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METODOLOGIA DO

TRABALHO CIENTÍFICO
METODOLOGIA DO
TRABALHO CIENTÍFICO
Ana Paula Amorim
IMES
Instituto Mantenedor de Ensino Superior Metropolitano S/C Ltda.
William Oliveira
Presidente

Reinaldo Borba
Diretor de Novos Negócios

Jussiara Gonzaga
Gerente Técnica do NEaD

MATERIAL DIDÁTICO

Israel Dantas
Coord. de Produção de Material Didático

Produção Acadêmica Produção Técnica


Ana Paula Amorim | Autor(a) Aline Oliveira Moura Santos | Revisão de Texto
Airá Manuel Santana dos Santos | Revisão de Texto

Imagens
Corbis/Image100/Imagemsource

© 2016 by IMES
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, tampouco poderá ser utilizado
qualquer tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem a prévia autorização, por escrito, do
Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda.

2016
Direitos exclusivos cedidos ao Instituto Mantenedor de Ensino Superior da Bahia S/C Ltda.
SUMÁRIO

1 CIÊNCIA, CONHECIMENTO E SABER ..........................................................................................9


1.1 TEMA 1. O SER HUMANO, A SOCIEDADE E O CONHECIMENTO ....................................................12
1.1.1 CONTEÚDO 1. Concepções de ciência ......................................................................................13
1.1.2 CONTEÚDO 2. A teoria do conhecimento ...............................................................................27
1.1.3 CONTEÚDO 3. Tipos de conhecimento .....................................................................................31
1.1.4 CONTEÚDO 4. Origem, evolução e aplicação do conhecimento científico na universidade ..38
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ........................................................................................................................49
1.2 TEMA 2. APRENDIZAGEM E PESQUISA ...........................................................................................53
1.2.1 CONTEÚDO 1. Método e estratégia de estudo e aprendizagem .............................................53
1.2.2 CONTEÚDO 2. Leitura e análise de textos ................................................................................58
1.2.3 CONTEÚDO 3. Técnicas para sistematização do conhecimento ..............................................71
1.2.4 CONTEÚDO 4. Atividades acadêmicas......................................................................................82
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ........................................................................................................................88

2 A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO.....................................93


2.1 TEMA 3. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS .........................................96
2.1.1 CONTEÚDO 1. A linguagem científica e as regras da associação brasileira de normas técnicas
(ABNT) ..... .............................................................................................................................................96
2.1.2 CONTEÚDO 2. Metodologia e estrutura dos trabalhos acadêmicos I: resenha, artigo
científico e memorial................... ........................................................................................................104
2.1.3 CONTEÚDO 3. Metodologia e estrutura dos trabalhos acadêmicos II: seminário, painel e
mesa redonda................ ......................................................................................................................111
2.1.4 CONTEÚDO 4. Metodologia e estrutura dos trabalhos acadêmicos III: estudo de caso,
palestra e conferência.......... ...............................................................................................................116
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ......................................................................................................................119
2.2 TEMA 4. A PESQUISA CIENTÍFICA E SUAS FASES ..........................................................................122
2.2.1 CONTEÚDO 1. Conceito, finalidades e requisitos da pesquisa científica ..............................122
2.2.2 CONTEÚDO 2. Pesquisa científica e método ..........................................................................133
2.2.3 CONTEÚDO 3. Projeto, monografia e relatório ......................................................................144
2.2.4 CONTEÚDO 4. Tipos de monografia .......................................................................................153
EXERCÍCIOS PROPOSTOS ......................................................................................................................157

GABARITO DAS QUESTÕES......................................................................................................... 160


GLOSSÁRIO ............................................................................................................................... 161
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 166
APRESENTAÇÃO

Prezado(a) discente,
Bem-vindo à disciplina Metodologia do Trabalho Científico! Ela te traz um convite ao
seu aprimoramento acadêmico e profissional.
Estimulados pela emergência de um novo paradigma educacional, o conceito de educa-
ção ampliou-se para além do espaço escolar, abrangendo outros processos formativos que se
desenvolvem na convivência humana, no trabalho e nas instituições de ensino e pesquisa.
Esta disciplina se propõe a lhe ajudar a organizar seus estudos e produzir textos acadê-
micos compatíveis com o universo da ciência. Esperamos que você aprenda a desenvolver
uma postura crítica e metodológica, que lhe oportunize ampliar sua visão em relação ao mun-
do, principalmente no que se refere às ações que fazem parte da sua atividade profissional.
No ensino superior, você precisa ir além do que é proposto pelos professores, pois o dia
a dia nos reserva desafios que demandam autonomia, que lhe exigirá articular teoria e prática,
bem como novas formas de agir e intervir de forma ativa nos diversos ambientes de aprendi-
zagem, portanto, a sua participação é fundamental.
A disciplina está dividida em 2 blocos e 4 temas. Para melhor aproveitamento de seus
estudos, você terá acesso a um livro didático, bem como a conteúdos desenvolvidos em ambi-
ente on-line, com dicas, links, vídeoaulas e atividades de avaliação, que visam consolidar a sua
aprendizagem de forma profícua e significativa.
Nosso objetivo aqui será discutir atitudes e ações úteis para que você possa aprender de
maneira cada vez mais eficiente, organizada e integrada.
Para alcançar este objetivo, lançaremos um novo olhar para a prática do estudo, para
que possamos adotar atitudes compatíveis com sua importância para a aprendizagem, em par-
ticular no ensino à distância.
Apresentaremos diversos recursos para organizar e sistematizar os conhecimentos
aprendidos, para que você possa aproveitá-los durante toda a sua vida acadêmica e profissio-
nal.
Então, a partir do momento em que ingressa nesta disciplina, você se torna um pesqui-
sador de fato, pois estudará os processos que envolvem a produção acadêmica e o caminho
que deverá percorrer para deixar sua contribuição pessoal para o desenvolvimento do saber
científico na sua área de formação profissional.
Esperamos, assim, que você termine a disciplina munido(a) das ferramentas necessárias
para alcançar o sucesso ao longo do curso e, mais importante, para sobreviver em uma socie-
dade que exige o aprendizado em tempo integral.
Bom trabalho!

Desejo discernimento, iniciativa e realizações!


Profa. Ana Paula Amorim
BLOCO
1
TEMÁTICO
CIÊNCIA, CONHECIMENTO E SABER
CIÊNCIA, CONHECIMENTO E SABER

FIGURA 1 – CIÊNCIA, CONHECIMENTO E SABER


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Prezado(a) discente,
O primeiro Bloco Temático da nossa disciplina versa sobre “Ciência, Conhecimento e
Saber”.
No limiar de uma era global, vislumbrando algo que já está presente, porém ainda duvi-
dando suficientemente do passado para imaginarmos um futuro (SANTOS, 1987), necessita-
mos de mudanças e transformações importantes para a ultrapassagem de alguns modelos e
visões de homem, mundo, sociedade e educação.
Assim, neste Bloco, estão contemplados os seguintes conteúdos:

Tema 1 - O SER HUMANO, A SOCIEDADE E O CONHECIMENTO.


Conteúdo 1 - Concepções de ciência.
Conteúdo 2 - A teoria do conhecimento.
Conteúdo 3 - Tipos de conhecimento.
Conteúdo 4 - Origem, evolução e aplicação do conhecimento científico na universidade.

Tema 2 - APRENDIZAGEM E PESQUISA


Conteúdo 1 - Registro e sistematização do conhecimento.
Conteúdo 2 - Método e estratégia de estudo e aprendizagem.

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Conteúdo 3 - Leitura e análise de textos.
Conteúdo 4 - Técnicas para sistematização do conhecimento.
Conversaremos acerca da ciência, suas concepções e características, buscando fazer um
panorama de sua natureza/estrutura e dimensão. Trataremos ainda da metodologia científica
enquanto recurso e instrumento para a ciência da educação.
Abordaremos ainda questões relevantes, tais como: a formação humana, o conhecimen-
to (significação, principais elementos, tipos, registro e sistematização), a relação entre meto-
dologia e universidade, estudo, aprendizagem e leitura.
Dentre as contribuições proporcionadas pelos conteúdos propostos neste bloco temático
consta a formação contínua do estudante na qualidade de sujeito ativo e transformador que
percebe seu entorno de modo reflexivo, crítico e criativo e se constitui enquanto produtor de
conhecimento e saberes.
Vamos lá?

1.1
TEMA 1.
O SER HUMANO, A SOCIEDADE E O CONHECIMENTO

FIGURA 2 – O SER HUMANO, A SOCIEDADE E O CONHECIMENTO


FONTE: ELABORAÇÃO PRÒPRIA

Olá, querido(a) discente,


Neste tema refletiremos sobre como organizamos os nossos conhecimentos, buscando
identificar quais são os parâmetros que limitam a ciência e o que caracteriza a postura investi-
gativa.
Trataremos da história da curiosidade do homem, instigada pela busca de respostas e
pelo desejo de dominar o universo, ou seja, como o sujeito – aquele que pensa, que reflete, que
sistematiza o que aprendeu sobre seres e fenômenos do universo constrói o conhecimento.

12
ANA PAULA AMORIM
Os conteúdos tratados neste tema são muito importantes pelo fato de o estudante do
Ensino Superior estar lidando com eles durante as diversas disciplinas ao longo do curso, au-
mentando, cada vez mais, o conjunto de conhecimentos e saberes que lhe conferem a qualida-
de de estudante, de sujeito ativo e transformador, comprometido com o saber, de modo a
transformá-lo em conhecimento, e organizá-lo sistematicamente, construindo seu próprio ser.
Até porque, o conhecimento vem aos seres humanos por intermédio da experiência; e a
experiência pela busca do ser humano. Ele, o conhecimento, existe da necessidade de se des-
cobrir a realidade. A ciência, por sua vez, deve paramentar-se com as múltiplas cores da ver-
dade; seu elemento deve ser a verdade; esta que deve ser seu espírito, enfim, sua maior aspira-
ção, para que assim possa ser ela, a ciência, discutida à luz trina do conhecimento científico,
filosófico e religioso. Portanto, do experimento direto, correto e completo; do honesto racio-
cínio; e do desperto sentimento.
Então vamos juntos nessa caminhada com determinação e disposição constante para a
aprendizagem!

1.1.1
CONTEÚDO 1.
CONCEPÇÕES DE CIÊNCIA

FIGURA 3 – CONCEPÇÕES DE CIÊNCIA I


FONTE: ELABORAÇÃO PRÒPRIA

Neste conteúdo, buscaremos sistematizar elementos acerca da ciência e das diferentes


formas de conhecimento que se fazem presentes nas ações humanas.
À ciência não cabe negar conhecimento algum, senão comprovando-o; e tornar dispo-
nível tal conhecimento como um bem comum para toda a humanidade. Até porque, o seu
papel é, no mínimo, ampliar as fronteiras do conhecimento, inclusive e principalmente, dela
mesma. Portanto, a ciência trata do conhecimento das coisas por suas causas, seus efeitos e
seus fundamentos, enfim, suas leis.

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
O homem sempre empreendeu esforços em busca da verdade, da compreensão do real,
da explicação de sua natureza interna e da natureza externa que o cerca, sempre buscando dar
conta das razões de sua existência, a melhor maneira de superar os desafios. Nas diferentes
dimensões do conhecimento humano, o homem apresenta respostas e avança na compreensão
do mundo.
A ciência aumentou sobremaneira a capacidade de instrumentalização do homem. De-
senvolvendo tecnologias avançadas, liberou a mão de obra para atuar na área de serviços e
metodologia do trabalho científico pesquisas científicas. À medida que a ciência avança, o
indivíduo se torna cada vez mais capaz de dominar as circunstâncias à sua volta.
Visto que a ciência é fruto da tendência humana para procurar respostas e justificações positi-
vas e convincentes, nesse conteúdo iremos analisar a natureza da ciência, conceituando seu
aspecto lógico como método de raciocínio e de inferência acerca dos fenômenos já conheci-
dos ou a serem investigados.

O que é Ciência?

FIGURA 4 – O QUE É CIÊNCIA?


FONTE: ELABORAÇÃO PRÒPRIA

Você já parou para refletir sobre isso?

Do latim scientia, traduzido por "conhecimento", ciência refere-se a qualquer conhe-


cimento ou prática sistemáticos. Refere-se ao sistema de adquirir conhecimento baseado
no método científico, bem como ao corpo organizado de conhecimento conseguido atra-
vés de tais pesquisas.

De modo mais amplo, a ciência pode ser entendida como uma sistematização de conhe-
cimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento
de certos fenômenos que se deseja estudar.

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ANA PAULA AMORIM
A ciência é fruto da tendência humana para procurar respostas e justificações positi-
vas e convincentes. Este dinamismo questionador peculiar ao “espírito humano” já se ma-
nifesta na primeira infância quando a criança multiplica seus “o quê” e seus “por quê”, que
chegam a embaraçar os adultos.

Para Ander-Egg (1978) a ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou


prováveis, obtidos metodicamente sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos
de uma mesma natureza.
Para Freire-Maia (1991) a ciência é um conjunto de descrições, interpretações, teorias,
leis, modelos, etc., visando ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampli-
ação e renovação, que resulta da aplicação deliberada de uma metodologia especial (metodo-
logia científica).
Desses conceitos emana a característica de apresentar a ciência como um pensamento
racional, objetivo, lógico e confiável, Ter como particularidade o ser sistemático, exato e falí-
vel, ou seja, não final e definitivo, pois deve ser verificável, isto é, submetido à experimentação
para a comprovação de seus enunciados e hipóteses, procurando-se as relações causais; desta-
ca-se, também, a importância da metodologia que, em última análise, determinará a própria
possibilidade de experimentação.

Concepções sobre Ciência

Não existe uma única concepção de ciência. Podemos dividi-la em períodos históricos,
cada um com modelos e paradigmas teóricos diferentes a respeito da concepção de mundo, de
ciência e de método, destacando-se três grandes concepções:

FIGURA 5 – CONCEPÇÕES DE CIÊNCIA II


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Com os gregos, a ciência ficou conhecida como filosofia da natureza, tinha como única
preocupação a busca do saber, a compreensão da natureza das coisas e do homem, o conhe-

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
cimento científico era desenvolvido pela filosofia, não havendo distinção que hoje se estabele-
ce entre ciência e filosofia.
Destaca-se, entre os gregos, a visão da ciência dos pré-socráticos, que começam a subs-
tituir a concepção de mundo caótico concebido pela mitologia pela ideia de cosmos, presidin-
do a ideia de ordem natural no universo, ordem esta delineada por princípios e leis fixas e
necessárias, inerentes à própria natureza.
A segunda visão é a abordagem platônica, onde o real não está na empiria, nos fatos e
fenômenos percebidos pelos sentidos. O verdadeiro mundo platônico é o das ideias, que con-
tém os modelos e as essências de como as aparências devem se estruturar, pois a forma, aces-
sível aos sentidos, apenas nos mostra como as coisas são, mas não o que elas são.
Com Aristóteles e seu método, a realidade é analisada através de suas partes e princípios
que podem ser observados, para, em seguida, postular seus princípios universais, expressos na
forma de juízos, encadeados logicamente entre si. O modelo aristotélico vai suprimir o mundo
platônico das ideias, enunciando a ciência como produto de uma elaboração do entendimento
em íntima colaboração com a experiência sensível. Propõe uma ciência que produz um co-
nhecimento que pretende ser um fiel espelho da realidade, por estar sustentado no observável
e pelo seu caráter de necessidade e universalidade.
A concepção de ciência moderna tem em Galileu (experimento e a revolução científi-
ca), Newton (método indutivo) e Bacon (indução e empirismo) seus grandes colaboradores,
opõem-se à ciência grega e ao dogmatismo religioso que imperava na época. Propõem como
caminho do conhecimento, o caminho da ciência, através do experimentar, do medir e com-
provar, sendo a ciência acumulativa, através da superposição de verdades demonstradas pelas
provas fatuais geradas pelas observações particulares e pelos experimentos. Surge o cientifi-
cismo, isto é a crença de que o único conhecimento válido era o científico e de que tudo pode-
ria ser conhecido pela ciência.
A visão contemporânea de ciência centra-se na incerteza e na ruptura com o cientifi-
cismo (dogmatismo e a certeza da ciência). É o contexto de crise da ciência e da ruptura do
paradigma cartesiano, assim como, o critério de demarcação entre ciência e não-ciência, fun-
damentado na experiência e adotando a indução e a confirmabilidade para constatar a certeza
de seus enunciados.

A Natureza da Ciência
A ciência pode ser entendida em duas acepções:

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ANA PAULA AMORIM
FIGURA 6 – A NATUREZA DA CIÊNCIA
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Se fosse possível à mente humana atingir o universo em sua abrangência infinita, apre-
sentar-se-ia a ciência una e também infinita, como seu próprio objeto; entretanto, as próprias
limitações de nossa mente exigem a fragmentação do real para que se possa atingir um de seus
segmentos, resultando, desse fato, a pluralidade das ciências.
Em se tratando de analisar a natureza da ciência, podem ser explicitadas duas dimen-
sões, na realidade inseparáveis:

FIGURA 7 – DIMENSÕES DA NATUREZA DE CIÊNCIA


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Pode-se conceituar o aspecto lógico da ciência como o método de raciocínio e de infe-


rência acerca dos fenômenos já conhecimentos ou a serem investigados; em outras palavras,
pode-se considerar que o aspecto lógico constitui o método para a construção de proposições
e enunciados, objetivando, dessa maneira, uma descrição, interpretação, explicação e verifica-
ção mais precisas.

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Componentes da Ciência
As ciências caracterizam-se por possuírem:

FIGURA 8 – COMPONENTES DA CIÊNCIA


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Classificação e Divisão da Ciência


A complexidade do universo e a diversidade de fenômenos que nele se manifestam, ali-
adas à necessidade do homem de estudá-los para poder entendê-los e explicá-los, levaram ao
surgimento de diversos ramos de estudo e ciências específicas. Estas necessitam de uma classi-
ficação, que de acordo com sua ordem de complexidade, quer de acordo com seu conteúdo:
objeto ou temas, diferenças de enunciados e metodologia empregada.
Pode-se classificar as ciências, num primeiro momento, em duas grandes categorias:

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ANA PAULA AMORIM
FIGURA 9 – CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

As ciências empíricas, por sua vez, podem ser classificadas em naturais e sociais. Dentre
as ciências naturais estão: a Física, a Química, a Biologia, a Astronomia. Dentre as ciências
sociais estão: a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Política, a Economia, a Psicologia e a
História.
Em relação ao conteúdo, as ciências podem ser divididas em formais e factuais:

FIGURA 10 – DIVISÃO DA CIÊNCIA POR CONTEÚDO


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Paradigmas da Ciência
Em todo processo de desenvolvimento das sociedades, os atos humanos seguem em
harmonia com um entendimento ou concepção de mundo. Por ser constituída por homens, a
ciência em todas as suas fases de evolução nos mostra que a teoria e a prática científicas são

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
baseadas em uma visão de mundo, ou seja, a ciência procura explicar os fenômenos que lhe
interessam de uma maneira apropriada aos critérios aceitos como sendo científicos.
A ciência é, portanto, uma forma de conhecimento que busca explicar e entender, em
princípio, a realidade. Assim é que diferentes ramos, áreas ou disciplinas cientificas se debru-
çam sobre os mais diversos fenômenos convertendo-os em objeto de pesquisa científica. Inici-
almente, tudo aquilo passível de ser conhecido pelo ser humano converte-se em objeto de
pesquisa para a ciência. Nesse processo, a própria ciência tornou-se um objeto de problemati-
zações e pesquisas.

FIGURA 11 – PARADGMAS DA CIÊNCIA


FONTE: ELABORAÇÃO PRÒPRIA

Ao longo da história da formação do conhecimento cientifico ocidental foram se cons-


truindo tradições de reflexão sobre a ciência que envolveram a validade de seus fundamentos,
seus processos e produtos, assim como, a relação que ela estabelece com o contexto mais am-
plo em que está inserida.

Convido você agora para uma viagem no tempo!

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ANA PAULA AMORIM
FIGURA 12 – VIAGEM NO TEMPO
FONTE: ELABORAÇÃO PRÒPRIA

Visão Aristotélico-Tomista

FIGURA 13 – ARISTÓTELES
FONTE: <http://problemasfilosoficos.blogspot.com.br/2007/08/prudncia-na-tica-nicomaquia-de.html>

A visão do mundo e o sistema de valores que estão na base de nossa cultura, e que têm
de ser cuidadosamente reexaminados, foram formulados em suas linhas essenciais nos séculos
XVI e XVII. Antes de 1500, a visão do mundo dominante na Europa, assim como na maioria
das outras civilizações, era orgânica. As pessoas viviam em comunidades pequenas e coesas, e
vivenciavam a natureza em termos de relações orgânicas, caracterizadas pela interdependência
dos fenômenos espirituais e materiais e pela subordinação das necessidades individuais às da
comunidade.
A estrutura científica dessa visão de mundo orgânica assentava em duas autoridades:
Aristóteles e a Igreja. No século XIII, Tomás de Aquino combinou o abrangente sistema da
natureza de Aristóteles com a teologia e a ética cristãs e, assim fazendo, estabeleceu a estrutura
conceitual que permaneceu inconteste durante toda a idade Média.
Os cientistas medievais, investigando os desígnios subjacentes nos vários fenômenos na-
turais, consideravam do mais alto significado as questões referentes a Deus, à alma humana e
à ética. A perspectiva medieval mudou radicalmente nos séculos XVI e XVII. A noção de um
universo orgânico, vivo e espiritual foi substituída pela noção do mundo como se ele fosse

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
uma máquina, e a máquina do mundo converteu-se na metáfora dominante da era moderna.
Esse desenvolvimento foi ocasionando por mudanças revolucionárias na física e na astrono-
mia, culminando nas realizações de Copérnico, Galileu e Newton.
O rompimento da simbiose religião-ciência que, na fase do obscurantismo medieval, de-
terminou o privilégio do objetivo pelo subjetivo e do profano pelo “sagrado”, revelando-se um
terrorismo pervertido do pensamento que cerceou e mesmo aniquilou as melhores e mais
criativas mentes da época, deu lugar a um outro equivocado extremismo.
O triunfo da razão gerou o racionalismo científico, dissociando o subjetivo do objetivo,
prevalecendo o ideal da objetividade. A ênfase na quantificação conduziu à perda da dimensão
qualitativa-valorativa. Reduziu-se o Mistério ao comensurável. A ciência desvinculou-se da
mística, da ética e estética, da poesia e, de um certo modo, da própria vida. Enfim, “o espírito
começou a degenerar em intelecto”.

Visão Newtoniano-Cartesiano

FIGURA 14 – ISAAC NEWTON


FONTE: <http://www.datagenetics.com/blog/february12014/>

O primeiro paradigma se fundamenta no positivismo de Auguste Comte (1786-1857)


para o estudo dos fatos sociais e no empirismo de J. Stuart Mill (1806-1873) para a investiga-
ção dos fenômenos psicológicos.
O sucesso deste paradigma se radica no método de Francis Bacon (1561-1626), na ma-
tematização do conhecimento de Renê Descartes (1596-1650) e Galileu (1564-1642), no valor
da experiência de Blaise Pascal (1623-1662), na física de Isaac Newton (1642-1727) e nos ma-
terialistas do século XVIII, que valorizam a observação e o interesse pela natureza, a relevância
da probabilidade e da dedução, a matematização da natureza, a noção de experiência, causali-
dade e previsibilidade.
Mas o triunfo do método experimental no século XIX consolidou-se com a utilização de
uma lógica hipotético-dedutiva e uma metodologia de experimentação de hipóteses, validada

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ANA PAULA AMORIM
por processos dedutivos matemáticos. A adoção desta concepção pelos pesquisadores anglo-
saxônicos e sua difusão nos meios científicos foi tão ampla que perdurou como o único para-
digma aceitável nos meios acadêmicos.
Esse paradigma ganhou um novo dinamismo com o atomismo lógico na Inglaterra com
Bertrand Russell (1871-1970) e Wittgenstein (1889-1951) e com os neopositivistas do Círculo
de Viena. Estes filósofos assumiram uma concepção mecanicista, amparada na física matemá-
tica, elaboraram uma lógica empírica com as quais pretenderam unificar a ciência e criar uma
ciência da ciência baseada em um método analítico e uma linguagem fisicalista (uma lingua-
gem dos objetos corpóreos extralinguísticos, independentes do sujeito que os percebe) e redu-
zindo o conhecimento à expressa bem-formalizada do mundo.
Esse paradigma experimental foi também estendido à análise da sociedade. Valfrido Pa-
reto (1848-1923) e Émile Durkheim (1858-1917) procuraram um método para a explicação
dos fatos sociais que, à semelhança das ciências na natureza, pudessem ser reduzidos a coisas.
As interpretações de Talcott Parsons (1902-1979) sobre Pareto, Durkheim e Max Weber, a
respeito dos fatos sociais, desdobram-se em uma concepção estrutural, funcionalista da socie-
dade. Essa concepção se difundiu nos meios acadêmicos norte-americanos e constituiu-se em
um método de análise e de explicação dos fenômenos sociais.
Em suma, esse paradigma tem como postulado a existência de objetos fora da consciên-
cia e independente dela. O resumo desses objetos constitui a natureza ou o mundo exterior
que existe em si e si impõe como uma evidência que reconhece a supremacia do mundo obje-
tivo. O sujeito (consciência) é um receptáculo que recolhe as impressões gravadas pela nature-
za exterior.

Visão Holística

FIGURA 15 – VISÃO HOLÍSTICA


FONTE: ELABORAÇÃO PRÒPRIA

Como reação à visão newtoniano-cartesiana de um universo fragmentado, característica


de um paradigma substancialista e mecanicista, instala-se de maneira progressiva um novo

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
paradigma holístico, isto é, que traduz uma perspectiva na qual “o todo” e cada uma de suas
sinergias estão estreitamente ligados, em interações constantes e paradoxais. O termo holístico
vem do grego holos, que significa “todo”, “inteiro”. Holística é, portanto, um adjetivo que se
refere ao conjunto, ao “todo”, em suas relações com suas “partes”, à inteireza do mundo e dos
seres.

A palavra “holístico” está se infiltrando sub-repticiamente na ciência, na filosofia, na


educação e na terapia, sem que se tenha feito um esforço para conhecer sua origem e traçar
a história da evolução desse termo.

Em 1926, foi editado em Londres um livro escrito por um general sul-africano, um dos
primeiros partidários do movimento anti-apartheid, o filósofo Ian Christian Smuts, sob o títu-
lo Holism and evolution. O assunto central do livro consiste numa tentativa de definição da
natureza da evolução, das suas fases principais e de um fator ou princípio subjacente a esta
evolução e a todo o universo, enfatizando os conceitos primários acerca da matéria, vida,
mente e personalidade. Afirma que o universo e especialmente a natureza viva se constituem
de unidades que formam todos (como organismos vivos) que são mais do que a simples soma
das partículas elementares.
O holismo, enquanto doutrina, considera que a parte só pode ser compreendida a partir
do todo, que privilegia a consideração da totalidade na explicação de uma realidade, susten-
tando que o todo não é apenas a soma de suas partes, mas possui uma unidade orgânica.
O paradigma holístico considera cada elemento de um campo como um evento que re-
flete e contém todas as dimensões do campo (conforme a metáfora do holograma). É uma
visão na qual “o todo” e cada uma de suas sinergias estão estreitamente ligados, em interações
constantes e paradoxais.
A perspectiva holística implica um espaço sem nenhuma fronteira geradora de dualida-
de e causadora de conflitos, a exemplo de Sujeito - Objeto; Espaço Interno - Espaço Externo;
Pessoal - Transpessoal; Relativo - Absoluto; Espírito - Matéria; Ser - Não-Ser; Eu - Não-Eu;
Real - Imaginário; Bem - Mal; Sentimento - Razão. Reconhece-se sua existência num plano
relativo, mas os ultrapassa graças à abordagem holística do real.
Fundamentados no paradigma holístico podemos resumir o conceito de visão holística
da realidade apoiados nos seguintes princípios essenciais:
A dualidade sujeito-objeto e a separatividade são resultado de uma fantasia da mente
e só têm um valor relativo. Esta fantasia leva e está interligada a sentimentos e emoções des-
trutivos da harmonia e da ecologia interna e externa (apego e possessividade, agressão e vio-
lência, vaidade e orgulho, ciúme e competição, além do medo e da depressão);

24
ANA PAULA AMORIM
Há uma continuidade ou holocontinuum do ser na existência sob forma de experiência
do mundo pelos seres. Os seres e o mundo que eles experimentam são ambos os próprios se-
res em holoscopia;
Todos os fenômenos são apenas aparências formais de um holomovimento, consti-
tuindo um hololudismo que se caracteriza por uma holocoreografia e uma holosinfonia, do
qual faz parte o constante fluxo alternativo da evolução e da involução. A involução é a apa-
rente fragmentação do absoluto no mundo relativo; a evolução se processa por uma volta da
fragmentação ao mundo absoluto, pela formação criativa de conjuntos inter-relacionados ca-
da vez mais abrangentes;
O sentido teleológico da existência humana consiste, através do restabelecimento da
harmonia progressiva interior, em dissolver a separatividade fantasmática eu-mundo através
da experiência holística ou transpessoal, que leva consigo os grandes valores de beleza, verda-
de e amor;
A experiência holística ou transpessoal tem um caráter inefável, pois se situa num do-
mínio que transcende a linguagem e o raciocínio lógico. O próprio termo “experiência” é ina-
dequado, pois neste nível inexiste a diferenciação sujeito-objeto. Sem esta vivência, a visão
holística permanece meramente intelectual;
A lógica formal clássica ligada ao antigo paradigma newtoniano-cartesiano correspon-
de às leis da macrofísica. A visão holística implica uma nova lógica que integra a não-
contradição e a contradição num só sistema;
A vivência da realidade é função direta do estado de consciência em que nos encontra-
mos. Nos estados de vigília, de sonho e de sono, só vivenciamos uma realidade fragmentada e
relativa. Só o estado de superconsciência permite a visão holística, onde a oposição entre rea-
lidade relativa e absoluta é transcendida;
A visão holística não pode, por conseguinte, ser produto de apenas uma interpretação
intelectual.

O Método Científico

FIGURA 16 – MÉTODO CIENTÍFICO


FONTE: ELABORAÇÃO PRÒPRIA

25
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
O agir científico pressupõe a observância de métodos e procedimentos adequados para a
observância e análise de fatos ou fenômenos, quer físicos, que sociais. Em especial, a ciência e
o conhecimento científico prima pela observância de métodos científicos, na presente compi-
lação trabalha-se com os principais métodos científicos e as premissas que o fundamentam,
permitindo observar a diversidade de proposições e as limitações inerentes as mesmas.
Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em contrapar-
tida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciências. A utilização de
métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego
de métodos científicos.
A palavra método é de origem grega e significa o conjunto de etapas e processos a se-
rem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da verdade.

O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segu-
rança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

Os diversos passos do método científico não foram estabelecidos aprioristicamente; de


fato, os homens procuraram agir cientificamente e, só depois, pararam para examinar o cami-
nho que conduzira seu trabalho ao êxito. Assim, surgiu, o método ou o traçado fundamental
do caminho a percorrer na pesquisa científica.
Não foi somente com o método que tal fenômeno de reflexão e sistematização ocorreu,
pois, o homem primeiro viveu, e só depois estudou a vida: primeiro viveu moralmente, e só
depois sistematizou a moral, primeiro raciocinou com lógica espontânea ou natural, e só de-
pois definiu as leis do raciocínio; assim, também, o homem primeiro agiu metodicamente, e
só depois estruturou os passos e exigências do método científico.
Importância do Método Científico
O método confere segurança e é fator de economia na pesquisa, no estudo, na aprendi-
zagem. Estabelecido e aprimorado pela contribuição cumulativa dos antepassados, não pode
ser ignorado hoje, em seus delineamentos gerais, sob pena de insucesso. O método é um ex-
traordinário instrumento de trabalho que ajuda, mas não substitui por si só o talento do pes-
quisador. O melhor será que o espírito talentoso não caminhe ao acaso, mas aceite a contri-
buição do método para conseguir progressos nas ciências.

Então...
Para compreendermos de fato esse assunto vamos lançar o olhar sobre a Teoria do
Conhecimento.
Sigamos em frente!

26
ANA PAULA AMORIM
1.1.2
CONTEÚDO 2.
A TEORIA DO CONHECIMENTO

FIGURA 17 – TEORIA DO CONHECIMENTO


FONTE: <https://www.google.com/takeaction/images/entry-1-globe.jpg>

No dia-a-dia, o ato de conhecer se manifesta tão natural que nós nem nos damos conta
da sua complexidade. Desde cedo, os mestres nos falam da necessidade de aprender a conhe-
cer o mundo e posteriormente da necessidade de autoconhecimento.
Assim, entramos na engrenagem do conhecimento do mundo, considerado real, sem
colocar em pauta o que significa conhecer. Todavia, à medida que nos defrontamos, na rela-
ção com o mundo, com os vários campos e formas de conhecimento, entramos num emara-
nhado de conceitos.
Então percebemos que quase não tematizamos questões básicas como:

FIGURA 18 – QUESTÕES BÁSICAS


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Que tal postar em nosso fórum, tópico Ser Humano, Conhecimento e Saber, possíveis
respostas e comentários para os questionamentos acima? Estamos aguardando sua partici-
pação!

Hoje, recebemos, passivamente, através das instituições escolares, um modelo de conhe-


cimento imposto pela ideologia do sistema tecnocrata. É o modelo, muitas vezes deturpado do
conhecimento científico. Esse modelo tem a sua razão de ser, exprime um modo de conhecer e

27
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
dominar racionalmente a realidade, mas não deveria ser a única abordagem. E mais ainda,
esse modelo se acha comprometido muitas vezes com os interesses do sistema.
O estudo desses problemas nos remete à constatação de controvertidas respostas a exigir
uma análise esclarecedora do sentido do conhecimento. Já que existem múltiplas interpreta-
ções a respeito do real, diversos são os modos de se enfocar o conhecimento. Só o exame nos
possibilita compreender o que está sendo passado de obscuro e de ideológico no meio cultu-
ral, e recebido por nós, na maioria das vezes sem nenhuma crítica.

A Teoria do Conhecimento é uma explicação ou interpretação filosófica do conheci-


mento humano. É também denominada de filosofia da ciência, e tem seus fundamentos
estabelecidos de acordo com cada perspectiva de interpretação.

O que é Conhecimento?
O conhecimento é o atributo geral que tem os seres vivos de reagir ativamente ao mun-
do circundante, na medida de sua organização biológica e no sentido de sua sobrevivência. O
ser humano, utilizando de suas capacidades, procurar conhecer o mundo que o rodeia, o co-
nhecimento, a informação, a prática de vida resulta em conhecimentos.

O Ato de Conhecer
O século XXI se apresenta como a Era do Conhecimento. Nos meios políticos, econômi-
cos, acadêmicos, por toda a parte houve-se dizer que o conhecimento é a moeda corrente e a
informação é matéria prima que constrói o conhecimento.

Mas que informações, que conhecimento?

Conhecimento racional construído pelos setores intelectualizados da sociedade que con-


sidera os fora da Universidade como seres de segunda categoria?
Conhecimento afetivo, perceptivo, construído a partir da subjetividade individual entre-
laçado nas inter-relações pessoais?
Desde cedo, os mestres nos falam da necessidade de aprender a conhecer o mundo e
posteriormente da necessidade de autoconhecimento.
No dia-a-dia, o ato de conhecer se manifesta tão natural que nem nos damos conta da
sua complexidade. Visto que existem múltiplas interpretações a respeito do real, diversos são
os modos de significar o conhecimento. Só o exame nos possibilita compreender o que está

28
ANA PAULA AMORIM
sendo passado de obscuro e de ideológico no meio cultural, e recebido por nós, na maioria das
vezes sem nenhuma crítica.

Então...
O conhecimento é o atributo geral que tem os seres vivos de reagir ativamente ao
mundo circundante, na medida de sua organização biológica e no sentido de sua sobrevi-
vência. O homem, utilizando de suas capacidades, procura conhecer o mundo que o ro-
deia, o conhecimento, a informação, enfim, a prática de vida resulta em conhecimentos.

À primeira vista pode até parecer complicado, mas é só impressão...


Entender o conhecimento é entender a nossa realidade.
Vamos pensar em respostas possíveis para as questões abaixo? Essas reflexões convidam
outras questões? Quais?

Na produção do conhecimento, qual é o ponto de partida?


O sujeito?
O objeto?
A relação entre sujeito e objeto?
E no cotidiano escolar, qual o ponto de partida para produção dos saberes?
De que modo a experiência e o envolvimento se constituem como elementos indispen-
sáveis à produção dos saberes?
Você sabia que a “incerteza” é favorável ao conhecimento e, especialmente, à constru-
ção da nossa práxis enquanto educadores e educadoras?

O Fenômeno
A teoria do conhecimento é, como o seu nome indica, uma teoria, isto é, uma explicação
ou interpretação filosófica do conhecimento humano. Mas, antes de filosofar sobre um objeto,
é necessário examinar escrupulosamente esse objeto.
Uma exata observação e descrição do objeto devem preceder qualquer explicação e in-
terpretação. É necessário, pois, no nosso caso, observar com rigor e descrever com exatidão
aquilo a que chamamos conhecimento, esse peculiar fenômeno de consciência. Fazemo-lo
procurando apreender os traços gerais essenciais deste fenômeno, por meio da autorreflexão
sobre aquilo que vivemos quando falamos do conhecimento.
Este método chama-se fenomenológico e é distinto do psicológico. Enquanto que este
último investiga os processos psíquicos concretos no seu curso regular e a sua conexão com

29
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
outros processos, o primeiro aspira a apreender a essência geral no fenômeno concreto. No
nosso caso, não descreverá um processo de conhecimento determinado, mas sim o que é es-
sencial a todo o conhecimento, em que consiste a sua estrutura geral.
Se empregarmos este método, o fenômeno do conhecimento apresenta-se nos seus as-
pectos fundamentais da seguinte maneira: no conhecimento encontram-se frente a frente a
consciência e o objeto, o sujeito e o objeto. O conhecimento apresenta-se como uma relação
entre estes dois elementos, que nela permeiam eternamente separados um do outro. O dua-
lismo sujeito e objeto pertence à essência do conhecimento.
A relação entre os dois elementos é ao mesmo tempo uma correlação. O sujeito só é su-
jeito para um objeto e o objeto para um sujeito. Ambos só são o que são enquanto o são para o
outro. Mas está correlação não é reversível. Ser sujeito é algo completamente distinto de ser
objeto. A função do sujeito consiste em apreender o objeto, a do objeto em ser apreendido
pelo sujeito.
A Necessidade do Conhecimento
Se buscarmos a palavra francesa connaissance, podemos observar que conhecimento é
nascer (naissance) com (con). Os seres humanos se marcam como diferentes dos outros seres
exatamente pela capacidade de conhecer. Diferentemente dos outros animais, o ser humano é
o único ser que possui razão, capacidade de relacionar, e ir além da realidade imediata.

O conhecimento é uma forma de estar no mundo, e o processo do conhecimento mos-


tra aos homens que eles jamais são alguma coisa pronta na medida em que estão sempre
nascendo de novo, quando têm a coragem de se mostrarem abertos diante da realidade.

A capacidade dos seres humanos pode:

FIGURA 19 – INTERAÇÃO DO SER HUMANO COM O CONHECIMENTO


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Se faço conhecimento, eu estou criativamente no mundo - o fazer conhecimento im-


plica exatamente em estar despojado de certezas absolutas acerca da realidade e estar aberto

30
ANA PAULA AMORIM
não só para reavaliar uma verdade da realidade, como também reavaliar minha própria capa-
cidade no trabalho do conhecer;
Se uso conhecimento, eu estou simplesmente no mundo - quando uso simplesmente,
uso alguma coisa que já está pronta, acabada, definitiva, conforme determinado conhecimento
considerado como suficiente. Esse uso implicada a adequação da realidade ao conhecimento
que já está pronto. E da mesma maneira, aquele que usa não exercita sua capacidade de reno-
vação de visões da realidade, ficando estacionária não a maneira de se relacionar com a reali-
dade, mas também a possibilidade de “nascer”, porque esse uso passa a ser apenas o consumir
o que está pronto. Toda utilidade técnica propõe um consumo de conhecimento;
Se me posiciono diante do conhecimento, eu estou criticamente no mundo - o posici-
onar-se diante do conhecimento implica não só em estar integrado quanto ao resultado do
fazer conhecimento, como também do uso que se faz do conhecimento. Mais ainda, o posici-
onar-se criticamente implica colocar a relação do fazer e do usar de maneira dialética porque
o conhecimento é feito pelos homens; é utilizado pelos homens e, fatalmente, de qualquer
maneira, utilizado em função dos homens.

1.1.3
CONTEÚDO 3.
TIPOS DE CONHECIMENTO
Face à necessidade de se explicitar a complexidade do real onde se dá o conhecimento,
se impõe um estudo.
O conhecimento pode ser categorizado em quatro tipos:

FIGURA 20 – CATEGORIAS DO CONHECIMENTO


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

31
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Apesar desta separação "metodológica" e categórica, no processo de apreensão da reali-
dade do objeto, o sujeito pode penetrar nas diversas categorias. Por sua vez, estas formas de
conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado ao estudo da física,
pode ser praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos
aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.
Conhecimento Popular

FIGURA 21 – CONHECIMENTO POPULAR


FONTE: <http://tirasdemafalda.tumblr.com/>

Também denominado de popular, comum, vulgar, empírico, e às vezes de senso co-


mum, resulta do modo espontâneo e corrente de conhecer. O conhecimento popular ou senso
comum pode ser definido como o conjunto de opiniões tão geralmente aceitas em época de-
terminada que as opiniões contrárias aparecem como aberrações individuais.
Suas características são:
• Superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar
simplesmente estando junto das coisas, expressando-se por frases como "porque o vi",
"porque o senti", "porque o disseram", "porque todo mundo o diz".
• Sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária.
• Subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos,
tanto os que adquire por vivências própria quanto os "por ouvi dizer".
• Assistemático, pois esta "organização" das experiências não visa a uma sistematização
das ideias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las.
• Acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam
não se manifesta sempre de uma forma crítica.
O conhecimento popular, academicamente é tido ainda como, valorativo, por excelên-
cia, pois se fundamenta numa seleção operada com base em estados de ânimo e emoções; é
ainda reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido
a uma formulação geral; é também, assistemático, por basear-se na "organização" particular
das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das ideias, na
procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificul-
ta a transmissão de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer; é verificável, visto que está limi-

32
ANA PAULA AMORIM
tado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia. Final-
mente é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a res-
peito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência
de fenômenos situados além das percepções objetivas.
Conhecimento Filosófico

FIGURA 22 – CONHECIMENTO FILOSÓFICO


FONTE: <http://tirasdemafalda.tumblr.com/>

O primeiro sábio que utilizou a palavra “Filosofia” foi Pitágoras, no século VI a.C. Em
sentido etimológico, Filosofia significa devotamento à sabedoria/ amigo da sabedoria, isto é,
interesse em acertar nos julgamentos sobre a verdade e a falsidade, sobre o bem e sobre o mal.
Para Aristóteles a Filosofia era a ciência de todas as coisas pelas últimas causas, isto é,
pelas causas e razões mais remotas e que, por isso mesmo, ultrapassam as possibilidade, o
campo e o método das ciências particulares, a estas incumbe a investigação das causas próxi-
mas observáveis e controláveis pelos recursos do método científico ou experimental.
Filosofia não se confunde com devaneios sobre fantasias, questiona-se problemas reais,
usa princípios racionais, procede de acordo com as leis formais do pensamento, tem método
próprio, predominantemente dedutivo, nas suas colocações críticas.
Ou filosofia, pode ser definido como o conjunto de estudos ou considerações que carac-
terizam-se pela intenção de ampliar incessantemente a compreensão da realidade, no sentido
de apreendê-la na sua inteireza, quer pela busca da realidade capaz de abranger todas as ou-
tras, o Ser, quer pela definição do instrumento capaz de apreender a realidade, o Pensamento,
tornando-se o homem tema inevitável de consideração.
A Filosofia indaga, traça rumos, assume posições, estrutura correntes que inspiram ou
dominam mentalidades em determinados períodos, mas que, em seguida, perdem vigor diante
de novas concepções, que geralmente hostilizam as anteriores, à maneira das correntes literá-
rias, das artes em geral ou das religiões.
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóte-
ses, que não poderão ser submetidas à observação: "as hipótese filosóficas baseiam-se na expe-
riência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação"; por

33
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses
filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem
refutados.
É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente correlaci-
onados; é sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente
da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade; é infalível e exato, já
que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do ins-
trumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são
submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação).

Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para


questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente
recorrendo às luzes da própria razão humana.

Conhecimento Religioso

FIGURA 23 – CONHECIMENTO RELIGIOSO


FONTE: <http://tirasdemafalda.tumblr.com/>

Também denominado teológico, apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagra-


das (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse moti-
vo, tais verdades são consideradas infalíveis, e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sis-
temático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador
divino; suas evidências não são verificáveis: está sempre implícita uma atitude de fé perante
um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso parte do princípio de que as
"verdades" tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em "revelações" da divindade.
O conhecimento teológico supõe e exige a autoridade divina; nela se fundamenta e só a
ela atende; a ciência ao contrário, não supõe, não exige, não admite autoridade; a ciência só
admite o que foi provado, na exata medida em que se podem comprovar experimentalmente
os fatos. A Teologia não demonstra o dogma; apela para a autoridade divina que o revelou
exige fé; a ciência demonstra os fatos e só se apoia na evidência dos fatos.

34
ANA PAULA AMORIM
Conhecimento Científico

FIGURA 24 – CONHECIMENTO CIENTÍFICO


FONTE: <http://tirasdemafalda.tumblr.com/>

Ciência é o conjunto organizado de conhecimentos sobre um determinado objeto, em


especial obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio. Diver-
samente do que acontece com o conhecimento vulgar, o conhecimento científico não atinge
simplesmente os fenômenos na sua manifestação global, mas os atinge em suas causas, na sua
constituição íntima, caracterizando-se pela capacidade de analisar, de explicar, de desdobrar,
de justificar, de induzir ou aplicar leis, de predizer com segurança eventos futuros.
Conhecer perfeitamente é conhecer pelas causas; saber cientificamente é ser capaz de
demonstrar. O conhecimento científico difere do conhecimento vulgar e vai muito além deste,
porque explica os fenômenos e não só os apreende. O conhecimento científico é crítico, rigo-
roso, objetivo, nasce da dúvida e se consolida na certeza das leis demonstradas.
O conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrência ou fatos, isto é,
com toda "forma de existência que se manifesta de algum modo". Constitui um conhecimento
contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida
através da experiência e não apenas pela razão, como ocorre com o conhecimento filosófico. É
sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de idei-
as (teorias) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabi-
lidade, a tal ponte que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não perten-
cem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser
definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições
e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente, além de ser
racional, por ser constituído por um conjunto de enunciados logicamente correlacionados.
Complementarmente, ainda dizendo respeito à racionalidade humana e às nossas per-
cepções do mundo exterior, já se discute muito acerca do conhecimento intuitivo, inato ao ser
humano, muitas vezes também diretamente associado ao conhecimento popular, pois diz res-
peito à subjetividade humana.

35
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Conhecimento Intuitivo

FIGURA 25 – CONHECIMENTO INTUITIVO


FONTE: <http://tirasdemafalda.tumblr.com/>

O conhecimento consiste numa relação sui generis entre a consciência cognoscente e o


objeto conhecido. Mediante a imagem, a consciência cognoscente se identifica com o objeto.
Cumpre observar que o fenômeno do conhecimento envolve uma multiplicidade de atos, já
que os sentidos apreendem, produzem ou evocam imagens. Tanto mais complexo, o fenôme-
no do conhecimento, quanto mais longo for o caminho indutivo ou dedutivo percorrido para
se chegar a uma conclusão. O raciocínio denomina-se, especialmente, “discursivo”, porque a
mente discorre, corre, flui, move-se, caminhando do antecedente ao consequente.
Entretanto, além da forma discursiva do conhecimento racional, vale apreciar a questão
relativa ao conhecimento intuitivo, isto é, imediato ou sem passagem de antecedente para
consequente, sem comparações. Intuere significa ver; intuição é uma espécie de conhecimento
que, pela sua característica de atingir o objeto sem “meio” ou sem os intermediários das com-
parações, assemelha-se ao fenômeno do conhecimento sensorial, em especial o da visão.
A intuição sensorial existe com toda evidência, pois os sentidos não analisam, não com-
param, não julgam; o conhecimento que se tem da temperatura da água de uma vasilha surge
imediatamente, tão logo se a toque com a mão; o prazer ou a dor que se experimenta é um
dado de experiência interna, apreendido imediatamente. Além da intuição sensorial de expe-
riência interna e externa, existirá uma forma de conhecimento relacional, intelectual, espiritu-
al, também intuitivo?
A evidência lógico-metafísica dos primeiros princípios lógicos, éticos ou estéticos, bem
como as relações transcendentais do ser, são apreendidas imediatamente, sem necessidade de
“meio”, sem discurso, sem movimento. E, quando se fala de intuição como modo de conheci-
mento, entende-se a intuição intelectual, e não a sensorial.
Por outro lado, não seria exato falar-se em intuição racional, pois razão implica não só
no fato geral do conhecimento, mas também no seu modo de conhecer raciocinando, isto é,
discorrendo, correndo, fluindo, movendo-se do antecedente conhecido à procura do conse-
quente supostamente desconhecido ou ainda não explicitado no processo de conhecimento.

36
ANA PAULA AMORIM
Conhecer pelas “razões que a própria razão desconhece” é uma espécie de conhecimento do
“coração” e não da razão, como dizia Pascal.
Deve-se ressaltar que o conhecimento intuitivo não substitui outros modos de conheci-
mento; ele pode ser de suma valia na vida prática e nas convicções pessoais de cada um. Mas,
por ser de ordem dominantemente subjetiva, não pode aspirar à autonomia ou ao valor obje-
tivo do conhecimento científico ou do conhecimento racional discursivo, cujas conclusões,
demonstradas, têm valor geral e objetivo. Ademais, todo conhecimento intuitivo deve subme-
ter-se, posteriormente, ao tribunal da razão discursiva ou da experimentação científica.
O conhecimento intuitivo distingue-se do conhecimento científico e contrapõe-se a ele
por tríplice razão:

FIGURA 26 – DISTINÇÕES ENTRE O CONHECIMENTO INTUITIVO E O CONHECIMENTO CIENTÍFICO


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Mãos à obra!

1- Como você pensa que esse conhecimento é produzido?


2- Qual o papel e importância do ato de pesquisar e de estudar neste processo de aqui-
sição e produção de conhecimento?
3- Você produz conhecimento? Como?

Pois é...
Estas e muitas outras indagações serão discutidas ao longo dos nossos estudos e teremos
o prazer de manter diálogos investigativos em nosso fórum de discussão para, cada vez mais,
conhecermos essas questões.

37
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
1.1.4
CONTEÚDO 4.
ORIGEM, EVOLUÇÃO E APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO NA
UNIVERSIDADE

FIGURA 27 - ORIGEM, EVOLUÇÃO E APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO NA UNIVERSIDADE.


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

A Metodologia Científica é uma disciplina que está intimamente relacionada com o es-
tudo crítico dos fatos. Ela estuda e avalia os métodos disponíveis e suas implicações, além de
avaliar as técnicas de pesquisa. De modo geral, ela é uma reunião de procedimentos utilizados
por uma técnica.
É por meio da Metodologia Científica que ocorre o contato entre o conhecimento e a
análise crítica, possibilitando a ampliação do saber, posicionando-o no plano social, histórico
e político.

A Metodologia Científica não aponta soluções, indica o caminho para encontrá-las.

Visto que essa disciplina permite o questionamento da realidade, ela tem função tam-
bém de oferecer suporte à Pesquisa Científica. Dessa forma, ela pode ser entendida como uma
abstração, observando-se a relação intrínseca entre o conhecer e o intervir.
A sua maior importância está na apresentação e exame de diretrizes para a eficácia do
estudo e da aprendizagem. Ela está sincronicamente relacionada com o principal objetivo da
universidade que é ensinar e divulgar o procedimento científico.

O que é uma universidade?


Do latim universitate, era o conjunto de todas as coisas, de todos os povos; especiali-
zou-se depois, na Idade Média, no sentido atual de instituições superiores reunidas num só
conjunto. (BUENO, 2010)

38
ANA PAULA AMORIM
Metodologia Científica Aplicada às Ciências da Educação
Metodologia Científica não é um simples conteúdo a ser decorado pelos estudantes.
Numa definição em sentido amplo, é o estudo dos métodos de conhecer. Trata-se de fornecer
aos estudantes um instrumental indispensável para que sejam capazes de atingir os objetivos
da Academia, que são o estudo e a pesquisa em qualquer área do conhecimento. Trata-se, en-
tão, de se aprender também fazendo, conforme sugerido por perspectivas contemporâneas da
Educação.
O que se deve fazer, na medida do possível, é seguir rigorosamente as regras definidas
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, para elaboração de trabalhos científi-
cos. Caso alguma regra não esteja sendo cumprida, a responsabilidade é da desatenção do au-
tor.
Quando falamos de um curso superior, estamos nos referindo a uma Academia de Ciên-
cias, já que qualquer Faculdade corresponde ao local próprio da busca incessante do saber
científico. Neste sentido, a Metodologia Científica tem uma importância fundamental na for-
mação do profissional. Se os estudantes procuram a Academia para buscar saber, precisamos
entender que a Metodologia Científica é também compreendida como o “estudo dos cami-
nhos do saber”, se entendermos que “método” quer dizer caminho, “logia” quer dizer estudo e
“ciência” quer dizer saber.

Recordando o tempo de escola...

FIGURA 28 – RECORDANTO O TEMPO DA ESCOLA...


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

39
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Metodologia Científica e Universidade

FIGURA 29 – METODOLOGIA CIENTÍFICA E UNIVERSIDADE


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

A história da ciência é a da conquista gradual, pela ciência experimental, de uma posição


central na cultura e na visão do mundo do homem moderno. A ciência se desenvolveu basi-
camente fora das universidades tradicionais, e só no século XIX a ligação íntima entre ciência
e universidade, que hoje muitos consideram natural, ocorre de forma efetiva.
Os novos parâmetros curriculares serão propostos visando orientar as ações educativas
nas escolas e assegurar a todos "a aquisição do instrumental básico para acesso aos códigos do
mundo contemporâneo (leitura, escrita, expressão oral, cálculo etc.)". Também deverão incen-
tivar um conjunto de conhecimentos de habilidades e valores que contribuam para que os
estudantes se desenvolvam para o exercício da cidadania, o desempenho das atividades cotidi-
anas e a inserção no mercado de trabalho.
A ciência é, essencialmente, o fascínio do conhecimento, a busca incessante para com-
preensão dos fenômenos que nos cercam. É a resposta para nossas indagações diante da vida,
da natureza, dos males que afligem as espécies e assim por diante. A busca das suas verdades,
sempre instáveis e mutáveis. Verdade e certeza absolutas são inatingíveis. Aquilo que temos
são apenas modelos provisórios, que construímos, para entrar um pouco no mundo misterio-
so do desconhecido.
Logo, a ciência é, em sua essência, é um processo social, dinâmico, contínuo, volátil e
cumulativo. Há séculos, influencia a humanidade, rompe fronteiras e convicções, modifica
hábitos, gera leis, provoca acontecimentos, e, mais do que tudo amplia, de forma contínua, as
fronteiras do conhecimento (TARGINO, 2005).
O primeiro objetivo da disciplina de Metodologia Científica é resgatar nos alunos a ca-
pacidade de pensar. Pensar significa passar de um nível espontâneo, primeiro e imediato, a
um nível reflexivo, segundo, mediado. O pensamento pensa o próprio pensamento, para me-
lhor captá-lo, distinguir a verdade do erro. Aprende-se a pensar à medida que se souber fazer
perguntas sobre o que se pensa (LIBÂNIO, 2001).

40
ANA PAULA AMORIM
O conteúdo da disciplina Metodologia Científica pode ser classificado como conceitual e
procedimental, uma vez que não basta memorizar as ações ou as normas da ABNT sem uma
construção de sentidos, pois é preciso compreender sua lógica de funcionalidade, bem como,
realizar as etapas - que comporta o saber fazer.
Para isso, as condições de aprendizagem são: a reflexão sobre a ação que o sujeito está
fazendo e a exercitação constante; é preciso fazer uso deste conhecimento com frequência, e a
descontextualização – saber aplicar em outras situações que se apresenta como necessidade
(ZABALA, 2001).

Atenção! Pois, o desenvolvimento progressivo das competências relacionadas ao ler e


escrever que você precisa dar conta de construir no percurso da graduação, não é objetivo
de apenas uma disciplina ou de um professor, mas deve ser um compromisso de todos e
todas que, como enfatiza Edgar Morin (2001), tem a compreensão que o conhecimento
deve ser transversal, onde a sua participação é crucial para o pleno êxito do processo.

É importante você saber que a disciplina Metodologia Científica deve ajudar os alunos
na experiência de sentirem-se cidadãos, livres e responsáveis, a administrar suas emoções e
exercitar o bom senso e a equidade. De um modo peculiar, “[...] os alunos muito se enrique-
cem quando assimilam bem tudo que foi exposto, estes saem da faculdade cheios de teorias”
(MORIN apud VERGARA, 2005, p. 335).
É importante conhecer a evolução do conhecimento humano pelas diversas formas que
se apresenta no decorrer da História. Por isso, solicitamos que você leia o texto “A Ciência –
Metodologia da Pesquisa”, disponível em: <http://archive.is/Pplev>.
Com relação aos seus métodos, discute-se a prática que transforma a sala de aula em
mero local de transmissão de conhecimento: alguém que detém o saber (professor) transfere
para aquele que não sabe (“aluno”, aliás, na etimologia da palavra, significa “aquele que não
tem luz”). Esta concepção tem conduzido muitos estudantes ao equívoco quanto à universi-
dade, assim como tudo o que faz no seu interior, desde assistir aulas, ao modo como se estuda
e se produz trabalhos de natureza acadêmica.

41
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Aprendendo a Aprender

FIGURA 30 – APRENDER A APRENDER


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

O aprendizado é um fenômeno bastante presente em nossas vidas, concorda?

Algumas vezes aprendemos com prazer e entusiasmo, em outras travamos uma verda-
deira luta com os livros e conteúdos que insistem em deixar a nossa vida sempre mais difícil.
De qualquer forma, o fato é que aprender significa sobreviver, desde a origem da espécie
humana e principalmente agora, na era da informação globalizada.
E provável que vocês já tenham ouvido a expressão que serve de título para o nosso te-
ma. “Aprender a aprender” tornou-se um verdadeiro lema da educação na atualidade, na qual
se entende que a preparação para a vida e o trabalho depende muito mais do desenvolvimento
de habilidades relevantes que dos conteúdos a que se tem acesso na vida escolar.
Quando assimilarmos, no cotidiano da vida, não apenas as regras metodológicas da
ABNT e suas infinitas exceções e peculiaridades, mas avançarmos, transformando as mesmas
regras frias e intelectuais em hábitos que integralizam a pessoa, então estaremos, também,
aprendendo a ser. Entrar nesse processo significa superarmos a tentação de medir tudo em
termos de eficiência e de interesses e substituirmos esses critérios quantitativos por intensida-
de da comunicação, pela difusão dos conhecimentos e das culturas, pelo serviço recíproco e a
boa harmonia para levar adiante uma tarefa comum (LIBÂNIO, 2002, p. 85).
Um dos grandes méritos da Metodologia Científica é a reflexão sobre a inconstância do
conhecimento, pois permite a compreensão da necessidade de o ser humano produzir pergun-
tas e respostas relacionadas às dúvidas e questionamentos postos, objetivando a interpretação
e a explicação da realidade, das coisas e dos fenômenos.
Neste sentido, o conhecimento que hoje nós validamos, amanhã podemos refutá-lo,
constitui-se num aspecto fantástico que se traduz na própria inconclusão do ser, na ideia do
provisório. Isso nos remete ao campo da produção das explicações e das verdades. É comum
os alunos e alunas terem um conceito de verdade absoluto, uma única referência. No processo

42
ANA PAULA AMORIM
de leituras e debates a desconstrução destas ideias, é algo que se torna inevitável (NEVES,
2006).
Todos os seres humanos são “naturalmente” expert em pesquisa, pois se tem esse pro-
cesso como algo que faz parte na construção social de cada indivíduo, para cada mínimo pro-
blema do cotidiano humano, sustenta-se no conhecimento do senso comum, elabora-se um
projeto de vida.

Aprendizado e Metacognição

Como podemos, então, construir conhecimento a partir das informações a que temos
acesso? Essa construção do conhecimento, ou aprendizado, depende de vários fatores relativos
ao ambiente da aprendizagem e aos próprios aprendizes. Segundo revisão da literatura acerca
dos padrões de aprendizado dos estudantes, Vermunt e Vermetten (2004), os fatores relativos
aos estudantes que influenciam em seu aprendizado são de ordem cognitiva, metacognitiva e
afetiva/motivacional.
Os fatores de ordem cognitiva correspondem às ações mentais envolvidas no processa-
mento do conteúdo, levando diretamente a resultados em termos de conhecimento, compre-
ensão, habilidades, entre outras. Os fatores afetivos e motivacionais constituem a maneira
com que os estudantes se relacionam com as emoções que emergem durante o aprendizado,
que produz estados que podem influenciar o andamento da aprendizagem de forma positiva,
neutra ou negativa. Por fim, os fatores metacognitivos dirigem os fatores cognitivos e afeti-
vos/motivacionais, levando indiretamente aos resultados da aprendizagem. É sobre estes últi-
mos que trataremos aqui; nas demais seções desse tema, discutiremos aspectos relacionados
aos fatores cognitivos e afetivos/motivacionais.

O que é a metacognição e como ela influencia no aprendizado?

Vamos primeiro examinar o próprio termo “metacognição”. Ele é formado por duas pa-
lavras: meta + cognição. A palavra “meta” corresponde a um prefixo grego, significando “mu-
dança, posteridade, além, transcendência” (FERREIRA, 1975, p. 922). Cognição, segundo o
mesmo dicionário, corresponde à “aquisição de um conhecimento” (FERREIRA, 1975, p.
343), ou segundo Ribeiro (2003, p. 110), “representação dos objetos e fatos” da realidade. As-
sim, o termo “metacognição” pode ser entendido como uma visão mais ampla do conheci-
mento.
De acordo com Ribeiro (2003, p. 110):

43
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Assim, como objeto de investigação e no domínio educacional encontramos
duas formas essenciais de entendimento da metacognição: conhecimento so-
bre o conhecimento (tomada de consciência dos processos e das competên-
cias necessárias para a realização da tarefa) e controle ou autorregulação (ca-
pacidade para avaliar a execução da tarefa e fazer correções quando
necessário - controle da atividade cognitiva, da responsabilidade dos proces-
sos executivos centrais que avaliam e orientam as operações cognitivas).

As discussões acadêmicas sobre a metacognição ganharam proeminência a partir da dé-


cada de 1970, e em pouco tempo a literatura estava repleta de termos derivados da definição
original (VEENMAN; HOUT-VOUTERS; AFFLERBACH, 2006). O interesse na área surgiu
depois que vários estudos demonstraram que estudantes bem-sucedidos em geral empregam
estratégias tanto para “adquirir, organizar e utilizar seu conhecimento, como na regulação de
seu processo cognitivo” (RIBEIRO, 2003, p. 109).
Em suma: estudantes bem-sucedidos parecem monitorar conscientemente seu processo
de aprendizado.

O Estudante no Ensino a Distância (ou até mesmo semipresencial)

A educação a distância tem sido vista como uma grande promessa por seu potencial pa-
ra democratizar o acesso à educação. Trata-se de uma modalidade em expansão em todo o
mundo, cada vez mais integrada às novas tecnologias de comunicação, e estendendo-se além
do tradicional público adulto para alcançar jovens e mesmo crianças (SHERRY, 1995).
A principal característica da educação a distância você já conhece até pela sua denomi-
nação: a separação física e temporal entre professores e aprendizes. Embora seja alvo de mui-
tas críticas, diversos trabalhos apontam que seus resultados são pelo menos equivalentes aos
alcançados pelo ensino tradicional.

Uma outra marca inconfundível da educação semipresencial ou até mesmo a distância


é a centralização da aprendizagem em torno do estudante.

Isso significa que o processo de ensino-aprendizagem é, na maioria das vezes, dirigido e


controlado pelo estudante, e que os professores assumem de fato seu papel como facilitadores.
No ensino tradicional, centrado em aulas expositivas, normalmente é o professor quem assu-
me o papel central, pois ele é quem detém o conteúdo e suas formas de transmissão, restando
ao estudante o papel de receptor passivo das informações veiculadas.
No ensino a distância opera-se uma mudança no papel de estudantes e professores, que
pode ser de difícil assimilação no primeiro momento. No entanto, segundo Briggs (2005), o
esclarecimento dos papéis de estudantes e professores é fundamental para o desenvolvimento

44
ANA PAULA AMORIM
das competências necessárias ao desempenho de cada um destes papéis. Para isso, podemos
refletir um pouco acerca do que significa ser um estudante do ensino a distância.
O perfil geral desse estudante é o de um adulto, que necessita de flexibilidade para supe-
rar dificuldades relativas a horários, distância de centros de ensino, e financiamento dos cur-
sos (SHERRY, 2005). Desse público normalmente heterogêneo, no entanto, espera-se o mes-
mo comportamento (RAILTON; WATSON, 2005): a atuação como aprendizes autônomos
desde o ingresso no curso superior.
De acordo com Railton e Watson (2005), ser um estudante autônomo exige que você
domine as habilidades necessárias para gerir, com eficiência, uma grande porção de tempo de
estudo independente, com pouca ou nenhuma orientação expressa. Tais habilidades incluem,
principalmente (KERR; RYNEARSON; KERR, 2006):

1
2
3
FIGURA 31 – HABILIDADES DO ESTUDANTE AUTÔNOMO
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA. ADAPTADO DE KERR; RYNEARSON; KERR, 2006

Método e Estratégia de Estudo e Aprendizagem

Estudar exige empenho responsável e dedicação generosa. Consequentemente, pressu-


põe sacrifícios e escolhas conscientes. Quem de fato quer estudar deve estabelecer uma hierar-
quia de valores em sua vida.

45
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Agir metodologicamente é condição básica de qualquer pesquisa científica, por mais
elementar que seja. Trata-se efetivamente de um conjunto de processos que o espírito humano
deve empregar na investigação e demonstração da verdade. Não devemos considerar o méto-
do como o essencial, mas lembrar que ele é um instrumento intelectual, um meio de acesso,
enquanto a inteligência, junto com a reflexão, descobre o que os fatos realmente são.
Um estudo é eficaz quando se torna significativo, isto é, quando os novos conhecimen-
tos e informações são assimilados pessoalmente e confrontados e integrados no complexo de
conhecimentos já existentes, podendo ser reutilizados em outras situações. Assim, o estudo
contribui para a formação integral da pessoa e de sua maturação.

Fundamentos do Método do Estudo


Entre duas pessoas que tenham o mesmo grau de escolaridade, processos cognitivos se-
melhantes e graus de motivação semelhantes, certamente aquele que fizer uso de um método
de estudar compatível terá melhor rendimento. A eficiência do estudo depende de método,
mas o método depende de quem o aplica, da maneira como o faz, adequando-o às suas neces-
sidades e convicções.
Podemos citar como pontos essenciais para eficiência nos estudos o que se segue:

FIGURA 32 – FUNDAMENTOS DE MÉTODO DE ESTUDO


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA.

Fatores Condicionantes do Estudo

O ofício de estudar requer algumas qualidades específicas que podemos sintetizar na se-
guinte trilogia: constância, paciência e perseverança. A constância vence as impressões de fal-
so cansaço que frequentemente se apoderam do espírito e do corpo. A persistência, no entan-
to, faz as articulações se desenferrujarem, os músculos se revigorarem, a respiração se dilatar,
de repente, um novo ânimo empurra para frente, coisa semelhante pode acontecer com os
estudos, em vez de ceder diante dos primeiros sintomas de fadiga, o estudante deve romper

46
ANA PAULA AMORIM
para frente, forçar a saída da energia interior. E a paciência para aguardar com amor o natural
resultado dos esforços desenvolvidos.
É regra de ouro não empreender nada além da capacidade pessoal. Cada um tem seu
ritmo próprio e suas limitações. O presunçoso é aquele que se julga superior ao que realmente
é e pode ser, contenta-se com aparências e facilmente é vítima de auto-ilusão.
Conhecer os reais limites pessoais é fator de honestidade para consigo mesmo e para
com os outros. Quando o trabalho é fruto do próprio esforço, então é que tem valor, mesmo
não atingindo inteiramente a qualidade acadêmica exigida. Deve-se desistir da tentação de
sempre querer comparar-se com os outros. O que eu mesmo sou capaz de produzir, dentro
das minhas condições pessoais, é o que contribui efetivamente para minha realização humana.
Portanto, as condições físicas e as do seu ambiente de estudo devem ser favoráveis, pos-
sibilitando o trabalho atento e tranquilo.

Ambiente
Procura-se, se possível, um lugar sossegado. O quarto de estudo deve ser bem arejado e
iluminado. Na escrivaninha do estudante devem ser afastados todos os objetos que podem
distrair. O que não pode faltar é um bom dicionário, papel ou fichas, lápis, borracha e caneta.
Intercâmbio
É de grande utilidade reunir-se de tempos em tempos com colegas estudantes para tro-
car experiências de estudo, confrontar resultados, preparar um exame ou um debate em aula.
Esse tipo de intercâmbio abre novos horizontes, estimula o esforço e esclarece dúvidas.
Saúde
Às vezes trata-se de casos relativamente simples de serem resolvidos. Assim, por exem-
plo, sonolência constante em períodos de estudos pode ter como motivação a inadequação do
horário de estudo ou tipo de alimentação efetuada antes do estudo.
Motivação
Um fator absolutamente central no estudo é a motivação, ou seja, uma disposição inte-
rior que nos impulsiona a adotar e manter um estilo de vida e um comportamento que expres-
sam e concretizam valores tidos como importantes. Sem objetivos concretos, que devem ser
constantemente lembrados, corremos o risco de desanimar diante das primeiras dificuldades
que se apresentam, enquanto a experiência de fracasso provoca uma profunda frustração psi-
cológica. Ao contrário, uma forte motivação garante um estudo perseverante e bem-sucedido.
Autodisciplina
No campo da formação intelectual nada se faz sem autodisciplina. A concentração –
elemento primordial nos estudos – depende em boa parte dela, pelo fato de exigir força de

47
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
vontade e tenacidade na ação. Sem esta disposição firme e empenho decidido não adianta ab-
solutamente nada oferecer subsídios metodológicos, acompanhamento pessoal nos estudos ou
técnicas sofisticadas de aprendizagem.

FIGURA 33 – REFLEXÃO
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Agora pare um pouco e reflita!


Essa é a sua oportunidade de parar para pensar sobre você mesmo.
Como vai a sua vida de estudante? Quais são os seus hábitos de estudo? Em que tare-
fas você se sai muito bem, e quais são aquelas em que tem mais dificuldade?
A disciplina de Metodologia é o ponto inicial de sua jornada na graduação. Por isso, vale
a pena fazer uma “revisão de viagem”, para verificar como andam seus “equipamentos” de
aprendizado. E claro que a partir de agora, essa terá de ser uma atividade rotineira, sobretudo
no ensino a distância.
Então...
Após estudar concepções de ciência, tipos de conhecimento, dentre outras temáticas
abordadas no Bloco 1, correlacione todo conteúdo estudado aos saberes e expectativas que
você vem construindo ao longo de sua trajetória humano-estudantil, e elabore reflexões sobre
os significados das expressões a seguir:
1. Desenvolvimento humano e educação.
2. Existe um limite para o conhecimento científico? Se existe, qual seria? Por quê?
3. Qual a relação entre os atos educativos e tais questões?
Visite nosso fórum!

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ANA PAULA AMORIM
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Questões do ENADE
QUESTÃO 01
A racionalidade científica, forma dominante de pensar e de agir na Modernidade, trans-
formou o homem e sua ação em objetos de investigação. Passaram a ser tratados da mesma
forma que as “coisas” e os fenômenos da natureza, como “objetos” fixos, imutáveis.
O historicismo veio a se opor a essa perspectiva positivista, chamando a atenção para a
dimensão histórica da existência, do mundo e da sociedade. As vertentes da pesquisa em edu-
cação que acompanharam essa discussão incorporaram ideias do historicismo e trouxeram
para a prática da investigação o pressuposto de que:
a) A pesquisa educacional supõe a existência de métodos previamente definidos.
b) A objetividade e a universalidade do conhecimento são garantidas pelos métodos
de pesquisa.
c) A metodologia da pesquisa determina a produção dos conhecimentos histórico-
educacionais.
d) O conhecimento da realidade só é possível por meio do controle do fenômeno
educacional.
e) O conhecimento educacional depende da compreensão dos processos sócio his-
tóricos.

QUESTÃO 02
A pesquisa científica pode ser definida como um conjunto de procedimentos sistemáti-
cos, fundamentado no raciocínio lógico e com a utilização de métodos científicos, tendo por
objetivo encontrar soluções para problemas propostos. Assim sendo, indique se as afirmações
são verdadeiras (V) ou falsas com (F):
( ) A pesquisa Bibliográfica é realizada a partir de fontes de “primeira mão”; utiliza
materiais em “estado bruto”, ou melhor, fontes primárias, por exemplo: ofícios, cartas, folhe-
tos, atas, relatórios, fotografias, testamentos, manuscritos, registros de nascimentos, gravações,
leis, diários, registros de automóveis.
( ) A pesquisa de Campo, quando é realizada a partir de informações obtidas “em
campo”, onde os fenômenos ocorrem em situação natural.
( ) A pesquisa Exploratória é um tipo de pesquisa mais complexa, pois procura o co-
nhecimento mais profundo sobre o fenômeno estudado, e seus resultados fundamentam o
conhecimento científico. O principal objetivo é identificar os fatores que determinam ou que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos, procurando explicar a razão, o porquê das coi-
sas, as causas.

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
( ) A pesquisa Qualitativa, quando não emprega ou não tem como objetivo principal
abordar o problema, a partir de procedimentos estatísticos. É utilizada para investigar um
determinado problema, em que os procedimentos estatísticos não podem alcançar ou não ser
bem representativo, devido à complexidade do problema como: aspectos psicológicos, opini-
ões, comportamentos, atitudes dos indivíduos ou grupo.
( ) A Pesquisa-Ação, quando concebida e realizada em estreita associação com a reso-
lução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situação
ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo; supõe uma forma de
ação planejada, de caráter social, educacional etc.

Marque o item com a sequência CORRETA:


a) V – V – V – V – F.
b) F – V – V – V – F.
c) F – V – F – V – F.
d) V – F – V – F – V.
e) F – V – F – V – V.

QUESTÃO 03
Há uma discussão do “ser” professor que envolve a diferenciação entre a pedagogia do
professor e a pedagogia do mestre. A função do professor é ensinar a todos a mesma coisa e a
do mestre, anunciar, a cada um, uma verdade particular, uma resposta singular e uma realiza-
ção. Nesse sentido, o mestre é o condutor do discípulo até si mesmo, um agente de seu proces-
so de individuação. O discípulo confia no mestre para que o instrua e o conduza enquanto ele
não for capaz de se conduzir sozinho, entendendo que a condição de discípulo é provisória.
Assim, a experiência do mestre, adquirida através da prática e da sagacidade, é, na verdade, a
capacidade de discernimento dos espíritos que, ao pressentir as possibilidades de cada um,
propõe-lhes fins ao seu alcance, assim como os meios de alcançá-los, através da utilização das
suas capacidades.
As ideias do texto afirmam:
I. A confiança do discípulo na figura do mestre;
II. A busca de padrões nos processos de individuação;
III. O entendimento das limitações e possibilidades de mestres e discípulos;
IV. A percepção do mestre como condutor às verdades.
De acordo com o texto, é(são) correta(s) APENAS a(s) ideia(s):
a) II.
b) IV.
c) I e II.

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ANA PAULA AMORIM
d) I e III.
e) I, II e III.

QUESTÃO 04

FIGURA 34 – TIRINHA: O MENINO MALUQUINHO


FONTE: <https://estudandopsicologia.wordpress.com/category/humor/>

A tirinha de Ziraldo apresenta-nos uma situação corriqueira. De um modo geral, tem-se a


concepção de que as crianças aprenderão os conhecimentos em um único dia e de uma única
forma. Essa concepção perde o sentido quando se pensa, por exemplo, nos ciclos básicos de alfa-
betização, pois os mesmos pressupõem que a alfabetização é:
a) Marcada por estágios.
b) Linearmente construída.
c) Construída em processo.
d) Elaborada sem interrupções.
e) Aprendida por etapas sucessivas.

QUESTÃO 05

O pensamento pedagógico de Paulo Freire parte de alguns princípios que marcam, de


forma clara e objetiva, o seu modo de entender o ato educativo.
Considerando as características do pensamento do autor, analise as afirmações a seguir:
I. Ensinar é um ato que envolve a reflexão sobre a própria prática.
II. Modificar a cultura originária é parte do processo educativo.
III. Superar a consciência ingênua é tarefa da ação educativa.
IV. Educar é um ato que acontece em todos os espaços da vida.
V. Educar é transmitir o conhecimento erudito e universalmente reconhecido.
Estão de acordo com o pensamento de Paulo Freire APENAS as afirmações:
a) I e II.
b) II e V.
c) I, III e IV.
d) I, IV e V.

51
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
e) I, II, III e IV.

CONSTRUINDO CONHECIMENTO
Sugerimos que você utilize as técnicas apresentadas neste Bloco para uma leitura reflexiva do
texto O professor, seu saber e sua pesquisa, de autoria da Profª Menga Lüdke. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302001000100006
&lng=en&nrm= iso>. Acesso em: 07 dez. 2015.

52
ANA PAULA AMORIM
1.2
TEMA 2.
APRENDIZAGEM E PESQUISA

Neste tema estudaremos o processo de aprendizagem, no que tange as atividades estu-


dantis. Você terá oportunidade de perceber que o seu êxito nos estudos, depende, dentre ou-
tros elementos, da capacidade de leitura e assimilação reflexiva dos conteúdos trabalhados.
As leituras necessárias e justificáveis podem ser realizadas de modo proveitoso e com
menor grau de esforço quando efetuadas com base em algumas técnicas. O que é uma leitura
proveitosa, que técnicas podemos fazer uso, que cuidados devemos ter para maior proveito
será agora objeto do nosso estudo.
Você verá que a leitura não é simplesmente o ato de ler. É uma questão de hábito ou
aprendizagem, que pressupõe: uma teoria que fundamente o método; uma estratégia a ser
empregada; um conjunto de técnicas; e treinamento. Não há, portanto, soluções miraculosas,
é preciso que o interessado conheça os métodos, verifique a sua real contribuição e através do
treinamento poderá adquirir hábitos para leitura tecnicamente mais adequados.
Continuemos nessa caminhada com determinação e disposição constante para a apren-
dizagem!

1.2.1
CONTEÚDO 1.
MÉTODO E ESTRATÉGIA DE ESTUDO E APRENDIZAGEM
O estudo é uma atividade importante. Aprendendo a estudar melhora-se o desempenho
na vida escolar, nas avaliações e na vida profissional. O ato de estudar, em última análise, é ir
em busca da verdade. Trata-se de um processo dinâmico de “saber, buscar, saber de novo e
recomeçar para buscar ainda mais”.
A meta é chegar a aprender, a ver com os próprios olhos e não ouvir dizer; a expressar-
se com as próprias palavras e a pensar com a própria cabeça. Forma-se um espírito crítico, que
sabe ponderar as coisas e avaliá-las em seu verdadeiro sentido.
O estudo orienta-se para a pesquisa, ou seja, uma atividade voltada para a solução de
“problemas” através do emprego de processos científicos e procedimentos metodológicos.
Para um bom estudo não são requeridos dotes extraordinários, basta força de vontade, o que-
rer.

53
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
As normas e as técnicas seguintes constituem, no seu conjunto, uma orientação segura
sobre como estudar melhor, tirando proveito da metodologia científica na execução dessa
atividade.
Portanto, é muito útil conhecê-las... e usá-las.

Planejamento e Organização

Não se pode esperar ter êxito nos estudos sem planejamento e organização. O planeja-
mento diz respeito ao tempo disponível, enquanto a organização se refere à utilização eficiente
deste tempo em termos de estudo. Estudo exige, por sua própria natureza, autodisciplina e
disponibilidade.
Devemos garantir o espaço de tempo necessário para a atividade intelectual através de
um horário elaborado a partir da situação pessoal.

Período de Estudo
Para que haja bom proveito do tempo reservado ao estudo, este deve ser dividido em
“períodos” cuja duração corresponde a uma aula (50 minutos normalmente). Entre os “perío-
dos” deve haver uma pausa de 5 a 10 minutos. Esta interrupção ajuda a quebrar a monotonia,
a espantar o sono e a “refrescar a cabeça”, além de proporcionar uma adequada repartição dos
assuntos a serem abordados. Evita-se assim que matérias menos interessantes ou trabalhos
mais distantes no tempo sejam simplesmente adiados.

Controle do Tempo

Quando se deve estudar? E por quanto tempo? Como deve ser distribuído o tempo dis-
ponível? É importante dar respostas corretas a estas perguntas.
• Utilize bem o tempo de que você dispõe. Inicie o seu estudo agressivamente e não
perca tempo com sonhos ou passatempos na hora de estudar;
• Estude para saber. Procure aprender o assunto até o seu completo domínio;
• Determine com antecedência o tempo disponível para o seu estudo. Distribua-o em
períodos de 50 minutos, pelo menos. Separe dois períodos consecutivos por um in-
tervalo de 10 minutos em que você deve levantar-se e distrair-se. Procure estabelecer
o seu ritmo próprio de trabalho, de acordo com as suas condições pessoais;
• Determine o número de períodos de estudos necessário. Estabeleça o número de pe-
ríodos de estudos de acordo com o tempo disponível naquele dia e suas necessidades
reais de estudar para saber bem;

54
ANA PAULA AMORIM
• Faça a distribuição dos períodos de estudo. Distribua-os pelas disciplinas, de acordo
com a impressão geral que você tenha da sua necessidade de estudar cada uma delas
(grau de dificuldade, grau de exigência do professor, sua maior ou menor facilidade
para a disciplina, etc.);
• Não espere sentir vontade para começar a estudar na hora marcada;
• Só termine de estudar quando esgotar o tempo estabelecido, mesmo que aparente-
mente tenha aprendido tudo;
• Estude primeiramente as matérias mais difíceis;
• Não estudar em sequência as matérias com raciocínios semelhantes, estudando al-
ternadamente matérias onde haja mais e menos dificuldades;
• Habitue-se a estudar em horário certo;
• Não se esqueça de que é importante aprender a cumprir prazos. Isso é exigido de
qualquer profissional.

A Concentração

A concentração é indispensável para que se possa estudar com proveito. O importante é


a concentração mental. Mas uma inquietude exterior revela falta de concentração. No entanto,
pode-se estar exteriormente quieto sem se estar concentrado. O pensamento pode estar longe.
O estudante não deve permitir que isto lhe aconteça na hora de estudo. Para tanto deve pro-
ceder como se segue:
• Decida a concentrar-se;
• Assuma a atitude física e atitude mental de quem presta a atenção;
• Comece a trabalhar imediatamente e com agressividade;
• Acostume-se a não se distrair com solicitações exterior;
• Não deixe o seu pensamento "voar";
• Se a sua tarefa lhe parecer extensa ou complicada, divida-a em tarefas parciais e vá
executando-as uma a uma;
• Estude com a intenção de aprender o assunto e reter os seus dados essenciais;
• Não permita que a aplicação intensa se transforme em confusão ou ansiedade.

Regras Gerais de Estudo

As regras que se seguem completam o quanto foi dito e ajudam a melhorar o rendimen-
to do estudo. Conheça-as e use-as com bom senso.
• Estude individualmente, salvo se tiver a certeza de que estudando com outros você
aumenta a própria eficácia (discutindo pontos de dúvidas, por exemplo);
• Tenha ideia clara dos resultados que você deseja alcançar e afaste do seu pensamen-
to tudo o que seja alheio ao seu estudo;
• Aprenda os conceitos, princípios e regras gerais antes de tentar aplicá-los;
• Destaque os aspectos importantes de sua tarefa, seja ela qual for, e considere-os de
acordo com essa importância;

55
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
• Faça constantes revisões, aproveitando tais oportunidades para eliminar os seus
pontos fracos;
• Procure resolver as suas dificuldades sozinho, mas não deixe de pedir auxílio se per-
ceber que ele é mesmo necessário;
• Distribua bem os seus esforços durante o estudo, ou seja, estude por etapas a maté-
ria muito vasta, importante ou difícil. Distribua as etapas por mais de um período de
estudo;
• Aprenda a matéria estudada de modo a poder reduzi-la a uma unidade;
• Aplique o aprendido, usando sempre que lhe seja possível.

Se você adotar as técnicas aqui expostas, em pouco tempo terá aprendido a aprender.
Seu estudo renderá mais, terá maior eficácia. Mas as regras apresentadas não devem escravizá-
lo. Você deverá dominá-las e aplicá-las como um senhor, usando-as em seu proveito.
Não se esqueça de que os bons resultados do seu estudo dependem de sua capacidade de
concentrar-se. A concentração é um dos grandes segredos da superioridade intelectual. Con-
centrado, você estará desperto, ativo e consciente pronto para compreender, aprender e pen-
sar. Aí está a chave do sucesso: use-a!

Provas e Exames

A preparação para provas e exames não devem ser feitas através de "viradas" de última
hora, varando madrugadas em esforço febril, mas, antes, através de um estudo consciente e
continuado, distribuído racionalmente pelo tempo disponível.
Observe, portanto as seguintes normas de ação:
• Prepare-se tranquila e conscientemente para o exame, prova ou concurso;
• Cultive o desejo de ir bem, o pensamento positivo;
• Obtenha a informação antecipada sobre o tipo de prova a ser aplicada (se objetiva
ou subjetiva);
• Substitua a preocupação e o medo pela autoconfiança;
• Seja persistente. Estude com técnica, com interesse e com paciência. O bom resulta-
do final é uma consequência natural de sua boa preparação: estude como lhe foi en-
sinado aqui, adaptando os ensinamentos às suas condições pessoais. Trabalhe com
persistência, mas, também, com calma. Não se afobe.
• Faça a sua revisão tecnicamente;
• Encare a prova com calma, otimismo, coragem e fé. Nada de ansiedade, ela provoca
tensão e diminui suas possibilidades de sucesso. Nada de negligência, desânimo e de-
satenção. Concentre-se, esteja atento a tudo e seja bem cuidadoso na resolução das
questões propostas pelos examinadores. Ouça atentamente qualquer instrução dada
pelo professor e leia todas as instruções constantes, antes de escrever qualquer res-
posta. Tente compreender o significado das questões para dar respostas coerentes;

56
ANA PAULA AMORIM
• Antes da prova, se houver tempo, ajude os colegas. À melhor maneira de aprender
uma matéria é ensiná-la aos outros;
• Na hora “h”, sente-se com a coluna ereta, respire fundo e relaxe completamente;
• Se estiver nervoso, aceite com naturalidade. Este estímulo aguça nossa atenção;
• Não use recursos proibidos na prova. A própria tensão gerada pelo ato de “colar”
ode provocar esquecimentos e mesmo denunciá-lo, além de pouco ético, não resolve
a questão do aprendizado;
• Leia a prova como um todo. Avalie as questões, veja as que você conhece bem, as
que você conhece regularmente e as que parecem ser difíceis. Não se afobe em hipó-
tese alguma, mesmo que o número de questões julgadas "difíceis" seja grande. No
momento de resolvê-las, a dificuldade desaparece. Inicie a resolução pelas questões
do primeiro grupo (mais fáceis); passe depois para as do segundo grupo (dificuldade
média) e só então resolva as do terceiro grupo (difíceis).
• Trabalhe sem perder tempo, mas sem pressa. Diz a sabedoria popular que a pressa é
inimiga da perfeição. Trabalhe atentamente e seja preciso nas suas respostas. Você
verá ao final que as questões "difíceis" eram mais simples do que aparentavam.
• Não responda as questões objetivas ao acaso. Raciocine e reflita sobre a resposta cer-
ta. Conte com os seus conhecimentos e capacidade de raciocinar. Se a "sorte" valesse,
você ganharia na Loteria Esportiva toda semana. Então trate de refletir, responder
com firmeza e assegurar o bom resultado ao qual você precisa.
• Se houver questões longa e discursivas - redação, dissertação, resolução de proble-
mas ou provas de uma propriedade matemática - faça antes um plano no rascunho,
aprimore-o e só então as elabore em definitivo.
• Faça um bom esquema. Critique-o e o aperfeiçoe. Depois disso desenvolva o seu
trabalho. Pense bem para escrever bem. Cuidado com a ortografia. Cuidado com os
cálculos e/ou as transformações matemáticas. Cuidado com a apresentação do seu
trabalho.
• Aproveite bem todo o tempo que lhe foi concedido. Mesmo que a prova tenha sido
fácil e esteja concluída, não a entregue antes de o tempo esgotar-se. Aproveite os
momentos que lhe restaram e releia todo o seu trabalho. Quem sabe há um "cochilo"
a corrigir? Ou algo a melhorar?

Aperfeiçoe o seu trabalho, entregue-o quando o tempo concedido estiver esgotado e te-
nha a certeza de ter feito o melhor para conseguir um resultado favorável.

57
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
1.2.2
CONTEÚDO 2.
LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS
É preciso ler, e principalmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não sa-
berá tomar apontamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler bem é o ponto fundamental
para os que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e aberturas das aulas.
A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo cada vez
mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disci-
plinando a mente e alargando a consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes sob
os quais o mesmo problema pode ser considerado.

Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê memoriza elementos de um todo
que não se atingiu.

Analisar significa estudar, decompor, dissecar, dividir, interpretar. A análise de um texto


refere-se ao processo de conhecimento de determinada realidade e implica o exame sistemáti-
co dos elementos; portanto, é decompor um todo em suas partes, a fim de poder efetuar um
estudo mais completo, encontrando o elemento-chave do autor, determinar as relações que
prevalecem nas partes constitutivas, compreendendo a maneira pela qual estão organizadas, e
estruturadas as ideias de maneira hierárquica.
Apesar de todo o avanço tecnológico observado na área de comunicações, principal-
mente audiovisuais, nos últimos tempos, ainda é, fundamentalmente, através da leitura que se
realiza o processo de transmissão/aquisição do conhecimento. Daí a importância capital que
se atribui ao ato de ler, enquanto habilidade indispensável. Aprender a ler não é uma tarefa
tão simples, pois exige uma postura crítica, sistemática, uma disciplina intelectual por parte do
leitor, e esses requisitos básicos só podem ser adquiridos através da prática, da experiência.
Os livros, de modo geral, expressam a forma pela qual seus autores veem o mundo. Para
entendê-los é indispensável não só penetrar em seu conteúdo básico, mas também ter sensibi-
lidade e espírito de busca, para identificar, em cada texto lido, os vários níveis de significação e
as várias interpretações das ideias expostas por seus autores.
Os livros ou textos selecionados servem para leituras ou consultas: podem ajudar nos es-
tudos em face dos conhecimentos técnicos e atualizados que contêm, ou oferecer subsídios
para a elaboração de trabalhos científicos, incluindo seminários, trabalhos escolares, mono-
grafias etc.

58
ANA PAULA AMORIM
Modalidades de Leitura
A realidade da leitura é extremamente complexa e variada, visto que o diálogo que se es-
tabelece entre emissor e receptor não se dá sempre da mesma forma. As nossas leituras têm
origens e objetivos bastante diferenciados. Assim, há leituras de pura informação, como noti-
ciários, jornais, revistas; leituras de passatempo, como revistas em quadrinhos, romances etc.;
leituras literárias que são, antes de tudo, uma comunicação íntima entre o texto e o leitor.
No caso específico de leituras acadêmicas, trata-se de uma linguagem científica que se
caracteriza pela clareza, precisão e objetividade. Ela é fundamentalmente informativa e técni-
ca, firma-se em dados concretos, a partir dos quais analisa e sintetiza, argumenta e conclui. A
objetividade e racionalidade da linguagem científica a distingue de outras expressões, igual-
mente válidas e necessárias.
Apesar da necessidade de que a leitura seja sempre proveitosa, existem várias modalida-
des para quem pretende lidar com um texto, assim temos:
• Scanning - procura de certo tópico da obra, utilizando o índice ou sumário, ou a leitu-
ra de algumas linhas, parágrafos, visando encontrar frases ou palavras-chave;
• Skimning - captação da tendência geral, sem entrar em minúcias; valendo-se dos títu-
los, subtítulos e ilustrações, se houver, deve-se também ler parágrafos, tentando encon-
trar a metodologia e a essência do trabalho;
• Do significado - visão ampla do conteúdo, principalmente do que interessa, deixa-se
os aspectos secundários, percorrendo tudo de uma vez, sem voltar;
• De estudo ou informativa - absorção mais completa do conteúdo e de todos os signi-
ficados; devendo-se ler, reler, utilizar o dicionário, marcar ou sublinhar palavras ou
frases-chaves e faz resumos;
• Crítica - estudo e formação de ponto de vista sobre o texto, comparando as declarações
do autor com todo o conhecimento anterior de quem lê; avaliação dos dados e informa-
ções no que se refere à solidez da argumentação, sua credibilidade, sua atualização.
O que é mais presente é a leitura de estudo ou informativa, pois visa à coleta de infor-
mações para determinado propósito, destacando-se três objetivos predominantes:

FIGURA 35 – OBJETIVOS DA LEITURA DE ESTUDO

59
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA.

Fases da Leitura

A leitura informativa engloba várias fases ou etapas, que podem ser assim sintetizadas:
• De reconhecimento ou prévia - leitura rápida, cuja finalidade é procurar um assunto
de interesse ou verificar a existência de determinadas informações. Faz-se olhando o
índice ou sumário, verificando os títulos dos capítulos e suas divisões;

• Exploratória ou pré-leitura - leitura de sondagem, visando localizar as informações,


uma vez que já se tem conhecimento de sua existência. Parte-se do princípio de que
um capítulo ou tópico trata de assunto que nos interessa, mas pode omitir o aspecto
relacionado diretamente com o problema que nos preocupa. Examina-se a página de
rosto, introdução, prefácio, "orelhas", contracapa, bibliografia, notas de rodapé;
• Seletiva - leitura visando seleção informações mais importantes relacionadas com o
problema em questão. A determinação prévia dos distintos propósitos específicos é
importante para esta fase, que se constitui no último passo de localização do material
para exame e no primeiro de uma leitura mais séria e profunda. A seleção consiste na
eliminação do supérfluo e concentração em informações verdadeiramente pertinente
ao problema em foco;
• Reflexiva - mais profundo que as anteriores, refere-se ao reconhecimento e à avaliação
das informações, intenções e propósitos do autor. Procede-se à identificação das fra-
ses-chave para saber o que o autor afirma e por que o faz;
• Crítica - avalia informações do autor. Implica saber escolher e diferenciar as ideias
principais das secundárias, o propósito é obter uma visão sincrética e global do texto,
além de descobrir as intenções do autor. No primeiro momento da fase de crítica deve-
se entender o que o autor quis transmitir e, para tal, a análise e o julgamento das ideias
dele devem ser feitos em função de seus próprios propósitos, e não dos do pesquisador.
É no segundo momento, que devemos, com base na compreensão do quê e do porquê
de suas proposições, retificar ou ratificar nossos próprios argumentos e conclusões;
• Interpretativa - relaciona afirmações do autor com os problemas para os quais, atra-
vés leitura de textos busca-se solução. Se, de um lado, o estudo aprofundado das ideias
principais de uma obra é realizado em função dos propósitos que nortearam seu autor,
de outro, o aproveitamento integral ou parcial de tais proposições está subordinado às
metas de quem estuda ou pesquisa: trata-se de uma associação de ideias, transferências
de situações e comparação de propósitos, mediante os quais seleciona-se apenas o que
é pertinente e útil, o que contribui para resolver os problemas propostos por que efe-
tua a leitura. Assim, é pertinente e útil tudo aquilo que tem a função de provar, retificar

60
ANA PAULA AMORIM
ou negar, definir, delimitar e dividir conceitos, justificar ou desqualificar e auxiliar a in-
terpretação de proposições, questões, métodos, técnicas, resultados ou conclusões;
• Explicitativa - leitura com intuito de verificar fundamentos de verdade enfocados pelo
autor, geralmente necessária para a redação de monografias ou teses.

Motivação para Leitura

A leitura pode ser feita com diferentes finalidades. Em outras palavras, você está lendo
para adquirir conhecimentos suficientes que o levará ao sucesso.
A seleção dos seus textos de leitura deve ser feita a partir daí. As técnicas de leitura que
você deverá usar serão escolhidas também a partir dessa finalidade principal.
Portanto:
• Determine inicialmente a principal finalidade da leitura mantendo as unidades de
pensamento, avaliando o que se lê;
• Escolha os textos (livros, apostilhas, etc.) Tendo em vista a finalidade principal da
leitura;
• Use as técnicas de leitura mais indicadas à finalidade fixada e aos textos a ler;
• Leia com objetivo determinado, preocupe-se com o conhecimento de todas as pala-
vras, utilizando para isso glossários, dicionários especializados da disciplina ou
mesmo dicionário geral;
• Interrompa a leitura, quer periódica quer definitivamente, se perceber que as infor-
mações não são as que esperava ou não são mais importantes;
• Discuta frequentemente o que foi lido com os colegas, professores e outras pessoas.

Condições para uma Leitura Proveitosa

Para um estudo proveitoso de um texto, de um artigo ou de um livro, com boa assimila-


ção de seu conteúdo, alguns passos fazem-se necessários:
• Atenção - aplicação cuidadosa e profunda da mente, buscando o entendimento, a
assimilação dos conteúdos básicos do texto;
• Intenção - interesse ou propósito de conseguir algum proveito por meio da leitu-
ra;
• Reflexão - consideração e ponderação sobre o que se lê, observando todos os ân-
gulos, tentando descobrir novos pontos de vista, novas perspectivas e relações;

61
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
• Espírito crítico - ler com espírito crítico significa fazê-lo com reflexão, não admi-
tindo ideias sem analisar ou ponderar, proposições sem discutir, nem raciocínio
sem examinar;
• Análise - divisão do tema em partes, determinação das relações existentes entre
elas, seguidas do entendimento de toda sua organização;
• Síntese - reconstituição das partes decompostas pela análise, procedendo-se ao
resumo dos aspectos essenciais, deixando de lado tudo o que for secundário e
acessório, sem perder a sequência lógica do pensamento.

Passos para Leitura

Para um estudo proveitos de um artigo ou de um livro, com boa assimilação de seu con-
teúdo, alguns passos fazem-se necessários. Vamos a eles:

Passo 1: Reconhecimento global da fonte:


1. Observar o título da obra e o nome do autor (capa e página de rosto);
2. Leitura das orelhas (extremidade da capa do livro dobrada para dentro), se hou-
ver, ou da capa de trás. Nelas normalmente apresentam-se elementos básicos so-
bre o texto e seu autor;
3. Tomar conhecimento do sumário (no caso de um livro). Ele fornece ao leitor a
estruturação global da fonte, com seus capítulos e subdivisões;
4. Ler a introdução do livro, onde o autor coloca as grandes linhas da temática
abordada e faz referência ao método usado;
5. Folhear o texto para ter noções gerais sobre o livro ou artigo (divisões, ilustra-
ções, notas, etc.);
6. Anotar perguntas que surgem espontaneamente neste primeiro passo: elas des-
pertam a curiosidade e o interesse, sendo um elemento importante no início do
processo de aprendizagem;
7. Data da publicação - fornece elementos para certificar-se de sua atualização e
aceitação (número de edições), exceção feita para textos clássicos, onde não é a
atualidade que importa;
8. Bibliografia - tanto final como as citações de rodapé, permite obter uma ideia
das obras consultadas e suas características gerais

62
ANA PAULA AMORIM
Passo 2: detectar ideias-chave do texto

É a operação essencial de todo o estudo, absolutamente indispensável para uma verda-


deira compreensão e assimilação do conteúdo.
1. Fazer uma primeira leitura (“leitura dinâmica”) com o objetivo de ter uma ideia pano-
râmica do texto;
2. Numa segunda leitura – mais concentrada e profunda – será assinalada a lápis na mar-
gem (evitar sublinhar ou grifar as linhas), com traço vertical, a ideia central da respec-
tiva “unidade de pensamento”, que via de regra coincide com o parágrafo.

Devem ser destacadas algumas observações:


a) Muitas vezes a ideia-chave é anunciada pelo autor no início do parágrafo, sendo o res-
tante do texto desta unidade de pensamento um desenvolvimento do já enunciado;
b) Mas é também bastante comum que o autor conclua o parágrafo com a ideia-chave.
Todo o texto da unidade de pensamento é uma preparação para a síntese apresentada
ao final do texto;
c) Não há rigor nessas indicações. Pode acontecer que a ideia-chave se encontre no meio
do parágrafo. Também não é necessariamente um vocábulo, podendo ser compreen-
dida numa frase ou conjunto de palavras;
d) Há textos em que o autor já vem em auxílio do leitor para localizar a ideia diretriz do
texto:

- Através de sinais externos, por exemplo, o negrito ou o itálico;


- Através de sinais internos ou indicações verbais, tais como: “em síntese”, “concluindo”,
“vemos assim”, “portanto”, “por isso”, “sobretudo”, etc.

e) Não se esqueça: saber localizar corretamente a ideia-chave na leitura é condição básica


de todo trabalho intelectual, sem a qual não há avanço no estudo. Pressupõe perseve-
rante treinamento e constante dedicação;
Palavras ou expressões não entendidas serão assinaladas na margem com um asterisco
(à altura da linha do texto onde figuram) e procuradas no dicionário, mas só após a leitura de
todo o capítulo. É recomendável que cada estudante tenha um caderno ou fichas para anotar
tais palavras ou expressões, a fim de incorporá-las ao seu vocabulário (o glossário pessoal).

Maus hábitos de Leitura

A maioria dos chamados “maus hábitos” de leitura estão relacionados com o emprego
dos olhos. Certos hábitos em si não são nem “bons” nem “maus”, passam a sê-lo a partir do

63
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
momento em que seu uso prejudica a leitura; isso, provavelmente, vai variar de pessoa para
pessoa, de situação para situação.
Eis alguns:
a) Movimentos labiais durante a leitura silenciosa - geralmente são indício de leitura
vagarosa: quem o faz está falando para si mesmo, quer tenha consciência disso, quer
não. Está lendo palavras e não conjunto de palavras de uma só vez. É possível que o
leitor não saiba que move os lábios enquanto lê. É fácil verificá-lo: basta colocar o dedo
indicador sobre os lábios enquanto estiver lendo – sentirá se os lábios se movem ou
não;
b) Movimento da cabeça durante a leitura – este é um defeito, apontado unanimemente
pelos autores de técnicas de leitura. Quem move a cabeça enquanto lê está fazendo
com a cabeça o que os olhos deveriam fazer;
c) Percurso do dedo ao longo da linha durante a leitura – é a prática mais controverti-
da, inclusive há cursos de leitura dinâmica cuja técnica fundamental é recomendar e
treinar o leitor a ler percorrendo com o dedo a linha que se lê. Acredita-se que aumen-
ta o foco do campo visual e promove mais a tensão necessária para a atenção não cair e
assim conseguir-se o aumento da velocidade. Por outro lado, outros condenam a prá-
tica alegando que o percurso do dedo, particularmente através de movimento – parada
– movimento – parada ..., está substituindo o movimento que os olhos deveriam fazer.
É difícil decidir quem tem razão. Fica a critério de cada um verificar o que lhe é mais
proveitoso;
d) Hábito de ler os sinais e letras e não as ideias – já foi observado em investigações que
o “bom leitor” geralmente não constata muitos erros gráficos, trocas de letras, deslizes
de ortografia, concordância etc. Justamente porque lê ideias e não palavras. Entretanto,
quando tem de fazer leituras atenta com o fito de localizar diferenças, alterações, seme-
lhanças e outros estímulos, na leitura, sai-se satisfatoriamente. O hábito de reparar
minúcias de redação e representação gráfica atrasa muito o ritmo de leitura.

Quadro Comparativo acerca do sujeito da Leitura

“BOM LEITOR” “MAU LEITOR”

1. Lê com objetivo determinado; 1. Lê sem finalidade, raramente sabe por


2. Lê unidades de pensamento, abraçando de relance que lê;

64
ANA PAULA AMORIM
o sentido de um grupo de palavras; 2. Lê palavra por palavra;
3. Tem vários padrões de velocidade, ajustando-a de 3. Só tem um ritmo de leitura, seja qual for
acordo com o assunto que lê; o assunto, lê sempre vagarosamente;
4. Avalia o que lê, perguntando frequentemente: que 4. Acredita em tudo que lê, para ele tudo o
sentido tem isso para mim? Está o autor Qualifi- que é impresso é verdadeiro;
cado para escrever sobre tal assunto? Está ele apre- 5. Possui vocabulário limitado;
sentando apenas um ponto de vista do problema? 6. Não possui nenhum critério técnico para
Qual é a ideia principal deste trecho? Quais seus conhecer o valor do livro;
fundamentos? 7. Não sabe decidir se é conveniente ou não
5. Possui bom vocabulário; interromper uma leitura;
6. Tem habilidades para conhecer o valor do livro; 8. Raramente discute com colegas o que lê;
7. Sabe quando deve ler um livro até o fim, quando 9. Não possui biblioteca particular;
interromper a leitura definitivamente ou periodi- 10. Está condicionado a ler sempre a
camente; mesma espécie de assunto;
8. Discute frequentemente o que lê com colegas; 11. Lê pouco e não gosta de ler;
9. Adquire livros com frequência e cuida de ter sua 12. O MAU LEITOR não se revela ape-
biblioteca particular; nas no ato da leitura, seja silenciosa ou
10. Lê assuntos vários; oral. É constantemente mau leitor, por-
11. Lê muito e gosta de ler; que se trata de uma atitude de resistência
12. O BOM LEITOR é aquele que não é só bom ao hábito de saber ler.
na hora de leitura. É bom leitor porque desenvolve
uma atitude de vida: é constantemente bom leitor,
não só lê, mas sabe ler.
FIGURA 36 – QUADRO COMPARATIVO ACERCA DO SUJEITO DA LEITURA
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA.

Etapas da Análise e Interpretação de Textos

FIGURA 37 – ETAPAS DA ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA.

65
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
O que devo identificar em um texto?

• TEMA: Ideia central ou assunto tratado pelo autor, o fenômeno que se discute no
decorrer do texto. Em primeiro lugar, busca-se saber do que fala o texto. A resposta a
esta questão revela o tema ou assunto da unidade.
• PROBLEMA: A apreensão da problemática, aquilo que “provocou” o autor, isto é,
pode ser visto como o questionamento de motivação do autor.
• TESE: A ideia de afirmação do autor a respeito do assunto. Captada a problemática,
a terceira questão surge espontaneamente: o que o autor fala sobre o tema, ou seja,
como responde à dificuldade, ao problema levantado? Que posição assume, que ideia
defende, o que quer demonstrar? A resposta a esta questão revela tese, proposição
fundamental: trata-se sempre da ideia mestra, da ideia principal defendida pelo autor
naquela unidade.
• OBJETIVO: A finalidade que o autor busca atingir. Que mensagem ele espera
transmitir com o texto. O objetivo pode estar explícito ou implícito no texto.
• IDEIAS CENTRAIS: Ideias principais do texto. A cada parágrafo podemos selecio-
nar ideias centrais ou secundárias.

Exercício para Leitura Veloz


Recorte um pedaço de cartolina, papelão ou outro material mais duro que o papel co-
mum, com as dimensões de 18cm X 10cm. Este cartão deve ser branco (cartões coloridos
podem distrair a visão). Todas as vezes que iniciar uma leitura, coloque o cartão sobre a
primeira linha e puxe-o para baixo por sobre as linhas, uma a uma, mantendo o mesmo
ritmo. Procure sentir o andamento, apressando-o se sentir que pode aumentar o ritmo.
Não deixe, em circunstância alguma, que os olhos voltem para trás. Se algo escapar, esque-
ça. Simplesmente leia, leia e leia o mais depressa que puder. Este será o seu cartão de velo-
cidade. Bom será usá-lo todas as vezes que iniciar uma leitura de qualquer tipo. Marque no
verso do cartão a sua velocidade atual, e dentro de trinta dias volte a medi-la. Só assim vo-
cê saberá quanto melhorou.

Análise de Texto
Tendo efetuado a leitura de maneira metodologicamente adequada pode o estudante
avançar para a etapa subsequente do processo de aprendizagem que perpassa a análise e inter-
pretação, objeto da presente compilação. Nos tópicos que se seguem será relacionado os tipos
e os procedimentos para o desenvolvimento dessas etapas inerentes a qualquer trabalho cien-
tífico.

66
ANA PAULA AMORIM
A análise do texto tem como objeto:
a) Aprender a ler, a ver, a escolher o mais importante dentro do texto;
b) Reconhecer a organização e estrutura de uma obra ou texto;
c) Interpretar o texto, familiarizando-se com ideias, estilos, vocabulários;
d) Chegar a níveis mais profundos de compreensão;
e) Reconhecer o valor do material separando o importante do secundário;
f) Desenvolver a capacidade de distinguir fatos, hipóteses e problemas;
g) Encontrar as ideias principais ou diretrizes e as secundárias;
h) Perceber como as ideias se relacionam;
i) Identificar as conclusões e as bases que as sustentam.

Por sua vez, o procedimento deve conter as seguintes etapas:

a) Para se ter um sentido completo, proceder à sua leitura integral com o objetivo
de obter uma visão do todo;
b) Reler o texto, assinalando ou anotando palavras e expressões desconhecidas,
valendo-se de um dicionário para esclarecer seus significados;
c) Dirimidas as dúvidas, fazer nova leitura, visando à compreensão do todo;
d) Tornar a ler, procurando a ideia principal ou palavra-chave, que tanto pode es-
tar explícita quanto implícita no texto; às vezes, encontra-se confundida com
aspectos secundários ou acessórios;
e) Localizar acontecimentos e ideias, comparando-os entre si, procurando seme-
lhanças e diferenças existentes;
f) Agrupá-los, pelo menos por uma semelhança importante, e organizá-los em
ordem hierárquica de importância;
g) Interpretar as ideias e/ou fenômenos, tentando descobrir conclusões a que o
autor chegou e depreender possíveis ilações;
h) Proceder à crítica do material como um todo e principalmente das conclusões.

Elementos Básicos de Análise

A análise de texto divide-se em três partes:


a) Análise dos elementos – caracteriza-se pelo levantamento de todos os elementos bási-
cos constitutivos de um texto, visando à sua compreensão, podem aparecer de modo
explícito ou implícito;

67
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
b) Análise das relações – tem como objetivo encontrar as principais relações, estabelecer
conexões, com diferentes elementos constitutivos do texto (idéias secundárias, fatos
específicos, pressupostos básicos, elementos de causa e efeito, elementos de argumen-
tação);
c) Análise da estrutura – nela verifica-se as partes de um todo, procurando evidenciar as
relações existentes entre elas. Esse tipo de análise encontra-se em nível mais complexo
que os anteriores. As estruturas podem ser delineadas em dois tipos:
• Estática – resultante de um processo de sucessão de fenômenos preestabelecidos,
como os textos da história, ou seja, a ordem estrutural estabelece o tipo de disposição,
enumeração dos elementos constitutivos básicos, descrição das relações de todos os
elementos e análise do processo que os originou;
• Dinâmica – geradora de um processo. O ordenamento consiste em enumerar as
partes constitutivas básicas e descrever seu funcionamento e finalidade. Nesse tipo
estão enquadrados os textos de ciências sociais.

68
ANA PAULA AMORIM
Quadro de Análise de Texto

 Preparação do texto
1. ANÁLISE TEXTUAL  Visão de conjunto
 Busca de esclarecimentos
(vocabulário, doutrinas, fatos, autores)
E m tiz ã d t t

 Compreensão da mensagem do autor


2 ANÁLISE TEMÁTICA • Tema
• Problema
• Tese
• Raciocínio

 Interpretação da mensagem do autor


• Situação filosófica e influências
3. ANÁLISE INTERPRETATIVA • Pressupostos
• Associação de ideias
Cíi

 Levantamento e discussão de problemas


4. PROBLEMATIZAÇÃO
relacionados com a mensagem do autor.

5. SÍNTESE  Reelaboração da mensagem com base na


reflexão pessoal.

FIGURA 38 – QUADRO DE ANÁLISE DE TEXTO


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA.

Recomendações Gerais

A capacidade de pensar logicamente depende não somente do nível intelectual da pes-


soa, mas, também, do treinamento que ela tenha recebido de aplicar os princípios da lógica
nos seus estudos, na solução de problemas, nas discussões que participa e nas suas reflexões.
Se você deseja refletir melhor, então deve afastar certas causas que toldam o seu pensa-
mento, tornando-o obscuro ou confuso. Algumas dessas causas são apresentadas adiante.
• Evite pensar preconceituosamente - as pessoas têm a tendência a pensar em termos
de preconceitos, ideias rígidas e preestabelecidas, generalizando indevidamente qualida-
des, defeitos ou mesmo características. Isto acontece, por exemplo, quando se procurar

69
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
rotular pessoas, enquadrando-as em estereótipos correspondentes a grupos raciais, polí-
ticos, profissionais e outros.
• Evite que o seu desejo de acreditar influencie a sua crença - é fato comprovado
que a crença é seriamente afetada pelo desejo de acreditar. Assim, mesmo quando as
evidências são contrárias, seu desejo (não percebido) de acreditar pode levá-lo a uma
opinião errônea, na qual você pode encastelar-se. É preciso procurar ser isento enquanto
pensa, a fim de perceber a realidade dos fatos e considerar com imparcialidade as suas
evidências.
• É preciso distinguir fatos de opiniões - as pessoas opiniáticas falam seus pontos de
vista como se eles fossem fatos comprovados e verdade incontestáveis. E o pior é que
elas acabam acreditando nisso. Tome cuidado. Fatos são distintos de opiniões, que po-
dem ser discutidas e exigem comprovações.
• Evite a dicotomia do tudo ou nada - as características da efetividade, da ação e do
pensamento humano, distribuem-se nos mais diversos níveis de gradação, como se pode
perceber nas diferentes áreas da vida. A ideia do "oito ou oitenta" é completamente erra-
da e conduz a conclusões por vezes muito distante da realidade.
• Evite concluir quando tem insuficiência de dados e quando ainda não formulou
todas as hipóteses possíveis - a deficiência em reconhecer os principais dados que in-
fluem numa questão leva inevitavelmente a erros de julgamento, fato muito comum no
dia-a-dia. Por outro lado a negligência em considerar todas as hipóteses possíveis rela-
cionadas com um determinado fato provoca conclusões errôneas e defeituosas.
• Julgar através de impressões gerais, de hipóteses simplistas, de conhecimentos
parciais é condenar-se a pensar confusamente e concluir mal - procure não falhar na
identificação de todas as hipóteses a considerar numa dada questão, pois isso importará
na redução de suas possibilidades de refletir bem e descobrir as verdadeiras relações en-
tre os efeitos percebidos e suas causas reais.
• Evite analisar defeituosamente os dados de que você dispõe - antes de aceitar co-
mo verdadeiras as opiniões emitidas por pessoas ou lidas, em livros, revistas e jornais, é
preciso verificar: seu valor lógico; sua coerência com outros fatos e opiniões com elas re-
lacionados; a autoridade da fonte que as emitiu e seu grau de isenção.
• Evite enganar-se ao estabelecer as relações entre causa e efeito - há quem conside-
re apenas os efeitos e, sem considerar as causas, forma juízos e emite opiniões que, por
força dessas circunstâncias são erradas e não raramente absurdas.
• Evite confundir conceitos diferentes designados por um mesmo nome - é preciso
cuidado para distinguir palavras de ideias. A confusão entre ambos pode levar a alterar
ideias por causa do significado das palavras. Este erro é muito frequente e quando ocor-
re, perturba o pensamento.

70
ANA PAULA AMORIM
• Pensamentos e opiniões devem ser comprovados - aceitar apressadamente pensa-
mentos e opiniões, sem amadurecê-los e criticá-los, é uma temeridade e uma fonte de
erros. O exame e a crítica devem ser feitos cautelosamente, com o auxílio dos princípios
da lógica, a fim de podermos nos convencer da veracidade das opiniões e do valor dos
pensamentos. É comum as pessoas procederem assim: partem de uma ideia falsa, fazem
raciocínios corretos e chegam a uma conclusão falsa; partem de uma ideia verdadeira,
fazem raciocínios verdadeiros e tiram deles uma ideia falsa.

1.2.3
CONTEÚDO 3.
TÉCNICAS PARA SISTEMATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
A necessidade de romper com a tendência fragmentadora e desarticulada do processo
do conhecimento, justifica-se pela compreensão da importância da interação e transformação
recíprocas entre as diferentes áreas do saber. Essa compreensão crítica colabora para a supera-
ção da divisão do pensamento e do conhecimento, que vem colocando a pesquisa e o ensino
como processo reprodutor de um saber parcelado que consequentemente muito tem refletido
na profissionalização, nas relações de trabalho, no fortalecimento da predominância reprodu-
tivista e na desvinculação do conhecimento do projeto global de sociedade.
Faz-se necessário a produção e a sistematização do conhecimento, no sentido de mini-
mizar a complexidade do mundo em que vivemos. Neste sentido, a interdisciplinaridade apa-
rece como entendimento de uma nova forma de institucionalizar a produção do conhecimen-
to, possibilitando a articulação de novos paradigmas, as determinações do domínio das
investigações, as pluralidades dos saberes e as possibilidades de trocas de experiências.
Você já aprendeu que o estudo envolve relações com o tema estudado em dois níveis, o
global e o parcial, aprendeu as condições para um estudo eficiente, e os princípios de uma
leitura proveitosa.
Isso não é suficiente para ter um aprendizado ótimo do conteúdo?
Em geral, um bom estudo envolve a consulta a diferentes fontes de informação e a inte-
gração e reelaboração dos conteúdos aprendido. A sistematização permite que os conteúdos
aprendidos possam ser reelaborados: quando você escreve o que entendeu, está trabalhando
de forma criativa com o conhecimento. Esse trabalho criativo permite que você integre o co-
nhecimento de forma funcional a sua estrutura mental e além disso, possa organizar todo o
seu estudo. Enquanto organiza, você estabelece relações significativas entre cada momento de
estudo, articulando-os e reduzindo a fragmentação do conhecimento. Vamos agora ver técni-
cas para essa sistematização.

71
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
A seguir, verificaremos as diversas técnicas de sistematizar o conhecimento e as suas de-
vidas aplicações práticas.

Técnica para Sublinhar

Devemos compreender que cada texto tem uma ideia principal, um conceito fundamen-
tal, que se apresenta como fio condutor do pensamento. Portanto, devemos captar o fato es-
sencial do texto, destacando, com marcas e cores diferentes, cada parte importante do todo. A
técnica de sublinhar tem por objetivo destacar, no próprio texto, as ideias principais e secun-
dárias do argumento elaborado pelo(a) autor(a).

É muito importante identificar, em um texto, suas ideias mais importantes.


Entretanto, antes de proceder à sublinha dessas ideias, devemos ler rapida-
mente todo o conteúdo a ser estudado, para que tenhamos uma noção geral
do assunto. Só então reiniciamos a leitura com o lápis na mão (lápis, e não
caneta lumicolor® ou à tinta, pois somente o destaque com o grafite pode ser
apagado em caso de equívoco). (OLIVEIRA, 2008, p.64)

Se não seguir essa técnica, muitas vezes o estudante acaba sublinhando ideias demais, o
que prejudica a leitura do texto depois por deixar as páginas “poluídas”, ou então sublinha
palavras ou ideias que se mais aparecem, levando à redundância.

a) Leitura integral do texto;


b) Esclarecimento de dúvidas de vocabulário, termos técnicos e outras;
c) Releitura do texto, para identificar as ideias principais;
d) Não sublinhar após a primeira leitura;
e) Ler e sublinhar, em cada parágrafo, as palavras que contém a ideia-núcleo e os detalhes
mais importantes. Não sublinha-se a mesma palavra novamente;
f) Sublinhar apenas as ideias principais e os detalhes importantes, usando dois traços pa-
ra as palavras-chave e um para os pormenores mais significativos, assinalar com uma
linha vertical, à margem do texto, os tópicos mais importantes, com dois os tópicos
muito importantíssimos;
g) Assinalar, à margem do texto, com um ponto de interrogação, os casos de discordân-
cia, as passagens obscuras, os argumentos discutíveis;
h) Reconstruir o parágrafo a partir das palavras sublinhadas;
i) Ler o texto sublinhado com continuidade e plenitude de um telegrama.

Técnica para Esquematizar


O esquema é utilizado como trabalho preparatório para o resumo, para memorizar mais
facilmente o conteúdo integral de um texto. Utiliza-se de setas, linhas retas ou curvas, círculos,

72
ANA PAULA AMORIM
colchetes, chaves, símbolos diversos. Pode ser montado em linha vertical ou horizontal. É im-
portante que nele apareçam as palavras que contém as ideias principais, de forma clara, com-
preensível.
Um esquema é uma representação diagramática de um texto. Depois da leitura, você já
percebeu as ideias principais discutidas pelo autor. Se você tiver sublinhado o texto, terá uma
visão ainda melhor de quais são as ideias principais e secundárias do argumento.
De posse dessas informações, comece a ordenar graficamente as ideias em uma hierar-
quia. Os esquemas têm formas variadas, conforme o objetivo de quem esquematiza; por isso,
além de refletir a ordenação de ideias do texto, também refletem a compreensão de quem o
leu. Assim, um bom esquema lhe dará uma visão global e rápida sobre como aquele texto está
organizado, lembrando-lhe de como você o entendeu no momento da leitura.

Normas para Esquema


a) Seja fiel ao texto;
b) Aponte o tema do autor, destaque títulos, subtítulos;
c) Seja simples, claro, distribuindo organicamente o conteúdo;
d) Subordine ideias e fatos, não os reúna apenas;
e) Faça uma distribuição gráfica do assunto, mediante divisões e subdivisões que repre-
sentem a sua subordinação hierárquica;
f) Construa o esquema através de chaves de separação ou por listagens itemizadas com
diferenciação de espaço e/ou classificação numérica para as divisões e subdivisões dos
elementos;
g) Lembre-se que o esquema tem, também, um conteúdo pessoal.
Depois que você verificou as principais técnicas que facilitam a compreensão do texto,
vamos examinar algumas técnicas que permitem a organização das diversas leituras. A partir
dessa organização você poderá construir um arquivo ou banco de dados a partir de suas leitu-
ras, armazenando sua interpretação, opiniões, resumos, citações, enfim: tudo o que você julgar
pertinente em relação ao texto lido.
Aqui, é importante adotar o espírito científico e perceber que, para a construção do co-
nhecimento, é preciso organização e planejamento. Muito de nossas ideias é construído a par-
tir de nossos estudos; por isso, convém sistematizá-los para que possamos lançar mão deles
quando for necessário produzir qualquer trabalho intelectual.

Técnica para Fichar


Fichar é transcrever anotações em fichas, para fins de estudo ou pesquisa. À medida que
o pesquisador tem em mãos as fontes de referência, deve transcrever os dados em fichas, com
o máximo de exatidão e cuidado. A ficha, sendo de fácil manipulação, permite a ordenação do

73
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
assunto, ocupa pouco espaço e pode ser transportada de um lugar para outro. Até certo ponto,
leva o indivíduo a pôr ordem no seu material. Possibilita ainda uma seleção constante da do-
cumentação e seu ordenamento.

Composição/Estrutura das Fichas


A estrutura das fichas, de qualquer tipo, compreende três partes principais: cabeçalho,
referência bibliográfica e corpo ou texto, a indicação da obra (quem, principalmente, deve lê-
la) e o local em que ela pode ser encontrada.

Elaboração de fichas, passo a passo


A elaboração de fichas pode parecer uma atividade nova para você. Na verdade, a técni-
ca serve apenas para organizar algo que já realizamos cotidianamente, que é a anotação duran-
te a leitura. À medida que vamos lendo, vamos naturalmente questionando, interpretando,
estabelecendo elos com outras leituras. Essas ideias é que constituem a base dos trabalhos aca-
dêmicos, então nada melhor do que registrá-las para que você se beneficie de seu pensamento.

Resumo
Um resumo é uma apresentação breve, concisa e seletiva de um texto que permite ao
destinatário tomar conhecimento de um documento sem a necessidade de ler as partes com-
ponentes. Nele destacam-se os elementos de maior interesse e importância identificando as
ideias principais do autor e da obra.
Um resumo precisa explicitar a abordagem implícita, o valor dos achados e a originali-
dade, se houver. A finalidade de se resumir consiste na difusão das informações contidas em
livros, artigos, teses etc., permitindo a quem o ler resolver sobre a conveniência ou não de
consultar o texto completo.
O como fazer um resumo depende muito do objetivo ou demanda que se tenha, ele po-
de ser: uma apresentação de um sumário narrativo das partes mais significativas, não dispen-
sando a leitura do texto; uma condensação do conteúdo, expondo ao mesmo tempo, tanto a
metodologia e as finalidades quanto os resultados obtidos e as conclusões, permitindo a utili-
zação em trabalhos acadêmicos, dispensando assim a leitura posterior do texto original; uma
análise interpretativa de um documento criticando os diferentes aspectos inerentes ao texto.

Como Resumir
Levando-se em consideração que quem escreve obedece a um plano lógico através do
qual desenvolve as ideias em uma ordem hierárquica, ou seja, proposição, explicação, discus-

74
ANA PAULA AMORIM
são e demonstração, é aconselhável, em uma primeira leitura, fazer um esboço do texto, ten-
tando captar o plano geral da obra e seu desenvolvimento.
A seguir, volta-se a ler o trabalho para responder a duas questões principais: de que trata
este texto? O que pretende demonstrar? Com isso, identifica-se a ideia central e o propósito
que nortearam o autor.
Em uma terceira leitura, a preocupação é com a questão: como disse? Em outras pala-
vras, trata-se de descobrir as partes principais em que se estrutura o texto. Esse passo signifi-
ca a compreensão das ideias, provas, exemplos etc. que servem como explicação, discussão e
demonstração da proposição original (ideia principal). É importante distinguir a ordem em
que aparecem as diferentes partes do texto. Geralmente quando o autor passa de uma ideia
para outra, inicia novo parágrafo; entretanto, a ligação entre os parágrafos permite identificar:
a) Consequências (quando se empregam palavras tais como: em consequência, por con-
seguinte, portanto, por isso, em decorrência disso etc.);
b) Justaposição ou adição (identificada com expressões de tipo: e, da mesma forma, da
mesma maneira etc.);
c) Oposição (com a utilização das palavras: porém, entretanto, por outra parte, sem em-
bargo etc.);
d) Incorporação de novas ideias;
e) Complementação do raciocínio;
f) Repetição ou reforço de ideias ou argumentos;
g) Justificação de proposições (por intermédio de um exemplo, comprovação etc.);
h) Digressão (desenvolvimento de ideias, até certo ponto, alheias ao tema central do tra-
balho).
Os três últimos casos devem ser totalmente excluídos do resumo. A última leitura deve
ser feita com a finalidade de:
a) Compreensão do sentido de cada parte importante;
b) Anotação das palavras-chave;
c) Verificação do tipo de relação entre as partes (consequência, oposição, complemen-
tação etc.).
Uma vez compreendido o texto, selecionadas as palavras-chave e entendida a relação
entre as partes essenciais, pode-se passar à elaboração do resumo.

Tipos de Resumo
Com efeito, um resumo pode ser de três tipos:
a) Resumo descritivo ou indicativo - nesse tipo de resumo descrevem-se os principais
tópicos do texto original, e indicam-se sucintamente seus conteúdos. Portanto, não

75
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
dispensa a leitura do texto original para a compreensão do assunto. Quanto à extensão,
não deve ultrapassar quinze ou vinte linhas; utilizam-se frases curtas que, geralmente,
correspondem a cada elemento fundamental do texto; porém, o resumo descritivo não
deve limitar-se à enumeração pura e simples das partes do trabalho.
b) Resumo informativo ou analítico - é o tipo de resumo que reduz o texto a 1/3 ou 1/4
do original, abolindo-se gráficos, citações, exemplificações abundantes, mantendo-se,
porém, as ideias principais. Não são permitidas as opiniões pessoais do autor do resu-
mo. O resumo informativo, que é o mais solicitado nos cursos de graduação, deve dis-
pensar a leitura do texto original para o conhecimento do assunto;
c) Resumo crítico - consiste na condensação do texto original a 1/3 ou 1/4 de sua exten-
são, mantendo as ideias fundamentais, mas permite opiniões e comentários do autor
do resumo sobre o trabalho e não sobre o autor, pode se centrar na forma (com relação
aos aspectos metodológicos), do conteúdo (análise do teor em si do trabalho), do de-
senvolvimento (da lógica utilizada na demonstração); e da técnica de apresentação das
ideias principais. Tal como o resumo informativo, dispensa a leitura do original para a
compreensão do assunto.

Normas gerais para resumir


a) Evitar começar a resumir antes de levantar o esquema do texto ou de preparar as ano-
tações da leitura;
b) Apresentar, de maneira sucinta, o assunto da obra;
c) Não apresentar juízos críticos ou comentários pessoais;
d) Respeitar a ordem das ideias e fatos apresentados;
e) Empregar linguagem clara e objetiva;
f) Evitar a transcrição de frases do original;
g) Apontar as conclusões do autor;
h) Dispensar a consulta ao original para a compreensão do assunto.

Fichamento
Para o pesquisador, a ficha é um instrumento de trabalho imprescindível. Como o in-
vestigador manipula o material bibliográfico, que em sua maior parte não lhe pertence, as fi-
chas permitem:
a) Identificar as obras;
b) Conhecer seu conteúdo;
c) Fazer citações;
d) Analisar o material;
e) Elaborar críticas.
Criadas no século XVII pelo Abade Rozier, da Academia Francesa de Ciências, o sistema
de ficha é atualmente utilizado nas mais diversas instituições, para serviços administrativos, e

76
ANA PAULA AMORIM
nas bibliotecas, onde, para consulta do público, existem fichas de autores, de títulos, de séries e
de assuntos, todas em ordem alfabética.

Apresentam vantagens como:


a) Fácil manipulação;
b) Permite ordenação;
c) Ocupa pouco espaço;
d) Fácil de transportar;
e) Possibilita obter a informação exata, na hora necessária.
Existem fichas de tamanho padronizado, com ou sem pauta, para facilitar o uso e o ar-
quivamento em fichários. O tamanho padronizado facilita o acréscimo de novas fichas e a
utilização de fichários anteriormente.

Composição das Fichas


A estrutura das fichas, de qualquer tipo, compreende cinco partes principais: cabeçalho,
referência bibliográfica, corpo ou texto, a indicação da obra (quem, principalmente, deve lê-
la) e o local em que ela pode ser encontrada.
• Cabeçalho - compreende o título genérico, título específico, número de classificação
da ficha, e a letra indicativa da sequência (quando se utiliza mais de uma ficha, em
continuação). Esses elementos são escritos na parte superior da ficha, em duas linhas:
na primeira, consta apenas, à esquerda, o título genérico remoto, na segunda, em
quatro quadrinhos, da esquerda para a direita, o título genérico, o título específico, o
número de classificação e o código indicativo da sequência;
• Referência bibliográfica - deve sempre seguir normas da abnt - associação brasi-
leira de normas técnicas. Para proceder-se corretamente é importante consultar tam-
bém a ficha catalográfica da obra, que traz todos os elementos necessários e, na au-
sência dela, a folha de rosto e outras partes do livro, até obter as informações
completas. Quando se trata de revistas e outros periódicos, muitas vezes os elementos
importantes da referência bibliográfica localizam-se na lombada. No caso de jornais,
a primeira página é que fornece a maioria das indicações;
• Corpo - o conteúdo que constitui o corpo ou texto das fichas varia segundo o tipo e
finalidade da ficha;
• Indicação da obra - onde poderá ser utilizada, a quem deve ser indicada a sua leitu-
ra (quer para estudos, pesquisa em determinada área ou para campos específicos);
• Local - onde pode ser encontrado o livro, pois é possível que você precise voltar a
consultá-lo, mesmo depois que a obra tenha sido fichada.

77
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Tipos de Fichas

O conteúdo das fichas será delineado de acordo com propósito de cada uma delas, po-
dendo ser: I. Ficha Bibliográfica; II. Ficha de Citações; III. Ficha de Resumo; IV. Ficha de
Esboço; V. Ficha de Comentário, entretanto, com o advento tecnológico e a informatização
da produção de conhecimentos, convencionou-se a utilização de uma nova estrutura para sis-
tematização dos estudos desenvolvidos no meio acadêmico e científico, a então denominada
FICHA DE ESTUDO ou FICHAMENTO ACADÊMICO, cuja construção englobará os crité-
rios apontados em cada tipo de ficha apresentada a seguir. Na sequência abordaremos o seu
contexto.

I. Ficha Bibliográfica
Também denominada de ficha de indicações bibliográficas. Trata da reunião de elemen-
tos que permitem a identificação no todo ou em parte, de documentos impressos ou registra-
dos em diversos tipos de material, sendo fundamentalmente os seguintes: autor, título, núme-
ro da edição (da segunda em diante); local de publicação; editora; data da publicação; outras
informações (campo do saber; tema; aspectos significativos).
Essas indicações bibliográficas obedecem às normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT). As fichas de indicações bibliográficas podem ser do tamanho pequeno e
são de grande utilidade quando se está procedendo ao levantamento bibliográfico de um as-
sunto. Constituem-se, também, num grande auxílio no momento de colocar as obras em or-
dem alfabética, para organizar a bibliografia de um trabalho. Recomenda-se:
a) Ser breve - quando se desejam maiores detalhes sobre a obra, o ideal é a ficha de resu-
mo ou conteúdo, ou, melhor ainda, a de esboço. Na ficha bibliográfica algumas frases
são suficientes;
b) Utilizar verbos ativos - para se caracterizar a forma pela qual o autor escreve, as ideias
principais devem ser precedidas por verbos tais como: analisa, compara, contém, criti-
ca, define, descreve, examina, apresenta, registra, revisa, sugere.
c) Evitar repetições desnecessárias - não há nenhuma necessidade de colocar expressões
como: esse livro, esta obra, este artigo, o autor.

II. Ficha de Citações


Enquanto se realiza a leitura analítica ou interpretativa das fontes bibliográficas, convém
selecionar trechos de alguns autores, que poderão (ou não) ser usados como citações no traba-

78
ANA PAULA AMORIM
lho ou servir para destacar ideias fundamentais de determinados autores, nas obras consulta-
das. Devem-se observar os seguintes cuidados:
a) Toda citação tem de vir entre aspas (independente da sua tipologia) - é através desse
sinal que se distingue uma ficha de citações das de outro tipo. Além disso, a colocação
das aspas evita que, mais tarde, ao utilizar a ficha, se transcreva, como do fichador, os
pensamentos nela contidos;
b) Após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída - isso permiti-
rá a posterior utilização no trabalho, com a correta indicação bibliográfica;
c) A transcrição tem de ser textual - isso inclui os erros de grafia, de houver. Após eles,
coloca-se o termo sic, em minúsculas e entre parênteses ou colchetes;
d) A supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se no local da su-
pressão, três pontos entre colchetes [...], precedidos e seguidos por espaços, no início
ou final do texto e entre parênteses, no meio;
e) A supressão de um ou mais parágrafos também deve ser assinalada, utilizando-se
uma linha completa de pontos;
f) A frase deve ser complementada, se necessário - quando se extraí uma parte ou pará-
grafo de um texto, este pode perder seu significado, necessitando de um esclarecimen-
to, o qual deve ser intercalado, entre colchetes;
g) Quando o pensamento transcrito é de outro autor, tal fato tem de ser assinalado -
muitas vezes o autor fichado cita frases ou parágrafos escritos por outra pessoa. Nesse
caso, é imprescindível indicar, entre parênteses, a referência bibliográfica da obra da
qual foi extraída a citação.

III. Ficha de Resumo


Apresenta uma síntese bem clara e concisa das ideias principais do autor ou um resumo
dos aspectos essenciais da obra. Caracteriza-se por:
a) Não é um sumário ou índice das partes componentes da obra, mas exposição abrevi-
ada das ideias do autor;
b) Não é transcrição, como na ficha de citações, mas é elaborada pelo leitor, com suas
próprias palavras, sendo mais uma interpretação do autor;
c) Não é longa, apresenta mais informações do que a ficha bibliográfica, que por sua vez,
é menos extensa do que a do esboço;
d) Não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra, lendo a obra, o estudioso vai
fazendo anotações dos pontos principais. Ao final, redige um resumo, contendo a es-
sência do texto.

IV. Ficha de Esboço


No momento em que o estudante ou pesquisador tem por objetivo apresentar as ideias
principais da obra sem, contudo, ser sucinto, a ficha a ser utilizada é a de esboço. Mas a ficha

79
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
de resumo também apresenta as ideias centrais da obra, então, são sinônimos? Não. Conforme
Amorim et al (2005, p. 36), a ficha de esboço “assemelha-se à ficha de resumo, pois apresenta
as ideias principais do autor, porém de forma detalhada”.
Portanto, a ficha de esboço e a de resumo se aproxima no que tange a ocupação com as
ideias centrais da obra e se diferencia, pois a primeira permite espaço para detalhamentos e
esquematizações, a exemplo de setas e diagramações, a exemplo de um pequeno mapa concei-
tual, ao passo que a segunda, a de resumo, se o fizer, se descaracterizará a tipologia da ficha.

V. Ficha de Comentários
No sentido de compreensão da obra, estudantes e pesquisadores que objetivam registrar,
para além da ideia central do texto, o posicionamento próprio sobre o pensamento do(a) au-
tor(a) encontram na ficha de comentário um excelente recurso de sistematização da obra e da
interpretação sobre ela.
Para realizar com eficiência a ficha de comentário, importa compreender que explicar e
comentar são situações diferenciadas. Observamos que a explicação está a serviço de um texto,
o comentário interroga seu autor; a explicação parte do texto e se restringe ao texto, o comen-
tário parte do texto e não se restringe a ele. Deste modo, há um compromisso maior, no qual o
potencial crítico e interpretativo se torna elemento fundamental.
Como o caráter do comentário requer interpretação pessoal, por vezes, o estudante ou
pesquisador acaba por se desvincular da questão central do texto. É indispensável ter a devida
atenção para não fugir do assunto, uma vez que, o comentário remete, sim, ao posicionamen-
to do leitor, mas esse posicionamento não é aleatório, é sobre a obra fichada e requer funda-
mentação coerente.

FICHAS DE ESTUDO: a prática acadêmica atual da técnica de fichamento.

Entendemos que a utilização do fichamento tradicional caiu em desuso, já que a forma


mais usual para se armazenar informações passou a ser o arquivo eletrônico. Sendo assim, o
meio acadêmico passou a sistematizar informações através do que podemos denominar de
“Ficha de Estudo”. Este documento assemelha-se muito à estrutura da resenha e engloba as
estruturas apresentadas nos cinco tipos de ficha já apresentadas: bibliográfica, de citações, de
resumo, de esboço e de comentário.
Vejamos a sua estrutura:
Atendendo aos requisitos da ficha bibliográfica, a ficha de estudo será iniciada com a
construção completa da referência do material fichado. É imprescindível a observação das
normas para apresentação de referências segundo a ABNT. (vide Conteúdo 1 do Tema 3).

80
ANA PAULA AMORIM
Iniciando a construção textual do fichamento, será feita a apresentação objetiva das
ideias do autor, escrita com nossas palavras, o que atende aos requisitos da ficha de resumo.
Ao decorrer da leitura do texto que está sendo fichado, serão identificados trechos que serão
transcritos na íntegra, o que atende aos requisitos da ficha de citação (vide regras para cita-
ções em documentos no Conteúdo 1 do Tema 3). Paralelamente, podemos estruturar esque-
mas textuais, gráficos ou pequenos diagramas, o que aborda os quesitos da ficha de esboço,
além da apresentação do juízo de valor pertinente ao desenvolvimento da construção textual,
característica principal da ficha de comentário, evidenciando possíveis novas ideias que sur-
giram durante a leitura reflexiva do texto que está sendo fichado.
Vale salientar que esta estrutura não segue um ordenamento fixo, já que cada uma de
suas etapas será disposta de acordo com a percepção do leitor que está fichando o texto e da
própria disposição das informações no texto. Naturalmente, os parágrafos de resumos, es-
quemas e comentários serão intercalados com parágrafos de citações diretas, já que as citações
indiretas já estão representadas nos próprios parágrafos de resumo. Não vamos esquecer de
informar o número da página à qual a citação direta foi extraída.
Visando enriquecer a expressão da compreensão crítica do texto, ainda é possível a
apresentação de trechos de outros autores ou de outras obras do mesmo autor. Desta forma,
será necessária a elaboração de uma lista de referências ao fim do fichamento associada às
citações dispostas do decorrer da sua construção textual.

Lembre-se que as estatísticas não deixam dúvidas: sem esforço que visem a documenta-
ção metodológica as lições passadas esvair-se-ão quase por completo. Dentro de uma semana
se perde cerca de 75% da aula, e após um mês até 98%. Significa concretamente que o tempo
gasto em estudo deu pouquíssimo rendimento em termos de aprendizagem. Saber fazer ano-
tações válidas é uma arte a ser aprendida. Cada um tem seu jeito próprio de assimilação.
Descubra o seu e siga em frente!

Dica
Ler resumos e resenhas publicados em periódicos especializados pode ajudar você a
escrever melhor. Um dos lugares onde você pode achar estes periódicos é: Scielo
(www.scielo.com.br).
Mas, lembre-se, sempre pesquise em sites confiáveis.

Para finalizar este conteúdo, propomos uma reflexão a respeito das palavras de Santos
(2012, p. 42):
O ato de estudar depende de:
• Alocação de tempo para o estudo, independente [sic] das ocupações cotidianas.

81
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
• Organização das atividades gerais individuais, familiares, religiosas e do trabalho.
• Entendimento claro, objetivo e pensado do que precisa e vai fazer.
• Pensar refletidamente e aguçar o senso de observação.
• Assistir às aulas e transitar bem na relação-aluno-escola-professor.
• Acompanhar participativamente as aulas, encarando-as como necessárias.

Ser responsável e conhecer os seus limites: o que sabe, o que não sabe.

1.2.4
CONTEÚDO 4.
ATIVIDADES ACADÊMICAS

Algumas atividades acadêmicas utilizadas pelos educadores para gerar maior dinamis-
mo no trabalhar os conteúdos da disciplina trazem ao educando dúvidas, inseguranças, não
vindo a tirar proveito das mesmas para o desenvolvimento pessoal e interpessoal.
Este conteúdo desdobra metodologicamente algumas dessas atividades possibilitando
melhor proveito e desenvolvimento quando da sua ocorrência.

Seminário
Consiste na apresentação de um conteúdo predeterminado para a turma ou outro grupo
de pessoas. Portanto, um seminário se torna uma ferramenta muito utilizada nas salas de aula
dos cursos universitários, porém, o mais importante é que, se bem feito, torna-se uma ótima
oportunidade de estudos e reflexões para o desenvolvimento do aluno.
Os seminários, de modo geral, envolvem todos os integrantes da turma. Os alunos que
apresentam aprendem, pois precisam estudar para isso, e os demais aprendem com a apresen-
tação dos colegas. Na preparação de um seminário, é importante que todos os componentes
do grupo (se for o caso) participem de todas as etapas.
Muitos alunos dividem o conteúdo que será apresentado, mas assim o conhecimento fi-
ca fragmentado e fora de contexto, o que com certeza acarretará em uma má apresentação.

Artigo
Também é um trabalho científico, tanto pela sua estrutura de elaboração quanto pelo
seu conteúdo, cuja finalidade é divulgar estudos e pesquisas realizados. Muitos autores de ar-
tigos encaminham seu trabalho para publicação em revistas e periódicos especializados.

82
ANA PAULA AMORIM
Existem dois aspectos importantes na elaboração de um artigo: o conteúdo e
a estrutura técnica.
• Conteúdo: segundo Pereira (2013, p. 18), “Para escrever, em primeiro lugar, tem-se
que ter algo a dizer. Ora, quem realizou uma investigação dispõe de resultados para
comunicar. Mas isso só não basta. É condição necessária, mas não suficiente.” Pereira
(2013) enumera quatro ingredientes necessários para se escrever um artigo: o talento,
a honestidade, o conhecimento e o espírito científico. Devido à natureza técnica desta
disciplina, não nos aprofundaremos nas questões de conteúdo, mas nas exigências
técnicas na elaboração de um artigo científico. Entretanto, para se aprofundar no as-
sunto, você poderá consultar o capítulo 3 do livro: Artigos científicos: como redigir,
publicar e avaliar, de Maurício Gomes Pereira. (PEREIRA, Maurício Gomes. Artigos
científicos: como redigir, publicar e avaliar. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2013).
• Estrutura técnica: de acordo com Pereira (2013, p. 29), “[...]um artigo estruturado,
composto por subdivisões padronizadas, facilita a leitura e o encontro de determina-
das informações. Isso porque o leitor espera encontrá-las no lugar em que elas habi-
tualmente estão localizadas”. O texto deve ter começo, meio e fim. O autor introduz o
tema, que é desenvolvido e concluído. Independentemente do tipo de artigo, o texto
deve seguir o mesmo encadeamento de ideias.

De acordo com Pereira (2013, p. 31), os elementos de um artigo científico são:


• Pré-textual: título (e subtítulo, se houver), autores, resumo e palavras-chave;
• Textual: introdução, desenvolvimento e conclusão;
• Pós-textual: referências, notas explicativas, glossário, apêndice e traduções em lín-
gua estrangeira (do título e subtítulo, do resumo e das palavras-chave).

A elaboração de um artigo científico será vista, em mais detalhes, na seção 2.1.2.


Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

Como o próprio nome diz, é um trabalho feito ao final do curso, articulado com os co-
nhecimentos construídos na área de formação. Faz parte das atividades curriculares e deve ser
orientado por um professor do próprio curso.
Segundo Severino (2007), o TCC contribui para a aprendizagem do aluno e, assim, é de
extrema relevância para sua formação. Deve ser entendido e praticado como um trabalho com
formato científico.

83
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
O TCC, geralmente, segue regulamentações das instituições universitárias que, em al-
guns casos, preveem a apresentação pública para uma banca de examinadores onde é feita a
avaliação final.
Cabe observar que uma apresentação pública significa que ela é feita em um local onde
todos têm acesso, com divulgação antecipada e com entrada livre de qualquer pessoa que este-
ja interessada em conhecer mais sobre o assunto.

Monografia
É um trabalho científico voltado para um único assunto, um único problema. O tema é
tratado em profundidade e de diferentes ângulos e aspectos, dependendo dos objetivos e das
finalidades do trabalho.
Segundo Oliveira, “A monografia é o resultado de uma pesquisa elaborada de acordo
com um projeto” (2004, p. 79).
A monografia apresenta grande importância na graduação, pois é um trabalho científi-
co que possibilita consolidar a avaliação dos conhecimentos técnicos aprendidos no curso.
Sendo assim, é muito solicitada como trabalho de conclusão de curso.
As monografias, apesar de seguirem uma determinada estrutura, diferenciam-se segun-
do o nível da pesquisa e das normas de cada instituição. A estrutura básica de uma monogra-
fia consiste em:
• Introdução: é a parte inicial do trabalho, onde encontramos: contextualização do
tema, problema, justificativa do tema, objetivos e indicação da metodologia;
• Desenvolvimento: geralmente dividido em partes ou subtemas (capítulos) que irão
ilustrar o tema geral da pesquisa. Constitui a revisão da literatura e, nos casos de
pesquisas de campo, a demonstração e discussão dos resultados;
• Conclusão: a principal função deste item é a retomada dos objetivos propostos na
introdução com as respostas para o problema de pesquisa apresentado. Também
poderão entrar, aqui, sugestões e propostas de novos problemas de pesquisa.

Dissertação
É um tipo de trabalho monográfico apresentado ao final do curso de mestrado para ob-
tenção do título de Mestre. Aborda temas em maior extensão e profundidade em comparação
com a monografia de graduação, e segue o rigor científico próprio de uma tese.

84
ANA PAULA AMORIM
Tese
Também é uma modalidade de trabalho monográfico apresentado ao final do curso de
doutorado para obtenção do título de Doutor ou pode ser também feito para quem deseja ob-
ter o título de Livre Docente.
Constitui um trabalho original de pesquisa com a finalidade de propor soluções para o
problema apresentado.

Estudo de Caso
O Estudo de caso envolve algumas etapas básicas na solução do problema, que podem
ser apontados como:
a) Leitura cuidadosa do caso - o caso, habitualmente tem nexos com situações do cotidi-
ano das pessoas, incluindo fatos e opiniões congruentes ou divergentes, que podem es-
conder ou distorcer fatos que realmente ocorreram;
b) Identificação dos fatos - deve-se reunir os principais elementos contidos no caso, de
modo sistematizado e por escrito, dos elementos objetivos, assim como dos elementos
subjetivos, podendo já considerar as opiniões, sentimentos, intuições. Ao final dessa
etapa verifique se todos os fatos principais do caso estão efetivamente reunidos;
c) Avalie os fatos - em função da relevância dos fatos reunidos, separe-os deixando de
lado, aqueles que não tem importância para o caso. Por isso, importa indicar os fatos
mais importante e os de menor importância, através de alguma indicação ou sinaliza-
ção;
d) Qual é o problema - parte mais delicada do caso, e que pressupõe a clara compreensão
do caso e do elemento central do mesmo, o problema, além claro dos seus possíveis
desdobramentos. É chave esta etapa, pois uma definição errada do problema poderá
conduzir os caminhos diferentes;
e) Quais as alternativas de solução para o problema - não se preocupe em encontrar de
imediato uma solução, mas nesse momento, diversas soluções sempre embasados em
fatos, relatando todas as alternativas e seus possíveis desdobramentos no presente e no
futuro;
f) Escolha a alternativa mais adequada - pressupõe a escolha de uma das alternativas
que melhor se aplique a situação, verificando se é claro para você as razões de tal esco-
lha, que o nível de argumentos objetivos, como de elementos subjetivos, a exemplo de
sentimentos, intuições;
g) Implementação - aponte, com base nos elementos envolvidos, uma proposta para im-
plementação da alternativa escolhida;
h) Respeite suas percepções e sentimentos, não se deixe levar por preconceitos, juízos de
valor, ousando construir algo baseado no seu sentimento para com o caso trabalhado.

85
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Ensaio
O ensaio ainda que seja possuidor de traços caracteristicamente acadêmicos, tem como
elemento maior oportunizar o expressar de modo livre, singelo, diversificado - sem maior
rigidez, ainda que de modo estruturado - a nossa opinião sobre um determinado assunto, ou
ainda apontando uma solução alternativa a um dado problema, sem se ater aos aspectos me-
todológicos; ou mesmo um refletir sobre uma dada ação ou postura social, política, ideológica,
econômica ou científica.
Habitualmente o ensaio destina-se a um público amplo, ou seja, faz-se necessário que o
texto seja de leitura acessível, e ainda que possa fazer uso de gráficos, citações, notas de roda-
pé, de modo bastante simples e limitado. A preocupação central na sua elaboração é produzir
algo que seja de fácil e rápida leitura, com um conteúdo consistente e articulado.
O ensaio é possuidor de um traço opinativo bastante forte, expressando assim a opinião,
a posição do autor, ele - o ensaio - não é imparcial, distante, ao contrário, deixar transparecer
as posições, crenças e escolhas do autor.
Quanto ao tamanho, não há rigidez, podendo ter como parâmetro, um texto final de 3 a
7 páginas, ainda que a coerência, a concisão, a clareza, o fluir do conjunto de informações e
ideias sejam fundamentais. Alerte-se que o ensaio não se traduz como um artigo científico a
ser publicado numa revista científica, mas aproxima-se de um artigo a ser publicado num jor-
nal ou revista.

Aspectos Básicos do Ensaio


a) Pense durante um dado período sobre o tema que pretende escrever, sobre a validade,
a utilidade de discorrer sobre um dado aspecto do assunto;
b) Faça anotações sobre o que lhe ocorrer, ao tempo em que, busque definir uma estrutu-
ra para desenvolvimento do tema;
c) Defina o que você considera determinante a ser tratado, ou seja, a essência do seu en-
saio,
d) Delineie o modo como irá desenvolver (direta ou indiretamente) a ideia central e os
argumentos, os aspectos contraditórios, complementares por você identificados e que
deseja discorrer;
e) Tenha claro o porquê, a razão pela qual você indica, escolhe ou enfatiza determinados
aspectos ou pontos de vista;
f) Desenvolva seus argumentos, assim como qual a sua posição atual ou como ficará, a
partir das constatações e observações presentes no ensaio;
g) Ao começar a redigir o ensaio na sua forma definitiva, verifique o nível de linguagem,
a estrutura das ideias, os argumentos e a ordem pela qual os mesmos são apresentados;
a clareza e fluência do texto;

86
ANA PAULA AMORIM
h) Observe o nível de abstração ou concretude, generalidade ou particularidade, com que
aborda o tema, isso influencia a acessibilidade do ensaio;
i) Reelabore o seu primeiro esboço completo, observando o tempo verbal utilizado, a or-
dem das frases e dos parágrafos, lembre-se em buscar objetividade fazendo, se necessá-
rio, bom uso das citações ou mesmo analogias;
j) Lembre-se que no ensaio é fundamental que o leitor possa identificar onde e como vo-
cê se posiciona quanto ao tema, para que ele possa a luz da sua opinião, tirar suas pró-
prias conclusões e acima de tudo ler até o final o seu ensaio,
k) Lembre-se em evitar detalhes que pouco ou nada acrescentam ao entendimento, e
mesmo, repetições, a intenção é fornecer elementos que possam dar sentido, significa-
do ao conjunto de informações que você articula, opina, reflete, para auxiliar o leitor a
rever sua posição, seja ele - leitor - quem for.

Painel
Reunião de vários estudantes interessados que vão expor suas ideias sobre determinado
assunto, diante dos demais colegas, de maneira informal e dialogada, em tom de conversa, de
troca de ideias, mesmo que exponham posições diversas e apreciem perspectivas diferentes.
Tem por objetivo proporcionar o conhecimento mais aprofundado de um tema, através
da discussão informal que implica a participação mais ativa dos presentes, que não se limitam
a ouvir as exposições.
A discussão do assunto entre os expositores, diante do auditório, induz o ouvinte à par-
ticipação espontânea, por meio de perguntas e respostas dirigidas aos componentes do painel.
O tom da conversa informal não dispensa a participação de um coordenador, que elabora um
roteiro, de acordo com os componentes, cujo número vai de três a seis. Sua duração mais ade-
quada é de 50 a 90 minutos, a depender do número de participantes.

O Painel pode ser:


a) De interrogação, onde cada um dos participantes buscará responder algumas ques-
tões básicas indicadas pelo professor consideradas centrais ao tema;
b) De debate, onde os participantes, além de expressar seu pensamento, questionaram
o pensamento e sentimento dos demais, que preferencialmente devem ter posições
diferentes.

87
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Questões do ENADE

QUESTÃO 01
Alguns autores destacam a importância do ato de ler para a construção do conhecimen-
to acadêmico. Assim, a disciplina forneceu algumas dicas sobre como realizar a leitura inteli-
gente de um texto, tais como:
• Sublinhar apenas as ideias principais e os detalhes importantes;
• Não sublinhar na primeira leitura;
• Assinalar as passagens mais significativas;
• Assinalar com um sinal de interrogação, à margem, os pontos de discordância;
Com base nessa premissa, diferencie as três etapas de leitura: seletiva, reflexiva e inter-
pretativa.

QUESTÃO 02
Estudar hoje em dia tem-se tornado necessidade primordial para que a pessoa possa
compreender as transformações do mundo. E para um melhor aproveitamento nos estudos é
necessária a dedicação a leitura, pois esta possibilita o avança no processo de formação intelec-
tual. Você aprendeu na disciplina de Metodologia Científica que pode realizar as leituras ou
análises de texto por etapas e cada análise apresenta suas características. É correto afirmar que
a:
I. Análise Textual consiste na terceira leitura, onde você deve apresentar o problema, a
metodologia e os argumentos utilizados pelo autor do texto, nessa análise você pode
elaborar um esquema do texto, já que ela é a base para a elaboração de resumos (indi-
cativo, informativo e crítico) que sintetizam as ideias do autor.
II. Análise Interpretativa, você estuda o texto com vista à interpretação. Procura julgar
criticamente o texto, analisando originalidade, coerência dos conteúdos, lógica de ra-
ciocínio, levando em conta se o autor conseguiu atingir os objetivos pretendidos e foi
eficaz nos argumentos e demonstrações em defesa da tese proposta.
III. Análise Crítica é um momento de você buscar uma visão de conjunto do pensamento e
do estilo do autor, uma leitura “por alto”, “global”. Nessa leitura nada se sublinha, mas
você deve assinalar nas margens, os pontos que exigem esclarecimentos para compre-
ensão do texto, por exemplo: informações sobre o autor, sentido das palavras desco-
nhecidas, fatos históricos, outros autores citados.
IV. Análise Temática, nesta você busca apreender o pensamento do autor sem nele inter-
vir. Esse procedimento é facilitado fazendo uma série de perguntas, por exemplo: De

88
ANA PAULA AMORIM
que trata o texto? Como está problematizado? Que ideia defende? Qual a argumenta-
ção, o raciocínio do autor para demonstrar a tese?
A sequência com as afirmativas CORRETAS é:
a) II e IV, somente.
b) I, II e IV, somente.
c) I e II, somente.
d) III e IV, somente.
e) I e III, somente.

QUESTÃO 03
O levantamento bibliográfico ou o levantamento das fontes de informação sobre o tema
da pesquisa, consiste em um procedimento técnico que compreende duas fases: fase prepara-
tória e fase de execução. Sobre este procedimento analise as afirmativas abaixo e julgue-as se
verdadeiras ou falsas:
I. O estudo do assunto é a etapa da fase preparatória onde se realiza a conceituação do
assunto, definindo-se os termos que o identificam.
II. Ao finalizar a fase preparatória, o pesquisador pode ter completo conhecimento das
publicações que abordam o tema escolhido.
III. O estabelecimento das palavras-chave consiste numa etapa do levantamento bibliográ-
fico.
Assinale a alternativa correta onde I, II e III são respectivamente:
a) V; V; V.
b) F; F; F.
c) F; F; V.
d) F; V; F.
e) V; V; F.

QUESTÃO 04
Sobre a elaboração de resumos o autor França (2004, p.80) escreveu: “Resumo é a apre-
sentação concisa e seletiva de um texto, ressaltando de forma clara e sintética a natureza do
trabalho, seus resultados e conclusões mais importantes, seu valor e originalidade. É impor-
tante para os investigadores, sobretudo por auxiliar na seleção de leituras”.
Assim podemos dizer que é uma função do resumo:
a) Dar detalhes da metodologia utilizada no trabalho
b) Fazer uma introdução ao tema
c) Apresentar uma síntese do trabalho
d) Apresentar o autor

89
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
e) Destacar a justificativa do trabalho

QUESTÃO 05
Leia a tabela que apresenta dados do Índice de Desenvolvimento:

FIGURA 39: ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO


FONTE: <http://www.inep.gov.br>.

Qual das afirmações faz uma análise coerente entre os dados da tabela e os fatores do
Ideb?
a) Os dados sobre aprovação escolar e as médias totais de desempenho no Saeb e na Pro-
va Brasil resultaram em índices que ultrapassaram as metas para o ensino fundamental
em 2007.
b) Os índices observados no ano de 2007, mais elevados quanto maior a escolaridade, são
ferramentas para o acompanhamento das metas de qualidade do Plano de Desenvol-
vimento da Educação.
c) O Ideb, que reúne, em um indicador, o fluxo escolar e as médias de desempenho nas
avaliações, foi, no total de 2007, inferior à meta para o mesmo ano.
d) A superação das metas no ensino fundamental e no ensino médio foi um avanço, le-
vando-se em consideração que a escala do Ideb vai de zero a seis.
e) A expectativa de avanço nas escolas estaduais é inferior àquela esperada para as escolas
municipais, uma vez que o índice é comparável nacionalmente.

90
ANA PAULA AMORIM
CONSTRUINDO CONHECIMENTO

(In)formação
Para complementar seus estudos sugerimos o vídeo: História da Universidade. Disponí-
vel em: <http//youtu.be/yuPc5dnLUDI>.
Indicamos ainda visita aos sites indicados, os quais são de referências acadêmicas e soci-
ais, com revistas e artigos relacionados aos conteúdos tratados neste Tema, de forma a ampliar
sua abordagem temática e auxiliar no processo de aprendizagem formativa.
• Scielo – www.scielo.com.br
• Pedagogia em Foco – www.pedagogiaemfoco.pro.br

Para você começar a se familiarizar com a leitura de artigos científicos, segue abai-
xo indicação de artigo para você conhecer um pouco mais sobre os assuntos tratados nesta
unidade.
DEMO, Pedro. Cuidado metodológico: signo crucial da qualidade. Sociedade e Estado.
[online]. v. 17, n. 2, p. 349-373, 2002. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69922002000200007&script=sci_arttext.>

91
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
92
ANA PAULA AMORIM
BLOCO
TEMÁTICO 2
A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E A
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E A
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Olá prezado(a) discente,!


A partir de agora trataremos da parte prática do nosso curso, ou seja, todo conhecimen-
to adquirido até então serviu de base para a construção adequada dos seus trabalhos acadêmi-
cos. Daqui a diante, você será mais exigido quanto ao rigor das normas técnicas.
Esteja atento às normas e à redação dos seus textos.
É sabido que a linguagem se processa por uma manifestação mental que juntamente
com o pensamento, significa e orienta o contato interpessoal, ou seja, ela é responsável pela
comunicação entre aquele que fala (o emissor) com aquele que recebe a mensagem (o recep-
tor).
Quando estudamos a linguagem, devemos perceber sua distinção, a expressão verbal
(fala) e a expressão gráfica (escrita). Ambas as expressões são um conjunto de sinais próprios
de cada língua com os quais manifestamos nosso pensamento.
Ela também se faz a partir de um sistema constituído por diversos elementos de signos,
gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, que tem como principal objetivo a comunicação,
que podemos defini-la como permuta de informações entre sujeitos ou objetos.
Mãos à obra!

95
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
2.1
TEMA 3.
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS
Neste tema estudaremos conteúdos que lhe nortearão quanto à correta elaboração e
apresentação dos trabalhos acadêmicos exigidos no ensino superior.
Você verá que a qualidade dos trabalhos acadêmicos depende de alguns requisitos que
precisam ser rigorosamente seguidos, entre os quais o respeito às normas da Associação Brasi-
leira de Normas Técnicas (ABNT).
Por essa razão, os estudantes universitários devem estar familiarizados com as normas
da sua Instituição e efetivamente empregá-las desde seus primeiros trabalhos, por mais sim-
ples que sejam. Esse esforço constante contribuirá para que a qualidade dos trabalhos seja
progressiva ao longo do curso e para que o estudante tenha cada vez mais autonomia na sua
produção intelectual e saiba comunicá-la adequadamente.
As orientações aqui apresentadas, embora não sejam exaustivas, fornecem os principais
parâmetros para a preparação e apresentação de trabalhos acadêmicos. Sua utilização não dis-
pensa, obviamente, a consulta a outras publicações na área.
Os trabalhos acadêmicos devem ser sempre bem planejados e o plano do trabalho deve
conter todas as etapas a serem seguidas para chegar à sua finalização. Os trabalhos acadêmicos
devem ser escritos de forma ordenada, simples e concatenada, respeitando uma estrutura lógi-
ca no desenvolvimento das ideias.
Convido-lhe a experimentar na prática!

2.1.1
CONTEÚDO 1.
A LINGUAGEM CIENTÍFICA E AS REGRAS DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
NORMAS TÉCNICAS (ABNT)
Toda atividade pressupõe o uso de normas que visam auxiliar e uniformizar os proce-
dimentos, melhorando a comunicação de modo geral, além de imprimir qualidade e facilitar o
intercâmbio de informações.
Desta forma, a normatização ou o conjunto de procedimentos padronizados se aplica à
elaboração de documentos técnicos e científicos, organizando assim, todo o seu conteúdo.
No caso específico de redação de trabalhos acadêmicos, esta deve atender algumas ca-
racterísticas para que a transmissão da informação e a sua compreensão por parte do leitor
sejam eficazes.

96
ANA PAULA AMORIM
Alguns dos princípios básicos desta interação que deve existir entre autor e leitor são os
seguintes:
Clareza de expressão
Todo o texto escrito deve ser perfeitamente compreensível pelo leitor. Este não deve ter
nenhuma dificuldade para entender o texto.
As sentenças estão bem construídas? As ideias estão bem encadeadas? Há uma sequên-
cia adequada na apresentação dos seus resultados e de sua argumentação?
Leia cuidadosamente o que escreveu como se você fosse o seu leitor.

Precisão na linguagem
A linguagem científica deve ser precisa. Cuidado com termos vagos ou que podem ser
mal interpretados. As palavras e figuras que entrarão no seu texto devem ser escolhidas com
cuidado para exprimir o que o você tem em mente.

Objetividade na apresentação
Convém selecionar os conteúdos que farão parte do seu texto. Selecione a informação
que você dispõe e apresente só o que for relevante. Elabore um relato lógico, objetivo e, se pos-
sível, retilíneo tanto das observações como do raciocínio. Isto é ainda mais importante em um
artigo, em que a concisão é geralmente desejada pelo periódico e pelo leitor.

Utilização Correta das Regras da Língua


Escrever erradamente pode resultar de ignorância ou de desleixo. Se for por ignorância,
informe-se melhor, consulte dicionários e textos de gramática. Se for por desleixo, o leitor (e
membro da Banca Examinadora) terá todo direito de pensar que o trabalho em si também foi
feito com desleixo. Seja qual for a razão, é um desrespeito ao leitor.

Trabalho Científico
São Teses, Dissertações, Resenhas, Artigos, Memoriais, Projetos de Pesquisa, Relatórios,
Monografias, e Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). Faz-se necessário lembrar que, to-
dos devem ser inéditos, datilografados ou digitados, desde que sejam obedecidas as dimen-
sões, disposições, margens e espaços exigidos pelas Normas Oficiais. Aqui, como já foi dito,
estudaremos a elaboração dos trabalhos acadêmicos, seguindo as normas da ABNT mais atu-
al.
Os trabalhos científicos devem ser elaborados de acordo com normas preestabelecidas e
com os fins a que se destinam, devendo ser inéditos ou originais e contribuírem não só para a

97
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
ampliação de conhecimentos ou a compreensão de certos problemas, mas também servirem
de modelo ou oferecer subsídios para outros trabalhos.
Os trabalhos científicos, originais, devem permitir a outro pesquisador, baseado nas in-
formações dadas:
a) Reproduzir as experiências e obter os resultados descritos, com a mesma precisão e
sem ultrapassar a margem de erro indicada pelo autor;
b) Repetir as observações e julgar as conclusões do autor;
c) Verificar a exatidão das análises e deduções que permitiram ao autor chegar às conclu-
sões.
Aponta-se como trabalhos científicos aqueles que apresentam, concomitantemente, uma
das seguintes características:
a) Observações ou descrições originais de fenômenos naturais, espécies novas, estruturas
e funções e variações, dados ecológicos etc.;
b) Trabalhos experimentais cobrindo os mais variados campos e representando uma das
mais férteis modalidades de investigação, por submeter o fenômeno estudado às con-
dições controladas da experiência;
c) Trabalhos teóricos de análise ou síntese de conhecimentos, levando à produção de
conceitos novos por via indutiva ou dedutiva; apresentação de hipóteses, teorias etc.
Os trabalhos científicos podem ser realizados com base em fontes de informações pri-
márias ou secundárias e elaborados de várias formas, de acordo com a metodologia e com os
objetivos propostos.
Para elaboração de trabalhos científicos, consulte as normas atualizadas da ABNT.

Mas o que é ABNT?

Associação Brasileira de Normas Técnicas – Órgão responsável pela normalização téc-


nica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma
entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização –
ÚNICO – através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992. É membro fundador
da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão Panameri-
cana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização).

Regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): Citações e Referências.


Perante a produção de trabalhos acadêmicos e científicos torna-se necessário uma aten-
ção especial às regras de elaboração de citações e referências, pois, através dessas construções é
que se atestará toda a fundamentação teórica atribuída à pesquisa desenvolvida.

98
ANA PAULA AMORIM
CITAÇÕES EM DOCUMENTOS - NBR 10520
As citações se justificam quando queremos nos referir às ideias de outros autores, a fra-
ses específicas e conclusões de outros autores ou transcrições de documentos ou trabalhos.
Elas podem ser transcrições do texto original ou referências que nem sempre precisam ser
cópias. Segundo Barros e Lehfeld (2007, p.126), “As citações ou transcrições de documentos
bibliográficos servem para fortalecer e apoiar a tese do pesquisador ou para documentar a sua
interpretação”.
A própria natureza da pesquisa pressupõe a inspiração em outras obras, como fun-
damentação teórica, buscando nelas o apoio necessário para abalizar pontos de vista, ela-
borar exemplos e ilustrações. Desta forma, podemos usar citações diretas ou literais ou
textuais ou citações indiretas ou livres (paráfrases).

TIPOS DE CITAÇÕES
1. Citações diretas, literais ou textuais, isto é, quando transcrevemos as palavras de um
texto incorporando-as ao nosso. Podem ser curtas ou longas.
a) Citações diretas curtas, literais curtas ou textuais curtas (com até três linhas)
No caso das citações que possuam até 3 linhas, devemos mantê-las dentro do parágrafo,
entre aspas, incorporadas ao texto. Vejamos o exemplo:
Para Piaget (2001, p. 26), “a escola deve atender às necessidades básicas do aluno [...]”,
considerando o seu contexto social e cultural e a sua experiência cognitiva.
Como a citação possui menos de 3 linhas, deve ser dada continuidade à construção do
parágrafo. Os colchetes com reticências indicam que uma parte do texto foi suprimida, ou
seja, trata-se de sinal de supressão: [...].
b) Citações diretas longas, literais longas ou textuais longas (com mais de três linhas)
Para as citações diretas longas, com mais de 3 linhas, devemos recuar 4 cm à margem
esquerda, não são utilizadas aspas, já que a daremos tratamento de parágrafo, e deve ser usado
o espaçamento entre linha simples (1,0). Vejamos o exemplo:

Essa visão global, que abrange uma realidade mais palpável, busca a supera-
ção da fragmentação do conhecimento pelo resgate do ser humano em sua
totalidade, valorizando suas múltiplas inteligências, estimulando a formação
de um profissional mais ético, democrático e solidário. Esse saber hiperespe-
cializado, tecnicista, vazio de sentido e significado interessa-se por tudo, me-
nos pelo essencial que a vida pode lhe oferecer: o desenvolvimento humano.
Ao descobrir e simplesmente descrever fatos que não pode explicar, o ser
humano projeta-se neste vazio de valores. (SANTOS; ROCHA, 2007, p.39)

99
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
2. Citação indireta ou citação livre (paráfrases), quando retiramos do texto a ideia que
nos interessa e a apresentamos com nossas próprias palavras. A sua indicação não apresenta a
página da qual a ideia foi extraída, já que o texto foi reescrito com nossas palavras. Vejamos o
exemplo:
A escola deve perceber o educando e suas necessidades elementares (PIAGET, 2001),
considerando o seu contexto social e cultural e a sua experiência cognitiva.

CASOS ESPECIAIS
Citar no texto o nome do autor

Piaget (2001), considera que a escola deve atender as necessidades do educando.


Quando o nome do autor é apresentado dentro do parêntese da indicação da referência,
deve ser expresso em caixa alta, ou seja, em letras maiúsculas. Compare os exemplos:

Para Piaget (2001, p. 26), “a escola deve atender às necessidades básicas do aluno”.
“A escola deve atender às necessidades básicas do aluno” (PIAGET, 2001, p. 26)
Citação de Citação (apud)
Aplicamos a citação de citação quando queremos fazer referência a uma ideia à qual não
tivemos acesso direto, mas por intermédio de outro texto, geralmente de outro autor. Ela só
deve ser utilizada diante da impossibilidade do contato com o texto original. Exemplo:

O conhecimento só é conhecimento enquanto organização, relacionado com


as informações e inserido no contexto delas [...] Cada vez mais, a gigantesca
proliferação do conhecimento escapa ao controle humano [...] os conheci-
mentos fragmentados só servem para usos técnicos. Não conseguem conju-
gar-se para alimentar um pensamento capaz de considerar a situação huma-
na no âmago da vida, na terra, no mundo, e de enfrentar os grandes desafios
de nossa época. Não conseguimos integrar nossos conhecimentos para a
condução de nossas vidas. (MORIN, 2002 apud SANTOS; ROCHA, 2007,
p.35)

A expressão do latim “apud” significa “citado por”.

NORMAS PARA ELABORAÇÃO DE REFERÊNCIAS – NBR 6023


As referências devem conter os dados essenciais para a identificação da publicação cita-
da como fundamentação teórica na construção do texto acadêmico ou científico, de acordo
com as normas atuais da ABNT. A relação das referências deve ser organizada em ordem alfa-

100
ANA PAULA AMORIM
bética considerando o último sobrenome da autoria. As referências devem ser alinhadas à es-
querda e não devem apresentar recuo na entrada de parágrafos.
Apresentamos, a seguir, algumas das principais e mais utilizadas construções de referên-
cias. Complementarmente, vale à pena consultar a norma original (NBR 6023) elaborada pela
ABNT.
ELABORAÇÃO DE REFERÊNCIAS

NORMAS PARA NOME DO AUTOR:

Norma Geral:
SOBRENOME, Nome.
Sobrenomes Compostos:
SOBRENOME COMPOSTO, Nome.
Sobrenomes de Parentesco:
SOBRENOME NETO ou FILHO, Nome.
Sobrenome com partículas:
SOBRENOME, Nome de, da, dos.
Até três autores:
SOBRENOME, Nome; SOBRENOME, Nome; SOBRENOME, Nome.
Mais de três autores:
SOBRENOME, Nome et al. (Lê-se o nome do autor, “e colaboradores”.

Sem autor:
A entrada deve ser feita pelo título
Entidades coletivas:
NOME de associações, institutos e entidades.

NORMAS PARA A ELABORAÇÃO DA REFERÊNCIA COMPLETA:

1. Referências de livros
SOBRENOME, Nome. Nome do livro. Edição. Local: Editora, Ano.
Exemplo: GOMES, Antônio Marcos. Novela e sociedade no Brasil. 2.ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1998.

101
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
2. Capítulo de Livro (autor diferente do organizador do livro)
SOBRENOME, Nome do autor do capítulo. Título do capítulo. In: SOBRENOME, No-
me do autor do livro. Nome do livro. Local: Editora, Ano. p. XX-XX.
Exemplo: SANTOS, Airá Manuel Santana dos; ROCHA, Nívea Maria Fraga. Interdisci-
plinaridade no ensino superior: desafios da construção do conhecimento. In: ROCHA, Nívea
Maria Fraga; PASSOS, Elizete Silva (Orgs.). Educação, Desenvolvimento Humano e Respon-
sabilidade Social: fazendo recortes na multidisciplinaridade. v. 02. Salvador: Fast Design,
2007, p. 33-57.
3. Capítulo de Livro (Autor é também o organizador do livro)
SOBRENOME, Nome. Título do capítulo. In:______. Nome do livro. Local: Editora,
Ano. p. XX-XX.
Exemplo: SANTOS, F. S. dos. A colonização da terra dos Tucujús. In:_____. História do
Amapá. 2.ed. Macapá: Valcan, 1994, p. 15-24.

IMPORTANTE
O título da obra deve estar sempre destacado em negrito, itálico ou sublinhado. Mas
atenção! Só podemos utilizar uma OU outra forma, nunca duas ou três ao mesmo tempo!
Negrito ou Itálico para textos digitados; Sublinhado para textos manuscritos.

4. Periódico como um todo (referência de toda a coleção)


NOME DO PERIÓDICO. Local: Editora, datas de início e de encerramento da publica-
ção, se houver.
Exemplo: BOLETIM GEOGRÁFICO. Rio de Janeiro: IBGE, 1943-1978.
5. Partes de revista, boletim etc.
NOME DA PUBLICAÇÃO. Local: Editora, numeração do ano e/ou volume, numeração
do fascículo, informações de períodos e datas de publicação.
Exemplo: DINHEIRO: revista semanal de negócios. São Paulo: Três, n. 48, 28 jun. 2000.
6. Artigo ou matéria de revista, boletim etc.
SOBRENOME, Nome. Título do artigo ou matéria. Nome da revista, Local, volume
e/ou ano, número, p. XX-XX, Mês/Ano.
Exemplo: GURGEL, C. Reforma do estado e segurança pública. Política e administra-
ção, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2, p. 15-21, set. 1997.
7. Artigo e/ou matéria de jornal

102
ANA PAULA AMORIM
SOBRENOME, Nome. Título do artigo. Nome do jornal, Local, Data. Seção, caderno ou
parte do jornal, p. X.
Exemplo: NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de São Paulo, São Pau-
lo, 28 jun. 1999. Folha Turismo, caderno 8, p. 13.
8. Material eletrônico
8.1 Texto obtido ou consultado no WWW
SOBRENOME, Nome. Título da obra. Disponível em:
<http://www.sitedeconsulta.com.br>. Acesso em: 00 mês abreviado. 0000.
Exemplo: ALVES, Castro. Navio negreiro. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/>.
Acesso em: 04 abr. 2005.

8.2 Texto capturado via FTP


AUTOR. Título da obra. (online) Disponível na Internet via FTP. URL: endereço do
computador. Diretório: diretório e subdiretório. Arquivo: nome do arquivo. Data.
8.3 Texto obtido via correio eletrônico
AUTOR. Título da obra. (online) Disponível na Internet via correio eletrônico: endere-
ço. Mensagem: título da mensagem. Data.
8.4 Mensagem recebida de lista de discussão:
AUTOR. Assunto. (online) Disponível na Internet. Mensagem recebida da lista (nome
da lista) administrada pelo servidor computador@subdomínio. domínio. Data.
8.5 Mensagem pessoal
AUTOR. Assunto. (online). Mensagem pessoal enviada para o autor. Data.
8.6 Artigo contido em periódico eletrônico
SOBRENOME, Nome. Título do artigo. Nome do periódico. (online) Disponível na In-
ternet via correio eletrônico: endereço. Nome de responsável. Volume, Número. Data.

IMPORTANTE
A abreviação dos meses do ano, como toda outra abreviação, deve preceder de um
ponto indicativo da abreviação. No caso dos meses do ano, abrevia-se a partir das três le-
tras iniciais, exceto para o mês de maio, por possuir apenas quatro letras. Vejamos:
jan.; fev.; mar.; abr.; maio; jun.; jul.; ago.; set.; out.; nov.; dez. (Ex: 22 dez. 2015)

103
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
9. Imagem em movimento
TÍTULO de filme, videocassete ou DVD. Nome do diretor e/ou produtor. Local: Produ-
tora, data.
Exemplo: OS PERIGOS DO USO DE TÓXICOS. Produção de Jorge Ramos de Andrade.
São Paulo: CEVARI, 1983.
10. Tese:
SOBRENOME, Nome. Título da tese. Local, Ano. XXp. Tese (Mestrado ou Doutorado)
– Nome da Instituição de Ensino.
11. Trabalho de evento:
SOBRENOME, Nome. Título do trabalho. In: NOME DO EVENTO, Ano do evento,
Local do evento. Anais. Local edição: Instituição/Editora, Ano publicação. P.XX..
12. Casos especiais:
I) Enciclopédias, publicações de congressos etc.:
TÍTULO. Local: Editora, Ano.
II) Teses não publicadas:
SOBRENOME, Nome. Título da tese. Local, Ano, XXp. Tese (Dissertação ou monogra-
fia) – Nome da Instituição de Ensino.

2.1.2
CONTEÚDO 2.
METODOLOGIA E ESTRUTURA DOS TRABALHOS ACADÊMICOS I:
RESENHA, ARTIGO CIENTÍFICO E MEMORIAL
Resenha
A Resenha é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo,
na crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista.
• É um tipo de trabalho que exige conhecimento do assunto, para estabelecer compa-
ração com outras obras da mesma área e maturidade intelectual para fazer avaliação e
emitir juízo de valor. (ANDRADE, 1995);
• Tipo de resumo crítico, contudo mais abrangente: permite comentários e opiniões,
inclui julgamentos de valor, comparações com outras obras da mesma área e avalia-
ção da relevância da obra com relação às outras do mesmo gênero. (ANDRADE,
1995).

Elementos da Resenha
• Reais: reunião e acontecimentos em geral;

104
ANA PAULA AMORIM
• Textuais: livros, peças teatrais, texto, filme e etc.

Tipos de Resenha
• Descritiva: Trabalho com a estrutura da obra, resumo da obra, a perspectiva teórica,
o método dotado etc;
• Crítica: possui todos os elementos da descritiva, além da apreciação (comentário e
julgamento)

Aspectos Gerais da Resenha


• Desenvolve a capacidade de síntese, interpretação e crítica;
• Utiliza-se a linguagem na terceira pessoa;
• Conduz o leitor para informações puras;
• Resenha é diferente de Resumo. Ela admite juízo valorativo, comentários, crítica,
enquanto o resumo, pode abolir tais elementos.

Em algumas revistas estão elaboradas boas resenhas de livros e filmes. Vale a pena veri-
ficar.
Estrutura da Resenha Crítica
a) Referência Bibliográfica:
• Autor. Título da obra. Local da edição, Editora, Data. Número de páginas.

b) Credenciais do autor:
• Informações sobre o autor, nacionalidade, formação universitária, títulos, cargos
exercidos e obras publicadas.

c) Resumo da obra (digesto):


• Resumo das principais ideias expressas pelo autor;
• Descrição sintetizada do conteúdo dos capítulos ou partes em que se divide a obra.

d) Conclusões da autoria:
• Indica os resultados obtidos pelo autor
• Quais as conclusões que o autor chegou?

e) Crítica do resenhista (apreciação da obra):


• É o momento de posição pessoal do resenhista:
• Qual a contribuição da obra?
• Como é o estilo do autor: conciso, objetivo, simples? Idealista? Realista?

f) Indicações do resenhista:
• A quem é dirigida a resenha (estudantes, especialistas, leitores em gerais)

105
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
• Fornece subsídios para o estudo de que disciplina(s)?
• Pode ser adotado(a) em que tipo de curso?

Artigo Científico
Os artigos científicos são pequenos estudos, porém completos, que tratam de uma ques-
tão verdadeiramente científica, mas que não se constituem em matéria de um livro. Apresen-
tam o resultado de estudos ou pesquisas e distinguem-se dos diferentes tipos de trabalhos ci-
entíficos pela sua reduzida dimensão e conteúdo. São publicados em revistas ou periódicos
especializados e formam a seção principal deles.
Concluído um trabalho de pesquisa - documental, bibliográfica ou de campo - para que
os resultados sejam conhecidos, faz-se necessário sua publicação. Esse tipo de trabalho pro-
porciona não só a ampliação de conhecimentos como também a compreensão de certas ques-
tões. Os artigos científicos, por serem completos, permitem ao leitor, mediante a descrição da
metodologia empregada, do processamento utilizado e resultados obtidos, repetir a experiên-
cia.

O artigo é a apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos resultados de in-


vestigações ou estudos realizados a respeito de uma questão.

O objetivo fundamental de um artigo é o de ser um meio rápido e sucinto de divulgar e


tornar conhecidos, através de sua publicação em periódicos especializados, a dúvida investi-
gada, o referencial teórico utilizado (as teorias que serviram de base para orientar a pesquisa),
a metodologia empregada, os resultados alcançados e as principais dificuldades encontradas
no processo de investigação ou na análise de uma questão.
Os problemas abordados nos artigos podem ser os mais diversos: podem fazer parte
quer de questões que historicamente são polemizadas, quer de problemas teóricos ou práticos
novos.
Quanto à análise de conteúdo, os artigos estão divididos nos seguintes tipos:

106
ANA PAULA AMORIM
FIGURA 40 – TIPOS DE ARTIGOS
FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA.
É necessário conter em um artigo:
• Título
• Autores (caso tenha mais de um autor, colocar em ordem alfabética)
• Resumo
• Texto geral
• Referências das obras citadas no texto.

O artigo é uma pequena parcela de um saber maior, cuja finalidade, de um modo geral, é
tornar pública parte de um trabalho de pesquisa que se está realizando. São pequenos estudos,
porém completos, que tratam de uma questão verdadeiramente científica, mas que não se
constituem em matéria para um livro.
Deve-se avaliar também a metodologia, as conclusões e a parte referencial, e verificar se
a contribuição tem realmente algum valor.

Para elaboração de artigos, seguir as normas da ABNT:

1. Tamanho da fonte:
1.1 No título do artigo (em letras maiúsculas) = 12;
1.2 No nome do(s) autor(es) = 10;
1.3 Na titulação (nota de rodapé) 10;
1.4 No resumo = 10;
1.5 Nas palavras-chave = 12;
1.6 Na redação do texto (introdução, desenvolvimento e conclusão) = 12;
1.7 Nas citações longas = 10
1.8 Nas referências = 12.

2. Citação:

107
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
2.1 Destacar a fonte em negrito itálico, quando citação breve de até três linhas no
mesmo parágrafo;
2.2 Utilizar um recuo maior do parágrafo, quando citação longa, com tamanho da
fonte 10, aplicar espaço simples no parágrafo (não é necessário negrito nem itálico) no pa-
rágrafo;
2.3 Atentar para NBR 10520/2002;
2.4 Apor o sobrenome do autor, ano da publicação da obra e número da página.

Título do Artigo (Modelo de estrutura)


(por o nome do tema abordado; centralizado em letras maiúsculas; fonte 12)

Resumo: elaborar um resumo para convidar o leitor para a leitura do artigo, um pará-
grafo estruturado com uma média de dez linhas, sobre o tema indicando todas as etapas
do estudo desenvolvido com espaço entre linha simples; fonte 10; com parágrafo justifica-
do.

Palavras-chave: escolher entre três e cinco palavras importantes sobre o tema que foi
desenvolvido, e colocar como palavras-chave do artigo (fonte 12; espaço entre linhas 1,5;
parágrafo justificado).

Iniciar a redação sobre o tema com estruturação de parágrafos, introdução, desenvol-


vimento e conclusão de forma clara e ortograficamente correta. (Tamanho da fonte 12;
espaço entre linhas 1,5; parágrafos justificados).

Indicar as Referências em ordem alfabética, conforme modelos e adaptação da NBR


6023/2002.

Memorial

Trata-se de uma autobiografia que descreve, analisa e crítica acontecimentos sobre a tra-
jetória acadêmico-profissional e intelectual do autor, avaliando cada etapa da sua experiência.
Deve incluir todas as fases do autor, enfatizando-se as fases mais significativas e importantes.
Deve-se destacar as experiências mais relevantes, fazendo-se um comparativo entre a vida
profissional e a vida pessoal, evidenciando-se as influências de uma para com a outra, e vice-
versa.
O memorial deve ser iniciado com uma breve introdução, evidenciando a finalidade da
elaboração do mesmo. Deve-se incluir em sua estrutura informações significativas como for-

108
ANA PAULA AMORIM
mação do autor, atividades tecno-científicas e artístico-culturais importantes, produções cien-
tíficas, dentre outras. O texto do memorial deve ser escrito na primeira pessoa do singular.

Estrutura de um Memorial
a) Capa e folha de rosto* – devem conter identificativos acerca da autoria do trabalho;
b) Sumário – deve vir logo depois da folha de rosto;
c) Corpo do memorial – apresenta-se de forma narrativa. Deve-se inserir comentários
sobre as diversas etapas da vida pessoal, acadêmica e profissional do autor. As folhas
devem vir numeradas com algarismos arábicos.

*Vale verificarmos um modelo de estrutura de capa e folha de rosto adotado por diver-
sos autores e instituições, já que não existem regras rígidas específicas para ambas:

Estrutura da Capa:
Nome da instituição;
Nome do curso;
Nome do(a)(s) autor(a)(es);
Título; Subtítulo (se houver, pois nem todo título possui um subtítulo);
Local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;
Ano da entrega.

FIGURA 41 – ESTRUTURA DE CAPA


FONTE: ADAPTADO DE SANTOS (2016, p.63)
Estrutura da Folha de Rosto:
Nome do(a)(s) autor(a)(es);
Título; Subtítulo (se houver, pois nem todo título possui um subtítulo);
Natureza do trabalho (descrição);
Nome do orientador e, se houver, co-orientador;
Local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;

109
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Ano da entrega.

FIGURA 42 – ESTRUTURA DE FOLHA DE ROSTO


FONTE: ADAPTADO DE SANTOS (2016, p.64)

A ABNT já apresenta sugestão de utilização de fonte 12 para os dados apresentados na


capa e na folha de rosto. Entretanto, a disposição estética proveniente da utilização de fonte 12
a 16 gera uma visualização esteticamente agradável aos olhos, o que nos permite a utilização
de tamanho de fonte que melhor nos convier.

Apresentação Gráfica de um Memorial (formatação)


a) Formato do papel – recomenda-se a utilização de papel A4 (210x297mm);
b) Digitação – margens: superior, inferior e esquerda = 3cm e inferior = 2cm;
c) Entrelinhamento do texto – 1,5 linha;
d) Fonte e tamanho da letra –Times New Roman ou Arial 12;
e) Paginação – Numerar as páginas com algarismos romanos minúsculos no centro infe-
rior, sendo que a capa e a folha de rosto não são contadas e não recebem número. As
folhas textuais são numeradas com algarismos arábicos, no canto superior direito, ou
centralizados ao pé da folha. A primeira folha de texto é contada, mas não numerada.

Fiquem bem atentos na elaboração do memorial, pois ele será muito presente na sua
caminhada acadêmica. Ele será exigido para ingressar em alguns cursos de pós-graduação
Lato e Stricto Sensu.

110
ANA PAULA AMORIM
A construção do conhecimento deve caminhar como em uma espiral: vai e volta, mas
nunca para o mesmo ponto, há sempre um avanço.
Por exemplo, um pesquisador nos Estados Unidos descobre que a inteligência se forma
até os quatro anos de idade. Será que no Brasil também é assim? E no Japão? Para chegar à
conclusão, será preciso conhecer o procedimento usado pelo pesquisador americano e aplicar
no Brasil e no Japão. Pode ser que outros fatores culturais no Brasil e no Japão interfiram na
formação da inteligência humana e sua formação possa ser retardada no Japão e acelerada no
Brasil. Mas, também, se descubra que o fato de acontecer em idade mais avançada possa se dar
de melhor qualidade.
Enfim, com isso, queremos mostrar que pesquisas podem e devem ser replicadas. Se isto
for indicado no trabalho, não há problema. O que se combate é a falta de ética envolvida em se
copiar trabalhos e apresentá-los como originais, ou seja, o acometimento do PLÁGIO.

Para entender melhor o que é PLÁGIO, leia os seguintes textos:


- Cartilha sobre plágio acadêmico
<http://www.noticias.uff.br/arquivos/cartilha-sobre-plagio-academico.pdf>.
- Educação, escrita e combate ao plágio
<http://www.alab.org.br/pt/noticias/destaque/158-educacao-escrita-e-combate-ao-
plagio>.

2.1.3
CONTEÚDO 3.
METODOLOGIA E ESTRUTURA DOS TRABALHOS ACADÊMICOS II:
SEMINÁRIO, PAINEL E MESA REDONDA

Agora que já sabemos como elaborar trabalhos científicos com a linguagem escrita, va-
mos passar para os trabalhos que usam a oralidade como meio de divulgação de suas pesqui-
sas.
Também conhecidos como eventos acadêmicos, suas propostas levam o caráter educati-
vo, esportivo, cultural, social, científico, artístico ou tecnológico, sem necessariamente possuir
o caráter de continuidade. São desenvolvidas de forma planejada com objetivos e períodos de
curto prazo.

111
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Seminário
O seminário é uma técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate, consti-
tuindo-se numa das técnicas mais eficientes de aprendizagem, quando convenientemente ela-
borado e apresentado.
A pesquisa, especialmente a bibliográfica, é o primeiro passo, requisito indispensável na
elaboração do Seminário.
A pesquisa leva à discussão do material pesquisado, mas, para que os objetivos sejam al-
cançados, não se pode dispensar o debate.
As finalidades gerais da técnica de Seminário basicamente são duas:

FIGURA 43 – FINALIDADES DO SEMINÁRIO


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA.

Objetivos dos Seminários


As finalidades gerais da técnica de Seminário basicamente são duas: aprofundar o estu-
do a respeito de determinado assunto; desenvolver a capacidade de pesquisa, de análise siste-
mática dos fatos, através do raciocínio, da reflexão, preparando o aluno para a elaboração cla-
ra e objetiva dos trabalhos científicos.
O Seminário possibilita ensinar pesquisando; revelar tendências e aptidões para a pes-
quisa; ensinar a utilização de instrumentos lógicos de trabalho intelectual; ensinar a coletar
material para análise e interpretação e crítica de trabalhos mais avançados; ensinar a trabalhar
em grupo e desenvolver o sentimento de comunidade intelectual entre os educandos e profes-
sores; ensinar a sistematizar fatos observados e a refletir sobre eles; levar a assumir atitude de
honestidade e exatidão nos trabalhos.

112
ANA PAULA AMORIM
Enquanto técnica de estudos, o Seminário é excelente para cursos ou parte de cursos,
onde o estudo for baseado em textos ou dividido em temas, permitindo uma abordagem
interdisciplinar e o exercício do espírito crítico.

Componentes de um Seminário

• Coordenador - geralmente o professor, pode eventualmente orientar as pesquisas,


geralmente preside e coordena a apresentação dos seminários. Antes de realizá-los,
pode introduzir o assunto geral do qual é possível que derivem vários subtemas, fa-
zendo ao final da apresentação complementações;
• Organizador - figura que surge apenas quando o seminário é grupal, e as tarefas são
divididas entre seus integrantes. Faz parte de suas atribuições marcar as reuniões
prévias, coordenar as pesquisas e o material e, de preferência, designar os trabalhos a
cada componente.
• Relator ou Relatores - é aquele que expõe os resultados dos estudos; pode ser um só
elemento, vários ou todos do grupo, cada um apresentando uma parte. Apesar da fi-
gura do relator, se o seminário é grupal e não individual, a responsabilidade pelo seu
êxito cabe a todos os elementos. Em seminários individuais o relator é o responsável
único pela preparação, pesquisa e apresentação.
• Comentador - pode ser um só estudante ou um grupo diferente do responsável pelo
seminário. Só aparece quando se deseja um aprofundamento crítico dos trabalhos e é
escolhido pelo professor. Deve estudar com antecedência o tema a ser apresentado
com o intuito de fazer críticas adequadas à exposição, antes da discussão e debate dos
demais participantes da classe.
• Debatedores - correspondem a todos os alunos da classe. Depois da exposição e da
crítica do comentador (se houver), devem participar fazendo perguntas, pedindo es-
clarecimentos, colocando objeções, reforçando argumentos ou dando alguma contri-
buição.

Estrutura de um Seminário

Lembrando que o Seminário não deve ser um mero resumo ou síntese, mas expressar o
que foi aprendido, aquilo que se presta à aprendizagem ou se apresenta como apontamento
didático para a consulta. Sua estrutura abrange:

• Introdução - breve exposição do tema central, objetivos e tópicos a serem apresen-


tados. Deve-se primar pela objetividade e concisão;
• Conteúdo - apresentação das partes numa sequência organizada, envolvendo expli-
cação, discussão e demonstração. Deve-se evitar a reprodução dos títulos e subtítulos
das obras consultadas, a transcrição só deve ser feita quando absolutamente necessá-
ria. Não se deter em pormenores, a linguagem deve ser objetiva e concisa;

113
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
• Conclusão - síntese de toda reflexão, com as contribuições do grupo para o tema.
Interpretação pessoal através de linguagem objetiva e concisa;
• Bibliografia - incluindo todas as obras e documentos utilizados, além de especificar
as qualidades dos especialistas consultados.

As etapas de um seminário, de modo geral, são as seguintes:


1. O coordenador propõe determinado estudo, indica a bibliografia mínima, forma os
grupos de seminário, escolhe o comentador e o secretário;
2. Formado o grupo, este escolhe o organizador, decide se haverá um ou mais relatores,
divide as tarefas, inicia o trabalho de pesquisa, de procura de informações, através de
bibliografia, documentos, entrevistas com especialistas, observações etc. Depois reú-
ne-se diversas vezes, sob a coordenação do organizador, para discutir o material cole-
tado, confrontar pontos de vista, formular conclusões e organizar os dados disponí-
veis.

Normas para Apresentação de um Seminário


A apresentação escrita de um Seminário segue normas gerais da apresentação dos traba-
lhos de graduação. Quanto à apresentação oral, compreende os seguintes aspectos:
a) Domínio do assunto (por todos os componentes do grupo);
b) Clareza nos conceitos expostos;
c) Seleção qualitativa e quantitativa do material coletado;
d) Adequação da extensão do relato ao tempo disponível;
e) Encadeamento das partes (sequência discursiva).

Painel
O Painel é uma reunião de vários alunos interessados acerca de um tema e que vão ex-
por suas ideias sobre determinado assunto, diante dos demais colegas, de maneira informal e
dialogada, em tom de conversa, de troca de ideias, mesmo que exponham posições diversas e
apreciem perspectivas diferentes.
Tem por objetivo proporcionar o conhecimento mais aprofundado de um tema, através
da discussão informal que implica a participação mais ativa dos presentes, que não se limitam
a ouvir as exposições. A discussão do assunto entre os expositores, diante do auditório, induz
o ouvinte à participação espontânea, por meio de perguntas e respostas dirigidas aos compo-
nentes do painel.

114
ANA PAULA AMORIM
O tom da conversa informal não dispensa a participação de um coordenador, que elabo-
ra um roteiro, de acordo com os componentes, cujo número vai de três a seis. Sua duração
mais adequada é de 50 a 90 minutos, a depender do número de participantes.

O Painel pode ser:


a) De interrogação, onde cada um dos participantes buscará responder algumas questões
básicas indicadas pelo professor consideradas centrais ao tema;
b) De debate, onde os participantes, além de expressar seu pensamento, questionaram o
pensamento e sentimento dos demais, que preferencialmente devem ter posições dife-
rentes.

Condução de um Painel
Exige do coordenador, além do domínio do assunto, grande habilidade para produzir as
discussões que não devem gerar polêmicas.
As atribuições do coordenador são as seguintes:
a) Abrir a sessão e apresentar os componentes do painel;
b) Levar os componentes a apresentarem os esclarecimentos que os presentes esperam
ouvir;
c) Propiciar as condições materiais necessárias ao desenvolvimento dos trabalhos, inclu-
sive os solicitados pelos convidados;
d) Distribuir os painelistas ä mesa de forma que fiquem em posição oposto aos que tive-
ram opiniões divergentes;
e) Intervir na discussão, quando necessário, a fim de:
• Pedir esclarecimento de pontos que deixaram dúvidas;
• Encerrar assuntos e iniciar outros, não permitindo que se voltem a discutir temas já
debatidos;
• Evitar a dispersão, comprometendo a obtenção dos resultados pretendidos;

f) Mesmo sem expor seu ponto de vista, propor questões para discussão entre os compo-
nentes;
g) Levar a plateia ä participação organizada, através de perguntas pertinentes;
h) Fazer uma síntese dos trabalhos;
i) Agradecer aos componentes e encerrar a sessão.

Mesa Redonda
Trata-se da apresentação de pontos de vistas ou análises diferentes ou mesmo divergen-
tes, fundamentados sobre um tema específico, seguido de sessão de perguntas e debates. En-
volve apresentação de pontos de vista sobre um mesmo tema. Cada mesa poderá ser composta

115
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
por no mínimo, dois profissionais e no máximo seis, tendo em média um total de 2 horas e
meia, sendo esse tempo dividido entre os que compõem a mesa.

2.1.4
CONTEÚDO 4.
METODOLOGIA E ESTRUTURA DOS TRABALHOS ACADÊMICOS III:
ESTUDO DE CASO, PALESTRA E CONFERÊNCIA.

Estudo de Caso
A técnica do estudo de caso no processo de aprendizagem parte do pressuposto de que
aprendizagem é fundamentalmente preparar-se para resolver situações ou problemas não ha-
bituais, fazendo uso para tanto do pensamento reflexivo na busca de uma solução satisfatória.
Pode ser aplicado de modo individual, acentuando-se os traços de solução do problema
e decisão pessoal, quando grupal, a solução de caso, requer que cada participante do grupo
tenha clara compreensão da questão, além de conhecimentos e argumentos que permitam
convencer os demais membros, na busca de uma solução comum ou aceita por todos. Esta ca-
pacidade de convencimento deve ser desenvolvida, pois será fundamental na vida profissional.
Se você já é professor ou aluno, faça da sua sala de aula o objeto a ser observado. Perceba
que existem vários pontos interessantes que precisam ser estudados. A sala de aula será o obje-
to usado na pesquisa do Estudo de Caso.

DISSERTAÇÃO – Documento resultante de uma pesquisa científica sobre um tema,


tratado de forma aprofundada e extensa, contendo ampla discussão dos fundamentos e
dos dados coletados. Usando na pós-graduação stricto sensu (curso de mestrado).
TESE - Documento resultante de uma pesquisa científica sobre um tema, inédito, tra-
tado de forma aprofundada, contendo ampla discussão dos fundamentos e dos dados cole-
tados. Usado para obtenção do grau de doutor.
COMUNICAÇÃO (PAPER) – Texto dissertativo sobre um tema, de pequena exten-
são (em torno de 10 laudas), usando para publicação em revistas especializadas. Deve con-
ter introdução, desenvolvimento e conclusão.
ENSAIO – Texto com a estrutura de um artigo que busca expressar a visão ou impres-
sões pessoais do autor sobre um tema, de forma aprofundada.

116
ANA PAULA AMORIM
O estudo de caso estimula a tomada de decisão ou escolha, haja vista que, sempre haverá
mais de uma solução adequada para um problema, e que cada indivíduo poderá propor uma
das diferentes alternativas. Buscar, ainda assim, a unidade na ação.
Quando aplicado em grupo, faz-se necessário a escolha de um coordenador que deverá
volver-se com a tarefa e contribuir para que o grupo efetivamente trabalhe de modo conjunto
e articulado, buscando considerar a contribuição dos membros, de maneira que todos venham
a contribuir com suas percepções e intuições, evitando que um membro venha a prevalecer
sobre os demais participantes.

Etapas Básicas do Estudo de Caso


O Estudo de Caso envolve algumas etapas básicas na solução do problema, que podem
ser apontados como:
a) Leitura cuidadosa do caso: o caso, habitualmente tem nexos com situações do cotidi-
ano das pessoas, incluindo fatos e opiniões congruentes ou divergentes, que podem es-
conder ou distorcer fatos que realmente ocorreram;
b) Identificação dos fatos: deve-se reunir os principais elementos contidos no caso, de
modo sistematizado por escrito, dos elementos objetivos, assim como dos elementos
subjetivos, podendo já considerar as opiniões, sentimentos, intuições;
c) Avaliação dos fatos: em função da relevância dos fatos reunidos, separe-os deixando
de lado, aqueles que não tem importância para o caso. Por isso, importa indicar os fa-
tos de maior e menor importância, através de alguma indicação ou sinalização;
d) Identificação do problema: parte mais delicada do caso, e que pressupõe a clara com-
preensão do caso e do elemento central do mesmo, o problema, além claro, dos seus
possíveis desdobramentos.
e) Identificação das alternativas de solução para o problema: não se preocupe em en-
contrar de imediato uma solução, mas, nesse momento, diversas soluções sempre em-
basadas em fatos, relatando todas as alternativas e seus desdobramentos no presente e
no futuro;
f) Escolha da alternativa mais adequada: pressupõe a escolha de uma das alternativas
que melhor se aplique a situação, verificando se é claro para você as razões de tal esco-
lha, que o nível de argumentos objetivos, como de elementos subjetivos, a exemplo de
sentimentos, intuições;
g) Implementação: aponte com base nos elementos envolvidos, uma proposta para im-
plementação da alternativa escolhida;
h) Respeite suas percepções e sentimentos: não se deixe levar por preconceitos, juízo de
valor, ousando construir algo baseado no seu sentimento para com o caso trabalhado.

Palestra

117
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
A palestra é uma atividade pedagógica centrada em exposição oral acerca de um tema
ou assunto. Objetiva suscitar, motivar, esclarecer e divulgar, em linhas gerais, a experiência e o
trabalho desenvolvido pelo palestrante acerca de um dado tema ou assunto.
A palestra caracteriza-se enquanto atividade onde o palestrante desenvolve de modo
metódico e estruturado o tema ou assunto, sem aprofundar-se, ainda que de modo esclarece-
dor e contributivo para a sua audiência, evidenciando a relevância de tais estudos e/ou experi-
ências.
A duração considerada adequada para uma palestra e esclarecimento de possíveis inda-
gações é de 1h30 (uma hora e trinta minutos), que poderão ser dirigidas durante ou ao final da
palestra, como melhor convier ao palestrante.

Conferência
Conferência é uma exposição científica, oral, acerca de um determinado tema, realizada
por especialista, de modo simples e direto, permitindo ao público compreender e assimilar
melhor o que está sendo exposto. Ao término da conferência, o conferencista poderá facultar
aos participantes a formulação de indagações sobre os pontos que o desejam esclarecer.
A duração considerada adequada para a conferência deve ser de 01h (uma hora), em razão
de indagações dirigidas pela plateia ao conferencista. Considera-se 30min (trinta minutos) um
tempo ideal para exposição, pois o alongar da mesma torna-a cansativa, com perda de interesse.
Já vimos que lidaremos constantemente com o conhecimento nessa disciplina e em to-
das as outras ao longo do nosso Curso. Por isso, tenho certeza que você já tem conhecimento
suficiente para aprofundarmos um pouco mais os nossos conteúdos.
Iniciaremos agora o estudo acerca da pesquisa científica, sua importância para a desco-
berta de novos acontecimentos e novos fatos. Iremos abordar também como elaborar um pro-
jeto de pesquisa, buscando capacitá-lo nesta jornada rumo ao seu trabalho de conclusão.
Bom estudo!

118
ANA PAULA AMORIM
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Questões do ENADE

QUESTÃO 01
A formatação de um artigo científico pode ter variações de acordo com o periódico em
que será publicado, porém todo artigo científico possui uma estrutura básica. Relacione os
principais elementos de um artigo científico.

QUESTÃO 02
A apresentação formal de trabalhos científicos e acadêmicos é regida por normas que
são estabelecidas e publicadas por Instituições como a Associação Brasileira de Normas Téc-
nicas (ABNT).
Sobre estas normas de padronização analise as afirmativas abaixo:
I. Buscam estabelecer critérios para a realização da pesquisa.
II. Criam um padrão que delimita os elementos de texto e sua distribuição no trabalho.
III. Apresentam critério para análise da qualidade de resultados.
Assinale a alternativa correta onde I, II e III são respectivamente:
a) V; V; V
b) F; F; F
c) F; F; V
d) F; V; F
e) V; V; F

QUESTÃO 03
Sobre os elementos textuais de um trabalho acadêmico escolha a alternativa correta:
a) A justificativa é construída somente por meio de citações de outras obras sobre o
mesmo tema do trabalho.
b) A fundamentação teórica traz conceitos de outros autores sobre o tema do trabalho, os
quais são apresentados na forma de citações.
c) A apresentação dos objetivos é opcional e o autor ainda pode escolher entre apresen-
tar o geral ou os específicos.
d) Na metodologia o autor apresenta os resultados do trabalho.
e) A conclusão é o elemento mais extenso num trabalho acadêmico, pois apresenta o re-
sultado do trabalho.

119
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
QUESTÃO 04
Considerando as características dos principais trabalhos acadêmicos, indique, dentre as
alternativas abaixo, qual a que fornece a definição correta do conceito de monografia.
a) É um trabalho científico voltado para um único assunto estudado, um único problema
durante o curso universitário.
b) Consiste na apresentação das ideias de um autor, podendo ou não ser seguida de um
comentário pessoal.
c) É um meio de produção de novos conhecimentos capazes de oferecer suporte às análi-
ses e reflexões sobre os problemas sociais que ainda estão presentes no cotidiano.
d) Caracteriza-se por divulgar ao público intelectual ou especializado no assunto uma no-
va ideia ou atualização de estudos já feitos.
e) Possui, como parte de sua estrutura, o item “resumo das ideias contidas na obra” (no
caso de ser um livro, pode-se seguir os capítulos).

QUESTÃO 05
Na organização dos trabalhos acadêmicos, o aluno universitário deve ser capaz de dife-
renciar entre esquema, resumo e resenha. Então, abaixo, estabeleça a correlação correta.

1. Esquema ( ) Apresentação concisa e frequentemente seletiva do texto.


( ) Pode ser crítica.
2. Resumo ( ) Ideias ordenadas logicamente em uma estrutura global.
( ) Destaca os elementos de maior interesse e importância.
3. Resenha ( ) Pode ser informativa.
( ) Corresponde a uma síntese das principais ideias.

Assinale a alternativa com a sequência correta:


a) 2,3,1,3,2,1
b) 2,3,1,2,3,1
c) 3,2,3,2,1,1
d) 3,2,1,2,3,1
e) 1,2,3,1,2,3

120
ANA PAULA AMORIM
CONSTRUINDO CONHECIMENTO
(In)formação
A internet é uma excelente fonte de busca. Temos algumas fontes, como o Google Aca-
dêmico, Scielo, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, Prossiga, Portal Brasileiro de Infor-
mação Científica (CAPES) e outras. Existem ainda bibliotecas estrangeiras para quem domina
outra língua.
Cabe lembrar que todo material que fizer parte do seu trabalho deverá estar com as in-
formações corretas para ser citado: o material sem referência não poderá ser citado. Se você
tem o texto de um livro e desconhece sua fonte (nome do livro, autor etc.) não poderá fazer
uso dele.

121
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
2.2
TEMA 4.
A PESQUISA CIENTÍFICA E SUAS FASES
A pesquisa é um procedimento reflexivo e crítico de busca de respostas para problemas
ainda não solucionados. O seu planejamento e execução fazem parte de um processo sistema-
tizado que compreende etapas que serão detalhadas neste tema.
Você verá ao longo do nosso estudo que a pesquisa científica, para ser bem estruturada,
parte de três pré-requisitos básicos: 1) conhecer bem o assunto a ser pesquisado; 2) ter acesso
e determinar a amostra; e 3) depender o mínimo possível de terceiros para realizar a pesquisa.
Devemos também gostar do método científico e nos empolgar com o aprendizado que pode-
remos ter durante esse processo.
A realização da pesquisa científica e a posterior publicação dos seus resultados começam
com a ideia que podemos ter a partir da pergunta de pesquisa que queremos responder.
A pesquisa cientifica objetiva fundamentalmente contribuir para a evolução do conhe-
cimento humano e sua realização deve ser objeto de investigação planejada, desenvolvida e
redigida conforme normas metodológicas consagradas pela ciência. Os trabalhos de gradua-
ção e de pós-graduação, para serem considerados pesquisas científicas, devem produzir ciên-
cia, ou dela derivar, ou acompanhar seu modelo de tratamento.
Após este estudo, você terá plena condições de adentrar no universo da pesquisa cientí-
fica e contribuir com a construção do conhecimento. Além de poder realizar com mais facili-
dade todos os trabalhos propostos pelas diversas disciplinas do seu curso.
Vamos lá!

2.2.1
CONTEÚDO 1.
CONCEITO, FINALIDADES E REQUISITOS DA PESQUISA CIENTÍFICA
Pode-se definir pesquisa como um processo formal e sistemático, controlado e crítico,
que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhe-
cimento.
Esse processo é reflexivo, pois avalia a todo o momento sua própria realização; é siste-
mático, uma vez que se organiza de acordo com um sistema de pensamento e ação; é contro-
lado, tendo em vista que consiste na observação de características específicas de um fenômeno
em um dado contexto; e crítico porque pressupõe o conhecimento dos fundamentos lógicos,
teóricos e as implicações de suas ações na interpretação dos resultados. (ANDER-EGG, 1978
apud MARCONI; LAKATOS, 2007).

122
ANA PAULA AMORIM
Existem diversos aspectos da realidade que podem despertar o nosso interesse em com-
preendê-los e desvendá-los, constituindo questões para investigação e pesquisa. Isso porque, a
realidade é o mundo exterior a nós mesmos, sujeitos cognoscentes, e que representa o princi-
pal objeto de nossa curiosidade.
Mas a realidade é múltipla, diversa nas relações sociais, políticas, culturais e nos aspectos
naturais, biológicos, físicos e químicos que permeiam a interação entre os seres humanos e a
natureza. A partir dessa imensidão de objetos do nosso conhecimento, que integram a reali-
dade em que vivemos, podemos nos perguntar: Quando uma pesquisa se torna necessária?
A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informações suficientes para responder
ao problema de pesquisa, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado
de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.
A pesquisa, portanto, é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo,
que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou
para descobrir verdades parciais.
O desenvolvimento de uma pesquisa compreende seis passos:
1. Seleção do tópico ou tema ou problematização para a investigação;
2. Delimitação do tema e definição do problema de pesquisa;
3. Levantamento das hipóteses que nortearão a pesquisa;
4. Coleta, sistematização e classificação dos dados;
5. Análise e interpretação dos dados;
6. Relatório do resultado da pesquisa.

Entretanto, a atividade de pesquisa, por ser um “ato dinâmico de questionamento, inda-


gação e aprofundamento” (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 67), está relacionada ao questiona-
mento, à indagação e à necessidade de obter respostas para um problema específico. Desta
forma, a pesquisa não se conforma com as aparências, mas perguntam o porquê, examina,
analisa, explica, interpreta, aprofundando o entendimento da realidade ao estabelecer relações
mais profundas. Esta atividade deve ser realizada com rigor e critério. Como alguns de seus
principais elementos, encontram-se: a seleção do assunto que se deseja investigar, a formula-
ção e delimitação do problema/questão para a qual se pretende buscar uma (ou várias) respos-
ta (s), o levantamento de hipóteses para indicar as possibilidades de solução para o problema,
a coleta, sistematização e classificação dos dados, análise e interpretação dos dados e a elabo-
ração de um documento científico capaz de comunicar os resultados da pesquisa realizada.

Tipos de Pesquisa

A forma da pesquisa depende do objeto pesquisado e do objetivo do(a) pesquisador(a).


Sendo assim, a pesquisa científica é classificada segundo diversas percepções.

123
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
- Quanto à sua natureza: pesquisa básica e pesquisa aplicada;
- Quanto à forma de abordagem do problema: pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa;
- Quanto ao ponto de vista dos seus objetivos: pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e
pesquisa explicativa;
- Quanto ao ponto de vista dos procedimentos técnicos: pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental, pesquisa experimental, pesquisa de campo, pesquisa participante, pesquisa- ação
e estudo de caso.

A PESQUISA QUANTO À SUA NATUREZA:

Pesquisa pura ou básica e pesquisa aplicada.


A pesquisa é denominada de pura ou básica, quando busca o progresso da ciência, pro-
cura desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação direta com suas aplicações
e consequências práticas. Seu desenvolvimento tende a ser bastante formalizado e objetiva à
generalização, com vistas na construção de teorias e leis. têm como intenção ir além da sim-
ples definição e descrição do problema. A partir da formulação de hipóteses claras e definidas,
aplicação do método científico de coleta de dados, controle e análise, procuram inferir a inter-
pretação, a explicação e a predição.
A pesquisa aplicada, por sua vez, apresenta muitos pontos de contato com a pesquisa
pura, pois depende de suas descobertas e se enriquece com o seu desenvolvimento, todavia
tem como característica fundamental o interesse na aplicação, utilização e consequências prá-
ticas dos conhecimentos. A pesquisa aplicada é a aplicação da pesquisa básica. Sua preocupa-
ção está menos voltada para o desenvolvimento de teorias de valor universal que para a aplica-
ção imediata numa realidade circunstancial. De modo geral, é este o tipo de pesquisa a que
mais se dedicam os psicólogos, sociólogos, assistentes sociais e outros pesquisadores sociais. A
pesquisa aplicada se destina a aplicar leis, teorias e modelos, na solução de problemas que exi-
gem ação e/ou diagnóstico de uma realidade;

A PESQUISA QUANTO À FORMA DE ABORDAGEM DO PROBLEMA:

Pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa.


Existem duas grandes abordagens do problema na tradição científica. A abordagem
quantitativa é aquela que busca obter dados mensuráveis, quantificáveis, acerca de seu objeto
de pesquisa. É imprescindível, depois, que tais dados sejam submetidos a uma análise estatísti-
ca. A abordagem qualitativa, por outro lado, visa obter dados que não podem ser mensurados,

124
ANA PAULA AMORIM
como qualificações, opiniões, significados. No entanto, as diferenças entre esses grupos não se
resumem apenas ao tipo de informação coletada, e sim a uma concepção global da atividade
de pesquisa. Os métodos quantitativos inserem-se em geral em uma perspectiva positivista,
inspirada nas ciências naturais. Aqui, o pesquisador posiciona-se à distância do objeto que
estuda. Os métodos qualitativos, por outro lado, baseiam-se numa compreensão dialética,
fenomenológica do objeto de estudo. Aqui, os pesquisadores assumem explicitamente sua
subjetividade e buscam compreender os fenômenos a partir da vivência e da interpretação dos
participantes daquele objeto de estudo e de sua interação com eles.
A Pesquisa Quantitativa parte do pressuposto de que tudo pode ser quantificável, o que
significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer
o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio-
padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão etc.)
É aplicada quando se deseja conhecer a extensão do objeto de estudo e aplica-se nos ca-
sos em que se busca identificar o grau de conhecimento, as opiniões, impressões, seus hábitos,
comportamentos, seja em relação a um produto, sua comunicação, serviço ou instituição. Ou
seja, o método quantitativo oferece informações de natureza mais objetiva.
Seus resultados podem refletir as ocorrências do mercado como um todo ou de seus
segmentos, de acordo com a amostra com a qual se trabalha.
O questionário, por exemplo, é o instrumento de coleta de dados mais utilizado. Ele po-
de conter questões fechadas (alternativas pré-definidas) e/ou abertas (sem alternativas e com
resposta livre). Na pesquisa quantitativa, a fim de comprovar as hipóteses, os recursos de esta-
tística nos dirá se os resultados obtidos são significativos ou descartáveis.
Como o nome já diz, o método quantitativo é útil para o dimensionamento de merca-
dos, levantamento de preferências por produtos e serviços de parcelas da população, opiniões
sobre temas políticos, econômicos, sociais, dentre outros aspectos.
O desenvolvimento e aplicação do método quantitativo têm início com a definição dos
objetivos que o cliente pretende alcançar. Em seguida faz-se o levantamento amostral do uni-
verso, ou seja, o número de entrevistas a serem realizadas; elaboração aplicação de pré-teste
para validação do questionário e, posteriormente, a pesquisa em campo; apuração, cruzamen-
to e tabulação dos dados; e, por fim, elaboração de relatórios para análise estratégica.
A Pesquisa Qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o
mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo in-
dissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. Toma como princípio a exis-
tência de uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável
entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números.
A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pes-
quisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a

125
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É uma pesquisa des-
critiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu signi-
ficado são os focos principais de abordagem.
A pesquisa qualitativa privilegia algumas técnicas que coadjuvam a descoberta de fenô-
menos latentes, tais como a observação participante, pesquisa-ação e pesquisa-intervenção,
história ou relatos de vida, análise de conteúdo, entrevista não-diretiva, estudo de caso etc.,
que reúnem um corpus qualitativo de informações que, segundo Habermas, se baseia na raci-
onalidade comunicacional. Observando a vida cotidiana em seu contexto ecológico, ouvindo
as narrativas, lembranças e biografias, e analisando documentos, obtém-se um volume quali-
tativo de dados originais e relevantes, não filtrados por conceitos operacionais, nem por índi-
ces quantitativos.
A pesquisa qualitativa pressupõe que a utilização dessas técnicas não deve construir um
modelo único e exclusivo. A pesquisa é uma criação que mobiliza a acuidade inventiva do
pesquisador, sua habilidade artesanal e sua perspicácia para elaborar a metodologia adequada
ao campo de pesquisa, aos problemas que ele enfrenta com as pessoas que participam da in-
vestigação. O pesquisador deverá, porém, expor e validar os meios e técnicas adotadas, de-
monstrando a cientificidade dos dados colhidos e dos conhecimentos produzidos. Em toda
pesquisa quantitativa, sem exceção, é necessário calcular a margem de erro para o grau de confiança
que se pretende, podendo, assim, tomar decisões com segurança.
A PESQUISA QUANTO AO PONTO DE VISTA DOS SEUS OBJETIVOS:

Pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa.


Podemos distinguir as pesquisas de acordo com o ponto de vista de seus objetivos e o
nível de compreensão acerca de um fenômeno a que se deseja alcançar. Se o fenômeno pesqui-
sado é relativamente desconhecido dos pesquisadores, é preciso, inicialmente, realizar uma
pesquisa exploratória. É um trabalho preliminar, já que tem por objetivos gerais levantar in-
formações básicas, mínimas, para que se possa, posteriormente, realizar uma investigação
mais detalhada.
A Pesquisa Exploratória tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modifi-
car conceitos e ideias, com vistas na formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pes-
quisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos de pesquisa, estas são as que apresentam
menor rigidez no planejamento. Habitualmente, envolvem levantamento bibliográfico e do-
cumental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso. Procedimentos de amostragem e
técnicas quantitativas de coleta de dados não são costumeiramente aplicados nestas pesquisas.
São desenvolvidas, tais pesquisas, com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproxi-
mativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o

126
ANA PAULA AMORIM
tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil formular hipóteses precisas e operaciona-
lizáveis sobre ele.
As pesquisas descritivas têm por objetivo descrever um fenômeno ou situação, mas com
níveis de aprofundamento e detalhamento maiores que a pesquisa exploratória. Aqui, busca-
se identificar as variáveis envolvidas nas causas do fenômeno estudado, mas sem que os pes-
quisadores interfiram diretamente. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob
este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas pa-
dronizadas de coleta de dados. Dentre as pesquisas descritivas salientam-se aquelas que têm
por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, proce-
dência, nível de escolaridade, estado de saúde etc. Pesquisas que se propõem estudar o nível de
atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus ha-
bitantes etc. Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação da existência de
relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação. Neste caso tem-se
uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa.
As pesquisas explicativas são aquelas que permitem o maior aprofundamento em rela-
ção aos conhecimentos das causas de um fenômeno. Seu objetivo é descobrir as causas deter-
minantes dos fenômenos estudados. Nas ciências naturais, esse tipo de pesquisa é identificado,
na maioria das vezes, com a pesquisa experimental, mas na área de ciências humanas os expe-
rimentos nem sempre são possíveis, sendo utilizadas outras estratégias.
Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque ex-
plica a razão, o porquê das coisas. Por isso mesmo é o tipo mais complexo e delicado, já que o
risco de cometer erros aumenta consideravelmente. Pode-se dizer que o conhecimento cientí-
fico está assentado nos resultados oferecidos pelos estudos explicativos. Isto não significa, po-
rém que as pesquisas exploratórias e descritivas tenham menos valor, porque quase sempre
constituem etapa prévia indispensável para que se possam obter explicações científicas. Uma
pesquisa explicativa pode ser a continuação de outra descritiva, posto que a identificação dos
fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e deta-
lhado.

A PESQUISA QUANTO AO PONTO DE VISTA DOS PROCEDIMENTOS

TÉCNICOS:

Pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa experimental, pesquisa de


campo, pesquisa participante, pesquisa-ação e estudo de caso.
A pesquisa bibliográfica, fase preliminar que abrange a leitura, análise e interpretação
textual de toda pesquisa, é desenvolvida a partir de material já publicada, principalmente de

127
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. Embora
em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas
desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Segundo Lakatos e Marconi
(2007), sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito,
dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que
tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer gravadas. A bibliografia per-
tinente oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como
também explorar novas áreas nas quais os problemas não se fixaram suficientemente. Tem
como objetivo permitir ao pesquisador o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou ma-
nipulação de suas informações.
Assim, a pesquisa bibliográfica não é apenas a repetição do que foi publicado sobre deter-
minado conteúdo, mas propicia o exame de um tema sob nova abordagem, chegando a conclu-
sões inusitadas.
As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas
posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente
a partir de fontes bibliográficas.
A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essen-
cial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fun-
damentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa
documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que
ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa.
Segundo Lakatos e Marconi (2007), a característica da pesquisa documental é que a fonte de
coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de
fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou de-
pois. Utilizando essas três variáveis - fontes escritas ou não; fontes primárias ou secundárias; con-
temporâneas ou retrospectivas - podemos apresentar um quadro que auxilia a compreensão do
universo da pesquisa documental. É evidente que dados secundários, obtidos de livros, revistas,
jornais, publicações avulsas e teses, cuja autoria é conhecida, não se confundem com documentos,
isto é, dados de fontes primárias.
Existem registros, porém em que a característica "primária" ou "secundária" não é tão evi-
dente, o mesmo ocorrendo com algumas fontes não escritas. Daí a tentativa de estabelecer uma
diferenciação.
A pesquisa experimental supõe que os pesquisadores intervenham na realidade estuda-
da. Tipicamente, há a manipulação de uma variável enquanto as demais são controladas, de
modo que qualquer variação no comportamento do fenômeno estudado será associada ao
elemento que foi manipulado. De modo geral, o experimento representa o melhor exemplo de
pesquisa científica. Essencialmente, a pesquisa experimental consiste em determinar um obje-

128
ANA PAULA AMORIM
to de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de
controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
A pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipó-
tese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.
A pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem
no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e à interpretação des-
ses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e
explicar o problema pesquisado.
O interesse da pesquisa de campo está voltado para o estudo de indivíduos, grupos, co-
munidades, instituições, entre outros campos. Os pesquisadores observam, interagem e regis-
tram os dados a partir do contato direto com o objeto de estudo no seu local natural de ocor-
rência.
Confere-se à pesquisa participante um componente político e social que permite debater
o processo de investigação a partir da concepção de intervenção na realidade social. Esta pes-
quisa se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investi-
gadas. A pesquisa participante, assim como a pesquisa-ação, caracteriza-se pela interação en-
tre pesquisadores e membros das situações investigadas. Há autores que empregam as duas
expressões como sinônimas. Todavia, a pesquisa-ação, geralmente supõe uma forma de ação
planejada, de caráter social, educacional, técnico ou outro. A pesquisa participante, por sua
vez, envolve a distinção entre ciência popular e ciência dominante. Esta última tende a ser
vista como uma atividade que privilegia a manutenção do sistema vigente e a primeira como o
próprio conhecimento derivado do senso comum, que permitiu ao homem criar, trabalhar e
interpretar a realidade, sobretudo a partir dos recursos que a natureza lhe oferece.
A pesquisa-ação tem sido objeto de bastante controvérsia, em virtude de exigir o envol-
vimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos no proble-
ma, Tende a ser vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar
os procedimentos científicos. A despeito, porém, destas críticas, vem sendo reconhecida como
muito útil, sobretudo por pesquisadores identificados por ideologias “reformistas” e “partici-
pativas”.
A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e reali-
zada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e na
qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1997). É um método de con-
dução de pesquisa aplicada, orientada para elaboração de diagnósticos, identificação de pro-
blemas e busca de soluções que permite ao pesquisador testar hipóteses sobre o fenômeno de
interesse implementando e acessando as mudanças no cenário real. Ela tende a ser vista em

129
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os procedimentos cientí-
ficos. A pesquisa-ação não é constituída apenas pela ação ou pela participação, e sim de dis-
cussão, fazendo avançar o debate das questões abordadas numa dada pesquisa através dos seus
atores.
O estudo de caso, preliminarmente abordado no conteúdo 12 da nossa disciplina, é ca-
racterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que
permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os
outros delineamentos considerados. A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pes-
quisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é recomendável nas fases iniciais de uma investiga-
ção sobre temas complexos, para a construção de hipóteses ou reformulação do problema.
De acordo com Yin (2001), a preferência pelo uso do Estudo de Caso deve ser dada
quando do estudo de eventos contemporâneos, em situações nas quais os comportamentos
relevantes não podem ser manipulados, mas é possível se fazer observações diretas e entrevis-
tas sistemáticas. O Estudo de Caso se caracteriza pela "... capacidade de lidar com uma com-
pleta variedade de evidências - documentos, artefatos, entrevistas e observações." (YIN, 2001,
p. 19)
Também se aplica com pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é suficien-
temente conhecido a ponto de ser enquadrado em determinado tipo ideal. Por exemplo, se as
informações disponíveis fossem suficientes para afirmar que existem três tipos diferentes de
comunidades de base e houvesse interesse em classificar uma comunidade específica em al-
gum desses tipos, então o estudo de caso seria o delineamento mais adequado.

Os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam


questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco con-
trole sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contem-
porâneos inseridos em um contexto da vida real (YIN, 2001, p. 19).

Conforme Laville e Dionne (1999, p. 156), “a vantagem mais marcante dessa estratégia
de pesquisa [...] repousa, é claro, na possibilidade de aprofundamento que oferece, pois os
recursos se veem no caso visado [...].” Portanto, a maior utilidade do estudo de caso é verifica-
da nas pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é recomendável nas fases iniciais de uma
investigação sobre temas complexos, para a construção de hipóteses ou reformulação do pro-
blema.

Fases da Pesquisa Científica

Veremos agora com detalhes quais são as fases que constituem o método de investigação
científica.

130
ANA PAULA AMORIM
a) Escolha do Tema: tema é o assunto que se deseja estudar e pesquisar. O trabalho de
definir adequadamente um tema pode, inclusive, perdurar por toda a pesquisa. Nesse
caso, deverá ser frequentemente revisto.
b) Levantamento de Dados: Para obtenção de dados podem ser utilizados três procedi-
mentos: pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo.
c) Formulação do Problema de pesquisa: O problema de pesquisa é uma dificuldade,
teórica ou prática, no conhecimento de alguma coisa de real importância, para a qual
se deve encontrar uma solução. Definir um problema significa especificá-lo em deta-
lhes precisos e exatos. Na formulação de um problema deve haver clareza, concisão e
objetividade.
d) Definição dos Termos: O objetivo principal da definição dos termos é torná-los cla-
ros, compreensivos e objetivos e adequados. É importante definir todos os termos que
possam dar margem a interpretações errôneas. O uso de termos apropriados, de defi-
nições corretas, contribui para a melhor compreensão da realidade observada.
e) Indicação de Variáveis: Ao se colocar o problema e a hipótese, deve ser feita também a
indicação das variáveis dependentes e independentes. Elas devem ser definidas com
clareza e objetividade e de forma operacional.
f) Delimitação da Pesquisa: Delimitar a pesquisa é estabelecer limites para a investiga-
ção. A pesquisa pode ser limitada em relação ao assunto – selecionando um tópico, a
fim de impedir que se torne ou muito extenso ou muito complexo; a extensão – porque
nem sempre se pode abranger todo o âmbito onde o fato se desenrola.
g) Seleção dos Métodos e Técnicas: Os métodos e as técnicas a serem empregados na
pesquisa científica podem ser selecionados desde a proposição do problema, da formu-
lação das hipóteses e da delimitação do universo ou da amostra.
h) Organização do Instrumental de Pesquisa: A elaboração ou organização dos instru-
mentos de investigação não é fácil, necessita de tempo, mas é uma etapa importante no
planejamento da pesquisa. Em geral, as obras sobre pesquisa científica oferecem esbo-
ços práticos que servem de orientação na montagem dos formulários, questionários,
roteiros de entrevistas, escalas de opinião ou de atitudes e outros aspectos, além de dar
indicações sobre o tempo e o material necessários à realização de uma pesquisa.

Fonte de Documentação para Pesquisa


O primeiro passo para a execução de uma pesquisa científica é o levantamento de dados a
partir do referencial teórico estabelecido. O conhecimento adquirido nesta fundamentação teórica
permitirá ao pesquisador encontrar subsídio para adentrar na sua pesquisa. A documentação con-
sultada para o desenvolvimento da pesquisa é classificada, quanto às suas fontes, como documenta-
ção indireta e direta. Vejamos:

131
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Documentação Indireta: toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas
fontes, quaisquer que sejam os métodos ou técnicas empregadas. É a fase da pesqui-
sa realizada com intuito de recolher informações prévias sobre o campo de interes-
se. Esse levantamento de dados é feito de duas maneiras: pesquisa documental (ou
de fontes primárias) e pesquisa bibliográfica (ou de fontes secundárias). Os dados
são obtidos a partir de documentos já elaborados por outros pesquisadores ou indi-
víduos, compreendendo as pesquisas documentais e bibliográficas. Nas pesquisas
documentais, características do campo da história, os pesquisadores consultam do-
cumentos diversos elaborados pelo governo ou outros órgãos acerca de uma situa-
ção. Na pesquisa bibliográfica, também são consultados documentos prontos, mas
esses são documentos científicos publicados na literatura especializada, principal-
mente artigos.
Documentação direta: constitui-se, em geral, no levantamento de dados no próprio
local no qual os fenômenos ocorrem. Esses dados podem ser obtidos de duas ma-
neiras: através da pesquisa de campo ou das pesquisas de laboratório e experimen-
tal. As pesquisas por documentação direta supõem que os pesquisadores são a fonte
primária das informações que utilizam. A coleta direta dessas informações pode ser
feita por meio de uma pesquisa de campo, em que os pesquisadores observam, inte-
ragem e registram os dados a partir do contato direto com o objeto de estudo no
seu local natural de ocorrência. A pesquisa experimental e de laboratório também
se utiliza muito desta fonte de coleta de dados, já que os registros escritos como
fonte de dados são escassos.
Inicialmente, podemos considerar que pesquisar significa buscar respostas para as mais
diversas indagações e problemas humanos, sejam eles individuais ou coletivos. A pesquisa
pode ser vista também como uma atividade eminentemente cotidiana, sendo considerada co-
mo uma atitude, um "questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção com-
petente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e
prático" (DEMO, 1996, p. 34).

132
ANA PAULA AMORIM
2.2.2
CONTEÚDO 2.
PESQUISA CIENTÍFICA E MÉTODO
O desenvolvimento de um projeto de pesquisa compreende três grandes etapas: a) pre-
paração da pesquisa; b) execução da pesquisa; c) relatório da pesquisa. A estas três incluiremos
uma quarta, intitulada: d) fases da pesquisa, desdobramento da primeira, dada a sua impor-
tância. Estas etapas serão a seguir detalhadas.
a) Preparação da Pesquisa
Decisão
É a primeira etapa de uma pesquisa, o momento em que o pesquisador toma a decisão
de realizá-la, no interesse próprio, de alguém ou de alguma entidade, como, por exemplo, o
CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Nem sempre é fácil determinar o que se pretende investigar, e a realização da pesquisa é
ainda mais difícil, pois exige, do pesquisador, dedicação, persistência, paciência e esforço con-
tínuo. A investigação pressupõe uma série de conhecimentos anteriores e metodologia ade-
quada.

Especificação de Objetivos
Toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para saber o que se vai procurar e o
que se pretende alcançar. Deve partir, de um objetivo limitado e claramente definido, sejam
estudos formulativos, descritivos ou de verificação de hipóteses. O objetivo torna explícito o
problema, aumentando os conhecimentos sobre determinado assunto.
Os objetivos podem definir a natureza do trabalho, o tipo de problema a ser seleciona-
do, o material a coletar. Podem ser intrínsecos ou extrínsecos, teóricos ou práticos, gerais ou
específicos, a curto ou a longo prazo. Respondem às perguntas: Por que? Para que? Para
quem?

Elaboração de um Esquema
Desde que se tenha tomado a decisão de realizar uma pesquisa, deve-se pensar na elabo-
ração de um esquema que poderá ser ou não modificado e que facilite a sua viabilidade. O
esquema auxilia o pesquisador a conseguir uma abordagem mais objetiva, imprimindo uma
ordem lógica do trabalho. Para que as fases da pesquisa se processem normalmente, tudo deve
ser bem estudado e planejado, inclusive a obtenção de recursos materiais, humanos e de tem-
po.

133
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Constituição da Equipe de Trabalho
Esse é outro aspecto importante no início da pesquisa: engloba recrutamento e treina-
mento de pessoas. Distribuição das tarefas ou funções, indicação de locais de trabalho e todo o
equipamento necessário ao pesquisador. A pesquisa também pode ser realizada apenas por
uma pessoa. Responde à pergunta: Quem?
Levantamento de Recursos e Cronograma
Quando a pesquisa é solicitada por alguém ou por alguma entidade, que vai patrociná-
la, o pesquisador deverá fazer uma previsão de gastos a serem feitos durante a mesma, especi-
ficando cada um deles. Seria, portanto, um orçamento aproximado do montante de recursos
necessário, não podendo ser rígido.
Deve haver recursos financeiros para levar a cabo este estudo; um cronograma, para
executar a pesquisa em suas diferentes etapas, não poderá faltar. Responde às perguntas:
Quanto? Quando?

FASES DA PESQUISA
Escolha do Tema

Tema é o assunto que se deseja estudar e pesquisar. O trabalho de definir adequadamen-


te um tema pode, inclusive, perdurar por toda a pesquisa. Nesse caso, deverá ser frequente-
mente revisto. Escolher o tema significa:
a) Selecionar um assunto de acordo com as inclinações, as possibilidades, as apti-
dões e as tendências de quem se propõe a elaborar um trabalho científico;
b) Encontrar um objeto que mereça ser investigado cientificamente e tenha condi-
ções de ser formulado e delimitado em função da pesquisa.
O assunto escolhido deve ser exequível e adequado em termos tantos dos fatores exter-
nos quanto dos internos ou pessoais. A disponibilidade de tempo, o interesse, a utilidade e a
determinação para prosseguir o estudo, apesar das dificuldades, e para terminá-lo devem ser
levados em consideração; as qualificações pessoais, em termos de background da formação
universitária, também são importantes.
A escolha de um assunto sobre o qual, recentemente, foram publicados estudos deve ser
evitada, pois uma nova abordagem torna-se mais difícil. O tema deve ser preciso, bem deter-
minado e específico. Responde à pergunta: O que será explorado?

134
ANA PAULA AMORIM
Levantamento de Dados
Para obtenção de dados podem ser utilizados três procedimentos: pesquisa documental,
pesquisa bibliográfica e contatos diretos.
A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados,
revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relaciona-
dos com o tema. O estudo da literatura pertinente pode ajudar a planificação do trabalho, evi-
tar publicações e certos erros, e representa uma fonte indispensável de informações, podendo
até orientar as indagações.
A soma do material coletado, aproveitável e adequado variará de acordo com a habili-
dade do investigador, de sua experiência e capacidade em descobrir indícios ou subsídios im-
portantes para o seu trabalho. Antes de iniciar qualquer pesquisa de campo, o primeiro passo
é a análise minuciosa de todas as fontes documentais, que sirvam de suporte à investigação
projetada.
A investigação preliminar - estudos exploratórios - deve ser realizada através de dois as-
pectos: documentos e contatos diretos. Os principais tipos de documentos são:
a) Fontes Primárias – Material não publicado: dados históricos, documentais e estatísti-
cos; informações, pesquisas e material cartográfico; arquivos oficiais e particulares; re-
gistros em geral; documentação pessoal (diários, memórias, autobiografias); corres-
pondência pública ou privada etc.
b) Fontes Secundárias - Material publicado: imprensa em geral e obras literárias.
Os contatos diretos, pesquisa de campo ou de laboratório são realizados com pessoas
que podem fornecer dados ou sugerir possíveis fontes de informações úteis. As duas tarefas,
pesquisa bibliográfica e de campo, podem ser executadas concomitantemente.

Formulação do Problema

Problema é uma dificuldade, teórica ou prática, no conhecimento de alguma coisa de


real importância, para a qual se deve encontrar uma solução.
Definir um problema significa especificá-lo em detalhes precisos e exatos. Na formula-
ção de um problema deve haver clareza, concisão e objetividade. A colocação clara do pro-
blema pode facilitar a construção da hipótese central. O problema deve ser levantado, formu-
lado, de preferência em forma interrogativa e delimitado com indicações das variáveis que
intervêm no estudo de possíveis relações entre si. É um processo contínuo de pensar reflexivo,
cuja formulação requer conhecimentos prévios do assunto (materiais informativos), ao lado
de uma imaginação criadora. A proposição do problema é tarefa complexa, pois extrapola a
mera identificação, exigindo os primeiros reparos operacionais: isolamento e compreensão

135
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
dos fatores específicos, que constituem o problema no plano de hipóteses e de informações. A
gravidade de um problema depende da importância dos objetivos e da eficácia das alternati-
vas.
Uma vez formulado o problema, devem-se seguir as etapas previstas, para se atingir o
propósito. O problema, antes de ser considerado apropriado, deve ser analisado sob o aspecto
de sua valoração:

a) Viabilidade - pode ser eficazmente resolvido através da pesquisa;


b) Relevância - deve ser capaz de trazer conhecimentos novos;
c) Novidade - estar adequado ao estágio atual da evolução científica;
d) Exequibilidade - pode chegar a uma conclusão válida;
e) Oportunidade - atender a interesses particulares e gerais.
Uma forma de conceber um problema científico é relacionar vários fatores (variáveis
independentes) com o fenômeno em estudo. O problema pode tomar diferentes formas, de
acordo com o objetivo do trabalho:
a) Problemas de Estudos Acadêmicos - estudo descritivo, de caráter informativo, expli-
cativo ou preditivo;
b) Problemas de Informação - coleta de dados a respeito de estruturas e condutas obser-
váveis, dentro de uma área de fenômenos;
c) Problemas de Ação - campos de ação onde determinados conhecimentos sejam apli-
cados com êxito;
d) Investigação Pura e Aplicada - estuda um problema relativo ao conhecimento cientí-
fico ou à sua aplicabilidade.

Definição dos Termos


O objetivo principal da definição dos termos é torná-los claros, compreensivos e objeti-
vos e adequados. É importante definir todos os termos que possam dar margem a interpreta-
ções errôneas. O uso de termos apropriados, de definições corretas, contribui para a melhor
compreensão da realidade observada.
Alguns conceitos podem estar perfeitamente ajustados aos objetivos ou aos fatos que
eles representam. Outros, todavia, menos usados, podem oferecer ambiguidade de interpreta-
ção e ainda há aqueles que precisam ser compreendidos com um significado específico. Mui-
tas vezes, as divergências de certas palavras ou expressões são devidas às teorias ou áreas do
conhecimento, que as enfocam sob diferentes aspectos. Por isso, os termos devem ser defini-
dos, esclarecidos, explicitados.

136
ANA PAULA AMORIM
Se o termo utilizado não condiz ou não satisfaz ao requisito que lhe foi atribuído, ou se-
ja, não tem o mesmo significado intrínseco, causando dúvidas, deve ser substituído ou defini-
do de forma que evite confusão de ideias.
O pesquisador não está precisamente interessado nas palavras em si, mas nos conceitos
que elas indicam, nos aspectos da realidade empírica que elas mostram. Há dois tipos de defi-
nições:
a) Simples - quando apenas traduzem o significado do termo ou expressão menos conhe-
cida;
b) Operacional - quando, além do significado, ajuda, com exemplos, na compreensão do
conceito, tornando clara a experiência no mundo extensional.

Construção de Hipóteses
Já vimos que hipótese é uma proposição que se faz na tentativa de verificar a validade de
resposta existente para um problema. É uma suposição que antecede a constatação dos fatos e
tem como característica uma formulação provisória: deve ser testada para determinar sua va-
lidade. Correta ou errada, de acordo ou contrária ao senso comum, a hipótese sempre conduz
a uma verificação empírica.
A função hipótese, na pesquisa científica, é propor explicações para certos fatos e ao
mesmo tempo orientar a busca de outras informações. A clareza da definição dos termos da
hipótese é condição de importância fundamental para o desenvolvimento da pesquisa.
Praticamente não há regras para a formulação de hipóteses de trabalho de pesquisa cien-
tífica, mas é necessário que haja embasamento teórico e que ela seja formulada de tal maneira
que possa servir de guia na tarefa da investigação. Os resultados finais da pesquisa poderão
comprovar ou rejeitar as hipóteses; neste caso, se forem reformuladas, outros testes terão de
ser realizados para sua comprovação.
No início de qualquer investigação, devem-se formular hipóteses, embora, nos estudos
de caráter meramente exploratórios ou descritivos, seja dispensável sua explicitação formal.
Nesse ponto, é conhecida como hipótese de trabalho. Entretanto, a utilização de uma hipótese
é necessária para que a pesquisa apresente resultados úteis, ou seja, possa atingir níveis de in-
terpretação mais altos.

Indicação de Variáveis
Ao se colocar o problema e a hipótese, deve ser feita também a indicação das variáveis
dependentes e independentes. Elas devem ser definidas com clareza e objetividade e de forma
operacional.

137
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Todas as variáveis, que podem interferir ou afetar o objeto em estudo, devem ser não só
levadas em consideração, mas também devidamente controladas, para impedir comprometi-
mento ou risco de invalidar a pesquisa.
Delimitação da Pesquisa
Delimitar a pesquisa é estabelecer limites para a investigação. A pesquisa pode ser limi-
tada em relação:
a) Ao assunto – selecionando um tópico, a fim de impedir que se torne ou muito extenso
ou muito complexo;
b) À extensão – porque nem sempre se pode abranger todo o âmbito onde o fato se de-
senrola;
c) Ao tempo – ao estabelecer-se um parâmetro temporal/cronológico onde determina-se
um período (início e fim) para a coleta e análise de dados)
d) A uma série de fatores – meios humanos, econômicos e de exiguidade de prazo, que
podem restringir o seu campo de ação.
Nem sempre há necessidade de delimitação, pois o próprio assunto e seus objetivos po-
dem estabelecer limites, podendo ser apontado três níveis de limites quanto:
a) Ao objeto – que consiste na escolha de maior ou menor número de variáveis que in-
tervêm no fenômeno a ser estudado. Selecionado o objeto e seus objetivos, estes po-
dem condicionar o grau de precisão e especialização do objeto;
b) Ao campo de investigação – que abrange dois aspectos: limites no tempo, quando o
fato deve ser estudado em determinado momento, e limite no espaço, quando deve ser
analisado em certo lugar. Trata-se, evidentemente, da indicação do quadro histórico
em cujo âmbito se localiza o assunto;
c) Ao nível de investigação – que engloba três estágios: exploratórios, de investigação e
de comprovação de hipóteses, já referido anteriormente. Cada um deles exige rigor e
refinamento metodológico.

Seleção dos Métodos e Técnicas


Os métodos e as técnicas a serem empregados na pesquisa científica podem ser selecio-
nados desde a proposição do problema, da formulação das hipóteses e da delimitação do uni-
verso ou da amostra.
A seleção do instrumental metodológico está, portanto, diretamente relacionada com o
problema a ser estudado; a escolha dependerá dos vários fatores relacionados com a pesquisa,
ou seja, a natureza dos fenômenos, o objeto da pesquisa, os recursos financeiros, a equipe hu-
mana e outros elementos que possam surgir no campo da investigação.

138
ANA PAULA AMORIM
Tantos os métodos quanto as técnicas devem adequar-se ao problema a ser estudado, às
hipóteses levantadas e que se queira confirmar, ao tipo de informantes com que se vai entrar
em contato. Nas investigações, em geral, nunca se utiliza apenas um método ou uma técnica, e
nem somente aqueles que se conhece, mas todo os que forem necessários ou apropriados para
determinado caso. Na maioria das vezes, há uma combinação de dois ou mais deles, usados
concomitantemente.

Organização do Instrumental de Pesquisa


A elaboração ou organização dos instrumentos de investigação não é fácil, necessita de
tempo, mas é uma etapa importante no planejamento da pesquisa. Em geral, as obras sobre
pesquisa científica oferecem esboços práticos que servem de orientação na montagem dos
formulários, questionários, roteiros de entrevistas, escalas de opinião ou de atitudes e outros
aspectos, além de dar indicações sobre o tempo e o material necessários à realização de uma
pesquisa.
Ao se falar em organização do material de pesquisa, dois aspectos devem ser apontados:
a) Organização do material para investigação, anteriormente referido;
b) Organização do material de investigação, que seria o arquivamento de ideias, reflexões
e fatos que o investigados vem acumulando no transcurso de sua vida;
Iniciadas as tarefas de investigação é necessário preparar não só os instrumentos de ob-
servação, mas também o dossiê de documentos relativo à pesquisa: pastas, cadernos, livros,
principalmente fichários. Indica-se três tipos de fichários:
a) De pessoas – visitadas ou entrevistadas ou que se pretende visitar, com alguns dados
essenciais;
b) De documentação – em que aparecem os documentos já lidos ou a serem consultados,
com as devidas referências;
c) Dos “indivíduos” pesquisados – ou objetos de pesquisa, vistos em sentido estatístico:
pessoas, famílias, classes sociais, indústrias, salários, transportes, etc.
O arquivo deve conter, também, resumos de livros, recortes de periódicos, notas e ou-
tros materiais necessários à ampliação de conhecimentos, mas cuidadosamente organizados.
Teste de Instrumentos e Procedimentos
Elaborados os instrumentos de pesquisa, o procedimento mais utilizado para averiguar a
sua validade é o teste-preliminar ou pré-teste. Consiste em testar os instrumentos da pesquisa
sobre uma pequena parte da população ou “universo” ou da amostra, antes de ser aplicado
definitivamente, a fim de evitar que a pesquisa chegue a um resultado falso. Seu objetivo, por-
tanto, é verificar até que ponto esses instrumentos têm, realmente, condições de garantir re-
sultados isentos de erros.

139
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Em geral, é suficiente realizar a mensuração em 5 ou 10% do tamanho da amostra, de-
pendendo, é claro, do número absoluto dos processos mensurados. Deve ser aplicado por in-
vestigadores experientes, capazes de determinar a validez dos métodos e dos procedimentos
utilizados.
Nem sempre é possível prever todas as dificuldades e problemas decorrentes de uma
pesquisa que envolva coleta de dados. Questionários podem não funcionar; as perguntas se-
rem subjetivas, mal formulados, ambíguas, de linguagem inacessível; reagirem os responden-
tes ou se mostrarem equívocos; a amostra ser inviável (grande ou demorada demais). Assim a
aplicação do pré-teste poderá evidenciar possíveis erros permitindo a reformulação da falha
no questionário definitivo.

Execução da Pesquisa

• Coleta de Dados

Etapa da pesquisa em que se inicia a aplicação dos instrumentos elaborados e das técni-
cas selecionadas, a fim de se efetuar a coleta dos dados previstos. É tarefa cansativa e toma,
quase sempre, mais tempo do que se espera. Exige do pesquisados paciência, perseverança e
esforço pessoal, além dos cuidados com registro dos dados e de um bom preparo anterior.
Outro aspecto importante é o perfeito entrosamento das tarefas organizacionais e admi-
nistrativas com as científicas, obedecendo aos prazos estipulados, aos orçamentos previstos, ao
preparo pessoal. Quanto mais planejamento for feito previamente, menos desperdício de tem-
po haverá no trabalho de campo propriamente dito, facilitando a etapa seguinte.
O rigoroso controle na aplicação dos instrumentos de pesquisa é fator fundamental para
evitar erros e defeitos resultantes de entrevistadores inexperientes ou de informantes tenden-
ciosos. São vários os procedimentos para a realização da coleta de dados, que variam de acor-
do com as circunstâncias ou com o tipo de investigação. Em linhas gerais, as técnicas de pes-
quisa são: coleta documental; observação; entrevistas; questionário; formulário; medidas de
opiniões e de atitudes; técnicas mercadológicas; testes; sociometria; análise de conteúdo; histó-
ria de vida etc.

• Classificação dos Dados

Após a coleta dos dados, realizada de acordo com os procedimentos indicados anteri-
ormente, eles são classificados de forma sistemática. Antes da análise e interpretação, os dados
devem seguir os seguintes passos:

140
ANA PAULA AMORIM
a) Seleção – é o exame minucioso dos dados. De posse do material coletado, o
pesquisador deve submetê-lo a uma verificação crítica, a fim de detectar falhas ou
erros, evitando informações confusas, distorcidas, incompletas, que podem prejudicar
o resultado da pesquisa. Muitas vezes, o pesquisador, não sabendo quais aspectos são
mais importantes, registra grande quantidade de dados; outras vezes, talvez por
instruções mal compreendidas, os registros ficam incompletos, sem detalhes
suficientes. A seleção cuidadosa pode apontar tanto o excesso como a falta de
informações, neste caso, a volta ao campo para reaplicação do instrumento de
observação, pode sanar esta falha. A seleção concorre também para evitar posteriores
problemas de codificações;

b) Codificação – é a técnica operacional utilizada para categorizar os dados que se


relacionam mediante a codificação, os dados são transformados em símbolos, podendo
ser tabelados e contados. A codificação divide-se em duas partes: 1. Classificação dos
dados, agrupando-os sob determinadas categorias; 2. Atribuição de um código,
número ou letra, tendo cada um deles um significado, para facilitar não só a tabulação
dos dados, mas também sua comunicação. A técnica da codificação não é automática,
pois exige certos critérios ou normas por parte do codificador, que pode ser ou não o
próprio pesquisador;

c) Tabulação – é a disposição dos dados em tabelas, possibilitando maior facilidade na


verificação das inter-relações entre eles. É uma parte do processo técnico de análise
estatística, que permite sintetizar os dados de observação, conseguidos pelas diferentes
categorias e representá-los graficamente. Dessa forma, poderão ser melhor
compreendidos e interpretados mais rapidamente. Os dados são classificados pela
divisão em subgrupos e reunidos de modo que as hipóteses possam ser comprovadas
ou refutadas.

• Análise e Interpretação dos Dados

Uma vez manuseados os dados e obtidos os resultados, o passo seguinte é a análise e in-
terpretação dos mesmos, constituindo-se ambas no núcleo central da pesquisa. A importância
dos dados não está em si mesmos, mas em proporcionarem respostas às investigações. Análise
e interpretação são duas atividades distintas, mas estreitamente relacionadas e, como proces-
so, envolvem duas operações, que serão vistas a seguir:
a) Análise (ou explicação) - É a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fe-
nômeno estudado e outros fatores. Essas relações podem ser “estabelecidas em função
de suas propriedades relacionais de causa-efeito, produtor-produto, de correlações, de

141
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
análise de conteúdo etc. Em síntese, a elaboração da análise, propriamente dita, é reali-
zada em três níveis:
• Interpretação – verificação das relações entre as variáveis independente e depen-
dente, e da variável interveniente (anterior à dependente e posterior à independente),
a fim de ampliar os conhecimentos sobre o fenômeno (variável dependente);
• Explicação – esclarecimento sobre a origem da variável dependente e necessidade
de encontrar a variável antecedente (anterior às variáveis independente e dependen-
te);
• Especificação – explicitação sobre até que ponto as relações entre as variáveis inde-
pendente e dependente são válidas (como, onde e quando).

b) Interpretação - É a atividade intelectual que procura dar um significado mais amplo às


respostas, vinculando-as a outros conhecimentos. Em geral, a interpretação significati-
va a exposição do verdadeiro significado do material apresentado, em relação aos obje-
tivos propostos e ao tema. Esclarece não só o significado do material, mas também faz
ilações mais amplas dos dados discutidos. Na interpretação dos dados da pesquisa é
importante que eles sejam colocados de forma sintética e de maneira clara e acessível.
Dois aspectos são importantes:
• Construção de tipos, modelos, esquemas – após os procedimentos estatísticos, rea-
lizados com as variáveis, e a determinação de todas as relações permitidas ou possí-
veis, de acordo com a hipótese ou problema é chegado o momento de utilizar os co-
nhecimentos teóricos, a fim de obter os resultados previstos;
• Ligação com a teoria – esse problema aparece desde o momento inicial da escolha
do tema; é a ordem metodológica e pressupõe uma definição em relação às alternati-
vas disponíveis de interpretação da realidade social.

Para realizar à análise e interpretação dos dados, devem-se levarem consideração dos
aspectos:
 Planejamento bem elaborado da pesquisa, para facilitar a análise e a interpretação;
 Complexidade ou simplicidade das hipóteses ou dos problemas, que requerem abor-
dagem adequada, mas diferentes; a primeira exige mais tempo, mais esforço, sendo
mais difícil sua verificação; na segunda, ocorre o contrário.

c) Representação dos Dados: Tabelas, Quadros e Gráficos - Tabelas ou Quadros: é um


método estatístico sistemático, de apresentar os dados em colunas verticais ou fileiras
horizontais, que obedece à classificação dos objetos ou materiais da pesquisa. É bom
auxiliar na apresentação dos dados, uma vez que facilita, ao leitor, a compreensão e in-
terpretação rápida da massa de dados, podendo, apenas com uma olhada aprender
importantes detalhes e relações. Todavia seu propósito mais importante é ajudar o in-
vestigador na distinção de diferenças, semelhanças e relações, por meio da clareza e
destaque que a distribuição lógica e a apresentação gráfica oferecem às classificações.

142
ANA PAULA AMORIM
O que caracteriza a boa tabela é a capacidade de apresentar ideias e relações indepen-
dentemente do texto de informações. Para muitos autores, tabelas e quadros são sinô-
nimos, para outros, a diferença refere-se ao seguinte aspecto:
 Tabela – é construída, utilizando-se dados obtidos pelo próprio pesquisador em
números absolutos e/ou percentagens;
 Quadro - é elaborado tendo por base dados secundários, isto é, obtidos de fontes
como o IBGE e outros, inclusive livros, revistas etc. Desta forma, o quadro pode ser
a transcrição literal desses dados, quando então necessitam indicação da fonte.

Na utilização das tabelas deve identificar-se pela palavra escrita com letra maiúscula, se-
guida de algarismo romano, correspondente. O título se coloca a dois espaços abaixo da pala-
vra TABELA e se ordena em forma de pirâmide invertida, não se usando pontuação terminal.
O título principal deve ser curto, indicando claramente a natureza dos dados apresentados;
esporadicamente, pode aparecer um subtítulo. As fontes dos dados representados na ilustra-
ção, devem ser colocados abaixo da tabela, com nome do autor, se houver, e a data.
Já os Gráficos são figuras que servem para a representação dos dados. O termo é usado
para grande variedade de ilustrações: gráficos, esquemas, mapas, diagramas, desenhos etc. Os
gráficos, utilizados com habilidade, podem evidenciar aspectos visuais dos dados, de forma
clara e de fácil compreensão. Em geral, são empregados para dar destaque a certas relações
significativas. A representação dos resultados estatísticos com elementos geométricos permite
uma descrição imediata do fenômeno.
d) Conclusões - Última fase da execução do planejamento e organização do que foi propos-
to no projeto de pesquisa, que explicita os resultados finais, considerados relevantes. As
conclusões devem estar vinculadas à hipótese de investigação, cujo conteúdo foi com-
provado ou refutado. Em termos formais, é uma exposição factual sobre o que foi inves-
tigado, analisado, interpretado; é uma síntese comentada das ideias essenciais e dos
principais resultados obtidos, explicitados com precisão e clareza.
Ao redigirem as conclusões, as questões que ficaram sem solução serão apontados, a fim
de que no futuro possam ser estudados pelo próprio autor ou por outros. Em geral, não se
restringem a simples conceitos pessoais, mas apresentam inferências sobre os resultados, evi-
denciando aspectos válidos e aplicáveis a outros fenômenos, indo além dos objetivos imedia-
tos. Sem a conclusão, o trabalho parece não estar terminado. A introdução e a conclusão de
qualquer trabalho científico, via de regra, são as últimas partes a terem as suas redações con-
cluídas, visto que a introdução deverá ter apresentado um panorama processual do desenvol-
vimento da própria pesquisa: início, meio e fim.

143
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Relatório de Pesquisa
A última etapa do processo de pesquisa é a redação do relatório. Embora algumas vezes
desconsiderado, mesmo nos meios científicos, o relatório é absolutamente indispensável, pos-
to que nenhum resultado obtido na pesquisa tem valor se não puder ser comunicado aos ou-
tros. É bem verdade que as habilidades para o desenvolvimento desta etapa diferem daquelas
requeridas nas etapas anteriores. Entretanto, a comunicação dos resultados da pesquisa é de
responsabilidade do pesquisador e como tal deve receber atenção semelhante à das demais
etapas da pesquisa.
Como todo e qualquer instrumento destinado à comunicação, o relatório de pesquisa
deve considerar o público a ser atingido. Muitos pesquisadores elaboram relatórios como se
fossem destinados a si próprios. Tem a finalidade de dar informações sobre os resultados da
pesquisa, se possível, com detalhes, para que eles possam alcançar a sua relevância. São impor-
tantes a objetividade e o estilo, mantendo-se a expressão impessoal e evitando-se frases quali-
ficativas ou valorativas, pois a informação deve descrever e explicar.
O Relatório de pesquisa será objeto de detalhamento em compilação específica, aqui ca-
be apenas relacioná-lo com última etapa de um processo de pesquisa.

2.2.3
CONTEÚDO 3.
PROJETO, MONOGRAFIA E RELATÓRIO
Neste conteúdo trataremos de modo detalhado das possibilidades para apresentação de
um trabalho de pesquisa científica. Serão abordados os critérios e aspectos a serem observados
no desenvolvimento e apresentação de tais trabalhos, sendo inicialmente inserido no contexto
dos trabalhos científicos.
Os trabalhos científicos devem ser elaborados de acordo com normas preestabelecidas e
com os fins a que se destinam, devendo ser inéditos ou originais e contribuírem não só para a
ampliação de conhecimentos ou a compreensão de certos problemas, mas também servirem
de modelo ou oferecer subsídios para outros trabalhos.
Aponta-se como trabalhos científicos, aqueles que apresentam, uma das seguintes carac-
terísticas:
a) Observações ou descrições originais de fenômenos naturais, espécies novas, estrutu-
ras e funções e variações, dados ecológicos etc.;
b) Trabalhos experimentais cobrindo os mais variados campos e representando uma das
mais férteis modalidades de investigação, por submeter o fenômeno estudado às con-
dições controladas da experiência;

144
ANA PAULA AMORIM
c) Trabalhos teóricos de análise ou síntese de conhecimentos, levando à produção de
conceitos novos por via indutiva ou dedutiva; apresentação de hipóteses, teorias etc.
Os trabalhos científicos podem ser realizados com base em fontes de informações pri-
márias ou secundárias e elaborados de várias formas, de acordo com a metodologia e com os
objetivos propostos.

Linguagem Científica
Há, de modo geral, tendência a descuidar-se da linguagem quando se redige um traba-
lho científico ou técnico: talvez sob a alegação de que não se trata de trabalho literário. Impor-
ta respeitar, ao menos, os seguintes aspectos fundamentais:
a) Correção gramatical, convém sempre solicitar a contribuição de um conhecedor da
língua e da gramática para nos auxiliar;
b) Exposição clara, concisa, objetiva, condizente com a redação científica;
c) Cuidado em evitar parágrafos extensos, construir períodos com no máximo duas ou
três linhas, bem como parágrafos com cinco linhas cheias, em média, e no máximo oi-
to;
d) Preocupação em redigir com um estilo capaz de equilibrar a simplicidade com o mo-
vimento, evitando o colóquio excessivamente familiar e vulgar, a ironia causticamente,
os recursos retóricos;
e) Simplicidade do texto não implicando em repetição de formas e frases desgastadas, uso
exagerado de voz passiva (será iniciado, será realizado), pobreza vocabular etc. Com
palavras conhecidas de todos, é possível escrever de maneira original e criativa e pro-
duzir frases elegantes, variadas, fluentes e bem articuladas;
f) Linguagem direta, pois conduz mais facilmente o leitor à essência do texto, dispensan-
do detalhes irrelevantes e indo diretamente ao que interessa, sem rodeios;
g) Precisão e rigor com o vocabulário técnico, sem cair no hermetismo;
h) Impessoalidade, contribui grandemente para a objetividade da redação dos trabalhos
científicos, devendo usar verbos nas formas que tendem à impessoalidade. Desaconse-
lha-se, o plural de modéstia, chamado plural majestático, que consiste em usar o “nós”
como primeira pessoa do singular “eu”;
i) Não começar períodos ou parágrafos seguidos com a mesma palavra, nem usar repeti-
damente a mesma estrutura de frase;
j) Evitar longas citações e relatar o fato da forma mais objetiva possível;
k) Recorrer aos termos técnicos somente quando absolutamente indispensáveis e nesse
caso colocar o seu significado entre parênteses;
l) Evitar palavras e formas empoladas ou rebuscadas, que tentem transmitir ao leitor me-
ra ideia de erudição;
m) Ser rigoroso na escolha das palavras do texto, desconfiando dos sinônimos perfeitos ou
de termos que sirvam para todas as ocasiões;

145
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
n) Encadear o assunto de maneira suave e harmoniosa, evitando a criação de um texto
onde os parágrafos se sucedem uns aos outros como compartimentos estanques, sem
nenhuma fluência entre si.

Projeto
A palavra projeto vem do latim que quer dizer pro-jicere: literalmente falando, é colocar
adiante.
A elaboração de qualquer projeto, seja ele de pesquisa ou não, depende exclusivamente
de dois fatores fundamentais. São eles:
a) A capacidade de construir uma imagem mental de uma situação futura;
b) A capacidade de conceber um plano de ação a ser executado em um tempo determina-
do que vai permitir sua realização.
No projeto define-se:
• O que fazer;
• Porque fazer;
• Para quem fazer;
• Onde fazer;
• Como, com que e quando fazer;
• Com quanto fazer e como pagar;
• Quem vai fazer.

A estrutura de um projeto deve obedecer a sequência lógica de pensamentos, que estabe-


lece um problema e a seguir as ações necessárias para resolvê-lo. Esta sequência pode estar
organizada em diversas seções de texto. A seguir propomos uma estrutura geral das partes que
devem compor o projeto, com uma descrição sumária de cada uma delas:

Capa: é elemento obrigatório; identifica o projeto, pois apresenta pela primeira vez ao leitor
o título da pesquisa, os autores e a instituição a que pertencem. Veja nas normas para ela-
boração e apresentação de trabalhos acadêmicos as orientações para sua confecção.
Folha de Rosto: também é obrigatório; veja nas normas para elaboração e apresentação de
trabalhos acadêmicos as orientações para sua confecção.
Resumo em língua vernácula: é uma breve síntese das ideias presentes no texto, cujo obje-
tivo é fornecer uma visão geral rápida do trabalho. Deve ser seguido das palavras-chave
que representem o conteúdo do trabalho.

146
ANA PAULA AMORIM
Sumário: outro elemento obrigatório. Lista as seções em que o texto do projeto está orga-
nizado, com indicação da página em que se iniciam. Cuidado para não confundir o
“Sumário” com “Índice”.
Introdução: deve caracterizar o tema de estudo e o Problema de Pesquisa que deu origem
à investigação. A introdução pode ser iniciada pela apresentação breve da equipe envol-
vida e do histórico do projeto, explicitando o contexto de sua proposição. No entanto, a
discussão do tema e a formulação e delimitação do problema devem ser os eixos cen-
trais da introdução. Estes são tratados com referência a um quadro teórico, que tam-
bém precisa ser explicitado através do diálogo com a bibliografia especializada. Con-
forme Severino (2002, p. 162), “o quadro teórico constitui o universo de princípios,
categorias e conceitos, formando sistematicamente um conjunto logicamente coerente,
dentro do qual o trabalho [...] se fundamenta e se desenvolve”. As hipóteses, caso algu-
mas já estejam traçadas, também serão apresentadas aqui.
Objetivos: aqui devem ser listados os objetivos gerais e específicos que se quer alcançar.
Todos eles são formulados tendo como ponto de partida as hipóteses levantadas previ-
amente. Assim, o objetivo geral contemplará a hipótese geral do trabalho, ou seja, se-
gundo Severino (2002, p. 160), “a ideia central que o trabalho se propõe a demonstrar”.
Para alcançar este objetivo geral, será preciso verificar uma série de outras hipóteses su-
bordinadas, em várias etapas do trabalho, tratadas cada uma em um objetivo específico.
Os objetivos específicos são o desmembramento do objetivo geral.
Justificativa: nesta seção devem ser discutidos os motivos que levaram à proposição da
pesquisa. Os autores procuram convencer o leitor da importância da realização da pes-
quisa a partir de considerações a respeito da relevância social e científica do tema.
Fundamentação teórica ou revisão literária: é o aspecto mais importante do projeto de
pesquisa. É a apresentação dos principais conceitos teóricos necessários ao desenvolvi-
mento da pesquisa. É através da visão que outros autores já tiveram a respeito da temá-
tica pesquisada que o novo trabalho de pesquisa ou continuidade da pesquisa se dará.
Sem ter autores que fundamentem sua pesquisa, não há como realizá-la.
Metodologia: uma vez que os objetivos da investigação e que o quadro teórico em que
está inserido tenham sido discutidos e esclarecidos, cabe agora a exposição das es-
tratégias que serão utilizadas para resolver o problema. Para isso, é necessário tam-
bém refletir sobre os fundamentos metodológicos das ações planejadas, para que a
escolha do método realmente esteja adequada ao tipo de informação que se deseja
obter. Cada método é idealizado tendo em vista um referencial teórico; portanto, é
preciso cuidado para que os pressupostos dos métodos não entrem em conflito com
o quadro teórico utilizado na formulação do problema, já que eles nem sempre se

147
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
mostram compatíveis quando os examinamos de perto. Ao longo da explicação dos
métodos e estratégias, podemos descrever em linhas gerais que recursos serão em-
pregados. Algumas situações demandam um planejamento mais detalhado dos materiais
necessários, casos em que devemos então elaborar uma tabela de insumos e equipamen-
tos, em que são explicitados também seus custos de aquisição ou utilização.
Cronograma: aqui é detalhada a progressão temporal das atividades da pesquisa. Para pes-
quisadores iniciantes, a elaboração de um cronograma é muito instrutiva, já que serve
de referência para avaliar o próprio ritmo de trabalho, pois não se tem uma dimensão
muito exata a priori de quanto tempo é necessário para cumprir as tarefas propostas.
Além disso, sempre haverá imprevistos, de maior ou menor intensidade. Assim, deve-
mos ter em mente que o cronograma deve também permitir alguma flexibilidade, de
forma a assegurar que o tempo total da pesquisa não seja ultrapassado.

IMPORTANTE
Não faça um cronograma que você não vai conseguir cumprir. Isso só lhe deixará frus-
trado, dificultando ainda mais o andamento do projeto a cada fase que atrasa. Se ao cons-
truir o cronograma você percebe que há muitas atividades para o tempo disponível, não
tenha receio de voltar aos métodos e tentar reestruturá-los. A reestruturação deve, no en-
tanto, ser capaz ainda de produzir os resultados necessários para que você alcance os obje-
tivos. Se isso não foi possível, volte ainda mais e formule os objetivos mais uma vez, tendo
em vista o que você vai conseguir efetivamente alcançar.

Recursos Humanos e Materiais: planejamento dos recursos necessários para execução do


projeto.
Orçamento: previsão das despesas necessárias à execução do projeto
Referenciais Bibliográficos: elemento obrigatório, em que são listadas as fontes de in-
formação que serão consultadas para o desenvolvimento da pesquisa.

A estrutura do relatório final da pesquisa assemelha-se muito à estrutura até aqui apre-
sentada. Esteja atento aos itens que precisam ser excluídos, acrescentados ou ampliados a esta
estrutura na hora de apresentar os resultados e conclusões da sua pesquisa. Vale ressaltar a
observância à ordem adequada de cada tópico desta estrutura .
Estrutura do Trabalho Acadêmico
Já sabemos que para elaboração do trabalho científico é necessário seguir uma estrutura
composta por partes definidas. Usaremos ABNT, que estabelece uma ordenação lógica, escla-
recendo que, algumas dessas partes são consideradas essenciais e outras opcionais.

148
ANA PAULA AMORIM
Assim como nos projetos, a estrutura da monografia e dos relatórios de pesquisas varia
de acordo com a finalidade para a qual são produzidos. Para as seções que não estão descritas,
considere as mesmas orientações oferecidas nas explicações sobre o projeto.
Embora muitas das partes dos projetos e relatórios sejam semelhantes no conteúdo que
devem trazer, observe que o modo de apresentação deve ser diferente, já que os propósitos são
diferentes: o projeto apresenta uma intenção, um plano, e o relatório de pesquisa, como a
exemplo da monografia, apresenta um processo já consumado. Além disso, preocupe-se em
conhecer um pouco seus possíveis leitores, para adequar sua linguagem ao provável público.
Lembre-se sempre de atentar para esses aspectos no momento em que estiver escrevendo.
Todos os trabalhos acadêmicos e/ou científicos, a exemplo de monografias e relatórios
de pesquisas, são definidos em três partes: elementos pré-textuais; elementos textuais e ele-
mentos pós-textuais.
Vejamos cada item da estrutura a seguir:

FIGURA 44 – ESTRUTURA DA MONOGRAFIA / RELATÓRIO DE PESQUISA


FONTE: ADAPTADO DE SANTOS (2016, p.87)

Capa e folha de rosto: como visto anteriormente.


Dedicatória: a quem se dedica o trabalho de pesquisa.
Agradecimentos: a quem se agradece pela conclusão dos trabalhos e alcance dos objetivos
traçados para o desenvolvimento da pesquisa.
Epígrafe: do grego gráphein(“inscrição”), é um título, frase curta ou texto breve, com auto-
ria, que, colocado no início de uma obra, serve como tema ou assunto para resumir ou

149
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
introduzir a mesma. Segundo Mascarenhas (2012, p.103), a epígrafe “É uma frase ligada
ao tema do trabalho, para que o leitor encontre o clima do texto”. Deve-se indicar o au-
tor da epígrafe.
Resumo em língua vernácula: como visto anteriormente.
Resumo em língua estrangeira: tradução, para o inglês (ABSTRACT), espanhol
(RESUMEN) ou francês (RÉSUMÉ), do resumo em língua portuguesa. É um item obri-
gatório
Listas: listas de figuras, gráficos e/ou tabelas apresentadas no corpo do trabalho de pesquisa.
Sumário: como visto anteriormente.

Introdução: desempenha a mesma função que no projeto, mas no relatório inclui também a
descrição dos objetivos e a justificativa. Segundo Lakatos e Marconi (1999, p. 225), “de-
vem ser incluídos os motivos da realização da pesquisa, sua importância, caráter e deli-
mitação, indicando também os objetivos da pesquisa”. Estas autoras recomendam que a
revisão bibliográfica seja tratada numa seção específica para isso. No entanto, conside-
ramos que as informações levantadas a partir da bibliografia devem servir como emba-
samento para o conteúdo da introdução, entremeadas na exposição e discussão do tema
e do problema do trabalho. As informações da revisão bibliográfica servem como refe-
rências para a caracterização do quadro teórico em que a investigação está inserida.
Os 3 próximos tópicos representam a etapa textual conhecida como: DESENVOLVIMENTO*.
*Revisão Literária (Desenvolvimento): o corpo do trabalho é onde o tema é discutido pelo
autor. As hipóteses a serem testadas devem ser claras e objetivas. Devem ser apresenta-
dos os objetivos do trabalho. A revisão de literatura deve resumir as obras já trabalhadas
sobre o mesmo assunto. Deve-se mencionar a importância do trabalho, justificando sua
imperiosa necessidade de se realizar tal empreendimento. Deve ser bem explicada toda a
metodologia adotada para se chegar às conclusões.
*Metodologia(Desenvolvimento): apresentação das estratégias utilizadas na coleta e análise
dos dados. A descrição deve considerar a precisão de tais estratégias e métodos, e ser
acompanhada da justificação de sua escolha.
*Interpretação, Discussão e Resultados (Desenvolvimento): nesta seção deverão ser expostos
os resultados e discussões das suas implicações para a verificação da hipótese do trabalho.
Quem elabora o relatório deve mostrar claramente ao leitor que dados foram coletados, uti-
lizando não só um texto claro e preciso, mas também tabelas, figuras e gráficos. Estes auxili-
am na organização das informações, facilitando sua compreensão por parte do leitor. A sis-
tematização dos dados, realizada durante a análise, deve também ser explicada claramente
para que sirva de base à interpretação dos resultados. Dessa forma, na seção de Resultados e

150
ANA PAULA AMORIM
Discussão, a apresentação dos dados coletados é acompanhada pelo tratamento destes me-
diante a utilização de algum método. Este trabalho é realizado pelo autor para que ele consi-
ga relacionar significativamente os dados coletados à hipótese que está sendo testada. É pre-
ciso que as respostas encontradas respondam ao problema da pesquisa, aos seus objetivos
específicos e, consequentemente, o objetivo geral traçado no planejamento da pesquisa.
Conclusões: aqui não são apresentadas novas informações e normalmente já não há refe-
rência aos dados coletados, mas somente ao significado destes para o problema aborda-
do na investigação. As conclusões podem ser seguidas de sugestões para pesquisas futu-
ras e/ou recomendações para outros personagens interessados nos resultados da
pesquisa, como governantes, empresas, organizações da sociedade civil etc.
Referências: elemento obrigatório, em que são listadas as fontes de informação que foram
citadas no corpo do trabalho de pesquisa.Fontes que foram apenas consultadas, mas não
foram citadas, não são apresentadas aqui.(Ver Conteúdo 10).
Glossário: listagem de termos técnicos ou pouco conhecidos com os seus respectivos signi-
ficados. Espécie de mini dicionário do trabalho de pesquisa. Recomenda-se apresentação
mínima de 10 termos.
Apêndices: aqui são apresentados modelos e formulários, construídos pelo pesquisador ou
documentos que tenha sofrido sua intervenção. O apêndice é muito confundido com o
anexo. Observe que suas fronteiras são tênues.
Anexos: aqui são apresentados modelos, formulários, documentos etc. (originais) que fo-
ram utilizados ou consultados durante a execução da pesquisa. São documentos que não
sofreram intervenção por parte do pesquisador.

Para a elaboração de trabalhos científicos, é necessário seguir orientações conforme


adaptação das regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas para Trabalhos
Acadêmicos NBRs 6022/1994, 6023/2002 e 10520/2002.

1. Tipo de fonte Arial ou Times New Roman


2. Número da fonte para o corpo geral do texto :12
3. Papel formato A4: 210mm X 297mm.
4. Cor da folha: Branca ou papel reciclável
a) Margens: Superior 3 cm; Inferior 2 cm; Esquerda 3 cm; Direita 2 cm.
5. Espaçamento entre linhas para o corpo geral do trabalho: 1,5;
6. Parágrafos: justificados;
7. Referências: lista alinhada à esquerda;
8. Numeração de páginas: no canto superior direito iniciando na introdução do trabalho;

151
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
9. Estruturas de parágrafos: iniciar sempre o parágrafo com uma tabulação para indicar o
início: recuo especial de primeira linha: 1,25. (recuo no começo do parágrafo).

As referências são obrigatórias em qualquer trabalho acadêmico. Os demais elementos


pós-textuais apresentados são opcionais.

Monografia

Monografia é a descrição ou tratado especial de determinada parte de uma ciência qual-


quer, dissertação ou trabalho escrito que trata especialmente de determinados ponto da ciên-
cia, da arte, da história etc. ou relativo a trabalho sistemático e completo sobre um assunto
particular, usualmente pormenorizado no trabalho, mas não extenso em alcance.

Trata-se de um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficien-


te valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia. Investiga de-
terminado assunto não só em profundidade, mas em todos os seus ângulos e
aspectos, dependendo dos fins a que se destina. (LAKATOS; MARCONI,
2007, p.155)

Do ponto de vista etimológico, MONOGRAFIA forma-se do grego monos (um só) e


graphein (escrever). Deste modo, é comum definir monografia como o estudo por escrito de
um só tema exaustivamente estudado e bem delimitado. Pode ser definida como tratamento
escrito de um tema específico que resulte da interpretação científica com escopo de apresentar
uma contribuição relevante ou original e pessoal à ciência. Podemos também, defini-la como
um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente valor representativo e que
obedece a rigorosa metodologia científica.
Investiga determinado assunto não só em profundidade, mas também em todos os seus
ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destina. Tem como base a escolha de uma
unidade ou elemento social, sob duas circunstâncias:
1) ser suficientemente representativo de um todo cujas características de analisa;
2) ser capaz de reunir os elementos constitutivos de um sistema social ou de refletir as
incidências e fenômenos de caráter autenticamente coletivo.

Características da Monografia
A monografia apresenta algumas características:
a) Trabalho escrito, sistemático e completo;

152
ANA PAULA AMORIM
b) Tema específico ou particular de uma ciência ou parte dela;
c) Estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspectos e ângulos do caso;
d) Tratamento extenso em profundidade, mas não em alcance (nesse caso, é limitado);
e) Metodologia específica;
f) Contribuição importante, original e pessoal para a ciência.
A característica essencial não é a extensão, como querem alguns autores, mas o caráter
do trabalho (tratamento de um tema delimitado) e a qualidade da tarefa, isto é, o nível da pes-
quisa, que está intimamente ligado aos objetivos propostos para a sua elaboração. A monogra-
fia implica originalidade, mas até certo ponto, uma vez que é impossível obter total novidade
em um trabalho; isto é relativo, pois a ciência acumulativa está sujeita a contínuas revisões.

2.2.4
CONTEÚDO 4.
TIPOS DE MONOGRAFIA

Os estudantes, ao longo de suas carreiras, precisam apresentar uma série de trabalhos


que se diferenciam uns dos outros quanto ao nível de escolaridade e quanto ao conteúdo. Via
de regra, para o término do curso de graduação, os estudantes têm o compromisso de elaborar
um trabalho baseado, geralmente, em fontes bibliográficas, que não precisa ser extenso nem
muito específico. À medida que ascendem na carreira universitária, esses trabalhos vão exi-
gindo maior embasamento, mais reflexão, mais amplitude e criatividade.
Alguns autores, apesar de darem o nome genérico de monografia a todos os trabalhos
científicos, diferenciam uns dos outros de acordo com o nível da pesquisa, a profundidade e a
finalidade do estudo, a metodologia utilizada e a originalidade do tema e das conclusões.
Dessa maneira, podem-se distinguir três tipos: monografia, dissertação e tese, que obe-
decem a esta ordem ascendente, em relação à originalidade, à profundidade e à extensão.
As monografias referentes ao grau de conclusão do estudante universitário não podem
ser consideradas verdadeiros trabalhos de pesquisa (para o qual os estudantes não estão ainda
capacitados, salvo raras exceções), mas estudos iniciais de pesquisa.

153
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Tipologia:

I. Monografia de Análise Teórica

Também conhecida como Revisão de Literatura, tal tipo de monografia evidencia uma
simples organização coerente de ideias, originadas de bibliografia de autores consagrados que
escreveram sobre o tema escolhido pelo aluno. Esse tipo de monografia pode ser desenvolvido
como uma análise crítica ou comparativa de uma teoria ou modelo já existente, a partir de um
esquema conceitual bem definido.
As etapas que habitualmente compõe uma monografia de análise teórica seria:
a) Escolha do assunto/delimitação do tema;
b) Levantamento bibliográfico pertinente ao tema, com a consequente fundamentação
teórica;
c) Levantamento de dados específicos da área sob estudo, desdobrando as metodologias e
modelos aplicáveis;
d) Análise e interpretação das informações;
e) Resultados e conclusões.

II. Monografia de Análise Teórico-empírica

Esse tipo de monografia pode resultar de uma simples análise interpretativa de dados
primários em torno de um tema com o suporte da pesquisa empírica e com apoio bibliográfi-
co; de um teste de hipóteses, modelos ou teorias, a partir de dados primários e secundários; ou
de um trabalho realmente inovador, também a partir de dados primários e/ou secundários,
comumente utilizada em cursos de mestrado e doutorado.
As etapas que compõem um modelo metodológico monográfico desse tipo são:
a) Realidade observável;
b) Pergunta problemas e objetivo proposto;
c) Bibliografia e dados secundários;
d) Teoria pertinente ao tema (conceitos, técnicas) e dados secundários;
e) Instrumento da pesquisa;
f) Pesquisa empírica;
g) Análise;
h) Conclusões e resultados.

154
ANA PAULA AMORIM
III. Monografia de Estudo de Caso

Esse tipo de monografia resulta de uma análise específica da relação entre um caso real e
hipóteses, modelos e teorias. Esse tipo de monografia deve ser desenvolvida a partir da análise
de uma determinada organização.

O modelo metodológico envolve os seguintes elementos:


a) Escolha do assunto/delimitação do tema;
b) Levantamento bibliográfico pertinente ao tema, com a consequente fundamentação
teórica;
c) Levantamento de dados da organização sob estudo e caracterização da organização;
d) Análise e interpretação das informações;
e) Resultados e conclusões.

Formatação da Monografia
Antes de ser imprimir a monografia, cabe ao autor observar os parâmetro de formata-
ção do trabalho, devendo considerar:
a) Utilizar papel tamanho A4 (210mm x 297mm), branco ou reciclado, impresso em um
só lado ou frente e verso (anverso e verso), em espaço 1,5 no corpo geral do texto, com
fonte Times New Roman ou Arial em tamanho 12. Usa-se fonte 10 para resumo, notas
de rodapé, citações longas, indicações de fontes de figuras, gráficos e tabelas;
b) Margens superior e esquerda 3,0 cm; inferior e direita 2 cm;
c) Todo parágrafo deve iniciar-se com recuo especial de primeira linha 1,25; exceto para
citações diretas longas;
d) Citações diretas longas devem ter um recuo de 8 (oito) centímetros à esquerda, sem
aspas;
e) Referências poderão ocorrer no texto, quando deverão ser indicadas entre parênteses,
sumariamente, ou em notas de rodapé, quando deverão ser numeradas consecutiva-
mente, dentro de cada artigo ou capítulo; a indicação deve ser precedida do seu núme-
ro de ordem escrito acima da linha;
f) A paginação deve ser contada a partir da primeira folha de trabalho, que é a folha de
rosto. Em caso de trabalhos com sumário, a numeração só é explicitada a partir da pá-
gina da introdução, sempre no canto superior direito;

155
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
g) Se tratando de um trabalho subdividido em capítulos, cada novo capítulo ou seção de-
ve começar em uma nova folha (quebra de página). O cabeçalho ou título a cerca de 8
cm da borda superior; texto sendo iniciado a cerca de 5 espaços do título.

Fluxograma de elaboração de uma Monografia.

FIGURA 45 - FLUXOGRAMA DE ELABORAÇÃO DE UMA MONOGRAFIA


FONTE: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

156
ANA PAULA AMORIM
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Questões do ENADE

QUESTÃO 01
“Sabemos que a evolução da ciência é motivada pela vontade do homem de obter res-
postas.” (MASCARENHAS, 2012, p. 7). Mas é preciso saber se, ao longo da pesquisa, estamos
no caminho correto. Sendo assim, descreva, brevemente, os seguintes conceitos intimamente
relacionados à investigação científica: evidência, verdade e certeza.

QUESTÃO 02
Os alunos da EJA chegam à sala de aula com saberes construídos a partir de suas vivên-
cias em todos os contextos por onde circulam – familiar, profissional, de lazer ou religioso. Os
professores devem trabalhar tais saberes por meio de atividades em que sejam:
a) Avaliados para uma compreensão dos erros epistemológicos.
b) Integrados aos conteúdos das diferentes áreas do conhecimento.
c) Reconstruídos em torno de parâmetros de correção prévios.
d) Relativizados por serem construídos fora do processo de escolarização.
e) Esvaziados por sua associação ao fracasso escolar dos alunos.

QUESTÃO 03
Considere as descrições que se seguem.
Escola X: O currículo é desenvolvido em projetos de trabalho, com integração entre dis-
ciplinas, e os laboratórios de informática estão a serviço da pesquisa empreendida pelos alu-
nos.
Escola Y: Há uma delimitação clara entre as disciplinas, com horários e espaços bem de-
finidos para as atividades, e os recursos tecnológicos dão suporte à transmissão de conheci-
mentos.
Escola Z: Laboratórios de informática, telas digitalizadas e estúdios de produção audio-
visual estão disponíveis aos professores, que são conduzidos a desenvolverum currículo em
que os novos conhecimentos científicos sejam imediatamente incorporados.
Qual das análises faz uma relação coerente entre concepções de currículo e uso da tec-
nologia, segundo as correntes teóricas a que se referem?
a) As escolas X e Y adotam uma concepção de currículo calcada no multiculturalismo,
pois o tratamento dado ao uso de recursos tecnológicos está associado à diversidade.

157
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
b) Na escola X o currículo possui uma abordagem interdisciplinar, o que favorece o cará-
ter investigativo do uso de recursos tecnológicos no contexto da metodologia de proje-
tos.
c) Na escola Y a delimitação entre as disciplinas demonstra que o currículo é reflexo da
pluralidade cultural contemporânea, ao passo que o modo como a tecnologia é adota-
da remete a um modelo tecnicista.
d) Na escola Z os diversos recursos tecnológicos usados indicam uma visão de currículo
calcada na teoria pós-crítica, pois os professores acompanham as inovações tecnológi-
cas.
e) As escolas Y e Z trabalham segundo uma perspectiva curricular crítica, em que os re-
cursos tecnológicos são utilizados para a formação continuada de alunos e professores.

QUESTÃO 04
Resenha é um tipo de trabalho que exige conhecimento do assunto, para estabelecer
comparação com outras obras da mesma área e maturidade intelectual para fazer avaliação e
emitir juízo de valor, por este motivo afirma-se ser a resenha tarefa de professores e especialistas no assunto
da obra que costuma ser pedida em cursos de pós-graduação, como exercício para a realização
de trabalhos complexos.
Sobre as resenhas, analise as afirmativas abaixo e julgue-as se verdadeiras ou falsas.
I. Apresenta uma avaliação da obra e diz a quem a obra se destina.
II. É um tipo de redação técnica que inclui variadas modalidades de texto, como a descri-
ção, narração e dissertação.
III. A resenha é como um resumo, porém mais extenso.
Assinale a alternativa correta onde I, II e III são respectivamente:
a) V; V; V
b) F; F; F
c) F; F; V
d) F; V; F
e) V; V; F

QUESTÃO 05
O método científico surgiu como uma tentativa de organizar o pensamento para se che-
gar ao meio mais adequado de conhecer e controlar a natureza. Com base nessa afirmativa,
complete as lacunas da sentença abaixo, escolhendo a opção correta:
No fim o período do Renascimento, Francis Bacon pregava o método indutivo
_____________________. Em seu “Discurso sobre o método”, René Descartes defendeu o

158
ANA PAULA AMORIM
método dedutivo como aquele que possibilitaria a aquisição do conhecimento
_____________________.
a) Para explicar as relações sociais através das questões econômicas / como resultado de
experimentações contínuas.
b) Através da elaboração lógica de hipóteses e a busca de sua confirmação ou negação /
para explicar a relações sociais através das questões econômicas.
c) Como meio de se produzir o conhecimento / através da elaboração lógica de hipóteses
e a busca de sua confirmação ou negação.
d) Através da elaboração lógica de hipóteses e a busca de sua confirmação ou negação /
como meio de se produzir o conhecimento.
e) Como resultado de experimentações contínuas / para explicar a relações sociais através
das questões econômicas

CONSTRUINDO CONHECIMENTO
(In)formação
Nestes sites, você encontra periódicos científicos de diferentes áreas do conhecimento.
• Scielo - http://www.scielo.br/
• Periódicos CAPES - http://www.periodicos.capes.gov.br/

Aqui estão listados periódicos de diferentes áreas do conhecimento. Acesse os links para
buscar artigos científicos em sua área de interesse.
• Educação & Sociedade
• Educação e Pesquisa
• Revista Brasileira de História
• Revista Brasileira de Ciências Sociais
• Revista de Administração de Empresas
• Gestão & Produção
• Revista Brasileira de Linguística Aplicada

159
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
GABARITO DAS QUESTÕES

TEMA 01: 1-E; 2-E; 3-D; 4-C; 5-C


TEMA 02: 2-C; 3-A; 4-C; 5-A
TEMA 03: 2-D; 3-B; 4-A; 5-B
TEMA 04: 2-B; 3-B; 4-E; 5-D

160
ANA PAULA AMORIM
GLOSSÁRIO

ABNT: Sigla identificadora da “Associação Brasileira de Normas Técnicas”, entidade que ge-
rencia os processos de normatização técnica em nosso país.
Abstract: resumo em inglês. Normalmente presentes nas dissertações de mestrado e teses de
doutorado. V.tb.: resumo
Agradecimento: É a manifestação de gratidão do autor da pesquisa às pessoas que colabora-
ram no seu trabalho. Deve ter a característica de ser curto e objetivo.
Amostra: É uma parcela significativa do universo pesquisado ou de coleta de dados. Grupo de
elementos ou sujeitos selecionados a partir de um grupo maior (população). Subconjunto da
população de estudo. Quando a amostra é representativa dessa população, supõe-se que os
dados obtidos por meio da amostra possam ser generalizados para a população da qual a
mesma se originou.
Amostragem: Procedimento estatístico através do qual se constitui uma amostra a partir de
uma população.
Análise: É o trabalho de avaliação dos dados recolhidos. Sem ela não há relatório de pesquisa.
Anexo: É uma parte opcional de um relatório de pesquisa. Nele deve constar o material que
contribui para melhor esclarecer o texto do relatório de pesquisa, a exemplo de um documen-
to anexado que possa ampliar a visão acerca do tema abordado, sem que exista qualquer inter-
ferência do autor da pesquisa.
Apêndice: O seu significado segue a mesma ideia central do anexo, entretanto, os documentos
que fazem parte do apêndice possuem intervenção / construção direta do pesquisador, a
exemplo do questionário que foi aplicado durante a execução da pesquisa.
Apud: Termo latino que significa “de acordo com”, “citando por” Utilizado quando se deseja
citar um autor cuja obra não se teve acesso direto. É o caso de se fazer uma citação de um tre-
cho de outro autor que já é uma citação na obra consultada, ou seja, trata-se de citação de cita-
ção.
Artigo: Texto que possui certas características especificas (presença de elementos textuais, tais
como introdução, método, resultados, conclusão, referencias...) e cujo objetivo é o de ser pu-
blicado num periódico científico [...] - Geral de um artigo depende muito da área em questão,
do tipo de pesquisa que lhe fornece base e das normas específicas do periódico em que se pre-
tende publicar o artigo.O formato
Bibliografia: É a lista de obras a serem utilizadas e consultadas pelo autor do trabalho de pes-
quisa. Normalmente, utiliza-se a bibliografia como fontes tomadas como um todo. Em traba-
lhos científicos não se utiliza a nomenclatura bibliografia, mas a seção denominada referên-
cias.
Capítulo: Divisão de um trabalho acadêmico, podendo ser ou não numerado. O mesmo que
seção, parte; É uma das partes da divisão do relatório de pesquisa.

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Ciência: É um conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto
conquistados através de métodos próprios de coleta de informação.
Citação: Alusão, num texto, de uma informação originalmente extraída de outro texto. Pode
ser uma transcrição literal (citação direta) ou uma paráfrase (citação indireta).
Coleta de dados: Operação através da qual se obtêm as informações ou dados a partir de um
fenômeno pesquisado. A coleta de dados é realizada mediante um instrumento de pesquisa,
que irá variar em função da ciência e do método utilizado.
Corpo do Texto: É o desenvolvimento do tema pesquisado, dividido em partes, capítulos ou
itens, excluindo-se a Introdução e a Conclusão.
Cronograma: É o planejamento das atividades da pesquisa, descrito na Metodologia, dentro
de um espaço pré-determinado de tempo. Normalmente é demonstrado através de um gráfi-
co.
Dedicatória: Parte opcional que abre o trabalho homenageando afetivamente algum indiví-
duo, grupos de pessoas ou outras instâncias.
Dedução: Conclusão baseada em algumas proposições ou resultados de experiências.
Definição: I - Preposição que especifica o que uma coisa é; II - Descrição das propriedades ou
características de um objeto ou conceito.
Dissertação: É um trabalho de pesquisa, com aprofundamento superior a uma monografia,
para obtenção do grau de Mestre, por exigência do Parecer 977/65 do então Conselho Federal
de Educação.
Entrevista: É um instrumento de pesquisa utilizado na fase de coleta de dados. Procedimen-
to genérico de coleta de dados no qual ocorre a presença física ou a distância do pesquisador e
do sujeito entrevistado. Há diversos tipos de entrevista: estruturada (ou padronizadas), não
estruturada (ou despadronizada) e semi-estruturada. Há Entrevistas do tipo:
Estruturada: Tipo de entrevista cuja estrutura prevê um roteiro de perguntas pré-
estabelecidas e que serão aplicadas a todos os sujeitos respondentes da pesquisa.
Não estruturada: Tipo de entrevista no qual não há roteiro preestabelecido de perguntas a
serem feitas aos sujeitos, embora haja um tema bem definido, num contexto informal. (Ex:
pesquisa de marketing)
Semiestruturada: Tipo de entrevista que possui componentes estruturados e não estrutura-
dos, ou seja, há um roteiro de pergunta preestabelecidas a serem feitas ao respondente, mas há
também um espaço para a discussão livre e informal de determinado tema do interesse do
pesquisador.
Experimento: Situação provocada com o objetivo de observar a reação de determinado fenô-
meno.
Fichamento: São as anotações de coletas de dados registradas em fichas para posterior consul-
ta.
Folha de Rosto: É a folha seguinte a capa e deve conter as mesmas informações contidas na
Capa e as informações essenciais da origem do trabalho.

162
ANA PAULA AMORIM
Glossário: São as palavras de uso restrito ao trabalho de pesquisa ou pouco conhecidas pelo
virtual leitor, acompanhadas de definição.
Gráfico: É a representação gráfica das escalas quantitativas recolhidas durante o trabalho de
pesquisa.
Hipótese: É a suposição de uma resposta para o problema formulado em realção ao tema. A
Hipótese pode ser confirmada ou negada.
Índice (ou Índice Remissivo): É uma lista que pode ser de assuntos, de nomes de pessoas ci-
tadas, com a indicação da(s) página(s) no texto onde aparecem. Alguns autores referem-se a
Índice como o mesmo que Sumário.
Indução: "Processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficien-
temente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes exami-
nadas" (LAKATOS; MARCONI, 1991, p.47).
Instrumento de Pesquisa: Material utilizado pelo pesquisador para colher dados para a pes-
quisa.
Instrumentos: Meio através do qual se mensura determinado fenômeno ou se obtém dados
de uma pesquisa. Nas ciências sociais e humanas, por exemplo, questionários, inventários,
testes psicológicos, entrevistas e enquetes são os instrumentos mais comuns. (p.114)
Introdução: É o primeiro capítulo de um relatório de pesquisa, onde o pesquisador irá apre-
sentar, em linhas gerais, o que o leitor encontrará no corpo do texto. Por isso, apesar do nome
Introdução, é a última parte a ser escrita pelo autor.
Justificativa: É a parte mais importante de um projeto de pesquisa já que é nesta parte que se
formularão todas as intenções do autor da pesquisa. Em um projeto de pesquisa, como o pró-
prio nome indica, é o convencimento de que o trabalho de pesquisa é fundamental de ser efe-
tivado.
Método: A palavra método deriva do grego e quer dizer caminho. Método então, no nosso
caso, é a ordenação de um conjunto de etapas a serem cumprias no estudo de uma ciência, na
busca de uma verdade ou para se chegar a um determinado conhecimento.
Metodologia: "Methodo" significa caminho; "logia" significa estudo. É o estudo dos caminhos
a serem seguidos para se fazer ciência.
Monografia: "Mono" significa um, "grafia" significa escrita, ou seja, escrito por um. É um es-
tudo científico, com tratamento escrito individual, de um tema bem determinado e limitado,
que venha contribuir com relevância à ciência.
Objetivos: A definição dos objetivos determina o que o pesquisador quer atingir com a reali-
zação do trabalho de pesquisa. Objetivo é sinônimo de meta, fim. Os objetivos podem ser se-
parados em Objetivos Gerais e Objetivos Específicos.
Palavra-chave: palavra que fornece uma clara indicação de qual o tema ou área de conheci-
mento de um trabalho científico.
Pesquisa: É a ação metodológica para se buscar uma resposta; busca; investigação.

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
Premissas: São proposições que vão servir de base para uma a formação de um posicionamen-
to ou conclusão.
Problema: É o marco referencial inicial de uma pesquisa. É a dúvida inicial que lança o pes-
quisador ao seu trabalho de pesquisa.
Referência: “Conjunto de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua
identificação individual”. (ABNT, 2002, p.2). Quando se lê uma citação num trabalho acadê-
mico, espera-se que haja uma referência que ateste a fonte de onde o trecho foi extraído.
Revisão de Literatura: A Revisão ou Levantamento de Literatura é a localização e obtenção de
documentos para avaliar a disponibilidade de material que subsidiará o tema do trabalho de
pesquisa. Este levantamento é realizado junto às bibliotecas ou serviços de informações exis-
tentes.
Técnica: É a forma mais segura e ágil para se cumprir algum tipo de atividade, utilizando-se
de um instrumental apropriado.
Teoria: "É um conjunto de princípios e definições que servem para dar organização lógica a
aspectos selecionados da realidade empírica. As proposições de uma teoria são consideradas
leis se já foram suficientemente comprovadas e hipóteses se constituem ainda problema de
investigação" (GOLDENBERG, 1998, p. 106-107)
Tópico: É a subdivisão do assunto ou do tema.
Universo: É o conjunto de fenômenos a serem trabalhados, definido como critério global da
pesquisa.

PALAVRAS OU EXPRESSÕES LATINAS UTILIZADAS EM PESQUISAS


apud: Significa "citado por". Nas citações é utilizada para informar que o que foi transcrito de
uma obra de um determinado autor na verdade pertence a um outro autor, Trata-se de citação
de citação.
et al. (et alli): Significa "e outros", “e colaboradores”. Utilizado quando a obra foi executada
por muitos autores.
ibid ou ibdem: Significa "na mesma obra".
idem ou id: Significa "igual a anterior".
In: Significa "em".
ipsis litteris: Significa "pelas mesmas letras", "literalmente". Utiliza-se para expressar que o
texto foi transcrito com fidelidade, mesmo que possa parecer estranho ou esteja reconhecida-
mente escrita com erros de linguagem.
ipsis verbis: Significa "pelas mesmas palavras", "textualmente". Utiliza-se da mesma forma que
ipsis litteris ou sic.
opus citatum ou op.cit.: Significa "obra citada"

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ANA PAULA AMORIM
passim: Significa "aqui e ali". É utilizada quando a citação se repete em mais de um trecho da
obra.
sic: Significa "assim". Utiliza-se da mesma forma que ipsis litteris ou ipsis verbis.
supra: Significa "acima", referindo-se a nota imediatamente anterior.

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
REFERÊNCIAS

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METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO

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