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PUC--Minas - Departamento de Relaç

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ões Internacionais – Professora
Professora Matilde de Souza 1

MARCH, James G.; OLSEN, Johan P. Rediscovering Institutions: the organizational basis of politics. New
York: The Free Press, 1989.

Cap. I. Institutional perspectives on politics.


Instituições políticas têm perdido relevância como objeto de estudo das teorias – de um ponto de vista
comportamental, instituições políticas (IP) são arenas nas quais a ação política se faz. De um ponto de vista
normativo, ideias que conferem moralidade às instituições e que enfatizam a cidadania e a comunidade como
fundamentos da identidade política deram lugar a ideias sobre individualismo moral e ênfase na barganha
sobre os interesses conflitantes. Mas isso tem sido superado e o estudo das instituições tem reaparecido. Isso
se deve a que as instituições políticas, sociais e econômicas têm se tornado grandes, consideravelmente mais
complexas e engenhosas e também mais importantes para a vida coletiva.

(I) Comportamental: instituições políticas formalmente organizadas são arenas próprias da ação política;
** Teorias políticas contemporâneas identificam tendências no estudo das instituições:
(1) contextual, considera a política como elemento integral da sociedade; menos inclinada a diferenciar a
política do resto da sociedade. Estado não é central e outras formas de organização da vida social seriam
também muito relevantes.

(2) reducionista (conseqüências macro do comportamento micro), o fenômeno político é resultante da


agregação das preferências dos atores.
Haveria duas grandes correntes de pensamento: (a) o comportamento humano no nível dos atores ou dos
eventos, pode ser entendido como consciente, calculado e flexível ou como inconsciente, habitual e
rígido. Nesse caso, as preferências e capacidades dos atores são exógenas à política, dependendo de sua
posição no sistema econômico e social. O tempo dos eventos é exógeno, dependendo de fluxos externos
de problemas e soluções. (b) o comportamento coletivo é mais bem compreendido num nível baixo de
agregação; os resultados no nível coletivo dependem apenas das interações entre os atores individuais.
Nessa perspectiva, o comportamento do mercado é conseqüência de escolhas entrelaçadas de indivíduos e
firmas, cada um agindo em termos de um conjunto de expectativas e preferências manifestadas nesses níveis.
Essa perspectiva explica o comportamento coletivo a partir do comportamento individual: o consumidor
explica o mercado, o eleitor a política e os burocratas a burocracia.

(3) Utilitarista (ações resultam de decisões intencionais) – Historicamente: o comportamento político estaria
inserido numa estrutura institucional de regras, normas, expectativas e tradições, que limitariam a liberdade
do indivíduo. Modernos: eventos políticos são consequência de decisões intencionais.
Duas suposições sobre o futuro: - incerteza quanto às conseqüências da ação atual, - escolhas são baseadas
na hipótese de que decisões são tomadas levando em conta a incerteza dos resultados. Essas teorias admitem
que preferências são estáveis, que preferências atuais são bons indicativos de preferências futuras, que
as preferências são coerentes e consistentes.
(4) Instrumentalismo (primado dos resultados): Historicamente – decisões políticas como processos que se
desenvolvem a partir de propósitos; a política compreendida como meio de educar os cidadãos e aperfeiçoar
os valores. Modernos: valorizam os resultados e ignoram as ações simbólicas ou interpretam os símbolos
como parte de esforços de controle; controle do universo simbólico é uma forma de poder tanto quanto o
controle sobre outros recursos.

(5) Funcionalismo (a eficiência da história) – Historicamente: ambivalência sobre a eficiência da história;


teóricos da política tem aceito a idéia de progresso , mas os historiadores políticos enfatizam a singularidade
desses processos. Modernos: eficiência histórica baseada na ideia de seleção natural.

*Autores discutem duas teorias que focam nas instituições; discutem os modelos contextual e reducionista,
que consideram que os atributos chave de um macro sistema são a confluência de um grande número de
simples micro eventos num contexto social exogenamente determinado.
- Política como competição racional: o comportamento no mercado pode ser compreendido como
conseqüência das escolhas de atores individuais que, no agregado, formam o fenômeno mercado. Esse
processo pode ser tratado como produzindo uma série de contratos pelos quais os participantes
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confirmam e regulam as trocas. A tomada de decisão acontece: na negociação dos contratos nos melhores
termos possíveis de troca; na execução dos contratos (alusão a teoria dos jogos – jogos de soma zero – os
resultados dependem das regras do jogo, incluindo normas sobre confiança, e as regras são algumas vezes
retratadas como resultantes de algum tipo de meta-jogo, mas o interesse nas restrições é subordinado ao
interesse na conseqüência do equilíbrio da negociação racional e a ação entre os jogadores). Teorias menos
influenciadas pela teoria dos jogos estão mais preocupadas com o processo político que permite que decisões
políticas sejam tomadas sem necessariamente resolver o conflito entre as partes. A idéia básica é que
indivíduos participam num processo político com preferências e recursos, e que cada indivíduo usa
recursos próprios para perseguir ganhos próprios mensurados em termos das preferências pessoais.
Essa teoria utiliza algumas metáforas – combate, troca e aliança; a informação é recurso estratégico.
- Política como seleção ou escolha temporal (temporal sorting): essa perspectiva tenta compreender o
relativamente confuso cenário de tomada de decisão na observação empírica.
Pesquisas empíricas: atores reais não procedem tal como prescrevem determinados modelos teóricos – atores
mudam preferências e percepções, indivíduos lutam por direitos de participação e não fazem “uso” desses
direitos, decisores ignoram a informação disponível, etc. Teorias da ação supõem que as coisas estão
ordenadas numa conexão causal. A idéia central dos modelos da escolha/seleção temporal , como nos
modelos “lata de lixo”, é a substituição da ordem temporal por uma ordem sucessiva.

Numa forma “pura” do modelo da “lata de lixo” problemas, soluções, tomadores de decisão e oportunidades
de escolhas são independentes, exógenos e fluem através do sistema; (a idéia básica é que se pode criar
‘respostas’ para ‘demandas’ não formuladas e que se pode formar uma ‘demanda’ para uma ‘resposta’ já
dada). Desse modo, a ordem temporal não faz sentido – input/output. De fato, escolhas e decisões são
processos simultâneos, dado que os seus fluxos são exógenos ao sistema – a idéia é que problemas, soluções,
tomadores de decisão e oportunidades de escolha encontram-se relacionados de forma determinada pelo
tempo de chegada e partida e pelos constrangimentos estruturais quanto ao acesso aos problemas, soluções,
decisores e oportunidades de escolha.
- modelos de competição racional e de escolha/seleção temporal observam simultaneamente os tomadores de
decisão e o ambiente no qual eles agem. Ambos consideram o processo em termos de um conjunto complexo
de interações entre eventos e atores. Situações muito complexas que são simplificadas para efeito de análise:
agregação estatística e a eficiência histórica (seleção natural).

Assim, nos modelos do ator racional a ordem é produzida através da mão invisível da competição; nos
modelos “lata de lixo” a ordem é produzida pela simultaneidade temporal. Em ambas as teorias, os processos
realizam resultados ambientalmente determinados. Por exemplo, o poder é determinado pela posse de
recursos no ambiente, interesses são determinados pela posição no mundo externo (à interação) e a
coerência dentro das instituições é assegurada pelas exigências da existência. A ordem é efetivamente
exógena à instituição e não depende de propriedades da instituição ou dos processos dentro dela.

Para muitos observadores, a política é influenciada pela competição racional ambientalmente circunscrita,
pela escolha temporal ambientalmente circunscrita e também pela estrutura institucional na qual a política
ocorre. Os autores consideram que as instituições produzem ordem e influenciam a mudança na política. Os
autores pretendem discutir como as instituições contribuem para a estabilidade e a mudança na política.

As instituições políticas definem a estrutura na qual a política tem lugar. No livro, autores irão discutir como
essas instituições funcionam, como afetam a vida política, como mudam e como podem ser aperfeiçoadas.

Cap. II – As regras e a institucionalização da ação – as instituições políticas são mais governadas por regras
do que por cálculo racional

- Organizações possuem e seguem regras – os comportamentos são padronizados; instituições possuem um


repertório de procedimentos e usam as regras para escolher dentre eles. As regras podem ser impostas e
obrigatórias ou podem fazer parte de um comportamento apropriado,aprendido e internalizado pela
socialização.
- Processo de produção das regras e os recursos aí mobilizados (conhecimento, experiência, discurso e
deliberação)
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Regras: rotinas, procedimentos, convenções, papéis, estratégias, formas organizacionais e tecnologias


em torno das quais a atividade política é construída. Os autores também incluem no conceito de regras:
crenças, paradigmas, códigos, culturas e conhecimentos que envolvem, sustentam, elaboram e
contradizem papéis e rotinas (p. 22 – descrição mais geral das regras e como operam)
-Rotinas institucionais são seguidas e os indivíduos parecem agir de acordo com regras mesmo em situações
muito extremas (campos de concentração, por exemplo); a conformidade com as regras e a sua percepção
como adequadas se aproximam de uma idéia de “contrato”.
- As regras relacionam uma situação e as demandas de uma posição (orientam as formas como determinadas
reivindicações, por exemplo, devem chegar ao sistema político e para quem devem ser dirigidas) – atores
políticos associam situações específicas a regras a elas apropriadas – o que é apropriado para uma pessoa
particular numa situação particular é definido pelas instituições políticas e sociais e transmitidas
através da socialização (p. 23).
(V) Relação entre uma ação antecipatória e uma ação obrigatória:

Ação antecipatória Ação obrigatória


Quais são minhas alternativas? Que tipo de situação é esta?
Quais são meus valores? Quem sou eu?
Quais são as conseqüências das minhas alternativas Quão apropriadas são diferentes ações para mim
para os meus valores? nessa situação?
Escolha da alternativa que aponta para a melhor Qual é a mais apropriada?
conseqüência

(I) A ação obrigatória parece descrever melhor a ação; Instituições são construídas entre conjuntos de
atividades apropriadas, entre procedimentos para assegurar sua manutenção em face de ameaças
provenientes de mudanças e do auto-interesse e entre procedimentos para modifica-las.
(II) A ubiqüidade das rotinas faz as instituições políticas parecerem burocráticas, rígidas, insensíveis ou
estúpidas. Mas, as rotinas permitem: coordenar atividades simultâneas tornando-as mutuamente consistentes,
evitar conflitos, fornecer códigos de significados que facilitam a interpretação de ambigüidades, constranger
as barganhas em termos compreensíveis e acordos obrigatórios, ajudar a mitigar a imprevisibilidade criada
por estruturas abertas e por processos “lata de lixo” regulando o acesso de participantes, problemas e
soluções; elas corporificam identidades individuais e coletivas, interesses, valores, visões de mundo, portanto
condicionando a alocação de atenção, padrões de avaliação, prioridades, percepções e recursos.
- Descrever o comportamento como conseqüência de regras é apenas o primeiro passo para compreender
como regras afetam o comportamento.

Acesso, expertise, liderança e confiança


Divisão do trabalho: muitas regras das instituições políticas são recursos essenciais da divisão da política em
domínios relativamente independentes.
- Cada domínio cria regras apropriadas a partir das quais forma-se um conjunto de especialistas com acesso ao
conjunto de problemas e soluções.
- Coordenar esses domínios é um desafio; fronteiras criam impedimentos contra conflitos e este é seu mais
significativo efeito político. – esta é a principal idéia na divisão entre os poderes dentro de um estado, com
atribuições diferenciadas a cada poder e regras de controle. As regras estabelecem as fronteiras entre as
instituições e ao mesmo tempo geram capacidade de coordenação e de confiança entre elas. As regras também
atuam no sentido de afetar o papel de recursos não políticos em política – poucas e simples regras podem
diminuir as vantagens de riqueza e educação numa barganha.

Regulando o processo “lata de lixo” – Esse processo foi caracterizado em termos de duas estruturas: a
estrutura de acesso – relação entre problemas e oportunidade de escolha; a estrutura da decisão – relação entre
os tomadores de decisão e oportunidade de escolha. As estruturas de decisão podem ser especializadas – o
conjunto de questões e respostas é reunido em subgrupos, de forma a que o tomador de decisão num subgrupo
tem acesso a oportunidades de escolha relativas a essas questões; estrutura hierárquica, na qual problemas e
escolhas são ordenados e cada problema tem acesso a escolhas da mesma posição na hierarquia.
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Expertise e divisão do trabalho – as diversas áreas especializadas envolvem uma coleção de regras que
disponibilizam alternativas; estas serão avaliadas para cada situação e hierarquizadas em função da respostas
que podem dar a cada situação específica.
Fundamentalmente, neste ponto, os autores tratam das relações entre os especialistas e os políticos, no sentido
de pontuar possíveis influências que os especialistas exercem sobre as escolhas disponíveis e os tomadores de
decisão; eles chamam a atenção para o problema do engajamento político do próprio especialista ou uma
alegada “ingenuidade” política de especialistas.

Liderança e divisão do trabalho – divisão do trabalho confere grande autoridade aos líderes, que atuam com
grande autonomia, mas têm um papel crucial na construção do respeito às regras e a confiança quanto ao
cumprimento dos contratos. Uma cultura da confiança é fundamental, mas essa pode ser mais difícil de ser
obtida em sociedades muito heterogêneas e desiguais.

Rotinas institucionais e desafios da novidade –


Um repertório de rotinas também é a base para uma abordagem institucional de situações novas – resposta
possível à novidade é a sua incorporação a um conjunto de rotinas já dado. Processo político é relevante nesse
caso.
Nesse caso, autores mostram como as decisões não passaram por cálculo racional, utilizando estoque
disponível de procedimentos rotineiros. Esse processo não elimina os conflitos.

Regras e políticas – a lógica da adequação é fundamental para a ação política; ações são adaptadas a situações
e sua adequação numa concepção de identidade; as ações são institucionalizadas através de estruturas de
regras e rotinas; regras refletem a experiência histórica que dão origem a elas, mas a experiência não é
acessível aos indivíduos que não as viveram – tal processo é experimentado através das regras; apesar das
regras levarem à ordem, admite-se que as regras também são potencialmente ricas em conflitos, contradições
e ambigüidades e desse modo produzem desvios tanto quanto conformidade, variação e também
padronização. Finalmente, as regras são sustentadas pela confiança, como convicção de que se pode esperar o
comportamento apropriado na maior parte do tempo. Confiança, como as regras que a sustentam, é baseada
numa concepção de adequação mais do que num cálculo de reciprocidade.

Cap. III – Interpretação e a institucionalização do significado – como a construção não instrumental do


significado pode ser visto como central na política.
Examina como as instituições orientam (constrangem) e dão forma as políticas pela construção e elaboração
de significados.
Teorias políticas: a ação depende de uma interpretação da vida. Expectativas, preferências, experiência e
interpretação das ações dos outros são construídas no interior das instituições políticas.
Três características da elaboração do significado:
(1) o modo pelo qual indivíduos nas instituições atribuem significado e valor ao passado e ao futuro –
atribuição de sentido às suas histórias, percebem ou impõem ordem, atribuem significado, fornecem
explicações e experimentam dor ou prazer. Contexto; Indivíduos organizam argumentos e informação para
criar e sustentar uma crença na sabedoria da ação escolhida, de acordo com o entusiasmo requerido para
implementa-la.
(2) o modo pelo qual o processo de compreensão de mundo se torna, sob algumas condições, uma encenação
do que é o mundo;
(3) o modo pelo qual a interpretação não é somente um instrumento de outros processos, tais como tomada de
decisão, mas uma referência central em seu próprio direito.
- Valores e preferências não são exógenos às instituições políticas. Se preferências são endógenas, o
significado da ação racional torna-se pouco claro e as questões envolvidas no desenho de instituições políticas
democráticas são transformadas.
* A preocupação dos autores, neste capítulo, é discutir os modos pelos quais o desenvolvimento de
preferências e crenças em condições de ambiguidade acentua a significação de instituições pelo reforço de
estruturas pré-existentes de valores relacionados e conhecimentos. A compreensão de eventos e dos valores a
eles relacionados é conectada a compreensões anteriores de outras pessoas, e as relações de amizade e
confiança. Instituições políticas organizam essas interações de modo a formar interpretações e preferências.
* Em tese, os autores distinguem entre perceber/ver e gostar – essa distinção leva também a uma distinção
entre expectativas e preferências. Eles consideram 6 hipóteses sobre a formação do significado:
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(1) em política, os indivíduos vêem o que é para ser visto – há um processo normal de percepção da realidade
e é possível relacionar eventos observados a suas futuras conseqüências, uma ligação correta entre escolhas
passadas e estados subsequentes do mundo.
(2) em política, indivíduos gostam do que é para ser admirado – dada a posição do indivíduo na sociedade, é
possível afirmar que algumas coisas são de seu interesse e outras não.
(3) Em política, indivíduos percebem/vêem o que eles esperam ver – admite-se que os indivíduos têm
expectativas sobre as situações, essas vêm da experiência e formam uma estrutura de crença sobre o mundo:
as expectativas ajudam a controlar sua própria realização.
(4) Em política, indivíduos gostam do que eles esperam gostar – indivíduos comparecem a uma situação
particular de escolha com um conjunto de valores, atitudes e opiniões e este forma suas preferências.
(5) Indivíduos vêem o que se espera que eles vejam e (6) gostam do que se espera que eles gostem – atuação
das normas sociais na facilitação da interpretação de eventos e atitudes (familiar na análise do comportamento
social).
* Em muitas ocasiões, a visão (expectativas) e o gosto (preferências) são controlados por esses elementos
exógenos da realidade objetiva, estruturas, realidade e normas sociais.
* Os autores afirmam que um sistema político pode ser considerando como consistindo de características dos
indivíduos tais como (1) padrões variados de interação uns com os outros; (2) graus variados de confiança uns
nos outros; (3) graus variados de integração no sistema político – grau no qual os indivíduos se sentem
inseridos no sistema político e em que medida as ações que ocorrem nesse sistema são percebidas por eles
como suas ações ou ações daqueles em quem eles confiam; (4) orientações diversas para eventos no mundo
fenomênico – essas orientações têm 4 dimensões chave – a extensão na qual um evento é percebido, a
extensão na qual se gosta do evento; a extensão na qual o evento é relevante para diferentes relações inter-
pessoais e a extensão na qual um evento parece controlado por diferentes indivíduos.
* Eles afirmam que se admite que em política indivíduos desenvolvam suas interpretações dos eventos de um
modo bastante consistente com padrões de cognição e consistência afetiva. O que se quer afirmar é que há
uma estreita relação - uma grande consistência – entre cognição e gosto. Indivíduos mudam a sua percepção
para acomodar a sua preferência e modificam suas preferências para acomodar suas percepções.
* como nem sempre é possível viver pessoalmente as experiências, informação e capacidade de persuasão são
importantes na formação das expectativas e preferências, sobretudo esse processo depende das redes de
confiança que são estabelecidas.
Sobre a confiança - (1) indivíduos tendem a confiar naqueles que eles percebem como produzindo eventos
relevantes que eles gostam previnem eventos relevantes que eles não gostam; (2) indivíduos tendem a
acreditar que as pessoas em quem eles confiam causam eventos que eles gostam e que pessoas que eles não
confiam causam eventos que eles não gostam; (3) indivíduos acreditam que os eventos relevantes são aqueles
com os quais eles concordam, juntamente com quem eles confiam; (4) Indivíduos serão ativos na extensão em
que sua percepção, gosto e confiança não for ambígua; (5) Indivíduos buscarão contato – na medida em que o
sistema política permitir – com outros em quem eles confiam e evitarão contato com quem eles não confiam;
(6) Indivíduos se sentirão integrados no sistema político na extensão em que eles gostarem dos eventos
relevantes que eles percebem.
Substantivamente, por fornecer uma estrutura de rotinas, papéis, formas e regras, instituições políticas
organizam a desordem potencial dos processos políticos. Por dar forma a significados, instituições políticas
criam uma interpretação da ordem na qual o comportamento político pode ser compreendido e ter
continuidade. Essa estabilidade institucional e coerência permitem o exame da mudança institucional.

Cap. IV – Transformando instituições políticas

Características das instituições - rotinas e valores e crenças - limitam o livre fluxo da ação racional e da
competição num modelo do tipo escolha racional e limitam também o livre fluxo de pessoas, problemas e
soluções nas decisões em modelos do tipo lata de lixo. Desse ponto de vista, as instituições políticas são
origem da ordem e da estabilidade num mundo interativo que pode parecer bastante caótico.

- Observando as instituições como promotoras da mudança: O argumento geral é que reformas de


instituições políticas são freqüentemente mal sucedidas em sua realização, exatamente porque foram
intencionais, mas os processos institucionais tornam a mudança possível.
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Estabilidade institucional e a ineficiência da história – equilíbrio evolucionário (mudança por adaptação e


correção de desvios pontuais provocados por situações ambientais); a busca por sobrevivência institucional
em situação de escassez produz regras ótimas.
- Mas, instituições políticas podem não refletir inteligência; mas mudanças por adaptação provavelmente não
geram um único equilíbrio e também não significa fracasso caso a adaptação não ocorra de imediato.
- A mudança ocorre no ajuste das regras e esse processo pode gerar divergências, conflitos e pode haver
sobrevivência de soluções ineficientes. As instituições desenvolvem características que desencorajam
mudanças estruturais arbitrárias e algumas vezes elas mudam seu ambiente mais do que se adaptam a
ele.
- Não necessariamente há sincronia entre as mudanças no ambiente e as mudanças na instituição. O
ambiente das instituições políticas não é estável e a sua adaptação não é instantânea. As instituições
preservam a si mesmas, em parte porque são resistentes à mudança, em parte porque desenvolvem seus
próprios critérios de apropriação e sucesso, distribuição de recursos e regras constitucionais. Rotinas se
mantêm porque estão imbricadas numa estrutura de rotinas, pela socialização; a ordem gerada pelo
desenvolvimento de entendimentos também tende a ser estável. O entendimento é conservado pela
pressão social e pela educação.
- Mudanças são geradoras de instabilidade e de novos desafios de coordenação (múltiplos equilíbrios)
** mudanças em instituições complexas produzem ações e geram um conjunto de efeitos não intencionais, em
função da dificuldade de se controlar tudo o que ocorre nele.

** instituição interligada em três sistemas: o individual, o institucional e a coleção de instituições que


pode ser chamada de ambiente. Muitas complicações no estudo da mudança institucional se relacionam a
essa interligação. Diversos são os problemas analisados pelos teóricos das organizações. Mas, uma
perspectiva completamente conservadora nesse caso pode ser equivocada por três razões: (1) as instituições
são capazes de adaptação; (2) apesar de regras e rotinas de instituições serem relativamente estáveis, elas são
incompletas; (3) é possível choques que causam mudanças abruptas; nesses casos o processo não pode ser
controlado, embora mudanças possam ser produzidas intencionalmente.

** Pesquisas sobre as rotinas adaptativas das instituições identificam seis perspectivas para interpretar a ação
e as mudanças institucionais: (1) a ação envolve um processo de variação e seleção – deveres, obrigações e
papéis formam um conjunto de regras apropriadas a uma situação – modelo de evolução. (2) a ação é vista
como um tipo problem solving: escolhas entre alternativas com o uso de alguma regra decisória que compara
alternativas em termos das conseqüências esperadas pelos objetivos postos –modelo da escolha racional sob
condições de risco. (3) ação provém da aprendizagem experimental: tentativa e erro na manutenção das
regras bem sucedidas no passado e para o abandono de regras mal sucedidas – modelo da tentativa e erro. (4)
ação resulta do conflito entre indivíduos ou grupos representantes de interesses diversos: processos de
confrontação, barganha e coalizão nos quais os resultados dependem das preferências iniciais dos atores
determinados pelo seu poder; mudanças resultam da capacidade de mobilização dos participantes ou dos
recursos que eles controlam – modelo da barganha e negociação. (5) ação é vista como difusão por contágio
de uma instituição a outra: variações nos contatos ou a atratividade/imitação de comportamentos e crenças
que afetam o padrão de difusão – modelo do contágio (epidemiologia). (6) ação é resultante de intenções e
competências dos atores e mudam através de turnover – esse processo introduz nas organizações novos
membros com diferentes habilidades, atitudes e objetivos – modelo da regeneração.

** esses seis mecanismos não são nem esotéricos, nem complicados, nem mutuamente excludentes.

** transformação intencional pela exploração da não integridade (não completude) dos processos estáveis:
processos estáveis da ação são conservadores, eles tendem a manter relações estáveis, sustentar as regras
existentes e reduzir as diferenças entre as organizações. Os processos também são incompletos e essa
incompletude reflete em e convida a três diferentes formas de controle intencional: (1) controle sobre a
atenção – nenhuma instituição nem os indivíduos dentro delas conseguem manter completamente um
sistema cognitivo consistente ou prestar atenção a tudo o que eles podem pretender atender. Como
resultado, seu foco de atenção é importante. (2) controle exercido através de algumas anomalias dos
processos adaptativos e que geram conseqüências não antecipadas. (3) controle sobre o sistema de
significado. Processos estáveis da ação dependem da estrutura de significados nos quais eles ocorrem.
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A centralidade da alocação da atenção na tomada de decisão em instituições sociais é a característica central


das teorias comportamentais e da escolha coletiva. O que acontece depende de quais regras são evocadas,
quais ações são imitadas, quais valores são considerados, quais competidores são mobilizados, quais
oportunidades são percebidas, quais problemas e soluções estão conectados, ou qual visão de mundo é
considerada. Consequentemente, o principal significado do controle intencional sobre as instituições é a
administração da atenção. Porém, em situações de coalizões e acordos, quando é útil estar presente, a atenção
torna-se recurso escasso e algum poder potencial num domínio é sacrificado em nome de outro. O déficit de
atenção pode ser gerido por ameaças de mobilização, ou uso de representantes; mas cada uma dessas
alternativas introduz incertezas no processo.

** a mudança por choque radical expressa o clássico procedimento revolucionário. Principais mudanças
estruturais são potencialmente desestabilizadoras de arranjos políticos e forçam um permanente realinhamento
do sistema existente. A efetividade da estratégia do choque radical depende de fatores históricos; depende do
modo pelo qual as instituições afetam interesses e recursos. Instituições políticas são elementos essenciais da
mudança política. Mas, os fatores que tornam a mudança radical possível são os mesmos que tornam difícil
implementar e controlar as mudanças que ela provoca. As forças que impulsionam a mudança estimulam o
uso de recursos não institucionais para promoção da mudança; a criação de novas instituições estabelecem
novos recursos e constrangimentos através das novas instituições; os conflitos gerados pelas inconsistências
entre os dois processos (preservação das instituições anteriores e a construção de novas) é a história da
mudança pós-revolucionária.

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