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2- Metabolismo dos Hidratos de Carbono

2.2- Ciclo de Krebs ou Ciclo do Ácido Cítrico

Sob condições aeróbias, o próximo passo para obter energia da glucose


corresponde à descarboxilação oxidativa do piruvato (produto da glicólise) para
formar a Acetil Coenzima A (Acetil CoA).

O grupo acetil é depois completamente oxidado a CO2 por uma série de reações
denominadas por Ciclo do Ácido Cítrico ou Ciclo de Krebs.

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O ciclo do Ácido Cítrico é um ponto central do metabolismo celular:

É via biossintética final para a oxidação aeróbia


de substratos orgânicos (glúcidos, aminoácidos;
lípidos), que na maior parte dos casos entram no
ciclo sob a forma de acetil CoA.

É uma importante fonte de precursores para a


biossíntese de macromoléculas.

Todas as reações do ciclo de Krebs ocorrem na matriz mitocondrial

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Uma unidade de 2 carbonos CH3CO-(acetil)
Resumo do
entra no ciclo e é oxidada a 2 moléculas de
Ciclo do Ácido Cítrico
CO2.

Uma série de reações de oxidação-redução


ocorrem no ciclo resultando na formação de 3
moléculas de NADH e uma molécula de FADH2.
Estes transportadores de electrões produzem 9
moléculas de ATP quando são depois oxidados
pelo O2 na cadeia respiratória.

Há ainda a produção de uma molécula de GTP


(ligação fosfoanidro altamente energética).

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Função do Ciclo do Ácido Cítrico na Respiração Celular

O Ciclo de Krebs juntamente com a fosforilação oxidativa fornecem a maior parte


da energia usada pelas células aeróbicas ( mais de 95% nos seres humanos

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2.2.1- Formação da Acetil CoA a partir do Piruvato

Em condições aeróbicas, o piruvato é transportado para a matriz mitocondrial por


um transportador específico num sistema de antiporte com o OH-.

Na matriz mitocondrial o piruvato sofre uma descarboxilação oxidativa formando-


se Acetil CoA:

Piruvato + CoA + NAD+ → Acetil CoA + CO2 + NADH

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2.2.1- Formação da Acetil CoA a partir do Piruvato

A descarboxilação oxidativa do piruvato a acetil CoA é uma reação irreversível


que canaliza o produto da Glicólise para o Ciclo de Ácido Cítrico.

Esta reação é catalisada por um complexo enzimático denominado PIRUVATO


DESIDROGENASE

Tiamina Pirofosfato (TPP) CoA


Ácido Lipoico
NAD+
FAD

Cofatores catalíticos Cofatores estequiomérticos

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A conversão do piruvato a acetil CoA ocorre em quatro passos:

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A conversão do piruvato a acetil CoA ocorre em quatro passos:

(1) Descarboxilação do piruvato (intervém a tiaminapirofosfato):

Piruvato + TPP → Hidroxietil TPP + CO2

(2) Oxidação do grupo Hidroxietil a Acetil (pelo grupo lipoamida que fica
oxidado)

(3) O grupo acetil é transferido para a CoA regenerando-se a lipoamida na


forma reduzida.

(4) A lipoamida é oxidada com a produção de uma molécula de FADH2 que


finalmente é regenerado a FAD com a produção de NADH.

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Função das enzimas constituintes do Complexo PIRUVATO
DESIDROGENASE

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2.2.2- Sequência de reações que ocorrem no Ciclo do Ácido Cítrico

Uma molécula de oxaloacetato liga-se com a acetil CoA para formar o citrato

Esta reação resulta na produção de um derivado C6 a partir de uma molécula


C4 e outra C2 e na regeneração do CoA-SH.

A enzima responsável por este processo é a CITRATO SINTETASE

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Citrato é isomerisado a Isocitrato

Esta reação é acompanhada de uma desidratação seguida de uma hidratação,


o que resulta na troca de posição de um átomo de Hidrogénio e de um grupo
Hidroxilo. A enzima que catalisa esta reação é a ACONITASE

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Isocitrato (C6) é oxidado e descarboxilado a -cetoglutarato (C5)

Esta reação é a primeira das quatro reações de oxidação redução que ocorrem no
ciclo de Krebs.

O grupo hidroxilo do isocitrato é oxidado a um grupo carbonilo com a produção de


uma molécula de NADH. O b-cetoácido formado é seguidamente descarboxilado a -
cetoglutarato com a libertação de CO2. A enzima catalisadora desta reação é a
ISOCITRATO DESIDROGENASE M. Neves 13
Produção da sucinil CoA por descarboxilação oxidativa do -
cetoglutarato

-cetoglutarato + NAD+ + CoA → sucinil CoA + CO2 + NADH

Esta reação corresponde à segunda oxidação redução que ocorre


no ciclo. A descarboxilação que ocorre neste processo, faz com que
a partir de agora os intermediários do ciclo tenham 4 carbonos (C4).

Esta reação é catalisada pelo complexo enzimático -CETOGLUTARATO


DESIDROGENASE.
O mecanismo similar ao da conversão do piruvato a acetil CoA (também usa TPP, o
ácido lipoico, o FAD, a CoA e o NAD+ como cofactores.

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Formação de uma molécula de GTP a partir da sucinil CoA

Sucinil CoA + Pi + GDP → Sucinato + GTP + CoA

A ligação tioester da sucinil CoA é altamente energética. A clivagem desta ligação é


acoplada à fosforilação de uma molécula de GDP. Esta reação é catalisada pela
SUCINIL CoA SINTETASE.

É a única reação do ciclo de Krebs que resulta na formação direta de uma ligação
fosfoanidro altamente energética. GTP é usado na fosforilação durante a síntese
proteica e como sinal no processo de tradução. Alternativamente pode ser usado
para produzir ATP:
ADP + GTP → ATP + GDP

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Regeneração da molécula de oxaloacetato por oxidação do sucinato

Sucinato é convertido em oxaloacetato em três passos:

✓ Oxidação do sucinato a fumarato pela SUCINATO DESIDROGENASE, com a


produção de FADH2
✓ Hidratação do fumarato a L-malato pela enzima FUMARASE
✓ Oxidação do malato a oxaloacetato pela enzima MALATO DESIDROGENASE
com a produção de NADH

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Estequiometria do Ciclo do Ácido Cítrico

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Estequiometria do Ciclo do Ácido Cítrico

Acetil CoA + 3 NAD+ + FAD + GDP + Pi + 2 H2O → 2 CO2 + CoA + 3 NADH + FADH2 + GTP + 2
H+
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Estequiometria do Ciclo do Ácido Cítrico

- Dois átomos de carbono entram no ciclo sob a forma de acetil e dois átomos de
carbono diferentes saem sob a forma de CO2, nas descarboxilações sucessivas
catalisadas pela ISOCITRATO DESIDROGENASE e pela -CETOGLUTARATO
DESIDROGENASE.

- Quatro pares de átomos de Hidrogénio (8 e-) saem do ciclo em quatro reações


de oxidação redução. Dois NADH são produzidos pela descarboxilação oxidativa
do isocitrato e do -cetoglutarato. Um FADH2 é produzido pela oxidação do
sucinato a fumarato. Um último NADH é produzido na oxidação do malato a
oxaloacetato.

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Estequiometria do Ciclo do Ácido Cítrico

- Há formação de uma ligação fosfoanidro sob a forma de GTP à custa da


energia libertada na quebra da ligação tioester da sucinil-CoA.

-São consumidas duas moléculas de água. Uma na hidrólise do citril CoA para se
formar CoA e citrato, e outra na hidratação do fumarato a malato.

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Como veremos no próximo capítulo, as 3 moléculas de NADH e a molécula de
FADH2 são oxidadas pelo O2 na cadeia respiratória. Neste processo há
produção de 9 moléculas de ATP.

Apesar do O2 não ser um interveniente direto do ciclo do ácido cítrico, este só


ocorre em condições aeróbicas. As moléculas de NAD+ e FAD só são
regeneradas na mitocôndria pela cadeia respiratória.

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2.2.3- Regulação do Complexo PIRUVATO DESIDROGENASE e do
CICLO DE KREBS

Regulação do complexo PIRUVATO


DESIDROGENASE

A formação do Acetil CoA a partir do piruvato é um ponto


chave no metabolismo dos animais, pois estes são
incapazes de produzir piruvato a partir da Acetil CoA

O Complexo PIRUVATO DESIDROGENASE é por esta


razão altamente regulado

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Regulação do complexo PIRUVATO DESIDROGENASE

PIRUVATO DESIDROGENASE é inibida quando há abundância de


energia e de intermediários biossintéticos

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• Fosforilação da piruvato desidrogenase, (por uma cinase específica) torna o
complexo inativo.

• A desfosforilação, (por uma fosfatase específica) ativa o complexo piruvato


desidrogenase.

• O aumento da proporção NADH/NAD+ ; Acetil CoA /CoA; ATP/ADP


promovem a fosforilação e em consequência desativam o complexo piruvato
desidrogenase.

• Piruvato inibe a fosforilação e por consequência ativa o complexo piruvato


desidrogenase

• Ca2+ (libertado por acção de hormomas como a vasopressina e a Insulina)


promovem a desfosforilação e ativam o complexo.
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Regulação do Ciclo de Krebs

A regulação do Ciclo de Krebs é feita responde às necessidades de ATP das


células animais, e é feita essencialmente em dois pontos:

• Isocitrato Desidrogenase é inibida pelo ATP e pelo NADH e ativada pelo


ADP

• -cetoglutarato desidrogenase é inibida pela sucinil CoA pelo NADH e


pelo ATP.

• Em algumas bactérias, a inibição da Citrato sintetase pelo ATP


corresponde também a um ponto chave de regulação do Ciclo de Krebs.

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Pontos chave da Regulação
do Ciclo de Krebs

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2.2.4- O Ciclo do Ácido Cítrico é uma fonte de precursores da
biossintese de macromoléculas

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2.3- Ciclo do Glioxilato

Esta via metabólica, muito semelhante ao ciclo do ácido Cítrico, permite


às plantas e bactérias crescerem usando acetato como fonte de
carbono e energia.

A reação global do Ciclo do Glioxilato pode ser resumida na equação


seguinte:

2 Acetil CoA + NAD+ + 2 H2O → Sucinato + NADH + 2 CoA + 2 H+

Plantas e bactérias podem sintetizar acetil CoA directamente a partir do


acetato (com gasto de 2 moléculas de ATP):

Acetato + ATP + CoA → Acetil CoA + AMP + PPi

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Ciclo do Glioxilato

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Ciclo do Glioxilato

Neste ciclo, o isocitrato (C6) é clivado a sucinato (C4) e a glioxilato (C2) pela enzima
ISOCITRATO LIASE.

Glioxilato reage depois com a Acetil CoA, formando o malato e libertando a CoA. Esta
reação é catalisada pela MALATO SINTETASE

Finalmente, e à semelhança do que acontece no Ciclo de Krebs, o malato é oxidado a


oxaloacetato, pela enzima MALATO DESIDROGENASE com a produção de NADH.

O Sucinato pode depois ser convertido em carbohidratos.

Os organismos que possuem o ciclo do glioxilato, são metabolicamente mais


versáteis, pois conseguem transformar gorduras em carbohidratos.

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Em bactérias e plantas, o isocitrato,
intermediário do ciclo de Ácido Cítrico e do
ciclo do Glioxilato, segue uma das 2 vias
metabólicas:

Numa situação de abundância energética,


o isocitrato é clivado em glioxilato e sucinato,
usados depois na biossíntese de
macromoléculas.

Numa situação de carência energética, o


isocitrato segue a via do ciclo de Krebs

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Numa situação de abundância energética, a enzima ISOCITRATO
DESIDROGENASE (Ciclo de Krebs) é inativada por fosforilação e o
isocitrato é canalizado para o ciclo do glioxilato e daí para reações
de biossíntese.

ISOCITRATO DESIDROGENASE-P
(inativa) Fosfatase (+) AMP

Cinase (-) AMP


Ciclo do glioxilato
ISOCITRATO DESIDROGENASE
(ativa)

Biossíntese
ATP Ciclo de Krebs

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Regulação do Ciclo de Krebs e
do Ciclo do Glioxilato

Intermediários glicolíticos,
intermediários do ciclo de Krebs ,
AMP e ADP são indicadores de
défice energético na célula.

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