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BOVINOS DE LEITE E DE
CORTE
Professor Me. Fábio da Silva Rodrigues
GRADUAÇÃO
AGRONEGÓCIO
MARINGÁ-PR
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”.
Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
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CADEIAS PRODUTIVAS DE
BOVINOS DE LEITE E
DE CORTE
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos.
A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no
mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos
nossos fará grande diferença no futuro.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên-
cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão
universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação
da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social
de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também
pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação
continuada.
Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação,
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que,
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.
Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente,
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.
Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados,
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma
comunidade mais universal e igualitária.
Antes de qualquer coisa, deixe que me apresente: sou o professor Fábio da Silva Rodrigues,
formado em administração pela UEM, Universidade Estadual de Maringá, com especialização
em Economia e Gestão do Agronegócio, também pela UEM e com Mestrado em Agronegócios
pela UFMS, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Se quiser saber mais sobre minha produção acadêmica, científica, sobre as pesquisas
desenvolvidas, artigos, trabalhos e temas de interesse, acesse o link do meu currículo lattes/
CNPq e saiba mais sobre o que pesquiso <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.
jsp?id=K4501271Y9>.
Sou o organizador e responsável pelo desenvolvimento deste livro, em que procurei abordar os
principais temas pertinentes às cadeias produtivas envolvidas. Espero que possa de alguma
forma contribuir com a sua formação nesse processo de aprendizado, que na verdade, é uma
troca de experiências e conhecimentos a respeito dos assuntos pertinentes ao agronegócio,
em específico, das cadeias produtivas de carne bovina e leite.
Quanto ao livro, o mesmo foi organizado e feito especialmente para você, com a finalidade
exclusiva de introduzi-lo no conhecimento das cadeias produtivas de carne bovina e do leite.
Para tanto, é fundamental que ele seja aproveitado da melhor forma possível, visando à melhor
retenção do conteúdo ensinado, pois não basta apenas que façamos leituras superficiais dos
textos, e sim, façamos a retenção do conhecimento.
Desta forma, a função desta apresentação é mostrar algumas contribuições para que você
possa assimilar da melhor forma possível o conteúdo do livro sobre cadeias produtivas da
carne bovina e leite. Para tanto, apresento a organização do mesmo, a divisão das unidades e
faço recomendações de textos, artigos, livros, vídeos e links interessantes que podem facilitar
ainda mais essa retenção do conhecimento, alguns deles presentes no próprio livro e que faço
novamente a recomendação para aprofundamento sobre o tema.
No Livro, sempre são colocadas questões que visam estimular a sua reflexão, caro(a) aluno(a),
para que possa compreender, ter análise crítica e analítica e possa “pensar” o tema estudado,
sob o título de “Reflita” . Sempre que possível, faça essa experiência!
Ao longo do material apresentarei links interessantes para que você possa acessar e saber
mais sobre determinado assunto, sendo desde vídeos até artigos e outros materiais adicionais
sobre o tema estudado.
Sempre tenha isso em mente: o que nos interessa é a gestão das cadeias produtivas! Mais
Como presumo que você seja, também sou um apaixonado pelos temas do agronegócio. Além
de gostar é importante que nos aprofundemos sobre os temas próprios do agronegócio. Saber
mais sobre cada cadeia produtiva é a nossa obrigação enquanto profissionais e/ou estudantes
de alguma forma vinculados ao mundo do agribusiness.
Veremos que a Cadeia Produtiva da Carne Bovina é de importância singular para o agronegócio
nacional e para a economia como um todo. A carne bovina ocupa posição de destaque na
pauta de exportações nacionais, contribuindo significativamente para o superávit da balança
comercial observado nos últimos anos, já que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais e
umdos maiores exportadores. Outro fator a ser considerado é a geração de empregos diretos
e indiretos, ligados à montante ou a jusante à Cadeia Produtiva da Carne Bovina.
Como poderemos observar, a Cadeia Produtiva da Carne Bovina possui elos muito
heterogêneos, onde convivem, desde grandes produtores rurais até pequenos produtores da
agricultura familiar, bem como desde grandes grupos da indústria frigorífica até matadouros
Ainda assim, a Cadeia Produtiva da Carne Bovina apresentou avanços consideráveis nas
últimas décadas. Tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, associações e cooperativas,
coordenação da cadeia, ainda incipiente é verdade, são fatores que contribuíram com o
avanço da qualidade dos produtos. Talvez por isso, a carne bovina seja a proteína animal
preferida entre os consumidores brasileiros, chegando a algo próximo a 40 kg/ano de ingestão
per capita.
Aliado a este processo, entendemos que uma coordenação eficiente da Cadeia Produtiva da
Carne Bovina poderia permitir diversos avanços significativos no funcionamento e na dinâ-
mica, já que alguns benefícios poderiam ser sentidos, tais como a estabilização da oferta de
matéria-prima, garantia de qualidade e quantidade, troca de informações entre os agentes,
aumento da qualidade, acesso a novos mercados, maior representatividade em mercados in-
ternacionais, bem como agregação de valor ao produto, para citar alguns possíveis benefícios.
Como adiantei, a organização da Cadeia Produtiva da Carne Bovina ainda é incipiente, devendo
ser tratado com maior diligência. Embora alguns órgãos tentem organizar o setor, problemas
culturais ainda impedem maior harmonia entre os elos da cadeia produtiva, o que se configura
como “um tiro no pé”, já que a maior prejudicada é a própria cadeia produtiva.
Desta forma, um dos maiores desafios que se apresenta ao nosso país é a manutenção deste
status de grande potência e maior exportador, alcançado no cenário mundial da carne bovina.
Como podemos observar, na Cadeia Produtiva da Carne Bovina, muitos desafios ainda
carecem de superação.
Acredita-se ainda, que muitas barreiras culturais devam ser vencidas, para que a cadeia
Outra referência de estudo que pode ser utilizada para o estudo sobre Cadeia Produtivas, em
foco as Cadeias Produtivas do Leite e da Carne Bovina, é a obra organizada por Ivanor Nunes
do Prado e José Paulo de Souza, ambos professores da Universidade Estadual do Maringá.
O foco do livro organizado por Prado e Souza (2007) tem significativa relevância, por tratar dos
aspectos de competitividade e coordenação de cadeias produtivas selecionadas, tais como os
No Brasil, principalmente nas duas últimas décadas, temos o CDC - Código de Defesa do
Consumidor – que garante direito a este consumidor; quando alguém descumpre algo que fere
esse consumidor, o mesmo já procura seus direitos, se dirigindo ao PROCON ou outro órgão
de defesa do consumidor. Em suma: os consumidores estão mais informados!
Se no Brasil é assim, pense em nível mundial. Os mercados mais exigentes do mundo, tais
como Europa, Japão, que são tradicionais clientes do agronegócio nacional, atingiram esse
nível de maturidade, sobretudo, no que se refere à exigência de qualidade dos produtos.
E outra questão: quando falamos em alimentos, a questão da qualidade é ainda mais séria,
porque, diferente de outros produtos, os alimentos são ingeridos pelas pessoas, o que
pode causar sérios problemas ou ainda levar o consumidor a óbito caso este não atenda as
legislações vigentes.
Na Cadeia Produtiva da Carne Bovina, alguns esforços têm sido feitos no sentido de garantir a
qualidade do produto, em todas as suas fases de produção, desde o nascimento ou, antes do
nascimento, até o abate ou, após o abate do animal.
Sem planejamento nada funciona, nem a produção de gado de corte. Aplicar os princípios da
gestão à propriedade rural torna-se imperativo, é lição de casa: planejamento, organização,
direção e controle.
O equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental deixa de ser “papo de ecochatos” como se
CADEIAS PRODUTIVAS DE BOVINOS DE LEITE E DE CORTE | Educação a Distância 13
falava anos atrás, para ser uma condição de competição em alguns mercados, principalmente
os mais exigentes. Bem-estar animal e bons tratos no manejo são essenciais, como pode ser
observado, exigência de mercado em muitas ocasiões.
A garantia de procedência dos produtos, em foco a carne bovina, pode ser assegurada pelos
sistemas de identificação, rastreabilidade e certificação. Neste contexto, o papel do SISBOV é
fundamental, sobretudo, na promoção de sua credibilidade. As organizações certificadoras de
alimentos, tais como as que identificam animais como orgânicos ou garantem a procedência
da carne consumida tem tido grande destaque, principalmente quando se atendem mercados
mais exigentes.
Como sugestão para aprofundamento sobre o tema das Boas Práticas na Criação de Bovinos
de Corte, sugiro que acesse o link abaixo para saber mais sobre o assunto:
<http://www.youtube.com/watch?v=L-cUtTjPVYI>.
Quem nunca ouviu falar em Gado Zebu? O gado zebuíno é a principal base do plantel de gado
bovino de corte do Brasil, extremamente adaptado a regiões como o centro-oeste brasileiro. O
nelore é o principal ícone deste tipo de gado, voltado à pecuária de corte.
O fato é que em nosso país este tipo de gado, principalmente no centro-oeste, somados a
outros fatores, encontrou condições ideias de reprodução, em escala comercial. Mas em cada
região brasileira, temos um tipo de raça e maior ou menos adaptação.
O Brasil atende diversos mercados ao redor do mundo, dentre eles, mercados de níveis de
exigência significativos, tais como o europeu e japonês. Um destaque se dá à capacidade
de adaptação da indústria nacional às necessidades dos diferentes tipos de consumidores,
permitindo assim, que o Brasil atenda a mercados de escopo, tais como o mercado Halal e
Kosher. O que é Halal? O que é Kosher? Você nunca ouviu falar?! Fique tranquilo!
Uma sugestão de aprofundamento sobre o assunto de abates religiosos é acessar o link abaixo
e saber mais sobre o tema:
<http://www.youtube.com/watch?v=5g0NVh1os28>.
<http://www.youtube.com/watch?v=0kS8OZF6e_4&feature=related>.
Acompanhe esta interessante matéria jornalística sobre abate halal no Brasil e entenda mais
sobre o tema:
<http://www.youtube.com/watch?v=RzCKN6kMC_g>.
Como resposta, temos que alguns esforços, de algumas organizações ou associações, como
o caso da ABIEC, têm contribuído para um melhor desenvolvimento do setor, sobretudo, no
processo de melhoria da imagem da carne brasileira no exterior, como o programa Brazilian
Beef. O SIC, Sistema de Informações da Carne, busca compartilhar e divulgar informações
sobre a cadeia produtiva.
O que temos, é que a melhor coordenação da cadeia produtiva, sobretudo, visando a harmonia
entre os elos, geraria resultados surpreendentes ao setor. O avanço de outras proteínas
animais, como é o caso do frango, enquanto houve um processo de estabilização e/ou pequeno
crescimento do consumo de carne bovina, pode ser um alerta ao setor.
Na Unidade IV, intitulada Panorama da Cadeia Produtiva do Leite, vamos estudar, conhecer
e compreender as principais características desta cadeia produtiva. Estudaremos a cadeia
produtiva em todos os seus elos, bem como os métodos de produção, o complexo panorama
do leite no mundo e no cenário nacional. Mesmo estudando alguns aspectos técnicos
essenciais ao conhecimento e aprendizado sobre essas cadeias produtivas do agronegócio, o
foco principal deste estudo será a gestão aplicada à cadeia produtiva do leite.
A “nova geração” de produtores rurais de leite do Brasil tem, por conscientização ou pelo efeito
das normas, aderido às novas tecnologias, tais como inseminação artificial, FIV, e Transferência
de embrião, e inseminação com sêmen sexado de fêmea, essencial à indústria leiteira.
A massificação do consumo com o leite UHT (longa vida) foi benéfica ao setor, já que
garantiu qualidade ao produto, embora este consumo seja ainda inferior aos padrões mínimos
recomendados pelos órgãos de referência em saúde.
No entanto, na pecuária leiteira, muitas barreiras culturais precisam ser superadas, para que
a cadeia atinja melhor status no contexto competitivo. A introdução de conceitos de gestão
nas organizações rurais é um fator crítico para o sucesso das organizações que enfrentam
problemas na condução de seus negócios. Muitas já compreenderam essa necessidade de
Você já ouviu falar nos cinco passos para a rentabilidade na pecuária leiteira? Acesse o link
abaixo e saiba mais sobre o assunto:
<http://www.youtube.com/watch?v=ltNu_UB3pP0&feature=related>.
Sugestão de leitura: a Embrapa Gado de Leite, além de gerar e adaptar tecnologias para
aprimorar os sistemas de produção de leite no Brasil, preocupa-se também com a difusão e
transferência dessas informações. O livro abaixo indicado contém 500 perguntas respondidas
sobre diferentes aspectos relacionados com a produção de leite por bovinos.
O leitor poderá utilizar o livro para aumentar seus conhecimentos sobre pecuária de leite,
principalmente quanto a aspectos conceituais, para melhor interagir com os agentes de
assistência técnica e extensão rural.
<http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao
Como já vimos, a cadeia produtiva do leite tem grande importância para o agronegócio
brasileiro e para a economia como um todo, sobretudo, pelo seu aspecto socioeconômico.
No entanto, alguns desafios ainda existem, funcionando como barreiras ao desenvolvimento
do setor; da mesma forma, as oportunidades surgem na solução dos problemas e busca de
alternativas viáveis.
E como é a qualidade do leite produzido no Brasil? Será que melhoramos nos últimos anos?
No Brasil sabemos que as diversas mudanças de comportamentos e condutas são ajustadas
ou influenciadas muito mais pela força das normas, regras e leis do que pela simples e pura
conscientização. Será que é aí que entrou em ação a IN 51?
A Instrução Normativa 51, que você estudará com maior profundidade nesta unidade, foi e
ainda é o principal elemento motivador da melhoria da qualidade do leite nos últimos anos. A
IN 51 dispõe, normatiza e regulamenta a produção de leite no Brasil. Assim, temos que a IN 51
de fato contribuiu para a melhora da qualidade do leite brasileiro.
<http://www.youtube.com/watch?v=udYOLdIMPJ4&feature=related>.
Você já ouviu falar sobre a vaca móvel? Acompanhe o vídeo no link abaixo e saiba mais sobre
o tema e sobre a garantia da qualidade do leite no Brasil:
<http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?uf=1&contentID=143686&chann
el=99>.
No entanto, é fundamental que o pequeno produtor rural esteja inserido neste processo.
Embora algumas prefeituras, associações e cooperativas regionais estejam desenvolvendo
algumas ações para inserção destes pequenos produtores rurais nesta nova pecuária leiteira,
este processo ainda é muito incipiente.
Desta forma, alguns desafios que ainda precisam ser superados são, dentre outros, a
desarticulação entre os elos da cadeia, a carência de uma mais efetiva coordenação, a forte
concentração oligopolizada no elo comprador, bem como o crescimento lento da demanda no
mercado interno.
Bem, caro(a) aluno, seja bem-sucedido nesta empreitada do desafio do conhecimento sobre
temas tão pertinentes e importantes do agronegócio. Transformar dados em informação, e
informação em conhecimento é o que buscamos. Espero que eu tenha conseguido, de alguma
forma, ser um colaborador neste processo de aprendizado.
CADEIA PRODUTIVA 29
UNIDADE II
RESPONSABILIDADE SOCIAL 74
GESTÃO AMBIENTAL 76
INSTALAÇÕES RURAIS 80
SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR 89
CONTROLE SANITÁRIO 96
MANEJO REPRODUTIVO 97
IMPORTAÇÕES 140
UNIDADE IV
UNIDADE V
CONCLUSÃO 215
REFERÊNCIAS 217
UNIDADE I
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
Como presumo que vocês também sejam, sou um apaixonado pelos temas pertinentes ao
agronegócio. Além de gostar, é importante que nos aprofundemos sobre os temas próprios
do agronegócio. Saber mais sobre cada cadeia produtiva é a nossa obrigação enquanto
profissionais e/ou estudantes de alguma forma vinculados ao mundo do agribusiness
Sabemos que a cadeia produtiva de carne bovina é de importância singular para o agronegócio
nacional e para a economia como um todo. A carne bovina ocupa posição de destaque na
pauta de exportações nacionais, contribuindo significativamente para o superávit da balança
comercial observada nos últimos anos, já que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais e
A Cadeia Produtiva da Carne Bovina apresentou avanços consideráveis nas últimas décadas.
Tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, associações e cooperativas, coordenação da cadeia,
ainda incipiente, é verdade, são fatores que contribuíram com o avanço da qualidade dos
produtos. Talvez por isso, a carne bovina seja a proteína animal preferida entre os consumidores
brasileiros, com cerca de 40 kg/ano de ingestão.
Acredita-se ainda que muitas barreiras culturais devam ser vencidas, para que a cadeia
consolide sua posição. A introdução de conceitos de gestão profissional e comercial nas
organizações rurais, nas empresas rurais, é um fator crítico para o sucesso das organizações
que enfrentam problemas na condução de seus negócios. Muitas dessas organizações já
compreenderam essa necessidade de gestão e, por isso, estão à frente dos concorrentes.
Fonte: PHOTOS.COM
Prezado(a) aluno(a)! Como já observamos no início deste material, ainda nas páginas
introdutórias, foi possível perceber a importância da Cadeia Produtiva da Carne Bovina para a
economia nacional, embora reconheçamos que existem diversos desafios a serem superados,
muitos deles representados pelas barreiras culturais.
De início, o que podemos dizer é que a produção pecuária tem destaque no contexto nacional,
sendo importante item da pauta de exportações do agronegócio nacional, contribuindo com o
superávit da balança comercial brasileira.
Além desse fato, lembramos que a carne bovina é a proteína animal mais consumida no Brasil,
com cerca de 40% do consumo entre as carnes. A importância da Cadeia Produtiva da Carne
Bovina se demonstra pela ocupação do território nacional, além do que, é responsável por
grande parte dos empregos gerados pelo agronegócio.
Percebe-se que os agentes que compõem a Cadeia Produtiva da Carne Bovina apresentam
grandes diferenças entre si, já que temos desde pecuaristas dotados de recursos financeiros/
capital, até pequenos produtores descapitalizados; desde grandes empreendimentos
frigoríficos, dotados de capital e recursos tecnológicos, capazes e habilitados a atender
todas as normas dos mercados mais exigentes do mundo, bem como pequenos abatedouros,
despreparados para atender tais normas.
As diferenças não param por aí: além disso, contamos com produtores profissionalizados,
que fazem uso dos recursos tecnológicos mais desenvolvidos, adotam refinadas técnicas
de reprodução animal como inseminação artificial (hoje mais comum), fertilização in vitro e
transferência de embriões, por exemplo, até pecuaristas de subsistência, não profissionalizados;
a ocorrência de abatedouros não regulamentados ou clandestinos é outra realidade observada
em nosso país, um contraponto à realidade dos grandes empreendimentos agroindustriais.
Para tanto, esse material busca expor um panorama da Cadeia Produtiva da Carne Bovina
no contexto mundial e no contexto nacional. Dentre diversas fontes consultadas, a referência
principal para elaboração dos tópicos a seguir é um documento do MAPA – Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, intitulado “Cadeia Produtiva da Carne Bovina”, item de
uma série de publicações sobre cadeias produtivas do agronegócio nacional.
A figura 1 retrata esse conjunto, bem como os principais elos que compõem a Cadeia Produtiva
Produção agropecuária.
Agentes responsáveis pela cria e engorda dos animais, em atenção à demanda das indús-
trias transformadoras.
• Subsistema de comercialização:
Varejista: fazem a venda direta da carne bovina ao consumidor final, como açougues e
supermercados.
• Subsistema de consumo:
O rebanho mundial de gado bovino, conforme estatísticas consolidadas pelo ANUALPEC 2011,
é de 1,020Bilhões em 2007.
Fonte: PHOTOS.COM
Índia 286.079 283.103 285.000 290.000 296.500 303.000 303.500 304.000 304.000 303.100
Brasil** 176.306 176.148 177.248 176.229 171.680 169.462 171.029 174.415 177.964 181.178
China 115.678 114.334 112.354 109.908 104.651 105.948 105.722 105.430 105.060 104.889
Estados Unidos 96.100 94.403 95.018 96.342 96.573 96.035 94.521 93.701 92.550 92.000
União Europeia 91.597 90.375 89.319 89.672 88.463 89.043 88.837 88.300 87.500 86.800
Argentina 53.069 53.968 53.767 54.226 55.664 55.662 54.260 49.057 48.656 49.655
Colômbia 24.828 26.357 27.370 28.452 29.262 30.095 30.775 31.171 31.871 32.571
Austrália 27.870 26.640 27.720 27.782 28.400 28.040 27.321 27.907 28.280 28.955
México 26.011 25.199 24.309 23.669 23.316 22.850 22.666 22.192 21.697 21.252
Rússia 23.500 22.285 21.100 19.850 19.000 18.370 17.900 17.630 16.919 16.320
Venezuela 15.636 15.211 14.770 14.232 13.831 13.515 13.269 13.126 12.771 12.446
Canadá 13.446 14.555 14.925 14.655 14.155 13.895 13.180 13.013 12.288 11.528
Uruguay 12.257 12.609 12.546 12.334 11.915 11.869 11.950 11.828 11.150 11.225
Nova Zelândia 9.760 9.540 9.415 9.465 9.610 9.730 9.715 9.917 9.887 9.944
Egito 6.450 6.550 6.524 6.384 6.219 6.256 6.248 6.200 6.100 6.100
Ucrânia 9.108 7.712 6.992 6.514 6.175 5.491 5.079 4.950 4.871 4.750
Japão 4.524 4.478 4.401 4.390 4.391 4.398 4.423 4.376 4.293 4.263
Coréia do Sul 1.954 1.999 2.163 2.298 2.484 2.654 2.876 3.079 3.319 3.549
Outros Países 29.506 24.650 25.917 29.582 35.818 39.716 36.824 29.303 13.036 15.637
TOTAL 1.032.542 1.020.782 1.018.089 1.020.142 1.015.957 1.020.054 1.011.584 998.685 979.176 980.545
* Estimativa Informa Economics FNP
** Previsão
Fonte: PHOTOS.COM
1
O vitelo é um bovino jovem que foi alimentado com leite e algumas vezes com um pouco de pasto ou ração. Quando
alimentado apenas com leite, a carne tem uma cor rosada mais clara; se consumiu pasto ou ração a carne fica mais escura
(porém, ainda rosada) e tem sabor mais acentuado. O vitelo é uma carne muito delicada, de cor rosada, sabor suave, textura
firme e aveludada. É macia e tem maior teor de água que a carne bovina, portanto reduz muito de tamanho quando é cozida.
2
O termo “peso de equivalente-carcaça” designa o peso da carne com osso quando apresentada sob essa forma, mas também
da carne desossada, convertido em carne com osso por meio de um coeficiente.
PAÍSES 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 **
EUA 12.427 12.039 11.261 11.318 11.980 12.097 12.163 11.891 11.828 11.556
BRASIL* 6.952 7.159 7.577 8.151 8.544 7.808 7.431 7.618 7.778 7.505
UE-27 8.397 8.304 8.245 8.090 8.150 8.188 8.090 7.900 7.870 7.850
CHINA 5.219 5.425 5.604 5.681 5.767 6.134 6.132 5.764 5.550 5.450
ÍNDIA 1.810 1.960 2.130 2.170 2.375 2.413 2.650 2.750 2.850 2.920
ARGENTINA 2.700 2.800 3.130 3.200 3.100 3.300 3.150 3.375 2.600 2.550
AUSTRÁLIA 2.089 2.073 2.081 2.102 2.183 2.172 2.159 2.129 2.080 2.050
MÉXICO 1.725 1.950 1.900 1.725 1.550 1.600 1.667 1.700 1.731 1.775
PAQUISTÃO 925 953 979 1.004 1.300 1.344 1.388 1.457 1.486 1.450
CANADÁ 1.298 1.204 1.500 1.470 1.329 1.278 1.288 1.255 1.285 1.275
RÚSSIA 1.740 1.670 1.590 1.525 1.430 1.370 1.315 1.290 1.300 1.270
COLÔMBIA 710 670 730 750 800 820 861 921 850 850
ÁFRICA DO
645 613 655 679 725 680 678 684 690 690
SUL
USBEQUISTÃO 425 456 494 518 552 551 586 590 600 610
NOVA
588 681 697 661 648 607 644 624 619 605
ZELÂNDIA
PARAGUAY 262 285 325 370 400 380 450 500 550 580
URUGUAY 425 450 544 600 640 560 535 580 575 580
OUTROS
5.902 5.712 6.022 6.171 6.258 7.256 7.335 6.403 6.521 7.097
PAÍSES
TOTAL 54.239 54.404 55.464 56.185 57.731 58.558 58.522 57.431 56.763 56.663
*Estimativa
** Previsão
Fonte: ANUALPEC, 2011
Observa-se que os maiores rebanhos, por si só, não representam um melhor desempenho em
relação à produção de carne bovina. Os Estados Unidos, por exemplo, que ocupam a quarta
posição no ranking dos maiores rebanhos mundiais, lidera a classificação entre os maiores
produtores de carne bovina.
Conforme observado na Tabela 3, o Brasil chegou ao ápice das exportações de carne bovina
no ano de 2007, alcançando o patamar de 2,194 milhões de toneladas, havendo uma seguida
3
Encefalopatia Espongiforme Bovina ou popularmente conhecida como doença da vaca louca.
Dentre as causas dessa redução nas exportações, destaca-se a crise mundial ocorrida nos
últimos dois anos, como um dos principais causadores desta queda nas exportações. Outro
ponto a ser destacado se refere principalmente em relação às questões cambiais, já que o
Brasil tem sofrido desvantagens em muitas dessas relações comerciais.
** Previsão
Quanto ao volume exportado, segundo apurado, houve redução de quase 4% nos embarques,
passando de 1,611 milhão de toneladas em 2009 para 1,547 milhão de toneladas em 2010.
O resultado alcançado em 2010 ficou abaixo das estimativas da ABIEC, que previa US$ 4,9
bilhões de receita cambial no período. No entanto, o volume exportado superou as expectativas
da associação, que previa 1,64 milhões de toneladas.
Para termos uma ideia desse fenômeno, a China, que praticamente havia dobrado o consumo
entre 1996 e 2005, graças ao crescimento econômico do país, o aumento da renda da
população, além de uma gradual mudança nos hábitos de consumo, também sofreu esse
processo de desaceleração entre 2005 e 2009.
Como veremos adiante, o consumo per capita de carne bovina e sua comparação com outras
proteínas animais concorrentes é um bom indicador para conhecer melhor a Cadeia Produtiva
Consumo per capita de carne bovina e comparação com o consumo de outras proteínas
animais
Fonte: PHOTOS.COM
O consumo per capita de carne bovina é um importante indicador a ser analisado. Por meio
do comportamento de consumo, informações importantes são geradas com finalidade de se
verificar o patamar de consumo, a evolução ou não, deste nos mercados consumidores, bem
como a concorrência com outras proteínas animais.
Quais estratégias a cadeia produtiva de carne bovina no Brasil precisa adotar para manutenção e
desenvolvimento da competência da indústria nacional na produção de proteína vermelha?
Podemos observar na Tabela 5 uma manutenção no consumo de carne de boi ao longo dos
anos nos principais mercados consumidores. Em alguns importantes mercados e com renda
elevada como Estados Unidos e Rússia, constata-se uma redução no consumo nos últimos
anos, principalmente na Rússia.
Esse fato da redução do consumo em alguns países de renda per capita elevada pode ser
justificado pela mudança de hábitos dos consumidores, talvez pelos problemas sanitários
ocorridos, como a BSE em 2002, ou a migração de consumo da carne vermelha para proteínas
Conforme demonstrado no Gráfico 1 a seguir, pode-se notar que, embora as carnes de suíno
e de frango ocupem as primeiras colocações na preferência de consumidores, na relação per
capita, a carne vermelha não apresenta queda de consumo.
Gráfico 1. Países da OCDE4: consumo per capita de carnes, por tipo 1 (kg/habitante/
ano)
A carne bovina é a proteína animal mais consumida pelos brasileiros. Que esforços a Cadeia Produ-
tiva da Carne Bovina precisa fazer para manter-se na liderança da preferência no mercado nacional?
4
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma organização internacional e intergovernamental
que agrupa os países mais industrializados da economia do mercado. Tem sua sede em Paris, França. Na OCDE, os
representantes dos países-membros se reúnem para trocar informações e definir políticas com o objetivo de maximizar o
crescimento econômico e o desenvolvimento dos países-membros.
Essa relação pode ser perigosa, já que o dado pode representar um ledo engano numa primeira aná-
lise menos criteriosa. Mesmo não havendo redução no consumo de carne bovina (per capita), ocorreu
um avanço considerável de outras proteínas animais concorrentes na preferência do consumidor, o
que serve como sinal de alerta, já que se acende uma “luz amarela” à Cadeia Produtiva da Carne
Bovina.
Historicamente, os países de alta renda apresentaram maiores níveis de consumo de carne bovina
em relação aos países de menor renda, dentre outras coisas, em virtude do maior custo desta, em
relação à proteína vegetal. Observa-se, no entanto uma estagnação ou diminuição do consumo de
carne bovina nos países mais ricos.
Sobre esse fato, três aspectos podem ser levantados:
I. Já foi atingido o nível de satisfação em relação a esses produtos nos países mais ricos, acontecen-
do o mesmo fenômeno no Brasil.
II. A perda de espaço da carne vermelha para a carne branca, sobretudo, à carne de frango, pois esta
goza de uma melhor imagem perante o consumidor.
III. E por fi m, um aumento de consumo nos países em desenvolvimento, graças ao aumento da renda
e nível de saciedade ainda não atingido.
Brasil
Fonte: PHOTOS.COM
O Brasil possui o segundo maior rebanho do mundo, com cerca de 205 milhões de cabeças,
perdendo apenas para a Índia, sendo ainda o segundo maior produtor de carne bovina do
mundo, com cerca de 9,2 milhões de toneladas em 2009, ficando apenas atrás dos Estados
Unidos. No que tange à exportação, o Brasil é o principal ícone neste cenário, respondendo
por cerca de 27% do mercado mundial (ABIEC, 2010; BRASIL, 2007).
Mesmo existindo sérios obstáculos internos que carecem ser superados, a cadeia
agroexportadora de carne bovina do Brasil desfruta de um contexto favorável ao aumento
da produção, das exportações, e consequente consolidação da posição de maior exportador
mundial de “proteína vermelha”.
Essa perspectiva favorável que se apresenta, tem fundamento principalmente no que tange os
aspectos produtivos e possibilidade de expansão do setor, em que pese os recentes fatos da
economia mundial que prejudicaram a Cadeia Produtiva da Carne Bovina do Brasil como um
todo, sobretudo, nas questões cambiais.
A adoção de novas tecnologias tem tornado a pecuária bovina de corte brasileira ainda mais
competitiva. Outros processos para a melhoria da qualidade da carne bovina brasileira, como a
gestão da qualidade, rastreabililidade, certificação, padronização e excelência sanitária devem
cada vez mais ser empregados, para assim, poder o Brasil ter sua posição de líder mundial
consolidada, neste segmento.
Alguns fatores podem ser destacados como pilares do atual panorama da pecuária nacional:
II. O avanço científico, tanto em genética animal como melhoria dos solos e pastagens, de-
senvolvimentos de novas cultivares e forrageiras.
IV. A profissionalização da criação extensiva, pela melhoria das pastagens e genética, gestão
de custos, receitas e despesas, aumento da capacidade de lotação.
VII. Vantagem competitiva originada dos baixos custos de mão de obra e terra, e em com-
paração com outros concorrentes, embora, os custos de produção venham se elevando
nos últimos anos.
No que se refere aos obstáculos a serem vencidos, destacam-se alguns pontos que devem ser
desenvolvidos na cadeia:
III. A consolidação de uma melhor coordenação da cadeia, entre todos os seus elos, para a
construção de sinergias e de relações ganha-ganha na cadeia.
IV. Respeito internacional, pela maior representatividade nacional nos fóruns, rodadas e nego-
ciações internacionais.
O documento do MAPA sobre a Cadeia Produtiva da Carne Bovina, onde está sustentado esse
material, apresenta de maneira sintetizada no Quadro 1 um conjunto sintético de aspectos a
serem vencidos pela cadeia de carne bovina no Brasil.
Fonte: PHOTOS.COM
2. Barreiras sanitárias: para a atividade pecuária, são relevantes as metas de eliminação de zoono-
ses e a classifi cação como área livre de aftosa sem vacinação, a certifi cação de propriedades e a
rastreabilidade dos animais; para os frigorífi cos, são relevantes os processos de classifi cação de
carcaças, a certifi cação para exportação, as Boas Práticas de Fabricação (BPF) e a implantação
de sistemas de gestão da qualidade, como a Análise de Perigos em Pontos Críticos de Controle
(APPCC).
3. Padrão de qualidade: além das práticas de criação e processamento, envolve a pesquisa de mer-
cado, a pesquisa genética e a disseminação das informações, que não podem se alicerçar ex-
clusivamente nas iniciativas das instituições públicas ou entidades representativas. Impõem-se a
necessidade de um modelo empresarial mais agressivo, que tome a liderança dessas atividades.
4. Coordenação da cadeia: uma coordenação efi ciente pode ter vários impactos positivos na dinâ-
mica de funcionamento dessa cadeia agroindustrial. A estabilização da oferta de matéria-prima aos
frigorífi cos, em quantidade e qualidade, seria positiva. A manutenção da qualidade (adequação às
necessidades do consumidor) do produto fi nal que sai dos frigorífi cos é função da qualidade dos
animais entregues para o abate. A avaliação da disponibilidade de animais para o abate também
seria benefi ciada com um planejamento comum ou com a troca de informações entre os agentes da
cadeia.
Fonte: PHOTOS.COM
Com cerca de 27,8 milhões de cabeças, o rebanho australiano ocupava a nona posição no
ranking dos maiores rebanhos do mundo no ano de 2005. Mesmo possuindo cerca de 2% do
rebanho mundial, a Austrália ocupa a sétima colocação na lista dos maiores produtores, tendo
sido a Líder em exportações até 2003, sendo a partir de 2004 esse posto ocupado pelo Brasil
(ABIEC, 2010).
No ano de 2009, esse país respondeu por, aproximadamente, 19,5% do total de carne bovina
comercializada mundialmente, ocupando a segunda posição nesse ranking. A capacidade de
confinamento australiana já superou 1 milhão de cabeças; a indústria de carne australiana tem
aumentado a capacidade de confinamento, tentando atender à preferência japonesa por carne
alimentada a grãos, já que o Japão compra 37% da carne bovina Australiana.
Um ponto que merece ser destacado diz respeito à modernização do atual sistema
de identificação bovina da Austrália. O Governo Federal daquele país financiará, com
aproximadamente US$ 11,6 milhões, o desenvolvimento e implementação do novo Sistema
Nacional de Identificação de Animais - NLIS (BEEFPOINT, 2005 apud BRASIL, 2007).
Argentina
Fonte: PHOTOS.COM
Com o quinto maior rebanho do mundo em 2009, cerca de 50 milhões de cabeças, a Argentina
ocupa a quinta posição entre os maiores produtores mundiais de carne bovina, respondendo
Gradativamente, a Argentina tem recuperado sua posição nos mercados internacionais. Embora
países como Coreia e Japão só aceitem importar carne in natura de nações declaradas livres
da doença sem vacinação, restrições sanitárias que têm limitado as exportações argentinas
de carne para esses destinos, a carne bovina argentina têm alcançado todo o resto do mundo,
incluindo a União Europeia.
No ano de 2004, a Rússia tornou-se o principal cliente da Argentina, absorvendo 21% do total
de suas exportações, seguido por Israel com 10% e Alemanha com 9% (BRASIL, 2007).
Alguns fatores podem permitir um aumento da oferta de carne Argentina no mercado mundial
a curto e médio prazo. Esses fatores podem permitir um crescimento acelerado do setor nos
próximos anos, posicionando a carne bovina do país no mercado internacional e superando
a participação atual no comércio que foi de 7% em 2006. Entre os fatores favoráveis, estão:
Por fim, faz-se necessário destacar a tendência de aumento do número de animais confinados,
crescimento da produção com alimentação dependente de pastagens, decorrência do avanço
da produção de grãos sobre as áreas de pastagens.
Como último destaque a salientar, temos o fato de que “los hermanos” são os grandes
consumidores mundiais (per capita) de carne bovina, chegando a consumir cerca de 65 kg/
Canadá
Fonte: PHOTOS.COM
Os canadenses ocupam a nona posição na lista dos maiores produtores de carne bovina do
mundo, sendo, no entanto o sétimo colocado no ranking dos maiores exportadores mundiais
(ABIEC, 2010).
Os principais compradores de carne bovina do Canadá são os Estados Unidos, com 81,8%
e México, com 15,5%. Conforme declaração do presidente da Federação de Exportação de
Carne Bovina do Canadá (Canada Beef Export Federation – CBEF), planeja-se expandir as
exportações de carne bovina para 800 mil toneladas até 2015, com perspectiva de se reduzir
a dependência em relação ao mercado dos Estados Unidos (BRASIL, 2007).
No entanto, acredita-se que os Estados Unidos devam permanecer como principal cliente dos
canadenses, já que o preço do produto é atrativo, mesmo com a tentativa de abertura de novos
mercados por parte dos canadenses, na intenção de diminuir a dependência já mencionada.
O preço do produto canadense é atrativo.
Estados Unidos
Fonte: PHOTOS.COM
Outra categoria onde os americanos figuram como líderes se refere aos principais consumidores
mundiais em volume geral; quando abordamos o consumo per capita, os americanos são o
segundo colocado, com cerca de 42,9 kg/ano, ficando atrás dos argentinos, ocupando ainda o
terceiro lugar quando nos referimos aos principais exportadores, este último ranking, liderado
pelo Brasil (ABIEC, 2010; BRASIL, 2007).
Japão e a Coreia do Sul têm sido os principais destinos das exportações norte-americanas de
carne bovina. Entretanto, com o surgimento de casos de BSE nos Estados Unidos, esse fluxo
comercial diminuiu consideravelmente.
De acordo com previsões do USDA (2005), os Estados Unidos reassumiriam suas exportações
para o Japão a partir de 2006, beneficiado pelo acordo comercial bilateral, de outubro de 2004.
Esse acordo permitia a reabertura do comércio de carne bovina entre os dois países desde
que algumas condições de produção fossem seguidas pelos produtores norte-americanos.
Ainda de acordo com as mesmas projeções, as importações de carne bovina dos Estados
Unidos originárias da Nova Zelândia e Austrália devem continuar declinando, particularmente
em razão do aumento da oferta interna. Mesmo considerando esse cenário, os Estados Unidos
devem continuar sendo importadores líquidos de carne bovina nos próximos anos (FAPRI,
2007).
Fonte consultada: folheto elaborado pela APR-MT Associação dos Produtores Rurais do Mato Grosso.
Autor: Leandro Bovo, médico veterinário pela UNESP Jaboticabal e Gerente Administrativo do SIC.
Entre no sites abaixo para entender mais sobre a Cadeia Produtiva da Carne Bovina:
<http://www.cnpgc.embrapa.br>.
<http://www.abcz.org.br/>.
<http://www.sic.org.br/>.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Então, querido(a) aluno(a). Chegamos ao final desta primeira unidade que trata sobre a
Cadeia Produtiva da Carne Bovina. Como você pôde observar, a carne bovina é uma das mais
importantes proteínas animais, tanto no cenário nacional, como em nível mundial.
O conhecimento sobre o que é uma cadeia produtiva, atentando para os seus aspectos teóricos,
bem como seus aspectos práticos, se fez imprescindível, para podermos então entender como
funciona a Cadeia Produtiva da Carne Bovina em específico.
Foi possível que você pudessem conhecer o funcionamento da Cadeia Produtiva da Carne
Bovina, em especial, a definição de cada elo componente desta cadeia produtiva, destacando
a participação de cada um destes elos, seu papel, sua função, sua atuação.
Como podemos observar, a Cadeia Produtiva da Carne Bovina possui elos muito heterogêneos,
onde convivem, desde grandes produtores rurais até pequenos produtores da agricultura
Uma coordenação eficiente da Cadeia Produtiva da Carne Bovina poderia permitir diversos
avanços significativos no funcionamento e na dinâmica, já que alguns benefícios poderiam
ser sentidos, tais como a estabilização da oferta de matéria-prima, garantia de qualidade e
quantidade, troca de informações entre os agentes, aumento da qualidade, acesso a novos
mercados, maior representatividade em mercados internacionais, bem como agregação de
valor ao produto, para citar alguns possíveis benefícios.
Você pôde acompanhar quem são os maiores produtores, exportadores, consumidores, e pôde
perceber o desenvolvimento do Brasil neste cenário, sobretudo, nas duas últimas décadas.
Como podemos observar, além de termos um grande rebanho de gado bovino, somos os
maiores exportadores de carne bovina do mundo, o que sem dúvida é resultado de muito
investimento em pesquisa e desenvolvimento, gado tratado a pasto, condições de clima, solo
e relevo favoráveis e adaptação excepcional das raças de origem zebuínas em boa parte do
Brasil.
No Brasil, o avanço das outras proteínas animais, tais como a carne de frango e a carne suína,
enquanto a carne bovina apresentou estagnação nos últimos anos, pode representar um sinal
de alerta para os membros componentes da Cadeia Produtiva da Carne Bovina.
A organização da Cadeia Produtiva da Carne Bovina ainda é incipiente, devendo ser tratado
com maior diligência. Embora alguns órgãos tentem organizar o setor, problemas culturais
ainda impedem maior harmonia entre os elos da cadeia produtiva, o que se configura como
“um tiro no pé”, já que a maior prejudicada é a própria cadeia produtiva.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1. Qual a proteína animal mais consumida no Brasil? Que esforços a Cadeia Produtiva da
Carne Bovina precisa fazer para manter-se na liderança da preferência no mercado nacio-
nal?
3. Como se configura e se constitui a Cadeia Produtiva da Carne Bovina do Brasil? Quais elos
ou subsistemas a compõem e quais funções desempenham nesse cenário?
9. Em relação ao contexto mundial da carne bovina, qual o rebanho mundial? Quais os maio-
res rebanhos mundiais por país e qual posição o Brasil ocupa nesse cenário? Faça a
distribuição percentual dos maiores rebanhos mundiais.
10. No que se refere à produção de carne bovina, quais os maiores produtores mundiais? Qual
a posição do Brasil nesse cenário? Faça uma distribuição percentual dos maiores produto-
res de carne do mundo.
12. Em relação ao consumo total, quais os principais países consumidores? Qual a posição do
Brasil? Distribua percentualmente os maiores consumidores de carne bovina.
13. Em relação ao consumo per capita, quais os maiores consumidores de carne bovina do
mundo? Que posição o Brasil ocupa nesse ranking?
14. O que significa a sigla BSE? Explique o histórico e impacto da BSE na produção e consumo
de carne vermelha nos últimos anos.
15. Faça uma análise dos principais produtores mundiais de carne bovina, com destaque para
uma análise mais refinada do Brasil.
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
No Brasil, principalmente nas duas últimas décadas, temos o CDC - Código de Defesa do
Consumidor – que garante direito a este consumidor; quando alguém descumpre algo que fere
esse consumidor, todos já ouviram alguém falar a seguinte frase: “Eu vou para o PROCON!”
ou ainda: “Vou procurar os meus direitos”. Ou seja, as pessoas, os consumidores estão mais
informados.
Se no Brasil é assim, pense em nível mundial. Os mercados mais exigentes do mundo, tais
como Europa, Japão, que são tradicionais clientes do agronegócio nacional, atingiram esse
nível de maturidade, sobretudo, no que se refere à exigência de qualidade dos produtos.
E outra questão: quando falamos em alimentos, a questão da qualidade é ainda mais séria,
por que, diferente de outros produtos, os alimentos são ingeridos pelas pessoas, o que pode
causar sérios problemas ou ainda levar o consumidor a óbito, caso este não atenda às legis-
lações vigentes.
Na Cadeia Produtiva da Carne Bovina, alguns esforços têm sido feitos no sentido de garantir a
qualidade do produto, em todas as suas fases de produção, desde o nascimento, ou antes, do
nascimento, até o abate, ou após o abate do animal.
Fonte: PHOTOS.COM
No entanto, também se sabe que sem a correta gestão nenhum empreendimento subsiste;
com a gestão do sistema produtivo da carne bovina não é diferente.
A adoção de boas práticas de produção de carne bovina é fator que contribui para o
Com essa nova dinâmica, diria, sustentável dinâmica, na produção de carne bovina,
descortinam-se novos horizontes e cenários favoráveis à Cadeia Produtiva da Carne Bovina
brasileira, já que assim, pode o Brasil ser conduzido e mantido na condição de protagonista
(ou pelo menos, um dos grandes atores) no seleto mercado mundial produtor de alimentos
saudáveis, de qualidade superior, livre de restrições não tarifárias e outras imposições do
comércio mundial.
A aplicação desta ferramenta de gestão chamada boas práticas na produção de carne bovina,
visa a consolidar a posição conquistada pelo Brasil nos últimos anos, maior exportador mundial
de carne bovina e segundo no ranking dos maiores produtores.
Alguns fatores foram determinantes para esse status atingido pelo Brasil no cenário mundial
da produção e exportação de carne bovina, dentre eles: i) a busca pela erradicação da febre
aftosa; ii) alimentação do gado a pasto, resultando em qualidade superior do alimento; iii)
condições edafoclimáticas favoráveis5; iv) recursos humanos qualificados; v) extensão
territorial; vi) iniciativa de rastreamento.
A Cadeia Produtiva da Carne Bovina, por meio de seus elos mais à jusante do processo
produtivo (redes varejistas de alimentos, consumidores, organizações não governamentais),
com vistas a assegurar a qualidade e segurança dos alimentos, tem exigido de seus
fornecedores a implantação de mecanismos de controle de qualidade durante todo o processo
produtivo, certificando que seus produtos estão em conformidade com as normas e exigências
de determinados mercados compradores.
5
Condições edafoclimáticas: questões relativas a clima e solo.
Para lembrar, outra exigência de mercado que extrapola os limites dos fatores intrínsecos
e extrínsecos do produto, propriamente dito, se refere à sustentabiidade dos sistemas de
produção, ou seja, a produção deve, além de qualidade do produto, garantir que o processo
seja ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável, pilares do
desenvolvimento sustentável6, sem esquecer, é claro, dos fatores ligados ao bem-estar animal.
O que pode se entender pela produção sustentável na pecuária de corte? Quais as dimensões do
desenvolvimento sustentável na Cadeia Produtiva da Carne Bovina?
Fonte: PHOTOS.COM
Trata-se da gestão, gerência, administração, aceitas na prática e para esta finalidade como
“sinônimos” e suas quatro funções básicas: Planejamento, Organização, Direção e Controle.
Uma gestão adequada exige que essas quatro funções, de forma coordenada, sejam aplicadas
às áreas funcionais da empresa, propriedade rural ou empreendimento.
Esse novo contexto exige uma postura sobre o processo de tomada de decisão nesses
empreendimentos inseridos em uma cadeia produtiva. Ao tomador de decisão, o gestor em
agronegócio, cabe tomar decisões baseadas em fundamentos consistentes, informações
adequadas, além do que deve possuir ou buscar desenvolver habilidades gerenciais que
permitam implantar sistemas de gestão capazes de produzir maior acerto no processo
decisório, bem como um melhor desempenho econômico-financeiro do empreendimento.
A direção é uma ação característica do gerente. É a coordenação das ações desejadas, via
ordens e estratégias de motivação. Suas ações são:
II) Cobrar resultados das ações previstas, delegar responsabilidades, definir atribuições e res-
ponsabilidades, designar tarefas a serem executadas, estimulando e motivando os colabo-
III) Atender os aspectos legais envolvidos com a atividade executada, no que se refere às leis
trabalhistas, previdenciárias, ambientais, fiscais e sanitárias, destacando-se:
- Trabalhista: assinar carteira de trabalho e previdência social (CTPS), fornecer e fazer se-
rem assinados os recibos de pagamento, recolher encargos sociais, pagar férias e 13º
salário, fornecer EPI (Equipamento de Proteção Individual).
- Fiscal: atender exigências das autoridades tributárias federais e estaduais, no que se refere
ao cálculo e recolhimento de impostos nestas esferas.
- Manter o registro de todos os insumos utilizados na propriedade, tais como vacinas, medi-
camentos, defensivos agrícolas, fertilizantes e suplementos alimentares, anotando data de
aquisição, validade e fabricante.
- Dispor de instrumentos de controle, como fi chas zootécnicas e livro caixa, que podem ou não ser
informatizados.
Fonte: PHOTOS.COM
A questão que se refere à função social do imóvel trata do atendimento a critérios estabelecidos
em lei nas áreas social, ambiental e de produtividade do imóvel rural. O artigo 184 da
Constituição Federal de 1988 e a Lei nº 8.629 de 25 de fevereiro de 1993 tratam do tema,
ficando a propriedade rural destinada a desapropriação e reforma agrária, caso essa função
social não seja atendida.
Além dos aspectos legais envolvidos, os aspectos ligados à função social do imóvel
ultrapassam essa questão, já que se tornaram temas relativos às exigências e demandas
do mercado, considerando que consumidores mais exigentes, sobretudo, de mercados como
Europa e Japão, para citar alguns, exigem que o produto que consomem, no caso a carne
bovina, atenda e cumpra com todos esses requisitos.
Mais do que produtos de qualidade, carne bovina de qualidade superior, consumidores (quanto
mais os conscientizados), demandam atenção a outros fatores e aspectos, que extrapolam os
valores intrínsecos e extrínsecos da carne bovina.
- Efetuar os recolhimentos das contribuições ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Área ambiental
- Atenção à reserva legal, devendo ser averbada na matrícula da propriedade junto ao Cartório de
Registro de Imóveis.
Índices de Produtividade
- GUT (Grau de Utilização da Terra): refere-se à utilização adequada dos recursos naturais disponí-
- GEE (Grau de Efi ciência na Exploração): refere-se ao aproveitamento racional e adequado dos
recursos.
- Para cumprir sua função social, o imóvel terá que atingir ou ultrapassar o GUT e o GEE, respectiva-
mente, iguais a 80% e 100%.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Fonte: PHOTOS.COM
Algumas diretrizes relacionadas com a área social e trabalhista são destacadas, a seguir, no
Quadro 4.
Contrato de Trabalho
- Todos os funcionários devem ser registrados e todos os acordos pactuados entre as partes devem
estar registrados.
- Ao ingressar no empreendimento rural o empregado deve passar por uma bateria de exames para
verifi cação de sua integridade física, psíquica, com avaliação médica para verifi car a ocorrência de
aptidão ou inaptidão ao trabalho. O mesmo ocorre no processo demissional. Assim, a empresa se
exime de quaisquer problemas anteriores que possam ter ocorrido com o empregado, ou mesmo
após a rescisão.
- O empregado deve ter assegurado o direito e acesso a saúde e higiene. Deve receber orientações
sobre o acesso a saúde pública.
- Disponibilizar moradia em condições adequadas de uso; atentar-se para não incorporar os valores
referidos a moradia no salário e observar as orientações sindicais sobre registro desse benefício.
- Os fi lhos menores dos empregados devem ter acesso à educação. Os empregadores devem propi-
ciar condições para essa ocorrência.
- Os empregados devem receber periodicamente treinamento, no que se refere à execução das tare-
fas a ele incumbidas, bem como no desenvolvimento pessoal.
Alimentação
- Caso receba alimentação, o empregado poderá ter descontado em seu salário até 25% do salário
mínimo nacional vigente. Caso o sindicato pregue o não desconto, o valor não poderá ser incorpo-
rado ao salário.
GESTÃO AMBIENTAL
Conforme definição proposta pelo Manual de Boas Práticas de Produção de Carne Bovina da
Embrapa Gado de Corte, a gestão ambiental trata do manejo adequado dos recursos naturais
existentes na propriedade rural, conforme determina a legislação ambiental vigente, bem
como, com relação às boas práticas de conservação do solo, da biodiversidade, dos recursos
hídricos e da paisagem, recursos estes empregados na pecuária bovina de corte.
O nosso país possui umas das legislações ambientais mais amplas e rigorosas, com inúmeras
restrições às ações desenvolvidas no campo. Aqueles infratores ficam sujeitos às multas, perda
de benefícios fiscais, bem como, perda dos direitos de adquirirem financiamentos públicos, e
até mesmo à prisão, como determina a Lei nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, chamada “Lei
de Crimes Ambientais”.
A seguir, algumas diretrizes relacionadas com a gestão ambiental na pecuária bovina de corte.
São as áreas protegidas por lei. A modificação destas áreas só será permitida com prévia
autorização do Poder Executivo Federal, quando forem necessários obras ou projetos de
utilidade pública ou interesse social. Devem ser preservadas as florestas e vegetações naturais
nas seguintes condições:
a) Ao longo de rios ou de qualquer curso d’água, com largura mínima de: 30 metros para
cursos d’água com até 10 metros de largura; 50 metros para cursos d’água entre 10 e 50
metros de largura; 100 metros para cursos d’água entre 50 e 200 metros de largura; 200
metros para cursos d’água entre 200 e 600 metros de largura; e 500 metros para cursos
d’água com largura superior a 600 metros de largura.
OBS.: a Resolução CONAMA nº 302, de 20 de março de 2002 dispõe sobre essa questão,
quando não especificadas no código florestal.
Essa vegetação não pode ser suprimida, sendo permitido apenas o seu manejo sustentável,
conforme princípios estabelecidos, critérios técnicos e científicos, dependendo de autorização
do órgão competente.
Nos casos onde não se observou esses limites e o respeito às leis vigentes, deve-se procurar
profissionais habilitados para iniciar um Projeto de Recuperação de áreas degradadas
(PRADEs).
Atividades não contínuas, como o corte avulso de árvores, limpeza de pastos, aproveitamento
de material lenhoso, extração e frutos nativos e madeiras nativas, queimadas requerem
liberação ambiental, por meio da autorização.
Outras atividades como o uso de recursos hídricos para irrigação e dessedentação dos animais
(saciar a sede dos animais), construção de benfeitorias em área de preservação permanente
e reserva legal, geração de resíduos e efluentes por meio da fabricação e manipulação de
produtos, também carecem de autorização.
Recomendações Importantes:
- As queimadas devem ser evitadas, pois elimina toda a forma de vida do solo, prejudicando
sua fertilidade, empobrecendo o solo dentre outros problemas.
- Com práticas desta natureza, problemas como o assoreamento dos rios, erosões, dentre
outros problemas podem ser evitados.
- O cuidado com a administração dos resíduos é essencial, para que se evite a contamina-
ção da água, solos etc., quais sejam.
- Deve-se, dentre outras coisas: realizar a coleta seletiva do lixo doméstico; guardar tempo-
rariamente as embalagens; efetuar a tríplice lavagem e furar o fundo de embalagens de
produtos químicos; recolher as embalagens vazias de produtos veterinários em locais co-
bertos, como no curral, para armazenamento provisório; e entregar as embalagens vazias
e/ou vencidas nos locais indicados na nota fiscal e/ou órgãos competentes.
INSTALAÇÕES RURAIS
Para que se produza gado com qualidade, as instalações físicas da propriedade rural devem
estar adequadas ao processo de manejo dos mesmos.
As instalações rurais devem ser adequadas de modo a não causar dano ao couro e à carcaça
bovina, e garantir a segurança do pessoal responsável pelo manejo dos animais, já que danos
dessa natureza representam perdas no processo produtivo, considerando que descontos
podem ser realizados pelos frigoríficos no momento do abate.
Esses danos depreciam o valor comercial do gado negociado, reduzindo assim, a rentabilidade
do produtor. Instalações inadequadas podem comprometer a qualidade do produto final, por
causa da ocorrência de hematomas e feridas na carcaça animal, bem como, a presença de
furos, cortes e riscos profundos. Assim, as instalações para a produção de bovinos de corte
devem atender aos aspectos ligados à funcionalidade, resistência, economia e segurança.
a) Cercas
- Devem ser de arame liso, pois as cercas de arame farpado provocam riscos e furos no
couro animal.
Fonte: PHOTOS.COM
b) Curral
- Deve ser construído de forma a permitir o manejo adequado dos animais, com segurança,
conforto e eficiência. As atividades de apartação, marcação, castração, identificação, vaci-
nação, descorna, pesagem, controle sanitário, exames diversos, bem como, embarque e
desembarque de animais.
- O curral deve ser bem localizado, em local de fácil acesso, que facilite o embarque e de-
sembarque de animais, de preferência em local elevado, firme e seco.
- As saliências devem ser eliminadas, tais como ferros, parafusos, pregos e lascas.
- A área deve ser limpa periodicamente, para evitar acúmulo de terra e esterco.
- Sempre que possível, a disponibilidade de um banheiro para uso dos funcionários, próximo
ao curral.
- Quanto aos reservatórios, os mesmos devem estar preferencialmente em locais mais ele-
vados, de forma a permitir a distribuição por gravidade.
- Quanto aos bebedouros, deve-se dar preferência a bebedouros artificiais que possam ser
higienizados e constantemente vistoriados, para oferecer água de boa qualidade.
- Deve-se evitar o uso de açudes, pois a água parada pode representar potencial fonte de
contaminação da leptospirose.
- A qualidade da água dos reservatórios e dos bebedouros deve ser constantemente moni-
torada.
- Quanto aos cochos, devem ser cobertos e estrategicamente posicionados para permitir o
acesso dos animais diariamente.
- Devem ser projetados de forma a garantir espaço adequado e suficiente, para que todos os
animais tenham livre acesso e sem competição.
Fonte: PHOTOS.COM
- Os cochos de alimentação devem ficar na parte frontal do piquete, para facilitar o forneci-
mento.
- Os bebedouros podem ser construídos com material de fácil limpeza e higienização e ser
construído com piso de fácil drenagem ao seu redor.
- Os dejetos devem ser adequadamente tratados, podendo ser utilizados como adubo orgâ-
nico ou biogás.
e) Armazenamento de insumos
- Devem estar localizados distante de residências, fontes de água e abrigos para animais.
Conforme definido pela Embrapa Gado de Corte, constante no manual de boas práticas de
produção agropecuárias – bovinos de corte, o manejo pré-abate e os bons tratos na produção
animal “tratam do conhecimento do comportamento animal e a aplicação de estratégias de
manejo que levam em consideração as necessidades fisiológicas e comportamentais dos
bovinos, com ganhos diretos e indiretos na produção de carne e couro de qualidade”.
O tema do bem-estar animal ganhou destaque nos últimos anos, dado que as demandas do
mercado priorizam sistemas de produção que respeitem o bem-estar animal, do nascimento
ao abate. Em um primeiro momento parece estranho falar em bem-estar bovino, ou pode
representar uma preocupação exagerada; mas além de ser exigência do mercado, sobretudo,
dos mercados mais exigentes, os benefícios da adoção dessa prática de manejo serão sentidos
ao longo do processo.
No Quadro 5 observamos algumas diretrizes em relação aos bons tratos com o gado bovino:
Quadro 5. Diretrizes relacionadas com os bons tratos com o gado bovino de corte
- Garantir espaço mínimo para que os animais possam manter um equilíbrio confortável no grupo.
- Organizar lotes com antecedência para evitar estranhamentos, acidentes de animais com chifre e
machos colocados em um mesmo grupo, bem como não misturar indivíduos estranhos.
- No manejo extensivo, distribuir fontes de água na pastagem, para facilitar o acesso sem longas
caminhadas.
- Treinar e instruir os colaboradores que lidam com os animais, a respeito das maneiras adequadas
de manejá-los (do nascimento ao abate), respeitando a biologia da espécie e evitando assim, os
estresses agudos ou crônicos, que poderão resultar na redução da qualidade do produto fi nal.
No processo de manejo pré-abate, as etapas mais críticas são as relacionadas com o embarque
e desembarque de animais, onde rotinas inadequadas e procedimentos equivocados terminam
por causar contusões e demais problemas relacionados, resultando em prejuízos financeiros
ao pecuarista.
Empregados mal treinados (ou não treinados) são, em parte dos casos, responsáveis por tais
danos, quando batem ou acuam os animais contra cercas e porteiras. A formação de lotes
novos, para a fase final de produção, pode ser responsável indireta, já que a “ordem social
estabelecida” é quebrada com a chegada de novos indivíduos ao grupo de animais.
- Evitar o uso de cães, paus e objetos pontiagudos no manejo e condução dos animais, para evitar a
ocorrência de hematomas, traumatismo e estresse.
Além da aquisição de sementes oriundas de fontes legítimas, a compra dos demais insumos
deve ser realizada somente com empresas regularizadas. Outro ponto a ser observado nesse
processo, é o rodízio ou diversificação de pastagens, para evitar o monocultivo ou ainda a
consorciação com gramíneas ou leguminosas.
Uma prática polêmica e muito empregada é a utilização da cama de frango como adubo
orgânico nas pastagens. A adoção deste procedimento pode representar sérios riscos de
contaminação por agentes patogênicos.
Já no que se refere ao manejo da pastagem, sabe-se que quando bem executado, além de
garantir a qualidade e a oferta regular de forragens, permite o prolongamento da vida produtiva
das pastagens, reduzindo os custos de produção.
Para que o manejo ocorra da forma adequada, alguns pontos são fundamentais, tais como:
II) Não utilizar a queimada como manejo de pastagens, o que além de ser ambientalmente
incorreto, reduz a fertilidade do solo e propicia o aparecimento de erosão.
IV) Realizar controle de ervas daninhas, e sempre que necessário, recompor nutrientes do
solo.
A aquisição de produtos deve ser realizada com empresas idôneas, que garantam a origem
e procedência de seus produtos. O emprego de antibióticos, hormônios ou promotores de
crescimento como aditivo alimentar é vedado, bem como é proibido o uso de farinha de osso,
farinha de carne, farinha de pena, cama de frango, sebo bovino, dentre outros elementos que
sejam oriundos ou contenham proteínas ou gorduras de origem de outros animais.
As rações ou reservas de suplemento volumoso, tais como silagem, feno ou cana, devem
ser conservadas em locais protegidos, para garantir a qualidade da mesma e deve haver um
planejamento das necessidades dos animais ao longo do ano, prevendo períodos de carência
- Utilizar um sistema de identifi cação que garanta a verifi cação e a comprovação, ao longo do tempo,
do conjunto de informações numéricas e descritivas, relacionadas com o histórico do animal ou do
grupo de animais manejados.
- Utilizar formas de identifi cação que garantam a individualidade, a fi xação no animal de forma per-
- A marca a fogo deve ser utilizada apenas nos locais permitidos pela legislação em vigor, (Lei nº
4.714 de 29 de junho de 1965), ou seja:
a) O gado bovino só poderá ser marcado a ferro candente na cara, no pescoço e nas regiões situadas
abaixo de uma linha imaginária, ligando as articulações fêmuro-rótulo-tibial e húmero-rádio-cubital,
de sorte a preservar de defeitos a parte do couro de maior utilidade, denominada grupon.
b) É proibido o uso de marca cujo tamanho não possa caber em um círculo de onze centímetros de
diâmetros (0,11m).
c) É proibido o emprego de marca de fogo, por parte dos estabelecimentos de abate de gado bovino,
para identifi cação de couros.
- Na necessidade de atender mercados específi cos, observar as normas do sistema de identifi cação,
rastreamento e certifi cação estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
- Manter atualizados os arquivos e as fi chas de controle sanitário preventivo ou curativo, sejam eles,
individuais ou por lote, anotando-se a data da ocorrência, número da partida e do lote do medica-
mento utilizado, laboratório e data da validade do produto.
- Disponibilizar as fi chas e arquivos de controle sanitário aos fi scais do serviço de inspeção sanitária
ofi cial e aos auditores do sistema de rastreamento ligados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), responsável pelo sistema brasileiro de Identifi cação e Certifi cação.
No início de 2002, foi instituído pela Instrução Normativa nº 1 de janeiro de 2002 do MAPA o
SISBOV (Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina) a
permissão de que os animais destinados ao abate estejam aptos para serem exportados para
União Europeia na primeira etapa e para outros mercados e mercado interno.
Esse sistema define ações, medidas e procedimentos para identificar, registrar e monitorar,
individualmente, todos os bovinos e bubalinos nascidos no Brasil ou importados.
A certificação pode ser fruto de um processo voluntário, onde o frigorífico eleva o nível de
Para exportação da carne bovina, por exemplo, cada mercado possui suas exigências quanto
a padrões de qualidade. As empresas certificadoras tomam como base de seus trabalhos
os parâmetros propostos nas respectivas normas. As normas europeias (CEE) possuem um
protocolo de qualidade para os produtos adentrarem nesses mercados. O padrão GlobalGap,
antigo EurepGap, é integrado por um conjunto de normas que regulamentam a entrada de
produtos em determinados mercados.
O que vem a ser rastreamento, certifi cação e identifi cação animal? Como esses fatores podem infl uen-
ciar na qualidade do produto, bem como no processo de agregação de valor ao produto?
Nos mercados mais exigentes (hoje até mesmo nos mercados menos exigentes), os aspectos
ligados ao controle sanitário do rebanho são fatores decisivos no processo de aceitação
desses produtos nesses mercados.
Uma das formas de se evitar que o produto se enquadre nesse rol de produtos “rejeitados”
é o efetivo controle sanitário. O controle sanitário trata das medidas preventivas e curativas
recomendados para o bom desempenho do rebanho, assegurando a produção de alimentos
saudáveis, conforme determinado pelo manual de boas práticas na pecuária bovina de corte
- Embrapa Gado de Corte.
No Quadro 9, logo abaixo, algumas diretrizes com relação ao controle sanitário são explicitadas:
- Promover o treinamento dos colaboradores quanto à identifi cação de problemas sanitários do reba-
nho, bem como em relação à adequada manipulação das vacinas e medicamentos.
- Eliminar animais mortos, mediante a queima total da carcaça em local apropriado, para evitar a
contaminação das pastagens e lençol freático.
Além do controle sanitário realizado contras as contaminações mais conhecidas, como a febre
aftosa e brucelose, outros problemas como a raiva, tuberculose, o botulismo, a leptospirose e
a cisticercose bovina devem ser controladas na propriedade rural, para o adequado controle
sanitário.
MANEJO REPRODUTIVO
Quando falamos em manejo reprodutivo, falamos da “linha de produção” em uma unidade rural
produtora de bovinos de corte. A busca pela maior eficiência produtiva e melhores níveis de
Nesse processo, a exploração comercial do sistema de cria tem por objetivo principal otimizar
a produção de bezerros desmamados. Portanto, a viabilidade econômico-financeira do projeto
vai depender da eficácia e eficiência com que são utilizados os meios disponíveis para melhoria
da produtividade.
Assim, algumas diretrizes relacionadas com o manejo reprodutivo são apresentadas no quadro
10:
a) A estação de monta deve ser a mais curta possível, ao redor de três meses, podendo começar um
mês após o início das chuvas.
b) As vacas devem ser identifi cadas e separadas em lotes por categoria: novilhas, vacas primíparas e
vacas multíparas.
- Defi nir se o sistema de acasalamento será de monta natural, monta controlada ou inseminação
artifi cial, por exemplo.
- Adequar a melhor relação vaca/touro, ou seja, identifi car o número de vacas ideal para cada indiví-
duo (touro);
- Efetuar o diagnóstico de gestação e descarte de fêmeas não prenhes, podendo ser iniciado a partir
dos 45 dias após o fi nal da estação de monta.
- Realizar o exame andrológico nos touros, assim verifi cando a fertilidade de cada indivíduo, geral-
mente 60 dias antes do início da estação de monta, descartando os animais de baixa fertilidade.
- Avaliar a condição corporal das vacas ao parto, sobretudo, no que se refere à correção do manejo
alimentar.
- Preparar novilhas para a reposição das vacas descartadas. Recomenda-se que as novilhas estejam
com o peso ao redor de 65% do peso das vacas adultas para serem entouradas.
- Os animais machos devem ser castrados, com vistas a facilitar o manejo, já que torna os animais
mais dóceis, permite a mistura de bois e vacas e elimina distúrbios de conduta sexual. Outra vanta-
gem é que os animais castrados têm uma melhor aceitação no mercado, já que suas carcaças são
consideradas como de maior qualidade.
Assim, os mesmos cuidados que os outros negócios demandam no trato com o processo de
Sabe-se que no Brasil trata-se de uma característica marcante dos produtos alimentares, a
ocorrência de mercados paralelos ou informais, que disputam os consumidores com o mercado
ético ou lícito. O problema principal é que quando falamos em informalidade na produção de
alimentos, envolvemos também a segurança do alimento e, consequentemente, isso se torna
uma questão de saúde pública (AZEVEDO; BANKUTI, 2003).
Nos abatedouros clandestinos, os restos dos animais abatidos, como sangue, carcaça, vísceras
e demais detritos são atirados aos rios sem qualquer tratamento ou ainda abandonados em
terrenos baldios, sem qualquer preocupação com contaminações ao meio ambiente e às
pessoas, causando mau cheiro, poluindo o ar, o solo e as águas.
No ano de 2008, Willadesmon Silva, médico -eterinário e então diretor de Inspeção de Produtos
de Origem Animal da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), escreveu um
artigo no site <http://www.portaldoagronegocio.com.br>, sendo este, base de boa parte das
exposições abaixo realizadas.
Sabe-se que o abate clandestino, considerado uma prática condenável que ocorre de norte a
sul do Brasil, representa um dos mais preocupantes fatores de risco à saúde pública nacional,
pela exposição a agentes infecciosos e parasitários, como aqueles que são transmitidos ao
homem pelos animais, pela ingestão de alimentos de qualidade sanitária duvidosa e pela
contaminação do meio ambiente.
Na verdade, trata-se de um crime contra os consumidores que precisa ser coibido com
veemência pelos poderes públicos. Esse perigo que representam os abates clandestinos à
saúde do brasileiro são demonstrados pelas doenças transmitidas por alimentos contaminados,
sendo estes, responsáveis por significativos gastos públicos no Sistema Único de Saúde –
SUS.
Na figura 4, podemos observar um dos produtos utilizados pelo Ministério Público do Estado
da Bahia para conscientização da população sobre os riscos do consumo de produtos
clandestinos, um veículo de comunicação em massa, o outdoor.
O interessante é que a propaganda tem como destaque a exigência de carimbo do SIF (Sistema
de Inspeção Federal) como identificador e sinalizador de procedência do produto.
Conforme Willadesmon Silva (2008), os abates nos frigoríficos oficiais da Bahia aumentaram,
assegurando a qualidade das carnes comercializadas e a segurança do alimento. No ano de
2007, o Serviço de Inspeção contabilizou o abate de 565 mil bovinos, um acréscimo de 20%
em relação a 2006, bons resultados, que revelam o sucesso contra o abate clandestino, aquele
Foi fundamental pra o êxito das ações, a Portaria 304/96, do Ministério da Agricultura, que
regulamenta o abate, o transporte e a comercialização de carnes.
Para esse desenvolvimento ocorrido no caso baiano, várias reuniões com lideranças, tais
como prefeitos, promotores, açougueiros, donas de casa, estudantes, produtores rurais foram
realizadas.
Além das campanhas educativas acima mencionadas, foram realizadas orientações técnicas,
bem como a proposição de novos arranjos produtivos e soluções conciliadoras, afinal, deve-se
levar em conta os aspectos culturais e econômicos que estão envolvidos, considerando ainda
a urgência em transformar a realidade dos abates na Bahia.
Em nível de Brasil, Azevedo e Bankuti (2003) comentam que a informalidade representa não
apenas um ganho fiscal, mas, sobretudo, um ganho derivado do aproveitamento de carcaças
que seriam rejeitas por riscos sanitários ou falta de padrão.
Portanto, mesmo que haja redução de impostos, ainda assim a informalidade apresenta
atrativos e proporciona ganhos. A fiscalização deficitária se apresenta como outro sério
problema que ainda faz com que os abates clandestinos permaneçam.
Com base em pesquisa de Buso (2000, apud AZEVEDO e BANKUTI, 2003), cerca de 75% dos
consumidores depositam confiança na segurança do alimento. O que causa espanto, é que
esta confiança não decorre de cerificações sanitárias ou dos órgãos competentes, mas sim,
do relacionamento entre consumidor e ponto de venda.
No varejo, vários aspectos podem ajudar o consumidor a saber se o produto que ele está comprando
vem de estabelecimento inspecionado. Quando a carne se apresenta em cortes e embalada, a rotula-
gem deve conter todas as informações necessárias para que se saiba que estabelecimento processou
aquele produto, como a logomarca do serviço de inspeção, que contém um número que identifi ca o
estabelecimento, a data do processamento, a data de validade, a temperatura de conservação etc.
Quando está em grandes peças, é possível observar os carimbos de inspeção (de cor azul/roxa, feitos
com tinta atóxica) em cujo interior existe um número que identifi ca o estabelecimento produtor. Se as
peças estiverem em cortes e se não houver nenhuma identifi cação do estabelecimento produtor, o
consumidor deverá exigir do estabelecimento varejista a nota fi scal de compra do produto, o que lhe
permitirá constatar se a carne veio de estabelecimento registrado ou não.
Caso não se comprove a origem da carne, o consumidor deve denunciar o estabelecimento às autori-
dades de saúde pública para que seja feita a verifi cação da qualidade do produto oferecido.
A denúncia pode ser encaminhada à Secretaria da Saúde, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
O Boi orgânico
Muito se fala em produtos orgânicos, quando tratamos do tema da segurança do alimento nos
últimos anos, sobretudo, após os incidentes envolvendo contaminação animal por ingestão de
substâncias de origem duvidosa ou desconhecida, tais como os problemas relacionados aos
casos de BSE – Encefalopatia Espongiforme Bovina, popularmente conhecido como mau da
vaca louca, ocorridos na Europa no final do século passado.
O boi orgânico faz parte de um sistema que tem como premissa o economicamente viável, o
ecologicamente correto e o socialmente justo, pilares do desenvolvimento sustentável. Além
de o animal ser criado de maneira mais saudável, é preciso que o pecuarista não esteja
degradando a natureza e que ele ofereça a seus funcionários boas condições de trabalho e
de vida.
Nas palavras de Resende e Signoretti (2005), podemos considerar que o sistema orgânico
de produção de carne bovina é aquele em que sejam adotadas tecnologias que façam uso
dos recursos produtivos de maneira sustentável, onde haja preservação e ampliação da
biodiversidade do ecossistema local, conservação do solo, água e ar.
Além disso, deve ser independente em relação a fontes energéticas não renováveis e
eliminando os insumos artificiais tóxicos, como os agrotóxicos, organismos geneticamente
modificados e outras substâncias contaminantes que possam prejudicar a saúde da população
e o meio ambiente.
No que tange a pecuária orgânica, nos casos de contaminação dos rebanhos bovinos da
Europa tratados com proteína animal, mostrou-se existir enorme desequilíbrio entre a saúde
do homem, a sanidade dos alimentos e a sustentabilidade dos recursos naturais. Desta forma,
a busca do equilíbrio entre a sustentabilidade ecológica da produção passou a ser objetivo de
uma população preocupada com a segurança alimentar, a qualidade e a preservação do meio
ambiente.
Ainda, todo o sistema de produção de carne orgânica deve ater-se a uma filosofia holística,
que não se preocupe apenas com a produção de carne, mas sim, dê atenção aos aspectos
sociais e ambientais. Tome como exemplo de norma fora do estrito contexto da produção, a
exigência que todas as crianças da fazenda estejam frequentando a escola.
Uma condição essencial para que a carne seja considerada orgânica é que, ao menos uma
vez ao ano, a empresa certificadora deve realizar visitas, sendo permitido que venham mais
vezes, quando julgar procedente. A finalidade desta visita é manter atualizadas as informações
sobre os produtos certificados como orgânicos.
a) O manejo de animais deve ser considerado como parte integrada de um organismo agro-
pecuário diversifi cado.
b) A criação animal deve contribuir para cobrir a demanda de adubo animal da atividade agrí-
cola da propriedade, criando uma relação solo-planta-animal de reciclagem.
b) Os animais pré-existentes na propriedade e suas crias também deverão passar por período
de conversão.
c) A compra de animais para renovação de rebanho (matrizes) será autorizada até no máximo
b) Luz natural suficiente, de acordo com as necessidades dos animais, é necessária em qual-
quer estrutura de criação, bem como a proteção contra temperaturas excessivas, luz solar,
vento e chuva. As instalações deverão permitir regulação de arrefecimento, ventilação,
minimização de poeira, temperatura, umidade e concentração de gases.
d) Mutilações somente serão permitidas para mochação em animais jovens. Castrações tam-
bém somente serão permitidas em animais jovens.
e) As áreas de pastagem deverão ser manejadas de maneira a permitir uma rotação que
viabilize a sua recuperação.
g) A reprodução dos animais deverá ser natural. Inseminação artificial é permitida. São proibi-
dos os métodos de reprodução, transplante de embriões e clonagem.
h) A amarração dos animais é proibida, salvo para ordenha, manejos específicos de sanidade
ou para animais perigosos.
i) Bezerros, animais jovens ou adultos, bem como outras categorias de rebanhos não deve-
j) O desmame será feito em animais jovens após o fornecimento de leite de sua própria espé-
cie dentro de um prazo que leve em conta o comportamento animal relevante da espécie.
Alimentação
b) os recém-nascidos deverão ser alimentados com leite da mãe ou substitutos (bovinos até
pelo menos três meses);
d) pelo menos 50% da alimentação deverá ser proveniente da própria unidade, ou ser produ-
zida em cooperação com outras propriedades certificadas na região.
e) alimentos não orgânicos somente poderão ser fornecidos em casos de danos ambientais
não previstos ou eventos provocados não previstos, por um período determinado pela cer-
tificadora.
Quando o consumidor compra a carne bovina no varejo, acredita, mas não tem completa certeza da
procedência do produto consumido. Será que a carne vendida como produto orgânico nos pontos
de venda, de fato é? O consumidor da carne orgânica brasileira pode confi ar? Pense e discuta no
ambiente virtual.
A alimentação de inverno dos bovinos deverá ser a mais diversificada possível. O ideal é
utilizar pastagens de inverno, capineiras, bancos de proteínas, tubérculos, silagem, feno etc.
Outros alimentos deverão ser considerados como complemento.
O uso de tortas de oleaginosas, farelos, polpas de cacau ou citros e outros similares será
permitido desde que se tenha certeza de sua origem (sem contaminação com agrotóxicos
e resíduos de solventes) e de que não sejam transgênicos. Rações elaboradas a partir de
resíduos animais (cama de frango, farinha de carne, farinha de sangue, pó de osso e outras)
d) Manejo em densidade/m² ou hectare que permita o bem-estar do animal e que iniba proble-
mas de saúde.
Com as medidas acima, deverá ser possível manejar animais de maneira natural e limitar
os problemas de saúde ao máximo. Se for necessário um manejo terapêutico, este deverá
ser preferencialmente natural, recorrendo-se a medicamentos sintéticos somente em último
caso, sem levar o animal ao sofrimento desnecessariamente, mesmo que isso leve à perda da
certificação orgânica.
b) Caso a doença ou problema não tenham solução, poderão ser aplicados medicamentos
sintéticos ou antibióticos, sempre com acompanhamento do veterinário responsável.
d) O uso de hormônios para indução de cio ou para estimular produtividade, além dos promo-
tores de crescimento como antibióticos e coccidiostáticos, são proibidos.
e) Vacinas obrigatórias por lei são permitidas. Vacinas profiláticas também são permitidas, se
as doenças estiverem ocorrendo na região de forma endêmica ou epidêmica.
O prazo de carência para o uso dos produtos de origem animal de animais tratados de forma
alopática sintética ou com antibióticos é de o dobro do tempo recomendado pelo fabricante.
Se um lote de animais for tratado de forma alopática sintética ou com antibiótico mais do
que três vezes ele perderá a certificação, devendo cumprir o prazo de carência para a sua
liberação como orgânico.
Fonte: PHOTOS.COM
b) O meio de transporte deve ser adequado a cada espécie animal. Os animais devem ser
alimentados de preferência com alimentos orgânicos e ter água disponível durante o trans-
porte, dependendo do clima e da distância.
e) Animais de sexos diferentes não deverão, se possível, ser transportados juntos, devendo
ser conduzidos de maneira pacífica.
f) Ao longo do transporte e durante o abate deverá haver uma pessoa responsável pelo bem-
-estar do animal.
g) O manejo dos animais no transporte e abate será o mais calmo e apropriado/gentil possí-
vel. O uso de bastões elétricos e instrumentos do gênero são proibidos.
h) O transporte dos animais da propriedade para o abatedouro não deverá exceder oito horas.
Exceções poderão ocorrer se o operador apresentar justificativas e esclarecer como será
minimizado o estresse.
Os animais e produtos de origem animal devem ser identificados com número de lote, tipo
de produto, data de processamento e peso, ao longo de todas as fases da cria, preparo,
processamento e comercialização.
Como comentário final sobre os procedimentos básicos para certificação do boi orgânico,
Resende e Signoretti (2005) argumentam que os consumidores brasileiros, semelhantes aos
europeus, têm procurado consumir produtos com os selos de sua confiança. Estes selos
conseguem transmitir credibilidade, transparência e confiança. O que o Brasil deve fazer é
investir em uma marca da carne brasileira orgânica, para garantir expansão das exportações.
Na busca constante por segurança do alimento, justiça social e preservação do meio ambiente,
os consumidores estão cada vez mais exigentes. Com o aumento da credibilidade das marcas,
novos mercados poderão ser conquistados; o Brasil precisa investir neste segmento, com uma
legislação eficiente e uma campanha nacional de conscientização do setor produtivo.
Uma sugestão de leitura interessante sobre o assunto discutido nesta unidade é o “Documento 129”
da Embrapa Gado de Corte - Campo Grande, que trata sobre as BOAS PRÁTICAS NA PRODUÇÃO
DE BOVINOS DE CORTE.
Esse documento você pode acessar pelo link:
<http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc129/>.
Entre lá e confi ra!
Então, prezado(a) aluno(a), tínhamos como objetivos principais nesta unidade II, explorarmos
os assuntos pertinentes às boas práticas na produção de bovinos de corte. Neste contexto,
foi possível analisar, além das boas práticas do setor, a produção orgânica de carne bovina, a
questão da clandestinidade, o SISBOV, os aspectos ambientais envolvidos e a necessidade de
sustentabilidade da pecuária bovina de corte.
Como foi possível observar, sem planejamento nada funciona, nem a produção de gado de
corte. Aplicar os princípios da gestão à propriedade rural torna-se imperativo... é lição de casa:
planejamento, organização, direção e controle.
O equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental deixa de ser “papo de ecochatos” como se
falava anos atrás, para ser uma condição de competição em alguns mercados, principalmente
os mais exigentes. Bem-estar animal e bons tratos no manejo são essenciais, como pôde ser
observado, e é exigência de mercado em muitas ocasiões.
A garantia de procedência dos produtos, em foco a carne bovina, pode ser assegurada pelos
sistemas de identificação, rastreabilidade e certificação. Neste contexto, o papel do SISBOV é
fundamental, sobretudo, na promoção de sua credibilidade. As organizações certificadoras de
alimentos, tais como as que identificam animais como orgânicos ou garantem a procedência
da carne consumida, tem tido grande destaque, sobretudo, quando se atendem mercados
mais exigentes.
2. O que pode se entender pela produção sustentável de carne bovina? Quais as dimensões
do desenvolvimento sustentável na Cadeia Produtiva da Carne Bovina?
7. Qual a importância de instalações rurais adequadas para a pecuária bovina de corte? Dis-
cuta e aponte algumas recomendações importantes.
8. O que vem a ser bem-estar animal? Discuta por que os bons tratos na produção animal
tornaram-se importantes fatores na cadeia produtiva de carne bovina, bem como essa
questão afeta os mercados consumidores, sobretudo, os mercados internacionais mais
exigentes.
9. O que vem a ser rastreamento, certificação e identificação animal? Como esses fatores
podem influenciar na qualidade do produto, bem como no processo de agregação de valor
ao produto?
10. Qual a importância do manejo sanitário na propriedade rural? Neste contexto, discuta a im-
portância da questão sanitária na Cadeia Produtiva da Carne Bovina e quais os principais
obstáculos a serem superados pelo Brasil.
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
Então, caro(a) aluno(a), podemos seguir mais adiante no aprofundamento sobre a Cadeia
Produtiva da Carne Bovina? Confiante que sim, procurarei nesta unidade aprofundar a
disponibilização de conhecimentos e informações a respeito do caso brasileiro.
Quem nunca ouviu falar em Gado Zebu? Apresentando um breve histórico dos primórdios
da pecuária de corte no Brasil podemos entender e compreender um pouco mais sobre as
raças que originaram o atual plantel brasileiro, que gira em torno de 200 milhões de cabeças,
variando para cima ou para baixo conforme a fonte de informações estatísticas.
O fato é que em nosso país, este tipo de gado, principalmente no centro-oeste, somados a
outros fatores, encontrou condições ideais de reprodução, em escala comercial. Mas em cada
região brasileira, temos um tipo de raça e maior ou menos adaptação.
O Brasil irá atender diversos mercados ao redor do mundo, dentre eles mercados de níveis
de exigência significativos, tais como o europeu e japonês. Um destaque se dá a capacidade
de adaptação da indústria nacional, às necessidades dos diferentes tipos de consumidores,
permitindo assim, que o Brasil atenda a mercados de escopo, tais como o mercado Halal e
Kosher. O que é Halal? O que é Kosher? Você nunca ouviu falar?! Fique tranquilo!
Uma destas fontes importantes é o SIC – Serviço de Informação da Carne do Brasil. Com
base nas informações contidas e disponibilizadas no SIC e em outras fontes, é possível se
aprofundar em conhecimentos e informações sobre a pecuária de corte do Brasil.
O SIC foi uma das principais fontes de pesquisa a respeito dos temas abordados na sequência,
principalmente tendo como base o artigo de Ferraz e Figueiredo Junior (2003), disponibilizado
no portal, juntamente com as informações da ABIEC, do IBGE, do MAPA e da Embrapa Gado
de Corte.
Você se lembra dos livros de história? Espero que sim. Agora, caso não esteja se lembrando
muito bem, vamos resgatar alguns assuntos que nos interessam para entendermos como o
Brasil se tornou essa potência na pecuária mundial.
Esta primeira introdução do gado bovino em solo brasileiro foi realizada onde hoje se localiza o
estado da Bahia. Já no século XVII, outros animais teriam chegado à capitania de São Vicente.
O emprego do gado bovino neste período inicial se referia ao uso na tração animal, onde o
O gado bovino também era utilizado no transporte de mercadorias em geral, bem como servia
de alimento para os escravos. Ainda, com a presença da atividade açucareira na região litorânea
do Brasil Colônia, o gado bovino foi consideravelmente útil para expansão e penetração em
novas regiões, sobretudo, no processo de interiorização, do litoral para o continente, mais
precisamente, para onde se encontra atualmente os estados de Goiás e Minas Gerais, por
exemplo.
Já no século XVII, com base em relatos históricos, estavam envolvidas na atividade não mais
do que 13 mil pessoas e um rebanho de cerca de 650 mil cabeças (SIC, 2011).
Na porção do extremo sul do Brasil Colônia, onde se encontra atualmente o estado do Rio
Grande do Sul, como decorrência do processo de colonização, foi desenvolvida uma atividade
pecuária baseada no uso da alimentação de pasto nativo. Até o século XIX, foi grande o
crescimento do rebanho nacional, graças à chegada de animais europeus, mais adaptados às
condições climáticas das regiões do sul.
Mais precisamente no século XIX, com a introdução do gado zebuíno no país, conseguem-se
condições ótimas de adaptação, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e daí
para as demais localidades, sendo que, atualmente, o Brasil possui um dos maiores rebanhos
comerciais de zebuínos do planeta.
No processo de alimentação dos animais, que sempre foi basicamente à pasto, foi grande
e positiva a influência da introdução de gramíneas do gênero das braquiárias, que de certa
maneira revolucionaram a bovinocultura brasileira de corte, sobretudo, nas regiões de solos
considerados mais fracos.
Com a introdução do gado zebuíno no chamado “cerrado”, foi permitida uma exploração de
Após o período marcado pelas duas grandes guerras mundiais, a partir do século XX, o mundo
concebeu a ideia de que o Brasil poderia se transformar em um dos maiores fornecedores de
carne bovina para o mundo.
Desta forma, muitos programas de incentivos, inclusive financeiros, foram criados para levar
o gado zebuíno e a braquiária, para as regiões chamadas de novas fronteiras agropecuárias,
zonas de expansão localizadas nas regiões Norte e Centro-Oeste do país.
Atualmente, podemos observar claramente a valorização das terras destas regiões, que
antes eram vendidas “a preço de banana” e hoje têm preços mais condizentes com suas
potencialidades de produção. O avanço para essas terras, que um dia tiveram que ser
“abertas” para a introdução da agropecuária, trouxe também o desenvolvimento regional com
o crescimento das cidades.
Segundo dados do Economics FNP, o rebanho bovino brasileiro em 2005 era de 175,055
milhões de cabeças. Segundo estatísticas do final do ano de 2008, o rebanho brasileiro teve
Porém, em uma coisa temos certeza: que essa dúvida provavelmente nunca será dirimida!
Na verdade, não nos interessa saber exatamente, qual a quantidade de cabeças de gado
existentes no Brasil, ainda porque existem muitos criatórios clandestinos, muitos projetos
pecuários na região de fronteira, em recônditos rincões, o que torna impossível a precisão
desses números.
A diferença na contagem do rebanho pode também ser atribuída à metodologia utilizada para
efetuar esses levantamentos, sobre a definição de bovinos de corte, bovinos leiteiros e mistos.
O que precisamos compreender é a dinâmica que envolve a cadeia produtiva como um todo,
nos diversos elos que a compreendem. Devemos saber situar o Brasil no cenário competitivo
mundial, identificar a empresa onde atuamos, esteja em quaisquer dos elos da cadeia, a
montante ou a jusante, ou o nosso projeto pecuário, ou ainda a propriedade rural onde atuamos.
Embora não exista uma regionalização oficial da pecuária nacional, de acordo com um trabalho
realizado pelos pesquisadores da Embrapa, Arruda e Sugai (1994), foi possível serem definidas
Com base em dados do IBGE (2010) com relação ao rebanho bovino nacional do ano de 2008,
as regiões brasileiras apresentam a seguinte configuração produtiva na pecuária de corte,
ou seja, a região Centro-Oeste é responsável por 34,08% do rebanho nacional, a Norte com
19,34%, seguidos das outras três regiões, Sudeste com 18,69%, Nordeste com 14,26% e Sul
apresentado 13,63%.
A partir de 2003, alguns dos estados mais tradicionais na produção pecuária nacional como
Paraná, São Paulo e Goiás apresentaram praticamente uma estagnação no número de
animais, ao passo que outros viram o seu rebanho diminuir nesse período.
O que se nota na divisão geográfica da produção de bovinos de corte no Brasil, é que a região
Centro-Oeste se mantém na liderança de produção nacional, havendo nos últimos dez anos,
uma diminuição e/ou estagnação dos plantéis das regiões sudeste e sul e um crescimento na
produção nas regiões Norte e Nordeste.
Desta forma, o que podemos compreender, com base nos dados e informações analisados,
é que vem se consumando nos últimos anos uma mudança na “geografia do boi”, já que a
produção pecuária tem se deslocado para a Região Centro-Oeste e, mais recentemente, para
a Região Norte.
Em 2011, a região Centro-Oeste possuía o maior rebanho nacional, representando quase 1/3
do total do rebanho. O estado do Mato Grosso detém hoje a maior participação neste total,
alcançando aproximadamente 11% em 2008, com mais de 20 milhões de cabeças de gado.
REGIÕES 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
NORTE 26.898.537 28.295.793 29.525.043 30.656.917 31.237.539 32.266.275 33.646.656 35.606.111 34.496.002 37.895.512
RO 7.886.167 8.260.225 8.562.626 8.746.366 8.649.683 8.710.121 8.978.492 9.363.027 9.547.784 9.926.860
AC 1.386.010 1.488.476 1.589.002 1.689.359 1.784.474 1.912.198 2.047.184 2.214.169 2.239.183 2.476.736
AM 1.018.998 1.076.903 1.130.903 1.197.077 1.266.076 1.367.336 1.492.631 1.627.95 1.672.755 1.638.981
RR 504.302 524.429 535.920 554.651 572.516 601.661 635.508 674.528 681.360 705.942
PA 10.015.155 10.753.854 11.513.129 12.263.376 12.811.552 13.437.708 14.073.318 15.035.994 15.360.958 15.825.413
AP 59.598 59.432 59.180 59.785 60.151 62.732 65.657 69.657 70.707 72.590
TO 6.028.306 6.132.474 6.134.265 6.146.303 6.093.118 6.174.520 6.353.866 6.621.611 6.883.255 7.248.991
NORDESTE 24.829.106 24.970.816 25.175.921 25.747.665 26.032.760 26.564.111 27.126.372 27.861.494 27.788.347 28.416.572
MA 5.068.748 5.215.585 5.294.586 5.534.514 5.645.657 5.769.808 5.915.675 6.088.652 6.148.598 6.247.691
PI 1.637.639 1.619.991 1.589.994 1.605.663 1.594.708 1.607.624 1.631.940 1.671.731 1.687.025 1.676.744
CE 2.223.269 2.159.157 2.131.820 2.132.512 2.125.427 2.143.753 2.196.850 2.260.377 2.254.401 2.209.313
RN 972.053 956.055 947.383 959.024 973.683 993.397 1.016.568 1.047.499 1.029.885 1.019.591
PB 1.322.923 1.295.924 1.270.742 1.282.750 1.303.478 1.316.828 1.333.637 1.354.117 1.284.244 1.290.666
PE 2.055.496 2.034.388 2.017.753 2.051.570 2.079.518 2.208.408 2.275.750 2.341.181 2.278.050 2.300.830
AL 964.969 946.805 926.211 925.870 913.530 903.474 903.059 911.115 891.332 946.045
SE 951.687 939.669 938.518 953.156 955.898 958.284 969.947 990.672 969.573 959.880
BA 9.632.323 9.803.243 10.058.914 10.302.606 10.440.861 10.662.534 10.882.948 11.196.149 11.245.240 11.765.812
SUDESTE 37.150.579 37.704.333 37.646.460 36.964.309 35.582.651 34.115.144 33.669.215 33.767.354 33.182.446 33.382.247
MG 27.726.959 22.191.418 22.159.055 21.914.431 21.425.712 20.727.895 20.686.487 20.811.690 20.364.363 20.524.395
ES 1.743.662 1.761.633 1.788.369 1.806.565 1.789.518 1.799.836 1.847.880 1.918.891 2.006.224 2.106.840
RJ 1.973.303 2.015.353 2.063.372 2.059.720 2.003.852 1.994.030 2.037.364 2.098.359 2.127.468 2.198.929
SP 11.706.655 11.735.929 11.635.664 11.183.592 10.363.569 9.593.384 9.097.485 8.938.414 8.684.390 8.552.720
SUL 37.150.579 37.704.333 37.646.460 36.964.309 35.582.651 34.115.144 33.669.215 33.767.354 33.182.446 33.382.247
PR 10.015.583 9.926.649 9.805.247 9.555.761 9.153.996 8.897.835 8.664.710 8.549.329 8.494.960 8.369.671
SC 3.490.956 3.546.383 3.576.038 3.581.146 3.586.476 3.715.075 3.876.500 4.017.012 4.177.441 4.275.950
RS 12.489.909 12.207.397 11.788.298 11.349.298 11.148.126 11.313.210 11.623.521 12.008.548 12.509.410 12.846.903
C.OESTE 57.317.486 58.348.061 58.597.424 57.199.890 53.781.149 51.458.696 51.289.978 51.458.878 51.904.705 54.853.460
MS 20.308.361 19.969.533 19.503.708 18.771.084 17.405.568 16.414.831 16.505.779 16.569.375 16.644.742 17.373.278
MT 19.639.320 20.624.124 21.084.758 20.682.740 19.582.504 18.818.043 18.736.503 18.883.347 19.193.985 20.562.328
GO 17.294.532 17.677.767 17.930.343 17.666.218 16.714.661 16.146.312 15.967.126 15.992.168 16.012.093 16.831.100
DF 75.272 76.636 78.616 79.848 78.415 79.510 80.571 83.989 83.255 86.753
BRASIL 172.182.156 174.999.462 176.114.432 175.055.670 170.522.697 168.330.347 169.896.954 173.268.726 174.090.818 180.040.323
Para esse desenvolvimento nas diversas regiões produtivas do Brasil, o que se percebeu nos
últimos anos, é que o uso de algumas tecnologias permitiu ampliar e desenvolver cada região,
sendo que algumas destas tecnologias são amplamente difundidas atualmente, tais como a
Outro fator de extrema importância é o avanço da agricultura sobre as áreas de pastagens nos
últimos anos, principalmente sobre as áreas de pastagens degradadas. Sobretudo, em regiões
como sul e sudeste, onde houve essa diminuição da quantidade de animais em proporção a
média nacional, isso pode ser explicado, basicamente, pela boa perspectiva, principalmente,
para os grãos, para os anos que se seguem.
Grosso modo, quanto aos tipos de produção, a pecuária pode ser dividida em intensiva ou
extensiva. A pecuária extensiva é desenvolvida em grandes áreas, grandes extensões
de terras; o gado é criado solto, geralmente sem grandes investimentos em tecnologia de
produção, investimentos financeiros nem recursos e técnicas veterinárias importantes.
Já a chamada pecuária intensiva, por sua vez, é aquela que é praticada utilizando-se grande
monta de recursos financeiros, bem como de técnicas e recursos tecnológicos de última
O gado criado em sistemas extensivos e semi-intensivos, deve ter sua alimentação baseada
em pastagens de gramíneas, onde se utiliza largamente diversos tipos de braquiárias. Este
tipo de alimentação se justifica em regiões como Sudeste e, principalmente, a região Centro-
-Oeste. Nestas regiões, de grandes propriedades, trabalha-se muito a escala de produção, em
sistemas extensivos e semi-intensivos.
Os sistemas mais intensivos, por consequência de maiores custos, são para o gado em fase
de acabamento ou também chamada fase final de engorda, bem como para os animais de
elite, tais como o gado de pista ou de exposição.
Por sua vez, nas regiões Sul e Sudeste, existe uma maior presença de sistemas mais
intensificados, tais como os confinamentos e os semiconfinamentos, o que também é
encontrado na região Centro-Oeste.
Na pecuária de corte, o rebanho ainda pode ser classificado em sistemas de produção, que
envolvem as fases de criação dos bovinos. Desta maneira, eles seriam divididos em: Cria,
Recria e Engorda.
A fase de cria, como o próprio nome sugere, abrange desde a fêmea apta para a reprodução,
seja por inseminação artificial ou cobertura via estação de monta, monta natural, ou seja, com
touros, até a fase de desmama do bezerro, que ocorre, em média, dos seis aos oito meses de
vida.
Passada esta fase, entra em cena a chamada fase de recria, que se estende desde o período
de desmama do animal até momentos antes de adentrar para a fase de engorda. Nesta fase, o
bovino se apresenta bem desenvolvido, no entanto, ainda com a classificação de gado magro.
A engorda, ou fase de terminação, é a terceira e última fase de criação. Neste ponto, os animais
são devidamente acabados, chegando a pesos que podem variar entre 16 a 20 arrobas (uma
arroba equivale a 15 quilos) no caso dos machos e de 12 a 16 arrobas para as fêmeas.
O tipo de acabamento, cobertura de carcaça, nível de gordura, bem como peso dos animais,
variam conforme a demanda mercadológica sobre aquele produto. Conforme a região ou
mercado a qual se destina este produto, o mesmo deve atender às características particulares
e preferências dos mesmos.
A escolha sobre qual tipo de sistema utilizar se deve muito à estrutura de cada propriedade
rural, bem como aos preços pelos quais os animais deverão ser comercializados.
Assim, pecuaristas podem migrar de um sistema (de engorda) para outro (de cria), por exemplo,
quando os preços dos bezerros estão em alta, ou ainda, quando a arroba do boi gordo está em
alta, produtores se voltam, por exemplo, apenas para a fase de engorda e, deixam de atuar nas
demais fases de criação do gado.
Quais as vantagens e desvantagens dos tipos de criação bovina extensiva e intensiva? Em qual região
brasileira cada modelo se adaptou melhor? Existe um tipo de raça adequada a cada tipo de produção?
Refl ita e discuta no ambiente virtual.
Sabemos que dentre as raças bovinas presentes no Brasil, a zebuína é a de maior importância,
sobretudo, em termos econômicos, sem ser injusto com as demais raças, sendo que a raça
Em relação às outras raças zebuínas importantes no Brasil, deve-se dar destaque a raça Gir,
sobretudo, pelo seu cruzamento com a raça holandesa, resultando em uma raça híbrida de
dupla aptidão (carne e leite) denominada Girolando.
Outras raças, como Guzerá e Brahman, são igualmente muito importantes, especialmente
pelos seus cruzamentos que deram origem as raças Santa Gertrudes, Braford e Brangus
(FERRAZ; FIGUEIREDO JUNIOR, 2003).
Capacidade de adaptação! Esse é o que podemos dizer que é o diferencial das raças zebuínas
que se adaptaram ao Brasil por sua rusticidade e características genéticas, se adequaram às
condições de clima quente das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e à predominância do
sistema extensivo de criação do gado bovino adotado no Brasil.
É claro que, considerando suas características genéticas, os zebuínos são raças que oferecem
menor rendimento de carcaça e menor precocidade sexual, quando comparado com as raças
taurinas. No entanto, apresentam vantagens consideráveis, já que possuem uma carne com
menor teor de gordura, mais magra, principalmente por se adaptarem a sistemas de produção
extensivos de baixo custo.
O outro grande grupo de raças bovinas, além dos zebuínos, são as raças de corte taurinas,
também denominadas europeias. Destacam-se nesta região as raças Hereford, Aberdeen
Angus, Charolesa, Marchigiana, Chianina, Simental, Caracu, e Limousin entre outras. A
região sul do Brasil, por características de clima mais ameno e adequado as raças europeias,
apresentou condições ideais para a reprodução destas raças em solos brasileiros (FERRAZ;
FIGUEIREDO JUNIOR, 2003).
Ainda segundo Ferraz e Figueiredo Junior (2003), um fenômeno que ocorreu nos últimos anos
foi o chamado cruzamento, também chamado por muitos de cruzamento industrial, quando
Para efeito de exemplo, podemos pegar o caso brasileiro da raça Canchim (raça brasileira
desenvolvida a partir do cruzamento da raça Charolesa com a Nelore), Santa Gertrudes
(raça resultante do cruzamento da raça taurina Shorthorn e a zebuína Brahman) e Brangus
(cruzamento da raça taurina Angus com a raça zebuína Brahman) (FERRAZ; FIGUEIREDO
JUNIOR, 2003).
Para Padilha (2004, apud ZADRA, 2008), a principal razão para se proceder com o cruzamento
industrial é obter produtividade e lucratividade na produção animal, por meio do aumento
da eficiência produtiva. O animal, produto que é resultado deste processo de cruzamento
industrial, deverá combinar o elevado potencial de produção da raça de clima temperado com
a adaptação da raça tropical.
Conforme argumenta Zadra (2008), outros termos muito falados nos últimos tempos no mundo
da pecuária bovina de corte são as chamadas raças sintéticas e compostas. Segundo o autor,
a raça sintética é formada por duas raças com grau de sangue fixado, visando manter bons
níveis de adaptabilidade e heterose (a média do valor genético da progênie seja superior ao
valor genético dos pais).
Por exemplo, temos uma raça chamada sintética quando temos um produto que é resultado do
cruzamento entre um animal, com proporções definidas de sangue de cada raça. Por exemplo,
na raça Braford, que é resultado da combinação de 5/8 de hereford + 3/8 de Zebú.
Já a chamada raça composta é formada por 3 ou mais raças. As raças compostas mais usadas
no Brasil são Stabilizer, Beefmaster e Montana, sendo a última a raça mais conhecida dentre
Uma das principais consequências é a volatilidade dos preços recebidos pelos produtores
rurais, ao longo do ano, já que esta referida volatilidade pode ser observada tanto nos elos de
produção, como nos elos de consumo.
Fonte: PHOTOS.COM
A cada ano as importações brasileiras de carne bovina e de gado vêm diminuindo. Paraguai,
Argentina e Uruguai são as principais origens das importações brasileiras, sendo inexpressivo
o seu volume, em relação às exportações brasileiras, representando proporcionalmente cerca
de 1,5% das exportações.
Percebe-se uma redução gradual nas importações brasileiras nos últimos anos, conforme
pode ser observado no Gráfico 2.
7
Nota: Compreende as NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul) de 0201.10.00 a 0201.30.00, de 0202.10.00
a 0202.30.00, de 0206.10.00 a 0206.29.90, 0210.20.00, 0504.00.11 e 1602.50.00.
Fonte: PHOTOS.COM
Conforme argumentam Prado e Souza (2009, p. 85), “o Brasil produz uma carne bovina
ecologicamente correta e saudável”. Diversos problemas sanitários encontrados em outras
partes do mundo não acontecem aqui no Brasil, tais como mal da vaca louca dentre outros.
A carne brasileira é exportada para diversas regiões do mundo, atendendo a mais de 170
países. Os principais destinos das exportações da carne bovina brasileira podem ser
observados na Tabela 7.
Vale ainda destacar o papel da Rússia e do Egito nas importações do produto brasileiro. Esses
dois países têm aumentado sistematicamente o consumo do produto nacional e tornaram-se
importantes clientes das empresas brasileiras.
*NCM: 1602.50.00
** Para conversão equivalente carcaça, o total processado foi multiplicado pelo fator 2,5.
*Para conversão em equivalente a caraça, o total processado foi multiplicado pelo ator 2,5.
2006 105.116 92.481 122.108 98.142 138.724 139.885 150.007 167.367 137.876 145.170 157.900 137.159 1.591.936
2007 140.830 149.862 163.020 137.298 179.538 136.918 126.604 143.367 128.044 137.124 128.801 98.539 1.670.175
2008 119.333 99.278 190.491 116.196 127.003 106.799 121.297 124.596 134.044 115.880 73.557 79.818 1.328.241
2009 73.411 85.579 106.606 110.615 97.526 116.767 106.746 94.310 134.739 107.144 102.272 101.359 1.202.889
2010 87.114 96.502 104.087 101.802 117.323 125.153 132.102 124.559 100.552 99.245 71.684 76.109 1.235.553
Média 104.784 101.717 121.558 116.987 163.972 129.993 134.282 138.648 99.873 119.762 110.940 100.530
Alguns importantes mercados de escopo da carne bovina brasileira podem ser mencionados,
dentre eles, os produtos identificados como Halal, onde o animal deve ser abatido segundo as
normas islâmicas e os produtos Kosher, segundo as normas do judaísmo.
Conforme argumentam Prado e Souza (2009, p. 96) "a obtenção de um melhor posicionamento
no mercado pode se consolidar por intermédio da capacidade de atendimento ou adaptação a
critérios específicos identificados e estabelecidos no ambiente competitivo".
Qual foi o impacto da BSE (mal da vaca louca) na produção, exportação e consumo da carne bovina
brasileira? Se existiu algum impacto, este foi positivo ou negativo? Pense a respeito.
Leia o texto abaixo que trata dos costumes islâmicos e judaicos de como deve ser o abate dos
animais conforme os seus preceitos religiosos.
O que é Halal?
Segundo o Alcorão, livro sagrado da religião islâmica, o alimento é considerado Halal (permitido para
consumo), quando obtido de acordo com os preceitos e as normas ditadas pelo Alcorão Sagrado e
pela Jurisprudência Islâmica. Esses alimentos não podem conter ingredientes proibidos, tampouco
parte deles.
A Sharia, que é o conjunto de leis do islamismo, proíbe o consumo de todo e qualquer tipo de alimento
modifi cado geneticamente, assim como produtos minerais e químicos tóxicos que causem danos à
saúde.
Peixes e outros animais aquáticos são permitidos, desde que não se enquadrem no quesito anterior-
mente citado. Animais que vivem tanto na terra quanto em água são proibidos (crocodilos e seme-
lhantes).
Produtos de origem vegetal são considerados Halal, contanto que não tenham efeito alucinógeno e
não causem intoxicação ou malefícios à saúde de quem os consome.
Por que o Brasil tem tanto sucesso no atendimento a mercados tão exigentes quanto os que exigem
produtos certifi cados como Kosher e Halal? Que vantagens o Brasil tem perante seus concorrentes
mundiais?
Em linhas gerais, o Brasil tem gozado de excelente reputação em mercados específicos, tais
como Halal e Kosher, pois como nenhum outro país do mundo, nosso país tem como uma
de suas características principais, a capacidade de adaptação às diferentes exigências dos
distintos mercados consumidores, dentre eles, os referidos acima.
No Quadro 11, além de verificarmos os atuais mercados consumidores do Brasil para a carne
bovina Halal brasileira, mercado este composto, por cerca de 1,5 bilhão de muçulmanos que
existem no mundo, podemos observar potenciais mercados para expansão da cadeia produtiva
de carne bovina do Brasil.
A cadeia agroexportadora da carne bovina no Brasil, pela qualidade e imagem positiva do seu
produto, (produzido basicamente a pasto), pelo nível tecnológico empregado na criação, abate
e processamento, pelo aparato genético que desenvolveu e pelo espaço de que ainda dispõe
para aumentar a produção interna – com a recuperação de pastagens e com a inserção de
áreas de culturas pelo sistema integrado Lavoura-Pecuária, tende a consolidar sua liderança
nas exportações mundiais.
Fonte: PHOTOS.COM
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne – ABIEC (apud De Zen
et al.; 2008), atualmente o país tem embarcado ao exterior cerca de 20% do total produzido de
carne bovina, ficando o restante (80%) para abastecimento do mercado interno.
Como pode ser observado, o principal mercado da indústria de carne bovina brasileira é o
mercado doméstico, o mercado interno, que absorve cerca de 80% da produção nacional,
podendo ele ser separado em dois grupos, conforme aponta De Zen et al. (2008): o conjunto
constituído pelos consumidores de baixa renda, que estão preocupados com a quantidade a
ser consumida, no entanto, sensíveis a preço e o outro grupo, formado pelos consumidores de
alto poder aquisitivo, preocupados com a qualidade do produto.
Conforme aponta De Zen et al. (2008), o consumo de carne bovina como fonte de proteína
animal é um hábito consolidado em nosso país. Para se ter uma ideia, do ano de 1994 a 2006,
cresceu cerca de 13,5% o consumo per capita de carne bovina no Brasil, conforme dados de
2008 da ABIEC. A partir de 1999 o consumo apresenta-se constante, principalmente devido
ao aumento do consumo de carne de frango.
Assim, podemos dizer que a carne bovina vem apresentando um crescimento pouco
acentuado na última década, em relação ao consumo per capita. Na tabela 10, é realizada
uma comparação entre o consumo das três principais proteínas animais presentes no cardápio
do brasileiro, sendo elas, carne de frango, carne suína e carne bovina.
Fonte: Autor, com base em: Associação Brasileira de Exportadores de Frango (Abef), Associação Brasileira da
Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), SRF/MF, Secex/MDIC, MAPA, Embrapa, IBGE,
CNPC, Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte e nas Secretarias Estaduais de Agricultura (2006 apud
BRASIL, 2007)
Fonte: PHOTOS.COM
Além desse fato, em relação ao aumento do consumo de carne de frango, observa-se que as
camadas mais abastadas da população estão diminuindo o consumo de carne vermelha, não
sendo nesse caso, o preço a variável que justifica esse comportamento.
A imagem que esses consumidores fazem da carne bovina é que a mesma é menos saudável
e de mais difícil digestão, tendo as chamadas carnes brancas, principalmente de peixes e
aves, uma melhor imagem junto ao consumidor, em relação às carnes vermelhas.
Conforme Prado e Souza (2009, p. 82) “existe uma crendice popular de que a carne vermelha
é prejudicial à saúde humana, por estar relacionada a doenças cardiovasculares e ao alto teor
de gordura”. No entanto, conforme apresentam os autores em diversos trabalhos acadêmicos
(PRADO et al.; 2003; PADRE et al.; 2006; KAZAMA et al.; 2008), existem resultados que
divergem desta crendice, onde apontam que a carne bovina apresenta percentual de colesterol
inferior ao limite considerado prejudicial a saúde humana (50 mg 100 g1 de músculo).
Interessante, é dar destaque aos estudos de Zen et al. (2008), que traçam de perspectivas
para o consumo da carne bovina do Brasil, fazendo simulações sobre o cenário futuro da
cadeia produtiva, considerando algumas variáveis, tais como as estimativas da produção total
e o PIB per capita.
Neste estudo citado, os autores trabalham, no primeiro cenário, considerado otimista, com
uma estimativa de taxa de crescimento do PIB per capita de 6%. Já em um cenário pessimista,
esta variação do PIB per capita é de 3,0%. E para um cenário intermediário, estima-se que
Todos estes cenários foram colocados em diferentes níveis de produção, isto é, a taxa de
crescimento da produção total do país poderá assumir 3 valores, 3%, 4,7% e 7% ao ano. Os
períodos estimados se referem aos anos de 2007, 2010, 2013, 2017.
Quando aplicamos ao modelo uma taxa de crescimento do PIB per capita de 6% ao ano e uma
taxa de crescimento da produção de 7% ao ano, nota-se que o excedente se torna ainda maior,
sendo da ordem de 9,11 milhões de toneladas. Neste caso, tem-se um incremento no consumo
que passa a ser de 44,75 quilos/habitante/ano (DE ZEN et al.; 2008).
Portanto, mesmo trabalhando com uma margem pessimista de crescimento, menor que a taxa
dos últimos onze anos da produção de carne bovina e da renda per capita, o modelo mostra
que o setor da pecuária nacional caminha para um excesso de produto no mercado interno, o
que precisa ser acompanhado de perto para que os impactos sejam positivos para a Cadeia
Produtiva da Carne Bovina como um todo.
Faça uma comparação entre os principais tipos de carnes consumidas no Brasil. Como se desenvolve
o consumo da carne bovina nos últimos anos, em comparação com as outras proteínas animais?
Pense e discuta.
Fonte: PHOTOS.COM
Essa estratégia iminente não torna os frigoríficos independentes dos fornecedores de bois,
a matéria-prima da produção de carne. Mesmo com a estratégia de integração entre os elos
de fornecimento de matéria-prima e processamento, é inevitável que tais estabelecimentos
ainda recorram aos pecuaristas ou aos novos estabelecimentos de engorda, em face das
A distribuição dos custos e receitas ao longo da cadeia, por meio dos mecanismos de
precificação e informação, especialmente na relação entre pecuaristas e frigoríficos, ainda
parecem deficientes. Faz-se urgente a definição de mecanismos que possam permitir uma
precificação mais clara do animal a ser abatido e, portanto, menos sujeita à controvérsia entre
os agentes da cadeia. A tipificação de carcaças associadas a informações detalhadas de
rastreabilidade são elementos importantes para a definição desses mecanismos.
8
Rastreabilidade Bovina é a identificação da origem de um produto desde o campo até chegar ao consumidor, acompanhando
todos os eventos, ocorrências, manejos, transferências e movimentações do animal, mesmo depois de seu abate, garantindo
a sanidade e qualidade do produto.
Na fase inicial, a ASPRANOR congrega produtores de carne bovina, tendo no futuro, pretensões
de se agregar outras proteínas animais, tais como suínos, ovinos entre outros.
Seus produtos são certificados pelo IBD, um dos mais notáveis institutos certificadores
do mundo. A diferenciação dos produtores associados à ASPRANOR é tão grande, que o
presidente sentencia da seguinte forma: “pedimos aos deuses da sabedoria que nos protejam
e ajudem a divulgarmos nossa ciência, em prol de um mundo melhor”.
Quanto à conservação ambiental, para cumprir os requisitos básicos para que um produto
seja considerado orgânico, algumas medidas devem ser tomadas. As terras precisam estar
comprovadamente livres completamente de agrotóxicos, sendo exigido um período de carência
para áreas que tenham sido usadas para atividades que fizeram uso de agrotóxicos.
A preservação das florestas, áreas de preservação ambiental, nascentes de rios, bem como
a fauna da região são características básicas das áreas onde são produzidos os animais da
ASPRANOR.
Para que o controle seja mais efetivo, cada animal possui uma ficha de controle, onde se
registra toda a vida deste animal, desde o primeiro dia de vida até o abate. Informações sobre
peso, alimentação, vacinas, são exemplos das contidas nestas fichas individuais.
Aos animais orgânicos são administradas as vacinas, como ocorre com os animais
convencionais. A diferença que existe, é que se algum animal é acometido por alguma doença,
bem como algum controle preventivo que possa ser necessário, são empregados produtos
fitoterápicos e/ou homeopáticos no tratamento dos mesmos.
Histórico da ABIEC
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes – ABIEC foi criada no ano de
1979, a partir da necessidade que os exportadores de carne bovina do Brasil sentiam de uma
participação mais atuante e agressiva na defesa dos interesses do setor no contexto mundial.
Nesta época, o Brasil tinha uma atuação ainda muito tímida no mercado mundial da carne. A
série de exigências e protecionismos de mercados, ainda existentes neste setor, atrapalhava a
atuação das empresas nacionais, dificultando suas atividades comerciais.
Com a criação da ABIEC, o que representou um marco para o setor e para a economia
brasileira, seus associados passaram a ter voz e a serem respeitados em âmbito internacional,
o que facilitou a interlocução das empresas nacionais com outras corporações ao redor do
mundo, bem como agentes institucionais, governamentais, associações e outros agentes do
comércio internacional da carne bovina.
Nosso país estabeleceu acordos sanitários com vários países, ao mesmo tempo em que o setor
produtivo e a ABIEC aceleraram sua profissionalização, buscando com êxito novos mercados.
E os resultados da atuação da ABIEC já começam a ser sentidos. Por meio de parcerias com
a APEXBRASIL - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a ABIEC
e seus associados têm participado de diversas feiras internacionais
Por exemplo, há uma década a carne brasileira nem ao menos constava na pauta dos temas
discutidos nos fóruns internacionais. O Brasil vendia pouco mais de US$ 500 milhões por ano.
Hoje a realidade é bem diferente!
O Brasil ocupa, desde 2004, a liderança no ranking de maior exportador de carne bovina em
volume e em 2006, pela primeira vez, ocupou o primeiro lugar também em receita cambial.
Em 2008 o Brasil atingiu a cifra de US$ 5,3 bilhões, aumentando em 10 vezes o valor de suas
exportações em um período inferior a 10 anos (ABIEC, 2011).
É com este cenário que a ABIEC está trabalhando e continuará lutando para fortalecer a
imagem de seus associados e do Brasil no exigente mercado mundial.
• Colaborar com os poderes públicos e outras entidades de classe em tudo que se relacionar
com os mercados interno e externo de carnes.
• Organizar e oferecer aos seus associados serviços e assistência relacionados com os pe-
culiares interesses da atividade de exportação de carnes.
• Promover a carne bovina brasileira por meio do Programa de Marketing “Brazilian Beef”,
por meio da participação em feiras, realização de workshops, e quaisquer eventos que
venham a auxiliar na disseminação da marca pelo mundo, para que o Brasil se consolide
Como observado, alguns obstáculos ainda precisam ser superados para que o Brasil, de fato,
se consolide como o maior dentre os exportadores de carne bovina do mundo. A adoção de
boas práticas na produção de carne bovina tem se tornado uma das demandas mais urgentes
nas pautas de negociação dos compradores internacionais.
Bem-estar animal, respeito ao meio ambiente, responsabilidade social, passaram a ser termos
comuns na Cadeia Produtiva da Carne Bovina, como podemos observar na unidade II. Os
mercados mais exigentes, como a União Europeia, por exemplo, aumentam seus padrões de
qualidade, salientando a necessidade de excelência na questão sanitária, identificação animal,
rastreabilidade e certificação quando exigido.
No Brasil, como fatos positivos, a tecnologia aplicada, a produção de carne bovina promoveu
um considerável crescimento na produtividade nacional. Práticas como a inseminação artificial,
transferência de embrião e fertilização in vitro 9 estão sendo disseminadas por produtores em
toda a cadeia produtiva, promovendo o aumento da qualidade e produtividade do rebanho
nacional.
A introdução da gestão profissional nos projetos pecuários deve permitir melhores indicadores
de desempenho e produtividade na Cadeia Produtiva da Carne Bovina. Além disso, indicadores
como, taxa de lotação das propriedades e ganho de peso dos animais, também demonstram
evoluir positivamente.
10
SISBOV: Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos. Tem como objetivo registrar e
identificar o rebanho bovino e bubalino do território nacional possibilitando o rastreamento do animal desde o nascimento até o
abate, disponibilizando relatórios de apoio à tomada de decisão quanto à qualidade do rebanho nacional e importado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como foi possível observar ao longo desta unidade III, bem como das duas unidades
anteriores sobre Cadeia Produtiva da Carne Bovina, e tendo como base as perspectivas acima
apresentadas, é fundamental que os agentes integrados à cadeia, de montante a jusante,
busquem melhor coordenação, sobretudo das Informações ao longo da cadeia.
3. Defina sazonalidade. Como essa variável afeta a dinâmica da cadeia produtiva de carne
bovina?
5. O Brasil importa carne bovina? Caso sim, discuta quais são os principais fornecedores e o
grau de dependência do Brasil, caso exista.
8. Em relação ao consumo interno, qual a imagem que o consumidor nacional faz da carne
bovina?
9. Faça uma comparação entre as principais proteínas animais consumidas no Brasil. Como
se desenvolveu o consumo da carne bovina nos últimos anos, em comparação com as
outras proteínas animais?
10. Qual a capacidade de abate da indústria frigorífica nacional? Quais estratégias o elo frigo-
rífico adota ou pode adotar para desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Carne Bovina?
11. Pesquise o que é criação extensiva e criação intensiva de gado bovino. Quais as vantagens
e desvantagens de cada sistema de produção?
12. No que se refere aos mecanismos de coordenação, você acredita que a Cadeia Produtiva
da Carne Bovina é bem coordenada?
14. Pesquise sobre a rastreabilidade na cadeia bovina. Discuta como esse mecanismo pode
assegurar qualidade ao consumidor e representar relações ganha-ganha em toda cadeia
produtiva.
15. Como a gestão profissional pode contribuir e gerar melhores resultados aos agentes orga-
nizacionais ligados a Cadeia Produtiva da Carne Bovina?
18. Quais aspectos culturais precisam ser trabalhados para que avanços consideráveis
ocorram na cadeia?
19. Como a tecnologia e genética podem contribuir com o desenvolvimento da Cadeia Produtiva
da Carne Bovina? Defina FIV, inseminação artificial e transferência de embrião.
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
Na pecuária leiteira, muitas barreiras culturais precisam ser superadas, para que a cadeia atinja
melhor status no contexto competitivo. A introdução de conceitos de gestão nas organizações
rurais é um fator crítico para o sucesso das organizações que enfrentam problemas na
condução de seus negócios. Muitas já compreenderam essa necessidade de gestão na
condução dos negócios e, por isso, estão à frente dos concorrentes.
Abordaremos esses temas com detalhes no decorrer dos nossos estudos, destacando o
enfoque da gestão aplicado à cadeia produtiva do leite.
Antes era muito comum a ocorrência de problemas sanitários com o leite, adição de produtos
estranhos ou substâncias proibidas, mas com a introdução de leis mais severas, ou ainda e
mais precisamente, a Instrução Normativa 51, que abordaremos adiante, a qualidade do leite
passou a ser mais fiscalizada e garantida, agregando valor ao produto.
Santos et al. (2001 apud PRADO; SOUZA, 2009) estimam que a produção mundial de leite
atinja os 478 bilhões de litros, sendo Estados Unidos, Índia, Rússia, França e Alemanha
os principais produtores mundiais. O Brasil ocupa a sexta posição no ranking dos maiores
produtores de leite do mundo, sendo o maior produtor da América Latina, ficando à frente
da Argentina, referência na produção mundial de leite. No entanto, o Brasil ainda perde para
Gomes (1999 apud PRADO; SOUZA, 2007) relata que o Brasil passou por sensíveis mudanças
na produção leiteira nas últimas duas décadas. Dentre elas, podemos destacar:
a) A liberação do preço em 1991, que de 1945 até 1991 foi tabelado, o que causava estagna-
ção e desestímulo a produção leiteira.
b) A abertura econômica, que proporcionou a liberação dos mercados internacionais, das im-
portações de produtos a custos menores, estimulando a indústria nacional, desenvolvendo
a competitividade.
e) A massificação do consumo de leite Longa Vida, UHT11, que teve impactos significativos em
toda a cadeia produtiva do leite.
Pudemos observar que esses fatos citados têm origem no processo de globalização, ocorrido
no início da década de 1990. O que se pode entender disso? É que em tempos de globalização,
mais do que nunca, é imprescindível ser competitivo e na pecuária leiteira isso significa possuir
baixos custos de produção, investir em qualidade, alimentação do gado, genética e tecnologia,
bem como zelar pela qualidade do produto entregue.
Os que não se adequarem a essa nova realidade, fatalmente estão fadados a ser excluídos
do mercado, por força da competitividade e do aumento do nível de exigência do consumidor.
A exclusão de produtores ineficientes do mercado pode ocorrer, pois a tecnologia e a mão de
obra que antes estavam inertes quanto ao desenvolvimento, avançaram, em consequência
dos fatos anteriormente citados.
Um dos investimentos que demandam altas cifras dos produtores é a genética animal, embora
venha a cada ano tornando-se uma realidade mais próxima de pequenos produtores e venha
se democratizando a cada ano, tornando-se mais acessível aos pequenos e médios. Os
programas de inseminação artificial12 desenvolvidos pelas empresas privadas e por prefeituras
municipais têm melhorado a qualidade do rebanho nacional gradativamente.
Além da técnica de reprodução animal fazendo uso da inseminação artificial, que está se
popularizando a cada dia entre os produtores rurais, outras técnicas desenvolvidas, como a
11
Leite Longa Vida é o leite tratado por um processo denominado Ultrapasteurização, UAT (Ultra Alta Temperatura) ou UHT
(do inglês Ultra High Temperature).
Inseminação artificial é a introdução mecânica do sêmen no aparelho reprodutivo da fêmea. É preciso que fique claro que o
11
homem apenas deposita o sêmen no aparelho reprodutivo da fêmea; a fecundação, ou seja, a união do espermatozoide com o
óvulo e a formação de um novo animal ocorrem naturalmente, sem a interferência do homem.
Em relação ao rebanho nacional, o Brasil abriga diversas raças, algumas para corte, outras
para leite e outras raças com dupla aptidão, ou seja, carne e leite. Por possuir diversidade de
solos e climas, as raças leiteiras possuem diferentes adaptações de acordo com a região que
se localizam, no entanto, se destacando três grupos principais:
a) O gado Zebu: é uma espécie bovina cuja característica principal é uma saliência muscu-
lar no dorso, popularmente conhecida como cupim. Essa espécie foi e ainda é essencial
na formação do rebanho bovino nacional; produtores importaram alguns exemplares de
Zebuínos, sobretudo, o Nelore, base do plantel nacional, da Índia, berço do zebu, onde os
animais são considerados sagrados e não utilizados para o consumo humano. Naquele
país existem mais de 50 raças zebuínas. No Brasil, existe algo próximo a 10 raças (Nelore,
Nelore Mocha, Gir, Gir Mocha, Guzerá, Sindi, Brahman, Tabapuã, Cangaiam, Indubrasil).
O zebu brasileiro é selecionado para produção de carne ou leite, sendo que algumas raças
apresentam dupla aptidão. Na produção leiteira, raças zebuínas leiteiras como a Gir e a
Guzerá são as mais utilizadas.
b) O gado Mestiço: é o animal misturado, cruzado, mestiço. De duas raças, surge um tipo
próprio para ser empregado em determinadas situações ou projetos pecuários; o gado
mestiço pode ser elaborado a partir de planejamento, do cruzamento de raças específi cas
com determinado fi m, sendo isso positivo, ou sem critérios, sendo esse método inade-
quado e improdutivo. O gado girolando é um bom exemplo da união de duas raças, Gir e
holandês para a fi nalidade de produção de leite.
c) O gado Europeu: raças europeias especializadas para a produção de leite, como a Holan-
desa, a Parda-Suíça e a Jersey, são as mais utilizadas nos rebanhos nacionais.
13
Oligopólio: poucas empresas vendendo para um conjunto grande e disperso de produtores e com forte poder de determinar
o preço de venda.
d) Distribuição: o setor de distribuição é o elo da cadeia responsável por fazer com que o
leite ou derivado deste chegue à mesa do consumidor na mais perfeita condição de con-
sumo; é representado por supermercados, padarias e mercearias, no caso do varejo, e
por atacadistas; no Brasil, o setor varejista de alimentos, representado, sobretudo, pelos
supermercados, exerce forte poder sobre as agroindústrias, determinando a margem de
comercialização do produto, em muitos casos. Podem ser identificados dois grupos dis-
tintos no segmento distribuidor, o formal, constantemente fiscalizado e sob as normas da
vigilância sanitária e leis específicas do setor, e o informal, o qual está à margem dessa
realidade, pois esquiva-se da fiscalização e monitoramento constante.
e) Consumidor Final: o consumidor de alimentos torna-se a cada dia mais exigente. Com o
leite não foi diferente! O consumidor demanda tanto o leite fluido, longa vida ou o pasteuri-
zado, bem como seus derivados, como manteigas e mussarelas. Nota-se um crescimento
relativo no consumo de leite nos últimos anos, justificado pelo aumento da população,
crescimento da renda e poder de compra e mudança de hábitos alimentares dentre outros
fatores.
As configurações das cadeias produtivas seguem características próprias das regiões onde
estão inseridas. Em cada cidade, cada estado, haverá uma configuração própria, conforme
os agentes e instituições que atuam em cada cenário. Um modelo esquematizado da cadeia
produtiva do leite é apresentado a seguir na figura 8, tendo como referência a cadeia produtiva
de leite do estado de Mato Grosso do Sul.
Podemos definir a indústria leiteira como o elo da cadeia produtiva do leite responsável por
adquirir e processar a matéria-prima básica, obtendo a partir deste processo uma gama
de produtos que podem ser divididos em duas grandes categorias: linha fria, em que há a
necessidade de resfriamento e a linha seca, que não necessita de refrigeração, conforme
classificação proposta por Jank e Galan (1999):
a) Linha Fria: há necessidade de resfriamento da matéria-prima para transporte e manuten-
ção nos locais de comercialização, destacando-se os leites pasteurizados (A, B, C), bebi-
das lácteas, petit-suisse, manteigas, iogurtes, além de alguns tipos de queijos. Pode-se
incluir nessa categoria o creme de leite fresco.
Fonte: PHOTOS.COM
O leite de vaca sempre foi considerado um rico produto alimentício para a dieta humana, sendo
uma fonte importante de nutrientes, especialmente proteínas e cálcio. O leite também serve
como base para uma série de produtos derivados e como ingrediente básico na produção de
alimentos industrializados.
Nos últimos anos a mídia veicula notícias que de certa forma prejudicam a cadeia leiteira,
sobretudo, quando o assunto é a lactose e a rejeição ao seu consumo. A lactose tem causado
seríssimos problemas em relação à comercialização do leite, devido à existência de pessoas
que apresentam restrição ao consumo do leite de vaca e podem acarretar sérios danos
digestivos.
O marketing positivo é uma importante ação para melhorar a imagem do leite perante o
consumidor. Por meio de um plano de marketing institucional, os agentes da cadeia, juntamente
com os órgãos de interesse da classe, governo, associações e sindicatos, poderiam fazer uso
de mídias de acesso em massa à população, para promover o consumo de leite.
Tal fato ocorre nos Estados Unidos, onde celebridades, artistas de Hollywood e demais
As ações da fundação, que atua na região canadense de British Columbia, abordam estas
questões referentes ao consumo do leite, focando de maneira engraçada o tema, por meio de
comerciais com o tema “Must Drink More Milk”, algo que traduzido seria “devemos beber mais
leite!”.
Acesse o link abaixo e saiba mais sobre o papel da BC Dairy Foundation, acompanhando inclusive
algumas das propagandas desenvolvidas para a promoção e o incentivo ao consumo do leite no
Canadá.
<http://www.youtube.com/watch?v=zXfAi1FMWbI&feature=related>.
O leite de vaca possui ricas gorduras em sua composição, com grande aplicação na indústria
TIPOS DE LEITE
Conforme a Instrução Normativa 51 o leite pode ser classificado de acordo com sua obtenção
e processamento em: Leite tipo A, Leite tipo B, Leite tipo C, Leite Pasteurizado e Leite Cru
Refrigerado. A legislação define estas classificações de acordo com os métodos de produção
do leite (que envolvem manejo, sanidade, instalações, ordenha) e de seu processamento,
especialmente levando em consideração a qualidade química e sanitária do leite.
a) Leite Tipo A
De acordo com a normativa 51, o leite para ser considerado tipo A deve cumprir uma série de
requisitos. O Leite Pasteurizado tipo A deve ser classificado quanto ao teor de gordura em:
integral, padronizado, semidesnatado ou desnatado, produzido, beneficiado e envasado em
estabelecimento denominado Granja Leiteira, observadas às prescrições contidas no presente
Regulamento Técnico.
b) Leite Tipo B
Conforme a IN 51, Entende-se por Leite Cru Refrigerado tipo B o produto definido neste
Regulamento Técnico, integral quanto ao teor de gordura, refrigerado em propriedade
rural produtora de leite e nela mantido pelo período máximo de 48h (quarenta e oito
horas), em temperatura igual ou inferior a 4ºC (quatro graus Celsius), que deve ser
atingida no máximo 3h (três horas) após o término da ordenha, transportado para
Entende-se por Leite Pasteurizado tipo B o produto definido neste Regulamento Técnico,
classificado quanto ao teor de gordura como integral, padronizado, semidesnatado ou
desnatado, submetido à temperatura de 72 a 75ºC (setenta e dois a setenta e cinco graus
Celsius) durante 15 a 20s (quinze a vinte segundos), seguindo-se resfriamento imediato até
temperatura igual ou inferior a 4ºC (quatro graus Celsius) e envase no menor prazo possível,
sob condições que minimizem contaminações.
c) Leite Tipo C
Se aceita como Leite Cru Refrigerado tipo C o produto após ser entregue em temperatura
ambiente até as 10h do dia de sua obtenção, em Posto de Refrigeração de leite ou
estabelecimento industrial adequado e nele ser refrigerado e mantido em temperatura igual
ou inferior a 4ºC; o Leite Cru tipo C, após sofrer refrigeração em Posto de Refrigeração, pode
permanecer estocado nesse Posto pelo período máximo de 24h, sendo remetido em seguida
ao estabelecimento beneficiador.
É permitida a manutenção do Leite Cru Refrigerado tipo C em uma determinada indústria por
no máximo 12h, até ser transportado para outra indústria, visando processamento final, onde
deve apresentar, no momento do seu recebimento, temperatura igual ou inferior a 7ºC. Em se
tratando de Leite Cru tipo C, obtido em segunda ordenha, deve o mesmo sofrer refrigeração na
propriedade rural e ser entregue no estabelecimento beneficiador até as 10h do dia seguinte
à sua obtenção, na temperatura máxima de 10ºC, enquanto perdurar a produção desse tipo
de leite.
Em pequenos laticínios pode ser realizada a pasteurização lenta “Low Temperature Long
Time”, ou seja, “Baixa Temperatura/Longo Tempo”) para produção de Leite Pasteurizado para
abastecimento público ou para a produção de derivados lácteos, nos termos do presente
Regulamento, desde que: i) O equipamento de pasteurização a ser utilizado cumpra com
os requisitos operacionais ditados pelo Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de
Produtos de Origem Animal - RIISPOA e pelo Regulamento Técnico específico, no que for
pertinente. ii) O envase seja realizado em circuito fechado, no menor tempo possível e sob
condições que minimizem contaminações; não é permitida a pasteurização lenta de leite
previamente envasado em estabelecimentos sob Inspeção Sanitária Federal.
d) Leite Pasteurizado
Conforme a Instrução Normativa 51, o Leite Pasteurizado é o leite fluido elaborado a partir do
Leite Cru Refrigerado na propriedade rural, que apresente as especificações de produção, de
coleta e de qualidade dessa matéria-prima contidas em Regulamento Técnico próprio e que
tenha sido transportado a granel até o estabelecimento processador.
O Leite Pasteurizado definido deve ser classificado quanto ao teor de gordura como integral,
padronizado a 3% m/m, semidesnatado ou desnatado, e, quando destinado ao consumo
humano direto na forma fluida, submetido a tratamento térmico na faixa de temperatura de
72 a 75ºC durante 15 a 20 segundos, seguido de resfriamento imediato até temperatura igual
ou inferior a 4ºC e envase em circuito fechado no menor prazo possível, sob condições que
minimizem contaminações.
II. O envase seja realizado em circuito fechado, no menor tempo possível e sob condições
que minimizem contaminações.
O PROCESSO DE PASTEURIZAÇÃO
a) Pasteurização lenta
É um método pouco empregado devido a sua demora, alto consumo de energia e redução
de apenas 95% dos microrganismos, consistindo no tratamento térmico do leite a 65ºC por
um tempo de 30 minutos. A pasteurização lenta pouco altera a qualidade do leite, sendo mais
adequada para pequenos produtores que desejem produzir queijos ou outros derivados do
leite, considerando que o custo com equipamentos é pequeno.
b) Pasteurização HtSt
Fonte: PHOTOS.COM
Conforme a Portaria nº 370 de 04 de setembro de 1997 do MAPA - Ministério da Agricultura e
do Abastecimento, define-se como leite UHT (Ultra High Temperature) o leite homogeneizado
que foi submetido a uma temperatura entre 130ºC e 150ºC, por um tempo de 2 a 4 segundos,
mediante um processo térmico de fluxo contínuo, imediatamente resfriado a uma temperatura
inferior a 32ºC e envasado sob condições assépticas em embalagens estéreis e hermeticamente
fechadas.
O tratamento UHT permite obter um produto estéril, ou seja, um produto que não contém
microrganismos capazes de se desenvolver nas condições normais de armazenamento e
comercialização. Essa técnica permite uma longa conservação do leite de consumo sem a
necessidade de refrigeração.
O processo UHT é popularmente conhecido como “leite longa vida”, ou o “leite de caixinha”.
Neste tratamento o aquecimento é altíssimo, o que acarreta não só a eliminação de patógenos,
mas de quase todos os microrganismos (99,99%), possibilitando o armazenamento e
aumentando o tempo de prateleira para mais de 4 meses.
Por todas essas características, o leite longa vida é a forma preferida de comercialização para
os grandes varejistas, devido à facilidade no transporte e armazenamento, possibilitando as
compras em grandes lotes, facilitando também para o consumidor.
Um dos aspectos a salientar em relação ao leite UHT é o caso das embalagens tetra Pak e
Como a massifi cação do consumo leite UHT (longa vida) contribui para o avanço da cadeia produtiva
de leite do Brasil?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Então, prezado(a) aluno(a), como está indo o estudo sobre as cadeias produtivas da carne e
do leite? Está sendo vantajoso? Sugiro que você aproveite a oportunidade de conhecer sobre
essas duas importantes cadeias do agronegócio nacional e se aprofunde nos conhecimentos
e informações, tendo como base as referências sugeridas dentre outras.
Acabamos de conhecer um pouco mais sobre uma das mais importantes cadeias produtivas
do agronegócio nacional, a cadeia produtiva do leite. Podemos observar que, no Brasil, houve
um aumento de produtividade considerável, embora ainda sejamos apenas o sexto entre os
maiores produtores de leite do mundo, enquanto os Estados Unidos são os maiores produtores
do mundo. Temos muito a progredir!
No entanto, a “nova geração” de produtores rurais de leite do Brasil, tem, por conscientização
ou pelo efeito das normas, aderido às novas tecnologias, tais como inseminação artificial,
FIV, e transferência de embrião, e inseminação com sêmem sexado de fêmea, essencial à
indústria leiteira.
A massificação do consumo com o leite UHT (longa vida) foi benéfica ao setor, já que
garantiu qualidade ao produto, embora este consumo seja ainda inferior aos padrões mínimos
recomendados pelos órgãos de referência em saúde.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1. Qual a posição do Brasil no cenário mundial de produção de leite? Quais os maiores pro-
dutores mundiais?
3. A cadeia produtiva de leite passou por diversas mudanças nas últimas décadas no Brasil.
Discuta quais foram as principais mudanças observadas nesse período.
4. Como a massificação do consumo de leite UHT (longa vida) contribui para o avanço da
cadeia produtiva de leite do Brasil?
8. Qual a estrutura da cadeia produtiva do leite no Brasil? Defina e discuta como se configu-
ram os elos e qual a contribuição de cada um deles na cadeia.
13. Caracterize e discuta o elo consumidor final, destacando a importância do mesmo para a
cadeia produtiva do leite.
15. Sabe-se que a garantia da qualidade do produto é um imperativo na sociedade atual. Como
o gestor de agronegócio pode contribuir nesse processo?
18. Entre no site da empresa Tetra Pak e pesquise em relação à qualidade do leite, os seguin-
tes pontos:
Objetivos de Aprendizagem
Plano de Estudo
Como já foi possível compreender na unidade IV, a cadeia produtiva do leite tem grande
importância para o agronegócio brasileiro e para a economia como um todo, sobretudo, pelo
seu aspecto socioeconômico. No entanto, alguns desafios ainda existem, funcionando como
barreiras ao desenvolvimento do setor; da mesma forma, as oportunidades surgem na solução
dos problemas e busca de alternativas viáveis.
E como é a qualidade do leite produzido no Brasil? Será que melhoramos nos últimos anos?
Aguarde e veremos. No Brasil, sabemos que as diversas mudanças de comportamentos e
condutas são ajustadas ou influenciadas muito mais pela força das normas, regras e leis do
que pela simples e pura conscientização. Será que é aí que entrou em ação a IN 51?
A Instrução Normativa 51, que você estudará com maior profundidade nesta unidade, dispõe,
normatiza e regulamenta a produção de leite no Brasil. E será que a IN 51, de fato, contribuiu
para a melhoria da qualidade do leite de vaca brasileiro? Veremos.
Será que a cadeia leiteira do Brasil é conduzida por um bom processo de coordenação? As
forças entre os elos ou agentes são iguais ou desiguais?
Uma série de processos industriais deve ser empregada para garantia da qualidade do leite
como, por exemplo, o tratamento térmico visando à eliminação de microrganismos. No entanto,
muitos consumidores preferem consumir o leite cru, não tratado termicamente, pois acreditam
que este possui melhores valores nutritivos e menor presença de matéria líquida, “menos
aguado”.
Fonte: PHOTOS.COM
O mais grave problema do consumo de leite cru está relacionado à sua qualidade sanitária, pois
o leite pode ser veículo para transmissão de uma série de patógenos. Na informalidade não se
conhece a qualidade do manejo sanitário do rebanho, nem da ordenha, coleta e transporte do
leite, contribuindo para aumentar os riscos de contrair doenças via leite.
Quais estratégias o gestor em agronegócio e outros agentes da cadeia produtiva do leite, podem
adotar para conscientizar o consumidor dos riscos de consumo do “leite cru” ou leite clandestino?
SANIDADE DO REBANHO
O leite que chega ao consumidor deve gozar de excelente qualidade; a garantia dessa
qualidade está ligada à procedência do produto, em princípio, no que se refere à saúde animal,
pois quaisquer variações como infecções, tais como as dos tetos ou glândulas mamárias -
mastite ou mamite - irão acarretar um leite que contém grande presença de microrganismos,
menor durabilidade e, consequentemente, de menor qualidade.
Daí a importância de um manejo dentro das boas práticas de produção de leite, primando pela
boa gestão sanitária. A higienização dos tetos e equipamentos ligados à ordenha, antes e após
o processo de coleta são essenciais nesse processo, além de outras técnicas e processos,
com vistas a garantir a qualidade e sanidade do produto.
CUIDADOS NA ORDENHA
Na ordenha devem se destinar especial atenção aos cuidados com higiene e desinfecção de
todos os equipamentos e utensílios que terão contato com o leite, como a ordenha mecânica e
os recipientes de coleta. Os colaboradores responsáveis pela ordenha também devem manter
assepsia, sendo que os mesmos deverão ser treinados e conscientizados da importância de
sua função no processo global de qualidade.
As instalações devem ser adequadas para a retirada do leite, tais como a sala de ordenha e o
local destinado à manipulação do leite. Quando possível, a utilização de aleitamento artificial
também é benéfica e necessária, pois permite que apenas as vacas sejam colocadas na sala
de ordenha.
Fonte: PHOTOS.COM
Conforme orientado pela Instrução Normativa 51, após a retirada do leite, o mesmo deve
ser mantido em baixa temperatura, com o propósito de diminuir a atividade microbiana. Os
equipamentos de refrigeração devem ser capazes de refrigerar até temperatura igual ou
inferior a 4º (quatro graus Celsius), no caso de refrigeração por expansão direta e temperatura
igual ou inferior a 7º (sete graus Celsius), no caso de tanque de refrigeração por imersão.
Além da refrigeração do leite na propriedade antes do transporte, o mesmo deverá ser mantido
refrigerado durante o transporte, de forma a evitar a proliferação de microrganismos, garantindo
assim, a manutenção de sua qualidade até a chegada no laticínio.
PRESENÇA DE ANTIBIÓTICOS
No que se refere ao leite exportado, a detecção de antibióticos limita a expansão para mercados
exigentes e, consequentemente, diminui a competitividade do leite brasileiro frente a nossos
competidores no mercado internacional.
A forma de controle adotada pela cadeia produtiva do leite para coordenar as ações de gestão
da qualidade do produto, é a penalização dos produtores que não zelam pela qualidade do
produto, tais como a presença de resíduos antibióticos.
Quem não se cansou de assistir nos noticiários da televisão ou acompanhar nos jornais
escritos, sobre escândalos envolvendo a produção de leite? Desde a introdução de elementos
estranhos ao produto, bem como a qualidade precária de conservação da qualidade do mesmo,
por muito tempo o consumidor foi penalizado, por não ter mecanismos institucionais e legais
que garantissem a qualidade do produto, considerando todo o processo produtivo, desde os
primeiros elos, o produtor e seus fornecedores, passando pelo processador, até chegar aos
elos finais da cadeia produtiva, os distribuidores e consumidores.
Semelhante a isso, o transporte responsável pela coleta do leite era precário. Tratava-se apenas
de um caminhão normal, em alguns casos com uma cobertura de lona para, precariamente,
proteger o leite, o que de fato comprometia a qualidade do leite.
Essa obrigação a todos os produtores de leite, independente do seu porte, gerou uma
preocupação social, considerando que os custos iniciais para aquisição dos equipamentos
para ordenha e resfriamento do produto eram considerados altos. Esse impacto sobre os
pequenos produtores poderia ter causado a derrocada de muitos, o que definitivamente não
ocorreu.
A Instrução normativa 51 foi positiva ou negativa para os produtores de leite? Em que ajudou e em
que atrapalhou?
Mesmo com esse cenário, o preço médio nacional pago ao produtor no começo de 2009,
referente ao leite entregue em dezembro de 2008 manteve-se estável, em um valor próximo
a R$ 0,58 (cinquenta e oito centavos) por litro. Esse preço se manteve até o ano de 2010,
pelo menos no início deste ano, quando o preço médio do Brasil chega a R$ 0,60 (sessenta
centavos) por litro (MILKNET, 2010).
Considerando os valores referentes ao mês de janeiro de 2011, o preço médio do leite no Brasil
chegou a R$ 0,72 (setenta e dois centavos) por litro (MILKNET, 2011).
Já em relação ao rebanho nacional, esse teve menor crescimento nesse mesmo período de
três décadas. Para termos uma ideia, em 1980 o rebanho nacional de vacas ordenhadas era de
16,5 milhões de cabeças em 1980; hoje, o rebanho nacional é de pouco mais de 21,4 milhões
de cabeças, representando um crescimento de cerca de 29% nesse período (EMBRAPA,
2008).
No entanto, mesmo com o crescimento observado nos últimos anos, a cadeia leiteira nacional
ainda necessita de avanços consideráveis. Para efeito de comparação, enquanto a média
nacional de produção foi cerca de 1200 kg/vaca/ano, na Holanda, a média de produção foi
de mais de 9000 kg/vaca/ano, o que significa que para produzir o mesmo que uma vaca da
Holanda, seriam necessárias 8 vacas do rebanho brasileiro (TABCHOURY, 2009).
Ainda assim, o Brasil ocupa posição de destaque no cenário mundial da produção de leite,
sendo o sexto maior produtor mundial de leite, conforme podemos observar na tabela 11, logo
a seguir:
REGIÃO 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
NORTE 1.063.363 1.066.854 1.140.600 1.191.874 1.220.889 1.309.279 1.313.680 1.364.910 1.382.071
RO 500.212 503.261 567.726 600.639 615.562 671.658 674.159 1.364.910 721.614
AC 28.429 27.090 20.896 21.010 21.294 21.378 20.087 710.958 20.378
AM 17.664 17.870 18.096 18.204 18.617 18.772 17.714 19.472 17.798
RR 5.305 4.872 4.376 3.541 3.237 .077 2.737 17.632 2.535
PA 370.905 372.151 385.296 403.830 416.904 444.661 449.342 2.507 459.529
PA 1.078 675 376 383 372 336 283 163.116 248
TO 139.770 140.935 143.834 144.267 144.903 149.397 149.359 244 159.970
NORDESTE 2.491.821 2.586.629 2.695.237 2.844.568 2.881.847 3.028.918 3.003.903 150.982 3.141.236
MA 128.787 129.040 130.381 132.630 133.128 136.649 132.329 132.973 134.777
PI 65.915 64.029 65.962 66.211 66.421 67.870 65.428 65.048 65.031
CE 513.796 541.126 565.734 576.991 561.841 597.480 599.444 613.790 628.130
RN 175.692 188.116 208.756 219.907 228.294 242.462 242.944 252.657 253.783
PB 214.044 228.821 232.065 242.502 237.053 253.078 254.905 263.229 267.177
PE 393.390 369.612 372.882 439.893 448.618 466.069 456.814 473.094 480.402
AL 183.202 194.570 196.163 191.340 194.239 200.678 195.604 195.518 201.159
SE 109.031 125.358 135.376 145.302 147.364 153.018 149.902 155.203 163.223
BA 707.965 745.957 787.918 829.792 864.889 911.615 906.532 933.470 947.555
SUDESTE 7.691.154 7.815.556 7.891.524 7.967.260 8.075.325 8.397.563 8.175.211 8.216.926 8.173.806
MG 5.528.575 5.643.919 5.714.642 5.778.970 5.893.045 6.153.228 6.013.024 6.055.347 5.969.410
ES 354.512 358.419 382.144 392.829 408.150 434.556 433.193 444.557 470.596
Podemos observar que o Brasil ocupa a 6ª posição no ranking dos maiores produtores de leite
de vaca do mundo. Conforme estatísticas consolidadas de 2007 da FAO, a produção do Brasil
foi de 25,3 bilhões kg/leite/ano, representando 4,5% da produção mundial. O líder mundial em
produção de leite é o EUA, com uma produção de 84,1 bilhões kg/leite/ano, respondendo por
15% da produção mundial (FAO apud EMBRAPA, 2008).
Destaque deve ser dado ao desenvolvimento da produção de leite nos três estados do sul do
Brasil, já que a produção praticamente dobrou no período compreendido entre 2000 e 2008.
No entanto, um dos pontos que precisa ser desenvolvido ainda no Brasil é a estimulação do
consumo de leite no mercado interno. Conforme dados de Ponchio, Gomez e Paz (2005),
com base em estatísticas da FAO, SECEX e FGV, em relação ao consumo, estima-se que o
brasileiro beba cerca de 130 litros de leite por ano, tendência observada na última década.
Constata-se que o volume per capita consumido no Brasil ainda está aquém do mínimo
recomendado pela OMS – Organização Mundial da Saúde - que é de cerca de 180 litros de
leite por ano em média, variando essa média conforme a idade e necessidade diária de cada
grupo de indivíduo.
O que se nota é que não existe uma expectativa de crescimento no consumo, já que as
estatísticas demonstram manutenção do consumo na última década, com pequena variação.
Tabela 13. Consumo mundial per capita de queijo (Kg) de 1996 a 2000.
Neste estudo, observa-se que os maiores consumidores de queijo do mundo são os franceses,
consumindo cerca de 22,5 quilos de queijo por ano, seguidos por italianos e holandeses. Os
brasileiros encontram-se no nono lugar desse ranking, figurando abaixo dos argentinos, por
exemplo, que consomem cerca de 11,6 quilos de queijo por ano, já que consumimos apenas
2,7 quilos de queijo por ano.
O estudo do panorama da cadeia produtiva do leite permitiu que fosse possível conhecer
melhor a mesma, entendendo o funcionamento do mercado, bem como podendo conhecer
quais variáveis influenciam nesse contexto. O que fica evidente é que o gestor em agronegócio
precisa estar informado e preparado para este cenário apresentado, desde o controle de
Análise de custos
Tal como ocorre na pecuária de corte, o componente que representa a maior parte dos custos
variáveis na pecuária leiteira é a alimentação dos animais, representando cerca de ¾ dos
custos de produção. Além da ração, volumosos, concentrados e suplementos minerais, outros
itens que compõem a planilha de custos variáveis são:
b) Mão de obra familiar, a qual pode ser considerada no desempenho das atividades relacio-
nadas ao leite ou na administração da propriedade.
d) Medicamentos e Vacinas.
h) Assistência Técnica.
i) Impostos e taxas.
Dos custos fixos, um importante item que assume um papel cada vez mais relevante na
composição dos custos, é o de oportunidade da terra, especialmente em áreas com elevado
valor e em sistemas extensivos. Também é necessário considerar a depreciação de máquinas
e benfeitorias, assim como, a remuneração do capital investido.
Alguns pontos são fundamentais para que possamos compreender a dinâmica que envolve
a cadeia produtiva do leite, bem como as restrições que acontecem na cadeia leiteira. Para
tanto, é importante salientar as seguintes características básicas desta cadeia produtiva:
• Existe uma diversidade de tamanhos e padrões de produção; desde grandes projetos lei-
teiros até produção de leite para subsistência.
Esses fatores e seus desdobramentos determinam uma cadeia na qual o grupo mais numeroso,
os produtores, possui pouca influência na formação de preços dos insumos e no preço pago
pelo leite, sendo mantida uma política de preços pós-fixados que, praticamente, transferem
todos os riscos e potenciais prejuízos da cadeia para o produtor.
DE BRITO, Acácio Sânzio; NOBRE, Fernando Viana; FONSECA, José Ronil Rodrigues
(Orgs.).Bovinocultura leiteira: informações técnicas e de gestão. – Natal: SEBRAE/RN, 2009. 320 p.
ISBN 978-85-88779-24-2. Disponível em <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/59F7F001
3C0E7280832576EB00692AFE/$File/Livro%20Bovinocultura%20Leiteira.pdf>.
Lá você também vai encontrar o Manual do Conseleite-Paraná. Faça a leitura e entenda como
funciona esse conselho.
Diretoria Atenção
VALORES PROJETADOS DE REFERÊNCIA DA
MATÉRIA-PRIMA (LEITE) PARA MARÇO/11
1- Valores de referência posto plataforma e posto
Câmara Técnica
propriedade
FEVEREIRO
Matéria-prima MARÇO/11
(valores finais)
Estatuto Por uma decisão da diretoria do Conseleite Paraná foram suprimidos os valores de
Maiores Valores de referência (leite acima do padrão)
referência POSTO PLATAFORMA (quando o produtor paga o frete) em função de
todas as empresas do Conseleite terem assumido o pagamento do frete no percurso
da propriedade até a indústria.
Regulamento Posto Propriedade 0,7254 0,7429
Para os casos de outras empresas em que o produtor pague o frete, ao preço posto
Valores de Referência para o leite padrão propriedade deve ser somado o valor do frete.
Resoluções
Exemplo: Em uma negociação em que produtor e indústria tomam como base o
Posto Propriedade 0,6308 0,6460 valor referência do leite padrão em julho que foi R$ 0,7093/litro, temos duas
Circulares situações:
Menores Valores de Referência (leite abaixo do padrão) 1.1-Quando a indústria paga o frete
Perguntas e Respostas Ao valor de R$0,7093 cabe apenas o desconto de 2,3% (R$0,0163) referente a taxa
Posto Propriedade 0,5735 0,5873 de CESSR
O valor pago ao produtor será R$ 0,7093 – R$ 0,0163=R$ 0,6930
Pegue aqui o Kit Os valores de referência da tabela são para a matéria-prima leite
“posto propriedade”, o que significa que o frete não deve ser 1.2-Quando o produtor paga o frete , por exemplo de R$
palestra do descontado do produtor rural.
Conseleite (em 0,04/litro
formato Power Point) Nos valores de referência está inclusa a CESSR (ex-Funrural) de Ao valor de R$0,7093 deve ser somado R$ 0,04 e depois descontado 2,3%
Aplicativo 2,3% a ser descontada do produtor rural.
O valor pago ao produtor será R$0,7493 –0,0172 =R$ 0,7321
Conseleite -
Paraná Clique aqui e veja a resolução que originou esses dados. 2- Revisão dos custos de produção
Versão 1.0. Clique A Câmara Técnica do Conseleite promoveu ampla revisão dos custos de produção
do leite ao produtor e dos custos industriais , o que resultou em mudanças na
aqui...
participação da matéria prima nos produtos industrializados, conforme mostra a
Faça o download circular nº 1/2009.
do Manual do Programa Leite das
Crianças A aplicação dos valores revisados da participação da matéria prima foi a razão dos
Conseleite (em Download em versão Microsoft Power valores de referência não terem apresentado queda (dos valores projetados em
formato Acrobat Reader) 14/7/2009 para os valores finais de julho), apesar da queda verificada no preço da
Point® (709Kb)
maioria dos produtos neste período.
1 de 1 11/04/2011 01:54 PM
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No entanto, é fundamental que o pequeno produtor rural esteja inserido neste processo.
Embora algumas prefeituras, associações e cooperativas regionais estejam desenvolvendo
algumas ações para inserção destes pequenos produtores rurais nesta nova pecuária leiteira,
este processo ainda é muito incipiente.
Desta forma, alguns desafios que ainda precisam ser superados são, dentre outros, a
desarticulação entre os elos da cadeia, a carência de uma mais efetiva coordenação, a forte
concentração oligopolizada no elo comprador, bem como o crescimento lento da demanda no
mercado interno.
2. Que medidas devem ser adotadas para garantir a qualidade do leite e eliminar os proble-
mas sanitários?
3. De que forma o manejo adequado pode contribuir com a boa qualidade do leite? Qual a
importância do treinamento dos colaboradores para esse fim?
4. Quais os cuidados com refrigeração e transporte do leite que podem ser adotados para
melhor qualidade do produto final?
5. Qual a influência da presença de antibióticos no leite? O que isso pode acarretar ao produ-
tor, laticínios e consumidor final?
10. Quais foram os benefícios do consumidor final com a Instrução Normativa 51?
12. Qual a produção de leite do Brasil? Qual a média da produtividade nacional? Comente o
avanço ocorrido nas últimas três décadas na produção leiteira.
15. Quais os maiores produtores de leite de vaca no mundo? Qual posição ocupa o Brasil
nesse cenário?
16. Qual o consumo médio de leite do brasileiro? Esse consumo está acima ou abaixo dos
níveis mínimos recomendados?
17. Quais estratégias podem ser adotadas para o desenvolvimento do consumo de leite no
Brasil?
Para tanto, a proposta do guia didático é que o mesmo tenha servido de fato como um
“manual de instruções”, ou melhor dizendo, como um roteiro ou guia de orientações de estudo.
A experiência de estar à frente deste projeto, organizando, pesquisando e proporcionando
a construção de um material atual sobre as cadeias produtivas da carne bovina e leite é
gratificante.
Alerto que você deve sempre buscar se aprofundar mais sobre os temas, já que apenas
indicamos os caminhos e as suas primeiras noções ou contatos com o tema estudado é
condição essencial que busque nas referências estudadas como base para a construção
do material de estudo, nos sites indicados, nas associações, nos sites governamentais e de
instituições de ensino e pesquisa saber sempre mais sobre os temas.
Na terceira unidade foi traçado um panorama mais detalhado da Cadeia Produtiva da Carne
Bovina do Brasil, apresentando desde um breve histórico a conhecer detalhes sobre o mercado
interno, tais como consumo, particularidade e perspectivas do setor, bem como detalhes dos
produtos exportados pelo Brasil.
A quarta unidade foi dedicada à cadeia produtiva do leite, sendo que primeiramente é realizado
um panorama da cadeia produtiva do leite no Brasil, seu posicionamento no cenário mundial,
conhecendo os elos, tipos de produtos e a indústria leiteira nacional. Na quinta unidade dá-se
destaque à questão da qualidade do leite, como foco nos estudos da IN 51, bem como apon-
tando desafios e oportunidades enfrentados no setor.
Assim, mais uma vez agradeço a oportunidade de estar participando desta fase tão importante
de sua vida. Espero que de alguma forma tenha contribuído e peço desculpas por eventuais
falhas de ordem humana e/ou técnicas.
O desejo que fica é que tudo aquilo que foi aqui transmitido seja útil no seu dia a dia, tanto
acadêmico quanto profissional e que você se torne disseminador de dados e informações a
respeito do agronegócio, levantando discussões, reflexões, questionamentos e contribuições,
proporcionando a construção e solidificação do conhecimento sobre o tema das cadeias
produtivas da carne bovina e leite.
Atenciosamente,
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