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A REVOLUÇÃO DE 30 NO PARÁ: 1ª E 2ª

INTERVENÇÃO DE MAGALHÃES BARATA


Resumo
A política no Pará durante a revolução de 30 liderada por Vargas foi um período muito
importante, pensando nisso foi elaborado este conteúdo a fim de colocar pontos
relevantes acerca das intervenções de Magalhães Barata e sua respectiva política nos
aspectos históricos quando atuou no referido Estado. Dos tópicos principais serão
colocados sobre a vida, política e oposições de forma resumidamente para entender de
forma simplificada a história dessa importante figura em Estado do Pará.

Palavras-Chave: Vida; Política; Oposições.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como foco principal um dos mais populares políticos
do Estado do Pará, Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, que atuou no governo do
Estado no período revolucionário Getúlio Vargas de 1930 a 1935, 1943 a 1945 e 1955 a
1959, data última de seu falecimento e as duas primeiras datas das intervenções por ele
administrada. Será colocado dentre os pontos principais a Vida, Política e a oposição
que marcaram a trajetória desse importante figura no cenário paraense do nosso estado
do Pará.
Vários foram os administradores do Pará no período que Vargas estava no
poder totalitário do Brasil, uns dos pontos relevantes que ainda hoje se discute sobre
aquele período é os seus interventores e a forma de governo, Magalhães barata teve
duas passagem no poder do estado durante o período de intervenções federais. Com
uma Trajetória política sendo, a primeira interventoría deu-se de 1930 a 1935. Após
perder a eleição para José Carneiro da Gama Malcher, foi retirado do governo por
determinação de Getulio Vargas.
Entre 1935 a 1943 serviu em Recife. Foi promovido a tenente-coronel neste
período. Com a entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial e a “Batalha da Borracha”, volta
a Belém para ocupar a 2ª Interventoria, que se encerra em 1945, com a
redemocratização, é eleito senador, em 1945. Na década de 1950 concorreu ao governo
do Estado do Pará: em 1950 foi derrotado por Zacarias de Assunção e em 1955 é eleito
governador. Seu governo é interrompido com sua morte, em 29 de maio de 1959. Em 2
de junho (data de seu aniversário) enterra-se o popular, ainda hoje lembrado por muitos
em diversas regiões do Estado do Pará.
Para a finalização do trabalho será feita uma analise histórica resumida e do
ponto de vista critico histórico para fechar as idéias principais. Sendo que toda história
partir de um ponto de vista, não será colocado todo conteúdo acerca do tema principal,
mas sim fundamentar os pontos primordiais do período vigente.

2 CONTEXTO HISTÓRICO

A Primeira República brasileira, que teve por base a Constituição de 1891


definiu seu padrão político no final da década de 1890. Seu principal mecanismo foi a
“política dos governadores”, que teve como base o seguinte acordo: o governo federal
garantia ampla autonomia aos grupos oligárquicos dominantes de cada estado, e em
troca as bancadas estaduais lhe davam apoio político no Congresso. O resultado desse
pacto foi o enfraquecimento das oposições, a fraude eleitoral e a exclusão da maior
parte da população de qualquer participação política.
O controle político oligárquico também era assegurado pelo voto aberto e pelo
reconhecimento dos candidatos eleitos não pelo Poder Judiciário, mas pelo próprio
Poder Legislativo. Como o Congresso sofria a influência do presidente e dos
governadores, esse mecanismo dava margem à chamada degola dos candidatos
indesejáveis.
A “política dos governadores”, no entanto, não impedia a luta dos grupos
oligárquicos pela presidência da República. Para regular a disputa, chegou-se a um novo
acordo informal: o revezamento de São Paulo e Minas Gerais na chefia do Poder
Executivo. Esses dois estados elegeram 8 dos 13 presidentes na Primeira República.
Os estados de menor força política ficavam praticamente à margem nesse jogo
de cartas marcadas. Já estados de importância mediana, como Rio Grande do Sul, Rio
de Janeiro, Pernambuco e Bahia, buscavam ocupar espaços atuando individualmente ou
em conjunto. Nas eleições presidenciais de 1922 esses estados de segunda grandeza se
uniram com o intuito de romper com o predomínio de Minas Gerais e São Paulo. Foi
criado um movimento político de oposição – a Reação Republicana - que lançou o
nome do fluminense Nilo Peçanha contra o candidato oficial, o mineiro Artur
Bernardes.
O programa oposicionista defendia a maior independência do Poder
Legislativo frente ao Executivo, o fortalecimento das Forças Armadas e alguns direitos
sociais do proletariado urbano. Todas essas propostas eram apresentadas num discurso
liberal de defesa da regeneração da República brasileira.
Até aí não havia grandes novidades. Parecia que a lei de ferro das sucessões
presidenciais na Primeira República iria se manter, isto é, a oposição iria concorrer,
perder e reclamar das fraudes sem resultado. A história, no entanto, foi um pouco
diferente. Para começar porque pela primeira vez organizava-se uma chapa de oposição
forte com o apoio de importantes grupos regionais. Além disso, o movimento contou
com a adesão de diversos militares descontentes com o presidente Epitácio Pessoa, que
nomeara um civil para a chefia do Ministério da Guerra. Finalmente, a Reação
Republicana conseguiu, em uma estratégia praticamente inédita na história brasileira,
desenvolver uma campanha baseada em comícios populares nos maiores centros do
país. O mais importante deles foi o comício na capital federal, quando Nilo Peçanha foi
ovacionado pelas massas.

No mês de outubro de 1921 a campanha eleitoral esquentou. Foram publicadas


na imprensa carioca cartas atribuídas a Artur Bernardes em que este fazia comentários
desrespeitosos sobre os militares. Apesar de Bernardes negar a autoria das cartas, o
episódio - mais tarde chamado das “cartas falsas” - acirrou os ânimos e abriu caminho
para que alguns oficiais iniciassem movimentos no sentido de impedir, a todo custo, a
vitória do candidato oficial.
A conspiração não teve maiores consequências, e as eleições puderam
transcorrer normalmente em março de 1922. Como era de se esperar, a vitória foi de
Artur Bernardes. O problema foi que nem a Reação Republicana nem os militares
aceitaram o resultado. Como o governo se manteve inflexível e não aceitou a proposta
da oposição de rever o resultado eleitoral, o confronto se tornou apenas uma questão de
tempo.
No mês de julho de 1922, algumas unidades militares no Rio de Janeiro e em
Mato Grosso se levantaram contra o governo. Foram derrotadas. A rebelião mostrou-se
desarticulada e sem base política, mas serviu de detonadora para outros levantes
militares nos anos seguintes. Era o início do movimento tenentista. O governo reagiu
decretando o estado de sítio.
Clima de tensão política permaneceu durante toda a gestão do presidente Artur
Bernardes. A imprensa foi censurada e centenas de oposicionistas civis e militares
foram presos e desterrados para campos de internamento no norte do país. Com os
grupos dissidentes vigiados e controlados, coube aos militares a vanguarda das ações
contra o governo. Dois anos depois eclodiram os levantes de 1924 e pouco mais tarde
formou-se a Coluna Prestes.

No governo seguinte, a situação se acalmou um pouco. O presidente


Washington Luís levantou o estado de sítio com a promessa de reduzir a repressão
política. A crise política apenas ganharia fôlego novamente na sucessão presidencial de
1930. E foi motivada, principalmente, pela cisão causada pela atitude de Washington
Luís de indicar para a sua sucessão o paulista Júlio Prestes, e não, como se esperava, o
mineiro Antônio Carlos. Interessava a Washington Luís que seu sucessor mantivesse o
seu plano de estabilização financeira. Mas com isso rompesse a aliança que havia
dominado por décadas a política brasileira.
Como resultado direto do rompimento do pacto Minas-São Paulo, a oposição
reaglutinou-se, agora com apoio da poderosa oligarquia mineira. Foi formada a Aliança
Liberal, que lançou as candidaturas do gaúcho Getúlio Vargas para a presidência e do
paraibano João Pessoa para a vice-presidência. A chapa foi apoiada também pela
dissidência paulista, organizada no Partido Democrático, e por diversos outros setores
civis e militares.
O nome de Getúlio Vargas cresceu durante a campanha, mas a candidatura de
Júlio Prestes manteve-se como favorita. A grande maioria dos grupos oligárquicos
regionais manteve-se fiel à orientação do presidente da República.
Em março de 1930 realizaram-se as eleições, e a história mais uma vez foi a
mesma: venceu a candidatura oficial. As denúncias de fraude ganharam a imprensa, e
grupos oposicionistas civis e militares começaram a conspirar. Repetisse o que havia
ocorrido no ano de 1922. Mas agora a oposição estava mais forte e articulada. De março
a outubro foram sete meses de tensão política que tiveram como desfecho a derrubada
de Washington Luís na Revolução de 1930.

2.1 O MOVIMENTO TENENTISTA

A Primeira Guerra Mundial colocou na ordem do dia a questão da defesa


nacional. Governo e setores da sociedade começaram então a dar maior atenção às
Forças Armadas. Algumas medidas concretas de modernização foram adotadas: o
recrutamento universal e a vinda da Missão Francesa para melhor formar os oficiais
brasileiros.
Só que no começo dos anos 1920 a situação continuava desalentadora no
Exército. Faltava de tudo: armamento, cavalos, medicamentos, instrução para a tropa.
Os oficiais brasileiros se ressentiam de uma política mais eficaz e mostravam-se
descontentes com a nomeação do civil Pandiá Calógeras para o Ministério da Guerra
pelo presidente Epitácio Pessoa. Os soldos permaneciam baixos e o governo não fazia
menção de aumentá-los.
Esta situação afetava particularmente os tenentes. Havia um grande número
deles, e as promoções eram muito lentas. Um segundo-tenente podia demorar dez anos
para alcançar a patente de capitão.
Foi nesse quadro de crescente insatisfação, com as condições do Exército e
com a política do governo, que eclodiram diversos levantes militares. A presença
significativa de tenentes na condução desses movimentos deu origem ao termo
“tenentismo”. Os principais movimentos tenentistas da década de 1920 foram os 18 do
Forte, os levantes de 1924, e a Coluna Prestes.
O principal objetivo dos tenentes era derrubar o governo. Mas que tipo de
governo desejavam implantar no país? Em suas formulações percebe-se que nem eles
mesmos sabiam muito bem o que queriam. Eram pródigos na ação e na crítica mas
econômicos na proposição. Não havia um programa muito claro, apenas algumas idéias
gerais. Eram homens formados na caserna. Suas formulações derivavam principalmente
dessa situação. Acreditavam que sua ação era parte de uma missão que salvaria o país.
As propostas políticas dos tenentes de uma maneira geral se vinculavam ao
clima do pós-Primeira Guerra Mundial, marcado pelo avanço do nacionalismo e da
centralização política. Nesse ponto, eles assumiam bandeiras de luta próximas às das
oligarquias regionais que se opunham ao predomínio de Minas Gerais e São Paulo.
Entre outras reformas, defendiam o voto secreto, a independência do Poder Judiciário e
um Estado mais forte.
Os movimentos tenentistas foram combatidos por outras correntes no interior do
Exército que defendiam a legalidade e a profissionalização. Muitos oficiais
continuavam descontentes com o governo federal, que não fazia muita coisa para alterar
a situação geral da instituição, mas achavam que os métodos de ação dos tenentes
dividiam e enfraqueciam o Exército. Entre meados da década de 1920 e o início dos
anos 1930, foi tomando corpo uma proposta que concebia a intervenção na vida política
do país como algo que deveria ser feito não por um grupo ou facção, mas pela própria
instituição militar, representada pelo seu estado maior. Seus principais formuladores
foram Bertoldo Klinger e o tenente-coronel Góes Monteiro. Segundo essa concepção, o
Exército e a Marinha, como instituições nacionais, tinham o dever de intervir na vida
política brasileira em caso de grave ameaça à organização nacional.

3 VIDA

Natural de Belém, distrito de Val-de-Cães, Joaquim de Magalhães Cardoso


Barata nasceu em 02 de junho de 1888. Foi sem dúvida, o maior líder político do Pará e
um dos mais controversos personagens da nossa história política.

Filho do Major Marcelino Barata, o pequeno Joaquim passou sua infância em


Monte Alegre. Marcelino Barata teve que assumir a administração do núcleo de Monte
Alegre até agosto de 1896. Continuou residindo no município, mas mandou seus filhos
para se educarem em Belém. Em 1899, Magalhães Barata foi batizado, tendo como
padrinhos, Lauro Sodré e sua esposa, dona Teodósia de Almeida Sodré.

Magalhães Barata tinha apelidos de infância, como “Mimi” ou “Baratinha”. Foi


aluno do internato no Colégio Progresso Paraense, que funcionava na travessa São
Mateus, hoje Padre Eutíquio, próximo a Praça Batista Campos.

Já adolescente ingressou na Escola Militar como cadete. Em 1911 começou a


servir no 47º Batalhão de Caçadores, sediado em Belém. Barata vivia então, num
cenário político dividido entre os lemistas (partidários de Antônio Lemos) e os lauristas
(correligionários de Lauro Sodré). Na condição de afilhado de Lauro Sodré é acusado de
ter contribuído, direta e indiretamente, com algumas ações lauristas contra os lemistas,
como o incêndio que destruiu o prédio do jornal “A Província do Pará,” em agosto de
1912.

Em maio de 1915 foi promovido 2º Tenente, tornando-se comandante da


guarnição da fronteira do Brasil no Oiapoque. A promoção para 1º tenente veio em 14
de janeiro de 1919, quando Barata foi transferido para o Rio de Janeiro.

Eleito Governador do Estado no pleito de 3 de outubro de 1955, tomou posse


no domingo, 10 de junho de 1956. Em 1955, Magalhães Barata voltou à chefia do
Executivo paraense, depois de uma das mais empolgantes eleições já realizadas no Pará,
com o povo correndo em massa às urnas, num grande espetáculo de prática
democrática. Como concorrente teve o Deputado Epílogo de Campos, eminente político
paraense.

Todos no Pará sabiam que o grande objetivo de Barata era ser Governador
eleito pelo povo. E no Governo Constitucional que tanto ambicionava veio a falecer,
ano e meio antes de terminar seu mandato.

Na terceira passagem de Barata no Executivo do Pará, com todo o apoio do


Presidente Kubistchek, muitas obras foram feitas. E os políticos encontraram um Barata
diferente: talvez cansado pela velhice e doença, Magalhães Barata sofria de leucemia,
fez um governo de paz. Após prolongada doença e agonia faleceu às 11horas e 7
minutos do dia 29 de maio de 1959. Entretanto, mesmo no leito de dor, Barata ainda
ditou o futuro do Pará: fez com o que os deputados elegessem o vice-governador (e seu
substituto, já que o passamento era a coisa certa), o nome que indicava: o do ex-
governador, Moura Carvalho.

4 POLÍTICA
A crise da borracha iniciada em meados dos anos 1910 deixou o estado sem
verbas não só para concluir as obras inacabadas como para pagar o funcionalismo
público. No âmbito político, as disputas oligárquicas eram marcadas pelo abuso de
poder, pelo autoritarismo, pelas fraudes eleitorais. Conchavos políticos eram
responsáveis pelo revezamento, no poder, entre Lauristas e Lemistas.

Em 1° de fevereiro de 1929, o Dr. Eurico de Freitas Vale, assumia o governo


do Estado. Foi eleito, por unanimidade, dentro do velho esquema de regime vigente.
Com a deposição do presidente Washington Luís, o governador Eurico Vale, renuncia ,
passando o poder a uma junta revolucionária. Essa junta Governativa, formada pelo
Tenente Ismaelino de Castro, pelo Capitão de Fragata Antônio Rogério Coimbra e pelo
Dr. Mario Chermont, dissolveu o congresso do Estado e os Conselho Municipais.

No dia 11 de novembro de 1930, chegavam a Belém José Américo de Almeida,


Juarez Távora, Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, o coronel Agildo Barata Ribeiro
e o capitão Waldemar Monteiro. No dia seguinte, 12 de novembro, às 11horas da
manhã, no salão nobre do Palácio do Governo, Magalhães Barata foi empossado no
cargo de Interventor do estado.
Entravam em cena novos grupos oligarcas, repetindo-se no Pará o receituário
político traçado por Vargas para o país. O movimento de 1930 existiu mais para
conservar e menos para alterar a ordem política. É neste sentido que Magalhães Barata
deve ser compreendido: um político ligado a certos grupos oligarcas. Lembremos que a
política no Pará girava em torno de Lauristas (seguidores de Lauro Sodré, governador
em 1891 e de 1917 a 1921) e Lemistas (seguidores de Antonio Lemos, intendente de
1897 a 1911). Aqui no Pará, o discurso revolucionário era de desarticulação dos grupos
oligarcas, mais sabe - se das inclinações de Barata por Lauro Sodré, seu padrinho.
Barata que era “devoto” de Getulio Vargas adotou vários elementos do Getulismo na
região como: a defesa do nacionalismo, o militarismo, o anticomunismo, o totalitarismo,
o trabalhismo e o populismo. Pará, os elementos fundamentais para entendermos os
efeitos políticos do Baratismo no Pará foram a violência e o populismo caboclo.

4.1 A Revolução de 30 no Pará e A Interventoria de Magalhães de Barata (1930 –


1935)
A questão da sucessão do presidente Washington Luís. Este, de acordo com a
lógica da política do “café com leite”, deveria indicar para presidência o mineiro
Antônio Carlos Ribeiro de Andrade (presidente do Estado de Minas Gerais), mas não o
fez. No lugar de Antônio Carlos, Washington Luís indicou para a sua sucessão outro
paulista – Júlio Prestes.
A oposição à candidatura de Júlio Prestes levou os Estados de Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Paraíba (governado por João Pessoa) a formarem a chamada
Aliança Liberal, lançando assim uma chapa que apresentava Getúlio Vargas como
presidente e João Pessoa como vice.
A máquina eleitoral montada pelo governo – marcada pela fraude e violência –
favoreceu a vitória do paulista Júlio Prestes na eleição, que foi realizada no dia 1º de
março de 1930. A não aceitação do resultado do resultado eleitoral por parte da Aliança
Liberal, levou-a a tramar a reversão da situação não através da via Institucional.
Buscaram, a partir daquele momento, mudar à força aquilo que não haviam mudado
pelos meios legais.
No dia 3 de novembro de 1930 o poder foi entregue a Getúlio Vargas
iniciando-se assim o chamado Governo Provisório.
É essa relação de poder e interesses, encontrada no seio do movimento de 30,
que dá inteligibilidade àquilo que se processou no Pará materializado na figura de
Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, no ano de 1930.
Após assumir a interventoria no Pará, Magalhães Barata desenvolveu uma
política visando uma aproximação com as camadas populares além de preconizar o
saneamento e a restauração do Estado. Interveio na questão operária ao mesmo tempo
em que reformulava o processo da educação através da alteração dos currículos e do
policiamento dos professores. Estes foram investigados com o objetivo de terem sua
idoneidade moral apurada.
Numa entrevista concedida ao jornal, Correio da Manhã (RJ) que foi transcrita
no Pará em janeiro de 1931, Barata afirmava que iria (...) sanear o ambiente moral do
Estado, restaurar os direitos postergados pela prepotência das oligarquias e a fortuna
arruinada pela inépcia dos governantes.
Para alcançar o saneamento das finanças do Estado, Barata revogou vários
contratos firmados entre fábricas e o poder público que estabeleciam a isenção do
pagamento de impostos por parte de tais empresas. Um exemplo foi a revogação da lei
Estadual n° 2.840, de 7 de novembro de 1929, que concedia isenção de impostos por 10
anos à Fabrica de Cerveja Paraense. Além disso, o interventor interditou bens de
políticos tradicionais do Estado e rastreou várias firmas comerciais acusadas de
sonegação de impostos. Em 1933, Magalhães Barata promoveu uma reforma tributária
aumentando e agilizando a cobrança de impostos, além de reduzir o número de
funcionários; dívidas do Estado; construção de obras públicas e a redução e
congelamento de aluguéis fizeram com que o interventor ganhasse uma grande
popularidade no seio das camadas populares.
No que diz respeito à população, uma das marcas de Barata foi a sua condição
de líder das massas populares. Objetivando essa aproximação, o interventor concedeu a
abertura das portas do palácio do governo para que a população tivesse acesso direto ao
governante, além de percorrer o interior do Estado desenvolvendo uma significativa
política assistencialista.
Tentando solucionar a relação CAPITAL X TRABALHO. Barata procurou
implementar uma política de amparo ao operariado com a criação da Liga Nacionalista
do Pará. Segundo Denise Rodrigues, buscava-se melhores salários, principalmente para
os operárias, que já haviam feito greve por falta de condições dos locais de trabalho e
pelos baixos salários pagos, horários adequados, melhores condições de trabalho. Barata
defendia a ideia de que o Estado seria o responsável pela regulação das relações de
trabalho para evitar o antagonismo entre as
classes
(empregadores e empregados), e assim promover a paz social. Para isso, os sindicatos
foram organizados em federações e controlados por elementos ligados ao governo.
Na mesma entrevista concedida ao Correio da Manhã, jornal que citado
anteriormente, o interventor dizia que (...) a índole do operário nacional e as suas
aspirações de momento não são a de seus pares estrangeiros, penso que a questão se
reduz a dois únicos fatores: maior possibilidade de trabalho e assistência social
compreendendo saúde, educação e seguro contra acidentes invalidez e morte, como
também habitação. Neste sentido, empreenderei todos os esforços, não só tornando
efetiva aquela assistência como revendo impostos, que recaem sobre as diversas
indústrias para o fim de lhes dar novos impulsos e maior números de braços.
Sobre a questão educacional, Barata criou a Secretaria de Educação e Saúde
Pública realizando uma reforma no ensino a partir da alteração de currículos, além de
afastar professores que não tinham idoneidade moral para exercer a profissão. Houve a
união do ensino municipal e estadual para permitir um eficaz controle e gerenciamento.
Segundo Iracy Ritzmann e Conceição de Almeida, a construção de uma
sociedade educada e saneada deveria ser o objetivo maior do exército de professoras
que atuavam nos mais distantes municípios do Estado. No entendimento dos ideólogos
de 30, esta sociedade era pré-requisito para a obtenção dos trabalhadores ideais,
construtores do Estado brasileiro moderno. Percebe-se assim que a educação constituía-
se como um elemento imprescindível na formação cívica da sociedade.
Para o historiador Alves Jr., as concepções políticas de Magalhães Barata
caracterizavam-se por um forte caráter positivista, tônica maior da formação dos
militares no Brasil. Defensor do governo ditatorial, pois considerava que o povo
brasileiro, sem preparo cívico, não poderia arcar com as liberdades constitucionais, pois
estava mergulhando nos vícios cultivados pelo regime anterior, no qual os desmandos e
as improbidades eram comuns. Com o processo da reconstitucionalização do país,
deveria ocorrer a sucessão no governo do Pará no ano de 1935.

4.2 1930/33 - Barata ganha apoio Popular, num contexto de decadência


econômica.
No Pará não houve revolta popular contra o Regime da Velha República, mas
tão somente um tímido movimento militar dois dias após o Levante Nacional , que foi
rapidamente dominado pelas forças leais ao governo instituido5. Barata é guindado à
condição de interventor do Estado contando com o apoio dos revolucionários locais,
uma vez que era o paraense mais respeitado no exército e que tinha uma folha prestado
á luta contra a velha república. A elite política que ascendia ao governo contava que a
reconstitucionalização do País viria rapidamente. Então o apoio a um militar não seria
impecilho ao projeto das elites revolucionárias de chegarem rapidamente ao poder civil
pela via democrática (Coimbra: 271).
Contando com o apoio da família chermont que possuia o jornal “O Estado do
Pará” que era muito respeitado na época e com um grupo de profissionais liberais,
Magalhães Barata parte para a conquista de apoio popular capaz de configurar uma base
social de Apoio, indicando que o coronel Barata não pretendia ficar apenas
temporariamente na política paraense.
Barata assume o governo do Pará num contexto de economia decadente após a
perda do monopólio da borracha, com os preços em queda e o abandono dos seringais, é
neste quadro de receita modesta e na ausência de verbas Federais, que o interventor
opera as transformações no método de fazer política e nos destinos das verbas públicas.
Pela Primeira vez na história política do Pará um governador abriu as portas do palácio
à população, concedendo audiência ao público em geral; instituiu o governo itinerante
em todos os municípios do Pará, levando sua equipe de governo e equipe
médicoodontológica para assistência à saúde com distribuição de medicamentos; Criou
a Assistência Judiciária, garantindo o acesso gratuito do pobre à justiça; Implanta o
Ensino Público; melhora a navegação; desapropria grandes áreas nos subúrbios de
Belém para distribuição gratuita aos mais antigos foreiros; decreta a diminuição e
congelamento dos aluguéis; desapropria imensos castanhais na região tocantina em
favor dos antigos posseiros, promovendo uma das primeiras reformas agrárias do Brasil,
aumenta em 50% os impostos das empresas que não tivessem pelo menos 2/3 de seus
empregados brasileiros, irritando os comerciantes Portugueses, ganha a simpatia dos
católicos paraenses quando obrigou contra a vontade do clero o retorno da corda do
círio de Nazaré que fora abolida em 1926; “contudo sua obra mais importante consistiu
na abertura de estradas para o interior: a única rodovia existente ligava Belém ao distrito
de Pinheiro(hoje vila de Icoarací). Barata abriu estradas da capital às zonas Bragantina e
do Salgado”.
Com estas medidas e estilo de governar em relação direta com o povo,
exercendo o poder executivo, legislativo e judiciário, combinado com a censura da
imprensa oposicionista, Magalhães Barata conquistou a simpatia dos bairros periféricos
da capital e de todo os municípios e vilas do interior.

4.3 Eleições de 1933/34- Supremacia do PL e Queda de Barata em 1935.


O primeiro teste eleitoral de Barata viria na eleição constituinte de 1933,
Barata e seu grupo fundou o Partido Liberal. O Interventor ficou como chefe único da
máquina administrativa do Estado e seu aliado de primeira hora Abel Chermont,
escolhido presidente do Partido, ficou na chefia política11. O PL contava com a adesão
de todos os prefeitos municipais nomeados pelo interventor que garantiram a
estruturação municipal deste partido. O chefe político do Partido Abel Chermont ao
promover acordos com todos os coronéis de barranco do Estado, garantiu que o PL
elegesse todos os deputados Federais constituintes.
Em 1934 ocorreram as eleições parlamentares estaduais, estas eram as mais
importantes eleições pós revolução de 1930 no Pará, porque os deputados Estaduais
eleitos escolheriam de forma indireta o novo governador do Pará e dois Senadores. A
oposição se aglutinou em torno da Frente única Paraense13 e lançou Lauro Sodré, então
com 77 anos, que tinha sido governador no período da República Velha. A situação
lançou Magalhães Barata.
Além dos Deputados Estaduais, seriam eleitos os novos Deputados Federais. O
resultado eleitoral confirmou a supremacia do Partido Liberal que fez 7 dos nove
deputados Federais e 21 dos 30 deputados Estaduais.
A situação política estava aparentemente definido em favor de Magalhães
Barata uma vez que o PL conquistara 2/3 da Assembléia Legislativa, além da população
ter recebido dos candidatos a deputados Estaduais do PL um manifesto público se
comprometendo a votarem no nome de Barata caso fossem eleitos, porém às vésperas
da eleição legislativa para governador, ocorreu aquilo que ficaria conhecida como a
famosa dissidência do PL, levando Magalhães Barata à derrota.

4.4 AS RAZÕES DA DISSIDÊNCIA NO PL

A cisão do PL ocorreu em razão da desconfiança que a facção do Presidente do


Partido e chefe Político Abel Chermont adquiriu em relação ao Interventor Barata,
motivado pelos seguintes acontecimentos:
 A Criação, após a vitória de 1933, da concentração Magalhães Barata, que era uma
estrutura paralela ao PL, deixando inseguros seus aliados15. Este fator segundo
depoimento de Magalhães Barata e do próprio Abel Chermont foi o fator decisivo para
as desconfianças e a cisão subsequente dentro do PL( Rodrigues,1979:107).
 Abel Chermont assistiu a derrota de seu candidato a Líder na Assembléia
Legislativa, para o candidato de Magalhães Barata16
- Magalhães Barata estar forçando a renúncia de um dos deputados Federais
eleitos, para que o primeiro suplente que era seu irmão assumisse.
 Intrigas articuladas por deputados da Frente Única insinuando que Barata alijaria os
Abelistas do Governo18.
 Barata forçou a renúncia do candidato a Senador(via Assembléia Legislativa) José
Malcher, para que Mário Chermont fôsse esse candidato, abrindo então a vaga de
Deputado Federal para seu irmão Mário Barata 19.
 O período de abertura política entre 1933/35, “estimulando atos de rebelião entre os
políticos, até então sob forte controle dos interventores”20.
 A Capacidade da FUP em agregar todos os revolucionários cindidos desde 1932,
com o subsequente bom desempenho nas eleições legislativa de 1934, que segundo
Rodrigues,(1979:75) “ O desempenho da FUP foi muito bom, mesmo porque afastada
do aparato estatal, só poderia contar com suas próprias forças. Ela aproveitou muito
bem não só os vazios deixados pelo PL como a própria divisão interna do Partido. Isto
nos leva a crer que os políticos que a revolução de 30 apeou do poder, possuiam
condições de articulação que os revolucionários não aquilataram devidamente ou
subestimaram seu poder de influenciar largos setores da sociedade”. Este desempenho
da FUP garantindo a eleição de 9 deputados Estaduais que somados com os 7
dissidentes do PL, garantia maioria de votos na assembléia legislativa. Este dado
ofereceu os elementos necessários para que os dissidentes visualizassem a possibilidade
de conquista da hegemonia dentro da assembléia legislativa que elegeria o futuro
governador, ao mesmo tempo que romperiam com a direção autocrática e monolítica de
Barata dentro do PL.
A pesar de Magalhães Barata sinalizar aos Chermont com a indicação de Mário
Chermont ao Senado, as intrigas já tinha surtido efeitos e no dia 4 de abril de 1935 já
estava espalhado a notícia do rompimento do grupo dos “Abelistas” com Magalhães
Barata. Os Dissidentes se aliaram aos 9 deputados da Frente Única conformando uma
nova maioria tendo Mário Chermont como candidato ao Governo. Os Dissidentes
buscaram proteção no Quartel General do Exército e solicitaram um habeas corpus ao
Tribunal de Justiça.
No dia 4 de abril O presidente da Assembléia Legislativa fiel ao interventor
Barata convocou 3 suplentes, garantiu quorum à assembléia legislativa e elegeu Barata
Governador por maioria absoluto dos votos, empossando-o imediatamente.
No dia 5 de abril, a nova maioria de deputados munidos de habeas corpus e
conduzidos pelo Desembargador Dantas Cavalcante seguiu para o prédio da Assembléia
Legislativa, porém não chegou ao destino devido a um intenso tiroteio seguido de
mortos e feridos23 ter ocorrido a caminho da assembléia legislativa. Tudo isso
acompanhado de uma imensaturba gritando “traidores”.
Estes fatos repercutiram intensamente no cenário político nacional, com a
imediata exoneração de Magalhães Barata do cargo de interventor do Pará e a nomeação
de um interventor pró-tempore Major Carneiro de Mendonça, com a finalidade de
encontrar uma saida negociada com os grupos em luta. O nome escolhido é José
Carneiro da Gama Malcher, que governaria o Pará até 1943.
O estilo autocrático que parecia invencível ruiu como um castelo de areia em
24 horas, os oposicionistas derrubaram Barata, que receberia como herança uma
oposição intransigente que o acompanharia durante toda sua vida política no Pará,
durante 3 décadas. Além da elite da velha república, Barata contava agora também com
a oposição intransigente de ex-companheiros revolucionários do PL, que criaram um
novo partido chamado União popular.

4.5 1943 - O retorno de Barata, a Fundação do PSD e a Oposição Coligada.


Na lembrança popular Barata sairia como uma vítima de traição dos “casca-de-
manga”, por outro lado o interventor Gama Malcher que governou de 35 a 43 e fora
fundador do PL (Partido de Barata), possuia como característica política a conciliação e
com este propósito tentou sem sucesso conciliar os dois grupos litigiosos, tendo como
uma das consequências políticas a manutenção intacta da máquina político-partidária do
PL durante os oito anos de sua gestão à frente do governo do Pará.
Em 1943 novamente Barata é nomeado interventor do Pará, retomando o
mesmo estilo de governar, combinando relação direta com a população pobre e
itinerância governamental pelo interior. Porém agora Barata buscava uma política
menos belicosa e até de tolerância com os adversários, neste sentido nomeou dois
adversários como auxliares: João Botelho e Antonino Melo da Frente Única. Porém a
oposição rejeitou qualquer aproximação com Barata, demonstrando que a lembrança
dos acontecimentos sangrentos de 35, permanecia viva, mas neste período a oposição
manteve-se calada em virtude da vigência da ditadura do Estado Novo (Roque,
1997:11)
Com o fim da segunda guerra mundial, o Estado Novo caiu em outubro de
1945, o Brasil entraria pelos tortuosos caminhos da democracia. Corroborando com a
tese de Campelo de Souza (1983), de que os interventores a partir da máquina do Estado
fundaram e deram vida ao PSD, no Pará esta hipótese se confirma e Magalhães Barata
usando a máquina do Estado fundou o Partido Social Democrático-PSD, usando os
prefeitos por ele nomeado para estruturar o Partido a nível municipal.
Barata por impedimento legal não pode concorrer ao governo, concorrendo
então ao Senado Federal, o PSD elegeu os dois Senadores e seis dos nove deputados
federais (Roque,1997:12).
A Frente única se fragmentou a partir de 45 em vários partidos: Partido Social
Progressista-PSP, Partido Trabalhista Brasileiro-PTB, Partido Social Trabalhista-PST,
Partido Comunista do Brasil-PCB, Partido Trabalhista Renovador-PTN, Partido
Socialista Brasileiro-PSB e União Democrática Nacional-UDN, entre outros.

Para a Assembléia legislativa o PSD elegeu vinte e três deputados, O PSP


nove, a UDN dois, o PTB dois e o PCB um (Roque, 1997:13. As eleições
governamentais de 1947 evidenciariam que a bi-polarização política iniciada em 1930,
envolvendo Baratistas (PL) versus Anti-Baratistas (FUP) permanecia ativa e se seguiria
por todo o período de 1946/64 agora sob a denominação de PSD versus CDP, onde
nenhum dos partidos antibarata jamais aceitou consensualmente fazer coligação
eleitoral envolvendo Magalhães Barata.
Registre-se que esta grande diferença de votos que Magalhães Barata obteve
sobre seus adversários só se repetiria em 1960 quando a oposição volta novamente a
cindir-se. Nesta eleição de 1947, este resultado deve-se provavelmente à variável tempo
de organização partidária, uma vez que o PSD herdou a estruturação da máquina
Baratista de 1943 onde todos os prefeitos municipais foram nomeados por Barata e
fundaram por conseguinte o PSD em todo o interior do estado, enquanto a oposição só
se organiza partidariamente após a queda do Estado Novo em outubro de 1945, sem o
concurso de nenhuma máquina pública. A primeira vista podia-se pressupor que a
máquina governamental por si só significaria uma variável invencível em favor do PSD
que dispunha da máquina Estadual e de todas as máquinas municipais, porém as
eleições de 1950 e 55 demonstrariam que os grupos políticos opositores dispunham de
poderosos recursos organizativos e financeiros demonstrados nas grandes mobilizações
populares anti-barata o que acabou por estabelecer um contraponto político ao uso da
máquina administrativa Estadual e municipal pelo PSD.

5 CONCLUSÃO

Portanto, a história do Estado do Pará é muito rica em acontecimentos


históricos muito relevantes para temos conhecimento e de certa forma, os fatos antes
ocorridos marcaram, pois as nossas ruas, praças, cidades e outros monumentos públicos
além de atribuírem o nome de Magalhães Barata reconhecem qual foi a importância
durante sua atuação no governo do Estado do Pará.
Com a elaboração deste trabalho podemos dizer que Magalhães Barata não foi
um governante do seu período com obras como a de Augusto Montenegro e Antônio
Lemos. Mas sem dúvidas, com quedas e vitórias arrojadas marcaram assim o seu
governo bem como uma importante carreira política no cenário paraense com 29 anos
de trabalho na política do Estado do Pará e com a criação do partido (PSD).

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