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Immanuel Wallerstein

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Immanuel Maurice Wallerstein (Nova Iorque, 28 de Setembro de 1930) é Immanuel Wallerstein
um sociólogo estadunidense, mais conhecido pela sua contribuição fundadora
para a teoria do sistema-mundo.

Seus comentários bimensais sobre questões globais são distribuídos pela


Agence Global para publicações como Le Monde diplomatique e The
Nation.[1] No Brasil, seus artigos são publicados na revista Fórum [2]e na
revista virtual Outras Palavras.[3]

Índice
Carreira académica
Teoria
Estudos sobre a África
Immanuel Wallerstein durante seminário na
Os livros "O sistema mundial moderno"
Universidade Europeia de São Petesburgo em
Sistema mundial capitalista 24 de maio de 2008.
Críticas a seu pensamento e a sua influência
Conhecido(a) Teoria do sistema-
Referências por mundo
Ver também Nascimento 28 de setembro de
Bibliografia
1930 (88 anos)
Nova Iorque, Nova
Ligações externas Iorque
Nacionalidade Estadunidense
Alma mater Columbia University
Carreira académica
Influências
Wallerstein se interessou pela política internacional quando ainda era Lista
adolescente, se encantando com a atuação do movimento anticolonialista na Karl Marx
Índia. Wallerstein obteve os graus de B.A. (1951), M.A. (1954) e Ph.D. (1959) Fernand Braudel
Paul A. Baran
na Universidade de Columbia, Nova Iorque, onde ensinou até 1971. Tornou-se André Gunder Frank
depois professor de Sociologia na Universidade McGill, Montreal, até 1976, e Vitorino Magalhães
na Universidade de Binghamton, Nova Iorque, de 1976 a 1999. Foi também
Godinho
professor visitante em várias universidades do mundo. Instituições Binghamton University
Campo(s) Sociologia
Foi esporadicamente director de estudos associado na École de Hautes Études
en Sciences Sociales, Paris, e presidente da Associação Internacional de
Sociologia entre 1994 e 1998. Desde 2000, é investigador sénior naUniversidade de Yale.

Recebeu o título de Doutor Honoris Causa pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa em 1999, Universidade de
Coimbra em 2006 e Universidade de Brasíliaem 2009.

Teoria
A sua crítica do capitalismo global e o apoio aos movimentos anti-sistémicos espalharam a sua fama para lá do mundo académico e
tornaram-no um arauto do movimento anti-globalização, à imagem de Noam Chomsky ou Pierre Bourdieu.

Estudos sobre a África


Wallerstein especializou-se inicialmente em assuntos da África pós-colonial, aos quais dedicou quase exclusivamente a sua produção
até inícios dos anos 1970, altura em que começou a destacar-se enquanto historiador e teórico da economia capitalista mundial.

Os livros "O sistema mundial moderno"


A sua obra fundamental é O sistema mundial moderno (1990), publicada originalmente em três volumes em 1974, 1980 e 1989. Esta
[4]
obra parte de quatro referências teóricas fundamentais:

Karl Marx, que Wallerstein segue em teses como a predominância dos factores económicos sobre os políticos e
ideológicos na história mundial, a dicotomia entrecapital e trabalho, a concepção do desenvolvimento da economia
mundial segundo fases históricas como ofeudalismo ou capitalismo, a acumulação de capital, adialéctica, entre
outros;
a Escola dos Annales, nomeadamente o historiadorFernand Braudel, que registara o desenvolvimento e
implicações políticas das redes económicas européias dosséculos XV-XIX;
Max Weber, o mais importante e influente entre os sociólogos clássicos.
presumivelmente, a sua própria experiência enquanto estudioso da África pós-colonial e das várias teorias relativas
às "sociedades em desenvolvimento".
Wallerstein recusou a noção de Terceiro Mundo, argumentando que existia apenas um mundo articulado por uma complexo sistema
de trocas económicas — uma economia mundial ou sistema mundial — caracterizado pela dicotomia entre capital e trabalho e a
acumulação de capital entre agentes em concorrência (nomeadamente os Estados-nação), num equilíbrio sempre ameaçado por
fricções internas. Esta abordagem constitui ateoria do sistema mundial.

Wallerstein identifica a origem do sistema mundial moderno na Europa e América do século XVI. Uma ligeira superioridade de
acumulação de capital no Reino Unido e França, devida a circunstâncias políticas internas no final do feudalismo, desencadeou um
processo de expansão que culminou no sistema global de trocas económicas actualmente existente. No século XIX, praticamente
todos os territórios do planeta haviam sido incorporados na economia mundial capitalista.

Sistema mundial capitalista


O sistema mundial capitalista é muito heterogéneo em termos culturais, políticos e económicos, abarcando grandes diferenças de
desenvolvimento civilizacional, acumulação de capital e poder político. Ao contrário de teorias positivistas da modernização e
desenvolvimento capitalista, Wallerstein não atribui estas diferenças a um atraso de certas regiões face a outras, que a própria
dinâmica do sistema tenderia a apagar, mas à própria natureza do sistema mundial. Ao sistema mundial é inerente uma divisão entre
centro, periferia e semiperiferia, em função da divisão do trabalho entre as regiões.[4]

O centro é a área de grande desenvolvimento tecnológico que produz produtos complexos; a periferia é a área que fornece matérias-
primas, produtos agrícolas e força de trabalho barata para o centro. A troca económica entre periferia e centro é desigual: a periferia
tem de vender barato os seus produtos enquanto compra caro os produtos do centro, e essa situação tende a reproduzir-se de forma
automática, quase determinista, embora seja também dinâmica e mude historicamente. A semiperiferia é uma região de
desenvolvimento intermédio que funciona como um centro para a periferia e uma periferia para o centro. Em finais do séc. XX
incluiria regiões como o a Europa Oriental, o Brasil ou a China. Regiões centrais e periféricas podem coexistir em espaços muito
próximos.

Uma consequência da expansão do sistema mundial é a contínua "mercadorização" das coisas, incluindo o trabalho humano.
Recursos naturais, terra, trabalho, relações sociais são gradualmente espoliados do seu valor intrínseco e transformadas em
mercadorias cujo valor de troca é determinado no mercado.
Immanuel Wallerstein acredita que o capitalismo chegou ao fim da linha e já não pode sobreviver como sistema à crise estrutural em
que mergulhou desde os anos 1970 e que ainda deve perdurar por mais uns vinte, trinta ou quarenta anos. Segundo ele, vivemos um
momento de transição em que já não está em questão se o capitalismo sobreviverá ou não, mas o que irá sucedê-lo - e que pode ser
. [5]
um sistema mais igualitário e democrático ou ainda mais polarizado e explorador

Críticas a seu pensamento e a sua influência


O trabalho de Wallerstein suscitou críticas não só do terreno conservador e neoliberal, mas também de historiadores não alinhados
nessas correntes, que consideram incorretas algumas das suas teses[carece de fontes?]. Outros argumentam que Wallerstein menospreza
a dimensão cultural, reduzindo-a ao que chamam uma ideologia oficial dos Estados, que pode então ser explicada como mero reflexo
de interesses económicos[carece de fontes?].

Todavia, a sua abordagem analítica, a par das de teóricos análogos como André Gunder Frank, Theotonio dos Santos, Terence
Hopkins, Samir Amin ou Giovanni Arrighi, teve um impacto e implantação académica considerável. Em Portugal, por exemplo, a
escola ligada ao sociólogo Boaventura de Sousa Santos baseou diretamente a sua caracterização da sociedade portuguesa, a teoria da
semiperiferia, na teoria do sistema mundial.[6] No Brasil há um núcleo de pesquisa especialmente dedicado à abordagem dos
sistemas-mundo, [7] sediado no Departamento de Economia daUniversidade Federal de Santa Catarina.

O movimento antiglobalização é outro exemplo eloquente da influência de W


allerstein.

Referências
1. «Artigos de Immanuel Wallerstein» (http://agenceglobal.com/index.php?authorPage=authorDetails&aid=245) .
Agence Global
2. Fórum. Archives: Immanuel Wallerstein (http://www.revistaforum.com.br/tag/immanuel-wallerstein/)
3. Artigos de Immanuel Wallerstein em Outras Palavras (http://outraspalavras.net/author/immanuelwallerstein/)
4. BAPTISTA FILHO, Almir Cezar de Carvalho.Dinâmica, determinações e sistema mundial no desenvolvimento do
capitalismo nos termos de Theotônio dos Santos: da eToria da Dependência à Teoria dos Sistemas-mundo(http://w
ww.ppge.ie.ufu.br/node/142). Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade
Federal de Uberlândia, 2009.
5. Immanuel Wallerstein: "O capitalismo chegouao fim da linha" (http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/wallerstein
-o-capitalismo-chegou-ao-fim-da-linha.html). Entrevista a Sophie Shevardnadze.Viomundo, 18 de outubro de 2011.
6. Santos, Boaventura de Sousa (org.) (1993)Portugal: um retrato singular. Porto: Afrontamento.
7. Grupo de Pesquisa em Economia Política dos Sistemas-Mundo(http://www.gpepsm.ufsc.br/html/index.php),
coordenado pelo Professor DoutorPedro Antônio Vieira (http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv
.do?met
odo=apresentar&id=K4794704A6),

Ver também
André Gunder Frank
Capitalismo tardio
Samir Amin
Sistema-mundo
Teoria da dependência

Bibliografia
(em inglês)

1961: África, The Politics of Independence. New York: Vintage.


1964: The Road to Independence: Ghana and the Ivory Coast . Paris & La Haye: Mouton.
1967: África: The Politics of Unity. New York: Random House.
1969: University in Turmoil: The Politics of Change. New York:Atheneum.
1972 (com Evelyn Jones Rich):África: Tradition & Change. New York: Random House.
1974: The Modern World-System, vol. I: Capitalist Agriculture and the Origins of the European World-Economy in
the Sixteenth Century. New York/London: Academic Press.
1979: The Capitalist World-Economy. Cambridge: Cambridge University Press.
1980: The Modern World-System, vol. II: Mercantilism and the Consolidation of the European World-Economy , 1600-
1750. New York: Academic Press.
1982 (com Terence K. Hopkins et al.):World-Systems Analysis: Theory and Methodology . Beverly Hills: Sage.
1982: (com Samir Amin, Giovanni Arrighi e André Gunder Frank):Dynamics of Global Crisis. London: Macmillan.
1983: Historical Capitalism. London: Verso.
1984: The Politics of the World-Economy. The States, the Movements and the Civilizations. Cambridge: Cambridge
University Press.
1986: África and the Modern World. Trenton, NJ: África World Press.
1989: The Modern World-System, vol. III: The Second Great Expansion of the Capitalist World-Economy , 1730-
1840's. San Diego: Academic Press.
1989 (com Giovanni Arrighi e Terence K. Hopkins): Anti-systemic Movements. London: Verso.
1990 (com Samir Amin, Giovanni Arrighi eAndré Gunder Frank):Transforming the Revolution: Social Movements
and the World-System. New York: Monthly Review Press.
1991 (com Étienne Balibar): Race, Nation, Class: Ambiguous Identities. London: Verso.
1991: Geopolitics and Geoculture: Essays on the Changing World-System . Cambridge: Cambridge University Press
1991: Unthinking Social Science: The Limits of Nineteenth Century Paradigms . Cambridge: Polity.
1995: After Liberalism. New York: New Press.
1995: Historical Capitalism, with Capitalist Civilization
. London: Verso.
1998: Utopistics: Or, Historical Choices of the Twenty-first Century. New York: New Press.
1999: The End of the World As We Know It: Social Science for the Twenty-first Century. Minneapolis: University of
Minnesota Press.
2003: Decline of American Power: The U.S. in a Chaotic World . New York: New Press.
2004: The Uncertainties of Knowledge. Philadelphia: Temple University Press.
2004: World-Systems Analysis: An Introduction. Durham, North Carolina: Duke University Press.
2004: Alternatives: The U.S. Confronts the World. Boulder, Colorado: Paradigm Press.
2006: European Universalism: The Rhetoric of Power . New York: New Press.

Ligações externas
Site oficial de Immanuel Wallerstein (em inglês)
Presentation I. Wallersteins "World-system Model (em inglês)"
Immanuel Wallerstein, C. Wright Mills (em castelhano)
Entevista com Wallerstein por Theory Talks (em inglês)

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