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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA

DE GOIÁS – PUCGO
DEPARTAMENTO DE BIOMEDICINA – CBB

APOSTILA I
BIOQUÍMICA III

DISCIPLINA: CBB – 3243 – BIOQUÍMICA III


DOCENTE: IVANISE CORREIA DA SILVA MOTA

2009
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SUMÁRIO

1.
Histórico......................................................
...............................................03
2.
Glicólise......................................................
................................................04
3. Ciclo de
Krebs...........................................................
................................08
4. Via das Pentoses-
fosfato.........................................................
...............11
5.
Bibliografia..................................................
................................................14

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HISTÓRICO
Em 1860, Loius Pasteur observou e descreveu o processo de
fermentação como um processo indissoluvelmente ligado às
células vivas.

Em 1897, Hans e Eduard Büchner pesquisavam como conservar


extratos de levedura isento de células, sem utilizar anti-sépticos.
Experimentaram então a sacarose, como substância conservadora
e o resultado foi uma fermentação com rápida produção de álcool.

Em 1905, Arthur Harden e William Young, ao unirem glicose com


extrato de leveduras observaram uma rápida e breve fermentação,
contudo, ao adicionarem fosfato inorgânico (Pi) o processo
fermentado continuava. Posteriormente, isolaram a frutose 1,6
bisfosfato, chegando a outros compostos presentes na degradação
da glicose.

A via glicolitica completa foi elucidada por volta de 1940. Vários


foram os cientistas que contribuíram para o esclarecimento da via
entre eles: Gustav Embdet, Otto Meyerhof, Carl Neuberg, Jacob
Parnas, Otto Warburg, Gerty Cori e Carl Cori.

Nos organismos superiores o processo de produção de energia a


partir da oxidação dos alimentos é composto por 03(três) estágios
de geração de energia:

# 1º As moléculas maiores dos alimentos sofrem quebras na sua


estrutura molecular até se tornarem unidades menores, gerando

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então os “osídeos” que serão hidrolisados`a ”oses”, as proteínas a
aminoácidos e os lipídeos a glicerol e ácidos graxos.

# 2º A glicólise – numerosas moléculas de glicose são degradadas a


unidades simples, gerando energia utilizável na forma de alguns
poucos ATP e exercem papel central no metabolismo.

# 3º Ciclo de Krebs ou Ciclo do ácido cítrico e fosforilação oxidativa –


Momento de degradação dos alimentos de maior produção de
energia(mais de 90% de ATP).

GLICÓLISE

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A maioria dos tecidos tem alguma necessidade de glicose,
por esta razão, a glicólise é a principal via do metabolismo da glicose,
ocorrendo no citosol de todas as células. A capacidade da glicólise de
produzir ATP na falta de oxigênio permite que o músculo esquelético
trabalhe em níveis elevados mesmo na falta de oxigênio.

A concentração de glicose na corrente sanguínea é mantida a


níveis sensivelmente constantes. A glicose entra nas células por
difusão facilitada. Este processo não permite a acumulação na célula
de concentrações de glicose superiores às existentes no sangue,
consequentemente tem de manter glicose em seu interior, sendo
realizado por modificação química da glicose pela enzima
hexoquinase:

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A membrana celular é impermeável à glicose-6-fosfato, que
pode por isso ser acumulada na célula. A glicose-6-fosfato será
utilizada na síntese do glicogênio (uma forma de armazenamento de
glicose), para produzir outros compostos de carbono na via das
pentoses fosfato, ou degradada para produzir energia - glicólise.

Para poder ser utilizada na produção de energia, a glicose-6-


fosfato é primeiro isomerizada a frutose-6-fosfato. A frutose-6-fosfato
é depois fosforilada a frutose-1,6-bisfosfato. Este é o ponto de não-
retorno desta via metabólica: a partir do momento em que a glicose
é transformada em frutose-1,6-bisfosfato não pode ser usada em
nenhuma outra via.

Seguidamente, a frutose-1,6-bisfosfato é clivada em duas


moléculas de três carbonos cada:

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Estas duas moléculas (dihidroxiacetona fosfatada e
gliceraldeído-3-fosfato) são facilmente interconvertíveis por
isomerização. Portanto, basta uma via metabólica para degradar as
duas. É por esta razão que a glicose-6-P foi isomerizada a frutose-6-P:
Os aldeídos têm potenciais de oxidação-redução bastante baixos A
reação de oxidação do gliceraldeído-3-fosfato pelo NAD + é bastante
espontânea. É uma reação tão exergónica que pode ser usada para
produzir ATP . A produção de ATP é feita em dois passos. No primeiro,
dá-se a oxidação do gliceraldeído-3-fosfato e a fosforilação do ácido
produzido.

Os ácidos fosforilados (tal como os fosfoenóis e os


fosfoguanidinos) têm grupos fosfatos bastante energéticos: a saída do
grupo fosfato dá origem a espécies muito mais estabilizadas por
ressonância. O grupo fosfato do carbono 1 do 1,3-bisfosfoglicerato
pode por isso ser transferido para ADP, produzindo ATP.

O 3-fosfoglicerato é isomerizado a 2-fosfoglicerato, que depois


de desidratado e. perder H2O dá origem a um fosfoenol:

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Devido ao seu elevado potencial de transferência de fosfato, o
fosfoenolpiruvato pode transferir um fosfato o ADP:

Na glicólise gastam-se portanto dois ATP (primeira fase até a


formação das duas moléculas de gliceraldeído-3-fosfato), e
produzem-se quatro ATP. O NAD+ tem de ser regenerado, caso
contrário a glicólise pára, uma vez que é substrato de uma das
reações. Em condições aeróbicas, o NADH transfere os seus elétrons
para a cadeia transportadora de elétrons. Na ausência de O 2 o NADH
transfere os seus elétrons para o próprio piruvato, dando origem a
lactato. É o que se denomina fermentação : um processo em que o
aceitador final dos elétrons provenientes da degradação é um produto
orgânico da própria degradação.

Regulação

Hexoquinase - Inibda pelo próprio produto Glicose-6-fosfato.

Fosfofrutoquinase - Principal enzima no controle da via glicolítica,


altos níveis de ATP e citrato exercem inibição. Outro agente a inibi-la
é H+. É estimulada por frutose-6-fosfato, AMP e ADP.

Piruvatoquinase - Controla o final da via que gera ATP e piruvato. O


ATP e o acetil-CoA a inibe.

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CICLO DE KREBS

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O piruvato produzido na glicólise ainda contém bastante poder
redutor .Este poder redutor vai ser aproveitado pela célula no Ciclo
de Krebs ou Ciclo do Ácido Cítrico, ocorrendo no interior
mitocondrial. Em primeiro lugar, o piruvato é utilizado para produzir
acetil-CoA, que é uma forma ativada de acetato.

Nesta reação intervém a piruvato desidrogenase. É uma enzima


bastante complexa, que contém bastantes cofatores: lipoamida, FAD,
coenzima A. A hidrólise do acetil-CoA é bastante exergónica, pelo que
a sua formação exige energia. Essa energia provém da
descarboxilação do piruvato A energia proveniente de
descarboxilações é frequentemente usada pela célula para empurrar
um equilíbrio no sentido da formação de produtos.

Na primeira reação do ciclo de Krebs, o acetil-CoA é adicionado a


oxaloacetato, dando origem a citrato, numa reação de adição
aldólica. A hidrólise do tioéster ajuda a deslocar o equilíbrio no
sentido da formação de produtos:

O citrato é depois isomerizado a isocitrato. Este é então


descarboxilado a a-cetoglutarato. Se o citrato não tivesse sido
isomerizado a isocitrato antes da descarboxilação, esta produziria um
composto de carbono ramificado, mais difícil de metabolizar.

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Tal como o piruvato, o α-cetoglutarato é um α-cetoácido, i.e.,
possui um grupo carbonilo adjacente ao grupo ácido carboxílico. É
portanto de prever que reaja exactamente como o piruvato, i.e., que
a sua descarboxilação forneça energia suficiente para que se forme
uma ligação tioéster com a coenzima A A enzima responsável por
esta reação, a α-cetoglutarato desidrogenase,.

A ligação tioéster do succinil-CoA é bastante energética. A sua


hidrólise vai constituir o único ponto do ciclo de Krebs onde ocorre
produção direta de ATP (ou equivalente).

O succinato é, tal como o oxaloacetato, um produto com quatro


carbonos. A parte final do ciclo de Krebs consiste em regenerar o
oxaloacetato a partir do succinato. O succinato é primeiro oxidado a
fumarato, pelo complexo succinato desidrogenase (também
denominado complexo II), que se encontra na face matricial da
membrana interna da mitocôndria. A oxidação de ligação simples a
dupla (alcanos a alcenos) tem um potencial demasiado elevado para
que os elétrons possam ser aceites pelo NAD + . A célula utiliza
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portanto FAD como aceitador destes elétrons. A hidratação do
fumarato produz malato, que depois é oxidado a oxaloacetato,
completando o ciclo. Uma seqüência semelhante de reações ocorre
na β-oxidação dos lipídeos.

O resultado do ciclo de Krebs é portanto:

Acetil-CoA + oxaloacetato + 3 NAD+ + GDP + Pi +FAD  oxaloacetato


+ 2 CO2 + FADH2 + 3 NADH + 3 H+ + GTP

Regulação

Piruvato desidrogenase – Inibida pelo próprios produtos: acetil-CoA e


NADH, estimulada pelo íon cálcio.

Citrato sintase – Inibida pelo citrato, NADH e succinil-CoA.

Isocitrato desidrogenase e a-cetoglutarato desidrogenase – Inibidas


por NADH e succinil-CoA e estimuladas por íon cálcio. A isocitrato
desidrogenase é também inibida por ATP e estimulada por ADP.

VIA DAS PENTOSES-FOSFATO:

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Para realizar o seu anabolismo, a célula não precisa apenas de
energia (ATP): também precisa de poder redutor, sob a forma de
NADPH. O NADPH é produzido durante a oxidação da glicose-6-fosfato
por uma via distinta da glicólise, a via das pentoses-fosfato ou
desvio da hexose-monofosfato. Esta via é muito ativa em tecidos
envolvidos na biossíntese de colesterol e de ácidos gordos (fígado,
tecido adiposo, córtex adrenal, glândulas mamárias). Esta via
também produz ribose-5-P, o açúcar constituinte dos ácidos
nucleicos.

A glicose-6-fosfato é primeiro oxidada no seu carbono 1, dando


origem a uma lactona (um ácido carboxílico cíclico). Os elétrons
libertados são utilizados para reduzir uma molécula de NADP +. O anel
é então aberto por reação com água:

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A descarboxilação do gluconato liberta dois elétrons, que vão
reduzir outra molécula de NADP+. Obtém-se assim um açúcar de 5
carbonos, a ribulose-5-fosfato, que por isomerização é transformado
em ribose-5-P.

O que se passa a seguir depende das necessidades da célula: se


a célula só precisar de NADPH e não precisar de ribose-5-P esta
poderá ser reaproveitada. Isto é feito através de 3 reações. Na
primeira, a ribose-5-P recebe dois carbonos da xilulose-5-P (obtida por
epimerização da ribulose-5-P):

Seguidamente, são transferidos três carbonos da sedoeptulose-


7-P para o gliceraldeído-3-P:

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Por transferência de dois carbonos da xilulose-5-P para a
eritrose-4-P, forma-se outra molécula de frutose-6-P e uma molécula
de gliceraldeído-3-P:

O balanço destas últimas reações é:

2 xilulose-5-P + ribose-5-P -----> 2 frutose-6-P + gliceraldeído-3-P

A frutose-6-P e o gliceraldeído-3-P podem ser utilizados na


glicólise para produção de energia, ou reciclados pela gliconeogénese
para formar novamente glicose-5-P. Neste último caso, através de seis
ciclos da via das pentoses-fosfato e da gliconeogénese uma molécula
de glicose-6-P pode ser completamente oxidada a seis moléculas de
CO2 com produção simultânea de 12 moléculas de NADPH. Quando as
necessidades de ribose-5-P são superiores às de NADPH, esta pode
ser produzida por estas reações a partir de frutose-6-P e
gliceraldeído-3-P.

Regulação

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O fluxo é determinado pela velocidade da reação da glicose-6-
fosfato-desidrogenase, que é controlada pela
disponibilidade de NADP+.

BIBLIOGRAFIA

*CAMPBELL, MARY K. Bioquímica, 3. ed. Porto Alegre:Artmed, 2000.

*CHAMPE, P. C., HARVEY, R. A., FERRIER, D. R. Bioquímica Ilustrada.


3. ed.Porto Alegre: Artmed, 2006.

* CONN, E. E.; STUMPF, P. K. Introdução a bioquímica. 4 ed.


Tradução de J. R. Magalhães; L. Mennucci. São Paulo: Edgard Blücher,
2001. 525 p. Tradução de: Outlines of biochemistry.

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4. ed. São Paulo:Edgard Blücher Ltda, 2000.

*KOZLOSKI, G. V. Bioquímica dos ruminantes. Santa Maria: UFSM,


2002.

* LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de


bioquímica. Tradução de W.R. Loodi, e A.A. Simões. São Paulo:
Sarvier, 2003. 839 p. Tradução de: Principles of biochemistry

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* VIEIRA, E.C.; GAZZINELLI, G.; MARES-GUIA, M. Bioquímica celular
e biologia molecular. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 2006. 360 p.

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