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Banksy
EXIT THROUGH THE GIFT SHOP
Porém, depois de acompanhar Banksy e outros artistas
ao longo de meses, Guetta, cujos filmes são
inassistíveis, decidiu tornar-se ele próprio um street
artist. De registrador ele passa a ser o registro.
Acompanhar o processo "criativo" de Guetta, que
assume a alcunha Mr. Brainwash, é uma mistura de
fascínio e ojeriza, um acidente automobilístico em
stêncil. O emergente artista enche um galpão com telas
e gravuras, monta suas próprias - e pífias - reinvenções
da Pop Art, cria reproduções "exclusivas" de sua obra
dirigindo um velocípede enquanto besunta tinta sobre
elas e espalha rios de spray por qualquer superfície
sem conceito ou direcionamento. O ex-
videomaker claramente não sabe o que está fazendo,
tanto que contrata outras pessoas, talentosos designers
e ilustradores, para realizar sua exposição sob sua
alucinada direção.
A segunda metade da produção acompanha os
preparativos para a grande exposição de Mr. Brainwash,
alardeada pela mídia depois que uma citação fora de
contexto do próprio Bansky é empregada na divulgação.
E o risível artista subitamente toma de assalto o mundo
das artes, gerando milhões...
Especula-se que a história toda seja uma grande farsa
criada por Banksy. É tudo perfeito demais, engraçado
demais. Guetta se acidenta, bate a cabeça em postes,
derruba um latão de tinta cor-de-rosa dentro de seu
carro... é um Buster Keaton das artes. A própria
natureza contestadora do trabalho de Banksy, que
critica de maneira bem-humorada a sociedade e o
governo, seria indício dessa peça que ele, agora como
cineasta, teria pregado no mundo das artes. O
personagem Mr. Brainwash seria a maior de todas as
obras do inglês, portanto, e Exit Through the Gift Shop,
seu Bruxa de Blair.
Mas independente da veracidade ou não do
documentário (?), o filme cumpre o que se propõe:
inicia, com um atônito sorriso, um debate sobre a arte
nos dias atuais.
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Cartaz Banksy (VEJA.com/VEJA)
Com o documentário Exit Trough The Gift Shop (algo como Saia
Pela Loja de Souvenirs), Banksy dá um passo adiante ao manter a
aura em torno de sua misteriosa identidade, zombar de artistas
contemporâneos, do tênue limite entre o que é arte e o que é
embuste, e demonstrar sem cerimônia o quão manipulável são a
crítica e o mercado. É, como de costume, uma jogada de mestre.
A história de Exit começa com o videomaker francês Thierry
Guetta que, radicado em Los Angeles, é viciado em filmar
absolutamente tudo que se passa ao seu redor. Por intermédio de
um primo, Guetta se infiltra no mundo dos artistas de rua e filmá-
los enquanto trabalham passa a ser a sua grande obsessão.
Por um golpe desses que alguns creditam ao destino, mas com
Banksy nunca se sabe tratar-se da verdade, em viagem de trabalho
ao Estados Unidos ele precisou de ajuda logística e foi
apresentado a Guetta, conhecedor dos melhores muros, becos e
ruelas para serem grafitados. Deu-se a amizade e a idéia não
muito lapidada de fazer um documentário sobre o britânico.
Em uma das últimas cenas do filme Guetta diz: "Espere até o fim da
vida e verão se eu sou uma lebre ou uma tartaruga"; esta citação
pode parecer desconexa, mas talvez ela tenha muito a dizer sobre
Banksy e seu filme... Exit Through the Gift Shop é uma obra de
difícil conceituação, daquelas que parecem escapar de qualquer
rótulo pre-existente, isto potencializa ainda mais sua condição de
obra de arte e sua capacidade de nos provocar as mais diversas
reações... é um filme indispensável para qualquer um que se propor
a pensar a produção artística como fato social. Ultra recomendado!
Baudelaire e a teoria da
arte moderna
Posted onMarço 16, 2015 by Carlos Lourenço Bobone
Em 1860 os burgueses de Paris estavam empanturrados de
literatura moderna, de filosofia moderna e de política
moderna. Os poetas e os oradores tinham-nos convencido,
à custa de muita e repetida eloquência, da superioridade
intelectual e moral daquele que aceita sem pestanejar
todas as formas de viver, pensar ou governar rotuladas
com o nome de modernas. À sombra deste conceito tinha-
se criado um sistema de pronto-a-pensar suficientemente
cómodo, nas suas vastas ramificações, para conferir aos
consumidores a faculdade de formarem opiniões sobre
matérias que nunca tinham estudado, fossem elas do foro
da ciência, dos costumes, das leis ou da moral.
Sep 6, 2017
Em seu ensaio "Le peintre de la vie moderna" que foi dedicado ao pintor
Constantin Guys por quem Baudelaire não esconde admiração e não poupa
elogios à sua arte, vemos a demonstração mais clara do conceito de
modernidade em Baudelaire quando ele afirma que o artista, ou melhor, como
ele recoloca, o homem do mundo, ou seja aquele que não está submetido à
uma área específica, mas que se interessa e aprecia assuntos do mundo inteiro
(assim ele define Guys); retira da moda atual e de seu momento histórico o que
tem de poético, portanto, retira do transitório o que tem de eterno para
alcançar a essência do belo.
"A modernidade é o transitório,o efêmero,o contigente, é a metade da arte,
sendo a outra metade o eterno e o imutável"
4- Conclusão
Baudelaire não foi entendido por sua época sendo pouco lido e tendo alguns de
seu poemas proibidos.
Bibliografia:
BAUDELAIRE, Charles. "O pintor da vida moderna". In: Obras Completas
Mas Poe é muito mais do que sustos. Muito mais… Poe é um visionário em
meio a uma excêntrica e desequilibrada crença no progresso, que retiraria a
magia do mundo em prol da razão. Não se engane! Em meio ao século
XIX, em plena revolução industrial, isso era um grande feito. A razão
instrumental transformara todos em parte de uma engrenagem: éramos
apenas uma peça da máquina, que ditava a velocidade de trabalho, nosso
rendimento e nosso fim. Não havia tempo para pensar ou ser. O progresso
econômico não deixara espaço para o progresso da vida humana: a pressa
de produzir deixara em segundo plano a vontade de viver.
Boa leitura.
Gênero: Conto
O HOMEM DA MULTIDÃO
Foi muito bem dito, a respeito de um certo livro alemão, que “er lasst sich
nicht lesen” — ele não se deixa ler. Há certos segredos que não se deixam
contar. Homens morrem toda noite em suas camas, torcendo as mãos de
fantasmagóricos confessores e fitando-os lamentosamente nos olhos —
morrem com desespero no coração e convulsões na garganta, por causa do
horror de mistérios que não aceitam ser revelados. Infelizmente, a
consciência humana às vezes carrega tão pesado fardo de pavor que só no
túmulo consegue desembaraçar-se dele. E assim a essência de todo crime
permanece irrevelada.
“A une passante” de Baudelaire - uma possível análise
A uma passante
A rua ia gritando e eu ensurdecia.
Alta, magra, de luto, dor tão majestosa,
Passou uma mulher que, com mãos sumptuosas,
Erguia e agitava a orla do vestido;
Nobre e ágil, com pernas iguais a uma estátua.
Crispado com um excêntrico, eu bebia, então,
Nos seus olhos, céu plúmbeo onde nasce o tufão,
A doçura que encanta e o prazer que mata.
Um raio… e depois noite! – Efémera beldade
Cujo olhar me fez renascer tão de súbito,
Só te verei de novo na eternidade?
Noutro lugar, bem longe! é tarde! talvez nunca!
Porque não sabes onde vou, nem eu onde ias,
Tu que eu teria amado, tu que bem sabias!
(Quem foi C. G. ?)
Durante toda a reflexão sobre a diferença entre um artista e um
homem do mundo, Baudelaire utiliza como exemplo um amigo e
o cita no livro como “C.G.” Trata-se de Constatin Guys, um pintor
e desenhista autodidata que viveu entre 1805 e 1892, que
trabalhou como repórter e foi profundo conhecedor do mundo da
moda. Para Baudelaire, C.G. é o típico “homem do mundo” e não
apenas um “artista” (num sentido restrito). O homem do mundo
é aquele que se interessa pelo mundo inteiro, que quer saber,
entender e conhecer. O artista vive no mundo moral e político, o
homem do mundo é um cidadão espiritual do universo.
O Dândi x A mulher
REFERÊNCIAS
BAUDELAIRE, C. Sobre a modernidade: o pintor da vida
moderna. 4 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996