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Catão, o Velho
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Marco Pórcio Catão (234 – 149 a.C.; em latim: Marcus Marco Pórcio Catão
Porcius Cato) foi um político e escritor da gente Pórcia da
Cônsul da República Romana
República Romana eleito cônsul em 195 a.C. com Lúcio
Valério Flaco. Ficou conhecido como Catão, o Velho,
Catão, o Censor, Catão Sapiente e Catão Prisco para
distingui-lo de seu bisneto, Marco Pórcio Catão, o Jovem.
É considerado o primeiro escritor importante a escrever prosa em latim e foi o primeiro autor de uma história da Itália
nesta língua. Alguns historiadores argumentaram que, se não fosse pelo impacto provocado por suas obras, o grego
teria substituído o latim como língua literária em Roma. Seu manual "De Agri Cultura" (também chamado de "De Re
Rustica"), que significa "Sobre a Agricultura" ou "Das Coisas Rústicas", é a única obra sua a ter sobrevivido completa.
Nela, entre muitos outros temas, está descrito o ritual da "suovetaurília".
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Índice
Origem
Gente Pórcia
Cognome Catão
Ano de nascimento
Juventude
Segunda Guerra Púnica
Período de paz
Moral romana
Trajetória política
Princípio da carreira militar e política
Questor
Edilato (199 a.C.) e pretorado (198 a.C.)
Consulado (195 a.C.) e proconsulado (194–193 a.C.)
Lex Oppia
Hispânia Citerior
Triunfo
Fim de seu consulado
Fim da carreira militar
Batalha de Termópilas
Visita a Atenas
Censorado
Anos finais
Delenda est Carthago
Vida doméstica
Obras de Catão
Ver também
Notas
Referências
Bibliografia
Fontes primárias
Fontes secundárias
Ligações externas
Origem
Gente Pórcia
Catão, o Velho, nasceu em Túsculo, uma cidade anexada no Lácio onde seus antepassados viveram por muitas
gerações. Seu pai havia conquistado uma grande reputação como soldado e seu bisavô havia chegou a receber uma
recompensa do estado ao matar cinco soldados montados em uma batalha. Apesar disto, os integrantes da gente
Pórcia jamais conseguiram obter um posto na magistratura romana. Quando começou sua carreira na capital, Catão
foi considerado pelos patrícios como um homem novo; o sentimento de estar em uma posição injusta aliada à sua
crença em sua própria superioridade em relação aos seus rivais políticos contribuíram para estimular ainda mais sua
ambição.
Cognome Catão
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Ano de nascimento
Para determinar a data de nascimento de Catão, o Velho, é preciso considerar os registros que fazem referência à sua
idade na data de sua morte, um acontecimento que se sabe com certeza ter ocorrido em 149 a.C.. Segundo a obra de
Cícero[6], Catão teria nascido em 234 a.C., o ano anterior ao consulado de Fábio Máximo, e morreu com 85 anos de
idade, durante o consulado de Lúcio Márcio Censorino (o cônsul que iniciou o cerco de Cartago) e Mânio Manílio.
Plínio[7] concorda com Cícero, apesar da da marcante tendência dos escritores clássicos de exagerarem a idade de
Catão. Segundo Valério Máximo[8], Catão passou dois oitenta e seis anos, enquanto que Lívio[9] e Plutarco[2]
defendem que ele teria mais de noventa anos quando morreu.
Plutarco rebate estas afirmações[2] ao mencionar em sua obra uma frase atribuída a Catão; nela, o censor afirma que
teria servido em sua primeira campanha com apenas dezessete anos, quando o comandante cartaginês Aníbal invadiu
a Itália à frente de um enorme exército. Apesar disto, Plutarco não observou que esta afirmação de sua principal fonte,
Lívio, estava incorreta ao tomar o décimo-sétimo ano de vida de Catão como sendo 222 a.C., vários anos antes da
invasão de Aníbal. A frase reforça o cômputo de Cícero ao estabelecer o décimo-sétimo ano de Catão na data
geralmente estabelecida para o início da Segunda Guerra Púnica (218 a.C.).
Juventude
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valorizava sua experiência militar, ele preferiu não revelar suas reais
afinidades políticas com o objetivo de manter a seu lado o jovem Catão. No
cerco de Taranto, em 209 a.C., Catão lutou novamente com Fábio e, dois
anos depois, fez parte do seleto grupo que acompanhou o cônsul Caio
Cláudio Nero da Lucânia até o norte da península Itálica, com o objetivo de
reter o avanço de Asdrúbal Barca. Os escritores antigos contam que Catão
contribuiu de forma decisiva para a vitória romana na Batalha de Metauro,
na qual Asdrúbal foi morto. A notícia da morte do grande general, que era
irmão de Aníbal, deixou-o numa situação desesperadora, especialmente Situação no Mediterrâneo no início
depois que os romanos atiraram a cabeça decepada de Asdrúbal por cima da Segunda Guerra Púnica. Catão
da muralha do acampamento cartaginês. participou ativamente desta
campanha, lutando em Cápua, na
Sicília e na África. Nesta época,
Período de paz ganhou a inimizade dos Cipiões
Moral romana
Perto das terras de Catão estava as de Lúcio Valério Flaco, um jovem patrício membro da poderosa gente Valéria. Na
sociedade romana da época estava ocorrendo uma transição entre os valores tradicionais da vida rústica, baseada
havia muito tempo no Lácio (e, de forma geral, em toda a Itália), para valores mais ostensivos, procedentes da
civilização helênica e oriental. A magistratura mais alta da política romana, o consulado, estava nas mãos de uma
poucas famílias aristocráticas imensamente ricas. Estes patrícios, apesar de famosos por sua corruptibilidade, também
eram populares entres os romanos por sua generosidade, modos elegantes, oratória refinada, conhecimentos artísticos
e literários e, sobretudo, pela fama de seus antepassados. Os nobres menos favorecidos reagiram criando uma facção
no Senado que defendia o retorno aos valores tradicionais herdados dos sabinos, um sinal da resistência e da robustez.
Flaco, um membro desta facção conservadora, não pôde ignorar a energia e a moral de Catão, sua austeridade e
padrão de vida, características às quais se somavam ainda a sua eloquência e talento militar. Os líderes da facção
senatorial que promovia a transição para um modelo orientalizado eram da família dos Cipiões, com Cipião Africano à
frente, Marco Cláudio Marcelo e Tito Quíncio Flaminino; a facção conservadora era liderada por Flaco, Fábio Máximo,
Catão e seus aliados.
Trajetória política
Flaco era um político muito perspicaz e esperava que emergissem jovens de valor para apoiarem sua facção, o que fez
de Catão, com sua eloquência e espírito marcial, um possível candidato. Ele sabia que as virtudes da coragem e da
capacidade de persuasão que Catão possuía eram muito valorizadas em Roma e que a única forma de ele conseguir
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alcançar as magistraturas mais elevadas era se destacando no Fórum Romano. Por isto, ele sugeriu ao jovem
camponês que dirigisse suas ambições para o campo político, assessorando-o sempre que possível. Flaco convidou
Catão até sua casa em Roma e ratificou seu apoio político, fazendo com que o jovem começasse a se destacar por suas
próprias habilidades na audiência do Fórum, o que fez de Catão um candidato mais do que viável para uma
magistratura.
Questor
Em 205 a.C., Catão foi nomeado questor e, no ano seguinte, começou a
desempenhar suas funções, marchando com Cipião Africano até a Sicília.
Quando Cipião conseguiu, apesar da forte oposição do Senado, obter a
autorização para cruzar para o norte da África, Catão e Caio Lélio foram
nomeados para escoltar a frota de transporte. A relação entre Catão e
Cipião não revelava simpatia alguma e não existia cooperação entre o
procônsul e o questor, já que, quando Cipião pediu ao Senado a permissão
para levar suas tropas para África para atacar os cartagineses em seu
próprio território, Fábio Máximo — o antigo general de Catão — se opôs e
Catão, cuja nomeação tinha por objetivo vigiar as ações de Cipião, aprovou
os pontos de vista de seu antigo comandante.
O autor de uma breve versão sobre a vida de Catão, cuja identidade é geralmente atribuída a Cornélio Nepos, afirma
que Catão, depois do regresso da África, fez uma parada na Sardenha e embarcou em seu navio o poeta Quinto Ênio.
Porém, é muito mais provável que o primeiro contato entre o poeta latino e o senador tenha ocorrido quanto este foi
pretor da Sardenha[14].
contraste entre seu modo de vida austero e a suntuosidade com a qual viviam os magistrados provinciais de status
ordinário. Os ritos religiosos se celebraram com uma razoável economia, a justiça foi administrada com razoável
imparcialidade, a usura foi perseguida com grande severidade e os culpados foram desterrados. A Sardenha havia
permanecido em paz por um longo período, mas se acreditarmos a improvável e carente de fontes versão de Aurélio
Vítor[15], Catão teria subjugado uma revolta na ilha durante seu mandato.
Lex Oppia
Em 195 a.C., Catão foi eleito cônsul com seu amigo de longa data e patrono, Lúcio Valério Flaco, que apresentou Catão
à sua futura esposa, Licínia, com que ele se casou aos trinta e nove anos de idade. Durante seu consulado dos dois
irrompeu uma grande disputa legal que revelou os arraigados ideais conservadores do cônsul. Em 215 a.C., no auge da
Segunda Guerra Púnica, um tribuno da plebe chamado Caio Ópio havia aprovado uma lei chamada Lex Oppia. O
objetivo dela era restringir o luxo desmesurado das mulheres romanas instaurando uma série de proibições, entre elas
a de vestir jóias de valor superior a uma onça de ouro, a utilização de vestidos multicoloridos e a utilização de veículos
para deslocamentos curtos, de menos de uma milha, exceto para comparecer a atos religiosos. Com Aníbal derrotado e
a economia da República novamente próspera, principalmente graças à incorporação dos tesouros cartagineses, não
havia necessidade de se continuar seguindo a Lex Oppia. Por isso, os tribunos Marco Fundânio e Lúcio Valério
tentaram derrogar a lei, mas foram combatidos por seus colegas Marco Júnio Bruto e Tito Júnio Bruto. Curiosamente,
esta disputa legislativa gerou mais interesse que os assuntos administrativos e estatais, que ficaram em segundo plano.
As mulheres de meia idade se postaram no Fórum e interpelavam seus maridos, suplicando-lhes que ajudassem a
restaurar os direitos das mulheres romanas. Cada vez mais decididas, as matronas imploraram aos pretores, cônsules
e consulares que derrogassem a lei, pressionando de tal modo o Senado que Flaco começou a ter dúvidas, mas Catão se
mostrou inflexível e proferiu um grosseiro discurso cujo teor foi preservado por Lívio. Mas, no fim, as mulheres
conseguiram o que queriam[16]. Cansados da persistência das matronas, os tribunos que se opunham retiraram seus
vetos e a odiada lei foi derrogada por todas as tribos. As mulheres, para celebrar a vitória, desfilaram em procissão
pelas ruas da capital ostentando as mais voluptuosas jóias e vestidos que possuíam, finalmente liberados[17].
Este espinhoso assunto não provocou grandes danos à imagem de Catão, apesar de sua ferrenha oposição. Assim que
terminou o seu mandato, Catão foi nomeado procônsul da Hispânia Citerior.
Hispânia Citerior
Durante a sua campanha na Hispânia, Catão se comportou de acordo com
sua reputação de trabalhador incansável e constantemente alerta. Viveu
em função de seus ideais estoicos, da forma mais sóbria possível e
compartilhando tanto as tarefas como os suprimentos de seus soldados
rasos e, sempre que possível, supervisionava pessoalmente as tarefas de
seus subordinados. Catão dirigia suas tropas de forma dinâmica e hábil,
sem revelar negligência na direção ou em suas táticas. Os movimentos do
exército de Catão eram cuidadosamente controlados para ajustarem-se às
estratégias dos demais generais romanos na região. Apesar de ser um
general jovem e talentoso, Catão mostrou uma rara humildade ao elaborar Hispânia em 196 a.C.. Catão serviu
suas estratégias seguindo os conselhos de suas principais lideranças. Catão na região como cônsul e procônsul
semeou a discórdia entre as tribos hispânicas e, aproveitando-se de suas durante a Revolta Ibera
fragilidades, chegou inclusive a empregar algumas delas contra outras na
forma de mercenários.
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Triunfo
Depois de sufocar os revoltosos no território localizado entre o Ebro e os Grécia e regiões vizinhas em
Pirenéus, Catão voltou a sua atenção para a administração da província. 200 a.C.. Catão serviu na região
Durante seu governo, as rendas aumentaram, especialmente por causa da como legado durante a Guerra
exploração das minas situadas na porção norte da Península Ibérica. romano-síria contra
Antíoco III, o Grande
Graças aos seus sucessos, o Senado Romano decretou três dias de "ação de
graças" ao glorioso general. No final de 194 a.C., Catão voltou para Roma e
o Senado votou a favor da celebração de um triunfo, no qual Catão exibiu uma quantidade extraordinária de ouro,
prata e latão. Durante a distribuição do butim, Catão se mostrou muito mais liberal do que suas próprias forças
esperavam dele[19].
Catão tentou, aparentemente, demonstrar, usando sua eloquência, a veracidade das contas financeiras de sua
província com o objetivo de contestar os ataques proferidos contra sua pessoa durante seu consulado, mas sem
sucesso. Existem fragmentos de alguns de seus discursos que dão testemunho da força de seus argumentos.
Plutarco[22] afirma que, depois de seu consulado, Catão acompanhou Tibério Semprônio Longo até a Trácia como
legado, mas é possível que seja um erro, já que, em 193 a.C., este mesmo Tibério Semprônio Longo foi nomeado
governador da Gália Cisalpina[23]. Neste ano, Catão financiou a construção de um pequeno templo em homenagem a
"Victoria Virgo", que ele próprio havia jurado dois anos antes, outro motivo pelo qual parece ser muito improvável
que ele tenha servido como legado na Macedônia[24].
Batalha de Termópilas
Apesar de não ser mais tão jovem, a carreira militar de Catão ainda não havia terminado. Em 191 a.C., ele foi nomeado
tribuno militar[25] pelo cônsul Mânio Acílio Glabrião, com o qual seguiu para a Grécia para enfrentar Antíoco III, o
imperador selêucida.
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Na decisiva Batalha de Termópilas, que não deve ser confundida com a famosa batalha do mesmo nome travada
durante as Guerras Médicas, que marcou o começo do fim de Antíoco, Catão provou seu grande valor. Em uma ousada
invasão ao território inimigo, o exército romano eliminou seus inimigos da Liga Etólia que estavam no ponto mais alto
do monte Eta, e, rapidamente desceu em direção ao acampamento inimigo, provocando grande terror e forçando a
retirada dos selêucidas da Grécia. Depois desta perigosa estratégia, Catão tornou-se muito popular entre as tropas, que
atribuíram-lhe todo o mérito pela vitória. Em seguida, no período entre a perseguição de Antíoco e a pacificação do
território grego, Catão foi enviado até Roma por Glabrião para comunicar a notícia da vitória. Ele fez a viagem muito
rapidamente e chegou à capital antes de Cipião Asiático, que havia partido antes que ele[26].
Visita a Atenas
Segundo Plutarco, durante a campanha na Grécia sob o comando de
Glabrião, depois de Termópilas, Catão foi enviado para proteger os
territórios de Corinto, Patras e Égio, com o objetivo de impedir que elas se
bandeassem para o lado de Antíoco. Foi então que Catão visitou Atenas
para impedir que os atenienses escutassem as propostas do imperador
selêucida e proferiu um discurso para a população local em latim. É
bastante provável que Catão tivesse conhecimentos básicos de grego, já
que, segundo Plutarco, Catão estudou este idioma durante a juventude em Acrópole de Atenas. Catão esteve
Tarento, onde ficou amigo do filósofo grego Nearco. Segundo Aurélio Vítor, na cidade, apesar de seu desprezo
durante o pretorado de Catão na Sardenha, Quinto Ênio lhe deu aulas de pela cultura grega
Censorado
Catão foi eleito censor em 184 a.C. junto com seu antigo patrocinador, Lúcio Valério Flaco. Com uma já bem
estabelecida reputação como soldado, Catão preferiu servir à República, esmiuçando a conduta dos candidatos aos
cargos públicos e dos generais em campo de batalha. Ainda que não tenha se envolvido pessoalmente na perseguição
contra os Cipiões (os irmãos Cipião Africano e Cipião Asiático) por corrupção, foi por sua iniciativa que se inflamou os
ataques políticos contra eles. Cipião Africano foi absolvido por aclamação depois de recusar-se a se defender das
acusações[nota 1]. Apesar disso, o escândalo das acusações acabou com a vida pública de Africano, que se retirou para
sua villa em Literno.
Apesar de tudo, Catão tinha em suas mãos uma tarefa ainda mais séria, já que ele era contra à expansão da nova
cultura helênica que ameaçava destruir a rude simplicidade do modo de vida romano. Ele considerava esta resistência
à invasão cultural como sua missão de vida e exibiu esta determinação com mais firmeza durante seu censorado, razão
pela qual receberia depois o epíteto de "o Censor". Catão revisou com severidade inusitada as listas de senadores e
cavaleiros, expulsando da sociedade romana todos os que ele não considerava merecedores, seja por motivos morais
ou pela ambição desmedida dos punidos. A expulsão de Lúcio Quíncio Flaminino por crueldade foi um exemplo de sua
rígida interpretação da justiça.
Suas imposições com relação ao luxo ostensivo foram muito severas. Ele impôs um pesado imposto sobre vestidos e
adornos pessoais, especialmente os femininos, e sobre os escravos jovens comprados para serem "favoritos". Em
181 a.C. Catão apoiou a Lex Orchia (segundo algumas fontes, ele primeiro se opôs à sua introdução e, depois, à sua
abolição), que prescrevia um limite ao número de hóspedes em uma hospedagem e, em 169 a.C., promoveu a Lex
Voconia, que, entre outras questões, continha uma norma que pretendia revisar a acumulação desproporcionada de
riquezas nas mãos de uma mulher.
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Além disso, Catão reparou os aquedutos de Roma, limpou os esgotos, coibiu o uso privado das águas públicas, ordenou
a demolição de casas que estreitavam as vias públicas e construiu a primeira basílica no Fórum Romano, perto da
Cúria Hostília, chamada Basílica Pórcia[29][30]. Catão aumentou também o valor a ser pago pelos publicanos pelo
direito de arrecadação de impostos e, ao mesmo tempo, diminuiu o preço dos contratos para a construção de obras
públicas.
Anos finais
De seu período como censor (184 a.C.) até a
Bacanália
sua morte (149 a.C.), Catão não ocupou
nenhum cargo público, mas continuou se
destacando como um dos mais
proeminentes Senadores como um
persistente adversário das novidades
orientais. Assim como muitos outros
romanos da época, tinha horror da
licenciosidade dos mistérios bacanais e
exigiu a expulsão dos filósofos gregos
(Carnéades, Diógenes da Babilônia e
Critolao), que haviam chegado à cidade
como embaixadores de Atenas, por causa da
natureza perigosa de seus pontos de vista.
"Oferenda a Baco", de Michel-Ange Houasse. Além disso, Catão detestava médicos, que
eram na sua maioria gregos. Articulou
também a libertação do historiador Políbio
e seus companheiros prisioneiros,
perguntando jocosamente aos senadores se
não tinham nada melhor para fazer além de
discutir se uns poucos gregos deveriam
morrer em Roma ou na Grécia. Não
conheceu a literatura grega antes dos
oitenta anos, apesar de alguns estudiosos de
suas obras defenderem que ele deve ter
conhecido as obras durante a sua vida.
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Cartago. Naquela época, durante as sessões do Senado e fora delas, repetia quase que como um mantra: "Ceterum
censeo Carthaginem esse delendam"» (que significa "Além disso, acredito que Cartago deve ser destruída")[31]. Esta
frase o imortalizou para a história.
Vida doméstica
Para Catão, a vida privada foi uma contínua disciplina, e a pública, a disciplina da maioria. Ele considerava o pater
familias como o germen da família e esta como o gérmen do Estado. Apesar do pouco tempo que dispunha, realizava
uma quantidade imensa de trabalho, exigindo a mesma atitude de seus familiares, o que deu-lhe a imagem de esposo
duro, pai rígido e um amo severo e cruel de seus escravos. Aparentemente, tratava de maneira praticamente idêntica
seus parentes e seus escravos e só o orgulho o levou a dispender mais tempo com seus filhos, Marco Pórcio Catão
Liciniano e Marco Pórcio Catão Saloniano.
Nada havia no comportamento de Catão que pudesse lhe valer uma censura de seus compatriotas, que o viam como
exemplo da forma de vida romana tradicional. Numa passagem na qual Lívio descreve o caráter de Catão, não há uma
só palavra de crítica, nem mesmo para sua rígida disciplina doméstica.
Durante toda a sua vida, Catão manteve o espírito rural que recebeu de seus pais na mais tenra idade. Ele se casou com
uma patrícia romana da gente Licínia. Com sua primeira esposa, teve apenas um filho, que ficou conhecido como
Marco Pórcio Catão Liciniano para diferenciá-lo de seu irmão. Em seu primogênito, Catão inculcou os mesmos valores
tradicionais. Liciniano foi um homem de grande valor, muito inteligente, brilhante jurista, político sagaz e um grande
soldado.
Apesar disto, a morte de sua primeira esposa, a inegável moralidade de Catão foi arranhada quando ele, apesar de já
estar em idade avançada, tomou uma nova esposa entre suas escravas em idade fértil. A eleita por Catão foi uma jovem
muito bela chamada Salônia que lhe deu um filho chamado Marco Pórcio Catão Saloniano. Catão Liciniano desprezou
o pai por isso e se separou dele.
A inimizade entre os dois ramos da família de Catão se acentuou depois da morte do patriarca. Apesar de, em tese, o
ramo que tinha maior facilidade para fazer história, graças principalmente ao maior poder econômico e influência
política, era o dos Licinianos, o mais conhecido foi o dos Salonianos, graças a um ilustre descendente, Catão, o
Jovem[32].
Obras de Catão
Catão não ficou famoso apenas por sua importância política e feitos militares, mas também por sua habilidade como
escritor. Foi também um historiador, o primeiro escritor de relevo de prosa em latim[33] e o primeiro autor de uma
história da Itália em latim. Alguns historiadores argumentaram que, não fosse pelo impacto que provocaram as obras
de Catão, o grego teria substituído o latim como língua literária em Roma[34]. Catão é um dos poucos autores nativos
da literatura latina que podiam afirmar que este idioma era sua língua materna[35].
Seu manual sobre se deve dirigir uma propriedade rural ("De Agri Cultura" ou "Sobre a Agricultura"), é a única de
suas obras a ter sobrevivido completa. Trata-se de uma coleção de livros que compila as normas e regras sobre
a criação e gestão de propriedades rurais, incluindo anedotas sobre como era a vida rural dos camponeses
itálicos do século II a.C.. Adotado por muitos como livro texto, De Agri Cultura ensinava como gerir uma grande
fazenda, com muitos escravos. Catão aconselha os fazendeiros na aquisição dos trabalhadores para a colheita
de azeitonas[36], além de ensinar uma técnica de turnos para o descanso dos escravos que evitavam o cansaço
extremo de alguns, o que provocaria uma queda na produção. Catão defende na obra que era necessário vender
os escravos quando eles envelheciam ou ficavam doentes[37]. Catão proporcionou aos fazendeiros interessados
por sua obra uma série de discursos que são citados por diversos outros autores latinos[38].
A obra que provavelmente é a mais importante de Catão, "Orígenes", oferece, em um pequeno compêndio de
sete livros, uma visão da história antiga das cidades italianas, especialmente Roma, sobre a qual escreve desde
a época da fundação até seus dias. Apesar de ter se perdido, diversos fragmentos sobreviveram graças nas
citações dos antigos autores[39].
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Durante o Império Romano, havia ainda uns 150 discursos políticos de Catão, nos quais ele proclamava sua
repulsa à decadência da moral romana e se vingava verbalmente de seus adversários políticos. Atualmente, não
sabemos sequer os títulos destes discursos, apesar de serem conhecidos alguns fragmentos de alguns. O
primeiro para o qual se pode estabelecer uma data concreta é uma obra conhecida como "Sobre a Eleição dos
Edis", escrita em 202 a.C.. Existe ainda uma obra que contempla uma série de discursos da época de seu
consulado em diante seguidos de uma retrospectiva auto-justificada chamada "Sobre seu Consulado", que
recompila diversos discursos da época de seu censorado também. Não se sabe se Catão permitia que outros
lessem ou copiassem seus discursos enquanto estava vivo. Também não se sabe como e de que forma eles
circularam depois de sua morte[40].
Ver também
Cônsul da República Romana
Sucedido por:
Precedido por: Marco Pórcio Catão 'Cipião Africano II
'Lúcio Fúrio Purpúreo 195 a.C.
com Tibério Semprônio
com Marco Cláudio Marcelo com Lúcio Valério Flaco
Longo
Notas
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1. Michel de Montaigne põe as seguintes palavras na boca de Cipião: "Vamos, concidadãos, vamos dar graças aos
deuses hoje pela vitória que alcancei contra os cartagineses naquele dia!"[28].
Referências
24. Lívio, Ab Urbe Condita XXXV 9.
1. Vidal, Gerardo (2002–3). Catón el viejo y la primera
asimilación romana de la cultura griega (em 25. Lívio, Ab Urbe Condita XXXVI 17, 21.
espanhol). [S.l.: s.n.] pp. 115–26 Verifique data em: 26. Lívio, Ab Urbe Condita XXXVI 21.
|ano= (ajuda) 27. Valério Máximo II 2. § 2.
2. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Catão, o Velho 1. 28. Michel de Montaigne (2003). Ensaios (http://www.cer
3. Cícero, Laelius, sive De Amicitia 2. vantesvirtual.com/servlet/SirveObras/0137271970024
4. Juniano Justino xxxiii.2 8615644802/index.htm) (em espanhol). Alicante:
Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
5. Aulo Gélio XVII 21.
29. Lívio, Ab Urbe Condita XXXIII 44.
6. Cícero, De Senectute 4.
30. Plutarco, Vidas Paralelas, Catão, o Velho 19.
7. Plínio, História Natural xxix.8.
31. Plutarco, Vidas Paralelas, «Vida de Catão, o Velho»
8. Valério Máximo VIII 7.1. (http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Text
9. Lívio, Ab Urbe Condita XXXIX 40. s/Plutarch/Lives/Cato_Major*.html).
10. Wilhelm Drumann, Geschichte Roms (Historia de penelope.uchicago.edu
Roma), v. p. 99, 6 Bde. Königsberg 1834-1844. 32. Colleen Mccullough, La Corona de Hierba.
11. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Catão, o Velho 3: 33. Rodríguez Martínez, Felipe (2005). Misterios de las
"Cipião lhe respondeu (...) que não precisava de um religiones: Catón el Viejo, el defensor de Roma. [S.l.]:
questor tão severo, pois ele devia prestar conta à Clarendon Press
cidade de suas ações e não do dinheiro". 34. Bonner, Stanley F. (1984). La educación en la antigua
12. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Catão, o Velho 3. Roma: desde Catón el Viejo a Plinio el joven (em
13. Lívio, Ab Urbe Condita XXIX 19 etc. espanhol). Barcelona: Herder
14. Aurélio Vítor, Origo Gentis Romanae , 47. 35. (Dalby 1998, pp. 7-8).
15. Aurélio Vítor, Origo Gentis Romanae, 47. 36. Catão, o Velho, De Agri Cultura 64–8.
16. Lívio, Ab Urbe Condita XXXIV 1, 8. 37. Catão, o Velho, De Agri Cultura 2.
17. Valério Máximo IX 1. §3. 38. (Dalby 1998, pp. 22-28).
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Bibliografia
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Herder
Ligações externas
ulatin/llibreIII/autor.asp?autor=caton). Universidad
Este artigo incorpora texto da Encyclopædia Autónoma de Barcelona (em espanhol)
Britannica (11ª edição), publicação em domínio
«Catón, el viejo padre de las Letras latinas» (http://w
público.
ww.elmundo.es/magazine/2005/284/1109967062.htm
De Lingua Latina Lectiones (Aula latina): Catão (htt l?a=5eac2f4aeae52faac139f48471dc39ef&t=1134635
p://web.archive.org/web/http://antalya.uab.es/pcano/a 704). El Mundo Magazine (em espanhol) (284)
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