vamente. Ambos recorreram em 2011 e
Carlos Mendonça de Barros, ministro cretário executivo da Câmara do Comér- a condenação prescreveu.
das Comunicações, e André Lara Re- cio Exterior e irmão de Luiz Carlos, José O escândalo teve consequências de
sende, presidente do Banco Nacional Roberto Mendonça de Barros, seu sub- longo prazo, além de afetar os planos
de Desenvolvimento Econômico e So- secretário Rogério Mori, o presidente do de gestão de Fernando Henrique. A
cial (BNDES). Segundo a reportagem BNDES André Lara Resende, seu vice ideia das privatizações era emblemá-
“Chantagem dentro do governo”, pri- José Pio Borges e o diretor da área Inter- tica de uma gestão que pretendia, cor-
meira de uma série, publicada em 9 de nacional do Banco do Brasil, Ricardo Sér- retamente, diminuir o peso das estatais
novembro daquele ano, as fitas foram gio Oliveira. Os irmãos Mendonça de para investir na área social. Mas devem
entregues pelos próprios grampeados Barros são até hoje economistas respei- ser bem feitas. Tornou-se claro que pri-
e continham informações sobre os tados no PSDB. Lara Resende fora um vatizações, eventualmente, devem ser
bastidores da privatização da Telebras, dos criadores do Plano Real. O desfalque suspensas ou adiadas, caso não haja,
quatro meses antes. A reportagem le- causava um dano profundo à capacidade na data marcada, propostas aceitáveis
vou cerca de um mês para apurar os de atuação do governo e a sua imagem. para o governo. Governos também po-
detalhes. As gravações incluíam infor- Em 2010, Luiz Carlos, Lara Resende dem incluir na negociação a exigência
mações técnicas, segredos de governo, e outros 13 réus acusados pelo Ministé- de bons serviços e mais investimento
confidências e muito palavrão. Davam rio Público Federal de improbidade no longo prazo (por exemplo, para ex-
pistas do favorecimento ao consórcio administrativa foram absolvidos pelo pandir e modernizar a infraestrutura
organizado pelo Banco Opportunity, Tribunal Regional Federal. Segundo a existente). Essas opções, conduzidas
de Daniel Dantas. Tudo indicava que sentença, “não havia provas de que os com transparência, são aceitáveis – o
o alvo das gravações era Mendonça de acusados usaram seus cargos para ne- que não se pode dizer da atuação nos
Barros, responsável pelo leilão e futuro gociar diretamente com possíveis par- bastidores para incluir no páreo um
ministro da Produção, uma Pasta que ticipantes do processo de privatização concorrente que simplesmente não
estava para ser criada e comandaria o das empresas de telefonia”. deveria estar na disputa.
BNDES e parte do Banco do Brasil.
A Agência Brasileira de Inteligência
(Abin), então recém-criada, foi cha-
mada para investigar. A Polícia Fede-
ral também. Começou no governo um
jogo de empurrar responsabilidades e
trocar acusações. Mendonça de Barros
pediu demissão. Fernando Henrique
não aceitou. Duas semanas após reve-
lar a existência das gravações, ÉPOCA
luiz Carlos
publicou a transcrição e, no site, o mEndonça dE
áudio. “Estamos no limite da nossa barros, Consultor
E Ex-ministro.
irresponsabilidade”, disse Ricardo ElE Foi aCusado
Sérgio Oliveira, então diretor do Banco E absolvido
Edição 66
23 dE agosto dE 1999
Farsa
Edição 183
19 dE novEmbro dE 2001
Eu fumo maconha
Em 2001, ÉPOCA tirou da clandestinidade
o debate sobre o uso da maconha e publicou
depoimentos de 14 pessoas que usavam a droga
Atentado às
Torres Gêmeas
Avião sequestrado
pela Al-Qaeda
colidiu com as
Torres Gêmeas,
em Nova York
Guga tricampeão
O brasileiro
Gustavo Kuerten
consagrou-se ao
vencer Roland
Garros pela
terceira vez
Lançamento
da Wikipédia
Nasceu a
enciclopédia livre,
com conteúdo
on-line feito por
colaboradores
Edição 209
20 dE maio dE 2002
Os caloteiros
da fé
Edição 210
27 dE maio dE 2002
Onde está
o dinheiro
Edição 300
16 dE fEvErEiro dE 2004
Dinheiro sujo
Duas reportagens
de capa de
ÉPOCA sobre
negociações entre
um empresário
Edição 301 e um assessor do
Planalto mostram
23 dE fEvErEiro dE 2004
Ele operou em 2003
a corrupção ligada
ao governo Lula
té a sexta-feira, 13 de fevereiro
de 2004, Waldomiro Diniz era
subchefe de assuntos parla-
mentares da Casa Civil e um
dos mais próximos assessores
de José Dirceu, principal mi-
nistro do governo Lula. Nesse dia que
carrega a marca do azar, seu mundo
caiu. A edição 300 de ÉPOCA que che-
gava às bancas o mostrava na posição
de corrupto. Para Waldomiro, o pesa-
delo começara na véspera, quando
fora procurado para explicar o que
mostrava uma fita de vídeo gravada
Drogas
em 2002, na qual divide o protagonis-
A Câmara mo com o empresário Carlos Augusto
aprovou o Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Com
fim da prisão
para usuários os olhos marejados diante do repórter
de drogas
especial Andrei Meireles, Waldomiro
procurou se defender do que ficava
Prisão
O juiz Sergio claro: ele pedira propina de 1% para
Moro mandava si e R$ 150 mil para campanhas elei-
prender executivo
do Banestado, torais do PT. Em troca, prometia be-
acusado de neficiar Cachoeira em uma concor-
lavagem de
dinheiro rência. Tudo foi gravado por uma ele mantivera o relacionamento com
câmera escondida por Cachoeira. O Cachoeira, mesmo depois de assumir
Cinema comportamento confirma que ambos uma função tão sensível no Palácio do
O filme Cidade sabiam que fazaim algo errado. Fala- Planalto. Waldomiro levou Carlinhos
de Deus, de
Fernando vam tão baixo que alguns trechos ti- Cachoeira a uma reunião de renego-
Meirelles, foi veram de ser decifrados por peritos. ciação de contrato de R$ 130 milhões
indicado ao Oscar
em 4 categorias O vídeo fora gravado antes de Wal- por ano com a Gtech, multinacional
domiro chegar ao governo. Mas na responsável pelo processamento de
semana seguinte ÉPOCA mostrou que dados das loterias federais.
Carlinhos CaChoEira
(à Esq.) E Waldomiro
diniz (à dir.) no vídEo.
ElE pEdiu propina para
si E dinhEiro sujo para
Campanhas do pT
Edição 524
2 dE junho dE 2008
Eles são do Exército.
Eles são parceiros.
Eles são gays
Edição 792
29 dE julho dE 2013
A espionagem
digital dos
Estados Unidos
Edição 827
7 dE abril dE 2014
Propina na
Petrobras
Edição 829
21 dE abril dE 2014
Novas provas de
corrupção na
Petrobras
Morte na
manifestação
Em fevereiro,
num protesto,
um rojão mata
o cinegrafista
Santiago Andrade
Crimeia anexada
Em março, por
um acordo, a
Crimeia se torna
parte da Rússia
Em 2014, ÉPOCA publicou
Cai a nota
Em março, a duas reportagens de capa
agência S&P corta
a nota do Brasil. com informações exclusivas
É o primeiro dos
cortes que tirarão sobre o escândalo de
do país o grau de
investimento propinas na Petrobras
Edição 672
4 dE abril dE 2011
Mensalão
Edição 882
4 dE maio dE 2015
Lula – O operador
Edição 899
31 dE agosto dE 2015
Nosso homem
em Havana
Edição 614
22 dE fEvErEiro dE 2010
“Você acha que
sou um poste?”
Chapeleiro
Maluco
O diretor Tim
Burton lança
sua versão para
Alice no País das
Maravilhas
Fumaça
O vulcão islandês
Eyjafjallajökull
entra em erupção
e fecha o espaço
aéreo na Europa
a prEsidEntE dilma
Petróleo no palácio da
Uma plataforma alvorada dias antEs
da BP explode, do impEachmEnt.
contaminando a prEsidEntE não
extensa área do Era famosa pEla
Golfo do México capacidadE dE
nEgociação
Fotos: Tomas Munita/The New York Times, Paulo Whitaker/REUTERS 21 de agosto de 2017 I ÉPOCA I 67
ÉPOCA 1000
Edição 794
12 dE agosto dE 2013
A comida do futuro
A tragédia da
boate Kiss
Um incêndio
deixou 242 mortos
na boate da
cidade gaúcha
Meses antes do início da Operação Lava Jato,
de Santa Maria ÉPOCA revelou um esquema de propinas na Petrobras
O ano das
comandado por João Augusto Henriques, lobista do PMDB
manifestações
Milhares tomaram
as ruas para
protestar contra m março de 2014, começava ofi- grandes empresas e a estatal e precisava
a corrupção e cialmente a Operação Lava Jato, pagar comissões ao PMDB, partido do
por melhorias
da Polícia Federal, que desvendou atual presidente, Michel Temer, pelos
A renúncia um imenso esquema de corrup- negócios que fechava.
do papa ção na Petrobras. Sete meses an- João Augusto descreveu o esquema
O papa Bento XVI
foi o primeiro tes, ÉPOCA investigara o assunto. em detalhes. Assumindo-se como o ope-
a renunciar ao Em agosto de 2013, na reportagem “A rador das propinas do partido na Dire-
papado em mais
de 600 anos sombra do PMDB na Petrobras”, o lo- toria Internacional da Petrobras, o lobis-
bista João Augusto Henriques revelou ta contou que todos os contratos na Área
como intermediava negócios entre Internacional da Petrobras tinham de
68 I ÉPOCA I 21 de agosto de 2017 Fotos: Juan Cruz Sanz e Rodrigo Félix Leal/Futura Press
OPER A DOR DO PMDB
Uma semana depois de conver- US$ 860 milhões obtido pela Odebrecht
sar com a reportagem de ÉPOCA, por serviços de segurança, meio ambien-
João Augusto Henriques estava te e saúde em várias unidades da Petro-
em Paris. Lá, foi atingido pela ira bras. Segundo afirmou João Augusto na
dos chefes do PMDB por causa das reportagem, em troca do contrato, a Ode-
denúncias. Acuado, tentou voltar brecht acertou com o então tesoureiro do
atrás e negar as declarações. Em nota, PT, João Vaccari, uma doação informal de
afirmou que nunca havia exercido “in- US$ 8 milhões para a campanha de Dilma
terferência nos contratos da Área In- Rousseff em 2010. Entre outras irregula-
ternacional da Petrobras” nem havia ridades, a auditoria constatou que a em-
repassado “qualquer recurso para pes- preiteira venceu a licitação sem descrever
soas, nem tampouco partidos”. Não serviços e custos, além de ter contratado
colou. No mesmo dia, ÉPOCA publicou uma consultoria por R$ 29 milhões para
o áudio de dez dos principais trechos fazer algo que a Odebrecht já fazia.
da entrevista de João Augusto, que não O operador do PMDB foi preso em
pedira anonimato durante a entrevista. setembro de 2015, na 19a fase da Ope-
Desmentido, o operador viajou então ração Lava Jato. E segue detido. No mês
o EmprEsário cristóbal para Dubai, nos Emirados Árabes Uni- passado, um pedido de habeas corpus
lópEz (sorrindo, à esq.),
num cassino com os dos, onde mantinha uma de suas con- foi negado pela ministra Cármen Lúcia,
KircHnErs (Cristina tas com dinheiro sujo. presidente do Supremo Tribunal Fede-
ao Centro, ao lado do
marido, néstor). ElE foi Cada uma das denúncias feitas pelo ral (STF). Na Argentina, Cristina Kirch-
acusado dE tEr comprado operador do PMDB passou a ser investi- ner foi convocada para depor em um
uma rEfinaria mEdiantE
propina disfarçada
gada. Em 2014, uma auditoria interna da caso de lavagem de dinheiro, em abril
dE taxa dE sucEsso Petrobras, que começou por causa da deste ano. Seu velho amigo, Cristóbal
reportagem de ÉPOCA, comprovou uma López, também precisou depor. O caso
série de irregularidades num contrato de segue sob investigação.
Edição 991
19 dE junho dE 2017
“Temer é o chefe da
quadrilha mais
perigosa do Brasil”
Edição 997
29 dE julho dE 2017
As provas da JBS
Por que a imprensa livre tados Unidos (21o lugar) ou ao Brasil (51o lugar).
Informação crítica e independente não sobre-
é a única defesa da vive onde não há democracia.
sociedade contra Em vez de jornalismo, Estados autoritários
preferem arsenais bélicos, repressão política e
a expansão dos populistas propaganda patriótica. Quando a ditadura de
com tendências autoritárias Muammar Khadafi caiu, na Líbia, em 2011, ele
só tinha a seu lado uma facção das Forças Arma-
das, seus agentes repressores e a televisão estatal,
Eugênio Bucci
que funcionava como uma metralhadora de
Rússia não é uma democracia. No ranking mentiras. Esse tripé – as armas de fogo, a polícia
publicado anualmente pela revista ingle- política e os serviços de propaganda estatal –
sa The Economist – uma das referências constitui a receita essencial dos tiranos contem-
confiáveis para a classificação dos índices porâneos. Na Turquia (97a posição na lista da
de liberdade no planeta –, a terra do Economist), que até outro dia se proclamava uma
neoczar Vladimir Putin aparece no 134o “democracia islâmica”, ameaças, intimidações e
lugar, no bloco dos regimes autoritários. No mes- encarceramento de jornalistas fazem parte da
mo pelotão figuram monstrengos do arbítrio rotina. Nos regimes autoritários, verificação dos
como China (136o lugar) e Ruanda (138o). Para fatos é incompatível com a ordem pública.
que você tenha uma ideia do grau de opressão, No discurso oficial, o controle do Estado so-
basta dizer que Cuba, na 128a posição, é um pou- bre o noticiário cumpre uma função desinteres-
quinho menos autoritária que a Rússia, que só sada, altruísta e vital para o bem comum: neu-
não fica atrás de aberrações como a Coreia do tralizar as intrigas difundidas contra o interesse
Norte, que ostenta o 167o lugar, que também é o nacional e enaltecer o amor pela pátria e a con-
último. Na outra ponta, as nações mais demo- fiança na nação. Entre outras investidas gran-
cráticas do mundo são Noruega, Islândia, Suécia, diosas nesse campo, a Rússia lançou, em 2014,
Nova Zelândia, Dinamarca e Canadá. a agência de notícias Sputnik, orientada por
As possibilidades de o cidadão russo fiscalizar diretrizes governamentais, com objetivos que
o poder público são bem pequenas. As chances de vão além, muito além, das fronteiras nacionais.
que pessoas comuns sejam ouvidas pelos gover- A agência tem redações em 30 línguas diferentes
nantes são menores ainda, e nada garante que a e mantém atuação inclusive no Brasil.
sociedade receba informações confiáveis, inde- Quem olha a página da Sputnik na internet
pendentes, acuradas, sobre o que se conversa nos pode achar que lê um órgão de imprensa normal.
palácios onde são decretados os destinos nacio- Lá estão as notícias e os títulos redigidos em estilo
nais. Putin não é comunista, não é de esquerda, jornalístico e lá estão as fotografias explicadas por
não é liberal e não gosta de repórter. Na Rússia, legendas sintéticas. Os textos parecem reportagens
imprensa livre é uma improbabilidade técnica. comuns. Por baixo dessa roupagem, porém, a
Eugênio Bucci
é jornalista
Existe jornalismo por lá? Apenas na contra- agência cumpre a estratégia da fazer propaganda
e professor corrente. Há alguns heróis que fazem reporta- oficial. Eis aí um traço que se intensifica nos regi-
da ECA-USP gens corajosas e arriscam a vida. Em matéria de mes autoritários contemporâneos: neles, quem
liberdade de expressão, a Rússia não se compa- produz a notícia é o Estado, ou agentes aparente-
ra ao Canadá, à Alemanha (13o lugar), aos Es- mente neutros controlados pelo Estado.
Um leitor
O autoritarismo depende desse jogo de apa- As tais redes sociais abrem canais preciosos de jornal na
rências. Precisa investir cada vez mais em uma para a comunicação, para o livre debate das ideias VenezUela.
o goVerno de
indústria de mídia que tem a aparência de um e para a difusão cultural, mas elas, sozinhas, não nicolás madUro
conjunto de redações independentes e livres. Para dispõem do método de que só as redações pro- tenta reprimir
continuarem onde estão, precisam forjar a apa- fissionais estão investidas. As redes sociais, por a liberdade
de imprensa
rência de democracia e, para forjarem essa apa- sinal, assim como sites de busca, não hesitam em
rência, forjam a aparência de jornalismo. É tam- fazer acordos de colaboração com regimes de
bém isso o que acontece hoje na China – que, não perfil totalitário, como o chinês, em detrimento
por acaso, controla com rédeas curtas os sites de do direito à informação e da privacidade das pes-
busca e as redes sociais –, em Angola (130o lugar) soas. Só a imprensa livre pode servir de antídoto
e na Venezuela (107o). Líderes autoritários antis- contra os boatos, as campanhas de desinforma-
socialistas, como Putin, ou alegadamente socia- ção maliciosas e as calúnias armadas pelos pode-
listas, como Nicolás Maduro, apostam no mes- rosos contra dissidentes ou opositores.
míssimo truque: estatizar a esfera pública. O que A democracia não está aí desde sempre.Ao con-
quer dizer isso? É instalar órgãos estatais para, trário, ela é uma invenção muito recente. Não tem
aberta ou veladamente, ocupar os ambientes de mais de dois séculos. A democracia ainda está em
comunicação entre as pessoas. construção, no Brasil e no mundo todo. Para que
Não nos enganemos. A única (atenção para a ela permaneça, cresça e se difunda, nós depende-
palavra: única) proteção que nós, cidadãos, temos mos do vigor da imprensa, dos jornalistas profis-
contra a expansão dos populistas é a instituição da sionais e das redações independentes. Muitas vezes,
imprensa livre. Não há outra. Não há nenhuma nós sabemos bem, a mentira consegue tapear os
outra.Apenas as redações independentes, integra- mais experientes jornalistas. Muitas vezes, a im-
das por jornalistas profissionais, trabalhando den- prensa falha em relatar a verdade dos fatos, assim
tro de marcos legais que assegurem liberdade de como falha em equilibrar as diversas opiniões e
investigação jornalística e também a liberdade de falha em seu dever de ser apartidária. Mas quando
expressão e de crítica, têm o dom de animar um você lê, como lê aqui, que a liberdade de impren-
ambiente de pluralidade em que a informação de sa é inegociável e que o jornalismo é essencial, não
interesse pública fique ao alcance do público. tenha dúvidas, você está lendo a verdade.
O jornalismo
na era da pós-verdade
O termo “pós-verdade” apareceu pela primeira vez em
1992 na revista The Nation. “Ditadores até agora tive-
ram trabalho para suprimir a verdade”, escreveu o roteirista
esportivas ou até alimentares. Mas, aplicada à política, à ciên-
cia ou ao jornalismo, é pura lorota. No mundo globalizado e
interconectado, a“emoção recuperou a primazia, e a verdade
Steve Tesich. “Hoje isso não é mais necessário. Como povo bateu em retirada”. As redes sociais forneceram um canal a
livre, decidimos viver num mundo de pós-verdade.” Em todo tipo de “fato alternativo”. Onde a tecnologia digital é o
2006, o comediante Stephen Colbert cunhou outra palavra hardware, a pós-verdade se tornou o software. “Retuitamos,
para o mesmo fenômeno: “truthiness”, algo como “verdadi- clicamos, compartilhamos sem checar”, diz D’Ancona. “Isso
ce”, definida como uma afirmação que tem jeitão de verda- tem consequência. Conspiramos, sabendo ou não, para des-
deira, que instintos e intuição julgam verdadeira – mas é valorizar a verdade, ao hibernar no buraco de Hobbit do
falsa, não resiste aos fatos. “Costumava ser assim: todos ti- lugar-comum, os rostos piscando à luz dos incontáveis sinais
nham direito à própria opinião, mas não aos próprios fatos”, eletrônicos que reforçam o que já pensamos saber.”
disse Colbert.“Não é mais o caso. Fatos não importam. Per- Para as populações ressentidas com a globalização, não
cepção é tudo. É certeza.” Dez anos se passaram há antídoto ao pensamento mágico ou às teorias
e, diante das fotos da posse de Donald Trump, da conspiração e suas explicações reconfortantes.
sua assessora Kellyanne Conway saiu-se com a “A força popular delas depende não da evidência,
expressão “fatos alternativos” para qualificar a maas de sentimentos.” Elas se nutrem do colapso da
visão estapafúrdia da Casa Branca sobre a mul- connfiança nas instituições – políticos, academia e
tidão, “a maior a ver uma posse”. A vitória de imprensa.“A tarefa do jornalismo é revelar a com-
Trump e o Brexit levaram os dicionaristas de pleexidade, as nuances e paradoxos da vida pública”,
Oxford a eleger “pós-verdade” como palavra do dizz D’Ancona.“Justamente quando a confiança na
ano em 2016. Os exemplos mostram que o pro- imp prensa é mais necessária, ela caiu aos níveis mais
blema não começou agora. “É tentador atribuir baiixos.” No lugar de informações verídicas, proli-
a ascensão da pós-verdade a Trump. Tentador e LIVRO
O DA S
SEMANA ffera a propaganda – do tabaco às mudanças climá-
errado”, escreve o jornalista Matthew d’Ancona Post-truth ticas; das vacinas ao déficit da Previdência. Em
em Post-truth.“Trump é mais sintoma que causa.” Matthew d’Ancona resposta, a imprensa dobrou a aposta em forças
Ex-diretor de redação da conservadora The Every Press que a levaram ao sucesso no passado. Em vão. No
Spectator e um dos mais prestigiados colunistas 2017 pântano da pós-verdade, isso surte o efeito contrá-
no Reino Unido, D’Ancona produziu um ma- 176 páginas rio. “Os inúmeros sites de checagem de fatos se
£7
nifesto em defesa do Iluminismo, da ciência e revelaram uma força inadequada contra a enxur-
do jornalismo, ameaçados pela “pós-verdade”. rada torrencial das redes sociais.”
Não se trata da mesma coisa que mentira. “A novidade Se quiser sobreviver, o jornalismo precisará mudar. Claro
não é a mendacidade dos políticos, mas a resposta do que empresas digitais, como Google e Facebook, têm de re-
público”, afirma. “Não esperamos mais que falem a ver- conhecer sua responsabilidade como distribuidores de in-
dade. O que importa não é a deliberação racional, mas a formação. Mas a imprensa precisa deixar de lado glórias e
convicção estabelecida.” A certeza predomina sobre os fórmulas do passado para seduzir de volta o público, deso-
fatos, o “visceral sobre o racional”, o “enganosamente sim- rientado em meio à avalanche. Para D’Ancona, é preciso
ples sobre o honestamente complexo”. aprender com o inimigo, adotar uma narrativa simbólica tão
A “pós-verdade” surgiu com os filósofos do pós-moder- poderosa quanto a da propaganda.“O contra-ataque precisa
nismo, cujo pensamento “frequentemente abstruso e impe- ser emocionalmente inteligente, além de rigorosamente ra-
netrável” se popularizou. Deriva de pensadores como o cional.” É preciso levar o público a recuperar a sensibilidade
francês Jean-François Lyotard – “não há fatos, apenas inter- para o “fedor das mentiras”. Mas isso não acontecerá espon-
pretações” –, o americano Richard Rorty – “verdade é aquilo taneamente. “É um erro assumir que a apatia é inevitável”,
com que meus colegas me deixam fugir” – ou o russo Ale- diz ele. “A verdade é descoberta, não distribuída, é um ideal
xander Dugin – “verdade é questão de crença, não há fatos”. a almejar, não um direito indolente.” u
Para eles, a verdade humana mais profunda é emocional,
subjetiva e prescinde dos fatos. Tal visão tem seu valor quan- Helio Gurovitz é jornalista hgurovitz@edglobo.com.br (e-mail)
do estão em jogo preferências amorosas, sexuais, artísticas, @gurovitz (Twitter) http://g1.globo.com/mundo/blog/helio-gurovitz/ (web)
A noiva
do ano
Marina Ruy Barbosa garante estar
tranquila com a proximidade de
seu casamento com o empresário
e piloto de Stock Car Xandinho
Negrão, que acontecerá em duas
etapas: uma cerimônia religiosa em
Goiás, no final de setembro, e a festa
em si, no dia 7 de outubro, na casa
dos pais do noivo, em Campinas.
“Não estou pirando”, avisa. Ela
pediu às madrinhas que vistam rosa
e está contando com a ajuda da mãe
e da sogra para os preparativos. “Já
fiz as provas tanto do vestido de
noiva quanto o da bênção.” Marina
acaba de lançar uma coleção de
joias em parceria com a Vivara e
conta que até agora não escolheu
as alianças. “Estamos em dúvida
ainda, são muitos modelos lindos.”
A lua de mel vai ser curtinha, apenas
uma semana num resort de luxo
na África. “No dia seguinte da volta
da viagem, começo a gravar a nova
novela das 7, Deus salve o rei.” Ela
viverá Amália, uma camponesa
que se envolve com um príncipe,
interpretado por Renato Góes.
Garotas da capa
Para celebrar os 42 anos da Vogue
Brasil, será inaugurada no dia 25,
no Shopping Cidade Jardim, em São
Paulo, uma exposição com 100 capas
emblemáticas da publicação. Um
dos destaques é a raríssima edição
número 1, que trazia a socialite Betsy
Salles, então Monteiro de Carvalho,
fotografada por Otto Stupakoff (ao
lado). Mas não faltarão os exemplares
com as tops ícones da revista. “É uma
publicação que dita moda, lança
modelos, fotógrafos e estilistas. Tenho
guardada minha primeira capa, eu
era tão novinha”, diz Carol Trentini.
“Estar na Vogue é como um atestado
de qualidade para quem trabalha com
moda”, completa Isabeli Fontana. “A
primeira vez em que passei numa banca Bronco
e me vi na capa da Vogue, meus olhos
se encheram de água”, desmancha-se sensível
Lais Ribeiro. Giovanni Frasson, que Intérprete de Zeca, o
por 27 anos foi diretor de moda da caminhoneiro bronco
revista, entrega sua capa símbolo: “A que vive uma paixão
edição especial com a Hebe Camargo de gato e rato com a
foi
f i uma das
d mais i emocionantes”.
i ” policial Jeiza na novela
A força do querer,
Marco Pigossi conta
Mais afeto, que buscou no humor
por favor a ferramenta para
amenizar o machismo
Acaba de entrar no ar, nas do personagem.
plataformas digitais, o embriãão “Ele tem uma visão
do que será o novo programaa equivocada sobre a
de Lázaro Ramos na Globo, o mulher na sociedade.
colaborativo Lazinho com voccê. A Os planos da Jeiza não
estreia é prevista para dezembbro. incluem se casar e ter
“Queremos ser um projeto filhos, ela prioriza a
de inclusão, contar histórias carreira. Precisamos
edificantes. Nossa vibração é de ouvir as mulheres e nos
trazer o melhor lado da internnet, colocarmos no nosso
focar no afeto, e não no ódio.. Só lugar”, sugere o ator,
preciso parar de dormir com o que faz análise desde
celular no criado-mudo, senãão os 18 anos. “Acho que é
não paro de ficar olhando”, diiz o fundamental, ajuda a me
ator. “A empatia acontece quaando entender melhor. Sou
me comporto como quando bem menos interessante
estou com minha família e oss que meus personagens,
amigos, quando há espaço paara o tranquilo, nada vaidoso.”
humor. Mas sou muito autoccrítico, Avesso às badalações
acho que contei piadas demais, da fama, Marcos
me emocionei demais.” Ele see defende a discrição
prepara para gravar mais um ma na vida pessoal. “A
temporada de Mister Brau, ao o privacidade vai voltar
lado da mulher, Taís Araújo. a estar na moda.”
E N T R E V I S TA
Samba na
ponte aérea
FERNANDA MONTENEGRO Trinta e dois Carnavais depois
ATRIZ
de ter ajudado a verde e rosa a
78 I ÉPOCA I 21 de agosto de 2017 Fotos: Estevam Avellar/ TV Globo, Cauê Garcia / CG1 Comunicação
WA L C Y R C A R R A S C O
LIVRO
2 horas
Homem
“explicanista”
A escritora
americana Rebecca
Solnit começa o
livro Os homens
explicam tudo
para mim com um
ensaio homônimo
que narra um
episódio curioso: um
homem passou uma
festa inteira falando
de um livro que ela
“deveria ler”, sem
lhe dar a chance
de dizer que ela era
a autora. Nos oito
ensaios seguintes,
Rebecca retrata,
com coragem
e perspicácia,
as dificuldades
de combater
o machismo
mascarado da
sociedade, que
insiste em não
reconhecer os
problemas que
afetam as mulheres
todos os dias.
Provocativa,
Rebecca reforça
a importância do
feminismo. Cultrix,
208 páginas, R$ 34.
QUADRINHOS
2 horas
CINEMA
2 horas
Bozolândia
Nos anos 1980, um artista que sonha com
a fama encontra sua grande chance ao se
tornar Bingo, um palhaço que comanda
um programa infantil de sucesso na TV.
Devido a uma cláusula no contrato, ele não
pode revelar sua identidade. Bingo – O
rei das manhãs é estrelado por Vladimir
Brichta. O filme de Daniel Rezende LIVRO
é baseado na trajetória de Arlindo 2 horas
Barreto, o Bozo. Estreia no dia 24/8.
Um mistério
da ditadura
Em 4 de agosto de
1970, o diplomata
brasileiro Paulo
Dionísio de
Vasconcelos foi
encontrado sem vida
num carro ao lado
de um bosque em
Haia, na Holanda. Em
24 horas, a polícia
holandesa conclui
por suicídio, numa
investigação que
CINEMA deixou de lado cartas
2 horas com ameaças ao
diplomata expedidas
Entre malas e mágoas a partir de Londres.
Baseado no livro de memórias Em A morte do
homônimo da jornalista Jeannette Walls, diplomata – Um
O castelo de vidro conta a história mistério arquivado
pouco convencional de sua infância, pela ditadura, o
DANÇA
2 horas passada com seus três irmãos sob experiente jornalista
os cuidados de pais absolutamente Eumano Silva, ex-
Terreiro em transe disfuncionais. Jeannette lida com a fome chefe da sucursal de
No linguajar das religiões afro-brasileiras, como a umbanda e as mudanças constantes de cidade. ÉPOCA em Brasília,
e o candomblé, a palavra “gira” denomina a roda de fiéis que Depois de adulta, ela (interpretada por reconstitui a morte de
cantam e dançam em louvor aos orixás que se manifestam Brie Larson) confronta seu pai (Woody Vasconcelos, depois
no terreiro. O termo é uma corruptela de alguns nomes de Harrelson). Estreia no dia 24/8. de minuciosa pesquisa
Exu (como “Bombojira”), o orixá que atua como mediador que incluiu acesso ao
entre o reino espiritual e o mundo dos homens. Gira é diário do diplomata e
também o título do novo espetáculo do Grupo Corpo, fruto a documentos oficiais
da parceria da companhia de dança mineira com o trio inéditos. O livro-
paulistano Metá Metá, composto de Juçara Marçal, Thiago reportagem revela
França e Kiko Dinucci. A trilha sonora criada pelo Metá também detalhes
Metá tem a participação de Elza Soares em duas canções da pouco conhecida
e mistura os tambores dos terreiros aos ritmos do jazz. colaboração do
No palco, os bailarinos dançam e contorcem seus corpos Itamaraty com a
como se estivessem em transe. Theatro Municipal, Rio de repressão da ditadura.
Janeiro, de 23 a 27/8. Palácio das Artes, Belo Horizonte, Tema Editorial, 208
de 2 a 6/9. Teatro do Sesi, Porto Alegre, dias 7 e 8/10. páginas, R$ 35.
O mundo
somos nós
Q uando decidi ser jornalista, nos anos 1970, me pergun-
taram se eu queria mudar o mundo. Respondi que não
tinha essa ambição. Queria conhecer o mundo, a trabalho.
O mundo não é amistoso ou pacífico. Nunca foi. Ditadu-
ras, guerras e genocídios sempre existiram. Hoje, vemos o
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, complacente
Escolhi o jornalismo internacional, para depois voltar a meu com movimentos racistas como a Ku Klux Klan. Vemos o
Rio de Janeiro. Hoje, penso que, nos meus 19 anos, havia ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, ameaçando o
uma sabedoria inocente na resposta. Para mudar algo, é mundo com um ataque nuclear. Testemunhamos o êxodo
preciso conhecer. Entender. Perguntar, mais que responder. forçado dos sírios, com crianças órfãs, feridas, mutiladas ou
Quando o jornalista revela uma injustiça, um malfeito mortas pela guerra insana de ditadores. Vemos as mortes e
– ou, na outra ponta, joga luz num bom exemplo e conhe- prisões na Venezuela de Nicolás Maduro, a fuga em massa
cimento num fato histórico –, ele espera que a sociedade para escapar da miséria e de mais de 700% de inflação.
reaja. E a sociedade somos todos nós. Por pressão nossa, Vemos mulheres mortas por ser mulheres. Homossexuais
todos juntos, a criação do Fundo da Vergonha de R$ 3,6 mortos por ser homossexuais. Vemos a ganância que des-
bilhões para as campanhas eleitorais de 2018 balança e trói o meio ambiente e torna nosso ar irrespirável – e, pior,
naufraga. O mesmo aconteceu com o aumento indecente continua impune, como os criminosos que mataram um
de 16,7% para procuradores e juízes. rio e uma cidade em Minas Gerais. Vemos o uso da fé para
Nada disso resolve a crise moral e fiscal do Brasil. Mas aju- extorquir e para alimentar projetos de poder político.
da saber que a pressão pode mudar rumos. Tudo isso exige de nós um esforço
O juiz de Mato Grosso que recebeu no con- sobre-humano para resistir e melhorar
tracheque meio milhão de reais, entre salá- o entorno. Vimos o jovem médico bra-
rios e benefícios, pode ser um personagem QUALQUER PESSOA sileiro que voltou às Ramblas após o
em extinção no país. A imprensa o mostrou. atentado, para socorrer os feridos. A van
O juiz Mirko Giannotte disse: “Não estou
PODE FAZER branca vinha em sua direção e a gritaria o
nem aí”. É justo, dentro da lei. Pessoal, nós DIFERENÇA. PODEMOS empurrou para se abrigar numa cafeteria.
precisamos mudar muitas leis para o Bra- MELHORAR O QUE NOS Ele não fez mais que sua obrigação de
sil reduzir o abismo social e enfraquecer o médico ao voltar? Bernard Campos, de
regime de castas.Vamos fazer mais pressão. CERCA. O PRÉDIO. 26 anos, seguiu sua consciência. Levou
Esta edição de ÉPOCA, o núme- A CIDADE. O PAÍS uma asiática de 30 anos para o hospital
ro 1.000, é dedicada a reportagens que porque as ambulâncias demoravam. Fez
ajudaram de alguma forma a mudar o das mãos dele um colar cervical e pediu
mundo para melhor. Não é fácil. Hoje, quando todas as soro. “Vou ter de esquecer isso”, disse. Não esqueça que
tragédias chegam ao vivo a nossos celulares 24 horas por você contribuiu para um mundo melhor, Bernard.
dia, sem filtro ou análise prévia, as redes sociais incham de Qualquer pessoa pode fazer diferença. Não é preciso ser
indignação, impotência e também de intolerância. São os jornalista ou exercer um cargo influente. Se não mudarmos
terroristas islâmicos que matam turistas com uma van nas por dentro, nada mudará por fora. A atitude individual
Ramblas, em Barcelona, ou os neonazistas armados que conta. A comunitária também. Podemos melhorar o que
atropelam judeu, negro ou branco antirracista em Char- nos cerca. Primeiro, a família e nossa casa. A relação com
lottesville, nos Estados Unidos. Tudo numa semana só. os amigos próximos. Os vizinhos. Os colegas de trabalho.
No Rio de Janeiro, além dos arrastões nas vias expressas, O prédio. A rua. O bairro. A cidade. O estado. O país.
vemos uma explosão de moradores de rua e favelas sitiadas Podemos mudar a forma de encarar o mundo. E a forma
por tiroteios e pelo tráfico pesadamente armado. Em São de agir. Escuto que somos a média das cinco pessoas com
Paulo, vemos as cracolândias e as comunidades fixas de quem mais convivemos. São pessimistas, resignadas ou in-
sem-teto sob viadutos, num estado que sofre um roubo a conformistas? Podemos cultivar as semelhanças, em vez das
cada 30 segundos, muitos deles seguidos de morte. diferenças. Podemos ter uma causa, uma paixão, podemos
Como mudar tudo? Como, se Brasília é uma ilha da fan- ser indignados otimistas. Parabéns aos jornalistas que fazem
tasia em que a nutricionista e a roupeira da primeira-dama, sua parte. E a você, que faz sua parte como cidadão. u
Marcela Temer, desfrutam apartamentos funcionais e privilé-
gios? A imprensa denuncia. E sua pressão pode influenciar sim. Ruth de Aquino é colunista de ÉPOCA raquino@edglobo.com.br
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