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A Importância Do Estágio Supervisionado Na Formação Profissional Do Assistente Social PDF
A Importância Do Estágio Supervisionado Na Formação Profissional Do Assistente Social PDF
RESUMO
O presente estudo visa fazer uma reflexão crítica sobre os novos desafios impostos à profissão
numa perspectiva ampla de atuação e visando uma prática consciente e eficaz, voltada para
uma formação qualificada. Pretende-se ainda, fazer um estudo acerca da supervisão acadêmica
de estágio, sua real contribuição para a formação profissional do discente e a necessidade da
interlocução entre os três sujeitos envolvidos neste processo: aluno/estagiário – supervisor de
campo – supervisor acadêmico, uma vez que é no estágio que o perfil profissional do aluno
começa a ser formado.
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Graduada em Serviço Social Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Especialista em
Intervenção Social junto as Famílias – Faculdade Santo Agostinho de Montes Claros / MG. Mestranda em Serviço
Social – UNESP – Franca / SP (Conclusão em Abril/2013). Coordenadora do Curso de Serviço Social da Faculdade
Novos Horizontes de BH. Docente do Curso de Serviço Social do Centro Universitário de Formiga / MG. Assistente
Social do Núcleo de Práticas Jurídicas do Unifor – Formiga / MG. Membro Grupo de Estudos e Pesquisa de
Formação Profissional em Serviço Social - GEFORMSS – UNESP – Franca / SP
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I – INTRODUÇÃO
A origem do Serviço Social como profissão tem, pois, a marca profunda do capitalismo
e do conjunto de variáveis que a ele estão subjacentes - alienação, contradição,
antagonismo -, pois foi nesse vasto caudal que ele foi engendrado e desenvolvido
(MARTINELLI, 2009, p. 66).
Sendo assim, o presente trabalho visa uma reflexão sobre a formação profissional do
assistente social na atualidade, com foco no estágio supervisionado, sua verdadeira
contribuição para o discente, os dilemas e desafios encontrados na atual conjuntura para que o
mesmo seja desenvolvido com a sua devida importância e comprometimento, trazendo ao
futuro profissional uma formação qualificada e competente.
O tema é de suma importância na atualidade, pois, de forma direta é no processo de
formação profissional, sobretudo, no estágio supervisionado que o discente consegue transpor
os conteúdos dados em sala de aula de forma que o mesmo lhe propicie uma aproximação com
a prática numa dada realidade, rompendo com a deturpada e estigmatizada visão de que “na
prática a teoria é outra”.
II – DESENVOLVIMENTO
As mudanças significativas que ocorreram nos anos 90, no âmbito político, econômico e
social, trouxeram ao Serviço Social desafios e conquistas. Em 1993 foi aprovado o Código de
Ética do Assistente Social, baseado no Código de 1986 que tem como um dos seus princípios a
liberdade como valor ético central e a defesa intransigente dos Direitos Humanos. Ainda no ano
de 1993 é sancionada a LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social, que caracteriza a assistência
social como direito do cidadão e dever do Estado.
responsabilidade à sociedade civil. É no contexto das mudanças ocorridas nas relações sociais,
que o Serviço Social tem a tarefa de decifrar as novas demandas da realidade.
Diante de tal contexto, busca-se repensar a profissão do assistente social sob um olhar
mais crítico, um novo posicionamento que vise dar respostas às demandas sociais impostas
decorrentes da ofensiva neoliberal e do capitalismo operante. Para tanto, se faz necessário
voltar-se para o estágio supervisionado, sendo esse exigência fundamental para graduação. No
momento do estágio é que o aluno passa a ter contato real com o campo de atuação do
assistente social e experiências vividas na práxis atreladas à teoria adquirida academicamente,
contribuindo de forma positiva no processo de ensino-aprendizagem do ponto de vista prático,
teórico e reflexivo.
desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica e, por isso, deve ser planejado
gradativamente e sistematicamente”. (BURRIOLLA, 2001, p.13).
Lewgoy (2009) contempla que não há para o Serviço Social um método próprio de
atuação, da realização do exercício profissional, estes dependem de variáveis, o que reflete
diretamente na realização do estágio, e o choque com essa realidade torna na maioria das vezes
frustrante, desmotivante e até decepcionante o primeiro contato do acadêmico com a realidade
prática profissional.
Buriolla (2001) é concreta ao contribuir afirmando que o estágio é essencial à formação
do acadêmico, enquanto este lhe proporcione momentos específicos de aprendizagem, uma
reflexão sobre a ação profissional, uma visão crítica da dinâmica das relações existentes na
instituição campo apoiados na supervisão como processo dinâmico e criativo, tendo em vista
sempre possibilitar a elaboração de novos conhecimentos.
A formação em Serviço Social ganha elementos próprios, os quais fazem do estágio
momentos de dúvidas, questionamentos e incertezas aos estagiários. É neste momento que se
torna indispensável à presença do supervisor de campo, pois é ele quem guiará o acadêmico
para o conhecimento e uso dos instrumentos e realização das ações técnico-operativas. Mas, via
de regra, é aí que surge um outro questionamento no desenvolvimento do estágio; a
participação do supervisor; que seria o ponto chave para que o acadêmico compreenda bem a
prática profissional e seus entornos. Conforme destaca, Oliveira (2004):
A supervisão no ensino de Serviço Social envolve duas dimensões distintas, mas não
excludentes de acompanhamento e orientação profissional: uma supervisão
acadêmica, tida como prática docente e, portanto, sob responsabilidade do professor-
supervisor no contexto do curso, e a supervisão de campo, que compreende o
acompanhamento das atividades práticas do aluno pelo assistente social, no contexto
do campo de estágio. (OLIVEIRA, 2004. p. 68).
Buriolla (2001) atenta ainda para o fato de que, a supervisão é inerente ao exercício
profissional, e, enquanto a categoria e os cursos de Serviço Social não a considerar significativa
e não refletir e a incorporar dentro das preocupações do Serviço Social, a própria formação dos
profissionais estará “falha e comprometida”. Ribeiro (2010) ressalta que outra preocupação
eminente da formação prática está no descompromisso das instituições, ou seja, dos campos de
estágio, que não oferecem condições mínimas para o estudo da prática profissional,
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Outra conquista importante para o Serviço Social, foi a elaboração da PNE – Política
Nacional de Estágio, em 2010 pela ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em
Serviço Social, cujo objetivo é fundamentar, direcionar e qualificar o processo de formação do
assistente social. É seu objetivo ainda, vincular e fortalecer o projeto profissional a um projeto
societário, no contexto atual, visando a ampliação e garantia dos direitos, justiça e equidade.
Essa política é uma conquista da categoria, uma vez que a mesma vem materializar o espaço de
estágio com grandes avanços.
No Brasil, por volta da década de 1965, as práticas e a metodologia dos cursos de Serviço
Social foram alvo de críticas e recusa, envolvendo toda a categoria profissional, composta por
profissionais em exercício, inativos, profissionais recém-formados, discentes, docentes,
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coordenação, dentre outros profissionais de áreas afins, que também reivindicavam respostas
que de fato respaldassem as conflituosas expressões da questão social emergentes da
conjuntura ditatorial instaurada no país naquele momento.
Já no anos de 1970 e início da década de 1980, após vários debates e seminários
realizados por entidades representativas da categoria como o CFESS, CRESS, ABEPSS e ENESSO,
foi elaborada e sugerida uma nova proposta curricular para os cursos de Serviço Social, o que
culminou no ano de 1982 na revisão do currículo mínimo onde a tríade metodológica Serviço
Social de caso, grupo e comunidade foi substituída pela disciplina fundamentos teóricos e
metodológicos do Serviço Social.
Segundo afirmativa de Lewgoy (2010), diferentemente do currículo mínimo de 1970, que
pouco demonstrou e pronunciou sobre a necessidade e pertinência da integração do processo
de estágio na formação acadêmica, o documento revisado datado de 1982 supera essa
debilidade ao atribuir “às instituições de ensino o compromisso, a tarefa de se pronunciarem,
respaldadas no que fora instituído pelo Decreto – Lei 87.497, que dispõe sobre o estágio de
estudantes de ensino superior [...]” (Lewgoy, 2010, P.100).
O processo de estágio supervisionado constitui-se pelos seguintes sujeitos: aluno-
estagiário; supervisor de campo (assistente social); professor (supervisor acadêmico);
instituições de ensino; instituições de campo e demais profissionais envolvidos no lócus de
realização do estágio.
Quanto a inserção e encaminhamento do aluno ao campo de estágio, é de
responsabilidade das instituições de ensino e seus respectivos representantes, conforme
estabelece a Resolução 533/2008 em seu artigo 1º:
São ainda, obrigações cabíveis aos (as) estagiários (as) o cumprimento da jornada de
atividade de estágio de acordo com os horários e datas que forem estipulados entre eles (as), as
instituições acadêmicas e as partes concedentes do estágio.
No processo de estágio, de acordo com Lewgoy (2010), é importante que os alunos
conheçam a instituição n qual irá realizar seu trabalho, os usuários demandantes dos serviços
prestados, conhecer a realidade e entender como funciona o trabalho no local.
Em relação à supervisão de campo, ou seja, a supervisão direta em Serviço Social deve
ser salientado que essa é uma atribuição privativa do assistente social, sendo necessário que o
profissional esteja devidamente inscrito no CRESS de sua região, estando em dias com suas
atribuições, conforme ressalta a Resolução nº 533/2008 em seu artigo 5º:
Há que se discutir também se a busca acirrada pelo capital rebate de forma contundente
no processo de formação do assistente social, levando à deficiência da formação profissional,
materializada no processo de estágio supervisionado, o que mercantiliza a profissão.
Pretende-se ainda, publicar os resultados a fim de oferecer subsídios teórico-
metodológicos para uma formação de qualidade e competente.
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REFERÊNCIAS
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papéis. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
FALEIROS, Vicente de Paula. Saber Profissional e Poder Institucional. 6ª. Edição. São Paulo:
Cortez, 2001.
FORTI, Valéria & GUERRA, Yolanda. Na prática a teoria é outra? In: Serviço Social: Temas, Textos
e Contexto. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2010.
GUERRA, Yolanda. O ensino da prática no novo currículo: elementos para o debate. Palestra da
oficina ABEPSS. Região Sul I, maio: 2002.
_____. Análise dos Dados da Pesquisa sobre o Estado da Arte da Implementação das Novas
Diretrizes Curriculares. Oficina descentralizada de ABEPSS “10 Anos de diretrizes curriculares –
um balanço necessário”. MG: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), 2006. Texto mimeo.
_____. Serviço Social em tempo de capital fetiche. São Paulo: Cortez, 2007.
IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil. São Paulo: Cortez,
2009.
LEWGOY, Alzira Maria Baptista. Supervisão de estágio em serviço social: desafios para a
formação e exercício profissional. São Paulo: Cortez, 2009.
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MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço social: Identidade e alienação. 14. ed. São Paulo: Cortez,
2009.
NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social. 4ª. Edição. São Paulo: Cortez, 1998.
_____. Estágio Supervisionado Curricular em Serviço Social: Elementos para reflexão. In:
Revista da ABEPSS nº17, Ano IX – Janeiro, 2009.
RIBEIRO, Eleusa B. O Estágio no Processo de Formação dos Assistentes Sociais. In: Serviço
Social: Temas, Textos e Contexto. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2010.